Alice clayton-nuts

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DISPONIBILIZAÇÃO: JUUH ALVES TRADUÇÃO: REVISÃO INICIAL: Elisabeth REVISÃO FINAL: DADÁ, Adriana Guisi LEITURA FINAL: Juuh, Stella FORMATAÇÃO: DADÁ


LANÇAMENTO Próximo:

CREAM OF THE CROP A história de Natalie


Roxie Callahan é a chef particular de algumas das mais ricas e mais sórdidas esposas contadoras de calorias de Hollywood. Porém, pós um desastre com laticínios, sua carreira cuidadosamente trabalhada foi por água abaixo, e ela encontra-se agora de volta para sua casa no interior de Nova York, resgatando sua mãe hippie e tomando conta do restaurante da família. Quando o lindo fazendeiro local Leo Maxwell oferece-lhe um monte encantador de nozes orgânicas, Roxie se pergunta se um verão de volta em casa é realmente uma ideia tão ruim, afinal. Leo está fortemente envolvido no movimento de comida sustentável, e ele gosta de tomar seu tempo lentamente. Em todas as coisas. Roxie está determinada a voltar para a costa oeste assim que o verão terminar, mas a atração por preguiçosos vaga-lumes e seu próprio ‘Almanzo Wilder’ será suficiente para mantê-la bem em casa? Salgado. Picante. Doce. Nozes? Vá em frente, pegue um punhado.


"Ok, vamos ver. Caldo dashi está feito. Bok choy está torrado; camarão está no ponto. Sem glúten, tanto quanto os olhos podem ver", disse a mim mesma, inclinando-me sobre o balcão de aço inoxidável da cozinha mais bonita já criada. Se você gosta do estilo retrô Califórnia moderna. Mas, e quem não gosta? Milhas e milhas de aço inoxidável e concreto polido. Inúmeros aparelhos e ferramentas de chefs estavam contra os azulejos de metrô em formato de espinha, brilhantes e intocados pelas mãos de seu dono. Tocados apenas pela minha mão de chef particular e matadora do glúten malvado nesta terra de cabelos louros e moda. Especificamente, Hollywood. Especificamente, Bel Air. Especificamente, a casa de Mitzi St. Renee, esposa de um famoso produtor e caçador de talentos que é adepto ao lema ‘a juventude nunca termina’. Aos trinta e dois anos (quem teria pensado que alguém apenas cinco anos mais velha do que eu poderia falar comigo com tanta superioridade?), e numa cidade onde trinta era o ponto de referência para homens mais velhos que se casam por amor aos peitos, Mitzi


estava obviamente preocupada com a sua idade. Segurando uma calda, eu fiz uma pausa para considerar: peitos... Peitos que pertenciam a uma mulher bonita. Peitos que estavam numa mulher não muito agradável. Peitos que estavam numa idiota, verdade seja dita. Eu balancei a cabeça para limpá-la, e comecei a cortar o melão. Cubos de uma polegada com bordas nítidas; sem cantos arredondados aqui. Em seguida foram bolas de melão, arredondadas e gordas. Sem buracos irregulares; apenas bolas simplesmente perfeitas. Prestei atenção como isso soou na minha cabeça e bufei, mudando-me para os triângulos de melancia. Aguda. Obtuso. Será que Mitzi aprecia as habilidades de faca que estavam em sua tigela de frutas? Duvidoso. Será que ela percebe a geometria culinária que compôs sua explosão de energia? Provavelmente não. Ninguém notou a perfeição dos meus melões, mas com toda a certeza notaram os dela. Parei meu diálogo interno e mudei-me para a montagem da bandeja de Mitzi; ela gostava do seu jantar servido exatamente às 18h 30min. Algumas pessoas contratam chefs privados apenas para fazer o cozimento. Alguns até mesmo levam o crédito enquanto os chefs ficam escondidos na cozinha. E outros assumem que só porque trabalhamos na cozinha e fomos pago para cozinhar, que também somos mordomos da noite. Mas, considerando quanto Mitzi me paga, eu estava bem em servir seu à moda asiática, com baixo teor calórico e muito saboroso jantar numa bandeja em sua sala de jantar. Quando eu estava puxando a acelga chinesa do forno, meu telefone tocou de repente, surpreendendo-me e fazendo-me bater com a mão na borda interior do forno. Sibilando de dor, ainda consegui segurar a travessa antes de deixá-la cair. Verificando a temperatura do forno, rapidamente abaixei-a, em seguida, olhei para a acelga por um longo tempo. Selecionando as partes mais verdes e a mais puras, cuidadosamente coloquei as melhores folhas no centro de uma bacia de


porcelana branca, criando uma pequena torre verde, e logo em seguida o temporizador do forno tocou, alertando-me que estava pronto. Escalfado em um caldo, com uma leve sugestão de pimentão tailandês e canela, tudo rosado e perfeito. Empilhando tudo em cima das acelgas (simetria, sempre simetria), eu, então, polvilhei cebolinha cortada em viés, alho em conserva e chalotas, que tinham sido ligeiramente bronzeados em óleo de amendoim (um segredo que nunca seria divulgado a Miss Maníaca das Calorias) em voz alta. Coloquei o prato sobre uma bandeja esmaltada, e então derramei o caldo dashi numa jarra de porcelana branca. Depois disso, servi exatamente três quartos de xícara de arroz de jasmim perfumado com kaffir de limão numa tigela de harmonização. O controle das porções era essencial para manter um estilo de vida tamanho zero numa cidade fitness. Quando eu estava recolhendo a bandeja para levar para a sala de jantar, meu telefone tocou novamente. Eu bati desligar mais uma vez, e, vendo o horário, internamente me amaldiçoei por deixar o relógio chegar até 06:32 sem que eu percebesse. Na sala de jantar, minha cliente estava sentada na cabeceira da mesa; ela ia comer sozinha, como de costume. O marido estava sempre trabalhando. Mas, todo sentimento de compaixão que eu poderia ter sentido por ela desapareceu quando ela deu um show ao olhar para o relógio. "Sinto muito que é um pouco tarde; o bok choy (acelga) precisava apenas de um pouco mais de tempo hoje à noite.” Eu gorjeei, baixando a bandeja e servindo-a pela esquerda. "Oh, Roxie, o que são quatro minutos? Quero dizer, quatro minutos aqui, sete minutos lá, vamos apenas relaxar todas as regras, não é?" Ela cantarolou quando eu servi o caldo do jarro, circulando-o em torno do centro. Ela paga bem. Muito bem.


Rangendo os dentes, eu sorri para sua testa cheia de botox e afastei a jarra vazia. Eu voltei para a cozinha para terminar sua "sobremesa" e seu café, bem como iniciar seu café da manhã e almoço para o dia seguinte, e limpar. A palavra ‘sobremesa’ estava grifada em neon dentro da minha cabeça, já que era difícil visualizar tão linda palavra sendo aplicada à biscoitos wafer sem açúcar e raspadinha de limão e gelo. Eu não me oponho à raspadinha de limão, ou aos "cookies" que, diga-se de passagem, também precisavam passar pelo ‘tratamento dieta’. Mas isso não era sobremesa. A única coisa na qual eu poderia exagerar aqui era na maneira que Mitzi tomava seu café. Mix de Kona assado escuro com uma - e apenas uma! - colher de sopa cheia de gorduroso chantilly caseiro. Mitzi permitia-se esse deleite diário, pelo menos. Hey, não cabe a mim dizer a alguém onde gastar suas “calorias extras". Wow, muitas citações hoje à noite. Peguei o misturador de aço inoxidável, tirei uma tigela do congelador e derramei pouco mais de meia xícara de creme de leite fresco. A garrafa estava quase vazia; eu teria que acrescentar mais um item à sua lista de mercado. Eu faço uma lista de compras para ela a cada semana, em seguida, venho ao longo de vários dias para preparar as refeições que ela precisa. E duas vezes por semana eu cozinho para ela também. Adicionando ao creme uma colher de chá de baunilha de Madagascar e exatamente duas colheres de chá de açúcar, deixei-o batendo enquanto arrumo a cozinha, ignorando o sinal vindo do meu telefone a partir das duas chamadas que eu tinha perdido enquanto servia o dashi. Mantendo um olho sobre o chantilly e uma orelha na sala de jantar, eu soquei o café na cafeteira, ajeitando-o para preparar exatamente


113,5g de café expresso. Meu telefone tocou contra o balcão de aço inoxidável, e eu vi que ele estava chamando outra vez quando fechei a máquina Breville cara. Fechei os olhos em frustração e atendi. "Olá trabalhando. Posso ligar de volta para você mais tarde?"

mãe. Estou

"Depende. Você vai me ligar de volta hoje à noite?" "Eu vou tentar", respondi, lutando com o bico de espuma da máquina de café expresso. "Você vai tentar?" "Eu vou, ok?" "Você promete?" "Sim, eu prometo que eu vou... Oh, cara!" "Qual o problema? Você está bem, Roxie?" "Eu estou bem, apenas um pequeno acidente na cozinha. Eu te ligo mais tarde". Eu desliguei, olhando para a tigela de chantilly. Agora eu precisava descobrir como explicar a Mitzi St. Renee, uma mulher cuja vida dependia de sua capacidade de parecer bonita e manter um corpo requintado, e cuja única indulgência era o seu café à noite, que em vez de fazer o creme de chantilly billowy macio... Eu tinha feito manteiga. Merda.


Despedida? Sim, despedida! POR. MANTEIGA. Sentei-me no meu carro fora da casa de Mitzi, olhando para as montanhas. Eu tinha embalado minhas facas, pego meu último cheque de suas unhas de gel perfeitamente bem cuidadas, em seguida, marchei em direção ao meu Jeep Wagoneer 1982. Merda. Manteiga. Eu deveria ter pensado melhor antes de dar as costas ao creme que estava sendo batido, já que chantilly é o tipo de coisa que pode desandar de picos firmes para guinchos amanteigados em segundos. Meu telefone tocou novamente e o rosto da minha mãe apareceu na tela, com tranças castanhas e crespas e uma margarida atrás da orelha. Hippie de segunda geração. Woodstock parte dois. Eu tinha herdado o cabelo dela, mas meus olhos vieram do meu pai. Eu nunca o conheci, mas minha mãe dizia que podia perceber os nossos humores com base em nossa cor dos olhos. Avelã quando estou calma, um pouco de azul quando estou bem e um pouco de verde quando estou cansada... Eu ouvi a porta da frente e vi Mitzi descendo as escadas, provavelmente para me dizer que era hora de sair. Então liguei o motor, e acenei adeus com um dedo bem específico a mostra. Nada profissional, eu sei, mas eu não precisava mais me preocupar com o que ela pensava, de qualquer maneira. Resmunguei para mim mesma durante todo o caminho de casa, o que era um feito bastante considerável uma vez que eu tinha que cruzar toda a cidade para chegar ao outro lado das montanhas, onde eu morava. Lá as casas eram consideravelmente menores, dando lugar a blocos e blocos de prédios de apartamentos cheios até rebentar com jovens esperançosos. Quando me aproximei do meu prédio, meu telefone tocou. Mais uma vez.


"Você realmente não podia esperar até eu ligar de volta?" Eu disse enquanto sua voz soava através dos alto falantes. A lei mãos livres da Califórnia garantiu que eu pudesse ouvir a voz da minha mãe ricocheteando por todos os cantos do carro, em estéreo. "Quem sabe quando isso seria? Eu estou literalmente estourando de vontade de te contar a minha notícia!" Minha mãe gritou, rindo animadamente. Eu ri, apesar de mim mesma. Minha mãe era muitas coisas, mas o seu entusiasmo era sempre difícil de resistir. "Deve ser uma grande notícia; é tarde aí. Por que você não está na cama?" Eram quase onze horas na costa leste: passada da hora de dormir. "Eh, eu vou poder dormir quando eu estiver morta. Ouça, Roxie, tenho algo fantástico para lhe dizer!" "Phish está em turnê de novo?" "Roxie...", Ela advertiu. Mordi o lábio para não dizer algo sarcástico. "Você encontrou uma nova marca de gérmen de trigo e não pode esconder seu entusiasmo?" claramente morder o lábio nem sempre funcionava. "Estou tão feliz que você goste de se divertir as custas da sua mãe, especialmente com o seu hippie genérico. Você está muito irônica esta noite", ela respondeu, sua voz ficando um pouco afiada. Eu precisava aliviar um pouco. Afinal de contas, não era inteiramente culpa dela que eu tinha sido demitida. "Sua notícia?", perguntei docemente, antes que ela pudesse sair pela tangente e dizer que a razão pela qual eu estava tão irônica era porque eu não estava recebendo quantidade suficiente de ferro. Ou sexo. Típicas coisas de mãe e filha.


"Certo! Sim! Minhas notícias! Você está sentada?" "Sim, eu estou sentada." "Eu vou estar na televisão!", Ela explodiu, terminando em um guincho. "Oh, isso é legal. O programa Cantinho do Artesanato está no ar de novo?" Nossa pequena cidade no norte do estado de Nova York tinha o seu próprio canal de acesso público, e minha mãe esteve contribuindo com ideias durante anos. Então, quando eles haviam cortado o orçamento ao meio, pediram para que ela fosse lá apresentar. Como fazer um vestido de camisola, como fazer trabalhos em biscuit, etc. Seu segmento de lanternas de papel Jiffy Pop gerou a maior pontuação de audiência já registrada. Três pontos. "Não, não, não o Cantinho do Artesanato. Você já ouviu falar do The Amazing Race?" "Claro, claro. O Canal 47 fará uma versão local?", Perguntei, chegando no meu estacionamento. "Não é o Canal 47, querida, é o show real! Eu vou estar no verdadeiro The Amazing Race!" "Espere, o quê?", perguntei, freando no pedal errado e quase atropelando uma lata de lixo. "Você me ouviu! Eu fiz o teste para o show no outono passado, quando estava em Poughkeepsie com sua tia Cheryl, e eles nos selecionaram! Nós vamos viajar ao redor do mundo!", Ela gritou. "Ok, pare de gritar. Mãe, sério, pare, ok. Ok, Olá?" Tentei falar uma palavra, mas era impossível. Ela estava jorrando nomes de cidades e países à direita e à esquerda, sua voz ficando cada vez mais animada. Cairo. Moçambique. Krakatoa.


"Krakatoa? Você vai visitar um vulcão?" "Quem sabe? Mas, esse é o ponto! Eles poderiam nos enviar para qualquer lugar! Eu estou indo numa missão!" "Com a tia Cheryl? Ela se perdeu no novo A & P. Como é que ela vai sair numa missão?" "Oh, não seja careta, Roxie," minha mãe disse, e eu pude sentir meus ombros tensos, como sempre acontecia quando ela usava esse tom. Minha mãe era um "espírito livre", e ela não podia parar sua vida só porque sua filha era como uma lesma. Uma lesma que aos quatorze anos de idade se tornou a responsável pela casa, sempre vendo se tinha comida na despensa. Ainda assim, eu fiquei feliz por ela. "Desculpe, isso soa incrível. Realmente, eu estou muito animada por você", disse, imaginando minha mãe e sua irmã tentando navegar em um bazar no Norte de África. "Quando tudo isso vai acontecer?" "Bem, esso é a coisa, querida. Partimos em duas semanas." "Duas semanas? E quem é que vai cuidar de Callahan?" "Quem você acha?", perguntou ela. Ela não estava... Não, ela não poderia pensar que eu ia sair do meu.... Não, ela nunca faria isso. . . Inferno sim, ela faria. "Você está louca? Tipo, totalmente insana?" "Apenas me ouça, Roxie-" "Te ouvir? Você quer que eu deixe a minha empresa, que está finalmente começando a chegar a algum lugar, para cozinhar numa lanchonete de esquina em Bailey Falls, New York? Enquanto você sai para um remake geriátrico da 'volta ao mundo em oitenta dias’. Tenha dó!" "Eu não posso acreditar que você me chamou de velha!"


