suínoBrasil 3ºTRI 2023

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AVALIAR A LONGEVIDADE DO PLANTEL

REPRODUTIVO

CONTRIBUI PARA A SUSTENTABILIDADE DA PRODUÇÃO DE SUÍNOS

p. 22

Ana Paula Gonçalves Mellagi, Gabriela Piovesan

Zanin, Eduarda Basso da Cruz, Rafael da Rosa

Ulguim, Fernando Pandolfo Bortolozzo

Influenza...

Mycoplasma...

GPS...

Pasteurella... APP...

Autoridades no assunto, debatendo com muita profundidade todas essas doenças em 4 episódios. Muito conteúdo pra você maratonar!

vol. 11 núm. 3 (2023) @VETANCOBRASIL | VETANCO COM ´
rat
Saúde
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Uma dupla de peso contra desafios respiratórios!

Combinação de amplo espectro com alta concentração nos tecidos pulmonares, focado na saúde respiratória e com a menor carência do mercado.

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ESPERAR DE 2023?

Vivemos um momento que desafia todo o setor de produção de proteína animal. Um ambiente de dificuldade multiproteínas, ou seja, suínos, aves e bovinos navegando por incertezas e resultados abaixo de uma linha minimamente sustentável. Basta uma leitura simples dos resultados divulgados do primeiro e segundo trimestres, pelas empresas do setor. Há pouco a ser comemorado em 2023, entretanto, há muito a ser feito para que tenhamos um 2024 mais consistente em resultados econômicos. É preciso muita cautela. O cenário exige uma visão realista em detrimento a otimismos frágeis frente ao que os indicadores internos e externos expressam para a economia e para consumo. Esta realidade pode ser extrapolada para todos os mercados.

De maneira simples, o contexto macro econômico posto, e suas complexidades, exigem a cautela. Num cenário que a relação entre as diferentes proteínas gera, pelo conceito “vaso comunicantes”, uma interdependência e uma competição endógena depreciativa de preços. Para todos.

Como superar este momento? Quais aprendizados podemos nos apropriar?

Para a Suinocultura a superação passa por alguns fatores. Sob a ótica de País - em um olhar para dentro e minucioso - nos faz perceber nossas deficiências estruturais. Nas áreas logística, tributária e ou de planejamento. Sob a ótica do que está no nosso controle, de fato, é que estamos ofertando volumes que pressionam uma demanda sem perspectivas de crescimento e com preços abaixo do adequado. Filme que se repete com alguma frequência. Afinal sabemos, no final do dia, que gostamos mais de produzir do que de ganhar dinheiro. Afirmação que seria cômica não fosse verídica. Este ajuste de mercado forçosamente está acontecendo, como aquela velha máxima do aprendizado pela dor. Este olhar para dentro, exige rigor e austeridade em custos, eficiência técnica e gerencial e muita cautela em pensar nos dias que virão.

Não há nas observações citadas nenhum conhecimento novo. O que nos remete ao básico, ao simples. Perseverar em resolver nossas questões setoriais estruturais, e, fundamentalmente, fazer o básico na gestão. Mas sem esquecer, no que tange a mercado a Lei de oferta e demanda continua em vigor. Ignorá-la nos faz depender dos bons ventos que por ora não sopram.

Neste contexto 2023 nos trará um segundo semestre de lenta e tímida recuperação. As variáveis políticas e macro econômicas, internas e externas, continuarão pressionando a renda e capacidade de compra dos consumidores. Será possível sim apurar melhores resultados, entretanto, com os cuidados de não comprometermos 2024 nos contaminando de otimismo.

EDITOR

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Cândida Azevedo

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suinobrasil@grupoagrinews.com

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COORDENAÇÃO TÉCNICA E REDAÇÃO

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João Vitor L. Ferreira

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Isadora M. S. de Oliveira

Stephanny R. Rainha

E os aprendizados? Seguir cuidando incansavelmente do nosso patrimônio sanitário. Disciplina na gestão das eficiências e qualidade – fatores que nos garantem ao menos a venda de hoje. Afinal ter o pedido do cliente, neste ambiente de margens tão achatadas, constrói a sustentação. Qualidade e custos geram diferenciais conhecidos e reconhecidos. Nada de novo. Entretanto, para o “pedido” de amanhã, as margens virão de novos diferenciais. Considerem a sustentabilidade - na amplitude gerencial do ESG – como um valor a ser embalado junto com o seu produto. São nestes momentos de “crise” que o plantio se torna mais relevante, para que as colheitas futuras sejam fartas e consistentes. E as crises podem ser atenuadas por valor agregado de mercados consolidados. Ganhando a preferência do consumidor e o planeta agradece.

José Antônio Ribas, Jr.

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Fernanda R. C. L. Almeida

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ISSN 2965-4238

O QUE (AINDA)
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1 SuínoBrasil 3º Trimestre 2023

Coleta de amostras para diagnóstico de doenças em suínos

Marina Paula Lorenzett, Suzana Satomi Kuchiishi, Keila Catarina Prior e Lauren Ventura Parisotto

Placenta: conhecendo o seu papel na determinação do peso de fetos machos e fêmeas – Parte II

Fernanda R. C. L. Almeida et al. Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Geais

Sustentabilidade e Rentabilidade na Produção de Suínos: Nutrição e manejo para maximizar desempenho e longevidade das matrizes

Lucas Bonagurio Formulador de dietas AGRONUTRI

Avaliar a longevidade do plantel reprodutivo contribui para a sustentabilidade da produção de suínos

Ana Paula Gonçalves Mellagi, Gabriela Piovesan Zanin, Eduarda Basso da Cruz, Rafael da Rosa Ulguim, Fernando Pandolfo Bortolozzo Setor de Suínos, Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Nutrição mineral de suínos 30

Carlos Carrijo

Membro do Conselho Técnico - ABRAVES/MS

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2 suínoBrasil 3º Trimestre 2023

Influência materna no desenvolvimento da microbiota do leitão 38

Cesar Augusto Pospissil Garbossa Laboratório de Pesquisa em Suínos da FMVZ/USP

Rentabilidade na suinocultura: apostar no menor desempenho é a melhor saída?

60 66 72

O Profissional do Futuro: Navegando nas ondas da transformação com inteligência emocional e propósito

Eficácia da Bromexina na diminuição da viscosidade muco nasal e pulmonar em suínos

Potencial antimicrobiano do ozônio: aplicações e perspectivas na suinocultura

Lívia Mendonça Pascoal¹, Eduardo Nascente de Paula², Carlos Damian Segovia¹, Isadora de Sousa Lima¹, Sarah Rodrigues Chagas¹, Aline Mendonça Pascoal³

¹Setor de Medicina Veterinária Preventiva

- Escola de Veterinária e Zootecnia

- Universidade Federal de Goiás.

²Pontifícia Universidade Católica de Goiás.

³Química - Instituto Federal de Goiás - Campus Goiânia – Goiás.

Biosseguridade e Sustentabilidade na produção de suínos: onde se encaixam esses e outros novos conceitos?

Manejo de colostro

de Granja Grupo Aro

46 54
Francisco Alves Pereira Gerente Técnico Comercial de Suínos na Agroceres Multimix Equipe Técnica Suíno - Vetanco Brasil Ton Kramer Médico Veterinário, MBA, M.Sc., Membro da Abraves-PR
Gerente
porcinews.com 3 suínoBrasil 3º Trimestre 2023 80
José Eustáquio Cavalcante MV Consultor Técnico Independência Presidente da Abraves MG
Fábio Júnior

COLETA DE AMOSTRAS PARA DIAGNÓSTICO DE DOENÇAS EM SUÍNOS

Asuinocultura intensiva tem se especializado consideravelmente nos últimos 20 anos.

Aliado a esse cenário, encontramos cada vez mais suinocultores treinados ou capacitados que demandam por serviços de consultoria qualificada por parte dos médicos veterinários que os atendem.

Na sanidade também observamos mudanças significativas no estabelecimento das doenças, agora consideradas enfermidades complexas, onde um patógeno já reconhecido interage com outros agentes patológicos novos e estes ainda podem sofrer a interferência de aspectos relacionados ao manejo, ambiente e sistema de produção.

4 Sanidade
suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Coleta de amostras para diagnóstico de doenças em suínos Marina Paula Lorenzett, Suzana Satomi Kuchiishi, Keila Catarina Prior e Lauren Ventura Parisotto

Sem deixar de lado a crescente demanda do mercado consumidor por melhorias na forma de produção dos animais. O objetivo é associar esses fatores e assegurar uma produção livre ou com a presença mínima de patógenos nocivos aos suínos e à saúde humana.

Os ganhos obtidos com os sistemas intensivos de produção melhoraram significativamente a atividade suinícola, no entanto precisamos levar em consideração os impactos do aumento da densidade de animais em espaços limitados e sua relação com a transmissão de doenças infecciosas e até mesmo processos não infecciosos, como:

Desbalanços nutricionais,

Intoxicações e Problemas de manejo relacionados com abastecimento de água e automação da dieta.

Em um desafio sanitário complexo, frequentemente, estamos diante de uma etiologia multifatorial e o estabelecimento de um diagnóstico rápido e correto torna-se decisivo. O processo para se alcançar um diagnóstico conclusivo envolve várias etapas.

A investigação clínica é a base desse processo.

Nesta etapa realiza-se o levantamento das informações clínicas, quem tem o quê, onde, quando, desde quando, quantos e como? A partir das informações colhidas poder-se-á estabelecer uma hipótese diagnóstica.

A hipótese diagnóstica nos impõe a condição de traçar estratégias eficientes e economicamente viáveis para minimizar ou eliminar o problema. Nestes casos, as análises laboratoriais podem ser utilizadas para confirmar ou descartar esta hipótese.

Patógenos ou toxinas potencialmente relacionadas com a enfermidade ou com resultados de produção abaixo do esperado

1 2 3 4 5

Avaliar taxas de infecção/exposição de plantéis de suínos

Avaliar a produção de anticorpos frente a um patógeno

Avaliar a resposta sorológica a vacinação e por m

Monitorar o progresso na implementação de programas de controle e erradicação de doenças

5 suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Coleta de amostras para diagnóstico de doenças em suínos
Elas podem detectar

Dentre as análises laboratoriais disponíveis existem os métodos de diagnóstico diretos e indiretos.

Os métodos diretos pesquisam a presença do agente, do antígeno ou do ácido nucleico. Na pesquisa do agente dispomos de técnicas como o isolamento viral e bacteriano e a pesquisa de ácaros e protozoários.

Os resultados das análises laboratoriais serão satisfatórios e aplicáveis desde que escolhas assertivas sejam feitas na coleta das amostras.

Para a identificação de antígenos temos a imuno-histoquímica, a imunofluorescência e a hibridização in situ. Na determinação dos ácidos nucleicos existem as técnicas de PCR, RT-PCR, q-PCR, RT-qPCR, PCR multiplex e sequenciamento do genoma.

Eleger os animais representativos do problema patológico a campo e colher as amostras de forma adequada são fatores cruciais para o correto diagnóstico.

Em suínos vivos, amostras de fezes, urina, sangue, soro, saliva, suabe nasal, suabe tonsilar, suabe de laringe, lavados broncoalveolares e fluido oral podem ser colhidos, enquanto que outras amostras podem ser obtidas com a realização de necropsias.

Já os métodos indiretos estão relacionados com a pesquisa de anticorpos por meio de técnicas como a de imunodifusão em gel de ágar (IDGA), soroneutralização, ensaio imunoenzimático tipo ELISA, inibição da hemaglutinação (HI) e imunofluorescência indireta (IFI).

Na seleção dos animais para necropsia, recomenda-se submeter à eutanásia três a quatro suínos do lote de animais afetados nas primeiras 24-48 horas que correspondam à fase aguda da doença, de preferência suínos que não tenham sido medicados de forma parenteral.

6 Sanidade suíno
Brasil 3º Trimestre 2023 | Coleta de amostras para diagnóstico de doenças em suínos
fezes urina sangue soro saliva suabe nasal suabe tonsilar suabe de laringe lavados broncoalveolares uido oral

Animais refugos podem ser necropsiados, porém não se recomenda o envio de material destes animais para o laboratório, pois dificilmente eles serão representativos do problema corrente.

A correta realização da necropsia e a observação macroscópica dos órgãos poderão nos oferecer valiosas informações sobre uma doença, porém algumas vezes é necessário a realização de exames complementares para um diagnóstico definitivo.

A amostragem dos órgãos deve seguir um padrão de coleta, considerando a espessura ideal de 0,5 a 1cm para a completa penetração do formol e fixação da amostra, com exceção do cérebro, cerebelo e medula espinhal, os quais recomenda-se o envio dos órgãos inteiros.

Na necropsia realiza-se a coleta dos órgãos para a realização dos exames de:

Histopatologia,

Imuno-histoquímica e

Hibridização in situ

Os órgãos coletados devem ser acondicionados em frascos adequadamente identificados com as informações do animal e imersos em solução de formol na concentração de 10%, respeitando uma proporção de 1:10 de órgãos para formol e conservados em temperatura ambiente.

Em quadros clínicos entéricos devese colher várias porções de todos os segmentos intestinais, considerando que patógenos entéricos frequentemente causam lesões segmentares. É recomendado que sejam colhidos no mínimo quatro fragmentos de jejuno, íleo, ceco e cólon e dois fragmentos de duodeno e reto.

Nos demais órgãos parenquimatosos a eleição do local de coleta deve considerar áreas com a lesão observada em transição com uma área normal ou com lesões leves.

Para os ensaios microbiológicos, virológicos e moleculares podem ser utilizadas as amostras colhidas no animal vivo ou amostras colhidas durante a necropsia.

A amostragem de órgãos parenquimatosos para exame microbiológico deve ser de aproximadamente 5 cm para que o laboratório tenha possibilidade de colher a amostra de forma asséptica.

7 Sanidade suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Coleta de amostras para diagnóstico de doenças em suínos

Os fragmentos de intestinos devem ser de aproximadamente 8 a 12 cm e com as extremidades fechadas/ amarradas com barbante. Na presença de exsudatos podem ser utilizados suabes, de preferência com meios de transporte e seringas.

Cada órgão colhido pode ser colocado em sacos plásticos novos ou frascos estéreis identificados e o conjunto de amostras pertencentes ao mesmo animal pode ser armazenado em uma segunda embalagem com as identificações do animal.

Para ensaios sorológicos pode-se utilizar uma tabela estatística de amostragem, que leve em consideração:

Tamanho da população a ser estudada, Prevalência estimada e Intervalo de con ança desejado (em geral são utilizados 95% ou 99%)

para definir o número de animais a serem incluídos numa monitoria sanitária.

Preconiza-se que após a coleta as amostras sejam acondicionadas em caixas de isopor com gelo gel reutilizável, exceto o material em formol, acompanhadas de um formulário com as informações clínicas e exames solicitados e cheguem ao laboratório em 48 horas.

Em casos esporádicos, quando não é possível o envio das amostras neste período, o envio em até 72 horas pós coleta pode ser aplicado em alguns casos para isolamento bacteriano.

Em um período de tempo superior a 96 horas recomendase o congelamento das amostras no caso de amostras para biologia molecular (suspeita de bactérias ou vírus que tenham DNA no seu material genético).

Amostras sob refrigeração entre 2 a 8ºC são indicadas para os seguintes ensaios:

Isolamento bacteriológico

Isolamento viral

Biologia molecular e

Parasitológico

8 Sanidade
suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Coleta de amostras para diagnóstico de doenças em suínos
O processo de envio do material coletado para o laboratório também é considerado ponto chave para o diagnóstico.

Amostras congeladas são indicadas para os ensaios sorológicos e moleculares (em amostras com suspeita de bactérias ou vírus que tenham DNA em seu material genético).

Amostras refrigeradas, são indicadas para a realização do isolamento bacteriano e análises moleculares de agentes que contenham RNA em sua composição.

É importante ressaltar que o requisitante deve entrar em contato com o laboratório de destino das amostras para sanar suas dúvidas e esclarecimentos sobre temperatura ideal e meios de envio das amostras, ensaios disponíveis, prazos de processamento das amostras e entrega de resultados.

A atenção a todos esses fatores mencionados é determinante para se obter um resultado de diagnóstico de qualidade e aplicável na solução do problema de campo.

Vale ressaltar que a partir de uma amostra bem colhida e bem acondicionada pode-se chegar a um diagnóstico correto, enquanto que em amostras mal colhidas ou mal acondicionadas dificilmente chega-se ao diagnóstico correto.

