suínoBrasil 4ºTRI 2023

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vol. 12 núm. 4 (2023)

pag. 40

SUSTENTABILIDADE, PROLIFICIDADE E NÚMERO DE TETOS

QUAL A RELAÇÃO ENTRE ELES?

Bruno Bracco Donatelli Muro, Cesar Augusto Pospissil Garbossa

Um time completo de soluções que contribuem para o equilíbrio da microbiota intestinal e favorecem o desempenho produtivo dos suínos.


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2023, ANO DE CAUTELA!

O

EDITOR

ano de 2023 foi um ano de muita cautela para a suinocultura nacional, em um ambiente de dificuldade multiproteínas, isto é, suínos, aves e bovinos enfrentaram incertezas e resultados abaixo de uma linha minimamente rentável. Ademais, houve uma considerável desaceleração no crescimento da produção que, aliado a altos volumes exportados, determinou ajuste na oferta de carne suína no mercado doméstico.

Esse número representa um aumento de mais de 2 milhões de toneladas de carcaças suínas, e soma mais de 20 bilhões em valor bruto de carcaça (sem correção inflacionária), nos últimos 12 anos.

E mesmo diante de um contexto econômico incerto, a cadeia suinícola atingiu resultados significativos para o setor. Segundo pesquisadores do CEPEA, o setor exportador nacional caminha para um novo recorde anual em 2023, devendo superar a marca histórica de 1,12 milhão de toneladas atingida em 2021. Ainda conforme a Secex, na parcial deste ano (até outubro), os embarques já somam 1 milhão de toneladas, 10,1% acima do volume escoado no mesmo período de 2022 e 4,9% superior ao de janeiro a outubro de 2021.

E quais foram os aprendizados de 2023?

“A abertura e ampliação de diversos mercados relevantes no tabuleiro internacional do comércio de carne suína, aliado à sustentação da demanda dos principais compradores do Brasil reforçam a perspectiva de crescimento dos embarques”, avalia o diretor de mercados da ABPA, Luís Rua. E o mercado doméstico continua surpreendendo!

Nesse contexto, será possível apurar melhores resultados em 2023, entretanto, com a cautela de não comprometermos 2024 nos contaminando de otimismo.

PUBLICIDADE Cândida Azevedo +55 (19) 9 9195-8144 suinobrasil@grupoagrinews.com

DIREÇÃO TÉCNICA José Antônio Ribas Jr. Fernanda Radicchi Campos Lobato de Almeida César Augusto Pospissil Garbossa

Seguir cuidando incansavelmente do nosso patrimônio sanitário. Disciplina na gestão das eficiências e qualidade – fatores que nos garantem ao menos a venda de hoje. Afinal ter o pedido do cliente, neste ambiente de margens tão achatadas, constrói a sustentação. Qualidade e custos geram diferenciais conhecidos e reconhecidos. Nada de novo. Entretanto, para o “pedido” de amanhã, as margens virão de novos diferenciais. Considerem a sustentabilidade - na amplitude gerencial do ESG – como um valor a ser embalado junto com o seu produto. São nestes momentos de “crise” que o plantio se torna mais relevante, para que as colheitas futuras sejam fartas e consistentes. E as crises podem ser atenuadas por valor agregado de mercados consolidados. Ganhando a preferência do consumidor e o planeta agradece.

O consumo de carne suína alcançou o marco de 20,5 kg per capita no ano de 2022, de acordo com cálculos da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) a partir do censo populacional realizado pelo IBGE.

AGRINEWS

Boa leitura! Equipe suínoBrasil

COORDENAÇÃO TÉCNICA E REDAÇÃO Cândida P. F. Azevedo

ANALISTA TÉCNICO Henrique Cancian

COLABORADORES Alberto Morillo Alujas Fabiano J. F. de Sant’Ana Roberto M. Mourão Bruno Bracco Donatelli Muro Cesar Augusto Pospissil Garbossa Gabriela Martinez Roberto M. C. Guedes Jean Vitor Bondavalli Vanessa Peripolli Ivan Bianchi Elizabeth Schwegler Fabiana Moreira Geraldo Camilo Alberton Daiane Güllich Donin Jéssica Mansur Siqueira Crusoé Cínthia Maria Carlos Pereira

ADMINISTRAÇÃO Merce Soler Tel: +34 677 51 88 54 Avenida: Adalgisa Colombo, 135. Jacarépaguá. Rio de Janeiro – RJ. Cep.: 22775-026 suinobrasil@grupoagrinews.com https://porcinews.com/

Preço da assinatura anual: Brasil 30 $ Internacional 90 $ Revista Trimestral ISSN 2965-4238

A direção da revista não se responsabiliza pelas opiniões dos autores. Todos os direitos reservados. Imagens: Freepik e Dreamstime.

1 SuínoBrasil 4º Trimestre 2023


04

Prevenção e tratamento da diarreia na lactação

18

Jéssica Mansur Siqueira Crusoé¹ e Cínthia Maria Carlos Pereira²

Roberto M. C. Guedes

Faculdade de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais

10

¹Professora substituta da Universidade Federal de Viçosa (UFV- Campus Florestal) ²Professora adjunta da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

Abordagens sobre a utilização do óxido de Zinco (ZnO) na dieta de leitões Jean Vitor Bondavalli, Vanessa Peripolli, Ivan Bianchi, Elizabeth Schwegler, Fabiana Moreira Núcleo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Produção Animal

Manejo pré-parto na suinocultura

24

Infecções urinárias em porcas: Cenário atual e importância das análises de urina no controle eficaz destas infecções Geraldo Camilo Alberton¹,²& Daiane Güllich Donin² PPGCA-UFPR-Setor Palotina; Propig Soluções *albertongeraldo@gmail.com 1 2

2 suínoBrasil 4º Trimestre 2023


Pode a nutrição auxiliar na hiperprolificidade das fêmeas suínas gestantes?

34

46

Gabriela Martínez

Fabrício Santos

PhD, Animal Nutrition

Nutricionista de suínos na Agroceres Multimix

40

Sustentabilidade, prolificidade e número de tetos: Qual a relação entre eles?

Qual fibra usar nas dietas de porcas gestantes?

52

Impacto das lesões no aparelho reprodutor das porcas Fabiano J. F. de Sant’Ana e Roberto M. Mourão

Bruno Bracco Donatelli Muro, Cesar Augusto Pospissil Garbossa

Universidade de Brasília (UnB), Brasil

Laboratório de Pesquisa em Suínos da FMVZ/USP

59

Saúde intestinal e restrição proteica em leitões recém desmamados Alberto Morillo Alujas

Diretor de Pesquisa & Desenvolvimento

porcinews.com 3 suínoBrasil 4º Trimestre 2023


PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE DIARREIA

NA LACTAÇÃO

Controle sanitário

Roberto M.C. Guedes Faculdade de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais

E

ntre os problemas de saúde que afetam a produção suína, as doenças entéricas são as que afetam mais frequentemente os leitões durante a primeira semana de vida e durante todo o período de lactação. A diarreia é responsável por perdas econômicas significativas principalmente devido: À Redução do peso ao desmame Ao aumento dos custos associados à necessidade de intervenções terapêuticas. Ao aumento da taxa de mortalidade, especialmente na primeira fase da vida dos leitões

4 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Prevenção e tratamento da diarreia na lactação


Os patógenos entéricos mais comumente são (Yaeger et al., 2002):

Escherichia coli Enterotoxigénica (ETEC)

Cystoisospora suis

Rotavírus A, B e C

Clostridium perfringens Tipos A e C

Esta atitude, aliada à maximização da utilização das instalações, particularmente das maternidades, levou ao uso indiscriminado de medicamentos preventivos, com aumento de cepas bacterianas resistentes a múltiplos antimicrobianos e aumento da pressão de infecção ambiental devido à limpeza e desinfecção ineficiente de instalações. Na tentativa de minimizar os problemas, foi feito um investimento considerável em antimicrobianos administrados preventivamente, bem como na aplicação de desinfetantes de última geração.

Controle sanitário

associados à diarreia em leitões neonatos

Clostridioides difficile

A frequência e a importância destes patógenos têm mudado ao longo dos anos e alguns agentes, como o C. difficile, tornaram-se mais relevantes (Yaeger, 2007).

Como as causas bacterianas são bastante comuns nesta fase, até recentemente, acreditava-se que tratamentos preventivos no primeiro dia de vida seriam a solução para todos os problemas.

Atualmente, em linha com a tendência mundial para o uso prudente de antimicrobianos, a administração preventiva de medicamentos em leitões recémnascidos já não é aceitável como primeira opção, pelo que os produtores e técnicos têm sido obrigados a lembrar e reforçar as boas práticas de gestão que serviram para resolver problemas de saúde no passado e que continuam a ser uma excelente opção.

5 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Prevenção e tratamento da diarreia na lactação


1 Higiene e desinfecção Práticas básicas, como a lavagem adequada das instalações para remoção de matéria orgânica, incluindo o uso de detergentes, e posterior desinfecção, são excelentes para reduzir a pressão de infecção ambiental.

Imunização

Controle sanitário

A imunização das porcas gestantes com vacinas contra os agentes circulantes na produção e o bom manejo dos leitões no primeiro dia de vida para garantir o consumo de colostro da mãe são essenciais para conseguir a transferência de imunidade passiva.

2 Vazio sanitário O período de vazio sanitário de instalações limpas e secas, preferencialmente, com utilização de algum material para dessecar o ambiente, é muito eficaz na redução da presença de microrganismos patogênicos.

Ambiente adequado A manutenção de um ambiente limpo nas gaiolas de maternidade durante o período de lactação e a utilização de moduladores da microbiota intestinal no primeiro e terceiro dias de vida do leitão, promovem um bom estado sanitário geral das instalações e do ambiente intestinal, respectivamente.

4

3

LIMPEZA, DESINFECÇÃO E VAZIO SANITÁRIO Os principais microrganismos contaminantes ambientais associados às doenças entéricas são E. coli, Salmonella sp., esporos de C. perfringens, oocistos de C. difficile e C. suis, mas os Coronavírus (TGEV e PEDV) e Rotavírus também devem ser considerados. A destruição dos esporos de C. perfringens é extremamente difícil no meio ambiente e eles sobrevivem por longos períodos.

6 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Prevenção e tratamento da diarreia na lactação

Em relação à C. difficile, trata-se de uma bactéria comensal intestinal, não havendo preocupação significativa com a contaminação ambiental, uma vez que o desenvolvimento da doença está relacionado à disbiose intestinal.

Os principais indicadores a considerar na avaliação da limpeza e desinfeção das instalações são Enterobacteriaceae (E. coli e Salmonella sp.), Coronavírus, Rotavírus e oocistos de C. suis.


Enterobactérias A eliminação mecânica da matéria orgânica através da lavagem é essencial para a correta limpeza das instalações se quisermos reduzir a carga bacteriana, pois, desta forma, maximiza-se a ação subsequente dos desinfetantes.

Vírus Os detergentes auxiliam na destruição de partículas virais, principalmente da família Coronaviridae, por apresentarem um envelope externo muito sensível à ação desses produtos.

Controle sanitário

O uso de detergentes e água quente aumenta a eficiência de remoção desse material.

Oocistos de C. suis Os oocistos de C. suis são muito resistentes no ambiente, sendo um dos melhores indicadores de limpeza e desinfecção.

Um estudo in vitro realizado por um grupo dinamarquês (Langkjaer & Roepstorff, 2008) mostrou que baixas temperaturas e alta umidade favorecem a sobrevivência dos oocistos no ambiente, enquanto altas temperaturas e baixa umidade reduzem significativamente a viabilidade dos oocistos (Gráfico 1). A lavagem com água quente e posterior secagem adequada reduz, significativamente, o tempo de sobrevivência dos oocistos.

Ambientes limpos e desinfetados, mantidos secos e vazios por um período de 36 a 48 horas, reduzem drasticamente o número de oocistos esporulados infectantes.

Um vazio sanitário de 1-2 dias, após lavagem e desinfeção, tem um impacto relevante na redução da pressão de infeção ambiental e é um excelente investimento na área da saúde.