"Eu não posso acreditar que essa é a única palavra que você ouviu!" Eu explodi. Enquanto eu estava sentada no meu carro, com os olhos esbugalhados pela audácia da minha mãe, meu celular vibrou com um texto. "Explique-me como você acha que isso pode funcionar. Como posso fazer isso?" "Fácil. Você tira uma licença aí, então dirige pra cá e cuida do jantar enquanto eu viajo." Eu tomei uma respiração, segurei-a por um momento, e em seguida, deixei o ar sair lentamente. “Uma licença." Respire. Expire. "Eu trabalho para mim mesma. Logo, uma licença significa ‘não mais negócios’. O que me leva a crer que você esta sugerindo uma licença de desemprego. Uma licença de, 'hey, clientes, peça a alguém para cozinhar para você’ enquanto eu estarei até os cotovelos numa caçarola de macarrão com atum, de volta para casa em Podunk." "Nós não servimos mais a caçarola de atum." "Nós teremos que discutir a sua audição seletiva em algum momento, você sabe", eu disse quando meu telefone vibrou com outro texto. "Mãe, eu tenho que ir. Nós podemos-" "Nós não podemos falar sobre isso mais tarde. Eu preciso saber se você pode me ajudar ou não." "Você não pode me ligar do nada e pedir…" "Não seria ‘do nada’ se você ligasse para casa mais vezes", ela disse sorrateiramente. Inspire. Expire. De repente eu pude entender perfeitamente a frase "meu sangue estava fervendo": eu podia sentir bolhas de estresse se formando dentro das minhas veias, pulsando e me aquecendo de dentro para fora. Eu tinha passado do ponto de ebulição, e estava chegando perto de escaldar. Antes que eu pudesse explodir, tentei mais uma vez.


"Aqui está a coisa, mãe. Eu preciso que você seja razoável. Eu não posso voltar para casa toda vez que você entrar em apuros ou-" "Eu não estou em apuros, Roxie. Estou-" "Talvez não neste momento, mas no funso é a mesma coisa, apenas embrulhado num bonito pacote de rede de televisão. Isso não vai mais acontecer". “Eu paguei sua faculdade, Roxie, e dois anos no American Culinary Institute. O mínimo que pode fazer é isso." OK. É isso aí. "Você sabe o quê, mãe? Não. Eu não estou fazendo nada disso“, eu disse com raiva enquanto outro texto chegava no meu celular. ”E você só pagou pelo ACI porque tinha acabado de ganhar na loteria." Ela permaneceu teimosamente em silêncio. Este era geralmente o ponto da conversa onde eu cedia. Mas não desta vez. "Ok, mãe. Enquanto você está tentando descobrir o verdadeiro significado da vida e saltar em um tanque de tubarões ao largo da costa da África do Sul com a tia Cheryl, que não sabe nadar, eu vou ficar aqui. Em Los Angeles. Trabalhando como um burro de carga, tentando construir um negócio e manter minhas próprias luzes acesas, para que eu não tenha de viver no meu carro”. Respondi enquanto mais um texto chegava. "Você realmente acha que eles vão fazer-nos entrar num tanque de tubarões?" "Oh, vá fumar um cigarro mãe!" Eu desliguei, perguntando-me como no mundo ela poderia ser ridícula o suficiente para pensar que eu largaria tudo e voltaria para casa para fazer o seu jantar. Inacreditável. Eu tinha uma vida, clientes, e eu tinha... bom senhor, outro texto? Eu olhei para o meu telefone, que apresentou seis mensagens esperando por mim. Não, sete - outra acabou de chegar. O que estava


acontecendo? Abrindo o primeiro, eu vi que era de Shawna, uma cliente. Roxie, eu não preciso que você cozinhe para mim na próxima semana. Huh. Isso foi estranho. Abri o próximo texto. Desculpe pelo aviso de última hora, mas eu vou ter que cancelar as refeições que você tem planejado para a próxima semana e na semana seguinte. Vou entrar em contato com você no futuro, talvez. Espere o quê? Miranda era outra cliente. Ela tinha estado comigo por alguns meses, recomendada por... Mitzi. Ah merda! Eu abri o próximo texto. Até o momento em que eu tinha lido todos eles, cada cliente a quem Mitzi recomendou meus serviços tinha cancelado. Desistido. Me largado. Por causa de chantilly que virou manteiga??? Ou talvez sobre o gesto do dedo obsceno? Eu odeio essa cidade. Referências eram tudo numa cidade como esta, e por causa de Mitzi St. Fodida Renee, eu era agora uma pária culinária. As metidas mulheres plasticamente refeitas e com mais dinheiro do que Deus tinham decidido acabar com a minha carreira num jogo de mentalidade de rebanho. Os poucos clientes que restaram só me chamavam ocasionalmente, para eventos ou quando seus horários permitiam. Embora eu amasse a Califórnia, realmente estava começando a odiar LA. O dinheiro era ótimo aqui, mas o dia-a-dia, ter que lidar com essas pessoas, era quase demais às vezes. E o dinheiro só era bom... até


acabar. Eu tinha acabado com a maior parte das minhas economias num novo motor para o jipe, e estava temporariamente em baixa no departamento de fluxo de caixa. Todos os clientes, todos aqueles dólares confiáveis, tinham desaparecido no espaço de um telefonema. Meu estômago deu um nó com o pensamento de ter que reconstruir meu negócio. Uma bolha de preocupação flutuou enquanto eu corria mentalmente através da minha lista de clientes, imaginando quem poderia ser capaz de usar meus serviços em tempo integral – ou, pelo menos, numa base regular. Então meu celular apitou com outro texto. Oh Deus. Mais alguém baleado no tiroteio de manteiga? Estarei novamente na cidade no meio da próxima semana. Deixe-me saber se você estiver a fim de um pouco de companhia. Graças a Deus, não foi relacionado à culinária. Embora uma vez um pote de manteiga de amendoim esteve envolvido... esqueça isso! Suspirei enquanto entrava no meu apartamento. Mitchell era meu... hmm. Não meu namorado, isso era certo. Ele era meu... brinquedo. Meu último de uma série de homens com quem eu gostava de fazer sacanagem, mas não namorar. Emocionalmente envolvidos? Interessado em longas caminhadas na praia e num parceiro para a vida? Vou passar. Sexo suado, corpos ofegantes contorcendo-se e um telefonema eventual com um mínimo de palavras e bastante confuso? Agora você está falando minha língua. Nada do tipo “como foi seu dia, querida?”. Sem “hey, Roxie, nós vamos passar por este momento difícil.” O tipo de dificuldade que Mitchell traria seria me curvar sobre a poltrona, uma de suas mãos cheias do meu cabelo e a outra cheia de meu... Pena que ele não estava aqui esta noite - eu poderia usar algo para acabar com esse excesso de


energia. Meu cérebro estava agitado, minha carreira potencialmente implodiu, e havia um sentimento de culpa à oeste de Bailey Falls, Nova Iorque. Eu precisava de paz. Eu precisava de silêncio. Meus olhos examinaram meu apartamento - pelo qual eu não podia pagar a menos que tivesse cada um dos meus clientes de volta - e se estabeleceram na garrafa de Patrón1. Além de paz e sossego, eu precisava de um limão...

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Tequila.


Eu acordei, hmm, digamos, tarde, com meu rosto coberto de polpa de limão e preso na minha poltrona de couro sintético. Eu olhei o relógio. Viva! Consegui quase quatro horas de sono assistido pela tequila. Foi uma boa noite, considerando que eu normalmente só consigo dormir, em média, cerca de três horas por noite. Sofrendo de insônia intermitente desde a escola primária, eu tinha me adaptado a dormir pouco. Tropecei para a cozinha e procurei cegamente pelo café, recusandome a pensar que fui demitida. Bocejando, peguei o café recém coado, ovos mexidos com alguns tomates, alho, espinafre e um toque de crème fraîche. Ralei um pouco de queijo sobre o produto acabado, tirei um pedaço de pão challah perfeitamente preparado da torradeira, em seguida, agarrei meu café e voltei para o couro sintético. Enquanto mastigava, uma revista tabloide sobre a mesa chamou minha atenção. Meu prazer culpado. Eu apoiava-as num carrinho de receita enquanto estava cozinhando, às vezes. Enquanto desossava um frango assado, eu tirava o atraso das fofocas em Tinseltown. Mas esta


manhã eu percebi que conhecia a pessoa na capa. Ela era uma cliente. E gostaria de pensar que talvez fosse uma amiga. Ouvi falar pela primeira vez de Grace Sheridan quando o mundo inteiro estava se concentrando em sua outra metade, Jack Hamilton. Um jovem ator britânico incrivelmente de boa aparência, ele tinha sido o queridinho do mundo da mídia por alguns anos agora, e enquanto a sua estrela continuava a brilhar, a imprensa estava constantemente especulando sobre quem era a nova paixão desse astro de cinema. À medida que o mundo descobriu que a ruiva não identificada era realmente Grace Sheridan, atriz, rapidamente a enxurrada de mídia tornou-se numa tempestade, especialmente quando ela anunciou ao mundo que eles eram um casal, tomando-o pela mão e publicamente afirmando-o como dela num tapete vermelho. Eu sabia de tudo isso a partir do que tinha lido online. Mas, quando ela me ligou um dia para me pedir para cozinhar para ela enquanto se preparava para uma nova temporada de sua série de TV de sucesso, pude começar a conhecer a mulher por trás das capas de revistas. Ela era engraçada. Ela era doce. E adorava comida. E eu estaria cozinhando para ela mais tarde hoje. Merda! Eu tinha esquecido completamente da minha cliente, aquela que estava me esperando para jantar esta noite. Eu levei cinco minutos para esfregar meu rosto e vestir algumas roupas limpas antes de pegar minhas facas e correr para o mercado. Eu tinha cozinhado para Grace no ano passado. Ela era uma fã ferrenha de comida, e também gostava de cozinhar, então só me chamava para ajudar quando sua agenda ficava muito exigente. Dois atores morando na mesma casa, ambos trabalhando em horários loucos. Quando eles contratavam um chef privado era uma vantagem para algumas pessoas, e um salva-vidas para outras.


Grace tinha sido muito franca na imprensa sobre sua inconstância peso, e ela levava sua figura muito a sério. Jack? Levava-o ainda mais sério... A primeira vez que encontrei Jack Hamilton, ele estava roubando muitos beijos de sua noiva enquanto roubava cenouras da tigela de salada em que eu estava trabalhando. Eu estava um pouco tonta por estar tão perto de uma grande estrela de cinema, mas tontura e uma faca não funcionam tão bem juntas, então eu fingi que tudo era natural e cozinhei uma refeição maravilhosa. Tão incrível que eu me tornei sua chef particular ocasional. Passeei por todo mercado, pegando coisas que eu sabia que ela gostaria: rúcula, frisee, chalotas, limões, bife cabide, alcachofras de Jerusalém, prosciutto e peras Bosc. Uma encantadora fatia de cheddar inglês. Porque, graças a Deus, Jack e Grace gostavam de sobremesa. E isso os tornava quase alienígenas numa cidade que sempre franzia a testa para a coitada da sobremesa. Então, no carrinho também acrescentei farinha, açúcar, ovos e a linda e maravilhosa manteiga. Uma hora mais tarde eu me encontrava na cozinha ensolarada de duas das estrelas mais brilhantes de Hollywood, separando massa de bolo em duas bandejas de pão, com Grace do outro lado da ilha de cozimento. "Não faz sentido você me pagar para cozinhar quando faz metade do trabalho." "Eu sou como seu chef ajudante", Grace protestou quando eu puxei um banco da cozinha e apontei para ela. "Sente-se, relaxe e fique do seu lado da cozinha, e então vou deixar você lamber isso." Eu levantei o batedor. "É uma coisa boa que Jack não está casa; ele nunca deixaria uma frase como essa passar", disse ela com uma risada. "Mas eu quero lamber isso, então vou ficar por aqui."


Sorri quando pensei em como eu mantive o domínio sobre uma das maiores estrelas da televisão com apenas um batedor de doces. Por que não poderiam todos os meus clientes ser como ela? Ela ficou em silêncio por alguns minutos enquanto lia um script, e eu trabalhei em meus bolos de limão. Mas ela nunca podia ficar calada por muito tempo... "Então, todos eles simplesmente cancelaram? Só isso?" Ela perguntou, olhando para cima de seus papéis. Eu mantive meu olho em minhas panelas. "Eu não deveria ter dito a você. Isso foi incrivelmente não profissional." "Também foi incrivelmente pouco profissional quando Jack ofereceu sexo em troca de outra porção pudim. Não profissional é como nós agimos". Bufei com a lembrança. Eu tinha feito um pudim tradicional Inglês numa noite, e Jack ficou fora de si. Tão fora de si que realmente tinha oferecido seu corpo em troca de futuros doces ingleses. Eu realmente não deveria ter descarregado tudo em Grace. Mas, em algum lugar entre guardas as compras do supermercado e a poda da alcachofra, ela tinha percebido que algo estava me incomodando. E antes que eu percebesse, toda a história tinha derramado. "Então, sua mãe quer ir em The Amazing Race, hein?" "Ugh, sim. Ideia ridícula". "Eu não sei, eu vi o show algumas vezes. Sempre parece divertido." "Oh, não é que não pareça divertido. É apenas... hmm... como explicar a minha mãe?" fiz uma pausa, batendo as fôrmas de pão sobre o balcão para retirar quaisquer bolhas de ar antes de colocá-los no forno. "Ela é uma hippie dos anos oitenta. Ela foi pega em toda aquela coisa de segunda onda".