Coleta de amostras para diagnóstico de doenças em suínos

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Referências sob consulta dos autores

9 Sanidade suínoBrasil 3º
2023
Trimestre
|
Coleta de amostras para diagnóstico de doenças em suínos

PLACENTA:

CONHECENDO O SEU PAPEL NA

DETERMINAÇÃO DO PESO DE FETOS MACHOS E FÊMEAS – PARTE II

Leticia P. Moreira, Saffir D. Fernandes, João Vitor L. Ferreira, Abner Shinkawa, Dayanne K. O. Pires, Isadora M. S. de Oliveira, Stephanny R. Rainha, Túlio C. C. de Alkmim, Fernanda R. C. L. Almeida Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais

Na primeira parte do artigo “Placenta: conhecendo o seu papel na determinação do peso de fetos machos e fêmeas” ressaltou-se a estrutura da placenta na espécie suína.

E nesta segunda parte do artigo será abordado os fatores que contribuem para a ineficiência placentária.

Tamanho da leitegada

Há evidências de que o peso médio do leitão ao nascer diminui à medida que o tamanho da leitegada aumenta.

Não foram encontrados estudos mostrando uma relação clara entre o tamanho da leitegada e a vascularização placentária.

As características da placenta e a incidência de mortalidade prédesmame parecem estar associadas ao peso do leitão ao nascer.

Ambos, a superfície placentária (-20,4%) e o peso da placenta (-14,8%) foram menores nos leitões que morreram antes do desmame em comparação com sobreviventes da mesma espécie, o que provavelmente foi causado por um menor peso ao nascer de leitões que morreram antes do desmame.

10 Gestação suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Placenta:
o seu
na determinação do
de
e
– Parte II
conhecendo
papel
peso
fetos machos
fêmeas

Assim, em leitegadas maiores, o fluxo sanguíneo placentário por leitão é reduzido e a área placentária por leitão é menor, o que explicaria por que o peso médio ao nascer dos leitões é menor, bem como a incidência de mortalidade pré-desmame aumenta.

A melhor compreensão das complexas interações entre o fluxo sanguíneo placenta e outras características da porca moderna podem fornecer informações sobre a redução das perdas perinatais.

Ineficiência placentária: Possíveis causas e consequências

Na suinocultura moderna existem diversos fatores afetando o crescimento e desenvolvimento fetal e placentário durante a gestação.

Fatores associados como a:

Qualidade dos oócitos

Duração do estro e Implantação

Podem influenciar a placentação no útero; também fatores genéticos, epigenéticos, ambientais e maternos como a nutrição, capacidade uterina e eficiência da placenta são capazes de modular o desenvolvimento fetal.

Exploraremos a seguir alguns fatores relevantes que contribuem para a placentação ineficiente em suínos.

Genética

Na espécie suína, o fator genético interfere diretamente no desenvolvimento placentário.

As placentas de fêmeas Yorkshire aumentam de tamanho e área de superfície durante o terço final da gestação, ao contrário das Meishan, onde o crescimento permanece constante durante o final da gestação, mas com um drástico aumento na densidade dos vasos sanguíneos na interface placentária/endometrial que permitem uma maior irrigação.

Portanto, há diferenças na disputa nutricional e desenvolvimento placentário entre diferentes linhagens de modo que a placenta de Yorkshire apresenta maior eficiência por área de placenta em comparação a Meishan.

11 suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Placenta: conhecendo o seu papel na determinação do peso de fetos machos e fêmeas – Parte II Gestação

Capacidade uterina

Diversos estudos evidenciaram que a capacidade uterina pode afetar o crescimento pré-natal.

Segundo Alvarenga-Dias e Almeida (2021), no ambiente intrauterino, ocorre uma grande competição nutricional entre os embriões, tornando-se crítica a partir do 30º dia gestacional.

Como consequência da lotação uterina observa-se uma associação inversa entre número de fetos e o crescimento fetal, de modo que, quanto maior o número de fetos em um mesmo útero, menor o desenvolvimento fetal individual e menor a vascularização placentária.

A capacidade uterina é responsável pela variação do peso fetal em uma leitegada, podendo ser prejudicado com o avançar da gestação, e aumentar a proporção de fetos menores os quais possuem maior índice de mortalidade.

Juntamente a isso, a lotação uterina e peso ao nascimento estão associados ao desenvolvimento placentário, de forma que quanto maior o número de fetos compartilhando o mesmo ambiente uterino, menor será o tamanho das placentas e, consequentemente, menores os fetos.

Condição corporal

Ao fim da lactação, espera-se que a leitoa manifeste estro em aproximadamente 5 dias, dando início a um novo ciclo reprodutivo e resultando em uma nova leitegada numerosa e saudável. Porém, devido ao balanço energético negativo acentuado ocorrido durante a lactação, o desenvolvimento folicular e embrionário da leitegada posterior pode ser negativamente afetado, gerando um quadro conhecido como síndrome do segundo parto. Como consequência de tal síndrome, o processo de fertilização, implantação e desenvolvimento placentário são comprometidos devido aos desbalanços metabólicos que, em última instância, podem levar à mortalidade embrionária.

Nutrição

O fator nutricional está associado com a condição corporal e é de suma importância durante todas as etapas produtivas da suinocultura e, essencialmente, durante a gestação das fêmeas, onde o desenvolvimento embrionário e fetal é amplamente influenciado pela nutrição materna, responsável pela modulação do metabolismo placentário.

12 Gestação
suínoBrasil
Trimestre 2023 | Placenta: conhecendo o seu papel na determinação do peso de fetos machos e fêmeas – Parte II

Por conta disso, dietas com restrição de nutrientes provoca estresse e, consequentemente, afeta o desempenho reprodutivo das porcas. O tamanho dos fetos também pode provocar disfunção gastrointestinal ao comprimir o trato digestivo.

Essa compressão resulta em estresse oxidativo sistêmico, a partir da liberação de altas quantidades de radicais livres, comprometendo a estrutura e a função intestinal.

Mecanismos compensatórios na má placentação

A sobrevivência embrionária e a capacidade uterina são os responsáveis mais prováveis pela mortalidade pré-natal e RIUC.

A capacidade uterina refere-se ao número de fetos totalmente formados que podem ser mantidos pelo útero até o parto.

A capacidade uterina pode afetar o crescimento fetal iniciando por volta de 30 dias de gestação, quando a competição entre os leitões por espaço uterino limitado e nutrientes torna-se mais crítica.

O fluxo sanguíneo uterino por feto diminui à medida que o tamanho da leitegada aumenta.

A eficiência placentária, que é dada pelo peso corporal de um leitão dividido pela massa de sua placenta, varia substancialmente entre conceptos dentro de uma leitegada, indicando que esta métrica é uma característica individual do concepto.

A constipação resultante nas porcas também pode liberar gases tóxicos na corrente sanguínea que serão absorvidos pelo feto e resultarão em atrofia. Logo, o estresse oxidativo pode ser um fator para o acometimento de complicações como a restrição intrauterina de crescimento (RIUC).

Uma das principais causas de desenvolvimento fetal desequilibrado é o transporte insuficiente de nutrientes através da placenta, estudos iniciais indicaram correlações positivas significativas entre fluxo sanguíneo placentário, peso placentário e peso fetal em suínos.

13 suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Placenta: conhecendo o seu papel na determinação do peso de fetos machos e fêmeas – Parte II Gestação
Célula saudável Célula atacada por radicais livres Estresse oxidativo (destruição celular)

A placenta de fêmeas Yorkshire aumenta continuamente em tamanho e área de superfície durante o final da gestação, estabelecendo um ambiente competitivo entre seus fetos por nutrientes; entretanto as fêmeas Meishan aumentam acentuadamente a densidade dos vasos sanguíneos nessa fase da gestação, permitindo assim que o tamanho da placenta permaneça constante sem comprometer o crescimento fetal.

A eficiência placentária está diretamente ligada à sua estrutura. A largura das dobras microscópicas do trofoblasto placentário/bicamada epitelial endometrial é aumentada na placenta associada a fetos pequenos.

Um trabalho realizado por Reis (2021) foi observado maior vascularização aos 45 dias de gestação em fêmeas de alto peso em relação aos machos. O enriquecimento da vascularização tende a aumentar a troca materno-fetal, permitindo que seus fetos cresçam com mais eficiência em uma capacidade uterina limitada e, finalmente, proporcionando melhor uniformidade dentro da leitegada em pesos fetais.

Assim, garantir o fluxo sanguíneo adequado dentro da placenta é mais crítico do que a área ocupada pelo órgão para o desenvolvimento da placenta e do feto. As taxas de fluxo sanguíneo placentário podem ser aumentadas pela vascularização e vasodilatação, que são controladas pelo fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) e óxido nítrico, respectivamente.

Essas alterações morfométricas aumentam a área de superfície de interação entre os suprimentos de sangue materno e fetal, melhorando assim a eficiência da placenta em resposta ao tamanho reduzido da placenta; no entanto, a largura da região estromal foi menor em placentas de fetos pequenos em comparação com fetos grandes.

Considerando que o tecido estromal consiste em fibroblastos, cujo principal produto é o glicosaminoglicano sintetizado a partir da glicose, o crescimento restrito de fetos suínos pode ser um reflexo do transporte insuficiente de glicose.

Placenta e endométrio associados a fetos com RIUC também exibem expressão reduzida de proteínas relacionadas à produção de ATP e transporte de nutrientes, aumento do estresse oxidativo e apoptose e metabolismo celular prejudicado.

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conhecendo o seu
na determinação do
de
e fêmeas – Parte II
Placenta:
papel
peso
fetos machos
Gestação

O ambiente uterino já foi descrito na literatura como fator fundamental para determinação da eficiência placentária. Um exemplo de placentação que pode ser utilizado para demonstrar possíveis mecanismos compensatórios em casos de fêmeas hiperprolíficas são as placentas de fêmeas da raça Meishan, que apresentam taxa de ovulação e capacidade uterina semelhantes às fêmeas Yorkshire e se apresentam ocupando menor espaço uterino e tendo maior eficiência placentária.

Nas fêmeas Yorkshire é descrito um aumento do tamanho de placenta proporcional ao aumento do peso dos fetos no terço final da gestação, enquanto as fêmeas Meishan mantêm sua placenta pequena, porém extremamente bem vascularizadas, e não apresentam aumento de peso expressivo nos fetos no mesmo período.

Um fator intimamente ligado à eficiência placentária é o estado nutricional, uma vez que no terço final da gestação é requisitado um maior aporte nutricional para auxiliar no acelerado crescimento fetal sem que seja perdida a viabilidade destes animais.

Considerações finais

A estrutura placentária passa por diversas modificações em sua arquitetura, a fim de viabilizar o crescimento adequado da leitegada. No entanto, vários fatores podem prejudicar o desenvolvimento placentário, comprometendo sua função, sendo a insuficiência placentária um grande problema na suinocultura.

Placentas ineficientes promovem o nascimento de leitões pequenos, com baixa viabilidade e pior desempenho. Portanto, a elucidação dos fatores que afetam a formação, desenvolvimento e atividade placentárias seria o primeiro passo para a elaboração de intervenções eficazes na produção que melhorem o desempenho reprodutivo das matrizes nos plantéis de reprodução.

Já foi descrito na literatura que fêmeas selecionadas para maior eficiência placentária são capazes de viabilizar aproximadamente 3,3 leitões adicionais por parto.

15 Gestação
suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Placenta: conhecendo o seu papel na determinação do peso de fetos machos e fêmeas – Parte II Placenta: conhecendo o seu papel na determinação do peso de fetos machos e fêmeas – Parte II BAIXAR EM PDF Referências sob consulta dos autores.

SUSTENTABILIDADE E RENTABILIDADE NA PRODUÇÃO DE SUÍNOS: NUTRIÇÃO E MANEJO PARA MAXIMIZAR DESEMPENHO E LONGEVIDADE DAS MATRIZES

Asustentabilidade e a rentabilidade da produção de suínos são impactadas pelo desempenho produtivo das matrizes, que pode ser avaliado pelo:

Em um levantamento econômico, foi reportado que é economicamente viável realizar a reposição anual de aproximadamente 45% das matrizes. A taxa de reposição de matrizes pode variar (40 a 60%) de acordo com a condição de manejo e nutrição de cada granja.

Intervalo desmame-cio

Idade e longevidade das matrizes

A longevidade das matrizes está associada ao tempo de produção com bons índices produtivos, reposição voluntária e descarte das matrizes.

Entretanto, taxas de reposição acima de 50% por mais de dois ou três anos, podem causar problemas de bem-estar e reduzir a viabilidade econômica.

Os autores Mote et al. (2020), reportaram que para recuperar o investimento realizado na matriz, é necessário que a mesma produza ao menos três leitegadas, mas a reposição de matrizes com dois ou três partos é considerada precoce.

16 Matriz suína suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Sustentabilidade e Rentabilidade na Produção de Suínos: Nutrição e manejo para maximizar desempenho e longevidade das matrizes
06 05 04 03 02 01
de leitões nascidos
da leitegada
da leitegada
Lucas Bonagurio Formulador de dietas AGRONUTRI
Número
Peso
Uniformidade
Peso ao desmame

Segundo Hadas et al. (2015), a taxa de descarte no primeiro ou segundo parto é de aproximadamente 22%.

A permanência da matriz no rebanho produzindo com bons índices produtivos até o 5º ou 6º parto, é economicamente desejável.

De acordo com diversas pesquisas realizadas, as principais razões para a reposição do plantel de matrizes pouco se alteraram ao longo dos anos (Balogh et al., 2015; Engblom et al., 2007; Wang et al., 2019). Os principais motivos para a reposição das matrizes são:

Distúrbios reprodutivos

Problemas nos membros locomotores

Baixos índices de desempenho produtivo

Condição de saúde e idade.

O percentual de matrizes eutanasiadas e as razões para o descarte de acordo com as pesquisas citadas acima estão listadas na Tabela 1. Estas taxas e razões para o descarte indicam aos produtores áreas de melhorias, bem como a condição de bem-estar das matrizes e treinamento da equipe.

A fim de reduzir a taxa de reposição e descartes precoces e aumentar a produtividade e longevidade das matrizes, é essencial realizar manejos adequados e proporcionar uma nutrição balanceada para as fêmeas de reposição, nulíparas e matrizes.

Problemas nos aparelhos locomotores e suplementação de minerais

A má formação óssea, baixa síntese de colágeno e queratina, ocasionam problemas nos aparelhos locomotores, à exemplo de lesões nos cascos, má formação da unha, inflações nos joelhos, etc.

As consequências, incluem menor ingestão de alimentos, perdas no desempenho reprodutivo e descarte precoce, causando prejuízos econômicos.

Tabela 1. Motivos para descarte e taxa de descarte de matrizes. Adaptado de Balogh et al. (2015), Engblom et. al (2007) e Wang et al. (2019).

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e Rentabilidade na Produção de Suínos: Nutrição e manejo para maximizar desempenho e longevidade das matrizes
Taxa de descarte, % Problemas reprodutivos 35,6 Problemas nos aparelhos locomotores 17,8 Baixos índices produtivos 13,1 Problemas nos tetos 12,3 Idade
9,0

Além do descarte ocasionado diretamente pelas lesões nos aparelhos locomotores, se deve considerar também que as estão relacionadas com os descartes por baixo desempenho produtivo e problemas reprodutivos.

A redução na fertilidade devido diversos fatores, à exemplo do menor consumo de ração e do gasto energético com a ativação da defesa do sistema imune em função das lesões nos aparelhos locomotores, bem como aumento na síntese de ocitocinas inflamatórias, que interferem negativamente na cascata hormonal relacionada aos processos reprodutivos.

Em estudo conduzido por Grandjtot (2007), foi reportado que as matrizes que apresentavam lesões nos aparelhos locomotores produziram menos de três leitegadas, enquanto, as matrizes sem presença de problemas nos aparelhos reprodutores produziram cinco leitegadas.

minerais sejam suplementados nas dietas.

A suplementação de vitaminas e minerais é essencial para garantir adequada formação óssea e produção de cartilagem nas fêmeas de reposição e nulíparas, bem como da prole em desenvolvimento (Quinn et al., 2015).

A seleção genética realizada para a criação dos genótipos modernos, diminuiu o apetite das matrizes e aumentou o número de leitões nascidos, peso de leitegada, taxa de deposição de tecido magro na matriz e nos leitões, etc. Como consequência, houve redução em sua resistência imunológica a desafios sanitários e aumento nos requerimentos nutricionais

A suplementação de cálcio (Ca) e fósforo (P) nas dietas de fêmeas de reposição, nulíparas e matrizes, devem ocorrer em maiores níveis do que os normalmente encontrados em dietas de crescimento e terminação, a fim de evitar que as fêmeas tenham problemas de locomoção.