7 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Prevenção e tratamento da diarreia na lactação


VACINAÇÃO DE PORCAS GESTANTES A imunização das porcas no final da A 100 Porcentagem de oocistos viáveis do total de oocistos viáveis em t=0

90

20ºC

80

53% Hr 62% Hr 75% Hr 100% Hr

gestação é de extrema importância para o desenvolvimento da sua imunidade, uma vez que esta é transferida através do colostro para os leitões no pós-parto,

70

sendo de especial interesse:

60 50 40 30

A vacina contendo β toxóide de

20

C. perfringens tipo C apresenta

10 0 0

12 18 24

36 42 48

60 66 72

96

120

Horas de exposição 100

Controle sanitário

dias de vida.

80 70

As vacinas contra E. coli, ETEC e

60

Rotavírus são um importante auxílio

50

no controle da diarreia neonatal,

40 30

sendo aconselhável conhecer as

20

cepas que circulam na granja para

10 0

adaptar ao máximo o protocolo de 0

12 18 24

36 42 48

60 66 72

96

120

Horas de exposição

C 100 90 Porcentagem de oocistos viáveis do total de oocistos viáveis em t=0

manifestação de enterotoxemia por esse agente em leitões nos primeiros

25ºC

90

Porcentagem de oocistos viáveis do total de oocistos viáveis em t=0

B

sólidos resultados, prevenindo a

30ºC

80

COLOSTRAGEM ADEQUADA

70 60 50 40 30 20 10 0 0

12 18 24

36 42 48

60 66 72

vacinação.

96

120

Horas de exposição

Gráfico 1. Relação entre temperatura, umidade e sobrevivência de oocistos de C. suis (Langkjaer & Roepstorff, 2008).

8 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Prevenção e tratamento da diarreia na lactação

O colostro é um alimento fundamental para os mamíferos e os leitões não fogem a esta regra. Particularmente, nesta espécie tem um papel essencial, uma vez que as porcas possuem uma placenta epiteliocorial difusa que não permite a passagem materno-fetal de macromoléculas. Portanto, a única fonte de imunoglobulinas e células do sistema imunológico materno para o leitão é através do colostro.


Dois pontos devem ser lembrados em relação a essa transferência de imunidade passiva:

A produção de colostro inicia no final da gestação e intensifica-se nas últimas 24 horas antes do parto (de Passille & Rushen, 1989; Theil et al., 2006), e a maioria das porcas continua a produzir colostro durante 12-24 horas após o início do parto (Theil et al., 2006).

2. Período de absorção do colostro

Nesse sentido, a assistência ao parto, o manejo da alimentação e o banco de colostro são estratégias benéficas.

AMBIENTE ADEQUADO PARA O LEITÃO

Existe um tempo limitado durante o qual o intestino do leitão é capaz de absorver macromoléculas, como os anticorpos presentes no colostro. Isso é conhecido como tempo de fechamento intestinal, "Gut Closure".

A demanda energética dos leitões recémnascidos durante os primeiros dias de vida para manter a temperatura corporal (homeotermia) e a taxa de crescimento é grande, sendo o colostro e o leite as únicas fontes desta energia.

De acordo com Devillers et al. (2011), a partir do primeiro dia de vida, após a ingestão de cerca de 400 g de colostro, a absorção das macromoléculas é interrompida, embora continuem a ter ação local no intestino, não são absorvidas nem passadas para a circulação sanguínea do leitão (Gráfico 2).

Práticas de manejo e instalações que permitam a rápida secagem do leitão após o nascimento e contribuam para a manutenção da temperatura corporal são essenciais para sua sobrevivência e para reduzir sua suscetibilidade a processos diarreicos durante a primeira semana de vida.

Controle sanitário

1. Período de produção de colostro

Qualquer ação que favoreça a ingestão de pelo menos 200250 g de colostro pelos leitões durante as primeiras 18-24 horas de vida terá um impacto positivo no desempenho dos leitões.

Concentração plasmática de IgG em T24 (mg/ml)

50 O cuidado e a aplicação de medidas corretas para maximizar a saúde e o bem-estar da porca prenhe e do leitão neonatal são essenciais para a prevenção e controle da diarreia neonatal e pré-desmame.

40 30

20 0

0

200

400

600

Colostro ingerido desde o nascimento até T24 (g)

Gráfico 2. Diagrama de dispersão da relação entre IgG plasmática e ingestão de colostro em leitões no primeiro dia de vida.

BAIXAR REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Prevenção e tratamento da diarreia na lactação

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9 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Prevenção e tratamento da diarreia na lactação


ABORDAGENS SOBRE A UTILIZAÇÃO DO ÓXIDO DE ZINCO (ZnO) NA DIETA DE LEITÕES Jean Vitor Bondavalli1, Vanessa Peripolli1, Ivan Bianchi1, Elizabeth Schwegler1, Fabiana Moreira1

mycotoxins Nutrição

¹Núcleo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Produção Animal (NEPPA), Instituto Federal Catarinense - Campus Araquari

Na produção de suínos a fase de creche é uma das mais desafiadoras, pois os leitões passam por vários fatores estressantes atrelados ao desmame, como:

1

Transporte Alta densidade

2

Mistura de lotes

3 4

Mudança de ambiência e de alimentação

(SANTOS et al., 2021; SANJUÁN, 2023).

10 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Abordagens sobre a utilização do óxido de Zinco (ZnO) na dieta de leitões


Assim, com o foco na sustentabilidade do sistema produtivo de suínos, alternativas Esses fatores afetam a imunidade dos leitões, podendo ocasionar altas taxas de morbidade e mortalidade, principalmente por doenças entéricas e respiratórias.

aos antimicrobianos vem sendo adotadas, tais como estratégias de manejo, ambiência e substitutos (TALKINGTON, et al., 2017). A suinocultura moderna deve ter como princípio o conceito

A diarreia pós-desmame é uma das doenças mais comuns e está relacionada à infecção por diferentes patógenos, normalmente associados a condições de manejo, ambiente, mudança na alimentação, qualidade de água e

“One Health”, que reconhece a resistência aos antimicrobianos como um problema global e está inter-relacionada entre os três principais domínios: saúde humana, saúde animal e meio ambiente.

densidade animal (SANTOS et al., 2021), o que pode afetar diretamente os índices zootécnicos de uma criação.

Com o surgimento das chamadas “superbactérias”, patógenos multirresistentes a fármacos, e o

que atingem os lotes de suínos, a antibioticoterapia foi muito utilizada com o objetivo de minimizar o efeito da microbiota patogênica, no entanto, o uso excessivo de antimicrobianos pode ter efeito negativo na saúde humana, podendo contribuir para a resistência bacteriana aos antibióticos

aumento das taxas mundiais de

Nutrição

Para o controle das enfermidades

morbidade e mortalidade relacionadas à resistência antimicrobiana, tem se buscado cada vez mais alternativas para diminuir o uso dos antibióticos, além da preocupação do consumidor com a saúde e segurança alimentar (TIEDJE et al., 2019).

(XU et al., 2021).

11 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Abordagens sobre a utilização do óxido de Zinco (ZnO) na dieta de leitões


Entre as estratégias nutricionais e de manejo mais utilizadas para minimizar perdas e melhorar o desempenho dos leitões no período pós-desmame estão uso de: Ácidos orgânicos

Extratos vegetais

Flavorizantes em água

Probióticos

Plasma sanguíneo

Óxido de zinco

Created Oleksandr from the by Noun Project Panasovskyi

Óleos essenciais

Neste cenário, a utilização do Óxido de zinco (ZnO) como aditivo alimentar na fase de creche tem sido questionado devido aos seus efeitos adversos, associado ao desenvolvimento de microrganismos resistentes aos antibióticos e poluição

mycotoxins Nutrição

ambiental, de forma semelhante ao uso indiscriminado de antimicrobianos. Assim, o objetivo desse artigo foi traçar uma abordagem acerca dos benefícios e também alternativas à utilização de ZnO na dieta de leitões em período de creche.

ZnO E SEUS BENEFÍCIOS O ZnO é um composto mineral inorgânico que começou a ser utilizado na suinocultura na década de 90 de forma terapêutica (2.500 ppm de zinco; 3.000 ppm) a fim de prevenir a diarreia pósdesmame, associados a infecções por Escherichia coli (MOITA et al., 2021).

12 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Abordagens sobre a utilização do óxido de Zinco (ZnO) na dieta de leitões


O maior desempenho produtivo dos animais suplementados com ZnO se deve à sua atuação em diferentes alvos, explicado por diversos mecanismos de ação:

MELHORIA NA SAÚDE INTESTINAL:

1

o principal mecanismo de ação do ZnO está relacionado ao aumento da absorção de nutrientes pela melhora da morfologia intestinal. Esse suplemento aumenta os níveis das proteínas que atuam na manutenção da integridade e função das junções oclusivas do epitélio intestinal; aumenta as vilosidades intestinais; auxilia na proliferação de enterócitos e reduz a permeabilidade intestinal (BONETTI et al., 2021).

PROPRIEDADES ANTIOXIDANTES: o Zn é um íon essencial para a catálise da superóxido dismutase e para a expressão de metalotioneínas, que possuem ação antioxidante por sua capacidade de ligação a metais. A suplementação dietética de ZnO aumenta as atividades da enzima superóxido dismutase e

2

diminui as concentrações plasmáticas de malondialdeído (ZHU et al., 2017).

Nutrição

3

MODULAÇÃO DA EXPRESSÃO DE CITOCINAS: o ZnO reduz a expressão de citocinas pró-inflamatórias e melhora a transcrição de citocinas anti-inflamatórias, além de ser um componente essencial para o funcionamento correto das células e dos processos que fazem parte do sistema imunológico (BONETTI et al., 2021).

AÇÃO ANTIBACTERIANA: altas doses de ZnO na dieta geram espécies reativas de oxigênio que agem diretamente nas paredes celulares das bactérias, danificando-as. Ainda, o ZnO diminui a adesão e internalização da E. coli enterotoxigênica, principal bactéria envolvida na

4

diarreia pós-desmame de leitões (BONETTI et al., 2021).

PROBLEMÁTICA DO ZnO A utilização desse aditivo passou a ser questionada nos últimos tempos, tendo em vista a preocupação com a contaminação ambiental.

A biodisponibilidade e absorção de Zn a partir do ZnO é relativamente baixa, sendo boa parte do Zn excretado nas fezes.

13 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Abordagens sobre a utilização do óxido de Zinco (ZnO) na dieta de leitões


Assim como outros metais pesados, o Zn se acumula no solo e pode causar a poluição ambiental, contaminando águas subterrâneas e superficiais (MOITA, 2021; BONETTI et al., 2021).

Desde 2016, a União Europeia está em processo de redução da utilização de ZnO e, em 2022, entrou em vigência a tolerância para o máximo de 150 ppm (EUROPEAN MEDICINES AGENCY, 2016).

Além da preocupação ambiental, a utilização do ZnO pode causar toxicidade em leitões

Nutrição

devido ao acúmulo excessivo de Zn nos tecidos, como rins, fígado e pâncreas (BURROUGH et al., 2019; BONETTI et al., 2021).

A China e o Canadá também diminuíram a inclusão do produto na alimentação de suínos, sendo o limite de 1600 e 350 ppm, respectivamente (MOITA, 2021).

Diversos estudos mostram que a suplementação farmacológica com o ZnO em leitões também pode contribuir com desenvolvimento de microorganismos resistentes à antibióticos (JOHANNS et al., 2019).

CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL Acúmulo de Zn no solo

PROBLEMÁTICA DA UTILIZAÇÃO DO

ZnO

Zn

Zn

Zn Zn

TOXICIDADE Acúmulo de Zn nos tecidos dos animais (rins, fígado e pâncras)

RESISTÊNCIA BACTERIANA Seleção de genes bacterianos resistentes aos antibióticos

14 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Abordagens sobre a utilização do óxido de Zinco (ZnO) na dieta de leitões


ALTERNATIVAS AO ZnO A transformação do pó de ZnO convencional em partículas porosas ou nanopartículas está sendo utilizada em substituição ao ZnO, pois além de atuarem positivamente no organismo, aumentam a absorção do componente, diminuindo os efeitos prejudiciais pelas excreções no meio ambiente (PEI et al., 2018; UPADHAYA et al., 2018).

Os resultados dessas duas alterações nas partículas de ZnO promove:

Essa formulação natural modulou a composição da microbiota de maneira positiva, aumentou os níveis do subgrupo Clostridium leptum, enquanto reduziu os subgrupos de Escherichia coli e Clostridium perfringens (PAPADOMICHELAKIS et al., 2023).