Ela assentiu com a cabeça. "Eu me lembro disso. Compre seus brincos sinal de paz em Contempo Casuals." "Exatamente." Entreguei-lhe os batedores prometidos, e ela começou a lambê-los. "Mas ela ficou presa nessa época. Ela diz que é um espírito livre, mas eu tenho outra palavra para descrevê-la". "Irresponsável?", Ela perguntou. "Sim. Irresponsável. Ela é ok, mas quando fica toda concentrada sobre a lua estar na sétima casa, esquece de coisas como pagar a empresa de energia elétrica para manter as luzes acesas na casa. Felizmente ela me teve para cuidar do dia a dia, pelo menos. Sem mencionar os inúmeros 'tios' que estavam constantemente ao nosso redor." "Ah", disse ela, mudando para o outro batedor. "Eram todos bons rapazes, e ela simplesmente odiava ficar sozinha. Então teve certeza que isso nunca acontecesse. Ela se apaixonou por vários ‘alguéns’ que nunca preocuparam em olhar duas vezes para ela”. Minha mãe estava convencida de que cada homem que conheceu era o escolhido. Ou que o próximo seria aquele por quem ela estava esperando, quando o relacionamento anterior terminava. E eu tinha visto as consequências incontáveis disso tudo quando os príncipes finalmente se cansavam e carnificina era deixada para trás. O choro, a gritaria, a compulsão de açúcar, Van Morrison gritando sem parar na vitrola. E então o suspiro inevitável quando o próximo cara aparecia em seu laço do amor hippie. "Então ela é uma romântica?" Grace perguntou. "Você diz romântica, eu digo co-dependente." Lavei as peras na pia. "Você diz romântica, eu digo medo de ficar sozinha. Você diz romântica, eu digo por que no mundo alguém se colocaria a mercê de tanto aborrecimento e dor de cabeça "


E era exatamente por isso que eu gostava dos meus relacionamentos simples, cheios de sexo e sem amor. Meu problema para dormir era um grande motivo para garantir que os homens nunca passassem a noite, também. Uma vez que eles saíam, eu finalmente conseguia cair no sono, sozinha. Insônia acompanhada de outro ronco humano na mesma cama era a melhor receita para garantir que eu literalmente nunca conseguisse dormir. Além disso, eu não via nenhuma razão para ficar olhando sem jeito para um homem a noite toda depois que a parcela de exercício noturno tivesse sido concluída, então eu mandava-os seguirem seus caminhos. Eles não pareciam se importar, e eu evitava todas as besteiras. Grace ficou pensativa por um momento, e eu podia ver sua mente trabalhando. "Ok, então você não encara as coisas da mesma maneira que sua mãe." Eu balancei minha cabeça. "Além da busca da minha mãe pelo amor eterno, a única constante em nossas vidas foi o jantar. Eu preciso de mais controle na minha vida do que isso." "O restaurante da sua família?" "Sim, meu avô abriu o Callahan uns mil anos atrás. Comecei a lavar pratos lá quando tinha dez anos, eu acho. Consegui amar esse trabalho infantil. Quando meu avô morreu, minha mãe herdou o estabelecimento. Não é nada especial, apenas uma espécie de ponto de encontro numa cidade pequena". "Parece bom." "É, totalmente. Foi lá que eu percebi que queria ser uma chef. Mas eu nunca quis administrá-lo, nem mesmo por um curto período de tempo. Você tem alguma ideia de quanto tempo leva administrar um restaurante familiar mal sucedido? Esqueça férias. Esqueça liberdade. Esqueça uma noite tranquila. E mesmo se você está em casa, você está atendendo a telefonemas sobre uma batedeira quebrada ou um


frigorífico que está vazando, ou uma garçonete cuja unha rompeu na saladeira e sobre como devemos fechar o lugar até encontrá-la". Eu suspirei, exalando a tensão que sempre se estabelecia quando eu pensava sobre o nosso sonho americano. "Além disso, esqueça ter qualquer tipo de privacidade numa cidade como Bailey Falls: todo mundo sabe tudo sobre todos. Você é quem você é, e eles não permitem que você esqueça disso. Passei toda a minha infância vivendo na sombra da minha mãe, esperando até ter dezoito anos e poder ficar longe de casa, só para ter a chance de ser uma criança. Assim, minha mãe pensar que eu tinha que largar tudo e correr para casa.... oh, isso me irrita." "Eu posso dizer. Você descascou a pera até o caroço", disse ela suavemente, e eu olhei para baixo. Eu tinha feito exatamente isso, de fato. "Oh, pelo amor de-" Toda a casca estava empilhada na pia, juntamente com toda a pera. "Eu sinto muito, isso é terrível. Vamos falar sobre você: o que está acontecendo com você?” Jogo toda a casca no ralo e começo a trabalhar numa nova pera fresca. Ela me deu um olhar que me disse que não perdeu o jogo de ‘trocar de assunto’, mas que ia jogar junto. Ela me contou tudo sobre a nova temporada do show, então me contou alguns segredos do set do novo filme ‘Tempo’ que Jack tinha acabado de filmar. Era, uma franquia de filmes de sucesso baseado numa série de contos eróticos. Um cientista viajante temporal, visitando mulheres ao longo do tempo... não parecia uma má maneira de passar uma noite no cinema. No momento em que o jantar estava quase pronto, eu tinha quase conseguido esquecer que alguma coisa existia além do presente jantar e dos maravilhosos clientes. Eu estava apenas tirando o bife da panela e colocando-o para o lado para descansar quando um farol brilhou pela janela de trás quando um


carro estacionou na entrada da garagem. Eu me virei para ver Grace, que se iluminou tanto quanto os faróis – ela até mesmo corou um pouco. "Jack chegou!" Ela parecia tão genuinamente feliz que eu tive que sorrir também, mesmo que ela tenha me lembrado da minha mãe perpetuamente apaixonada por um momento. Olhei ao redor da cozinha, com sua cor de madeira mel quente e ilha de mármore gigante. Fotos do casal e seus amigos estavam penduradas nas paredes, em detrimento de sofisticados trabalhos de arte. Flores estavam derramadas casualmente fora de potes, e não havia nenhum enorme arranjo de florista nesta casa. Porque não era apenas uma casa, era um lar... Ao contrário de todas as outras casas em que eu cozinhei, Grace e Jack eram o impossível nesta cidade plástica: pessoas reais. Eu sentia falta de pessoas reais. Mas eu não tinha necessidade de ser a terceira roda para pessoas reais nesta noite. Assim, quando Jack entrou pela porta de trás, eu juntei minhas ferramentas. Ele imediatamente chamou sua noiva, "Venha cá, Maluquinhas, eu estive esperando para correr minhas mãos em você! Hey, Roxie." Jack sorriu preguiçosamente sobre a parte superior dos cachos ruivos de Grace quando a envolveu num abraço. "Eu esqueci que você estaria aqui hoje à noite. Cheira muito bem, o que é?" "Bife marinado num pouco de coentro e molho de soja e cortados numa cama de rúcula bebê e frisée, com alcachofra de Jerusalém assada levemente com suco de limão e queijo pecorino," eu disse, levando seus pratos para a mesa. "Jack, você também está recebendo Peras de Bosc embrulhadas em presunto, e uma fatia grande de seu pudim Inglês favorito. Grace, você só ganha as peras". "Por que ela não ganha gostosuras especiais também?", ele perguntou, sentando-se em sua cadeira e tentando puxar Grace para o seu colo.


"Eu não ganho guloseimas especiais porque tenho uma cena de sexo para filmar em duas semanas", disse ela levemente, dando um beijo na bochecha dele e mal escapando de seu colo. "E já que eu estou pulando as guloseimas, posso ter bolo mais tarde", disse ela, cavando em sua salada. "E eu posso também ter lambido os batedores." "Queria ter estado aqui para ver isso", disse Jack em voz baixa. Eu balancei a cabeça e silenciosamente terminei de limpar a cozinha enquanto eles comiam seu jantar. Que amaram. Depois que eu derramei calda de mel e limão sobre os bolos ainda quentes e me preparei para ir, Jack e Grace começaram a me implorar para ficar. "Você deve comer bolo com a gente", disse Jack, movendo-se facilmente ao redor da cozinha. Jack Hamilton com uma braçada de Tupperware: Eu poderia vender essa imagem para uma revista e nunca ter que trabalhar novamente. "Não é possível, mas obrigada pela oferta. Eu tenho que chegar em casa e arrumar algumas coisas", eu disse, deslizando minha última faca na bainha, exatamente quando meu telefone tocou. Minha triste realidade: minha mãe. Eu lidaria com ela mais tarde. "Tudo bem?", ele perguntou, preocupação evidente em seus olhos quentes. Inacreditavelmente eu senti meus olhos queimando um pouco. Engoli em seco ao redor do repentino nó na minha garganta. "Ela está bem. Vou acompanhá-la até lá fora", disse Grace, enganchando um braço no meu e indo em direção à porta dos fundos.


"Brilhante jantar, Roxie, realmente excelente. Obrigado mais uma vez," Jack respondeu, assobiando enquanto voltou sua atenção em reorganizar o interior da geladeira. Eu soltei um enorme suspiro aguado enquanto me dirigia para fora no ar da noite. "Eu sinto muito sobre isso. Eu não sei o que deu em mim agora”. Eu funguei um pouco, enxugando os olhos quando andamos em direção ao meu carro. "Você teve um péssimo dia e isso acontece. Converse com sua mãe". "Ela vai acabar me convencendo a fazer isso para ela," eu disse, colocando minhas coisas na parte de trás do meu carro. "Eu odeio dizer isso, porque iria significar que seus bolos estão saindo, mas talvez você precise de uma pausa. Talvez esta fosse uma boa ideia. Sair da cidade por um tempo, limpar sua cabeça." "Se eu sair, vou estar deixando tudo em aberto." "Você já perdeu a maior parte de seus clientes, Rox", disse ela. "Exceto por nós, é claro, seus favoritos." "Claro." Eu suspirei. "Você sabe por que eu amo cozinhar para você?" "Por que você pode olhar para Jack?" "Obviamente. Mas fora isso, eu sinto falta de cozinhar comida real. Comida caseira. Calorias que se danem." "Alimentos reais no mundo irreal. Eu ouvi isso." Grace riu. "Ligue para a sua mãe, dê sua opinião e decida o que quer fazer. Mesmo se você sair, sempre pode voltar." "Oh, eu voltarei. Levei dezoito anos para sair daquela pequena cidade, e não há nenhuma maneira que eu vá ficar lá para sempre", disse, balançando a cabeça.


"Ótimo! Se você voltar, desculpe, quando você voltar, eu vou trabalhar nas suas recomendações. Conhecemos toneladas de pessoas que poderiam precisar de uma grande chef, e nenhum deles são comedores de plástico. Vai dar tudo certo." "Vá comer o seu bolo. Eu guardei para você, exatamente 113,5g. Não mais", eu disse, subindo em minha Wagoneer. "Vamos ver", disse ela com uma piscadela. Poucos minutos depois, eu estava na metade do caminho de volta para casa, no meio do canyon. Assim que tive sinal, liguei para minha mãe. Eu escutei o que ela disse. Então, fui para casa e olhei para a minha pilha de contas, comparando-a com o meu rendimento salarial agora inexistente. Liguei para minha mãe de novo. “Roxie, já passa da meia-noite.” “Estou voltando para casa, mãe. Eu vou cuidar do restaurante. Você vai me pagar um salário. Isso vai durar exatamente o tempo que leva para você correr ao redor do mundo com a tua Cheryl. Então eu estarei saindo de novo, e não haverão mais favores. Para sempre. Fui clara?” “Ah sim. Obrigada, minha filha fantástica, obrigada! Quando você estará aqui?” “Eu vou ligar de manhã e então poderemos acertar todos os detalhes, ok? Você ganhou, mãe, então desfrute.” Eu suspirei, deitando-me na minha cama. Merda. Eu estava voltando para casa. Uma semana depois, eu tinha sublocado meu apartamento, arrumado minhas coisas, dito ao meu homem brinquedo que estava saindo durante o verão – sem ele, obvio – e começado a dirigir.


Dirigir pelo país sozinha pode ser chato, especialmente no início de uma viagem. Desculpe, Nevada, desculpe, Utah. Eu gosto do que vocês têm a oferecer ao mundo, os jogos de azar e os Osmonds e tudo mais, mas quando você está se sentindo insegura sobre suas escolhas de vida, o deserto não é um ótimo lugar para dirigir sozinha por horas a fio. Por outro lado, com apenas cactos, areia e um urubu real de testemunha, o deserto é o lugar perfeito para baixar as janelas do carro e cantar "Sweet Caroline" a plenos pulmões. Eu até fiz os meus próprios vocais de apoio, dando a cada bah- bah- bah meu tudo, e executei algumas guinadas em toda a faixa amarela que dividia a pista como forma de dança. Era possível que o deserto estivesse me enlouquecendo. Mas ele também manteve as memórias longe. Memórias que vibravam novamente entre as músicas. Pensando em passar algum tempo no leste, e talvez ver minhas melhores amigas Natalie e Clara, me fez pensar sobre quando todos nós nos encontramos e o tempo especial que tive com elas em minha vida.


Eu tinha saído de casa para o Instituto de Culinária Americana em Santa Barbara, convencida de que seria o canhão que iria atirar-me para fora na idade adulta. O lugar onde eu finalmente encontraria a vida e o destino que me eram reservados. Onde eu poderia me concentrar em mim mesma, longe das catástrofes perpétuas da minha mãe ou do constrangimento do ensino médio. Eu tinha sido uma garota tímida, embaraçosa até. Não pertencia nem aos atletas, nem aos totós, anormais ou aos nerds: eu estava numa espécie de intersecção de ninguém. Não é como se houvesse uma panelinha colegial composta por alimentos esnobes. Não havia toneladas de crianças que passavam seus fins de semana aperfeiçoando tortinhas de queijo de cabra ou fazendo degustações de azeite em seu quintal. Eu fiz ambos. Eu era tímida; Eu era toda cotovelos e joelhos, e corava sempre que alguém olhava para mim. Eu até atrapalhei o meu caminho através da minha primeira grande sessão de amasso com um estudante de intercâmbio da Finlândia, depois de ficar bêbada com bebidas contrabandeadas. Ele tocou meus seios e eu gostei. Mas então vomitei. Ele nunca ligou de novo. Uma vez eu tinha prendido o zíper do meu casaco num nó no meu cabelo na hora do almoço, e passado cinco minutos tentando me libertar antes de, com calma - eu esperava que parecesse calma, começar a comer os feijões verdes feitos com amêndoas e Gruyère que eu tinha trazido de casa, tentando não notar o olhar fixo dos colegas da classe. Certa vez, tropecei e cai um lance de escadas na frente de toda a minha classe, terminando com a minha saia em volta da minha cintura. Uma vez eu escolhi a caixa errada na minha atribuição de classe eletiva e, em vez de me inscrever para o ‘Taste of the parade: mundo de delícias culinárias’, me inscrevi para a classe de debate, e passei um


semestre inteiro temendo como um temporizador de ovo, fui um fracasso suado em meu caminho através de "Qual era o compromisso do Missouri?” Quando me formei, estava determinada a redefinir quem era Roxie Callahan, para decidir que tipo de pessoa eu queria ser, como queria me apresentar para o mundo. E a beleza de ir para a faculdade é que ninguém tem uma ideia preconcebida de quem você é. Além disso, no ACI eu estava no ambiente exato em que se supunha que eu deveria estar. Estava com pessoas como eu. Ficávamos animados quando uma nova caixa de foie gras chegava, eu salivava quando trufas estavam na época, e tivemos absoluto tesão quando aprendemos a caramelizar pele de galinha para um enfeite. E por falar em tesão... Vamos falar de tesão. Eu gostei muito desses tempos cheios de tesão. A escola de culinária foi uma panela de fondue de tensão sexual, com todos nós morrendo de vontade de se espetar e lambuzar. Junto com a confiança que veio de aprender a cozinhar bem, eu também ganhei confiança em meu corpo. O cabelo castanho crespo tornou-se elegante e saltitante depois de ser apresentado a alguns tratamentos de alisamento. O estilo de vida da Califórnia deu-me um agradável bronzeado durante todo o ano, e as sardas que eu tinha tentado desvanecer com suco de limão quando era criança tornaram-se um quadro agradável para os olhos. Eu também fiz amigos, e alguns desses amigos eram meninos. E os meninos eram divertidos. Depois de ver a minha mãe flutuar sobre cada indivíduo com uma semelhança passageira com Tom Selleck (seu ideal), eu fiz o oposto. Flertei com diferentes sabores, e apreciei junto com cada um deles a merda do meu empoderamento recém-descoberto, tornando-me fisicamente - mas nunca emocionalmente - enredada com qualquer cara com quem tive uma fantasia.


Porque Roxie Callahan não estava indo pelo mesmo caminho que a mãe, que saltava de um relacionamento para outro com uma criança numa das mãos e um romance Harlequin na outra, esperando o próximo homem varrê-la para fora de seus pés hippies. Nah-nah. Eu tinha uma carreira para construir. Foi o que fiz. Quando meus instrutores me davam feedbacks, eu prosperava. Trabalhei no que eles apontavam, melhorando os pequenos ajustes aqui e ali que faziam a diferença entre executar e dominar uma técnica. Para entender como um respingo de vinagre de champanhe exatamente no momento certo poderia elevar a receita, mas se adicionado apenas um momento mais tarde iria turvar e transformar um prato de outra forma aceitável. Isso era pura perfeição. Passei horas incontáveis nessas lindas cozinhas de aço inoxidável misturando ingredientes, jogando com sabores, saboreando o processo: todas as coisas que você realmente não consegue fazer quando está trabalhando numa cozinha de restaurante. Embora eu soubesse que rotina diária de um restaurante não era assim, eu acreditava que uma vez que você elevasse a comida à uma forma de arte, o artista teria tempo para trabalhar. Mas não era assim que funcionava. Ser um chef executivo num restaurante com estrelas Michelin não era nada do que eu estava sonhando. Era pessoal e folha de pagamento, gestão, críticas e avaliações, ficar à frente – atrás - da casa e, ocasionalmente, se perder em sua cozinha e realmente cozinhar. Então, eu encontrei-me à deriva: apaixonada pelo processo de criação de comida, mas convencida de que no fundo a agenda agitada de um restaurante, somado a cozinhar sob pressão constante, nunca sobraria qualquer liberdade para mim. Mas eu aprendi: aproveitei a oportunidade de cozinhar comida bonita enquanto durou e graduei-me com honras. E ofertas. Ofertas de aprendiz para trabalhar em algumas das melhores e mais inovadoras cozinhas de restaurantes no país, até mesmo no exterior.