Para as matrizes, a suplementação acima dos requerimentos é essencial para repor os minerais que foram destinados ao leite consumido pelos leitões, promovendo o aumento na longevidade e índices produtivos das matrizes.

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Brasil
e Rentabilidade na Produção de Suínos: Nutrição e manejo para maximizar desempenho e longevidade das matrizes

Em dietas para fêmeas de reposição, é recomendada uma proporção mínima de Ca:P digestível de 1:1, que varia de acordo com o nível de P.

Na mesma linha de pesquisa, Quinn et al. (2015) reportaram que a suplementação de cobre, zinco e manganês acima do requerimento nas dietas de marrãs proporcionou maior densidade mineral óssea e menores pontuações de lesão de cartilagem.

Por exemplo, pode ser 1,25:1 se o P atender às recomendações para 50 a 80 kg de peso vivo (Lagos et al., 2018). Além disso, as recomendações de Ca para maximizar a mineralização óssea são maiores do que para o crescimento (1,35:1 Ca:P).

Os autores Hartnett et al. (2019) suplementaram manganês, zinco e cobre em 206%, 122% e 179%, respectivamente, acima das recomendações do National Research Council (NRC) para matrizes em gestação e lactação, observaram maiores índices de desempenho produtivo, menor taxa de descarte e maior longevidade das matrizes.

Embora as marrãs em crescimento geralmente recebam acesso ad libitum à ração, as taxas de crescimento rápido nas linhas genéticas atuais e a alta incidência de problemas nas pernas podem levar à claudicação.

Os distúrbios de claudicação são responsáveis por 22,5% dos descartes das matrizes (Zhao et al., 2015), sendo uma das causas mais importantes da redução da longevidade e do baixo bem-estar das marrãs de reposição.

Avaliando a suplementação de microminerais orgânicos (cobre, manganês e zinco a 10, 20 e 50 mg/kg, respectivamente) em dietas de marrãs, os autores Fabà et al. (2021) reportaram que a suplementação de microminerais orgânicos aumentou a resistência e densidade óssea, reduzindo os escores de lesões nos aparelhos locomotores, resultando no aumento dos índices reprodutivos e longevidade das matrizes.

Para garantir um bom desenvolvimento ósseo de fêmeas em reposição e nulíparas, bem como uma reposição de vitaminas e mineiras para as matrizes após a fase de aleitamento, é essencial a suplementação de vitaminas e minerais em suas dietas, o que promove a redução de matrizes descartadas em função de lesões locomotoras, beneficia o desenvolvimento da prole e aumenta concentração de minerais no colostro e leite que os leitões consomem.

Desenvolvimento da glândula mamária

Outro fator importante que influencia o desempenho reprodutivo e a longevidade, é o desenvolvimento das glândulas mamárias.

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O número de células mamárias presentes no início da lactação tem um grande impacto na produção de leite da matriz.

A suplementação de dietas com níveis adequados de energia e altos níveis de vitaminas, minerais e antioxidantes melhora o escore corporal e o desenvolvimento do tecido mamário, podendo aumentar em 27% a 52% o peso do tecido mamário (Sorensen et al., 2002).

Avaliando a restrição alimentar de 20% no período pré-púbere, foi observado que a massa do parênquima mamário diminuiu em 26,3%, enquanto, a alimentação ad libitum durante o período pré-púbere aumentou o peso do parênquima mamário em 36% a 52% (Farmer et al., 2004).

A suplementação de determinados extratos de plantas com propriedades antioxidantes e antiinflamatórias também pode ser benéfico para estimular o desenvolvimento mamário dentro de períodos fisiológicos específicos.

Farmer et al. (2014) suplementaram o extrato vegetal denominado de silimarina (de Silybum marianum), e observaram o aumento na concentração de prolactina após quatro dias de consumo.

Os autores Liangkai et al. (2022) também avaliaram a inclusão de silimarina na dieta de matrizes, e reportaram que a inclusão de 250 a 500mg/kg de silimarina da metade ao final da gestação promoveu aumento nos índices reprodutivos das matrizes, principalmente por seu caráter antioxidante.

O fornecimento de dietas com adequados níveis de proteína e energia, bem como a suplementação de aditivos que promovam o desenvolvimento das glândulas mamarias é indicado para promover aumento no peso da leitegada, número de leitões desmamados e reduzir distúrbios reprodutivos que ocasionam descartes das matrizes.

Conclusões

A nutrição é uma ferramenta essencial para maximizar o potencial genético das matrizes. A suplementação de vitaminas, minerais e nutrientes com propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes nas dietas de fêmeas de reposição, nulíparas e matrizes auxiliam no desenvolvimento e funcionalidade de diversos órgãos e metabolismo, resultando no aumento de índices produtivos e redução na taxa de reposição e descartes de matrizes.

Sustentabilidade e Rentabilidade na Produção de Suínos: Nutrição e manejo para maximizar desempenho e longevidade das matrizes

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E K
Se
Fe
Cu 20 Matriz suína suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Sustentabilidade e Rentabilidade na Produção de Suínos: Nutrição e manejo para maximizar desempenho e longevidade das matrizes
B2 B4 B5
Zn Ca P
Mn

GAMA DE SUPLEMENTOS PARA MATRIZES Diante de novos desafios, novas soluções

Aumentar a longevidade de uma matriz de alto custo

PROCE L

Minimizar o intervalo entre desmame e reprodução

Obter uma boa qualidade e homogeneidade do leitão ao nascer

Auxiliar na redução da transmissão de patógenos da matriz para os leitões

Promover a lactação correta
BIO C OMPLE FE RTI L
PR E VEN TO C ON F O RT
X
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AVALIAR A LONGEVIDADE DO PLANTEL REPRODUTIVO CONTRIBUI

PARA A SUSTENTABILIDADE DA PRODUÇÃO DE SUÍNOS

Ana Paula Gonçalves Mellagi, Gabriela Piovesan Zanin, Eduarda Basso da Cruz, Rafael da Rosa Ulguim, Fernando Pandolfo Bortolozzo

Setor de Suínos, Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Alongevidade das fêmeas suínas é um importante aspecto da produção de suínos, podendo refletir:

A lucratividade da granja

O bem-estar animal e, até mesmo,

A sustentabilidade da cadeia de produção.

A longevidade é medida pela taxa de retenção das fêmeas no plantel reprodutivo.

O aumento nos custos de produção, principalmente com alimentação, pode reduzir as margens de lucro, exigindo que o sistema seja mais eficiente e assertivo na sua operação.

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Avaliar a longevidade do plantel reprodutivo contribui para a sustentabilidade da produção de suínos

Assim, aumentar a longevidade das matrizes potencializa a rentabilidade dos produtores por reduzir os custos envolvidos com as leitoas de reposição, em aclimatação, manejo nutricional e sanitário.

Além disso, a situação econômica também influencia a decisão e momento de descarte. Em momentos de altos preços, os produtores costumam ser mais criteriosos para julgar se uma fêmea deve permanecer no plantel. Já sob baixos preços, os produtores tendem a aumentar a taxa de retenção.

A avaliação econômica da longevidade deve envolver a produtividade ao longa da vida útil da fêmea. Alguns aspectos podem ser levados em consideração, como:

Idade

Tempo de vida útil no rebanho

Ordem de parto no momento do descarte e/ou Número de leitões entregues na vida

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Existem, assim, diversas maneiras de avaliar a longevidade, como:

Taxa de remoção

Taxa de descarte

Taxa de reposição

Porém, a maneira que parece mais assertiva para avaliar a longevidade é o número de leitões desmamados na vida, por fornecer informações sobre número de nascidos, número de desmamados, número de partos por ano, ordem de parto, além trazer uma métrica econômica: número de leitões para que a matriz seja considerada lucrativa.

O cálculo de rentabilidade deve ser direcionado para cada unidade de produção, mas basicamente envolve alguns aspectos, como:

Custo da leitoa de reposição

Custo de manejo da leitoa

Produtividade esperada por leitegada

Custos de produção da leitegada

Período de permanência no plantel (ordem de parto),

Taxas, valor da fêmea de descarte,

Percentual de leitoas no rebanho

Valor dos leitões produzidos por ela, dentre outros.

Média de ordem de parto do rebanho

Média de ordem de parto na remoção, bem como a

Taxa de retenção das matrizes

Cada sistema produtivo definirá a sua métrica, conforme as informações disponíveis.

Comumente, a fêmea passa a ser lucrativa, se ela permanecer no sistema por mais de 4 partos.

Por isso, o custo do leitão produzido pode ser reduzido em fêmeas com alta produtividade, quando comparado a fêmeas de baixa produtividade.

reprodutivo contribui para a sustentabilidade da produção de suínos

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Compreender o motivo, quando, e como as fêmeas são removidas do plantel é o primeiro passo para estabelecer ações em casos com altas taxas de remoção. A remoção se dá por morte ou descarte.

Para mortes, devemos entender a idade e fase produtiva em que mais ocorre, saber interpretar as lesões ao necropsiar as fêmeas e registrar adequadamente.

Em muitos sistemas, nota-se maior taxa de mortalidade em meses mais quentes, com o periparto sendo uma fase crítica.

Algumas granjas podem apresentar maior concentração de mortes em fêmeas jovens, reforçando o conceito de que precisamos preparar bem essa categoria para o plantel reprodutivo. No caso de descarte, deve existir uma política clara para descartar a matriz, que será discutida adiante.

A taxa de remoção pode ser dividida em:

Voluntária, que pode compreender motivos como a idade avançada e/ou baixo desempenho, entre outros; e

Para fêmeas com mais de três partos, os problemas mais relatados são baixo desempenho e idade avançada. No entanto, a preocupação é a remoção precoce de fêmeas jovens.

Muitos trabalhos mostram que a produtividade do rebanho é negativamente influenciada por altas taxas de remoções de fêmeas jovens.

A principal causa de remoção são falhas reprodutivas, que inclui falhas de ciclicidade, de concepção, etc.

Assim recomenda-se adequar o manejo das fêmeas jovens, principalmente nos primeiros 350 dias de vida. Em todo esse período, devemos ter especial atenção ao peso da matriz desde o nascimento até a seleção, garantindo o peso mínimo de cobertura indicado pela genética.

Involuntária, como IDE longo, falhas reprodutivas, problemas locomotores, baixa condição corporal e outros.

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A fêmea inseminada dentro da faixa de 130 a 150 kg possui maiores chances de chegar ao primeiro parto com peso ideal de 180-200 kg, tendo boas reservas corporais para a primeira lactação.

Atenção às práticas de descarte

Um ponto muito importante é o modo que os dados gerados na granja são analisados.

Esse primeiro desafio lactacional da primípara exerce grande influência na produtividade subsequente e pode impactar o número de nascidos do segundo parto, influenciando assim a permanência no plantel.

Além disso, os desafios sanitários nas fases de crescimento podem exercer influência na qualidade da leitoa de reposição.

Por isso, protocolos de controle de enfermidades, incluindo medicações estratégicas e vacinações são essenciais para granjas núcleos e multiplicadoras, granjas responsáveis pela fase de crescimento das leitoas.

Assim, a proporção de todas as causas de remoção é uma ferramenta útil para indicar a importância relativa de um determinado motivo no quadro total de descarte e ajudar na tomada de decisões.

Uma vez estabelecido um programa de remoção de matrizes conforme as necessidades da granja, as políticas de descarte precisam ser avaliadas regularmente.

Se a remoção por motivos involuntários, como claudicação ou prolapso é alta, ações devem ser direcionadas para corrigir os fatores que levam a esses problemas.

Não é aceitável um nível excessivamente alto de descarte por razões involuntárias, mesmo que a taxa de remoção anual esteja dentro da meta.

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Além disso, devemos observar se os dados de remoções voluntárias têm justificativa fisiológica ou econômica, pois quase um terço das fêmeas são descartadas antes de desmamar mais que três leitegadas.

Levando em conta que o retorno financeiro da matriz comumente se inicia após o quarto parto, a sustentabilidade e a rentabilidade do sistema produtivo são afetadas.

Falando sobre desempenho, a produtividade da fêmea no primeiro parto pode ser um indicativo de baixa ou alta produtividade nos próximos partos, influenciando a decisão de remoção.

Alguns autores, portanto, sugerem que as fêmeas sejam removidas segundo os índices de desmamados/fêmea/ano; assim, a análise da produtividade em mais de um parto também deve ser levado em conta.

Todavia, como a produtividade da fêmea é uma variável que pode ser influenciada por vários fatores, a remoção destas fêmeas no primeiro parto, pode ser um limitante para algumas granjas que possuem desafios com primíparas.

Todos os fatores mencionados acima devem ser discutidos com o produtor antes de implementar um programa de descarte em uma determinada granja.

Os índices zootécnicos podem ser melhorados por meio de gerenciamento e observação individual dos animais para garantir uma decisão assertiva, pois políticas de descarte bem definidas, associadas à maior longevidade das fêmeas, são fundamentais para a sustentabilidade produtiva do plantel.

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longevidade
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Gerenciamento de pessoas

As pessoas envolvidas em todo o processo de produção de suínos são responsáveis em garantir o bem-estar animal.

São poucos os dados disponíveis a respeito do número de pessoas e gestão de manejo sobre a longevidade das fêmeas.

Com isso, a granja deve fornecer diretrizes de manejos e formas de verificação se as condutas estão alinhadas com a política da empresa.

A política de descarte está envolvida neste processo, uma vez que o manejo adequado das matrizes, principalmente nos primeiros ciclos, envolve garantir o alto desempenho e a saúde geral das fêmeas.

Com a intensificação da produção e elevação de custos, observamos uma redução da mão-de-obra disponível; ou seja, um mesmo funcionário é responsável por diversas atividades, reduzindo o número de abordagens individualizadas, aumentando assim a chance de erros nas decisões de descartes ou antecipação de remoções de fêmeas jovens.

Contudo, o treinamento constante da equipe mostra resultados em vários aspectos, inclusive em maximizar os índices relacionados à longevidade das fêmeas suínas.

Isso porque uma equipe de trabalho inexperiente e sem o devido treinamento, contribui para a alta mortalidade dos animais e descartes indevidos.

Um dos aspectos mais importantes na gestão de uma granja é a observação das matrizes por parte da equipe. No caso de qualquer intercorrência, a equipe pode intervir imediatamente e buscar uma solução que não comprometa a produtividade da matriz.

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A interação com os animais amplia a capacidade da equipe treinada em reconhecer precocemente os problemas.

Assim, recomenda-se implantar um programa de valorização e retenção dos funcionários da equipe, visando reduzir a rotatividade dentro da granja.

Desta forma, qualquer desvio de comportamento dos animais pode ser percebido pelos profissionais, que aprendem a identificar sinais comportamentais e/ou clínicos atípicos do rebanho reprodutivo, otimizando também o tempo de trabalho.

A gestão de pessoas requer um gerenciamento eficiente baseado na capacitação e na valorização da equipe.

Além de uma boa estrutura de manejo e da utilização das técnicas recomendáveis, são as pessoas o mais importante capital dentro das granjas, responsáveis por tornar o processo eficiente e sustentável.

Um dos principais desafios das empresas atualmente é a alta rotatividade de mão-de-obra, dificultando quantificarmos a eficácia dos treinamentos.

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suína
a longevidade do plantel reprodutivo contribui para a sustentabilidade da produção de suínos

NUTRIÇÃO MINERAL DE SUÍNOS

Asuinocultura brasileira tem apresentado evolução constante nos últimos anos e em 2022, tendo como base os dados divulgados por diferentes instituições, encerrou o ano com uma produção de 2.507,47 Kg equivalente de carcaça / matriz / alojada.

O peso médio da carcaça dos animais abatidos em unidades federais, estaduais e municipais foi de 91,84 Kg e o número de animais entregues / matriz / ano foi de 27,27.

Dando sustentação a esses resultados, foram produzidas no Brasil em 2022 o equivalente a 20,6 milhões de toneladas de ração para suínos. O número equivale a 25,1% do total de rações produzidas no Brasil em 2022.

Estima-se que aproximadamente 9596% da ração produzida no Brasil para suínos no ano de 2022 foi constituída pelos ingredientes vegetais milho e farelo de soja.

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De uma maneira geral, os ingredientes de origem vegetal, incluindo milho e farelo de soja, apresentam baixo teor de minerais, além de apresentar o fósforo em sua maior quantidade na forma fítica. A tabela 1 ilustra a composição em minerais de 3 importantes ingredientes utilizados na nutrição de suíno no território nacional.