A Pirroloquinolina quinona (PQQ), uma coenzima da oxidoredutase, vem sendo muito estudada como alternativa aos antibióticos e ZnO nas rações, pois sua inclusão em dietas mostrou maior crescimento e eficiência alimentar e diminuição da ocorrência de diarreia em leitões desmamados.

Aumento no desempenho Redução da incidência de diarreia

Nutrição

A PQQ melhora a morfologia intestinal, reduz o nível de citocinas pró-inflamatórias (IL-2, IL-1β e IFN-γ), aumenta a expressão de

Modulação do estado imunológico e

proteínas das junções estreitas da mucosa (ZO-1 e ocludina) e aumenta

Melhoria da microbiota intestinal

o status antioxidante (aumenta as atividades das enzimas Superóxido

O nano-ZnO também possui maior capacidade antioxidante, devido ao aumento nos níveis séricos de Superóxido Dismutase e a diminuição na concentração de Malondialdeído (SUN et al., 2019). Outra alternativa que tem se mostrado eficaz é um produto fitogênico natural com plantas mediterrâneas especialmente formulada para leitões, tendo como principais ingredientes bioativos polifenóis de oliva, alicina, apigenina e anetol, mostrou minimizar os desafios comumente enfrentados pelos animais, logo após o desmame.

Dismutase, Glutationas Peroxidases e Catalase) (MING et al., 2021).

Probióticos, prebióticos e simbióticos atuam como alternativos potenciais à utilização do ZnO, mantendo o equilíbrio entre os microorganismos no trato intestinal promovendo, assim, o melhor desempenho do animal durante o crescimento.

15 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Abordagens sobre a utilização do óxido de Zinco (ZnO) na dieta de leitões


Eles possuem a capacidade de modular a microbiota pela exclusão competitiva com patógenos por locais de adesão e por substratos, reduzir o pH luminal, produzir substâncias com propriedades bactericidas ou bacteriostáticas, melhorar a digestibilidade de nutrientes, a produção de enzimas e vitaminas, e consequentemente a saúde intestinal (BONETTI et al., 2021; DANG et al., 2023).

mycotoxins Nutrição

As algas marinhas já são consideradas como suplementos dietéticos naturais que possuem substâncias biologicamente ativas, incluindo vitaminas, micro, macroelementos e proteínas com atividade antioxidante, responsável por eliminar o excesso de radicais livres e previnir infecções em animais.

O ZnO representa um dos principais aditivos adicionados na dieta de leitões desmamados para controlar a infecção e os sinais clínicos causados pela diarreia pós-desmame, porém sua utilização ameaça a manutenção da saúde única por causar poluição ambiental e contribuir com a disseminação da resistência bacteriana. Por isso, inúmeras alternativas ao uso de ZnO estão sendo testadas, no entanto ainda existe a dificuldade em encontrar um substituto eficaz único que possua ação multifatorial e tão econômico quanto esse aditivo. Dessa forma, acredita-se que a alternativa inovadora exigirá a

Além disso, as algas marinhas funcionam como fonte de extratos antibacterianos e prebióticos, diminuindo a carga de patógenos e aumentando o número de microrganismos considerados benéficos (VERNARDOU et al., 2023).

combinação de várias estratégias, não só pela inclusão de aditivos alimentares, como abordado nesse artigo, mas também uma associação com estratégias de manejo, ambiência, nutrição, biosseguridade e bem-estar animal.

Abordagens sobre a utilização do óxido de Zinco (ZnO) na dieta de leitões

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16 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Abordagens sobre a utilização do óxido de Zinco (ZnO) na dieta de leitões


suínoBrasil, sua revista sustentável do agro! A sustentabilidade está no alimento que você consome, na roupa que você veste e até nas informações que você lê!

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MANEJO PRÉ-PARTO NA SUINOCULTURA Jéssica Mansur Siqueira Crusoé¹ e Cínthia Maria Carlos Pereira² ¹Professora substituta da Universidade Federal de Viçosa (UFV- Campus Florestal) ²Professora adjunta da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

Introdução A maternidade na suinocultura pode ser considerada uma etapa fundamental para o sistema produtivo, uma vez que o

Manejo

desempenho dos leitões e das fêmeas neste período determinará o sucesso dos índices zootécnicos da granja. Leitões mais pesados ao desmame tendem a atingir o peso de abate mais precoce (KING et al., 2006), e matrizes que apresentam menor perda de peso na maternidade tendem a ter um melhor desempenho reprodutivo nas fases subsequentes. No entanto, para que os resultados sejam satisfatórios, é necessário ter mão de obra capacitada.

A duração da gestação na fêmea suína é de 114 dias, podendo variar entre 112-115 dias (SANTOS et

al., 2012). A preparação para o parto inicia-se de 10 a 14 dias antes da data prevista, quando elas são transferidas para a maternidade.

18 suíno Brasil 4º Trimestre 2023 | Manejo pré-parto na suinocultura


O pré-parto é um período que

O procedimento de limpeza e desinfecção é

requer vários cuidados, como o

uma medida preventiva crucial. Apesar de ser

ambiente adequado para as fêmeas,

uma prática rotineira em granjas, muitas vezes

sua alimentação e observação de

é malconduzida, devido ao uso de produtos

seu comportamento.

inadequados e diluições incorretas, o que pode resultar em sérias perdas, como a ocorrência de doenças nas leitegadas e gastos com

Preparação da sala de maternidade

medicamentos. Além disso, é essencial realizar uma verificação prévia do funcionamento

Os equipamentos e as instalações onde as matrizes serão alojadas devem passar por um processo de limpeza e desinfecção rigoroso, seguindo procedimentos criteriosos.

dos comedouros e bebedouros das fêmeas e leitões, bem como dos aquecedores dos escamoteadores e de outros equipamentos de climatização. Isso permite que quaisquer correções necessárias sejam realizadas em tempo hábil, antes da chegada dos animais na maternidade.

Manejo

Isso inclui a escolha dos produtos desinfetantes a serem utilizados, bem como a realização de lavagens seca e úmida, visando a redução da pressão de infecção. Esse processo deve ser executado imediatamente após a saída do lote anterior de matrizes e leitões.

Transferência das fêmeas para a maternidade As fêmeas devem ser transferidas do setor de gestação para a maternidade de cinco a sete dias antes da data prevista

Além disso, nesta etapa, se necessário,

para o parto, evitando que o mesmo ocorra

deve-se realizar o controle de pragas e

no galpão de gestação e garantindo uma

reparos nas gaiolas e equipamentos. É

adaptação tranquila ao novo ambiente, evitando

recomendável na maternidade a adoção

possíveis estresses durante o parto.

do sistema “todos dentro – todos fora” e realização do vazio sanitário por um período de 3 a 5 dias após a limpeza e desinfecção.

As pessoas envolvidas no processo de preparação das salas de maternidade devem receber treinamento adequado, com uma explicação clara dos motivos e importância de cada etapa.

19 suíno Brasil 4º Trimestre 2023 | Manejo pré-parto na suinocultura


Antes da transferência, ainda no setor de gestação, as matrizes devem ser

Preparo do local do parto

lavadas com escova, água e sabão, com atenção especial à região posterior

Antes do parto, é importante realizar

e aparelho mamário. A limpeza e

a contagem das tetas funcionais das

transferência dessas fêmeas devem ser

fêmeas, registrando a quantidade

realizadas de forma individual, a fim de

em suas respectivas fichas para auxiliar a

evitar brigas e ferimentos entre elas.

equalização das leitegadas após o nascimento.

Todo esse cuidado com a limpeza das instalações e a matriz em si se deve ao fato do leitão neonato não possuir defesa imunitária, haja vista que não ocorre transferência de anticorpos da mãe para os fetos durante a gestação devido ao tipo de

A atenção deve ser redobrada no período que antecede o parto, de modo que todas as fêmeas suínas recebam assistência adequada.

placenta da matriz (epiteliocorial difusa). Os leitões adquirem os anticorpos após o parto através da ingestão de colostro, daí a importância de garantir que os

Manejo

leitões consumam colostro nas primeiras

É aconselhável posicionar uma caixa próxima à fêmea contendo todos os materiais que podem ser utilizados durante o parto, tais como: Pó secante ou papel toalha

horas após o parto (MIGLINO et al., 2008). A transferência deve ser realizada nos horários mais frescos do dia, sempre de forma calma, evitando agressões e estresse.

Falhas nesse processo de transferência das matrizes pode resultar em partos prematuros, abortos, nascimento

Iodo 5 a 7% Barbante Tesoura Alicate Luvas

de leitões natimortos e até na mortalidade da fêmea.

Lubrificante Ocitocina Antibióticos Agulhas Seringas e Um balde para a remoção de placentas e animais mortos.

20 suíno Brasil 4º Trimestre 2023 | Manejo pré-parto na suinocultura


Três dias antes da data prevista do parto, é aconselhável reduzir o fornecimento de ração a fim de diminuir o volume de fezes no intestino e evitar complicações e contaminação com fezes durante o parto.

No dia do parto, as fêmeas suínas não devem receber alimentação, devendo ser oferecida apenas água à vontade.

No caso de gaiolas que contenham

Qualidade da água fornecida

lâmpada de aquecimento quando as

As fêmeas suínas devem ter acesso

fêmeas apresentarem os primeiros

a água fresca de qualidade, com

sinais de parto e forrar o chão com

temperatura média de 18 a 22°C. Os

material de cama para auxiliar na

bebedouros devem estar limpos, ajustados

manutenção da temperatura.

à altura da matriz e com a vazão adequada

Manejo

escamoteadores, é essencial ligar a

para que a água fique sempre disponível. Esta etapa é de suma importância para a sobrevivência dos leitões após o nascimento, uma vez que eles nascem com o sistema termorregulatório pouco desenvolvido e, consequentemente, possuem uma capacidade reduzida de manter a temperatura corporal.

A baixa ingestão de água pode prejudicar a produção de leite, afetar o consumo adequado de ração e impactar no ganho de peso tanto dos leitões, quanto das matrizes.

Nutrição O terço final da gestação é o período em que ocorre maior crescimento fetal (MEYER et al., 2016).

Portanto, é fundamental fornecer ração de lactação, que é mais rica em energia, desde o primeiro dia de alojamento na maternidade, nas mesmas quantidades fornecidas no final da gestação.

21 suíno Brasil 4º Trimestre 2023 | Manejo pré-parto na suinocultura


Temperatura

A aplicação do indutor deve ser

Como mencionado anteriormente, ao nascer, os

média da gestação da matriz,

leitões precisam ser aquecidos devido à sua baixa capacidade de retenção de calor.

realizada baseada na duração sendo recomendado fazê-lo um dia antes da data prevista para o parto.

Entretanto, as fêmeas em lactação são mais suscetíveis ao estresse térmico e requerem uma temperatura diferente dos filhotes, que deve ser mantida em torno de 18 a 22 °C. Portanto, é necessário utilizar escamoteadores para o aquecimento dos leitões e fornecer às matrizes uma estrutura que permita a dissipação de calor, incluindo sistemas de resfriamento

Após o procedimento de indução, cerca de 80% dos partos acontecem aproximadamente 24 a 36 horas depois. Para se obter sucesso nesse procedimento, é crucial manter registros preciso das coberturas para evitar riscos de partos prematuros, nascimento de leitões fracos e maior mortalidade.

de piso, ventiladores e controle das

Manejo

cortinas. Isso garantirá um ambiente adequado para ambas as categorias.

Sinais do parto As fêmeas apresentam comportamentos característicos no período que antecede o parto, tais como: Aumento da temperatura corporal Micção frequente Vulva inchada, avermelhada e relaxada Liberação de muco Agitação Contrações abdominais

Indução do parto

Mordedura das barras (no caso da criação em gaiolas)

Considerando que, de forma natural, a maior parte dos partos ocorre durante a noite, é possível programá-los com o uso da indução, visando reduzir a ocorrência de partos

Nidificação (quando possível) Movimentos de deitar e levantar e

noturnos, quando há escassez de colaboradores

Aumento da frequência respiratória,

disponíveis para auxiliar.

variando entre 20 a 60 inspirações por minuto

22 suíno Brasil 4º Trimestre 2023 | Manejo pré-parto na suinocultura


No entanto, o sinal mais evidente que o parto acontecerá nas próximas seis horas é a liberação de jatos de leite ao apertar as tetas das fêmeas.