Mas eu sabia que não seria feliz nisso. Não era glamour e fama que eu queria, era a oportunidade de criar. Eu odiava o stress das operações do dia-a-dia de uma cozinha profissional, portanto, com a orientação de um professor, eu escolhi a vida mais calma de um chef privado. Foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado. Como chef privada eu poderia me destacar, e a minha comida falaria por si. Às vezes até encontrava-me dando algumas dicas para cliente aqui e ali: truques de compras, como se certificar que a massa da torta sempre saia perfeita, como caramelizar sem queimar as cebolas e como esculpir uma galinha. E não uma daquelas coisas desossadas e sem pele - pessoas com menos de quarenta nunca aprenderam como lidar com um frango de verdade, coisa que agora só chefs e idosos sabiam como fazer. E eu gostei do aspecto "ensino" do meu trabalho. Era o "algo extra". Eu podia fazê-los sentir como se a contratação de um chef privado não tivesse sido apenas um luxo, mas algo de valor inestimável. Eu fiquei na Califórnia, movendo-me por todo o Golden State sempre que o humor mudou ou um novo cliente chamou. Santa Barbara, San Diego, Monterey, finalmente estabelecendo-me em Los Angeles. Eu sempre ouvi dizer que você aprendia a dizer não em seus trinta anos, por isso meus vinte anos foram todos em dizer sim. Para um novo emprego, uma nova cidade, uma nova experiência. A menos que fossem ilegais (principalmente), perigosos (realmente), ou tivessem relação com sexo anal (não vai acontecer), eu raramente disse que não. Eu raramente voltei a Bailey Falls também, preferindo ter minha mãe me visitando no oeste. Eu gostava da minha vida, eu gostava da nova Roxie, e estava determinada a nunca mais voltar a ser a antiga Roxie novamente. Mas, enquanto evitei o estresse de trabalhar com chefs executivos arrogantes e o drama de bartenders dormindo com garçons cantores, eu não contornei o estresse de ser a única responsável por garantir as


indicações que tinham que continuar a chegar. Meu sustento dependia quase inteiramente de referências e, embora eu trabalhasse pra caramba para construir meu negócio, eu não tinha segurança. Sem salário garantido a cada semana. Nenhum seguro médico. Nenhum plano dentário. Sem promoções. Nenhuma família. Restaurante de família, quero dizer. Esse pensamento me trouxe de volta ao presente, quando eu estava dirigindo por todo país para salvar minha mãe. Liguei o rádio e me concentrei em ficar na pista correta.

No terceiro dia eu parei num restaurante de beira de estrada, que proclamava ter a melhor carne de porco do mundo. Eu estava familiarizada com a globalização; cada jantar tinha uma pretensão de fama culinária particular. Melhor torta cremosa de coco do mundo, melhores picles fritos do mundo, melhor scrapple do mundo... essa última pertencente ao nosso próprio restaurante. Você não precisa nem quer saber o que é preslceid, desde que seja o melhor do mundo. Mas eu apreciei a forma como esta propaganda jogou meu traseiro direito para fora do banco do carro, e eu estava com fome por bom churrasco. Eu estava no meio de Kansas, perto o suficiente de Kansas City, então o restaurante devia ser bom o suficiente. Foi bom. Docemente picante, como todos os churrascos devem ser. As pontas foram trituradas e empilhadas num rolo na porção correta para uma refeição, e os sabores estavam perfeitamente equilibrados. O jantar foi à velha escola Americana. O lugar tinha cheiro de pimentão, de batatas fritas feitas em casa, e o leve aroma de gordura pairava no ar, não importa o quão completamente as caixas de gordura


foram limpas. E o jantar também veio acompanhado de algo que era quase impossível encontrar estes dias, mas que costumava ser comum uma vez: gentileza. "Você quer mais alguma coisa, querida?" Eu sorri para a velhinha que tinha andado um milhão de milhas nesses tênis Reebok, sem jamais escorregar numa ervilha. "Eu estou bem. Obrigada pela recomendação do bolo, estava ótimo." "Nata. Esse é o segredo", ela sorriu, colocando o meu cheque sobre a mesa. "Faz toda a diferença no mundo. Não é apenas para as batatas cozidas, você sabe." "Não me diga," Eu sorri, deixando-a transmitir-me sabedoria. Vinte minutos depois eu estava de volta na estrada, com uma barriga cheia, uma nova receita de bolo fudge mocha chocolate e um fraquinho súbito para um bom jantar antigo.

Até o momento em que eu tinha cruzado a linha do Estado de Nova York, porem, eu estava num estado de espírito muito diferente. Estava cansada de dirigir, de fazer xixi em paradas de caminhão, e cansada de ficar em casa - mesmo que eu tecnicamente não estivesse em casa ainda. Duas horas mais tarde, quando comecei a lenta e gradual escalada nas montanhas de Catskill, estava tão cansada e irritadiça que nenhuma quantidade de pássaros cantando ou tulipas no final da temporada embelezando as duas pistas poderiam levantar o meu humor. E quando saí da estrada e fui para a principal rua de Bailey Falls, a bandeira pitoresca que pendia da prefeitura, proclamando que o desfile anual do Memorial Day seria realizado em apenas alguns dias, com sua “encantadora” decoração vermelho branco e azul envolta em


varandas e penduradas em todos os postes de iluminação falhou miseravelmente em me encantar. No piloto automático, dirigi passando as grandes casas na Main Street, as ainda grandes casas em Elm e Maple, as casas menores e ainda encantadoras nas ruas Locust e Chestnut, passando pelas tranquilas casas de fazenda na subdivisão na periferia da cidade, dirigindo ao longo dos trilhos de trem e de volta para a vila. As casas eram mais distantes agora, algumas com fazendas adjacentes. Finalmente chego numa entrada de automóveis longa e sinuosa, de cascalho, forrada com caixas de flores pintadas com as cores amarelo, laranja, roxo e rosa. Aqui e ali, sinais apoiados nas floreiras gritavam mensagens motivacionais em verde neon: MENOS SOLDADOS, MAIS ABRAÇOS. UMA MULHER PRECISA DE UM HOMEM TANTO QUANTO UM PEIXE PRECISA DE UMA BICICLETA. NENHUM DIA É MELHOR DO QUE HOJE. Meus olhos rolaram, uma resposta condicionada. Andando até a calçada, lendo os novos sinais misturados com os velhos, tentei vê-los da mesma forma que outros os viam. Felizes. Positivos. Eternamente otimistas. Mas continuava sendo capaz apenas de ver minha mãe mais nova em seus macacões e com uma flor atrás da orelha me trazendo meu saco de almoço na escola quando eu deliberadamente tinha deixado-o em casa, e dizendo na frente de todos os meus amigos para eu me


certificar de não tirar meus brotos de feijão do sanduíche, porque eu precisava da fibra para o bom funcionamento do meu intestino. Mortificante. Dirigi ao redor da última curva na entrada da garagem e encontreime em frente à minha casa de infância. Embora tivessem passado alguns anos, parecia exatamente a mesma. Dois andares com pintura descascada branca, alpendre coberto e muitos projetos de arte semiacabados. Casas de passarinhos e cata-ventos ainda estavam espalhados pelo gramado da frente, o que poderia ser bom. Pelo menos três cores de tinta diferentes tinham sido experimentadas aqui e ali do lado da casa, tudo abandonado quando outra coisa chamou a atenção de minha mãe. Havia buracos onde pica-paus aproveitaram para fazer seus ninhos e, ocasionalmente, os perderam para seus amigos esquilos. Escutar uma correria nas paredes era sempre bom para acordar. Mas eu estava em casa. Estacionei o carro, arrastei minha bagagem para a varanda e debati se deveria bater na porta da frente da casa onde eu tinha vivido desde que tinha três dias de idade. Declinei a batida e girei a maçaneta. Estava trancada. Então eu bati. Nenhuma resposta. Isso era alguma brincadeira? Eu marchei através do quintal, passando os sinais incentivando-me a não me preocupar e apenas ser feliz, e procurei pela chave que ainda estava sob o vaso na porta dos fundos. Bati mais uma vez e, como não houve resposta, entrei. Cada casa tem um cheiro. Você pode senti-lo quando visita a casa de alguém pela primeira vez. Às vezes é bom, como canela e roupa limpa. E tabaco de cachimbo. Às vezes é ruim, e fede a repolho, curry e gaiola de hamster. Pizza velha e células mortas da pele. (Se você já foi


ao apartamento de um universitário, então está familiarizado com o último. Como eu disse, cada casa tem um cheiro.) E cada cheiro conta uma história. Você normalmente não pode cheirar sua própria casa, a menos que tenha saído de férias por um tempo e consiga ter um sopro rápido quando entra em casa depois de um tempo. Ou se afastou-se por vários anos. Uma respiração profunda foi o suficiente para eu me sentir em casa. Olhei em volta e achei que tudo estava exatamente como sempre foi. Os mesmos copos de água do Snoopy que secavam ao lado da pia. As mesmas latas de cerâmica em formato de cogumelos brancos e marrons alinhados no balcão. As mesmas placas bicentenárias ainda penduradas na parede, embora Rhode Island parecesse estar faltando. "Mamãe? Você está em casa?" Eu chamei, sabendo que ela não estava. E assim de repente eu estava chateada. Eu tinha dirigido por todo o país, me afastando do meu próprio negócio (minha raiva não se preocupava com fatos reais), e voltado para casa para que ela pudesse viajar ao redor do mundo. E ela não estava. Saí batendo a porta, saltei para o meu carro e voltei para a cidade. Era segunda-feira de manhã. Eu tinha uma boa ideia de onde ela estava.

Quando entrei no estacionamento de trás do restaurante, estacionei ao lado de seu carro. O carro com painéis de madeira era a marca da


família, portanto, não tinha como confundi-lo: um station wagon 19772, com um desbotado adesivo ‘Vote Mondale/Ferraro!’ que ainda permanecia. Peguei minha bolsa e entrei pela porta de trás, caminhando em linha reta para a cozinha e sendo recebida por uma cena que já tinha visto milhares de vezes. Bilhetes voando. Sinos tocando. Pés batendo. A porta da geladeira batendo conforme as pessoas corriam para dentro e para fora. Legumes picados. Pães sortidos. Um exército de garçonetes com aspecto retrô anotando pedidos e trazendo comida, todas vestidas com vestidos rosa e verde de poliéster que combinavam perfeitamente com os assentos. Havia certo ritmo e certa loucura. Havia também risadas - que na maior parte eram da minha mãe. Ela estava no centro da tempestade, com o avental sujo amarrado habilmente para trás, seu cabelo crespo e grisalho preso num coque, vestindo um largo sorriso enquanto expedia ordens, levava comida e gritava pedidos especiais a plenos pulmões: "Para mesa 16 eu preciso de ‘two dots and a dash’, dois ovos mexidos, um ‘club high and dry’ e um ‘cowboy with spurs’3." Ela me viu parada na entrada em meio ao caos e, um segundo depois, eu estava envolta num abraço de urso que tirava meu fôlego. Eu a abracei de volta, incapaz de parar a risada que escapou de mim. Principalmente porque todo o meu ar foi forçado a sair de uma vez. Principalmente. "Roxie, você chegou cedo! Achei que estaria aqui só de tarde, ou mesmo hoje à noite. Quando você chegou?" "Agora a pouco. Eu estava tão perto na noite passada que decidi continuar."

2 3

São todos nomes de pratos servidos no restaurante.


"Estou tão feliz que você achou a minha nota." "Que nota?" Perguntei enquanto ela voltava a me olhar, seus olhos me avaliando. "Na porta da frente, dizendo que eu estava trabalhando no primeiro turno. De que outra forma você saberia que eu estava aqui?" "Imaginei. E não havia nenhuma nota, mãe." Eu balancei minha cabeça. "Claro que havia. Eu colei na porta da frente enquanto saía esta manhã, quando eu... Oh aqui está", disse ela, balançando a própria cabeça para o pedaço de papel que tirou do avental: Roxie, estou trabalhando no turno da manhã. Encontre-me no restaurante. Estou tão feliz que você chegou! "Oh, bem, você está aqui! Isso é tudo que importa! E chegou bem na hora certa; estamos com alguns probleminhas. Carla ligou às 4 da manhã dizendo que estava doente, então eu tive que abrir esta manhã, e uma das nossas lavadouras de louça se demitiu na semana passada, e eu não tive a chance de substituí-la ainda. Você trouxe seu avental?" "Trazer meu avental? Mãe, eu… eu literalmente vim direto para cá depois de dirigir a noite toda e..." "Sem problemas, basta pegar um da parede. Eu preciso voltar ao trabalho, vamos falar quando a correria terminar, ok? Obrigada, querida!", Ela gritou, virando-se para Maxine, uma das garçonetes mais velhas. "Aquelas espigas estão ficando frias, leve aquelas coisas para a mesa sete, rápido!" "Que espigas, Trudy? Roxie! Ótimo ter você em casa de novo!". Foi sua resposta, e o caos retornou.


Eu estava presa no meio de tudo isso, me perguntando o que diabos tinha acontecido. "Você se lembra de como descascar batatas? Nós estamos ficando com poucas batatas fritas, e eu adoraria ter mais algumas prontas antes da loucura do almoço." minha mãe chiou quando passou por mim, me virando em direção a uma montanha de sacos de batata. "Eu sei como descascar batatas, pelo amor de Deus", eu murmurei, irritada, percebendo que não havia nenhuma maneira que pudesse me livrar disso tudo. Minha mãe já estava voltando para o balcão da frente, gritando por cima do ombro: "Pedido um, fazê-lo através do jardim e fixar uma rosa nele." "É mais rápido só dizer hambúrguer com alface e tomate," Eu disse às batatas, que olharam para mim suavemente. Porque elas tinham olhos, você sabe. Peguei um avental limpo da parede, agarrei a menos maçante e menos propensa a me cortar faca do bloco, e comecei a encher uma panela de hotel com água para colocar as batatas de molho. Nós servimos batatas fritas no restaurante, grandes o suficiente para encher um pão de cachorro-quente. Mas isso não significa que elas não poderiam ser batatas fritas perfeitas. Então eu estabeleci-me com a minha faca, descascando, cortando e alinhando-as com uniformidade perfeita. Eu cortei fora os pontos pretos, aparei os verdes e me perdi nos detalhes. Com gritos de pedidos e entregas, Eve passando com uma tampa na mão, e vários outros barulhos ecoando em torno de mim, eu me concentrei nos ângulos retos escorregadios, certificando-me que eles estivessem perfeitamente afiados antes de entrarem no banho de água. Minha mãe apareceu para pegar a primeira panela de batatas prontas para fritar, e olhou com curiosidade como eu me concentrei na remoção de uma casca teimosa. "Elas vão ficar cobertas de molho ou


mergulhadas em ketchup; elas não precisam ser uma obra de arte, Rox." "Você me disse para descascar batatas. Isto é como eu descasco batatas", respondi, jogando outro pedaço na panela quando ela se virou para ir. "Acenda um fogo, ou nós nunca terminaremos isso", ela instruiu e eu revirei os olhos. "Eu vi isso!", Ela gritou. "Eu não estava escondendo!" Eu peguei outra panela e enchi-a de água. Agora eu tinha uma missão: fazer uma perfeita porção de batatas para fritar, e rápido. Me afastei mentalmente do barulho e dos ruídos e baixei a cabeça na tarefa. Mãos voaram, dedos dançaram, e a panela foi gradualmente preenchida com batatas artisticamente pontudas. O tempo voou enquanto eu enchia panela após panela, e os sacos foram esvaziando. Quando uma das outras garçonetes bateu no meu ombro em saudação e acabou me assustando, minha faca escorregou da minha mão, pousando na parte de trás da bandeja da água. Inclinando-me sobre a panela para recuperá-la, me desequilibrei e consegui submergir meu peito na água fria da batata. "Merda", eu disse, sentindo a água fria escorrendo pelo lado de dentro da minha camisa e por toda a minha barriga. Fiz uma pausa do meu frenesi e olhei em volta. Havia panelas de batatas em todas as superfícies de trabalho no meu canto. Huh. Acho exagerei um pouco! "Por Deus, Roxie, quantas batatas fritas que você acha que precisamos?" Minha mãe perguntou quando virou a esquina. "Elas vão durar até amanhã – ou até o dia seguinte, talvez ", eu respondi, um pouco envergonhada.