A tabela 1 evidencia o baixo teor de minerais de alguns dos principais ingredientes de origem vegetal utilizados no Brasil, além de ilustrar que o fósforo fítico, nesses três ingredientes, representam entre 65 – 75% do fósforo total.

Por outro lado, a disponibilidade de ingredientes com maior teor de minerais e fósforo disponível não é suficiente para atender toda a cadeia suinícola e nem sempre é possível o seu uso por questões regulatórias, como por exemplo o uso farinhas de origem animal.

Cabe destacar que com os conhecimentos disponíveis relativos ao uso da enzima fitase, grandes avanços ocorreram nos últimos anos e o aproveitamento de frações do fósforo fítico trouxe um enorme progresso na nutrição dos suínos.

31 Nutrição suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Nutrição mineral de suínos
MINERAL Unidade Milho Grão Farelo de soja Sorgo Grão Potássio % 0,32 1,83 0,36 Sódio % 0,01 0,02 0,02 Cloro % 0,09 0,05 0,06 Magnésio % 0,11 0,32 0,14 Cálcio total % 0,02 0,34 0,03 Fósforo total % 0,24 0,55 0,23 Fósforo fítico % 0,18 0,36 0,16 Fósforo disponível % 0,06 0,19 0,07 Coe dig P suinos % 44 45,7 36 Fósfor digestivel Est suinos % 0,11 0,27 0,08 Manganes mg/kg 5,3 31,9 10,9 Ferro mg/kg 23,5 150 59,7 Cobre mg/kg 2,1 16,3 5,6 Zinco mg/kg 21,5 46,2 49,8 Selênio mg/kg 0,07 0,44 0,35
Tabela 1 – Composição em minerais de importantes ingredientes de origem vegetal utilizados na produção de rações para suínos no Brasil (Fonte: Rostagno , 2017)

Esses fatores, associados às altas taxas de desempenho das genéticas modernas, determina a necessidade da suplementação mineral de qualidade na produção de suínos, estando a mesma sempre associada a aspectos econômicos – ambientais, sanitários e de segurança alimentar envolvidos.

O objetivo do presente artigo é trazer uma revisão de alguns conceitos da suplementação mineral para suínos sem, no entanto, abordar aspectos relacionados à função de cada mineral para os suínos e nem esgotar o assunto.

Classificação dos minerais utilizados na nutrição dos suínos

Os minerais utilizados na alimentação dos suínos podem ser classificados em duas categorias distintas: macro e microminerais conforme figura a seguir:

SUPLEMENTAÇÃO MINERAL PARA SUINOS

Pelos motivos apresentados previamente, torna-se relevante abordar a classificação dos minerais para os suínos, bem como, na sequência tratar das fontes dos minerais utilizadas na suplementação e as exigências dos animais nas suas diferentes fases de produção.

32 Nutrição suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Nutrição mineral de suínos
Figura1- Classificação dos minerais na nutrição de suínos Cálcio – Ca Fósforo – P Sódio – Na Macrominerais Microminerais Potássio – K Cloro – Cl Magnésio – Mg Cobre – Cu Zinco – Zn Iodo – I Selênio – Se Manganês – Mn Cobalto – Co Ferro – Fe Cromo – Cr

Anteriormente à sequencia desse artigo, algumas considerações pertinentes e relativas a nutrição mineral dos suínos, são descritas nos comentários abaixo:

A correta suplementação dos minerais impactam o desempenho técnico-econômico dos suínos, bem como seu status sanitário. É relevante sempre atentar para a toxicidade, em especial a do selênio (Se), durante a manipulação das diferentes fontes desses minerais e seu uso nas rações para suínos.

Dosagens de cobre e zinco com objetivos sanitários podem ser identi cadas a campo e com resultados satisfatórios para os objetivos propostos; há que se atentar para o aspecto ambiental envolvidos nesses protocolos de uso desses dois importantes microminerais;

A busca pelo equilíbrio entre desempenho zootécnico, desempenho econômico e sanidade com o uso da enzima tase e a redução da inclusão de fósforo via fosfato bicálcico é um ponto de atenção e relevante em algumas situações, merecendo constante revisão de protocolos.

O uso do sulfato de magnésio (sal amargo) com objetivos sanitários também pode ser identi cado no campo e com resultados satisfatórios para o objetivo proposto.

Fontes dos diferentes minerais utilizados na nutrição de suínos.

Nem todos os microminerais apresentados na página anterior são de suplementação obrigatória para a nutrição dos suínos de diferentes fases de produção, como p.ex: cobalto e cromo.

As fontes de minerais para a alimentação de suínos podem ser inorgânicas e orgânicas, tendo a segunda forma de suplementação ganhado espaço no mercado suinícola nas últimas décadas.

Os quadros 1 e 2 ilustram algumas das fontes minerais utilizadas na produção de suínos

33 Nutrição suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Nutrição mineral de suínos
Se Cu Zn Mn P Cr Co

Quadro 1 - Principais fontes inorgânicas de macro e micro minerais utilizados na nutrição dos suínos (Sindirações, 2023 e empresas fornecedores de fontes suplementar de minerais, 2023)

MINERAL Fontes Inorgânicas

Cálcio – Ca Calcário calcítico; carbonato de cálcio.

Fósforo – P Fosfato bicálcico; Fosfato mono bicálcico

Sódio – Na Cloreto de sódio e bicarbonato de sódio

Potássio – K Sulfato de potássio Carbonato de potássio e Cloreto de potássio

Cloro – Cl Cloreto de sódio e cloreto de amônia

Magnésio - Mg Óxido de magnésio Sulfato de magnésio; Cloreto de magnésio

Cobalto – Co Sulfato de cobalto mono e heptahidratado

Cobre – Cu Óxido de cobre Sulfato de cobre mono e penta hidratado

Zinco – Zn Óxido de zinco Sulfato de zinco

Ferro – Fe Sulfato ferroso;

Iodo – I

Carbonato de cobalto

Carbonato de cobre

Iodato de cálcio monohidratado; iodato de potássio

Selênio – Se Selenito de sódio

Manganês – Mn Óxido de manganês Sulfato de manganês

Quadro 2 – Algumas fontes orgânicas de minerais utilizadas na nutrição de suínos

34 Nutrição suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Nutrição mineral de suínos
MINERAL FORMA ORGANICA CONCENTRAÇÃO Cobre – Cu Complexo cobre aminoácido 10,00% Quelato cobre metionina hidroxi analoga 15,00% Cobre aminoácido quelado 16,00% Cromo – Cr 3,00% Cromo levedura 10,00% Ferro – Fe Complexo ferro aminoácido 10,00% Manganês – Mn Complexo manganês aminoácido 8,00% Quelato manganes metionina hidroxi análoga 13,00% Manganes aminoácido quelato 16,00% Selênio – Se Complexo zinco - L - selenometionina 4,00% Complexo selenio aminoácido 5,00% Selenio Hidroxi Metionina 2,00% Selenio levedura Zinco – Zn Complexo zinco aminoácido 12,00% Quelato zinco metiona hidroxi analoga 16,00% Zinco aminoácido quelato 16,00%

Na tomada de decisão pelo uso de fontes orgânicas ou inorgânicas de minerais, alguns pontos devem ser observados e estes são ilustrados na imagem abaixo, sendo os fatores biodisponibilidade e qualidade / segurança tratados na sequência.

Fatores considerados na eleição da fonte de mineral a ser utilizada.

Biodisponibilidade

O fator biodisponibilidade é muito relevante na definição da fonte mineral a ser utilizada, impactando em aspectos ambientais pela menor excreção mineral para o ambiente, em aspectos econômicos em função dos níveis de inclusão, em desempenho e melhor sanidade em função de resultados validados cientificamente e consolidados no campo.

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Qualidade Biodisponibilidade Aspectos ambientais Segurança
validados Aspectos econômicos Estabilidade dos processos de produção de ração
Resultados

A maior biodisponibilidade das fontes orgânicas de minerais, além dos benefícios descritos anteriormente, favorece a adoção de menores níveis de suplementação o que pode ser visualizado no quadro abaixo e, destaca-se que, embora o exemplo abaixo seja para o Selênio (Se), o menor nível de suplementação também é alcançado com o uso de outro micromineriais.

Qualidade / segurança da fonte a ser utilizada

Os resultados do Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes do Ministério da Agricultura evidencia a seriedade da cadeia produtiva dos suínos no quesito qualidade / segurança do alimento produzido.

Em 2022 o índice de conformidade nas avaliações envolvendo metais pesados de rim e músculo foi de 100%. Para todos os compostos analisados o percentual de conformidade foi de 99,68%.

Dentre outros fatores, a qualidade dos ingredientes utilizados na nutrição animal colaborou significativamente para essa conquista e, sob esse aspecto e ao tomar decisões na definição da fonte mineral a ser utilizada, os limites de contaminantes físico - químicos e biológicos devem estar adequados aos padrões estabelecidos nas legislações nacionais e internacionais.

Recomendação de níveis de suplementação mineral para os suínos

Gráfico 1 – Níveis de suplementação de selênio (mg/Kg de Peso Vivo) durante as diferentes fases de crescimento dos suínos e em função da utilização de fontes inorgânicas e orgânicas de minerais (Rostagno, 2017).

Uma série de trabalhos foram conduzidos pela academia e pela indústria de nutrição animal no Brasil e no mundo e, por ocasião desse artigo, ilustraremos os níveis de recomendação nutricional sugeridos por diferentes materiais genéticos para a fase de lactação, podendo os níveis de recomendação para outras fases (marrãs, gestação, creche e crescimento e terminação) serem solicitadas e também confrontadas entre si e com outras informações provenientes de outras instituições/academia.

36 Nutrição suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Nutrição mineral de suínos
0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 5-9Kg 0.517 0.233 0.459 0.207 0.169 0.376 0.305 0.137 0.253 0.114 0.21 0.095 0.176 0.079 9-15Kg 15-30Kg 30-50Kg 50-70Kg 70-100Kg 100-125Kg
Selênio Inorgânico Selênio Orgânico

Os gráficos 2 e 3 ilustram as diferentes recomendações de suplementação para matrizes em lactação por quatro materiais genéticos diferentes e com resultados consagrados na suinocultura brasileira.

Nota-se que, para o macromineral fósforo disponível a diferença de recomendação chega a aproximadamente 28% entre os diferentes materiais genéticos, e para outros macrominerais situação similar pode ser constatada.

Tal fato ilustra a importância do alinhamento entre nutrição e genética na busca pela obtenção de máximo resultado técnico – econômico e sanitários. O mesmo vale para as recomendações ilustradas no gráfico 3 para alguns microminerais.

No caso específico do zinco, ao avaliar os níveis nutricionais mínimos e máximos sugeridos pelos diferentes genótipos, a diferença entre o menor o maior nível sugerido alcança valores próximos a 70%.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A busca pela máxima eficiência técnico – econômica e sanidade suína satisfatória passa pela adoção correta dos níveis de suplementação mineral para suínos nas diferentes fases da produção e pelos diferentes materiais genéticos, sempre atentando ao uso das adequadas fontes de suplementação e aos aspectos ambientais de segurança alimentar.

A literatura consultada está disponível e pode ser solicitada ao autor.

37 Nutrição suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Nutrição mineral de suínos
Nutrição mineral de suínos BAIXAR EM PDF
Gráfico 2 – Recomendações de suplementação de macrominerais por diferentes materiais genéticos (%)
1.00 0.90 0.80 0.70 0.60 0.50 0.40 0.30 0.20 0.10 0 Genética A Genética B Genética C Genética D Na Pd Ca 0.85 0.40 0.24 0.21 0.23 0.95 0.39 0.20 0.50 0.95 0.45 0.90 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Genética A Genética B Genética C Genética D I Cu Zn Mn 125 100 50 15 100 80 3540 170 80 5037,5 100 150 45 15
Gráfico 3 – Recomendações de alguns microminerais por diferentes materiais genéticos (mg/kg de ração)

INFLUÊNCIA MATERNA

NO DESENVOLVIMENTO

DA MICROBIOTA DO LEITÃO

INTRODUÇÃO

Imagine microrganismos que atuam como órgãos independentes, moldando o destino do desenvolvimento fisiológico, o vigor do crescimento e até mesmo a sobrevivência dos leitões.

É nesse intrigante cenário que os microrganismos intestinais desempenham um papel tão fascinante e impactante. Na verdade, eles são os maestros por trás de atividades metabólicas vitais e, dessa forma, pesquisadores têm até mesmo comparado a atuação deles com a atuação de órgãos.

Mas a relação não para por aí!

A saúde intestinal emerge como um elo crucial, definindo o desempenho e a resiliência dos leitões. Em meio a um cenário desafiador de produção suína, surge a questão imperiosa:

Como melhorar a saúde intestinal dos leitões e conter as ameaças de infecções microbianas que rondam suas trajetórias?

No entanto, o reino dos microrganismos intestinais não é apenas preto ou branco, bom ou ruim. Eles são protagonistas multifacetados em uma trama complexa.

38 Microbiota intestinal suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Influência materna no desenvolvimento
da microbiota do leitão
Cesar Augusto Pospissil Garbossa Laboratório de Pesquisa em Suínos da FMVZ/USP

De um lado, são defensores da saúde, moldando sistemas imunológicos em desenvolvimento, desafiando invasores prejudiciais e competindo por território com bactérias nocivas.

Do outro, tornam-se rivais por nutrientes, desencadeando fermentações engenhosas de fibras e orquestrando sinfonias de vitaminas para nutrir seus hospedeiros.

A luta é real para os leitões recém-nascidos, cujos sistemas imunológicos ainda ensaiam seus primeiros acordes, cujo equilíbrio microecológico é um jogo de equilibrista e cuja jornada é permeada por desafios desencadeados pelo desmame.

Esses animais são vulneráveis ao embate de microrganismos patogênicos, sobrecarregados pelo estresse e desfavorecidos por sistemas imunológicos em fase inicial.

A esperança surge em um conceito vital: o estabelecimento e a harmonização da microbiota intestinal. Esse enigma microbiológico promove a construção de um sistema imunológico robusto nos leitões, impulsiona a eficiência intestinal desde os primeiros suspiros e redefine o palco da saúde gastrointestinal.

Os microrganismos intestinais, além de desempenharem papéis cruciais em processos fisiológicos e metabólicos no organismo hospedeiro, também possuem envolvimento com a gestação.

Alguns pesquisadores nos mostram que, durante a gestação, os microrganismos intestinais maternos passam por transformações profundas. Essa microbiota especial parece direcionar o organismo para a deposição de gordura e até mesmo elevar a tolerância à insulina, sinalizando que esses microrganismos são orquestradores das mudanças metabólicas que permeiam a gestação.

Além disso, esses pequenos atores também desempenham um papel crítico na imunidade.

Eles contribuem para o desenvolvimento e maturação do sistema imunológico da leitegada em formação. Como formadores de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), eles tecem uma trama que vai além das gerações.

Os AGCC produzidos pela fermentação dos microrganismos intestinais maternos são transmitidos para a leitegada, como uma herança imunológica promovendo a maturação do sistema imunológico da leitegada.

39 Microbiota intestinal suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Influência materna no desenvolvimento da microbiota do leitão

Ainda na fase de lactação, uma conexão íntima entre mãe e leitegada é mantida, pois os microrganismos intestinais maternos são transferidos para os leitões através do leite materno. É uma transmissão vertical repleta de impactos, influenciando o desenvolvimento do sistema imunológico.

Embora a importância da microbiota intestinal já esteja bem esclarecida, o momento inicial da colonização ainda é muito discutido.

A visão tradicional é que o trato intestinal dos leitões está em estado estéril antes do parto, e a colonização microbiana começa gradualmente no canal do parto, então no contato com o ambiente externo, fezes e alimentos.

No entanto, sabe-se que bactérias colonizadoras precoces no trato intestinal de mamíferos (humanos e roedores) têm características maternas sólidas, e os microrganismos maternos desempenham um papel essencial na formação da microbiota intestinal da progênie.

A colonização intestinal após o nascimento é afetada pelo ambiente oxigenado na cavidade intestinal dos leitões. Com o consumo de oxigênio, os microrganismos colonizam o trato intestinal na ordem de aeróbicos, facultativos e anaeróbicos obrigatórios, e, eventualmente, formam alterações na população microbiana de diferentes tipos e composições do segmento intestinal anterior em direção ao segmento intestinal posterior.

As bactérias colonizadoras intestinais neonatais em mamíferos são denominadas como anaeróbias facultativas, como Streptococcus e Staphylococcus

Depois disso, elas são rapidamente substituídas por Bifidobacterium, Corynebacterium, Lactobacillus e Ruminococcus

Essa colonização é afetada pelo fato de que os leitões entram em contato com microrganismos das instalações, da pele, fezes e urina das matrizes. No entanto, neste artigo iremos discutir apenas a transmissão vertical e as fontes endógenas do microbioma matriz-leitão, por meio da transferência dos microbiomas placentário, materno e do leite.