Se o ambiente estiver adequado, duas horas antes do parto, as matrizes suínas tendem a ficar mais calmas, frequentemente em decúbito lateral e pode ocorrer a liberação de uma pequena quantidade de fluido contendo sangue antes

É comum ocorrer também a redução no consumo de ração, podendo ser suprimido, o que é mais frequente no dia do parto. No dia do parto, mesmo em celas de

Manejo

da fase da expulsão do feto.

Movimentos rápidos com a cauda geralmente indicam a presença do leitão no canal cérvico-vaginal antes de seu nascimento.

parição sem cama, as fêmeas podem simular a preparação do ninho, imitando um recolhimento do material que, em condições naturais, seria utilizado para preparação do local do parto. Na ausência de cama e quando

Conclusão

confinadas, as matrizes podem exibir

O sucesso nesta fase depende da realização

comportamentos estereotipados,

eficiente e adequada do manejo, nutrição,

como mordeduras nos equipamentos

sanidade e da ambiência. Portanto, é crucial

e gaiolas.

contar com a contribuição de pessoas capacitadas e qualificadas para executar todas

A temperatura retal também pode servir

as etapas de forma eficiente.

como indicador de aproximação do parto. Uma queda na temperatura em até 2 a 3 °C pode ser observada entre seis a oito horas

Manejo pré-parto na suinocultura

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pré-parto. Essa diminuição na temperatura está relacionada à redução dos níveis de progesterona, que leva a um aumento na taxa metabólica basal.

Referências sob consulta.

23 suíno Brasil 4º Trimestre 2023 | Manejo pré-parto na suinocultura


INFECÇÕES URINÁRIAS EM PORCAS: CENÁRIO ATUAL E IMPORTÂNCIA DAS

ANÁLISES DE URINA patologia

NO CONTROLE EFICAZ DESTAS INFECÇÕES Geraldo Camilo Alberton¹,²& Daiane Güllich Donin² PPGCA-UFPR-Setor Palotina; Propig Soluções *albertongeraldo@gmail.com 1 2

INTRODUÇÃO As porcas são frequentemente afetadas por infecções do trato urinário (ITU). Estas infecções são ascendentes e causadas por bactérias da microbiota fecal e, em 90% dos casos, cepas uropatogênicas de Escherichia coli, isoladamente ou em conjunto com outras bactérias, são a causa da infecção.

24 suínoBrasil 4º trimestre 2023 | Infecções urinárias em porcas: Cenário atual e importância das análises de urina no controle eficaz destas infecções


Assim, avaliações de campo realizadas O órgão mais afetado é a bexiga

entre 2020 e 2023 mostraram que a prevalência média de ITU em granjas tecnificadas é de 5% (Bach et al., 2021). Entre os fatores que contribuíram para esta redução estão: O uso de inseminação artificial Gaiolas de gestação com piso ripado

A cistite pode evoluir para

Os bebedouros mais eficientes e

pielonefrite,

A melhor qualidade de água potável

Embora o cenário atual em relação passado, as práticas de controle que

reprodutiva e

eram aplicadas em situações de alta

morte de porcas.

prevalência dessas infecções continuam

patologia

às ITUs seja muito melhor do que no causando falha

a ser adotadas; destacando o uso da antibioticoterapia na alimentação. A prevalência de ITU em porcas na década de 1990 era de 29% (Alberton et al., 1998). Desde então, ocorreram muitas mudanças no manejo e nas instalações, que reduziram os fatores de risco.

Esta prática teve o seu valor no passado, mas a sua utilização já não se justifica hoje, pois torna desnecessário o uso de uma grande quantidade de antibióticos na produção, para todas as porcas do rebanho, quando apenas um pequeno número de porcas necessita ser medicado. Além de promover disbiose em porcas e, consequentemente, em leitões, esta técnica é mais cara e menos eficaz no controle das ITUs.

25 suínoBrasil 4º trimestre 2023 | Infecções urinárias em porcas: Cenário atual e importância das análises de urina no controle eficaz destas infecções


Portanto, o objetivo deste artigo é apresentar recomendações sobre como realizar análise de urina com tiras reagentes e medicação individual dependendo do diagnóstico; e mencionar algumas vantagens que esses procedimentos apresentam em relação à terapia em massa.

Análise de urina com tiras reagentes: uma ferramenta poderosa

A análise da urina com tiras reagentes é um método diagnóstico indireto,

As infecções urinárias muitas vezes

pois não são detectadas bactérias, mas

passam despercebidas, uma vez que os

sim um metabólito por elas produzido.

sinais clínicos não são muito evidentes.

O nitrato está presente na urina dos

Além disso, outros sinais clínicos podem

animais e é convertido em nitrito pelas

ser mal interpretados como ITU, como “pó

bactérias que causam ITU.

patologia

de giz” encharcado no chão na parte de trás da gaiola. Assim, quando uma porca tem

Esse material branco é composto por

ITU, a banda de nitrito na tira teste

cristais e indica apenas que a porca

muda de cor (de branco para rosa),

tem excesso de cristais na urina, mas

indicando que há pelo menos 105

não indica a presença de ITU.

UFC/ml de urina (Figura 1).

Outra situação que também se confunde com ITU é o aumento repentino de abortos ou retorno ao cio. Portanto, a análise de urina tem papel fundamental para mostrar a verdadeira prevalência da ITU, como forma de monitoramento e; para diagnóstico de rotina, permitindo tratamento individualizado.

A Figura 1: Exame de urina utilizando a tira teste, evidenciando a alteração da cor da faixa de nitrito, que inicialmente era branca (A) e após contato com a urina mudou de cor para rosa (B).

26

B suínoBrasil 4º trimestre 2023 | Infecções urinárias em porcas: Cenário atual e importância das análises de urina no controle eficaz destas infecções


TAMANHO DA AMOSTRA O diagnóstico da ITU pela detecção da presença de nitrito tem especificidade

Se o objetivo da coleta é conhecer

de 100% e sensibilidade superior a 85%

a prevalência da ITU na granja,

(Mazutti et al., 2013).

recomenda-se coletar urina de 10% das

Ou seja, o teste fita reagente, com o parâmetro nitrito, não gera falsos

porcas, sendo suficientes no máximo 100 amostras.

positivos, mas tem uma pequena

Nas granjas com menos de 500 porcas,

possibilidade de gerar falsos negativos,

o número mínimo pode ser fixado em 50

dependendo principalmente do

amostras.

momento da coleta de urina, já que a porca deve permanecer sem urinar por pelo menos quatro horas. Falaremos mais sobre isso a seguir.

Entretanto, uma vez conhecida a prevalência e medicadas as porcas doentes, é necessário repetir as análises de urina para que haja uma amostragem extensa do rebanho.

patologia

Neste caso, deve-se definir: Frequência: uma vez por semana ou uma vez por mês, e Categoria de animais a serem diagnosticados: fêmeas prenhes que entram no terço final da gestação, por exemplo.

As amostras devem ser coletadas de todas as porcas que cumpram os critérios de coleta definidos. Recomenda-se marcar no registro das porcas quais tiveram resultados positivos para ITU e qual a medicação utilizada, o que permitirá uma maior vigilância deste grupo, uma vez que as ITUs são geralmente recorrentes.

27 suínoBrasil 4º trimestre 2023 | Infecções urinárias em porcas: Cenário atual e importância das análises de urina no controle eficaz destas infecções


A frequência das análises deverá ser definida com base na prevalência encontrada. Nos casos de

Prevalência

15%

prevalência igual ou superior a 15%, a frequência deverá ser semanal até que

Fatores a serem levados em consideração ao coletar amostras de urina Essa é uma etapa que influencia muito na sensibilidade do exame de urina, já que deve ser coletada a primeira urina da manhã.

todo o rebanho seja amostrado.

Para isso, a coleta deve ser feita logo após as porcas se levantarem e ficarem ativas, antes do amanhecer.

Prevalência patologia

5%-15%

Se a prevalência

O ideal é fazer uma visita no dia anterior

ficou entre 5 e 15%, a

para organizar os detalhes da amostragem.

frequência de coleta

À noite, as instalações devem estar com

pode ser mensal.

as luzes apagadas. Fontes de ruído como cães de guarda, tratores e carros podem acordar as porcas antes que o equipamento de coleta esteja em posição e devem ser evitadas. Outro ponto importante é verificar

Prevalência

5%

Para prevalências inferiores a 5%, a frequência pode ser bimestral.

a localização das instalações e dos interruptores de luz. O tamanho da equipe influencia o número de amostras de urina que serão coletadas. Em propriedades de médio e grande porte, o ideal é que pelo menos 10 pessoas ajudem na coleta.

28 suínoBrasil 4º trimestre 2023 | Infecções urinárias em porcas: Cenário atual e importância das análises de urina no controle eficaz destas infecções


Como proceder no dia da amostragem? A equipe deve chegar silenciosamente e os carros devem ser estacionados longe das instalações para que o barulho não acorde as porcas. Os frascos de coleta deverão estar fora da embalagem.

Figura 2: Coleta de urina de porcas alojadas em gaiolas individuais, logo após o despertar das porcas, primeira micção do dia.

suas garrafas em um saco plástico,

Após a coleta, o frasco deve ser

para facilitar a movimentação pelas

tampado e colocado atrás da porca,

instalações.

em posição que permita a identificação

Mesmo com as luzes apagadas, os

patologia

Cada funcionário deverá receber

da porca que urinou.

kits de coleta devem ser distribuídos

Após 30 minutos, a coleta pode ser

nas filas das porcas prenhes ou

finalizada ou, caso seja necessária

nas gaiolas se a gestação for em

a coleta de determinadas porcas,

grupo (falaremos dessa coleta mais

um macho adulto deve ser exposto

tarde). Uma vez posicionados, as

a essas fêmeas para provocar a

luzes se acenderão e as porcas serão

micção daquelas que ainda não

incentivadas a se levantar.

urinaram.

Dentro de 10 a 30 minutos, mais de 70% das porcas urinarão, independentemente de terem ITU ou não. Após o início da micção, os primeiros jatos devem ser descartados e coletados pelo menos 50 ml de urina

(Figura 2).

29 suínoBrasil 4º trimestre 2023 | Infecções urinárias em porcas: Cenário atual e importância das análises de urina no controle eficaz destas infecções


No caso da coleta em baias de gestação coletiva, a relação entre o número de pessoas e o número de amostras é maior, sendo necessária pelo menos uma pessoa por baia. No caso de propriedades maiores, esse número deverá ser aumentado.

Considerações para análise de urina Após a coleta, a análise de urina pode ser realizada imediatamente, sem necessidade de retirada dos recipientes do local, permitindo a identificação da porca doente ao final da amostragem.

Outra limitação da coleta em baias coletivas é a dificuldade de identificação da amostra para posterior medicação da porca doente.

patologia

Enquanto na gaiola basta colocar a

Existem muitas marcas de tiras de teste no mercado, algumas das quais geram mais resultados falsos negativos. Recomendamos a leitura do artigo de

Mazzuti et al., (2013) para mais detalhes.

1

O recipiente com a urina deve ser aberto e a

amostra atrás da porca, na baia coletiva

tira teste rapidamente

é necessário marcar a porca e colocar o

submersa, certificando-se

frasco fora da baia numa sequência que

de que a banda de nitrito

possa ser correlacionada com a marcação

fique completamente

da porca. Não há tempo para anotar o número da porca no frasco durante a coleta,

submersa.

2

pois as porcas urinam num período de

Após 2 segundos em

tempo muito curto.

contato com a urina, a tira deve ser retirada.

A reação do nitrito ocorrerá imediatamente e não haverá mais alterações. As porcas positivas para nitrito devem ser marcadas imediatamente e as amostras positivas podem ser enviadas ao laboratório para microbiologia e antibiograma. Esta etapa é recomendada pelo menos para a primeira verificação.

30 suínoBrasil 4º trimestre 2023 | Infecções urinárias em porcas: Cenário atual e importância das análises de urina no controle eficaz destas infecções


Escolha do antimicrobiano As porcas positivas para nitrito devem ser tratadas imediatamente com antimicrobiano injetável. A marbofloxacina é o antimicrobiano de escolha, pois combina a conveniência de uma dose única com excelente eficácia para resolver o problema em 48 horas

(Bach et al., 2021). Entretanto, se esse medicamento já é utilizado há muito tempo na fazenda, é melhor aguardar a escolha do antimicrobiano com base no

patologia

resultado do antibiograma.