"Está tudo bem, eu vou reservar um espaço para guardá-las. Como se sente sobre a limpeza de algumas ervilhas?", Ela perguntou, me entregando uma grande panela de vagens de ervilha. "Cortar o fim, retirar a parte fibrosa." "Eu sei como limpar uma vagem," resmunguei. "Cortar o fim..." Eu enchi a panela com água, bufando. "Tirar fora a parte fibrosa. Sem brincadeira." "Você começou a falar sozinha lá em Hollywood?" Minha mãe brincou, enfiando a cabeça na porta e quase sendo atingida no rosto com a ervilha que eu joguei nela. Ela riu e desapareceu de volta para a cozinha. Eu suspirei, espreguicei-me e passei a trabalhar novamente. Depois disso, eu estava tirando uma soneca. Depois de um tempo eu me tornei ciente de um formigamento na parte de trás do meu pescoço, e olhei por cima do meu ombro para encontrar a fonte. Em seguida, várias coisas aconteceram dentro de poucos segundos, embora eu os visse em câmera lenta: 1. Um homem estava em pé bem atrás de mim. 2. Ele estava segurando uma cesta. 3. A cesta continha algumas nozes encantadoras. 4. Eu gritei, porque ele estava bem atrás de mim. 5. Eu deixei cair minha panela. 6. As ervilhas voaram em todas as direções. 7. Algumas das ervilhas pousaram em suas botas de trabalho. 8. Olhei para cima das botas: calça jeans. 9. Eu olhei para cima dos jeans: camiseta Fugazi vintage, debaixo de uma camisa de flanela verde


10. Eu olhei acima da flanela: Umas duas semanas de barba loira desgrenhada. Mmm... 11. Eu olhei acima da barba: lábios. 12. Eu olhei para os lábios. 13. Eu olhei para os lábios. 14. Eu olhei para os lábios. 15. Oh! Por favor! 16. Eu olhei acima dos lábios. 17. Eu estava feliz por olhar acima dos lábios! 18. Os olhos e os cabelos eram um pacote completo! O cabelo estava caindo sobre os olhos de uma maneira descuidada que dizia: "Ei, moça. Tenho ervilhas em meus sapatos, mas quem se importa, porque eu tenho esses olhos e esse cabelo, e sou muito foda." Hummm... 19. O cabelo era da cor de tabule. 20. Seus olhos eram da cor de... 21. Pickles? 22. Feijões verdes? 23. Não! Brócolis que tinham sido cozidos durante exatamente sessenta segundos. Verdes. Vibrantes. Brilhantes. 24. Me levantei - derramando ainda mais ervilhas sobre ele. 25. A partir de seus pés, dirigi meu olhar pra ele. 26. Um canto de sua boca se elevou por um momento ínfimo. 27. Ele olhou para minha camiseta molhada e quase transparente por um pequeno momento antes da decência ditar que ele não devia fazer isso.


28. Ele largou a cesta de nozes e estendeu a mão para mim. Elas eram calejadas. Ásperas. Ambos os cantos de sua boca agora estavam levantados. 29. Peguei a mão dele para levantar. Escorreguei novamente num piscar de olhos. Mundos colidiram quando minha pele se encontrou com a dele, e nossas cabeças colidiram. 30. Uma das minhas vagens de ervilha estava presa debaixo da bota dele. 31. Ele caiu também. 32. Suas nozes acabaram por toda parte. 33. Nossas pernas estavam entrelaçadas. 34. Sua cabeça caiu no meu... colo. 35. Ervilhas eram o meu novo vegetal favorito.

O cara das nozes se chamava Leo. Eu sei disso porque, quando minha mãe veio ver o que tinha acontecido e pegou-o com a cabeça nas partes de sua filha, ela gritou: "Leo!" E correu para ajudá-lo. Ele. Ela nunca pôde resistir a um homem de boa aparência. E uma vez que o homem saiu do meio das minhas pernas... misericórdia... ele se abaixou mais uma vez para tentar me ajudar a levantar. "Pelo amor de Deus, Roxie, o que você está fazendo no chão?", interrompeu minha mãe, me pegando por debaixo de ambos os braços e me estatelando de volta aos meus pés como um saco de farinha. "Eu... uh... bem..."


"Eu acho que a surpreendi, Senhora Callahan," Leo disse, e sua voz era suave e áspera ao mesmo tempo. Como isso era possível? "Você está bem?" "Eu... uh... bem.." De onde isso está vindo? Eu não gaguejo. Ele sorriu, um olhar de diversão curiosa se espalhando por todo o seu rosto. "Ela está totalmente bem, certo... Oh querida! Parece que o peru está pronto, você pode querer cobrir-se...", disse minha mãe, olhando para uma parte muito específica do meu peito. Lembrando-me da minha camiseta molhada, eu olhei para baixo e rapidamente cruzei os braços sobre o peito. Meus mamilos tinham estalado como temporizadores de peru. Deus do céu! É muita vergonha em tão pouco tempo! "Roxie, vá buscar um novo avental e, em seguida, vem sentar-se com Leo aqui e tomar uma xícara de café. Você tem tempo para o café, não é mesmo, Leo? É o mínimo que podemos te oferecer depois que você acabou no nosso... chão!" Café de repente soou como a melhor ideia na história das melhores ideias. Café? Sim. Deitar em cima de mim de novo? Se você quiser. "Desculpe Sra. C, mas não posso ficar para o café hoje. Eu tenho um caminhão cheio de entregas para fazer antes das cinco. Parece que vai chover, inclusive?", Perguntou ele, desencadeando um sorriso para minha mãe e então virando esse lindo sorriso para mim. "Você tem certeza que está bem?" Absolutamente bem. Não! Eu não estava com os joelhos fracos só porque um cara bonito olhou para mim, mesmo que meus temporizadores de peru estivessem saltados. Eu olhei para ele, inclinei a cabeça para o lado e soltei meu próprio sorriso. "Desculpe por suas nozes." E então lentamente caminhei em


direção ao frigorifico, colocando uma pequena oscilação em meus quadris. Dentro da cabine gelada permiti-me dez segundos de furor adolescente, apenas para ser pega no primeiro pulinho quando minha mãe enfiou a cabeça para dentro para ver se eu estava bem. "Se está tudo bem por aqui, há um punhado de ervilhas no chão para limpar.” ela disse com um sorriso maroto. Parece que passar o verão em casa acabou de ficar um pouco mais interessante.


Após a corrida de almoço terminar, eu estava sentada na mesa de canto para fazer uma pausa. Leo. Quem se chamava Leo nos dias de hoje? E por que ele estava levando todas essas nozes? "Ele entrega nozes toda semana, querida. Eu estou em sua rota." "O quê?", perguntei, girando em meu assento. "Você perguntou por que ele estava carregando todas aquelas nozes. Eu suponho que você quer dizer Leo, o jovem que você derrubou esta manhã." "Eu disse isso em voz alta?" "Você disse. Ou é privação do sono ou em sua viagem para o chão acabou batendo a cabeça e deixou algo solto, mas você está aqui fora conversando com os assentos de vinil." Ela veio para sentar-se comigo agora que as portas estavam trancadas e os funcionários tinham sido enviados para casa. De segunda a quinta-feira o restaurante fechava após o almoço; só abria para o jantar de sexta a domingo. As tardes no restaurante eram uma


das minhas memórias favoritas da infância. Era tranquilo e pacífico, e eu costumava construir cidades com os porta-guardanapos enquanto minha mãe trabalhava em seus pedidos e faturas, comendo tanta torta quanto eu pudesse pegar escondida. Nós tínhamos esse tempo juntas quase todos os dias quando eu era jovem - minha escola primária era a apenas algumas quadras e era uma rápida caminhada após o sinal. Eu e meu dever de casa, ela e seu trabalho, e um por do sol tarde a cada dia. Em algum lugar entre 4:30 e 5:30 da tarde nós arrumávamos as malas e íamos para casa, já que qualquer "tio" que minha mãe estivesse namorando no momento estaria chegando em breve, com fome para o jantar. Então, à noite, eu ia perdêla um pouco, assim como qualquer criança que tem que compartilhar sua mãe com um pai, com outras crianças ou com qualquer outra coisa que ocupe seu tempo. Ela namorou caras legais e caras chatos, e nenhum deles ficou por muito tempo. Ela amava o meu pai, eu sabia. Sua fotografia estava sempre no porta-retratos, não importa o que acontecia com o tio que estava circulando na época. Ele morreu quando eu não tinha nem um ano de idade, e ela estava sempre perseguindo esse sentimento com outro. De qualquer forma, porém, tardes no restaurante sempre tinham sido boas. Aparentemente, porem, elas agora envolviam eu falando em voz alta comigo mesma. Não estava de volta à cidade nem por um dia inteiro ainda, e já estava perdendo a cabeça. "Você não está perdendo a cabeça, querida," minha mãe falou, e olhei para ela com os olhos arregalados. "Eu disse isso em voz alta também?", perguntei, encolhendo-me em meu lugar. "O que diabos você coloca nesse café?"


"Você não disse, mas eu conheço a minha filha. Você está pensando que esta pequena cidade já está te deixando louca, certo?" "Possivelmente", eu admiti. Depois de um momento de inspecionar o topo de linóleo salpicado da mesa, eu calmamente perguntei: "Então, que rota?" "Hmm?" "Você disse rota." "Quando eu disse rota?" "Um minuto atrás." "Eu não acho que disse." "Mãe." "Oh, você quer dizer a rota de Leo?" "Foi você quem mencionou," eu disse, acenando com a cabeça. Sua memória estava bem, por sinal. Seu senso de humor, no entanto, era bastante torcido. "Então, o cara com a rota..." "Sim, querida?", Ela perguntou inocentemente. "É isso aí, eu vou para casa." Eu comecei a me puxar para fora da cabine. "Oh, relaxe. Fique e beba o seu café; Eu estou apenas brincando", disse ela, acenando-me para sentar de novo. "Então, o que você quer saber sobre o cara com a rota? Embora eu goste de pensar nele como o cara com os olhos... você viu seus olhos?" "São de uma sombra interessante de verde, eu tenho que admitir isso", concordei, sabendo que até que eu admitisse não íamos chegar a lugar algum. "Quem é ele?" "Ele é da Fazenda Maxwell; ele vende seus produtos para os restaurantes locais. Toda semana ele traz algo especial. Esta semana foram nozes."


"A antiga Fazenda Maxwell?" "A própria." "Alguém está realmente cultivando aquela terra agora?" "Ah, sim, eles transformaram todo o lugar! Agora tem pomares de volta na linha, estufas, e os campos estão produzindo de novo. É simplesmente maravilhoso." "Quando tudo isso aconteceu?" "Você não esteve aqui em quantos anos, Roxie? As coisas não têm exatamente parado só porque você não estava aqui." Seu rosto era neutro, mas sua voz foi um pouco mais acentuada do que o normal. "Eu percebi isso," eu disse, girando minha xícara de café no pires. Senti um pequeno puxão. Eu tinha ido embora há muito tempo. Mas baixei meus sentimentos, mantendo a atenção no agricultor. A Fazenda Maxwell era uma lenda nesta parte do país. Inferno, os Maxwell eram lenda em todas as partes do país. Antigos, de New York. Dinheiro velho. Família de banqueiros há gerações. Tem uma hipoteca? Provavelmente foi realizada por um banco Maxwell em algum ponto. Alugar um carro? Provavelmente garantido por um banco Maxwell em algum ponto. Investiu em fundos mútuos? Se tem a ver com o mercado de ações, a família Maxwell Banking da grande Nova York esta provavelmente envolvida. E, como todas as antigas famílias abastadas, eles ocasionalmente gostavam de deixar seu apartamento em Manhattan, ou sua casa à beira-mar nos Hamptons, ou sua casa de inverno em Palm Beach, e subir para uma boa vida no campo, desfrutando do rústico e do antiquado em sua "fazenda". Fazenda no sentido mais amplo da palavra que se possa imaginar. O que você pensa quando ouve a palavra fazenda? Dez ou vinte acres em torno de uma fazenda de família antiga com um celeiro vermelho


resistente, em algum lugar num desses estados dos quais se ouve falar? Talvez um gato de celeiro preguiçoso. Talvez uma galinha ou duas. Talvez, se você tiver muita sorte, pode até imaginar uma adorável vaca. Se você é um pouco menos romântico e um pouco mais consciente, pode então imaginar uma visão completamente diferente, com centenas e centenas de acres de plantações, provavelmente de milho ou soja, sem fazenda antiga ou celeiro. Provavelmente existissem vários românticos nesta propriedade gigante em um ponto, mas todos eles venderam suas terras para um enorme conglomerado, e as estruturas foram derrubadas ou deixadas de lado. Talvez até houvesse um grande "celeiro", mas definitivamente não há nenhuma adorável vaca. Mas a Fazenda Maxwell? Era idílica, e parecia o paraíso na terra. No final de 1800, quando os Maxwells já estavam firmemente entrincheirados na elite social de Nova York, compraram uma grande parcela de terreno no Vale do Hudson. Isso não era incomum naquela época: os Vanderbilt, os Rockefellers, os Carnegies... todos eram donos de fazendas. Pedaços enormes de terras, com "mansões" de pedra bonitas e elaboradas, e igualmente completas com belos celeiros de pedra, pistas de equitação, casas de chá, fontes e gazebos. E, ocasionalmente, essas fazendas podiam até plantar uma safra ou duas. A fazendo Maxwell começou como um lugar para ficar longe da rotina diária de ser rico - como era usual na época. A casa principal e os celeiros foram construídos no alto de uma falésia, com vista para o rio Hudson. Os enormes celeiros de pedra foram utilizados principalmente para o gado de casa, já que ela já foi uma vez uma fazenda de trabalho. A terra foi usada para agricultura, principalmente vegetais e pomares, mas a maior parte da área cultivada foi posta de lado como uma reserva natural. Alguns campos foram apurados para a caça: enquanto os Maxwells proporcionavam grandes festas para os seus amigos da cidade, os homens entretinham-se com codorna e faisão, enquanto as senhoras visitavam os jardins e os pomares de


laranja. Os Maxwells estavam na residência apenas algumas vezes por ano. O resto do tempo a terra era trabalhada por mãos de jardineiros contratados, que se certificavam que tudo estivesse sempre pronto para o povo da cidade. Conforme o tempo passou, a maior parte da terra entrou em pousio, os campos foram tomados pelos bosques e a casa permaneceu fechada por anos. Suponho que os Maxwell tivessem encontrado outros lugares para "fugir". Com o passar do tempo, a casa e os celeiros caíram em desuso, e a propriedade tornou-se mais uma propriedade abandonada na periferia da cidade. Na década de 1970, porem, a nova Sra. Maxwell ficou interessada na história da família com quem se casara, e começou a restauração da casa. Ninguém nunca viveu lá por qualquer período de tempo, mas excursões eram programadas em ocasiões especiais: minha própria classe da quarta série foi até lá numa viagem de campo para maravilhar-se ao longo dos pontos de vista, da casa e da grandeza. Eu vi toda aquela terra que não estava sendo usada, todos os celeiros não cheios de gado, uma casa de pedra fria e cheia de flores, e sempre senti que era um desperdício. "Bem, estou contente de ver que aquela área está tendo uma boa utilização agora", eu disse. "Concordo." "E Leo é o cara que entrega todos os produtos? Bem, isso é ótimo. Simplesmente ótimo." "Concordo." "Será que eles têm um estande no mercado dos agricultores?" "Sim." "Bem, talvez eu vá dar uma olhada. É ainda aos sábados, certo?" "Mmm-hmm."