40 Microbiota intestinal suíno
Brasil
Trimestre 2023 | Influência materna no desenvolvimento da microbiota do leitão
Streptococcus Staphylococcus Bifidobacterium, Corynebacterium, Lactobacillus e Ruminococcus

TRANSMISSÃO VERTICAL

A transmissão vertical é um processo biológico que se refere à transferência de material genético e microrganismos, como bactérias e vírus, dos genitores para os descendentes.

No contexto dos mamíferos, a transmissão vertical de microrganismos, a qual se dá da mãe para o filho, é uma ocorrência frequentemente observada.

Essa transmissão vertical se baseia na migração de microrganismos durante os estágios finais da gestação e lactação, sendo impulsionada por uma complexa interação entre os mecanismos imunológicos maternos e os níveis hormonais.

Durante o período gestacional, a transferência de material entre os fetos e as fêmeas é mediada por componentes anatômicos como:

Placenta

Cordão umbilical e

Líquido amniótico.

Conforme a fase de parto se aproxima, ocorre uma intrincada interação entre microrganismos e o sistema imunológico-endócrino do hospedeiro. Isso resulta em um aumento progressivo na proliferação de uma população microbiana específica presente no intestino materno e no canal do parto, bem como na população simbiótica encontrada na glândula mamária. Esse aumento na proliferação é fundamental para a preparação da transmissão vertical de microrganismos benéficos para a progênie.

Simultaneamente, observa-se uma migração aparente de microrganismos entre diferentes regiões do organismo materno em direção ao canal do parto e à glândula mamária, ocorrendo, predominantemente, por vias endógenas.

A perspectiva convencional postula que o útero e os embriões de espécies animais exibem um estado estéril, no qual a microbiota intestinal dos fetos é gradualmente estabelecida por meio de interações com a mãe, o ambiente circundante e a composição dietética, tanto durante o período gestacional como após o nascimento. Endométrio

41 Microbiota intestinal suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Influência materna no desenvolvimento da microbiota do leitão
Placenta Miométrio Líquido amniótico Líquido alantoico

No entanto, aprofundando as investigações, observou-se a presença de microrganismos no sangue do cordão umbilical, no líquido amniótico e no mecônio de neonatos provenientes de gestações saudáveis, o que atesta a não-esterilidade do útero em um contexto saudável.

TRATO REPRODUTIVO

A descoberta de Escherichia coli não patogênica no intestino e sua identificação na placenta por alguns pesquisadores sugere que o intestino pode também servir como uma possível fonte de microrganismos que colonizam a placenta.

Apesar desses achados, a detecção efetiva de microrganismos na placenta continua a gerar controvérsias.

Embora a transmissão vertical de microrganismos entre a mãe e o feto durante a gestação tenha sido consistentemente evidenciada, há casos em que pesquisadores não conseguiram isolar o DNA bacteriano utilizando procedimentos estéreis na placenta humana.

O canal de parto é outra importante via de transmissão materno-fetal.

A configuração da microbiota intestinal em leitões oriundos de partos vaginais manifesta paralelismos com o contingente microbiano presente no trajeto de parto da progenitora.

Assim, durante a travessia do canal do parto, os microrganismos simbióticos presentes nesse trajeto disseminamse à superfície corporal dos leitões. A composição microbiana circunferente ao organismo neonatal está intrinsecamente atrelada à modalidade do parto.

Embora leitões oriundos de procedimentos cesarianos não exibam a referida etapa, tal processualidade influencia, igualmente, a colonização microbiana subsequente.

Portanto, a determinação precisa do momento de colonização da microbiota intestinal fetal antes do parto, bem como a compreensão completa de suas implicações sobre o desenvolvimento fetal, permanecem como áreas que demandam investigações adicionais.

Ao longo do processo de parição, a microflora no trajeto parturiente também pode consubstanciar-se como uma fonte significativa de probióticos intestinais para os leitões.

42 Microbiota intestinal suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Influência materna
no desenvolvimento da microbiota do leitão

No contexto humano, os microrganismos do trajeto parturiente têm sido consagrados como uma barreira de relevo, intervindo na salvaguarda do hospedeiro frente a uma variedade de bactérias, fungos e vírus.

A manutenção de uma microecologia saudável e estável no trajeto parturiente demonstra importância substancial para uma gestação e parição eximiamente harmoniosas, alinhavandose também como uma fonte preambular da flora intestinal em sua fase inicial para os leitões.

Diversos pesquisadores demonstraram que proles nascidas por meio de cesarianas manifestam um espectro aumentado de distúrbios imunológicos e incidência acrescida de patologias crônicas, tais como asma, anafilaxia e enfermidades inflamatórias intestinais, em relação a seus pares oriundos de partos vaginais.

A análise do microbioma fecal de neonatos nascidos via cesariana, em comparação com aqueles de partos vaginais, no intervalo de 2 a 4 dias pós-natais, evidenciou dissonâncias na configuração da microbiota intestinal entre os dois grupos.

Adicionalmente, certos investigadores demonstraram que a administração de dois probióticos, a saber, Lactobacillus acidophilus e Bifidobacterium lactis, a fêmeas prenhes propiciou sua detecção no trajeto parturiente e, subsequentemente, nas fezes dos leitões.

Por conseguinte, é cabível sugerir que esses dois probióticos estabeleceram colonização no trato intestinal dos leitões por meio das vias de transmissão vertical inerentes ao trajeto parturiente.

LEITE

O leite materno representa um fluido biológico de notável complexidade, amplamente reconhecido como a fonte mais inata e segura de provimento nutricional para o crescimento neonatal.

Dotado de um teor rico e diversificado em proteínas, lipídios, glicídios, entidades celulares de natureza imunológica e moléculas bioativas, o leite materno, especialmente o colostro, não somente supre as demandas nutricionais intrínsecas ao crescimento acelerado dos neonatos, mas também abarca funções de caráter antiinflamatório e antimicrobiano.

Isso sustenta o impacto substancial do método de parição sobre a conformação da colonização microbiana inicial neonatal, bem como sobre a saúde física subsequente.

O leite desempenha um papel substancial ao aportar até 30% da composição microbiana intestinal aos recém-nascidos, exercendo função crucial na colonização e no desenvolvimento da microbiota intestinal neonatal.

43
suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Influência materna no desenvolvimento da microbiota do leitão
Microbiota intestinal

Dessa maneira, a configuração microbiana do leite apresenta-se como um fator fundamental na consolidação e evolução da flora intestinal infantil, bem como no estabelecimento da maturação do sistema imunológico entérico.

A documentação científica acumulada atesta que o leite materno saudável, em diferentes mamíferos, exibe uma densidade proeminente de microrganismos, incluindo Lactobacillus plantarum, Bifidobacterium, Ruminococcus bromii, Coprococcus, Escherichia coli, Streptococcus, Veillonella, Rothia, entre outros.

A análise da composição e diversidade microbiana no leite de fêmeas suínas revelou uma variabilidade significativa no colostro, em contraste com uma estabilidade observada nos leites de transição e maduro.

Nos filos Firmicutes e Proteobacteria, consistentemente predominantes no leite de porcas, o colostro se distinguiu pelo aumento expressivo dos gêneros Corynebacterium e Streptococcus, em relação aos leites de transição e maduro.

Gêneros não identificados de Lactobacillus, além de Ruminococcaceae e Lachnospiraceae, juntamente com um Clostridiales não nominado, são protagonistas bacterianos que denotaram elevada prevalência relativa nos leites de transição e maduro.

Esses microrganismos são transferidos ao trato gastrointestinal dos descendentes mediante a ingestão do leite materno, perpetuando, assim, a provisão contínua de colonizadores microbiológicos primários ao intestino neonatal.

A identificação e o isolamento de bactérias láticas presentes no colostro de porcas e no trato intestinal de leitões recém-nascidos evidenciaram uma expressiva homologia entre esses dois compartimentos, indicando a habilidade dos probióticos contidos no leite materno em efetivamente colonizar o trato intestinal neonatal.

FLORA INTESTINAL

A transmissão matrilinear da microbiota intestinal em leitões alude à transferência de bactérias comensais de ascendência parental para a descendência, englobando a transmissão microbiana durante a gestação via placenta, no percurso do canal do parto, na fase perinatal e por meio do aleitamento pós-parto.

44 Microbiota intestinal suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Influência materna
no desenvolvimento da microbiota do leitão

Partindo da premissa da teoria da migração microbiana preponderante em mamíferos, é plausível supor que o microbioma residente em diversos compartimentos do organismo da matriz seja endossado para a progênie.

Não obstante, considerando as fontes potenciais de microrganismos previamente delineadas, a saber:

Placenta Canal do parto

Leite materno

Além da possibilidade de in uência oriunda das excreções maternas sobre a microbiota dos leitões antes do desmame,

destaca-se que o perfil microbiano materno exibe uma correlação substancial com a microbiota neonatal, a qual persiste até a fase de creche.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O microbioma materno é capaz de colonizar o trato intestinal dos leitões através de rotas como:

Placenta Canal do parto e Leite, solidificando assim uma linhagem materna na composição microbiana da prole.

Simultaneamente, a microbiota intestinal da descendência reflete características notáveis da flora materna, implicando que abordagens nutricionais orientadas pelo perfil microbiano da matriz podem influenciar a estrutura da microbiota dos leitões.

Por conseguinte, torna-se pertinente reconhecer que a composição da microbiota das porcas pode conferir múltiplas modulações sobre a flora intestinal dos leitões, estendendo-se por diferentes intervalos temporais.

Em tal contexto, a matriz pode ser reconhecida como a principal fonte modeladora da microbiota nos leitões em fase de aleitamento

Assim, suscita-se a consideração de elaborar estratégias nutricionais com vistas a modular a configuração da microbiota entérica nas fêmeas, e, por conseguinte, orquestrar impactos sobre a composição microbiana dos leitões lactentes.

No contexto da suinocultura, a exploração da transmissão vertical do microbioma permanece limitada. Nesse cenário, é imperativo direcionar a pesquisa para a transmissão vertical do microbioma entre matrizes e leitões, considerando intervenções nutricionais correlatas e as consequentes modulações na composição microbiana.

A ampliação do entendimento acerca da transmissão vertical do microbioma pode, assim, desvelar oportunidades para aprimorar a saúde e o desempenho dos animais, contribuindo decisivamente para os avanços na indústria suinícola.

Influência materna no desenvolvimento da microbiota do leitão

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45 Microbiota intestinal suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Influência materna no desenvolvimento da microbiota do leitão

RENTABILIDADE NA SUINOCULTURA: APOSTAR NO MENOR DESEMPENHO É A MELHOR SAÍDA?

Um dos fatores que tem movido grandes mudanças na suinocultura tem sido a redução da rentabilidade, ocasionada pela dinâmica de preços da carne versus custos de produção. A relação entre os dois indicadores vem se estreitando ao longo do tempo e fazendo com que ocorra a migração das propriedades menores para sistemas integrados de maiores proporçoes e mais amplos em esruturação na cadeia produtiva.

Logicamente existe uma série de outros fatores que também impactam a atividade, como as enfermidades e pressão social pela sustentabilidade ambiental da atividade.

Por outro lado, o crescimento da demanda mundial por proteína animal é contínuo e impulsiona a produção de carnes e outros alimentos.

46 Nutrição
suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Rentabilidade na suinocultura: apostar no menor desempenho é a melhor saída? Francisco Gerente Técnico Comercial de Suínos na Agroceres Multimix

Parte da redução das margens se deve ao aumento da oferta de produto, sem que ocorra aumento proporcional do consumo. As razões para ambos os fenômenos são diversas e variam de região para região, porém, o fato é que a suinocultura é afetada pela redução do preço pago pela carne.

A internacionalização da oferta de cereais e a alta demanda mundial por esses alimentos básicos nos últimos anos, vêm impactando fortemente os custos de produção.

A relação oferta/demanda dos cereais é inversa e pressiona os preços das commodities para cima, impulsionado o custo de produção e comprometendo a rentabilidade da atividade.

RECRIA E TERMINAÇÃO

Os cereais representam mais de 55% do custo de produção de suínos e as etapas de maior consumo são as fases de engorda dos animais (recria e terminação), que concentram 75% dos custos totais para alimentar os animais em todo o ciclo.

A seguir, apresentamos a distribuição dos custos percentuais da atividade suinícola, calculada com base em uma granja de 1000 matrizes, abatendo animais com aproximadamente 120 kg.

Nutrição suíno
Brasil
Trimestre 2023 |
Rentabilidade na suinocultura: apostar no menor desempenho é a melhor saída?

No gráfico acima, demonstramos um exemplo da distribuição percentual dos custos por fase de produção, tendo como base dos cálculos, uma granja com 1000 matrizes, abatendo animais com aproximadamente 120 kg.

Nesse cenário, reduzir os custos alimentares na fase de engorda, seja através da melhoria da conversão alimentar, ou através da adaptação da dieta com ingredientes menos pressionados pela demanda global, é o grande desafio da suinocultura atual.

A indústria suinícola tem utilizado uma série de estratégias para aumentar a eficiência de produção e manter a atividade em patamares positivos de rentabilidade.

Mas quais fatores podem interferir na dinâmica de custos da suinocultura, com vistas à fase de terminação?

ESTRATÉGIA ALIMENTAR

O suíno tem características de consumo alimentar que podem variar conforme as condições fisiológicas, ambientais e de grupos, como por exemplo:

Porém, diferentemente dos ruminantes, os animais monogástricos como suínos e aves não se alimentam eficientemente de ingredientes alternativos fibrosos, ficando dependentes, na grande maioria dos mercados, da oferta de milho e farelo de soja.

no caso de machos castrados, que consomem mais alimento que as fêmeas e os machos inteiros, devido à baixa concentração de hormônios esteroides nos animais castrados.

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2023
Brasil
Trimestre
| Rentabilidade na suinocultura: apostar no menor desempenho é a melhor saída?

Num alojamento de sexos mistos, se os animais não forem tratados com atenção a essa característica, mas com dietas formuladas em níveis intermediários às exigências das fêmeas e dos machos castrados, haverá uma perda significativa de nutrientes.

A maior capacidade de consumo demonstrada pelos animais castrados e a redução do efeito anabólico dos hormônios sexuais sobre os tecidos de crescimento deles, são a combinação fisiológica que proporciona a pior distribuição do ganho tecidual no final do ciclo de produção.

Esses animais apresentam taxas de ganho de tecido gorduroso bastante superior à dos animais não castrados, tanto machos como fêmeas.

AMBIÊNCIA, INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS

As condições do ambiente de criação também podem interferir no comportamento de consumo dos animais, podendo refletir em consumo inferior aos planos alimentares, ou excessivo, com desperdício de ração.

Por exemplo, a lotação de animais acima da capacidade de alojamento da estrutura, ou galpões com pouca ventilação e baixa qualidade de ar, são fatores que aumentam a desuniformidade dos lotes, reduzindo o desempenho. Afinal, são fatores de estresse que inibem o consumo de ração e reduzem o ganho de peso dos lotes.

O controle de curvas de alimentação por fase de produção e categoria de animal pode ser uma ferramenta muito eficaz para evitar os desperdícios de ração, ou nutrientes.

Por outro lado, a eficiência de comedouros é um exemplo de estímulo ao consumo e redução do desperdício de ração, que resultam em melhorias no ganho de peso, redução do desperdício e consequente melhora da conversão alimentar.

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Rentabilidade na suinocultura: apostar no menor desempenho é a melhor saída?

A figura a seguir demonstra o efeito da lotação das baias e do espaço linear de comedouro por animal sobre o ganho de peso de cevados.

NÍVEIS NUTRICIONAIS DAS DIETAS

Os níveis de investimento nas dietas também podem determinar o potencial de ganho dos cevados na fase de terminação.

Dietas de alta energia podem melhorar o ganho de peso e, dependo do nível de inclusão de fontes energéticas, podem reduzir o consumo, melhorando a conversão alimentar pela elevação do ganho de peso diário e/ou pela redução da ingestão diária de ração.

Note que o comportamento de ganho de peso dos animais que são criados em maior espaço é estável, não variando quando se amplia o espaço linear no comedouro (curva em cinza).

No gráfico da próxima página é possível perceber que, à medida que se eleva a disponibilidade de espaço para os animais, menos energia é necessária na dieta para produzir os melhores ganhos de peso diários.