A RETIRADA DA ANTIBIOTICOTERAPIA DE GRUPO, MEDIDA QUE GERA ECONOMIA E EFICIÊNCIA Uma vez conhecida a real prevalência da ITU na produção, o próximo grande passo em linha com o conceito “One Health” é a suspensão da antibioticoterapia de grupo para controlar a ITU. Além da economia, há um ganho muito maior que é a preservação da microbiota das porcas, com a consequente transmissão dessa microbiota aos leitões.

No entanto, como as equipes técnicas já estão habituadas a receber ração medicamentosa para porcas de vez em quando, muitos consideram esta prática essencial e que a interrupção desta medicação em massa terá impactos muito negativos na saúde e no desempenho reprodutivo.

31 suínoBrasil 4º trimestre 2023 | Infecções urinárias em porcas: Cenário atual e importância das análises de urina no controle eficaz destas infecções


É comum ouvir colaboradores falarem sobre o aumento de mortes de porcas e retornos ao cio após a suspensão dos antimicrobianos. Portanto, é importante que todos se envolvam no processo e participem das atividades de monitoramento com tiras-teste, para conhecer a realidade da granja e demonstrar que não há relação causal entre a ITU e os problemas relatados por eles.

Como as porcas são naturalmente mais predispostas às ITUs, é necessário estar muito atento aos fatores de risco para essas infecções, enfatizando pontos como: Ingestão de água Limpeza e desinfecção de instalações Integridade do sistema músculoesquelético

patologia

CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso responsável de antimicrobianos na produção de carne suína é uma demanda global que deve ser atendida pelos produtores. O primeiro grande passo nesta direção é a substituição das terapias em massa para controle de ITU por monitoramento e tratamento individual, uma prática que combina economia, ética e melhor saúde para porcas e suas leitegadas. BAIXAR REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Infecções urinárias em porcas: Cenário atual e importância das análises de urina no controle eficaz destas infecções

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32 suínoBrasil 4º trimestre 2023 | Infecções urinárias em porcas: Cenário atual e importância das análises de urina no controle eficaz destas infecções


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PODE A NUTRIÇÃO AUXILIAR NA

HIPERPROLIFICIDADE DAS FÊMEAS SUÍNAS GESTANTES?

Nutrição

Fabrício Santos Nutricionista de suínos na Agroceres Multimix

A

nualmente, estamos observando os resultados positivos da suinocultura referentes à

produtividade das nossas matrizes.

Como demonstrado no Congresso Agriness (2022), resultados apontam para 37,22 desmamado/fêmea/ano, evidenciando a hiperprolificidade das atuais fêmeas suínas.

34 suíno Brasil 4º Trimestre 2023 | Pode a nutrição auxiliar na hiperprolificidade das fêmeas suínas gestantes?


Porém, muitas vezes esta alta prolificidade vem associada a uma grande variabilidade de pesos na leitegada; ou um maior número de leitões, porém de baixo peso; ou ainda leitões de baixa viabilidade.

Quando pensamos nessa situação, surge os seguintes questionamentos:

Pode, a nutrição, ajudar a amenizar este cenário de desafios? Se trabalharmos de forma específica

Nutrição

na nutrição da fêmea gestante, podemos reduzir esse impacto negativo observado a campo? Trabalhos científicos e revisões de literatura indicam que o uso de A evolução genética vem nos

determinados aditivos, ou ingredientes,

proporcionando estes ótimos números

em diferentes momentos do período

na suinocultura. No entanto, a

de gestação, ou no período integral,

campo, estamos observando um alto

podem ajudar a minimizar os impactos

número de leitões com baixo peso

negativos mencionados acima.

ao nascimento, além de uma grande variabilidade no peso entre os leitões nascidos. Alguns desses trabalhos Já existem investimentos por parte do melhoramento genético na busca de soluções para essa situação. No entanto, as empresas de nutrição animal devem atuar para apoiar os produtores na conquista dos melhores resultados, minimizando esse desafio para a fase de gestação.

indicam que, via nutrição durante a gestação, podemos interferir de forma positiva na redução do número de leitões de baixa viabilidade, melhorando a uniformidade das leitegadas e trabalhando para que tenhamos leitões mais vigorosos.

35 suíno Brasil 4º Trimestre 2023 | Pode a nutrição auxiliar na hiperprolificidade das fêmeas suínas gestantes?


Em termos de melhoria de peso de leitão ao nascimento, em alguns trabalhos é possível observar melhorias em torno de 20 a 40 gramas no peso do leitão.

Dentre estas possibilidades, um exemplo que podemos citar seria a arginina.

+ 20 a 40 gramas Estudando a suplementação de L-arginina no período de gestação, com o objetivo de melhorar os resultados de parição Ao pensarmos em fêmeas gestantes, é

através do aumento do crescimento placentário e

possível observar melhorias em taxas

modulação de secreções hormonais, Gao et al (2012)

de partos, redução de retorno ao cio e

avaliaram a suplementação de 1% de L-arginina no

uma fêmea mais bem preparada para

período de 22 até os 114 dias de gestação. Foram

o período de lactação.

observados aumentos:

Nutrição

(P<0.05) do número total de leitões por leitegada;

ARGININA Dentre os aditivos nutricionais e ingredientes com resultados positivos e promissores

número de nascidos vivos por leitegada; peso total da leitegada e

apresentados, podemos citar alguns como: peso total de nascidos vivos por leitegada.

Glutamina Arginina Além disso, a suplementação

Ácidos graxos essenciais (DHA e EPA)

de arginina aumentou (P<0.05) o peso total da placenta, indicando que esta diferença

Nucleotídeos

pode estar associada a mecanismos

Minerais orgânicos

bioquímicos e fisiológicos responsáveis pelos efeitos da suplementação da arginina na gestação (Tabela 1).

Prebióticos Probióticos Óleos essenciais, entre outros.

36 suíno Brasil 4º Trimestre 2023 | Pode a nutrição auxiliar na hiperprolificidade das fêmeas suínas gestantes?


Tratamentos

Item

Controle

Arginina

Nascidos totais (n)*

12,46

13,77

Nascidos vivos (n)*

11,25

12,35

Mumificados (%)

1,21

1,42

Peso total da leitegada (kg)*

16,43

17,79

Peso total nascidos vivos (kg)*

15,82

17,52

Peso média de leitões ao nascimento (kg)

1,41

1,45

Peso total da placenta (kg)*

3,04

3,53

Nutrição

Tabela 1. Suplementação de arginina sobre os resultados de parição. *P < 0.05 versus o grupo controle. Fonte: Adaptado Gao et al. (2012)

De acordo com os autores, os efeitos positivos da suplementação da arginina estão associados com aumento do peso da placenta, como também com os elevados níveis de estrógeno e de aminoácidos da família da arginina na circulação sanguínea materna.

O trabalho citado acima nos demonstra que existe a possibilidade de trabalhar a nutrição da fêmea em gestação com a utilização de alguns aditivos, ou ingredientes, que proporcionem resultados benéficos para fêmeas e sua prole, com melhorias nos seus parâmetros reprodutivos.

37 suíno Brasil 4º Trimestre 2023 | Pode a nutrição auxiliar na hiperprolificidade das fêmeas suínas gestantes?


Nutrição

Assim, nessas situações em que No entanto, temos que levar em consideração

podemos não observar efeitos do uso

que, na prática e dentro de nossas granjas

destes aditivos, ou ingredientes, uma

comerciais, podemos não obter resultados

alternativa seria a associação dos mesmos,

positivos com o uso destes aditivos/ingredientes

podendo explorar os seus efeitos positivos

trabalhados. Isso pode estar relacionado a:

de forma conjunta, conseguindo minimizar possíveis adversidades em situações comerciais.

Diferentes manejos e alimentações na fase de gestação Fica aí uma sugestão a ser

Qualidade de ingredientes

avaliada em nossos trabalhos e recomendações diárias dentro das granjas comerciais. Lembrando que a literatura nos mostra alguns caminhos e cabe a nós,

Micotoxinas

nutricionistas, tomar as melhores decisões para nutrir de forma

Questões de ambiência, instalações

Desafios sanitários

adequada essa fêmea suína em gestação, para explorar todo o seu potencial genético. Pode a nutrição auxiliar na hiperprolificidade das fêmeas suínas gestantes?

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38 suíno Brasil 4º Trimestre 2023 | Pode a nutrição auxiliar na hiperprolificidade das fêmeas suínas gestantes?



SUSTENTABILIDADE, PROLIFICIDADE E NÚMERO DE TETOS: QUAL A RELAÇÃO ENTRE ELES? Matriz suína

Bruno Bracco Donatelli Muro, Cesar Augusto Pospissil Garbossa Laboratório de Pesquisa em Suínos da FMVZ/USP

A atividade suinícola, na visão alicerçada nos

Embora todos esses critérios tenham igual

princípios da sustentabilidade ambiental, social

importância para atingir a sustentabilidade

e econômica, tem como cerne de suas ações:

do sistema produtivo, este artigo trará uma

Proteção ao meio ambiente Otimização da saúde e bem-estar animal Uso racional de antibióticos e Valorização de todos os aspectos humanos relacionados aos colaboradores e à sociedade.

reflexão relacionada em como o número de leitões lactentes por porca pode afetar o bem-estar animal e o uso racional de antibióticos, e, por fim, a sustentabilidade do sistema. Nas últimas décadas, as fêmeas suínas passaram por uma vigorosa seleção genética para aumentar suas taxas de ovulação e, consequentemente, o número de leitões nascidos.

40 suíno Brasil 4º Trimestre 2023 | Sustentabilidade, prolificidade e número de tetos: Qual a relação entre eles?


No Brasil, houve um aumento aproximado de 0,2 leitões nascidos por porca nos últimos 14 anos (Agriness, 2022). Esse aumento da prolificidade motivou a denominação das fêmeas comerciais modernas como fêmeas hiperprolíficas.

Por definição, matrizes hiperprolíficas são fêmeas que dão origem a uma quantidade de leitões que excede seu número de tetos funcionais (Oliviero, 2022).

O neonato suíno possui menos de 2% de gordura corporal ao nascimento, não possui gordura marrom e possui exigência energética elevada, portanto, esses animais podem entrar em balanço energético negativo rapidamente após o nascimento, especialmente quando a temperatura do

produtividade e rentabilidade do sistema, o aumento da prolificidade trouxe desafios relacionados à saúde e bem-estar animal, principalmente na fase de maternidade. A principal consequência negativa da hiperprolificidade foi o aumento da

ambiente está abaixo de 32 ºC (Theil et al., 2014). Portanto, garantir ingestão de colostro mínima de 250 g por leitão é necessário para minimizar o risco de morte nos primeiros dias de vida (Ferrari et al., 2014; Devillers

et al., 2011) e é um dos grandes desafios associados à hiperprolificidade.

mortalidade perinatal. Estudos recentes utilizando fêmeas hiperprolíficas encontraram taxas de mortalidade

De maneira geral, essa ingestão é

pré-desmame que ultrapassam 15 - 20%

mais facilmente atendida para os

(Schoos et al., 2023; De Meyer et al. 2020; van den Bosch et al.,2022).

primeiros leitões nascidos e para os leitões com boa vitalidade. No entanto, os leitões de baixa vitalidade e os

Nesse sentido, a produção insuficiente de colostro e leite para atender as exigências nutricionais e metabólicas do grande número de neonatos nascidos, os quais são selecionados geneticamente para rápido e vigoroso ganho de peso associado a disputas por hierarquia na escolha de tetos e ainda a alta variabilidade no peso ao nascimento são características que mais contribuem para as altas taxas de mortalidade

leitões de baixo peso são mais predispostos a ingerir quantidade insuficiente de colostro

(Alexopoulos et al., 2018). Os últimos leitões nascidos também são mais suscetíveis a baixa ingestão de colostro, pois eles têm de lidar com uma maior competição para adquirir um teto. Portanto, manejos que auxiliem todos os leitões a se fixarem e ingerirem colostro suficiente são necessários.

pré-desmame (Baxter et al., 2020).