"Pode ser uma boa ideia ver o que eles têm de produtos da estação, para o jantar." "Concordo." Minha mãe tomou um gole de café, mantendo um olhar sonhador no rosto. Devia estar pensando em sua viagem incrível. "Vamos para casa", eu disse. "Você pode me fazer um pouco da sua sopa de legumes, e então eu vou para a cama assim que o sol se pôr." Eu me arrastei para fora da cabine e peguei minha bolsa. Minha calça jeans literalmente rangeu enquanto eu caminhava, dura com sumo de batata seca e água de ervilha, lembrando-me que eu tinha trombado com o agricultor mais bonito deste lado do país. "Por que seu jeans está rangendo?", perguntou minha mãe. Nada, e repito, nada, passa por ela. Exceto os avisos finais da companhia elétrica. E impostos sobre a propriedade. E a renovação da carteira de motorista. Mas andar na cozinha e encontrar sua filha de braços abertos no chão com o rosto de algum cara aleatório no meio de suas pernas, enquanto nozes e ervilhas estão espalhas ao redor? Ela não vai perder isso. Ou o subsequente rangido do jeans. "Não é nada. Vamos para casa." Eu estou supondo que ela também não vá deixar passar o meu rubor.

Eu dirigi meu carro e minha mãe levou o dela. Apesar do meu cansaço, usei os poucos minutos de silêncio (silêncio! Eu tinha quase esquecido o que parecia, após o restaurante caótico) para fazer um balanço. Algumas coisas na cidade mudaram claramente desde que eu morava aqui, e eu tentei realmente observá-las agora.


Era bonito, na verdade. Dirija pelas ruas de Bailey em praticamente qualquer época do ano e você vai se convencer de que não há uma cidade mais bonita do planeta. Outono em Nova York? Esqueça. As chamas de cor laranja e amarelo e vermelho que corriam pela floresta e transformaram tudo num cobertor crocante de folhas - não havia nada tão bom quanto isso. Exceto, talvez, o inverno, quando há pilhas de neve por milhas, todas as estrelas são brilhantes e o luar é de um doce prateado. Então, novamente, a primavera era muito extraordinária, quando as flores das macieiras floresciam, o ar ficava suave, quente e cheio de um maravilhoso cheiro verde. Sim, muita coisa acontecendo por aqui no departamento de cenário. Então por que eu estava sempre tão relutante em voltar para casa? Por que eu estava tão inflexível sobre ter certeza que minha mãe soubesse que nosso arranjo era temporário? Não deveria ser tão difícil voltar para cá... Meus olhos varreram sobre o pitoresco e bonito cenário mais uma vez. O problema era que Bailey Falls era como areia movediça para mim. Como se entrasse lixo em seu corpo e, ao tentar tirá-lo, ele te deixava com um pé molhado, frio e descalço numa poça de sujeira. Era como um buraco negro, do qual era quase impossível escapar. Essa era a pequena cidade norte-americana que todos pareciam querer nos dias de hoje? Eu cresci nela. E, para uma tímida adolescente, eu estava além de pronta para uma aventura quando chegou minha hora de sair de casa. E, embora eu não tivesse vivido aqui desde os dezoito anos, não havia como escapar do alvo escondido na parte de trás da minha calça. E não importava onde eu fui ou o quão longe eu viajei... Hey, Roxie... seu passado está chamando! O que será que a pequena cidade estava pronta para jogar em mim dessa vez? Eu certamente não posso dizer que tive uma infância ruim. Mas eu cresci cedo e rápido e, ao longo dos anos, cresceu também meu ressentimento. Eu fui a clássica criança que se tornou o alvo das


piadas. Pai esquisito e criança estudiosa: todos assistindo a história desconcertante, mas (às vezes) encantadora. O desdobrar no episódio de hoje seria: “O que foi que seus pais fizeram para você?” Eu sabia, reconhecia, eu podia ver meus problemas chegando a uma milha de distância. Especialmente quando estava na metade dos meus vinte anos e minha mãe estava na metade de seus cinquenta, e eu ainda estava limpando suas bagunças. Eu morava na Califórnia agora, mas estava secretamente morrendo de medo de acabar me mudando de volta para Bailey. Eu tinha me definido na Califórnia e estava extremamente relutante a viver novamente numa cidade que me definiu apenas como a filha de Trudy Callahan, aquela que cora muito. Isso realmente não poderia ter vindo em melhor hora, no entanto... Ok! Eu só não iria deixar esse pensamento ficar sob a minha pele. Eu faria isso por ela, mas seria só isso.

"É uma boa torta. Realmente boa massa. Banha?" Eu perguntei a minha mãe mais tarde naquela noite. Ela trouxe para casa o último pedaço de uma torta da lanchonete, para a sobremesa. "Como?" "Tem banha na massa?", Perguntei novamente. Eu saí um pouco após o jantar, para limpar minha cabeça e pegar um pouco de ar fresco, e, claro, ela rapidamente veio atrás de mim, como uma mariposa. Eu tinha percebido logo depois que entrei na casa que o meu sonho de ir para a cama cedo era exatamente isso: um sonho. Mas eu tinha que admitir, havia muito ar fresco no Vale Hudson, e isso era muito melhor do que em Los Angeles.


"Oh, você teria que perguntar a Katie sobre a torta, querida; ela quem fez." Minha mãe raspou o prato com a parte de trás do seu garfo, pegando a ultima migalha. "Você já perguntou a ela por que ela só faz torta de cereja?". Perguntei, também raspando o prato. Estava muito bom. "Não." "Por que não? Você já pensou que, talvez, uma vez que a torta de cereja é tão fantástica, ela poderia fazer outras tortas? Tão boas quanto essa, se não melhores?", Perguntei, lambendo meu garfo. Minha mãe apenas deu de ombros. Eu explodi. "Mas você administra o lugar! É o seu restaurante! Por que no mundo a proprietária de uma empresa não pergunta para a confeiteira porque ela não faz mais tortas?” Eu bati no braço da minha cadeira para dar ênfase, e meu garfo caiu no chão da varanda. Ela me olhou por um momento; minha mão ainda estava fechada em um punho. "Quão chateada você está?" "Bem chateada." Eu suspirei, colocando meu prato no chão. Tanta coisa para não deixá-la ficar sob minha pele. Evidentemente ela era uma lasca do tamanho de um poste telefônico. "Eu só -. Ugh" eu abaixei a cabeça em derrota. "Diga, Roxie", disse ela. "Eu estou aqui. E vou segurar as pontas enquanto você estiver fora. Mas como eu disse, não estou te socorrendo novamente." Levantei minha cabeça para olhar para ela, com os olhos cansados. "Não posso acreditar que ajudar no comércio da sua família está te chateando tanto. Não quando eu tenho a chance de ir à TV tentar algo realmente novo e excitante", disse ela.


Fechei os olhos. Eu estava sentindo os efeitos da minha longa viagem, e não queria uma briga agora. "Concordo que desta vez é um pouco diferente. Um programa de televisão não é geralmente o método que você usa para me trazer novamente para casa, ou corrigir alguma coisa, ou fazer uma chamada, ou, literalmente, salvá-la quando você inunda o porão porque esqueceu de desligar a mangueira. Mas eu estou falando do futuro. Quando essas coisas acontecerem de novo? Não vou vir correndo. Eu tenho a minha própria vida para cuidar. Eu estou tentando construir uma carreira, de qualquer maneira." Ela abriu a boca. Em seguida, fechou. Em seguida, abriu-a novamente. "Quando você vai voltar?" Perguntei em voz baixa. "O produtor disse que eu não serei capaz de saber, algo sobre a confidencialidade, mas que em caso de emergência, eu seria capaz de entrar em contato com você ou vice-versa, por isso não acho que-" "Quando você vai voltar?" Repeti. "Depende de quão bem eu fou, quão bem tia Cheryl for, se seremos capazes de permanecer no jogo até o fim ou não, então-" Eu usei literalmente cada pedaço da minha paciência disponível para perguntar calmamente mais uma vez: "Quando. Você. Pretende. Voltar?" "Setembro. Esperemos que até o Dia do Trabalho." Três meses. Eu estaria aqui durante todo o verão. Uau. Teria eu totalmente me transformado novamente em interiorana no momento em que ela voltasse? Sentei-me. Eu não era mais aquela garota socialmente desajeitada. Era uma graduada do Instituto de Culinária Americano. Uma chef particular em Los Angeles, Califórnia. Era Roxie, uma chef tão talentosa


que era capaz de fazer um pudim tão bom a ponto de Jack Hamilton fazer uma cara que, eu tenho certeza, somente Grace Sheridan geralmente conseguia ver. Eu respirei fundo, centrada, e acenei com a cabeça. "Ok. Durante todo o verão. Tudo bem." "Sério?", ela perguntou, parecendo surpresa e aliviada. Forcei um sorriso. "Eu tenho certeza que tudo vai ficar bem. Estou exausta, então eu vou para a cama."

Sentei na minha cama de infância, cercada por tudo que foi importante para mim quando adolescente. Em vez de cartazes de Justin Timberlake e Edward Cullen, eu tinha um santuário para Eric Ripert e Anthony Bourdain. Aqueles dois iriam fazer um sanduíche celestial para qualquer mulher sortuda. Se me perguntassem, eu alegremente seria o recheio. Em vez de pompons de cheerleader e imagens do baile de formatura, eu tinha emoldurado menus de alguns dos meus restaurantes favoritos em Nova York: O Nomad; WD-50; The Shack Shake; Pok Pok NY; Union Square Café; Claro Le Bernardin e o acima mencionado Sammich Ripert / Bourdain. Enquanto outras meninas na minha escola estavam planejando a fraternidade que se juntariam no próximo ano na faculdade e qual vestido usar para o baile, eu estava sonhando com os cogumelos e mariscos do Instituto de Culinária Americano, na bonita e ensolarada Santa Barbara. Um mundo de distância da minha cidade natal. E lá estava eu, de volta na casa eu cresci. Puxei para trás o edredom, sorrindo enquanto cheirava o sabão caseiro de lavanda que


minha mãe fazia a cada verão, quando os jardins de ervas no quintal ficavam grossos com aroma picante. Ela esqueceu de me deixar um bilhete na porta, mas fez questão que eu tivesse lençóis limpos. Eu escorreguei entre eles, apaguei a luz na minha cabeceira e vi como a sombra se tornou familiar. O brilho do velho barracão ainda brilhava pela janela de trás, fazendo as lantejoulas dançarem na fita azul que eu tinha ganhado no concurso de pudim na feira do condado. As bonecas na prateleira acima da escrivaninha ainda estavam alinhadas, suas formas mudando um pouco quando o luar caiu sobre elas. Cobertas de azul e prata, elas esperavam serem puxadas para fora da prateleira novamente. Eu podia ouvir os grilos, terminando a sua primeira sinfonia da noite, sabendo que eles só tomariam um breve intervalo antes de seu show continuar até o amanhecer. Eu capotei e caí na cama de solteiro, confortada e um pouco de melancólica ao saber que nada havia mudado. Lembrei-me das noites que passei neste cômodo, lutando para cair no sono, lutando para relaxar e tentando desesperadamente conseguir algumas horas de sono antes do alarme disparar. Me senti exatamente a mesma. E, na hora certa, o último trem de Poughkeepsie desceu o rio Hudson, soando seu apito solitário em seu caminho para a Grand Central na cidade, seu som marcando o início da parte mais solitária da noite. Quando eu sabia que todo mundo estava dormindo e eu não podia mais fingir que não era a única pessoa ainda acordada. Eu odiava aquele som. Eu fracassei mais uma vez, sentindo as bordas de pura exaustão começar a me puxar para baixo. Eu ainda não podia acreditar que estava de volta aqui.


Mas era só durante o verão. E então eu ligaria para Grace Sheridan, e cobraria sua promessa de apresentar-me a algumas pessoas melhores para cozinhar. E, se eu tivesse sorte, iria encontrar alguma empresa no mesmo período.

Quando acordei na manhã seguinte, minha mãe já tinha ido. Fiquei imensamente grata por não estar oficialmente na escala de horário de trabalho do restaurante ainda, uma vez que o meu cérebro ainda estava funcionando no horário do Pacífico. Enquanto eu lutava para me sentir mesmo remotamente alerta, o espectro da Roxie do ensino médio surgiu de novo, então eu chamei reforços. Literalmente. Minha melhor amiga Natalie e eu tínhamos nos conhecido anos atrás, quando éramos calouras na ACI em Santa Barbara. Crianças de olhos arregalados de dezoito anos de idade, ambas fora de casa pela primeira vez, nos ligamos rapidamente e encontramos nossa outra amiga Clara na aula de assados básicos, no primeiro dia de escola. Natalie e Clara saíram da ACI após seu ano de calouras, não tendo a paixão pela comida que eu tinha, mas eu mantive-me próxima a elas mesmo quando nos espalhamos por todo o país. Natalie voltou para sua cidade natal de Manhattan, enquanto Clara voltou para Boston. "Menina. O que foi?" Natalie respondeu no segundo toque. "Oh, o costume. Cozinhando. Afiando minhas facas. Descansando em meu quarto de infância". "Você tem um show de cozinha em Nova York ou algo assim?" "Tenho um show de cozinha em Bailey Falls," eu disse, me preparando para o grito dela.


Natalie não me decepcionou. Dez segundos depois, o grito ainda estava tocando em meus ouvidos. "Espere um minuto, espere um minuto maldito. Você está em Nova York? Quando? Como? Por quê? Quando? Legal!" Outro grito. "Está bem, está bem. Pare de gritar e diga-me o que aconteceu!" "Bem, tenho certeza que eu não sou a única que está gritando," eu lembrei a ela, rindo. "Bem, bem, estou calma. Diga-me o que está acontecendo", disse ela em voz cantada. Natalie animada significava cantoria. Embora, se eu parasse para pensar sobre isso, tudo para Natalie significava cantoria. Eu a presenteei com histórias de chantilly-manteiga e textos de demissão, bolos de limão e pedaços de Hollywood. Contei algo sobre corridas incríveis e sobre socorrer mães, também. Ela ficou triste pela perda dos meus clientes, mas não escondeu sua emoção por eu estar mais perto agora. Pelo menos por um tempo. "Você tem que vir para a cidade o mais rápido possível! Ou eu poderia ir vê-la; Eu nunca tenho a chance de sair daqui." "Você nunca quer sair da cidade, Nat." Eu ri. Nascida e criada em Manhattan, ela pensava que o país parava no West Side Highway e não começava novamente até que você aterrissasse no LAX. Apenas uma viagem ocasional pelo "país" era permitida: Bridgehampton. "Mais uma razão para que eu saia da minha ilha e vá vê-la. Além disso, depois de ouvir você reclamar sobre a sua cidade natal durante todos estes anos, ter a chance de realmente te ver nela? Isso certamente vale um bilhete de trêm." "Guarde o bilhete. Na verdade, não guarde o bilhete, envie-me um. Eu já estou morrendo por uma chance de voltar para a civilização. Se eu estiver vestindo um chapéu flexível grande e falando poeticamente


sobre aromaterapia quando você finalmente me ver, vá em frente e me amarre numa camisa de força!" "Os grandes chapéus estão totalmente de volta, Rox", ela respondeu prontamente. "Não se desespere. Você é muito mais descolada do que pensa." Eu pigarreei em resposta. "E isso não pode ser tão ruim, certo? Quero dizer, pelo menos você está no mesmo fuso horário agora. Não há nada nem ninguém que pareça promissor? Há quanto tempo você está ai, mesmo?" "Eu só estou passando agora a marca de vinte e quatro horas", eu disse a ela. "E muito poucas dessas horas foram gastas dormindo, portanto poderia ser uma alucinação, mas eu tive um encontro interessante na parte de trás do restaurante..." Eu parei, pensando em nozes escorregadias. "E?", Ela perguntou. Então eu enchi seus ouvidos acerca de Leo e sua rota, talvez deixando de fora alguns dos mais embaraçosos detalhes relacionados com a água de batata. "Ooooh, um namorado de verão parece promissor!", ela cantou, lançando-se numa versão de "Summer Lovin”. "Whoa, irmã. A minha posição sobre namoro não mudou." Eu não tinha casos de uma noite. Era mais como.. noites suficientes para conhecer o corpo do rapaz e que o ele gostava, e para me certificar de que ele soubesse do que eu gostava, mas não o suficiente para chegar a algo sério. Fácil. Simples. "Sim, mas você vai ter algum tempo livre neste verão. Talvez Leo fosse uma boa companhia." Eu praticamente podia vê-la balançando as sobrancelhas.