Já a curva em vermelho representa animais criados com restrição severa de espaço, com necessidade de ampliação máxima do espaço linear do comedouro para atingir consumo satisfatório e aproximar-se do ganho de peso dos animais criados com espaçamento mais adequado.

Entretanto, quando os animais são submetidos a menores espaçamentos de baias, ocorre melhoria do ganho de peso até certo nível de energia metabolizável (3400 Kcal de EM). Porém, não há relação linear de compensação em todos os níveis de redução de espaço, ou seja, há limite de compensação.

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Brasil
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GPD (g/d) Espaço linear de comedouro/suíno (cm) 2,0 2,2 2,5 2,7 3,0 3,3 3,5 3,8 4,0 4,3 4,5 4,8 5,0 5,3 5,5 5,8 6,0 838 815 792 769 746 723 700 677 654 631 PIC Guidelines (2019)

Da mesma forma que a elevação da energia afeta o consumo de ração, ela também potencializa o ganho de peso dos lotes. O efeito sobre o ganho de peso é quadrático, ou seja, a elevação da energia melhora o ganho de peso até o nível de 3400 kcal de Energia Metabolizável.

Redução do consumo de ração por cevados de 161 dias, quando submetidos a níveis crescentes de energia na ração (para esse ensaio não houve limitação de área de comedouro para os animais). Dados Agroceres Multimix, 2020.

O consumo de ração reduziu linearmente à medida que as dietas foram enriquecidas com fontes energéticas. Essa estratégia pode ser uma ferramenta poderosa para reduzir a conversão alimentar de lotes, quando há fontes de energia competitivas em preço.

Dados Agroceres Multimix, 2020.

Algumas outras estratégias nutricionais podem ser adotadas durante a fase de terminação para aumentar a rentabilidade do produtor, assim como uma série de aditivos podem ser adicionados à ração para acelerar o ganho de peso, ou reduzir a conversão alimentar.

Muitos aditivos foram vastamente estudados pelas academias científicas e podem ser utilizados com a finalidade de elevar a rentabilidade dos produtores de suínos. Entretanto, cada conjuntura econômica vai determinar o poder de investimento do suinocultor nas dietas da fase de terminação.

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Trimestre
Rentabilidade na suinocultura: apostar no menor desempenho é a melhor saída?
Densidade de alojamento, m²/animal Nivel de energia da dieta, Kcal/Kg Consumo diário de 71 a 161 dias, Kg/dia 1.040 1.007 0.941 0.974 0.908 0.875 0.842 0.809 0.776 0.743 0.710 3240 3290 3340 3390 3440 3490 3540 2.8 2.7 2.6 2.5 2.4 2.3 2.748 2.712 2.676 2.640 2.604 2.568 2.532 2.496 2.460 2.424 2.388 2.388 Interação EM x Densidade sobre consumo de ração aos 161 dias 1,2 1,1 1,0 0,9 3240 3340 Energia metabolizável, Kcal/Kg Níveis de energia X Ganho de peso de suínos abatidos aos 161 dias de vida 3440 3640 Ganh de peso diário de 71 a 161 dias, kg/dia

Haverá tempos de margens baixas, ou negativas, com custos elevados de ingredientes, quando os produtores poderão optar por reduzir investimentos e produzir próximo do limite dos animais, assumindo perdas de ganho de peso e pioras na conversão alimentar.

Assim como haverá tempos em que os investimentos serão factíveis e a máxima eficiência de crescimento terá retornos econômicos maiores.

Será que apostar no menor desempenho é a melhor saída para situações estreitamento da relação preço de venda/custos de produção?

E se optarmos por trabalhar com animais na melhor condição de ganho de peso e conversão alimentar?

Rentabilidade na suinocultura: apostar no menor desempenho é a melhor saída?

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POTENCIAL

ANTIMICROBIANO DO OZÔNIO: APLICAÇÕES E PERSPECTIVAS NA SUINOCULTURA

1Setor

2Pontifícia

3Química - Instituto Federal de Goiás - Campus Goiânia – Goiás. E-mail: liviapascoal@ufg.br

Odesenvolvimento de microrganismos resistentes à ação de desinfetantes e fármacos antimicrobianos, associados ao surgimento de novos agentes patogênicos, representam uma das maiores ameaças à saúde de seres humanos e animais.

Apesar da busca para o desenvolvimento de novas drogas e desinfetantes eficazes no controle desses microrganismos, novas tecnologias ambientalmente sustentáveis vêm sendo estudadas. Dentre elas, está o uso de ozônio.

O ozônio é um gás de coloração azul celeste, parcialmente solúvel em água, altamente instável – decompõe-se rapidamente em oxigênio, e possui alto potencial oxidativo (Manley, 1967).

Essas características levaram o ozônio a ser explorado tanto como cicatrizante, auxiliando na recuperação de feridas agudas ou crônicas, como um desinfetante e agente germicida (Pandiselvam et al., 2018).

O uso do ozônio não é recente e desde o século XIX, grandes centros europeus usavam o gás no tratamento de águas e efluentes, pois além de eficazes não deixavam resíduos (Bocci, 2010). Seu uso no tratamento de águas permanece até à atualidade.

O ozônio também é empregado em diferentes ramos da indústria de alimentos, tanto na desinfecção de ambientes quanto na manufatura de produtos (Pandiselvam et al., 2018).

54 Biosseguridade suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Potencial antimicrobiano do ozônio: aplicações e perspectivas na suinocultura
Lívia Mendonça Pascoal1, Eduardo Nascente de Paula2, Carlos Damian Segovia1, Isadora de Sousa Lima1, Sarah Rodrigues Chagas1, Aline Mendonça Pascoal3 de Medicina Veterinária Preventiva - Escola de Veterinária e Zootecnia - Universidade Federal de Goiás. Universidade Católica de Goiás.

O potencial oxidativo do ozônio é tamanho que, dentre os compostos usados comumente para desinfecção, ele fica atrás apenas do flúor, sendo superior a outros oxidantes utilizados como desinfetantes, como o peróxido de hidrogênio e cloro (Souza, 2006).

Apesar dos estudos disponíveis na literatura, não existe uma padronização de concentrações e formas de uso para as diversas aplicações do ozônio. No uso em estabelecimentos comerciais e ou terapêutico, o ozônio, muitas vezes, é utilizado empiricamente, com inúmeros desafios devido às características de produção e manuseio deste gás (Bocci, 2010).

POTENCIAL ANTIMICROBIANO

A atuação do ozônio contra bactérias, fungos, vírus, protozoários e parasitas vem sendo estudada ao longo dos anos em vários produtos e espécies (Quadro 1).

Com isso, as aplicações do ozônio tornaram-se diversificadas, não se restringindo somente ao tratamento de águas e efluentes industriais, como foi mais utilizado no início da sua aplicação.

Bacterias

55 Biosseguridade suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Potencial antimicrobiano
do ozônio: aplicações e perspectivas na suinocultura
Quadro
1. Ação do ozônio na inibição do crescimento de diferentes microrganismos
Microrganismo Meio Concentração de Ozônio Redução microbiana Referência Salmonella Agona e Saintpaul Aquoso 5 mgL-1 2 log10 UFC/ml (Mohammad et al., 2019) Escherichia coli O157:H7 Aquoso 35 e 45 mgL−1 1,5 log10 UFC/ml (Souza et al., 2019) Klebsiella pneumoniae Aquoso 4000μg/mL Redução de 99,6% (Giuliani et al., 2018) Escherichia coli Aquoso 0,5 e 1,0 mgL-1 Até 5 log10 UFC/ml (Arayan et al., 2017) Staphylococcus aureus Aquoso 0,5 mgL-1 3-4 log10 UFC/ml (Kanaan, 2018) Staphylococcus saprophyticus Aquoso 4 mgL-1 3,2 log10 UFC/ml (Hess & Gallert, 2015) Enterococcus faecalis Aquoso 4 mgL-1 3 log10 UFC/ml (Hess & Gallert, 2015) Bacillus subtilis Aquoso 1.0 mgL−1 5,6 log10 UFC/ml (Cavalcante et al., 2014a) Yersinia enterocolitica Aquoso 1,4 e 1,9 mgL-1 4-6 log10 UFC/ml (Selma et al., 2006) Salmonella Heidelberg Aquoso 4,4 mg/L Redução de 100% (Nascente et al., 2022) Pseudomonas aeruginosa Gás 0,1 mgL-1 4 log10 UFC/ml (Choudhury et al., 2018) Streptococcus mutans Gás ≥ 20 ppm > 3 log10 (Ximenes et al., 2017) Listeria monocytogenes Gás 3 mgL-1 Até 5 log10 UFC/ml (Song et al., 2015) Salmonella Tiphymurium Gás 3 mgL-1 Até 4,8 log10 UFC/ml (Song et al., 2015) Campylobacter jejuni Gás 2000 mg/h 1,16 log10 UFC/ml (Faltyn et al., 2015) Listeria inoocua Gás 10 e 50 mgL-1 > 1 log10 UFC/ml (Wani et al., 2015)

Fungos Vírus

Microrganismo Meio Concentração de Ozônio Redução microbiana Referência

Candida spp. Aquoso 0,9 e 0,12 mgL-1

Penicillium

Aspergillus

Norovírus

O potencial desinfetante do ozônio é atribuído à sua capacidade de promover a ruptura das paredes celulares, extravasamento de íons e de moléculas intracelulares, desencadeando a morte celular (Zhang et al., 2016).

O ozônio também possui a capacidade de oxidar glicolipídeos, glicoproteínas e aminoácidos da parede celular, destruindo grupos sulfidrilas das enzimas para causar o colapso da atividade enzimática celular (Nagayoshi et al., 2004; Russell, 2003).

Estudos apontam que o ozônio influencia na polaridade global da superfície bacteriana (Feng et al., 2018), envolvendo mecanismos de peroxidação lipídica (Ersoy et al., 2019; Han et al., 2016) e degradação de proteínas transmembrana que controlam o fluxo de íons.

Assim, haverá ruptura das células, extravasamento de íons entre os meios, resultando na morte do microrganismo (Zhang et al., 2011). O alto potencial oxidativo do ozônio contribui para mudanças no potencial zeta, propriedade física aplicada na avaliação do grau de eletronegatividade periférica na superfície celular quando suspensa em um fluido (Yu et al., 2017).

Entretanto, os ácidos graxos insaturados são considerados os maiores alvos das espécies reativas de oxigênio, ocorrendo a destruição das duplas ligações dos carbonos.

Com isso, haverá a produção de peróxidos, como o malondialdeído, que conseguem reagir com o conteúdo intracelular e se ligar principalmente à algumas proteínas, resultando na degradação proteica (Bocci, 2010; Ersoy et al., 2019).

Assim, a destruição de proteínas transmembrana altera a transferência de íons de potássio e, consequentemente, a permeabilidade da membrana celular (Ersoy et al., 2019; Zhang et al., 2011).

56 Biosseguridade suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Potencial antimicrobiano do ozônio: aplicações e perspectivas na suinocultura
Redução de 100% (Livingston et al.,
2018)
spp. Gás 2,14 mgL-1 Redução de 94% (Brito Júnior et al., 2018)
flavus Gás 40 e 60 µmol / mol Redução de até 98% (Silva et al., 2018)
spp. Gás 40 e 60 mg/kg Redução de 93% (Piacentini et al., 2017)
Fusarium
murino Gás 3 mgL-1 3,3 log10 (Brie et al., 2018)
humano tipo 2 Gás 1 mgL-1 4 log10 (Sigmon et al., 2015)
Bovino tipo 1 Gás 0.02 e 0.05 ppm Redução de 99,62% (Petry et al., 2014) Vírus da Influenza Gás 10 e 20 ppm Redução de 99% (Tanaka et al., 2009) Estomatite vesicular Gás 0.4 - 1.6 mmol/L 6 log10 (Wagner et al., 1991) Peste Suína Africana Aquoso 5mg/L 1,75 Log 10 UFG/ml (Zhang et., 2020)
Adenovírus
Herpesvirus

APLICAÇÕES E PERSPECTIVAS NA SUINOCULTURA

Na maioria dos segmentos de produção animal, o uso do ozônio ainda é pouco difundido, estando ainda na fase dos estudos experimentais.

Na suinocultura, existem estudos voltados para a produção de biogás, processo em que o ozônio remove o sulfeto de hidrogênio, molécula poluente ao ambiente, produzindo biogás limpo (Chuichulcherm et al., 2017).

No tratamento de águas residuais da atividade suinícola, o gás foi capaz de destruir resíduos de antibióticos utilizados na rotina veterinária (Ben et al., 2012) e de diminuir a carga bacteriana em até 3.9 log (Macauley et al., 2006).

Um uso interessante do ozônio, justamente onde existem mais trabalhos sobre, é na desinfecção de instalações.

Já foi demonstrado a efetividade do ozônio na descontaminação de superfícies contaminadas experimentalmente com fezes de suínos (Sato et al., 2019), permitindo assim, inferir sobre o potencial da água ozonizada no processo de limpeza e desinfecção de baias.

Nascente et al. (2022) trabalhando com Salmonella Heidelberg caracterizada como multirresistente, mostraram que a água ozonizada na concentração de 4,4 mg/L inibiu o crescimento bacteriano na ausência de matéria orgânica.

A capacidade de eliminação da Salmonella Heidelberg pelo ozônio similar ou melhor que a capacidade de eliminação por desinfetante em diferentes tempos de exposição.

Nesse estudo, também foi observado a diminuição da concentração e qualidade do DNA bacteriano, mostrando que o ozônio atua na degradação/oxidação não apenas à nível de parede celular.

57 Biosseguridade suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Potencial antimicrobiano do ozônio: aplicações e perspectivas na suinocultura

Zhang et al., 2020 também observaram que o uso do ozônio via água (5mg/L) possui capacidade de destruição de microrganismos. Os autores mostraram que a água ozonizada foi capaz de destruir o vírus da Peste Suína Africana a nível celular.

CONCLUSÃO

Os estudos realizados demonstram o elevado potencial antimicrobiano do ozônio frente a uma vasta diversidade de microrganismos, sendo uma alternativa ao uso de antimicrobianos e desinfetantes, com a vantagem de não deixar resíduos – seguro para animais, ambiente e seres humanos.

Sendo assim, a água ozonizada é uma potencial ferramenta na desinfecção de granjas de suínos, incluindo limpeza e desinfecção do ambiente com pulverização, enxague, imersão etc.

A água ozonizada seria também um ponto de apoio no controle de doenças infecciosas, principalmente de áreas/ granjas positivas para determinados patógenos, podendo ser usado também na desinfeção de água de bebida, alimentos, roupas, botas e veículos.

Potencial antimicrobiano do ozônio: aplicações e perspectivas na suinocultura

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Referências: Sob consulta dos autores.

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2023 |
Brasil
Trimestre
Potencial antimicrobiano do ozônio: aplicações e perspectivas na suinocultura

O PROFISSIONAL DO FUTURO: NAVEGANDO NAS ONDAS DA TRANSFORMAÇÃO COM INTELIGÊNCIA

EMOCIONAL E PROPÓSITO

Nos últimos anos, o cenário profissional tem sido palco de mudanças radicais impulsionadas pela rápida evolução tecnológica, pelas transformações sociais e pelos novos paradigmas econômicos.

Nesse contexto dinâmico e desafiador, o profissional do futuro emerge não apenas como um resultado das circunstâncias, mas como um agente ativo na criação e adaptação do trabalho e de tudo que está relacionado.

Essa figura multifacetada precisa não apenas se antecipar às demandas mutáveis do mercado, mas também abraçar habilidades e mentalidades que fomentem a inovação, a resiliência e a capacidade de aprendizado contínuo.

O Cenário Atual: Ondas de Transformação

O século 21 testemunhou uma série de revoluções tecnológicas que desencadearam ondas de transformação em diversos setores.

60 Inteligência emocional suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | O Profissional do Futuro: Navegando
Ondas da Transformação com Inteligência Emocional e Propósito
nas

Revoluções tecnológicas

Estão redefinindo a maneira como as empresas operam, como o trabalho é executado e como os profissionais interagem com suas tarefas cotidianas e equipe.

O avanço exponencial da tecnologia não apenas otimizou processos, mas também levantou questionamentos sobre como deve ser o trabalho humano tradicional.

À medida que a automação e a IA aumentam sua presença no dia a dia profissional e pessoal, tarefas rotineiras e previsíveis estão sendo gradualmente assumidas por máquinas inteligentes.

No entanto, essa mudança não sinaliza o declínio da relevância humana, mas sim a necessidade de os profissionais se reconfigurarem para abraçar um papel mais estratégico e criativo.

A capacidade de pensar criticamente, resolver problemas complexos e comunicar ideias de forma clara tornase ainda mais valiosa em um cenário em constante evolução.