41 suíno Brasil 4º Trimestre 2023 | Sustentabilidade, prolificidade e número de tetos: Qual a relação entre eles?

Matriz suína

Apesar dos benefícios evidentes sobre a


Algumas premissas devem ser atendidas durante a realização desse manejo de homogeneização para que conceitos essenciais à sustentabilidade, como bem-estar animal e redução do uso de

Revezamento de mamada para minimizar a competição

Auxílio manual para fixação do leitão no teto e / ou

antimicrobianos, sejam atendidos.

A primeira premissa é a da movimentação mínima e precoce de leitões (Alexopoulos et al., 2018; Baxter 2020). Movimentações de leitões após 24 horas de vida devem ser evitadas. Toda transferência de leitão gera disputas para estabelecimento de hierarquia que resultam em mamadas incompletas e lesões de pele, principalmente no focinho e na boca.

Matriz suína

Colostragem artificial

São manejos que devem ser utilizados na rotina diária de granjas suinícolas com fêmeas hiperprolíficas a fim de diminuir a mortalidade neonatal. Esses manejos devem ser realizados nas primeiras 12 - 24 horas pós-parto (Alexopoulos et al., 2018).

Além disso, qualquer transferência de leitão aumenta o risco de disseminação de patógenos entre leitegadas, que associado ao estresse da transferência e às lesões de pele potencializam a chance de ocorrência de doenças (Baxter et al., 2020;

Transferência de leitões para fêmeas

Bruun et al., 2023).

que não são sua mãe biológica só deve ser realizada após uma ingestão de colostro adequada por todos os leitões da leitegada.

Consequentemente, leitões transferidos têm um risco 1,58 vezes maior de receber tratamentos com antibióticos durante a lactação quando comparados com leitões

Entre 16 e 24 horas após o início

que permanecem com a própria mãe

do parto, as leitegadas podem ser

(Nielsen et al., 2022). Movimentações tardias

homogeneizadas para equalizar o

(após 24 horas) resultam em disputas mais

número de leitões por fêmea, otimizar

intensas e prolongadas, maximizando

a ingestão de leite durante a lactação

os efeitos negativos das transferências

e, consequentemente, diminuir a

e prejudicando a saúde, o bem-estar e o

mortalidade pré-desmame.

ganho de peso (Giroux et al., 2000).

42 suíno Brasil 4º Trimestre 2023 | Sustentabilidade, prolificidade e número de tetos: Qual a relação entre eles?


Mesmo quando o número de leitões e o

Outra premissa essencial para diminuir a taxa de mortalidade pré-desmame é garantir, no mínimo, um teto viável e produtivo por leitão durante todo o período lactacional.

número de tetos viáveis são idênticos, ocorrem eventos de perdas de mamada e/ou mamada incompleta, principalmente pelos leitões de baixo peso.

Além disso, os últimos tetos caudais

Diversos trabalhos apresentam resultados semelhantes e evidentes de que uma maior disponibilidade de tetos está associada à melhor desempenho e taxa de mortalidade pré-desmame mais baixa.

possuem quantidade reduzida de tecido mamário, resultando em menor produção de leite e ganho de peso dos leitões (Nielsen et

al., 2001). Para atenuar este cenário, os últimos tetos caudais podem ser desconsiderados na contagem dos tetos viáveis, servindo como fonte de alimento extra para leitões vencidos

Wiegert e Knauer (2018) relataram que

Por outro lado, a estimulação de todo o tecido

o aumento de um teto viável em

mamário de fêmeas em primeira lactação é

fêmeas de segundo parto melhorou

muito importante e está associada à maior

a sobrevivência dos leitões em 3,25%

produção de leite na lactação seguinte.

Matriz suína

nas disputas hierárquicas (Alexopoulos et al., 2018).

e também aumentou o peso total da leitegada ao desmame em 3,6 kg.

Farmer et al. (2012) demonstraram que o tecido glandular mamário de tetos que Quando o número de leitões da leitegada é maior que o número de tetos viáveis disponíveis as disputas por tetos se intensificam, aumentando, consequentemente, as brigas, lesões e mamadas incompletas (Vande Pol et al., 2021;

foram previamente estimulados na primeira lactação é mais desenvolvido e, portanto, tem maior capacidade de produção de leite na segunda lactação que o tecido mamário de tetos que não foram estimulados.

Sasaki et al., 2022). Os autores relataram também que os leitões que mamavam em um teto que foi estimulado na lactação anterior

Vande Pol et al. (2021) também

tiveram maior ganho de peso, enquanto

demonstraram que fêmeas que

os leitões que se alimentavam em

possuem leitões excedentes ao número

um teto que não foi estimulado na

de tetos tiveram prejuízos nas taxas de

lactação anterior tinham alterações

mortalidade e no peso ao desmame.

comportamentais indicativas de fome.

43 suíno Brasil 4º Trimestre 2023 | Sustentabilidade, prolificidade e número de tetos: Qual a relação entre eles?


Ainda, o estímulo necessário para estimular

Outro ponto que deve ser considerado

o tecido mamário na lactação seguinte é de

na maternidade a fim de diminuir a

apenas dois dias (Farmer et al., 2017).

mortalidade pré-desmame são os aspectos relacionados às fêmeas.

Portanto, é muito importante que a fêmea de primeiro parto tenha todos os seus tetos estimulados nos dois primeiros dias pós-parto.

Quando o número de leitões nascidos vivos excede o número total de tetos viáveis disponíveis nas fêmeas recém paridas, fêmeas que estão em estágios de lactação mais avançados podem ser usadas como mães de leite (Bruun et al., 2023).

Sendo assim, recomenda-se que essas fêmeas tenham o número de leitões similar ao número de tetos

Matriz suína

viáveis disponíveis e, caso necessário, auxílio e condução da mamada podem ser realizadas para garantir estímulo em todos os tetos.

A porcentagem de fêmeas utilizadas como mãe de leite varia entre granjas e depende, principalmente, da prolificidade da fêmea e do número de tetos viáveis disponíveis. A taxa de fêmeas servindo como mães de leite pode chegar a 40% do total de fêmeas em lactação (Baxter et al., 2020).

Em casos excepcionais de morte ou transferência de leitões após dois dias de vida, não há a necessidade de reposição uma vez que o tecido mamário já foi estimulado suficientemente.

Os efeitos negativos já citados das transferências de leitões são mais prejudiciais para o bem-estar dos leitões e das fêmeas, pois nesse caso, uma nova leitegada é formada ao invés de transferências pontuais. Portanto, as disputas são mais intensas e envolvem um número maior de animais. Essas brigas também geram lesões no úbere da fêmea, além de alterações comportamentais (Baxter et al., 2020).

44 suíno Brasil 4º Trimestre 2023 | Sustentabilidade, prolificidade e número de tetos: Qual a relação entre eles?


A utilização dessa prática pode ser muito bem-sucedida e minimizar a taxa de mortalidade pré-desmame, mas deve ser implementada com bastante critério tanto na escolha dos leitões quanto na escolha das fêmeas que serão utilizadas como mães de leite. A seleção da fêmea que será usada como mãe de leite é crucial e deve levar em consideração:

Os leitões devem ingerir quantidade suficiente de colostro da sua mãe biológica e a transferência deve acontecer entre 12 e 24 horas pós parto

Morfologia dos tetos Condição corporal Condição e tamanho atual da leitegada, Estágio de lactação e Habilidade materna (Bruun et al., 2023).

Quando a transferência é necessária deve-se dar preferência para leitões que tem peso discrepante do restante da leitegada e ele deve ser alocado em uma leitegada que tenha peso semelhante ao seu Fêmeas que estão na primeira lactação devem receber o número de leitões correspondente ao número de tetos viáveis que possui

Em conclusão, a disponibilidade de, no mínimo, um teto viável e produtivo por leitão nascido vivo deve ser uma condição atendida desde os primeiros minutos após o nascimento até o desmame para minimizar os efeitos negativos da hiperprolificidade sobre mortalidade pré-desmame.

No entanto, para que essa proporção seja atendida, transferências de leitões

Matriz suína

A transferência de leitões deve ser realizada apenas quando necessário para equalizar o número de leitões entre as leitegadas e para garantir um teto viável por leitão

Ordem de parto

Fêmeas selecionadas como mãe de leite devem estar em ótima condição corporal e devem ser selecionadas de acordo com as características da leitegada que irão receber.

entre fêmeas são necessárias. Para que essas transferências sejam bemsucedidas sem comprometer a saúde e o bem-estar animal de maneira grave, os seguintes critérios são essenciais:

Sustentabilidade, prolificidade e número de tetos: Qual a relação entre eles?

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Referências sob consulta. suíno Brasil 4º Trimestre 2023 | Sustentabilidade, prolificidade e número de tetos: Qual a relação entre eles?

45


QUAL FIBRA USAR NAS DIETAS DE PORCAS GESTANTES? Gabriela Martinez PhD, Animal Nutrition

O consumo da fibra adquiriu particular interesse tanto na nutrição humana como na nutrição animal. Este ingrediente teve muitas

Nutrição

nutrición

definições ao longo de mais de 50 anos e é aquele que mais desafios tem apresentado na compreensão dos seus benefícios e mecanismos de ação nos animais, especialmente nos suínos.

46 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Qual fibra usar nas dietas de porcas gestantes?


É possível determinar o teor de fibra nos alimentos graças à análise de: Fibra Detergente Neutro (FDN) Fibra Detergente Ácido (FDA) Fibra Dietética Total (FDT)

Fibras em dieta para fêmeas reprodutoras

Estratégia nutricional

Reduz estereótipos

Ajuda a lidar com as alterações metabólicas pré-parto

Nas porcas, a fibra tornou-se um A fibra pode ser solúvel, insolúvel e, dependendo da fonte, fermentável. Através da fermentação, podemos obter ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), como o acetato, propionato e butirato, que proporcionam benefícios à saúde

ingrediente importante nas dietas de

Nutrição

Bem-estar da porca

nutrición

Fibras em dieta de gestação

gestação como medida de promoção do bem-estar animal, uma vez que reduz comportamentos estereotipados numa fase em que a alimentação é limitada.

intestinal, reduzindo a fermentação de

A inclusão de fibras na dieta

proteínas e fornecendo 30% de energia

também pode ser vista como

para suínos adultos.

uma estratégia nutricional para ajudar a porca prenhe a lidar com as alterações metabólicas a que está sujeita devido à exigência

Classificação da fibra

Solúvel

Insolúvel

de crescimento da leitegada e ao estresse do processo de parto.

Fermentável

Ácido graxos de cadeia curta (AGCC)

47 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Qual fibra usar nas dietas de porcas gestantes?


Importância do período de transição Embora este muito curto, uma vez que inclui apenas os últimos

Caracterização in vitro das fontes de fibra

Parto

período seja

10 dias de gestação

10 dias de lactação

O Laboratório de Nutrição da

10 dias de gestação e os primeiros 10

Universidade

dias de lactação, é exatamente nesta

da Carolina do Norte realizou um

fase que se refletem tanto os programas

estudo in vitro para esclarecer as

nutricionais, como as práticas de manejo

características de diferentes fontes

e gestão do sistema produtivo.

puras de fibra.

É por isso que uma estratégia nutricional bem aplicada pode ter um grande

Nutrição

nutrición

impacto:

Foram utilizadas oito fontes:

Redução natimortos

Celulose

Melhorar a vitalidade dos leitões

Amido de milho

Melhorar o desempenho produtivo da

Inulina 90%

porca durante a lactação

Inulina 98% Pectina Fécula de batata

Contudo, há muito a descobrir sobre a fibra e ainda estamos aprendendo como implementá-la nos sistemas de produção.

Amido resistente β-glucanos

Um aspecto fundamental seria compreender as características de fermentação de cada fonte de fibra, pois, uma vez que compreendemos como impacta a saúde intestinal, a microbiota e o desempenho produtivo, poderemos aplicá-la estrategicamente nas dietas das porcas.

Celulose e amido de milho foram utilizados como parâmetros de controle, uma vez que a celulose é uma fibra pouco digestível, ao passo que o amido de milho é altamente digestível. A fonte de inóculo foi o conteúdo do ceco de três porcas alimentadas com dieta comercial regular.

48 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Qual fibra usar nas dietas de porcas gestantes?