“Quem sabe? Minha carreira ainda é meu foco, por isso, se eu precisar me distrair, eu vou escolher alguém que está no modo de espera. Sem cordas, sem anexos. Apenas fácil e divertido.” Ela ficou em silencio por um momento. “Isso é totalmente como um cara iria definir as coisas.” “Sim, se um cara pegar mulheres aleatórias por toda a cidade ele estão apenas sendo um cara. Mas se uma garota faz isso ela é sacana, não é?” Isso provavelmente era como as pessoas de Baiey Falls iriam reagir. Eu me perguntei novamente se vir passar o verão aqui tinha sido um grande erro. Mas, como de costume, Natalie sabia do que eu precisava. "Eu acho que é meio brilhante, na verdade", disse ela. "Isso é bobagem até mesmo para falar. Dificilmente será o foco da minha vida. Agora, o que há com você? Quebrou o coração de alguém ultimamente?" Nós conversamos por mais de uma hora, até que eu comecei a me sentir mais acordada e mais como eu mesma. E culpad, por não gastar cada momento possível com minha mãe para conhecer o restaurante antes dela mãe dirigir-se para o pôr do sol. Eu prometi que iria conversar com Natalie novamente uma vez que eu tivesse as coisas sob controle, e desliguei.


Passei os próximos dias reconhecendo o restaurante da família, anotando as ideias da minha mãe sobre tudo o que eu precisava saber para manter as coisas funcionando. Quem eram seus fornecedores, quando ela fazia os pedidos, quem tinha as chaves e poderia fechar, quando eram feitas as entregas, etc. Enquanto eu me dirigia para a mesa de preparação, ouvi alguém dizer o nome de Leo. Havia uma pequena janela entre a cozinha e a estação onde as garçonetes ficavam, onde eram guardados todos os itens secundários para as mesas, como limões para chá gelado, guardanapos, etc. Me esgueirei mais próximo, ficando fora da vista estilo ninja. Sandy e Maxine eram sempre boas para fofocas locais, e eu queria ouvir tanto sobre Leo quanto pudesse. Eu estava determinada a me redimir da próxima vez que o visse, e manter uma conversa real, para variar. "Ele é simplesmente, caramba, ele é só... caramba!", disse Ruby, desmaiando.


Maxine concordou. "Eu sei, eu entendo perfeitamente o que você esta tentando dizer. Você viu que o pepino que ele trouxe na semana passada? Deu-me ideias." "Garota, se Roy tivesse um pepino tão grande, você acha que eu o teria deixado?" "De jeito nenhum! Melhor que ele foi embora, porem, e você sabe disso." "Eu faço. Eu também sei que nunca vi Leo em torno da cidade com ninguém. Talvez ele esteja apenas esperando a garota certa." "E você acha que a garota certa para ele é uma garçonete com cinquenta e sete anos de idade de Bailey Falls?" "Ponto feito. Mas se eu fosse trinta anos mais jovem, eu me jogaria para ele." Maxine bufou. "Você definitivamente teria que ser trinta anos mais jovem para isso. Um pepino daquele tamanho iria matá-la agora.” "Mas seria uma ótima maneira de morrer!" Sem namorada. Hmmm... Eu definitivamente teria que estar disponível cada vez que um garoto de entrega entrasse pela porta dos fundos. Estritamente por causa do pedido de desculpas, claro. E também pode ser por isso que eu me encontrei no mercado dos agricultores no sábado de manhã. Quero dizer, talvez não. Eu estava olhando para ver o que era de época, quais eram os produtos mais frescos. Afinal de contas, a excelência é a minha área. Ok, talvez eu estivesse procurando ver se certo alguém com certo par de olhos e certo par de mãos fortes e capazes estava lá. Para que eu pudesse falar com ele como uma adulta neste momento.


Ele estava lá, de fato, e tinha a maior e mais longa fila de todos os fornecedores. Claro. Notei também o quão diferente o mercado dos agricultores estava desde que eu vivia aqui. Naquela época, minha mãe e alguns outros chefes mantiveram-no vivo fazendo comidas típicas locais, mas era uma coisa meio hippie. Eram, literalmente, algumas mesas com tomates gigantes e geleia caseira (melhor geleia de todas!) e, ocasionalmente, alguém iria trazer alguns ovos. Era realizada no estacionamento atrás da igreja Metodista, e nunca houve mais de dez pessoas ao mesmo tempo comprando, incluindo os agricultores; geralmente terminava com todos sentados na parte de trás de um caminhão, comendo todo o caramelo de milho restante. Mas este lugar estava crescendo! O mercado tinha sido transferido para a periferia da cidade, num antigo celeiro que era mais velho do que a própria cidade, na época quando tudo no Vale do Hudson tinha sido terra. Era enorme, com vigas de carvalho branco e caibros, mas ainda tinha cara de cidade pequena. E agora era a casa do Mercado dos Fazendeiros de Bailey Falls, cheio de estandes de fornecedores locais. Cada cabine tinha o nome da fazenda exibido com orgulho sobre sua mesa, mostrando também o que eles estavam produzindo. Diversos vegetais estavam por toda parte, sendo nabo e mostarda verde os mais proeminentes. Havia alface de todas as variedades, bem como cenouras em uma profusão de cores - não apenas a laranja, mas também cenouras vermelhas, roxas, amarelas... Lindas e espalhadas sobre suas cestas, só à espera do cliente. Vegetais de raiz, cebolinha, alho e cheiro verde, tudo maravilhoso e delicioso, e tudo disponível apenas no final da primavera. Talos de espargos, finos e macios, imploravam para serem levados e, em seguida, preparados com o azeite mais verde. Morangos frescos, ainda com suas vinhas em anexo. E ruibarbo fresquinho...


Mas os mercados de agricultores já não eram apenas o território de produções locais pequenas. Um bom mercado dos agricultores podia oferecer quase tudo o que era necessário para uma semana de grandes refeições. Ovos, frango, carne de porco, linguiça, carne de gado, etc. Eu circulei as barracas, tomando nota de tudo o que eu queria experimentar enquanto estava na cidade. E, conforme estava circulando, encontrei-me de volta onde comecei: a grande e longa fila para Leo. Desde que Leo fazia entregas semanalmente no restaurante, ele apenas seria educado e diria oi. Usando o anonimato da multidão, eu dei-lhe uma olhada adequada. Ele deveria ter 1,80m, alto e magro como alguém que nadou e correu em pista em vez de jogar futebol. Tinha um sorriso rápido e fácil. Eu vi como ele interagia com as pessoas que conhecia e, aquelas que não conhecia, fazia questão de parar para apertar as mãos. E quando veio ao redor da mesa para ajudar uma velhinha levar uma cesta para seu carro, eu não pude deixar de sorrir. Leo não era só um cara hipster quente, ele era doce. Combinação perfeita. Enquanto ficava na fila para dizer olá, ouvi meu nome ser chamado e me virei para ver um homem muito bonito se aproximando. Chad Bowman? Oh, cara! O capitão da equipe de natação Chad Bowman. Presidente da classe sênior Chad Bowman. Eleito o melhor olhar, melhor corpo, e maior probabilidade de sucesso Chad Bowman. Esse Chad Bowman! E ele está andando na minha direção. A última vez que o vi foi na formatura, depois que ele assinou meu anuário. Então ele saiu com Amy Schaefer, a garota mais bonita da minha escola, provavelmente para fazer sexo. Da última vez que o vi, eu posso inclusive ter babado um pouco.


"Roxie? Puta merda, Roxie Callahan!" Ele me pegou em um abraço de urso gigante, puxando-me fora de meus pés. "Eu não vi você desde que, oh homem, era a graduação?" Ele cheirava à protetor solar, mel e algo intangível. Era o cheiro do sucesso? O aroma da perfeição? Da boa vida, da incrível leveza de ser bonito? O cheiro de saber quem você é e o que você quer e como obtêlo? Porque um cara como este não aceitaria um não como resposta. Ele não conhecia o significado de ‘timidez’ ou ‘nervosismo’. Ele só sabia o significado de ser incrível. Eu inalei mais um pouco da realeza do ensino médio antes que ele pudesse me colocar para baixo e sua esposa incrivelmente linda, sem dúvida, aparecer e perguntar por que ele estava abraçando uma garota da cidade que vestia uma camiseta que dizia ‘não é enchimento de creme’. "Chad, é ótimo te ver. Como você está?", Eu consegui falar quando ele finalmente me colocou no chão. Eu não estava gaguejando: a Roxie da Califórnia tinha voltado! "Eu estou bem, muito bem, na verdade", disse ele com um sorriso largo. Deus, ele ainda tinha dentes perfeitos. "E quanto a você, o que está fazendo de volta?" "Oh, apenas ajudando minha mãe. Ela está saindo da cidade por um tempo para fazer-" "The Amazing Race, eu ouvi sobre isso!", Ele exclamou, olhando por cima do ombro, sem dúvida, para a sua mulher. "Ela disse a metade da cidade, eu aposto." Eu suspirei, desfrutando deste momento ao sol com Chade FODÁSTICO Bowman. Olhei por cima do outro ombro. Ela seria pequena e morena? Ou alta e loira?


"Ela disse a metade da cidade, e essa metade contou para a outra.", ele riu, acenando para alguém sobre o meu ombro. "Roxie, eu adoraria apresentar você..." Virei-me para finalmente ver... "...meu marido." Alto e loiro, isso é o que era!

Acabei tomando café num pequeno café no celeiro com Chade Bowman e seu marido, o igualmente charmoso e bonito Logan. Embora no meu ensino médio eu sempre estivesse incrivelmente nervosa para sentar à mesa dos ‘descolados', me encontrei surpreendentemente à vontade. Talvez eu pudesse me lembrar quem eu era neste verão, depois de tudo. "Eu não posso acreditar como é fácil falar com você", admiti, dando uma mordida grande. Bagels da Costa Oeste, não tinha nada melhor do que estes. Nenhuma coisa. "Por que não seria?", Perguntou Chad, parecendo confuso. "Você é Chad Bowman", respondi simplesmente, lambendo uma bola de creme de queijo do meu polegar. "E?", Ele perguntou depois de uma pausa. "Você é, tipo, o cara. E eu estou sentada conversando com você como se eu fosse uma garota legal dos velhos tempos! Se ainda estivéssemos no colégio, suponho que você poderia querer que eu te ajudasse com a lição de casa - o que na verdade não faz sentido, uma vez que você estava na sociedade de honra. Quero dizer, realmente, quão abençoado pode ser um cara?"


"Oh, muito! Bem abençoado!", acrescentou Logan, o que me fez rir. "Eu me lembro que você era um pouco tímida na época", disse Chad, ignorando o comentário de Logan, apesar da cor rastejando em seu rosto. "Isso é como dizer que você era um pouco lindo. Felizmente eu mudei, embora admita que tive um pouco de aflição nervosa enquanto dirigia para a cidade ontem, perguntando-me se tudo seria como antigamente." Certamente eu tinha pensado em lutar por nozes e ervilhas no chão. Mudando de assunto sem problemas, eu perguntei: "Então, como você está? O que você tem feito desde a escola?" "As coisas estão muito boas. Voltamos para a cidade há cerca de um ano." "E de onde você é, Logan?", Perguntei. "Iowa, mas cresci em Manhattan". "Uau, isso é uma grande diferença." "Totalmente. É por isso que, depois que Chad me trouxe até aqui para conhecer os pais dele e eu tive um olhar para a vida ao longo do Hudson, eu sabia que este era o lugar onde eu queria viver". Chad entrou na conversa. "Estamos reformando uma casa na Maple. Lembra-se da antiga casa rosa na esquina?" "Aquela com as cortinas de renda balançando para fora daquelas janelas quebradas?" Eu fiz uma careta. Aquela casa era medonha. "Essa mesmo, mas você deve vê-la agora. Ela já está bem diferente. Nós estamos dando uma festa de pintura na próxima semana, você deve vir!" "Uma festa de pintura?"


"Sim, todas as paredes são novas, e os pisos estão sendo lixados esta semana. Agora é hora da pintura", explicou Logan. "Por favor, venha." Eu sorri e levantei o meu pão em solidariedade. "Estou dentro." E simples assim, eu tinha um encontro com Chad Bowman. E seu marido, claro. Eu tinha uma imagem mental muito suja do que um encontro real com estes dois homens lindos poderia implicar, então arquivei tudo isso para uma noite sozinha, tendo um arrepio deliciosamente impertinente. Eu conversei com os dois por outra meia hora, recuperando o atraso em todas as fofocas do ensino médio, da cidade e fofocas em geral. Chad tinha saído da nossa pequena cidade e ido para Syracuse para cursar seu MBA. Ele estava trabalhando para uma empresa financeira em Wall Street quando conheceu Logan numa empresa concorrente. Eles saíram, se apaixonaram e decidiram se mudar. Investiram tudo o que tinham e abriram uma empresa de consultoria financeira, e agora Chad Bowman ajudava idosos com seus planos de aposentadoria. "Então agora você está de volta de Los Angeles para cuidar do restaurante enquanto sua mãe estiver fora da cidade. Você está aqui apenas para o verão, ou..." Chad perguntou quando estávamos terminando nosso lanche. "Existe alguém que não sabe o motivo pelo qual estou aqui?", Perguntei, fazendo um show de olhar ao redor. Chad enrolou seu cardápio e segurou-o em sua boca como um megafone. "Oh, por favor, como você pode não se lembrar de como as notícias viajam rápido nesta cidade? Por exemplo, como no mundo você conseguiu prender o fazendeiro Leo entre suas coxas?" Engasguei com o meu chá. "Fale baixo!", eu sussurrei-gritei, horrorizada.