As Habilidades do Futuro: Além da Técnica

Enquanto as habilidades técnicas continuarão sendo importantes, o profissional do futuro também deve desenvolver uma gama de habilidades sociais e emocionais para prosperar em um ambiente interconectado e colaborativo.

A inteligência emocional, a empatia, a comunicação eficaz e a capacidade de trabalhar em equipes diversas ganham destaque. A complexidade das interações humanas em um mundo globalizado e multiconectado exige que os profissionais sejam capazes de navegar por diferentes culturas, perspectivas e valores.

Além disso, a habilidade de aprender a aprender se torna um pilar fundamental. A rápida obsolescência de tecnologias e abordagens requer que os profissionais estejam dispostos e aptos a se atualizar constantemente.

61 Inteligência emocional suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | O Profissional
do
Futuro: Navegando nas Ondas da Transformação com Inteligência Emocional e Propósito
arti cial Internet das Coisas (IoT)
Computação em nuvem
Inteligência
Automação

A educação formal não é mais suficiente; a busca contínua por conhecimento, a adoção de uma mentalidade de aprendizado ao longo da vida e a capacidade de análise crítica se tornam imperativos.

Adaptação e Resiliência: Abraçando a Mudança

A capacidade de adaptação e resiliência ganha destaque em um mundo onde a única constante é a mudança.

O profissional do futuro deve estar disposto a sair da zona de conforto, abraçar desafios e enfrentar a incerteza com coragem. A resiliência não se trata apenas de superar obstáculos, mas também de se fortalecer com as adversidades e aprender com os fracassos.

A mentalidade empreendedora também se destaca como uma característica essencial.

Isso não significa que todos devam lançar suas próprias empresas, mas sim que os profissionais devem cultivar a capacidade de:

Identificar oportunidades

Tomar iniciativa e

Buscar soluções inovadoras.

As empresas valorizam cada vez mais funcionários que pensam como donos do negócio, contribuindo não apenas para suas funções designadas, mas também para o crescimento e sucesso da organização como um todo.

Ética e Responsabilidade: Navegando no Labirinto Digital

À medida que a tecnologia se infiltra em todos os aspectos de nossas vidas, surge a questão da ética e responsabilidade.

O profissional do futuro deve considerar não apenas a eficiência e o lucro, mas também os impactos sociais e ambientais de suas ações, inclusive (e talvez especialmente) junto aos seus colegas de trabalho e suas famílias.

A segurança cibernética, a privacidade dos dados e o uso responsável da inteligência artificial são preocupações prementes que exigem atenção constante.

Além disso, a diversidade e a inclusão emergem como temas importantes.

A construção de equipes diversas, considerando diferentes níveis de experiência e origens, não apenas promove a igualdade, mas também enriquece a criatividade e a inovação.

62 Inteligência emocional suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | O Profissional do Futuro: Navegando nas Ondas da Transformação com Inteligência Emocional e Propósito

O profissional do futuro deve ser um defensor ativo da igualdade de oportunidades, trabalhando para eliminar os preconceitos arraigados e garantir um ambiente de trabalho justo e inclusivo, em todos os aspectos.

A empresa e a sociedade serão beneficiadas.

O Papel da Educação: Moldando os Profissionais do Amanhã

A educação desempenha um papel crucial na preparação dos profissionais do futuro.

Programas de treinamento contínuo, mentorias e oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional não apenas aumentam a competência da força de trabalho, mas também fortalecem o compromisso da equipe com a organização.

A Importância do Propósito e da Inteligência Emocional

O profissional do futuro é aquele que compreende a importância de conhecer e entender o seu propósito, o seu "porquê", a razão pela qual “faz o que faz”.

As instituições educacionais e os educadores devem adotar abordagens flexíveis e atualizadas que incentivem a aprendizagem prática, a resolução de problemas do mundo real e a colaboração interdisciplinar.

Além disso, a educação ao longo da vida deve ser promovida como uma ferramenta para aprimorar constantemente as habilidades e conhecimentos.

No entanto, a responsabilidade não recai apenas nas instituições educacionais. As empresas têm um papel vital na capacitação de seus funcionários.

Além disso, ele desenvolve, mais que a inteligência emocional; ele desenvolve competência emocional para lidar com os desafios do ambiente de trabalho e da vida em sociedade.

Na sociedade brasileira, é preocupante observar os altos índices de ansiedade, especialmente entre os jovens. Isso pode ser atribuído, em parte, à queda de qualidade da educação e dos relacionamentos familiares, e especialmente à intensa redução nas interações sociais, em função do tempo “em frente às telas” e às redes sociais, afetando consideravelmente a formação dos valores da sociedade.

63 Inteligência emocional suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | O Profissional do Futuro:
com Inteligência Emocional e Propósito
Navegando nas Ondas da Transformação

Nesse sentido, a inteligência emocional e a competência emocional se tornam ainda mais necessárias.

Competência Holística: Conhecimento, Habilidades e Atitudes

Mário Sérgio Cortella, filósofo paranaense, nos ensina a importância de fazer o melhor possível com as condições que temos, ao mesmo tempo que buscamos melhorar e, assim, alcançar nossos sonhos.

O profissional do futuro não terceiriza a culpa por seus insucessos; ele assume a responsabilidade pelos erros e aprende com eles, entendendo que o erro faz parte do processo de aprendizado. Com isso, e seguindo os valores propostos por John Wooden, um dos principais treinadores do basquete universitário dos Estados Unidos, alcança-se o sucesso, a paz de espírito, como resultado da autossatisfação em saber que se fez o melhor, na busca do melhor resultado.

Ou seja, o sucesso não está apenas no “alcançar as metas”, mas na dedicação verdadeira, no comprometimento e no esforço empregados.

A inteligência emocional tem sido cada vez mais demandada. Ela envolve o reconhecimento e a gestão das próprias emoções e atitudes a partir dessas emoções, bem como a capacidade de se relacionar de forma empática e construtiva com os outros.

Mais do que a inteligência cognitiva, o profissional do futuro demanda inteligência criativa, emocional, social e prática. Reconhecer e desenvolver essas diferentes formas de inteligência é essencial para se destacar no mercado de trabalho.

O autoconhecimento desempenha um papel fundamental na formação. É preciso conhecer nossas habilidades, interesses e valores para tomar decisões alinhadas com nossas verdadeiras aspirações.

Além disso, devemos reconhecer que somos seres multifacetados, com diferentes "eus" que se manifestam em diferentes contextos.

Conhecer e saber, desenvolver habilidades e ter atitude, sejam técnicas ou emocionais, definirá o profissional do futuro competente.

64 Inteligência emocional suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | O Profissional do Futuro:
Inteligência Emocional e Propósito
Navegando nas Ondas da Transformação com

A Era Digital: Redes Sociais e Marca Pessoal

Por fim, as redes sociais têm um impacto significativo no mundo profissional atual e continuarão a exercer influência no futuro.

É necessário compreender seu funcionamento e utilizar estrategicamente essas plataformas para promover nossa marca pessoal, estabelecer conexões profissionais, acompanhar as tendências do mercado, sem que elas comprometam nosso estado psicológico, estabelecendo limites e uso adequado.

Concluindo, à medida que navegamos nas ondas da transformação, o profissional do futuro surge como uma força impulsionadora de mudanças, equipado com inteligência emocional e um profundo senso de propósito.

Em um cenário de mudanças aceleradas, ele não apenas se adapta, mas também molda ativamente seu caminho. As habilidades técnicas, aliadas às competências sociais e emocionais, tornam-se cruciais para prosperar em um mundo interconectado.

A resiliência e a mentalidade empreendedora definem sua postura diante da incerteza e das oportunidades. Ao abraçar a ética, a responsabilidade e a diversidade, ele contribui para um ambiente de trabalho mais inclusivo, sustentável e promissor.

A busca contínua por aprendizado e o cultivo do autoconhecimento delineiam sua trajetória. Compreender o próprio propósito e usar as redes sociais de forma estratégica guiam sua jornada.

O profissional do futuro transcende sua função, tornando-se um agente de mudança, moldando um amanhã promissor.

Ahh… este artigo foi escrito a partir das notas que a Cândida Azevedo fez da minha palestra “Quem sou, onde estou e o que será de mim?”, e também experimentei ferramentas de IA.

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Brasil
Trimestre
Profissional do Futuro: Navegando nas Ondas da Transformação com Inteligência Emocional e Propósito
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EFICÁCIA DA BROMEXINA NA DIMINUIÇÃO DA VISCOSIDADE MUCO

NASAL E PULMONAR EM SUÍNOS

Os principais agentes infecciosos respiratórios dos suínos são enzoóticos na maioria das granjas, sendo que alguns deles fazem parte da microbiota normal do trato respiratório.

A ocorrência de doenças é variável, no entanto, sendo influenciada pela presença, em maior ou menor grau, dos fatores de risco ambientais e de manejo que predispõem os animais às infecções, além de se apresentar de forma clínica ou subclínica.

66 Bromexina
suíno
Brasil 3º Trimestre 2023 | Eficácia da Bromexina na diminuição da viscosidade muco nasal e pulmonar em suínos Equipe Técnica Suíno - Vetanco Brasil

A pneumonia enzoótica suína é uma das principais causas de perdas na produção de suínos.

O agente etiológico desta enfermidade, o Mycoplasma hyopneumoniae, não possui parede celular, fazendo com que muitos antibióticos sejam ineficientes contra esse agente e dificultando o tratamento dos animais doentes.

Também é um dos principais contribuintes para o Complexo das Doenças Respiratórias de Suínos, que envolve outros agentes.

Na associação de Mycoplasma hyopneumoniae com outros agentes secundários pode ser observada uma tosse produtiva e, em alguns casos, corrimento nasal mucoso ou muco catarral.

O Actinobacillus pleuropneumoniae, por sua vez, causa uma lesão pulmonar caracterizada por broncopneumonia brinosa.

A interação desses patógenos causa enormes perdas econômicas direta ou indiretamente, de acordo com suas apresentações e a gravidade das lesões.

A Influenza suína também faz parte do complexo das doenças respiratórias dos suínos e é uma das principais causas de pneumonia viral. Além de agente primário, o vírus também predispõe os animais ao surgimento de pneumonia bacteriana secundária.

Na infecção por Glaesserella parasuis podemos encontrar broncopneumonia exsudativa brinopurulenta.

Já no caso de infecção por Pasteurella multocida, a maioria das cepas atuam como agentes secundários e o tipo de lesão que produzem pode variar de broncopneumonia brinosa a broncopneumonia catarral purulenta.

67 Bromexina suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Eficácia da Bromexina na diminuição da viscosidade muco nasal e pulmonar em suínos

Os sinais clínicos típicos de influenza são caracterizados por:

Febre

Apatia

Redução de consumo de ração

Dispnéia

Tosse crônica

Espirro

Conjuntivite

Grande produção de exsudato mucopurulento o qual resulta em descarga nasal

O curso dura entre dois e sete dias e observa-se um acometimento de muitos suínos do rebanho.

Todas estas lesões citadas anteriormente causam severa dificuldade respiratória, resultando em diminuição do desempenho e, como consequências dessas pneumonias para o sistema de produção, podemos citar:

Aumento da mortalidade,

Aumento dos custos de produção

Como importante ferramenta no auxílio do controle dos desafios respiratórios supracitados temos a bromexina, que reduz a viscosidade do muco e ativa o epitélio ciliar, facilitando desta maneira o transporte e a expulsão de tal conteúdo junto aos agentes patogênicos.

Essa molécula vem sendo amplamente utilizada na medicina humana e veterinária pela eficácia no tratamento de infecções do sistema respiratório.

68 Bromexina suíno
Brasil
Trimestre 2023 | Eficácia da Bromexina na diminuição da viscosidade muco nasal e pulmonar em suínos
Piora na e ciência alimentar, Aumento dos gastos com medicamentos,
Além das condenações de carcaças no frigorí co.

A bromexina altera as estruturas das secreções brônquicas pela fragmentação das fibras mucopolissacarídeas, proporcionando a redução da viscosidade e melhorando o processo respiratório.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado na fase de creche. Foram utilizados 36 leitões, com peso entre 15 e 18 kg, divididos em 3 tratamentos, 4 animais por grupo com 3 repetições.

Grupo A: designado como controle

Grupo B: tratado com Bromexina via oral (água de bebida) na dose de 1 mg/kg, por três dias consecutivos e

Grupo C: tratado com Bromexina via spray na dose de 1 mg/kg por três dias consecutivos.

As lavagens traqueobrônquicas foram realizadas nos dias zero, dois e quatro do experimento para todos os grupos. Todas as amostras de lavagem traqueopulmonar foram avaliadas para medição de viscosidade.

Visando reduzir os sinais clínicos dos animais e mitigar as perdas supracitadas, foi conduzido um estudo com o objetivo de avaliar a eficácia da bromexina ( BROMESOL®) para a redução da viscosidade do muco a nível nasal e pulmonar em leitões desmamados.

Foi utilizado o programa estatístico StatGraphics 18, realizado para análise estatística ANOVA com nível de significância P < 0,05. Para determinar a densidade das amostras, foi utilizado um picnômetro.

Com o uso da água como solução conhecida e com a fórmula padrão, foi possível determinar a densidade dos lavados traqueobrônquicos, utilizando o Viscômetro de Ostwald para determinar a viscosidade.

69 Bromexina suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Eficácia
da Bromexina na diminuição da viscosidade muco nasal e pulmonar em suínos

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados de viscosidade dos lavados traqueobrônquicos, bem como os pesos médios dos animais utilizados no experimento, estão expressos na Tabela 1

Tabela 1. Indicadores de acordo com tratamentos experimentais.

A: Controle negativo; B: Bromexina via oral (1 mg/kg); C: Bromexina via spray (7,5%). a, b médias seguidas de letras distintas na linha indicam diferença estatística (P < 0,05). * Os valores de densidade são expressos em mPa.s – Milipascal/segundo.

Da mesma forma que, no Gráfico 1, observa-se a dispersão dos resultados de viscosidade de acordo com os diferentes grupos.

Gráfico 1. Dispersão dos resultados de viscosidade de acordo com os diferentes grupos *. A: Controle negativo; B: Bromexina via oral (1 mg/kg); C: Bromexina via spray (7,5%). * Os valores de densidade são expressos em mPa.s – Milipascal/segundo.

70 Bromexina suíno
Brasil
Trimestre 2023 | Eficácia da Bromexina na diminuição da viscosidade muco nasal e pulmonar em suínos
Indicadores Tratamentos A B C Número de Animais 12 12 12 Peso dos Leitões 15,808 15,867 15,875 Viscosidade 2,177b 1,427a 1,677a P valor 0,1299 0,007 0,0356 CV (%) 0,39 7,33 3,88 Viscosidade Dispersão das Amostras Grupo A 2,5 2,3 2,1 1,9 1,7 1,5 1,3 Grupo B Grupo C

Os animais do Grupo A (controle negativo) apresentaram o maior índice de viscosidade. Em contrapartida, os animais dos Grupos B e C (tratamentos com Bromexina) apresentaram índices de viscosidade mais baixos, ou seja, evidenciaram-se os efeitos esperados do princípio ativo, principalmente no que se refere ao efeito de fluidificação do muco.

Não houve diferença estatística entre às vias de aplicação para os Grupo B (água de bebida) e Grupo C (spray), o que permite que a Bromexina seja utilizada de diferentes formas de aplicação.

CONCLUSÃO

A Bromexina tem ação mucolítica alterando as estruturas das secreções brônquicas pela fragmentação das fibras mucopolissacarídicas, proporcionando a redução da viscosidade, corroborando com os resultados encontrados neste trabalho.

A Bromexina é capaz de reduzir a viscosidade das secreções das vias aéreas de suínos após três dias de tratamento via água de bebida e/ou spray.

71 Bromexina suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Eficácia
da Bromexina na diminuição da viscosidade muco nasal e pulmonar em suínos Referências bibliográficas sob consulta dos autores Eficácia da Bromexina na diminuição da viscosidade muco nasal e pulmonar em suínos BAIXAR EM PDF

Atualmente, a taxa de crescimento da população mundial é de 1,1% (ONU, 2020). A projeção da ONU é que o mundo atinja os 8,5 bilhões de habitantes em 2030 e 9,7 bilhões em 2050.

Segundo a FAO (2015), cerca de 805 milhões de pessoas no mundo não têm comida suficiente para levar uma vida saudável e ativa.

BIOSSEGURIDADE E SUSTENTABILIDADE NA PRODUÇÃO DE SUÍNOS: ONDE SE ENCAIXAM ESSES E OUTROS NOVOS CONCEITOS?