Resultados Todas as fontes de fibra foram diferentes na produção de metabólitos. Por exemplo, na produção individual de ácidos graxos de cadeia curta de cada fonte de fibra, os β-glucanos foram relacionados a uma maior concentração de propionato, enquanto o amido resistente aumentou a concentração de acetato (Gráfico 1). Celulose

Gráfico 1. Produção individual de AGCC e AGCR após fermentação (48 horas) oito fontes de fibra.

Amido de milho Inulina 90% Inulina 98%

0,8

a

0,6

b

0,5

a

b c c

c

0,4

a

c

b

c

ba

a

Amido resistente

d

c c

e ab a a a ab a c a

0,1 0

β-glucanos

ed d

dc

0,2

Fécula de batata

c d

0,3

Pectina

b

Acetato

Butirato

Propionato

AGCR

AGCC = ácidos graxos de cadeia curta; AGCR”= ácidos graxos de cadeia ramificada Letras diferentes indicam diferenças estatísticas P<0,05

nutrición

a

Nutrição

mg/g de carboidrato fermentado

0,7

Na produção total de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) e ácidos graxos de cadeia ramificada (AGCR), os β-glucanos foram associados à maior concentração de AGCC, seguidos pelo amido resistente e pelo amido de milho (Gráfico 2).

Gráfico 2. Produção total de AGCC e AGCR após fermentação (48 horas) oito fontes de fibra.

Celulose Amido de milho Inulina 90%

mg/g de carboidrato fermentado

30 25 20 15

a

ab d

dc

b

b d

ab

Inulina 98% Pectina Fécula de batata Amido resistente

10

β-glucanos

5 0

Letras diferentes indicam diferenças estatísticas P<0,05.

49 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Qual fibra usar nas dietas de porcas gestantes?


Desta forma, promove-se o crescimento de bactérias

Em relação ao pH e à produção de ácidos graxos

benéficas que degradam o

de cadeia ramificada, todas as fontes de fibra

material não digerido no intestino delgado

resultaram em menor percentual em relação à

e o convertem numa fonte de energia na

celulose e à inulina (90%).

forma de AGCC, enquanto as bactérias patogênicas não têm um ambiente

A pectina foi a fonte que gerou o menor pH em

adequado para crescer.

comparação às demais fontes de fibra (Gráfico 3).

É importante ressaltar que, por natureza, o pH do intestino grosso é ácido e uma das funções da

Nutrição

nutrición

fibra é ajudar a preservar esse ambiente.

Gráfico 3. Acidez (pH) das soluções fermentadas após 48 horas dependendo da fonte de fibra fermentada.. Celulose 6,5

b

Amido de milho d

5

pH

5,5 5 4,5

e

Inulina 90% Inulina 98%

e

e

e

f

e

Pectina Fécula de batata

4

Amido resistente

3,5

β-glucanos

3 Fonte de fibra

Letras diferentes indicam diferenças estatísticas P<0,05.

50 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Qual fibra usar nas dietas de porcas gestantes?


Nutrição

nutrición

Conclusões

Concluindo, podemos comentar que nem todas as fibras se comportam da mesma forma. Há muitos fatores a considerar quando se pensa no “perfil ideal de fibras”, tais como a microbiota, o ambiente intestinal, a idade do animal e o seu estado de saúde. Todos estes fatores podem influenciar o papel da fibra nas dietas das porcas gestantes.

Qual fibra usar nas dietas de porcas gestantes? BAIXAR EM PDF

51 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Qual fibra usar nas dietas de porcas gestantes?


IMPACTO DAS LESÕES NO APARELHO REPRODUTOR DAS PORCAS

patologia

Fabiano J. F. de Sant’Ana e Roberto M. Mourão Universidade de Brasília (UnB), Brasil

A

pesar da sua relevância econômica e produtiva, a suinocultura tem enfrentado alguns desafios nos últimos anos que comprometeram a sua rentabilidade. Dentre as diversas condições que afetam as porcas nos sistemas de produção, inclusive sanitários, as lesões que afetam o aparelho reprodutor são de grande importância.

O objetivo deste artigo é abordar, brevemente, os aspectos mais relevantes das principais lesões reprodutivas que afetam as porcas.

52 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Impacto das lesões no aparelho reprodutor das porcas


Num estudo realizado na Europa, aproximadamente 50% dos 1.708 órgãos reprodutivos de porcas reprodutoras e marrãs apresentavam lesões ovarianas, especialmente cistos de vários graus, que representavam 6,2% do total de lesões. Outro estudo revelou que 4,7% dos ovários de porcas com distúrbios reprodutivos também continham cistos.

EPIDEMIOLOGIA Diversos fatores ambientais, nutricionais, sanitários, metabólicos e genéticos podem levar a patologias do aparelho reprodutor e, consequentemente, interferir no desempenho reprodutivo das porcas.

A ineficiência reprodutiva em porcas é um problema comum e importante na cadeia suinícola global.

Além dos cistos ovarianos, existem outras lesões reprodutivas com repercussão clínica e produtiva:

Lesões reprodutivas frequentes

Cervicites

Anestro

Mumificação fetal

Ciclo estral irregular ou prolongado

Repetição de cio

Abortos Prolapsos uterinos

Sinais clínicos

Ausência de retorno ao cio

Endometrites

patologia

Os principais sinais clínicos associados com lesões reprodutivas em porcas incluem:

Cistos nos cornos uterinos (também são lesões muito comuns, mas raramente têm importância clínica)

Leitegadas menores

Lesões reprodutivas pouco frequentes Investigações indicam que lesões reprodutivas ocorrem com relativa frequência em porcas e são consideradas as principais causas de eliminação destes animais de produção.

Hermafroditismo (pode apresentar frequência de 0,2-0,6% em algumas regiões) Ooforite ou ovarite Salpingite Metaplasia escamosa dos cornos uterinos Hiperplasia endometrial cística e aplasia segmentar uterina

53 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Impacto das lesões no aparelho reprodutor das porcas


CISTOS OVARIANOS Dentre as lesões do aparelho reprodutor, os cistos ovarianos (ou doença ovariana cística) destacam-se pela alta frequência e impacto negativo na produção.

Estudos demonstram que os cistos ovarianos são considerados a principal lesão reprodutiva em porcas.

As porcas afetadas apresentam desequilíbrios hormonais e consequentemente:

Imagem 1. Ovários policísticos caracterizados por apresentarem numerosos cistos com 1,0 - 3,1 cm de diâmetro com atrofia do parênquima. Morfologicamente, os cistos ovarianos podem ser classificados como foliculares ou lúteos, podendo ser pequenos e múltiplos, com diâmetros variando entre 1 e 2 cm.

Ciclo estral curto e irregular

A

patologia

Infertilidade endometrial Hiperplasia A patogênese desta alteração é multifatorial, pouco conhecida e investigada na porca. Há evidências de que o estresse e as alterações endócrinas estão envolvidas com o aparecimento da doença.

B

Estima-se que porcas desmamadas precocemente, dez ou menos dias após o parto, sejam mais suscetíveis ao desenvolvimento de cistos foliculares e infertilidade.

Estudos recentes desenvolvidos pela nossa equipe demonstraram a desestabilização das proteínas do citoesqueleto, alterações em alguns fatores de crescimento e alterações na reatividade aos carboidratos em cistos e outras estruturas ovarianas de porcas.

C

Imagem 2. Fotomicrografias de cistos ovarianos. A: Cisto folicular. B e C: Cistos lúteos.

54 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Impacto das lesões no aparelho reprodutor das porcas


Cistos pequenos geralmente não apresentam áreas de luteinização em sua parede e são chamados de cistos estrogênicos. Os cistos foliculares também podem ser múltiplos e grandes e, quase sempre, apresentam áreas de luteinização em sua parede e são chamados de cistos de progesterona. Múltiplos cistos lúteos, alguns com até 5 cm de diâmetro, caracterizam a doença ovariana cística em porcas. Nestes casos mais graves, o parênquima ovariano é substituído por numerosos cistos.

ENDOMETRITE A metrite, especialmente a endometrite, representa outra lesão importante que pode estar relacionada à falha reprodutiva. As porcas afetadas geralmente apresentam os seguintes sinais clínicos:: Repetição de cio Infertilidade temporal ou permanente

patologia

Independente do tipo de cisto (folicular ou luteinizado), o impacto da lesão no ciclo reprodutivo parece ser o mesmo.

Podem ocorrer perdas produtivas significativas devido a episódios de metrite, incluindo aumento do intervalo entre partos, custos com medicamentos, abate precoce e substituição de porcas e diminuição da produção de leite (com impacto na saúde das porcas). Algumas porcas podem desenvolver cistite associada à metrite. Geralmente, a inflamação uterina ocorre no período pós-parto ou em granjas que realizam monta natural, também no período pós-acasalamento.

Imagem 3. Útero com endometrite associada à maceração fetal. Um grande número de fragmentos ósseos de fetos mortos é observado dentro do útero.

55 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Impacto das lesões no aparelho reprodutor das porcas


Nestes períodos em que o colo do útero está aberto, as bactérias podem migrar pela genitália externa e atingir o ambiente uterino, principalmente quando as condições de manejo ambiental não são adequadas. Os principais agentes isolados nestes casos são Escherichia coli, Staphylococcus spp. e Streptococcus spp.

Na avaliação macroscópica, o endométrio apresenta-se edemaciado (edema), muito vermelho (hiperemia e/ou hemorragia) e com exsudato purulento (esbranquiçado, marrom, etc.).

patologia

A lesão é confirmada pela avaliação histopatológica, onde podem ser observadas muitas células inflamatórias e destruição tecidual, inclusive do epitélio endometrial (superficial e glandular). Em alguns casos, porcas com endometrite também podem apresentar cervicite, sendo as lesões patológicas do colo inflamado muito

SÍNDROME DE MASTITE, METRITE E AGALAXIA (MMA) Outra condição comum em porcas é a síndrome de Mastite, Metrite e Agalaxia (Síndrome MMA). As fêmeas que desenvolvem esta condição estão geralmente associadas a situações de manejo inadequado nas instalações:

Fatores predisponentes da MMA Má higiene Falta de ventilação Umidade excessiva Alta rotação na sala de maternidade A síndrome MMA, que também surge no período pós-parto, começa com metrite e progride para mastite (com subsequente agalaxia e morte de leitões devido à fome/hipoglicemia) e infecção generalizada (septicemia).

semelhantes às detectadas na endometrite.

As principais causas do processo são as mesmas bactérias citadas anteriormente, bem como suas toxinas.

56 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Impacto das lesões no aparelho reprodutor das porcas


ABORTOS Nesse caso, ocorre desidratação progressiva do feto e adesão das membranas placentárias. Normalmente, os fetos tornam-se:

As causas dos abortos em porcas podem ser infecciosas ou devido a fatores nutricionais, tóxicos, endócrinos e físicos, resultando em expulsão precoce do feto. Os agentes bacterianos e virais são responsáveis ​​ pela grande maioria dos casos de aborto em porcas, especialmente:

Pequeno e subdesenvolvido Escuro

Leptospira spp.

Ressecado

Brucella suis

Com retração do globo ocular em sua órbita

Parvovírus suíno

Sem odor característico

Vírus da Síndrome Reprodutiva e Respiratória Suína (PRRSV)

Por esta razão, análises microbiológicas e histopatológicas de amostras de placenta e de diversos órgãos do feto são essenciais para a definição do diagnóstico etiológico e, consequentemente, para a tomada de medidas curativas e profiláticas nos rebanhos, de acordo com a causa estabelecida. Em alguns casos de infecção viral no útero da porca, sem envolvimento bacteriano, principalmente com participação de Parvovírus suíno, Enterovírus ou vírus da Peste Suína Clássica, pode ocorrer morte e mumificação do feto.

PROLAPSO UTERINO patologia

As lesões que resultam em aborto são inespecíficas e podem variar dependendo do agente etiológico, ocorrendo tanto na placenta quanto no feto.

O prolapso parcial ou total do útero é uma lesão grave que tem impacto e incidência crescentes nos sistemas produtivos modernos. Às vezes, o prolapso retal acompanha a exteriorização dos órgãos genitais.

Estima-se que o problema afetará cerca de 2 a 3,6% das porcas nos Estados Unidos e que os danos associados atingem cerca de US$ 5.000 a 9.000 por 1.000 porcas/ano. Alguns rebanhos na Europa apresentam uma taxa de eliminação de 0,8 a 1% devido a prolapsos uterinos.