O crescimento populacional, o aumento no consumo e na renda per capita e a expansão das cidades nas próximas décadas fazem mais presente o debate sobre a incapacidade de atender às novas necessidades humanas. Pelo lado da oferta, restrições sobre a produtividade ampliam a dimensão do problema.

Dentre as ofertas de alimento e pensando em termos de proteína de alta qualidade para alimentar a crescente população mundial – a Carne Suína atende aos variados requisitos.

72 Biosseguridade suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Biosseguridade e Sustentabilidade na produção de Suínos: onde se encaixam esses e outros novos conceitos?

Para atingir esse objetivo, a suinocultura precisa aumentar a produção sem aumentar o uso da terra, e é necessário olhar para o interior das granjas para criar produtos suínos mais sustentáveis.

A resistência Antimicrobiana e Uso Racional de Antimicrobianos

“A resistência Antimicrobiana é um problema global de saúde humana e animal que é influenciado pelo uso de agentes antimicrobianos tanto na medicina humana quanto na veterinária. E dentro do conceito de One Health ela se tornou mais importante.”

Biossegurança

Cuidados com o meio ambiente

Bem-estar-animal, cuidados com o meio ambiente e sustentabilidade são palavras de ordem dentro da produção de suínos. E a estes termos vem somar conceitos como Biossegurança e Biosseguridade.

Um ponto importante para compreender a evolução da resistência aos antimicrobianos é entender como ocorre a seleção de bactérias resistentes aos antimicrobianos.

O Brasil como o quarto maior produtor e o quarto maior exportador de carne suína e com uma suinocultura altamente tecnificada tem amplas condições de sair na vanguarda destes conceitos.

O primeiro conceito importante é que o antimicrobiano não gera a resistência, mas exerce pressão seletiva em uma determinada população bacteriana, favorecendo a seleção e o crescimento de bactérias resistentes, que existem naturalmente.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta o fenômeno da resistência bacteriana como uma das ameaças à sobrevivência da espécie humana no século 21.

73 Biosseguridade suíno
2023
Brasil
Trimestre
| Biosseguridade
e Sustentabilidade na produção de Suínos: onde se encaixam esses e outros novos conceitos? Bem-estar animal
Sustentabilidade Biosseguridade

Em um relatório financiado pelo National Health Service (NHS) e a Wellcome Trust do Reino Unido, publicado em 2016, indicou que caso medidas eficazes não sejam implementadas no controle da disseminação de bactérias multirresistentes (MDR) aliadas ao uso racional dos antimicrobianos, 10 milhões de pessoas irão morrer de infecção causadas por bactérias MDR no ano de 2050, sendo a grande maioria em regiões menos desenvolvidas, como parte da Ásia e a África.

Destacam-se três formas distintas de uso dos antimicrobianos:

Para prevenção de doenças (profilático ou metafilático),

Como melhoradores de desempenho (AMD) e

Para fins de tratamento.

Com o propósito de prevenir um possível surto de doenças, os antimicrobianos são usados como profilático (animal) ou metafilático (rebanho) por um período determinado de tempo (5 a 10 dias).

Na Tese de Doutorado do Dr. Maurício Cabral Dutra, vinte e cinco sistemas de produção de suínos foram selecionados abrangendo todos os Estados de maior representatividade na produção de suínos nacional. Granjas de produtores independentes com número de matrizes alojadas variando de 150 a 15000, totalizando 61.410 matrizes

74 Biosseguridade
suínoBrasil
Trimestre
2023 |
Biosseguridade e Sustentabilidade na produção de Suínos: onde se encaixam esses e outros novos conceitos?

O estudo revelou o uso médio de 358,0 mg de diferentes antimicrobianos/ kg de suíno produzido nos 25 sistemas de produção pesquisados, sendo este valor considerado elevado, quando comparado à tendência global de 172,0 mg, bem como período médio de exposição de 66,3% da vida dos animais e exposição à sete diferentes princípios ativos em média, variando de dois a 11.

No dia 15 de maio de 2023, o MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária) publicou a Portaria Nº 798, que revoga as Instruções Normativas Nº 65/2006 e Nº 14/2016, trazendo as novas regras para a fabricação e emprego de produtos destinados à alimentação animal com medicamentos de uso veterinário.

Antibióticos serão sempre utilizados na medicina veterinária devido a doenças que requerem o seu uso, seja para cura da enfermidade ou para aliviar os sintomas de uma infecção.

MORÉS (2014) aponta que grande parte dos suínos no Brasil recebem rotineiramente antimicrobianos na dieta, seja como promotor de crescimento, tratamento ou preventivamente, a fim de suavizar um possível cenário de doença.

As instruções normativas restritivas do MAPA proíbem ou restringem o uso em alguma espécie definida.

As mais recentes na suinocultura são:

A IN 45/2016, que proíbe a importação e a fabricação da substância antimicrobiana sulfato de Colistina, com a finalidade de aditivo zootécnico melhorador de desempenho na alimentação animal,

E a IN 1/2020, que proíbe a importação, a fabricação, a comercialização e o uso de aditivos melhoradores de desempenho que contenham os antimicrobianos Tilosina, Licomicina e Tiamulina, classificados como importantes na medicina humana (MAPA, 2021).

Porém, a palavra de ordem atual condiciona-se ao uso Moderado ou Racional dos antimicrobianos no rebanho animal, evitando a utilização daqueles usados na medicina humana.

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3º Trimestre 2023 |
Brasil
Biosseguridade
e Sustentabilidade na produção de Suínos: onde se encaixam esses e outros novos conceitos?

Biossegurança e Biosseguridade

A preocupação com Biosseguridade na produção intensiva de suínos aumentou com a Diarreia Epidêmica e, desde 2018, com o agravamento da disseminação da Peste Suína Africana, na China e em outros países asiáticos bem como na Europa, com grande impacto no mercado de carnes.

Biosseguridade é, por isso, tema estratégico para a OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal), FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentos), governos, instituições de pesquisa e para o agronegócio.

Biosseguridade é um conceito complementar ao de biossegurança. Nos Códigos Zoosanitários da OMSA, Biosseguridade é definida como: “um conjunto de medidas físicas e de gestão desenhadas para reduzir o risco de introdução, estabelecimento e disseminação de doenças animais, infecções ou infestações, para, de e entre uma população animal.” (OMSA, 2019)

No Brasil, foram criadas algumas iniciativas para avaliação da Biosseguridade em granjas suínas, como a Instrução Normativa nº 19/2002, (MAPA, 2017) que estabeleceu critérios e pontuação para medidas de Biosseguridade em granjas de reprodutores para certificação sanitária (GRSC), que estão sendo revistos.

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Brasil
Trimestre
Biosseguridade
e Sustentabilidade na produção de Suínos: onde se encaixam esses e outros novos conceitos?

MORÉS et al. (2017) estabeleceram, com um painel de especialistas, critérios mínimos para Biosseguridade em granjas comerciais para o abate, que foram testados na região sul e MS, com vistas ao desenvolvimento de um futuro escopo legal do MAPA sobre este tema.

A Biosseguridade pode ser dividida em duas partes:

Externa (BE): refere-se às medidas direcionadas para impedir a entrada de patógenos nos rebanhos;

E a Biosseguridade interna (BI): referese às medidas direcionadas a controlar a proliferação e disseminação de patógenos no interior do rebanho, essencial para redução no uso de antimicrobianos.

Postma et al. (2015), aplicou um questionário aos veterinários europeus, ativos na produção de suínos, sobre o que eles considerariam ser as alternativas mais válidas para a redução do uso de antimicronianos nas granjas, tendo em vista a eficácia esperada, viabilidade e retorno do investimento das medidas.

Os resultados indicaram que os profissionais acreditam que as alternativas mais promissoras para o uso racional são, por ordem de prioridade:

Melhoria da biossegurança,

Aumento e melhoria da vacinação,

Biosseguridade interna, juntamente com programa adequado de vacinação e controle de fatores de risco são fundamentais para manutenção da saúde dos rebanhos e a utilização racional de ATM.

Biosseguridade
suíno
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Na nossa prática, de consultoria técnica em granjas, nós poderíamos citar alguns pontos que começam com a Biosseguridade externa, mas tem sua potencialização dentro das granjas:

Fechamento da granja controle de entrada de pessoas, cerca perimetral, portão de entrada e placas sinalizadoras.

Visitantes Banho, troca de roupa, lavagem das mãos

Fluxo de animais Número de coberturas semanais – superlotação de instalações

Limitar transferência de leitões nas primeiras 24 horas após o nascimento

Pessoal da granja

Uso de uniforme –periodicamente trocados

Quarentena

Teste dos animais que chegam à granja

Rebanho fechado Reposição – se possível trabalhar com avós

Treinamento da equipe de colaboradores da granja

Combate a roedores, moscas e outras pragas Trabalhar com sistema de auditoria em Biosseguridade

Produção Sustentável

O grande foco da suinocultura atual está voltado à crescente demanda por Sustentabilidade.

Sustentabilidade está baseada nos princípios de fazer mais com menos, deixando recursos suficientes para as gerações futuras, minimizando o impacto sobre o planeta e atuando no melhor interesse da sociedade.

Investir em bomba de lavagem, detergente e desinfetante

Cuidados no transporte de animais Caminhões contaminados Colostro Sempre da mãe biológica

Abolir o uso preventivo de antimicrobianos na maternidade Tanto em leitões quanto em porcas

Na indústria suína, sustentabilidade significa fazer escolhas que beneficiem o bem-estar dos animais, das pessoas envolvidas e do planeta, enquanto mantém a lucratividade da atividade.

Uma das tendências da sustentabilidade está na resistência antimicrobiana que se refere a um longo período de efetividade dos agentes antimicrobianos na medicina humana enquanto minimiza o risco de resistência a patógenos.

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Estudos mostraram que a produção de ração para suínos tem impactos ambientais significativos nos sistemas de produção de carne suína, devido às emissões de gases de efeito estufa e ao uso de energia e recursos não renováveis. Além disso, a administração de antibióticos na alimentação de suínos como promotores de crescimento suscitou sérias preocupações, uma vez que os antibióticos presentes na alimentação animal entrarão na cadeia alimentar e afetarão diretamente o ambiente.

E num futuro, não muito distante, a ESG sigla para Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança) será a tendência nas empresas agropecuárias, inclusive na suinocultura. O termo funciona como um parâmetro para avaliação das empresas em relação às práticas de desenvolvimento sustentáveis.

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79 Biosseguridade suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Biosseguridade
e Sustentabilidade na produção de Suínos: onde se encaixam esses e outros novos conceitos?
Desta forma, o grande objetivo é trabalhar por uma Suinocultura Responsável, respeitando o Bem-estar dos animais e comprometida com a Sustentabilidade.

MANEJO DE COLOSTRO

Ocolostro tem diversos componentes e funções de nutrição e imunidade do recémnascido e que serão determinantes para sua sobrevivência, já que nasce praticamente agamaglobulinêmico e com baixas reservas de energia orgânica.

A função imunológica do colostro é a transferência da imunidade da matriz, seja ela adquirida ao longo da vida com a exposição natural aos patógenos ambientais, seja através da vacinação na fase final de gestação, protegendo-os dos primeiros desafios sanitários e até que se tornem imunocompetentes.

A única maneira de efetivar essa transferência é com a ingestão adequada do colostro em quantidade e em um determinado período O colostro é composto de imunoglobulinas (a IgG e IgM são absorvidas e transferidas para a circulação e a IgA é pobremente absorvida e tem um papel essencial na proteção da mucosa intestinal), linfócitos (que são absorvidos e rapidamente transferidos para todo o organismo), macrófagos e neutrófilos (que são células fagocíticas essenciais) e fatores imunomoduladores (a lactoferrina, a lactoperoxidase e a transferrina são conhecidas por sua atividade antimicrobiana), além das citocinas (têm um papel na resposta aos patógenos e estimulam a diferenciação das células que produzem IgA no intestino do leitão).

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A ingestão adequada de colostro se caracteriza como um dos principais fatores relacionados à sobrevivência neonatal de suínos.

E para garantir o consumo de colostro são adotadas práticas de manejo na rotina da granja e, o Grupo Aro, localizado em Raul Soares - MG, recepcionou a suínoBrasil para compartilhar as principais práticas adotadas na granja e o Zootecnista, Fábio Júnior, esclareceu alguns questionamentos sobre o manejo de colostro.

Tendo vista, que o colostro é a única maneira de transferência de imunidade da mãe para o neonato,

“Devemos estar atentos para o fornecimento de colostro, primeira fonte de defesa dos leitões”, ressalta o Gerente Fábio Júnior.

Qual é a quantidade de colostro a ser ingerida pelo leitão necessária para garantir sua a sobrevivência?

Vamos iniciar esclarecendo e reforçando, por que é necessário o fornecimento de colostro ao leitão recém-nascido?

Pode-se dizer que o colostro é a primeira “vacina” do leitão. Isso porque, o tipo de placenta do suíno (epiteliocorial difusa) não permite a passagem de determinadas moléculas da circulação materna para os fetos, como as imunoglobulinas.

Portanto, não há transferência de imunoglobulinas materna para os fetos, e os leitões nascem sem defesas específicas (agamaglobulinêmico) para determinados patógenos que existem no ambiente.

Literaturas recentes indicam que a quantidade ideal de colostro ingerida necessária para garantir a sobrevivência do leitão seria de mais de 200 g/kg de peso vivo ao nascimento.

Sendo assim, um leitão com peso médio de 1,350kg, deveria ingerir 270g de colostro até o final de suas primeiras 24h.

81 Entrevista
suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Manejo de colostro
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O colostro é produzido durante quanto tempo após o parto? Quais cuidados são necessários para garantir o consumo uniforme por toda a leitegada?

A secreção de colostro inicia antes do parto e dura, aproximadamente, 24 horas após o início do mesmo.

“E o colostro mais rico em imunoglobulinas e nutrientes é excretado nas seis primeiras horas após o parto”!

Olhar atento!

Durante a rotina de granja devemos estar atentos aos partos que acontecem na maternidade e acompanhar os horários, número de leitões nascidos, variação de peso, disponibilidade de tetos a fim de garantir o consumo uniforme de colostro.

Outra técnica adotada na granja é o revezamento 30/30, que consiste em manter os leitões no escamoteador durante 30 minutos e 30 minutos de acesso à fêmea.

“Dessa forma é possível fornecer conforto térmico ao leitão e, além disso, fêmea poderá levantar e deitar, tendo acesso à água e ração sem riscos de provocar esmagamentos dos neonatos”, explica Fábio.

Quais são os principais fatores ligados ao leitão que influenciam a ingestão do colostro?

Os principais fatores ligados ao leitão que influenciam na ingestão do colostro são:

“Por exemplo, para uma fêmea que pariu 16 leitões e só possui 14 tetos é feito a marcação em quatro leitões (com cores distintas, dois vermelhos e dois azuis) e o acesso ao teto é revezado entre as duplas, que ora está no escamoteador e ora mamando com o restante da leitegada”, explica Fábio.

Entrevista
Peso ao nascimento Ordem de nascimento Estresse pelo frio

“Os leitões de baixo peso ao nascimento são mais predispostos ao estresse pelo frio, demoram mais a alcançar o aparelho mamário e os leitões que perdem temperatura corporal por estarem expostos ao frio ingerem menor quantidade de colostro,” ressalta Fábio.

Quais as principais características de uma fêmea mãe de leite?

A nossa granja hoje possui fêmeas hiperprolíferas e é realizado a padronização das leitegadas e os leitões excedentes são direcionados para as matrizes selecionadas mãe-de-leite. E as principais características para uma fêmea mãe-deleite são:

Aparelho mamário bem formado, sem edemas

Melhor escore corporal

Fêmeas que já tenham sido mães-de-leite

Fêmeas multíparas

A prática do “Desmame + 1” é adotada aqui na granja? Quais aspectos devem ser considerados para a adoção dessa prática?

No Grupo Aro essa técnica ainda não foi adotada e para a adoção da prática iremos reestruturar a metodologia de trabalho com os nossos colaboradores, bem como o manejo com as matrizes.

“Não é algo simples, exige uma preparação, a equipe deve estar alinhada para execução e sucesso da técnica. Sabemos do impacto econômico de um leitão a mais ao pé da matriz, mas devemos ser cautelosos pois estamos falando da vida do leitão e da produtividade da fêmea”, conclui Fábio.

Assista à entrevista completa em nosso canal no Youtube, AgriNews TV Brasil.

84 Entrevista suínoBrasil 3º Trimestre 2023 | Manejo de colostro
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