Em alguns casos, pode haver mortalidade de porcas afetadas devido às complicações sistêmicas ou mesmo indicação de eutanásia.

57 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Impacto das lesões no aparelho reprodutor das porcas


Alguns fatores que podem predispor ao quadro são o nascimento de leitegadas ou leitões muito grandes, o que pode resultar em pressão abdominal excessiva e prolapso secundário, além de elevado número de partos, micotoxinas na dieta, desequilíbrios genéticos e nutricionais (especialmente hipocalcemia). Indução do parto, distocias, diarreia e tosse crônica também podem ser considerados fatores de risco. Alguns autores citam a incidência sazonal de prolapso uterino. O prolapso da mucosa uterina geralmente apresenta hiperemia acentuada, além de úlceras e deposição de conteúdo fecal.

CONCLUSÕES Tendo em vista que as lesões anatomopatológicas que afetam o sistema reprodutivo das porcas são relativamente comuns e, algumas delas, podem ter um impacto econômico significativo no sistema produtivo, incluindo falha reprodutiva e anestro, os suinocultores devem estar constantemente atentos ao comportamento clínico das porcas, bem como os dados zootécnicos registados. Cuidados veterinários regulares

patologia

Fatores predisponentes para prolapso uterino Nascimento de leitegadas muito grandes ou leitões grandes

e cuidados com a alimentação, ambiente, reprodutivo, genético e sanitário podem ser úteis para prevenir essas condições.

Alto número de nascimentos Micotoxinas Genética e desequilíbrios

Impacto das lesões no aparelho reprodutor das porcas

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nutricionais Indução do parto, distocias, diarreia e tosse crônica

58 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Impacto das lesões no aparelho reprodutor das porcas

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SAÚDE INTESTINAL E RESTRIÇÃO PROTEICA EM LEITÕES RECÉM-DESMAMADOS Alberto Morillo Alujas Diretor de Pesquisa & Desenvolvimento

O

Epitélio intestinal – A primeira linha de defesa O epitélio intestinal é o principal componente da barreira intestinal, destacando nesta função o papel das junções intracelulares (Tight Junctions) através do sistema de proteção celular onde as proteínas de choque térmico (Heat Shock Proteins, HSP) desempenham um papel fundamental.

saúde intestinal

intestino tem como função principal a digestão dos alimentos e a absorção de nutrientes e eletrólitos. Além disso, deve se regenerar por meio da proliferação de células epiteliais intestinais, restituindo o epitélio após agressões e danos. Não menos importante, é a ideia de que o intestino deve proteger o organismo de alimentos que incorporam toxinas e microrganismos que são veiculados com a alimentação. As zonas oclusas são estruturas citológicas presentes nas células do epitélio e endotélio que formam uma barreira de impermeabilidade, impedindo o livre fluxo de substâncias entre as células.

O conhecimento das relações entre as junções intracelulares (TJ) e sua relação com a alimentação do leitão podem nos ajudar a estabelecer dietas ou manejos que reforcem a barreira intestinal.

59 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Saúde intestinal e restrição proteica em leitões recém-desmamados


Influência da dieta no conjunto das tight junctions Dietas ricas em proteínas afetam os níveis de proteína que formam as tight junctions e o transporte epitelial em suínos.

PROTEÍNA

NINA

FIBRA

TREO

VS PR

OTEÍN A

A VS TEÍN PRO

A alimentação com dietas ricas em fibra aumenta a expressão da proteína de zonas oclusas ZO-1 em comparação às dietas com menor teor de proteínas, mas não em dietas ricas em proteínas, o que é indicativo dos efeitos das dietas ricas em proteínas na conformação das tight junctions.

saúde intestinal

TJ

FIBRA

O aumento dos níveis de treonina aumenta a expressão de ZO-1 em suínos alimentados com dietas ricas em proteína,mas não ocorre em dietas com baixo teor de proteína. Estas observações demonstram que a utilização da treonina pode ser conservada e priorizada para manter a integridade e o funcionamento intestinal.

TREONINA

Thr FIBRA VS TREONINA Constatou-se uma interação significativa entre o nível de fibra e o nível de treonina, observando que a expressão de ZO-1 aumenta à medida que aumenta a inclusão de treonina na dieta baixa em fibra, mas não no caso de dieta rica em fibra, isso indica que o impacto da treonina na expressão do ZO-1 depende do nível de fibra na dieta.

Dietas com baixo teor proteico melhoram os resultados produtivos? Atualmente, existem evidências de que alimentar os leitões no período próximo ao desmame com dietas com um nível de proteína inferior a 180g/kg (18%), um equilíbrio de aminoácidos semelhante ao conceito de proteína ideal e com uma alta digestibilidade reduzem as fermentações proteicas e melhora a consistência das fezes.

Isso se deve, principalmente, à diminuição das fermentações microbianas da proteína não digerida. Além disso, com este tipo de dieta há menos respostas à inflamação intestinal devido ao menor número de E. coli ETEC no trato intestinal⁴.

60 suínoBrasil 4º Trimestre 2023 | Saúde intestinal e restrição proteica em leitões recém-desmamados


Bikker et al. (2007), Nyachoti et al. (2006) e Heo et al. (2013) concluíram que o alto nível de proteína bruta na dieta, por si só, não induz o aumento no crescimento de bactérias potencialmente patogênicas no intestino, sendo outros fatores desconhecidos, como as condições ambientais ou sanitárias dos animais, que influenciam nesse crescimento. Porém, há estudos em que a proporção de lactobacilos e coliformes é alterada com reduções no nível de proteína na dieta, bem como os níveis de Clostridium spp, como demonstrado por Wellock (2006)9, Jeaurond (2008)10 y Opapeju (2009)9.

saúde intestinal

Reduzir o nível de proteína na dieta diminui os índices de fermentação proteica, como o NH3-N* e o NUP** no intestino delgado, o que indica uma menor fermentabilidade proteica não refletida na quantidade de bactérias coliformes e lactobacilos ena concentração de ácidos graxos voláteis no jejuno ou no cólon.

Embora a restrição proteica pareça ser eficaz na limitação dos processos diarreicos e das disfunções intestinais após o desmame, geralmente levanta dúvidas aos produtores, pois não está claro quantos dias deve ser realizada e se estes leitões submetidos à restrição recuperarão o peso não ganhado e, ainda que tenham a mesma qualidade de carne.

*NH3-N: explicação da unidade do nitrogênio na forma química NH3-N. Amônia (NH3) e amônia-nitrogênio (NH3-N) são expressões diferentes das formas químicas da amônia. A forma NH3-N usa o peso molecular do nitrogênio atômico (N). A forma NH3 usa o peso molecular da amônia (NH3), 1 átomo de nitrogênio + 3 átomos de hidrogênio. A forma amônia-nitrogênio NH3-N é comum porque relaciona outros compostos de nitrogênio, como nitrito-nitrogênio NO2-N ou nitrato-nitrogênio NO3-N. **NUP: Nitrogênio ureico plasmático.

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Hou et al (2021) avaliaram os efeitos de uma restrição proteica (16% de proteína bruta vs. 20%) durante 14 dias em 50 leitões recém-desmamados aos 21 dias de idade (Duroc × Landrace × Yorkshire) com peso vivo de 6. 39±0,02kg. Os leitões foram distribuídos em dois grupos, cada um com 25 leitões (5 leitões por baia: 3 baias com 3 machos castrados e 2 fêmeas e 2 baias com 2 machos e 3 fêmeas):

Após restrição proteica, os leitões foram alimentados com dieta com 19% de teor proteico até atingirem peso médio de 25 ± 0,15 kg. Ressalta-se que as dietas utilizadas durante a restrição forneciam 0,18% de óxido de zinco.

Os resultados de desempenho obtidos neste estudo são apresentados na Tabela 1.

Grupo NP: 20% de proteína Grupo LP: 16% de proteína

Tabela 1. Resultados de desempenho da restrição proteica no estudo de Hou et al, 2021 (modificado). NP (20% de proteína)

Parâmetro

LP (16% de proteína)

SEM

Valor p

saúde intestinal

Fase de restrição (0 a 14 dias pós-desmame) Peso inicial, kg

6,39

6,38

0,02

0,861

Ganho de peso diário (GPD), g/dia

324

261

18,1

0,041

Consumo diário de ração (CDR) g/dia

418

372

17,0

0,093

Conversão alimentar, CDR/GPD

1,30

1,43

0,02

0,022

Incidência de diarreia, %

2,00

0,29

0,55

0,060

Peso ao final da fase de restrição

10,9

10,0

0,26

0,043

Fase de realimentação (15 dias pós-desmame até 25 kg de peso vivo) Ganho de peso diário (GPD), g/dia

524

543

7,9

0,153

Consumo diário de ração (CDR), g/dia

859

888

10,1

0,086

Conversão alimentar (CA), CDR/GPD

1,64

1,64

0,01

1

Incidência de diarreia, %

5,33

2,61

1,21

0,151

Peso ao final da fase de realimentação, fim do experimento

24,9

25,1

0,23

0,579

Total experimento Ganho de peso diário (GPD), g/dia

455

452

9,5

0,814

Consumo diário de ração (CDR), g/dia

708

718

8,2

0,413

Conversão alimentar (CA), CDR/GPD

1,56

1,59

0,01

0,283

Incidência de diarreia, %

3,76

1,56

0,82

0,095

Dias de experimento

40,8

41,5

0,81

0,537

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Como podemos observar na Tabela 1, o GPD dos leitões que consumiram a ração com restrição protéica foi reduzido no período de restrição em 20%, mas aumentou 4% no período seguinte, embora não significativamente.

Os resultados do referido estudo sugerem que, quando há redução proteica, há diferença na quantidade de proteína corporal, mas esta diferença não ocorre quando os leitões são realimentados, como pode ser observado na Tabela 2.

No estudo como um todo, não houve diferença em termos de rendimento médio diário.

Conversão alimentar A taxa de conversão foi diferente na fase de restrição (10% maior no grupo de 16% de proteína), sendo exatamente a mesma na fase de realimentação e no experimento como um todo.

Diarreia A incidência de diarreia na fase de restrição mostrou uma tendência de melhoria nos leitões submetidos à dieta de 16% em comparação com os da dieta de 20% e esta melhoria também foi transferida para o período de realimentação.

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saúde intestinal

Ganho de peso diário (GPD)

Os leitões submetidos à redução proteica apresentam composições corporais diferentes?


Tabla 2. Composição corporal de leitões submetidos à restrição proteica (modificado de Hou et al 2021) Parâmetro

NP (20% de proteína)

LP (16% de proteína)

SEM

Valor p

14º dia experimental Água, g/kg

709

708

4,3

0,845

Proteína, g/kg

163

157

1,8

0,034

Gordura, g/kg

90,1

97,3

4,24

0,261

Cinzas, g/kg

31,0

31,4

1,40

0,846

saúde intestinal

Final do período experimental Água, g/kg

694

689

4,6

0,427

Proteína, g/kg

168

166

1,6

0,451

Gordura, g/kg

107

113

6,5

0,523

Cinzas, g/kg

28,2

27,1

1,46

0,622

Dias de experimento

40,8

41,5

0,81

0,537

Uma redução proteica na dieta resulta numa redução da síntese proteica no fígado, pâncreas, rins e músculos Longissimus dorsi em leitões, provavelmente devido à disponibilidade de aminoácidos e à inibição da via de sinalização da rapamicina em leitões.

A restrição proteica é uma estratégia a ser considerada na formulação de Como apontado por Deng et al. (2009), é

dietas para leitões desmamados que

provável que um desequilíbrio entre

permitam melhorar a saúde intestinal

aminoácidos essenciais e aminoácidos

sem prejudicar o desempenho ou a

não essenciais, como glutamina ou

qualidade da carne, ao mesmo tempo

arginina, seja a causa da diminuição da

que reduz a incidência de diarreia

síntese proteica.

e a sua gravidade no período pós-

Apesar dos resultados deste e de outros estudos, deve-se considerar que a recuperação dos parâmetros de desempenho é função da idade de início da restrição e do número de dias em restrição, bem como do nível de restrição, como pode ser observado nos estudos de Chaosap et al.

desmame.

Saúde intestinal e restrição proteica em leitões recém-desmamados

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(2011 )e Lebret et al. (2007).

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