"Oh, por favor, você deixou todas as solteiras da cidade chateadas, para não mencionar a metade das casadas. Todo mundo quer saber como você fez isso acontecer, e no seu primeiro dia de volta à cidade, não menos!", Exclamou Chad, e Logan assentiu com a cabeça. "Ok, sério, pare. Eu escorreguei e caí, e sem querer acabei derrubando-o também. Eu não sei nada sobre ele, exceto que ouvi dizer que trabalha na Fazenda Maxwell..." "Trabalha na Fazenda Maxwell?", interrompeu Logan. Eu balancei a cabeça, continuando, "...o que eu acho ótimo. Eu não posso acreditar que esses sangues azuis deixaram aquela terra abandonada por tantos anos. Que desperdício! E se ele trabalha lá e está ajudando aquela família a fazer algo de bom para variar, em vez de apenas ficarem sentados contando seu dinheiro, então bom para ele." Eles ficaram em silêncio. "Ter uma fazenda, ha! Não é como se um Maxwell fosse sujar as mãos – esse seria um dia para se ver, se acontecesse." Quando fiz uma pausa para saborear meu chá, duas mãos de repente apareceram em meu campo de visão. Ásperas. Fortes. E... sujas? Estas mãos colocaram uma pequena cesta na mesa, cheia de... ervilhas. Oh homem! Olhei para Chade e Logan, que pareciam positivamente encantados com o rumo que esta manhã estava tomando. Droga. Eu suspirei, em seguida, virei-me lentamente no meu lugar para encontrar o Leo em pé atrás de mim, encarando-me com um olhar igualmente encantado. "Seu sobrenome é Maxwell, não é?", Perguntei, olhando em seus olhos. "Oh sim", respondeu ele, certificando-se de balançar as "sujas" mãos de fazendeiro. "Eu trouxe algumas ervilhas. E as colhi com


minhas próprias mãos de sangue azul." Seus olhos dançaram em diversão. Peguei as ervilhas e agradeci. Levantei-me e me virei em direção a ele, para pedir desculpas pelo o outro dia e, agora, pelos comentários desagradáveis que tinha acabado de fazer. Mas, quando me virei, tropecei na perna da cadeira e minha testa bateu em seu peito enquanto eu caía sobre ele, levando-nos para o chão mais uma vez ervilhas voando por toda parte novamente e tudo. Só que desta vez eu aterrissei em cima dele. De cara entre suas coxas. Merda! Chad Bowman e Logan O'Reilly aplaudiram e tiraram fotos. Os próximos momentos se desdobraram em câmera lenta: aquelas mãos ásperas sobre os meus ombros me levantaram e escovaram meu cabelo do meu rosto, e um canto de sua boca levantou novamente quando ele me ajudou a levantar conforme era capaz, considerando nossa posição. Ele gemeu quando se sentou, sem dúvida porque o meu corpo congelado ainda estava envolto no dele. Sua risada ecoou enquanto ele observava as ervilhas que se agarravam aos seus músculos do peito. E então eu vi o flash de vergonha em seus olhos quando ele me viu olhar ao redor freneticamente, tentando descobrir como reunir todo o resto de dignidade que ainda me restava. Eu podia sentir as pessoas me observando. Eu sabia que a história estaria por toda a cidade dentro de uma hora - não havia nada melhor para fazer em Bailey Falls do que fofocar sobre a filha desajeitada de Trudy. Que estava de volta na cidade e, num único dia, já tinha se metido em confusão duas vezes. Ainda no chão, enrolada com esse homem lindo, eu podia sentir meu velho eu me dizendo para correr e me esconder, e fingir que isso nunca aconteceu. Foda-se o velho eu!


"Então, arrancando entre meus sua metade

era essa sua ideia de uma oferta de paz?", Perguntei, uma vagem de ervilha de seu cabelo loiro areia e girando-a dedos. Para o registro, eu ainda estava enrolada em toda a inferior.

"Acho que sim", ele riu. "Embora tecnicamente tenha sido você quem literalmente se jogou em mim, duas vezes agora. Não é você quem deveria estar me oferecendo alguma coisa?”. Seus olhos eram quentes e um pouco desafiadores. Ele parecia estar me pedindo para jogar. Ok, garoto da fazenda, vamos jogar! Apoiei minha mão sob o meu queixo, como se estivesse sentada confortavelmente numa cadeira ao invés de pairando sobre suas partes. "Eu tenho metade de um pão na mesa ali em cima. Você está convidado a dividi-lo comigo. Mas, antes de eu comer sua baguete, nós deveríamos nos apresentar adequadamente, você não acha?" Ele lambeu seu lábio inferior. Eu quase fiz o mesmo. Eu queria lamber o lábio inferior dele até o final dos tempos, com certeza. "Roxie". "Leo". "Oh meu Deus!" Chad falou da mesa acima. Olhei para ele e fiz uma careta, imaginado a cena que Chad e Logan estavam observando: engraçada e ridícula eram dois bons adjetivos para ela, pensei. Compreensível. Nós estávamos cobertos de ervilhas. Feitiço quebrado, nós nos desembaraçamos e, em seguida, recuperamos as ervilhas que estavam espalhadas pelo chão do celeiro. Leo me ajudou a levantar, mantendo a mão na minha cintura meio segundo mais do que o necessário. Enfrentamos a multidão - que não tinha ajudado a recuperar uma única ervilha - nos assistindo com sorrisos largos.


Olhei para o meu prato. "Opa, mais como um quarto de uma baguete. Mas diga uma palavra e ela é toda sua." "Eu vou passar", ele respondeu, levantando uma sobrancelha. "Por agora." "Posso pelo menos comprar-lhe uma xícara de café, para pedir desculpas por tudo o que derrubei em você?" Ele olhou por cima do ombro em direção ao estande da Fazenda Maxwell. A fila ainda era longa. "Eu preciso voltar; manhãs de sábado são sempre ocupadas." Ele parecia genuinamente arrependido de ter que recusar minha oferta. "Te vejo depois?" "Certo. Eu estarei aqui durante todo o verão", eu disse. Pela primeira vez, sem um pingo de resmungo. Ele sorriu, acenou com a cabeça, em seguida, disse tchau para os caras. Quando ele se afastou por entre a multidão, afundei de volta na minha cadeira com um suspiro, cutucando o meu pão. "Ele é solteiro, você sabe," Chad murmurou, fazendo-me olhar para cima do meu prato. “Não que seja da minha conta, mas obrigada", eu disse afetadamente. "Você é tão mau quanto as garçonetes no restaurante. Eu recebi um relatório semelhante delas." Um relatório que elas não sabia que estavam compartilhando comigo, mas ainda assim... "Ele não namora", acrescentou Chad, com o rosto impassível. "Perfeito. Nem eu," Eu ronronei, observando Leo atravessar o celeiro. "Claro." Nenhum deles ofereceu qualquer informação adicional, então eu afastei meu olhar do traseiro de Leo, que era magnífico, e voltei a


encarar meus companheiros de bagel. Suspirei. "Ok, eu vou morder a isca. Ele não namora, nunca? E como você sabe disso?" "Ele não saiu com ninguém desde que chegou à cidade", disse Logan. "E é por isso que muitas das senhoras aqui estão sempre migrando para o seu estande no mercado. Certamente não é apenas para comprar legumes", acrescentou Chad. "Eu não tinha notado," disse a eles. "Olhe para o nariz dela, não para de crescer e crescer", disse Chad, com olhos divertidos. "Eu posso ter notado que a fila dele era um pouco mais longa do que a da maioria," concedi. "Se Deus quiser", Logan murmurou. "Pare com isso." Eu suprimi uma risadinha. "Para o registro, quando eu disse que ele não namorava, isso não significa necessariamente que ele não faz... você sabe...", Disse Chad significativamente. "Ele pode fazer você sabe o tempo todo, mas é muito discreto," Logan entrou na conversa. Eu consegui permanecer em silêncio, mas debaixo da mesa eu cavei minhas unhas em minha palma. Todos os três de nós agora olhávamos para a barraca onde Leo estava encantando as calcinhas da Sra Sherman, uma aposentada de oitenta anos de idade e conhecida como a Elizabeth Taylor local. Eu mencionei que seu nome completo era Sra. Kitty Chase Bocci Billings Cole Billings Hobbs Sherman? Ela gostava tanto de Mr. Billings que se casou com ele duas vezes. E agora ela estava batendo as asinhas em torno Leo. Que naquele momento ostentava um sorriso tímido e estava travando olhares comigo.


"Hmm," eu disse, mastigando um pedaço do meu bagel. Será que eu tinha encontrado minha diversão de verão? Eu sempre tive uma fantasia com fazendeiro, um resquício de assistir reprises de Little House. E santo Almanzo Wilder, este agricultor era um espetáculo. Eu disse adeus a Chade e Logan e fui para o restaurante, onde era esperada para trabalhar no turno do almoço. Nada de encontros, hein? Enquanto dirigia de volta ao restaurante, cantarolava uma musiquinha. “Summer loving had me a blast...” (O amor de verão me detonou...) Mas todos os pensamentos de amor de verão foram embora quando eu estacionei atrás da lanchonete, porque lá estava a minha mãe em pé na porta de trás, pano de prato na mão e um sorriso sarcástico no rosto. "Como foi no mercado dos agricultores?", Ela perguntou, sua voz cheia de alegria. "Cheio de legumes", eu respondi, sentindo meu rosto queimar enquanto eu me perguntava como no mundo que ela já sabia? Cidades pequenas. Pelo amor...


Ao longo dos próximos dias, cada olhar de cumplicidade e olhar furtivo me lembrou do quanto as pequenas cidades gostavam de fofocas. Minha mãe me encantou todos os dias, dizendo-me o que tinha ouvido: que eu empurrei Leo atrás de uma barraca de ervilha no mercado dos agricultores e me enrosquei com ele no chão; que tinha lhe oferecido meu pão repetidamente, recusando-me a aceitar um não como resposta; ou que tinha sido vista atrás do mercado ajudando-o a carregar seus vegetais, e fui pega segurando seu pepino. Esse era o meu favorito. Mas, enquanto minha mãe queria se concentrar em se eu conseguiria permanecer em pé neste verão onde quer que Leo pudesse estar, eu estava tentando deixar as coisas prontas no restaurante, para ter uma transição mais suave quando minha mãe finalmente saísse de “férias”. Eu também estava respondendo a todos os tipos de perguntas do público, intrigado sobre como era ser uma chef particular em Los Angeles. "Será que eles comem mais do que apenas os brotos de feijão?" "Você já conheceu Jennifer Aniston?" "É verdade que você vê estrelas de


cinema em toda parte, até no posto de gasolina?" Aparentemente aposentados assistem um monte de fofocas sobre Hollywood. Mas não tinha problema. Porque eu estava aqui, determinada a fazer o melhor possível com a situação. Quando misturei a carne e o queijo velveeta triturado para fazer um cozido junto com a couve-flor, eu disse: "Mamãe. Sério. Com todo o queijo incrível que você poderia estar usando, alguns até mesmo, literalmente, do outro lado da estrada, e você ainda está usando velveeta?" "Pessoas comem o que gostam, Rox", disse ela, picando repolho para uma salada que ela sobrecarregava com um molho grosso de maionese. "Você não pode ser tão esnobe com comida." "Querer usar um queijo de verdade me faz esnobe?" "Isso e o fato de que seus olhos estão prestes a sair do seu rosto por causa da maneira como eu estou fazendo minha salada de repolho", disse ela, sem nem mesmo ter que se virar para ver o meu rosto. Desfiz minha careta. "Tenho uma grande receita de salada de repolho. Talvez eu pudesse experimentá-la algum dia?" Ofereci. "Você sabe que a minha salada de repolho é a receita da família, certo?" "Eu sei, e sei que as pessoas adoram ela, mãe. Eu apenas pensei que talvez pudéssemos tentar algo novo, fazer uma mudança e..." "Hey, Albert!" Minha mãe gritou para um senhor mais velho sentado na ponta do balcão. "Como está, Trudy?", Ele respondeu, sem levantar os olhos do jornal. Albert vinha todas as tardes desde que eu conseguia lembrar, demorando-se depois do almoço para ler os quadrinhos. "Qual é o seu prato favorito aqui?", perguntou ela.


Revirei os olhos para a pilha de pedaços de velveeta. "Salada de repolho", respondeu ele, e ela se virou para sorrir lindamente para mim. "Hey, Albert!", Eu gritei de volta. "O que há, Roxie?" "Se houvesse um novo prato no menu, talvez um tipo diferente de salada de repolho, você experimentaria?" "Claro, eu amo todos os tipos de salada de repolho", ele respondeu, sem tirar os olhos de seu jornal. O sorriso da minha mãe caiu. "Hey, Albert?", Ela gritou, sua voz consideravelmente mais doce. "Sim, Trudy?" "Você diria que, embora ocasionalmente pudesse gostar de tentar algo novo, há algo a ser mantido sobre o que é tradicional? Sobre ter o que você gosta quando você gosta?", Ela perguntou. "Claro que sim", respondeu ele. Minha mãe é a primeira pessoa na história que tem arrogância enquanto faz retalhamento. "Hey, Albert," eu o chamei novamente. "Sim, Roxie?" "Você diria que, por vezes, todos nós tendemos a ficar um pouco preguiçosos e pedimos a mesma coisa todos os dias simplesmente porque é o que estamos acostumados, e que, talvez, se alguém criasse algo novo e inovador, isso pode vir a ser exatamente o algo novo que você estava procurando, sem sequer saber que estava procurando?" "Pode apostar."


A cabeça de repolho foi atirada no balcão, fazendo com que minha pilha de queijo neon tombasse. "Hey, Albert!" Minha mãe gritou. Mas agora Albert tinha outras ideias. "Agora chega! Eu estou tentando ler meus quadrinhos. Se eu quisesse ouvir este tipo de briga, poderia ter ficado em casa com a minha mulher!" Um farfalhar de jornal. Um barulho como um copo de café irritado batendo num pires inocente. Retomamos nossos serviços em silêncio. "Só para você saber, você pode fazer alterações, se quiser", disse ela, poucos minutos depois. "Obrigada." "Quem sabe, talvez algum sangue fresco é apenas o que este lugar precisa." "Mamãe..." "Quando eu herdei este lugar de seu avô, eles ainda serviam língua no menu. Você pode imaginar?" "Mamãe-" "Então, quando chegou a minha vez, eu mantive algumas das velhas receitas, é claro, mas adicionei algumas coisas aqui e ali, coloquei alguns ingredientes aqui e ali, e ao longo do tempo renovei quase todo o menu! Então, você vê..." "Mamãe. Eu não vou ficar", eu disse baixinho, me movendo ao redor do balcão para ter certeza que ela me via. "Fim do verão, e isso é tudo. Ok?" Parecia-me como se ela quisesse dizer mais alguma coisa, mas no final, simplesmente assentiu. "Hey, Albert, quer mais café?", Ela chamou. "Eu pensei que você nunca ofereceria."


Sufoquei uma risada quando ela saiu para conversar com ele, mexendo o molho de queijo. Meu celular vibrou e eu vi que tinha um alerta do Facebook. Um novo pedido de amizade, de Chad Bowman! Eu rapidamente o aceitei, e rapidamente recebi uma mensagem dele. Festa da pintura na sexta à noite, você está convidada! Traga roupas velhas e alguma bebida. Nós vamos fornecer a tinta e a comida! Amor, Chade e Logan. Fantástico!

Eu sempre ficava maravilhada com meninas que podiam ir para qualquer lugar sem conhecer uma alma que fosse. Eu tinha visto minha amiga Natalie fazer amizade com quase todos em nossa classe. Ela podia falar com ninguém ou com todos ao mesmo tempo, e ainda assim todos gravitaram em direção a ela. Clara era mais tranquila, um pouco mais séria, mas ainda totalmente capaz de conhecer novas pessoas. A maioria das pessoas tinha o gene da conversa. Eu não nasci com ele, mas o tinha cultivado ao longo dos anos. Longe de casa, aprendi com meus novos amigos quão fácil era se socializar. Agora eu poderia ir a uma festa onde não conhecia ninguém e ficar bem, até mesmo me divertir. Conheci alguns dos meus melhores clientes desta forma. Eu não era a alegria em pessoa, mas também não era a tristeza do ambiente. No entanto, conhecer todos em uma festa poderia ser ainda pior do que não conhecer ninguém. Esse era o motivo do meu nervosismo enquanto me aproximava da casa de Chad sexta à noite. Eu conhecia


cada pessoa na cidade, e cada um deles me conhecia. Especialmente depois de meus triunfos vencendo todos os concursos de culinária quando criança. Conhecer a diferença entre coisas como canela do Vietnã e canela do Camboja tendem a chamar a atenção sobre si no ensino médio. E embora Chad tinha sido um "grande" garoto popular, alguns de seus amigos, por vezes, caíram para a categoria "médio". E alguns deles poderiam estar aqui esta noite. Eu estava animada em ser convidada para uma festa; isso fez a perspectiva de passar o verão aqui mais divertida. Mas eu estaria mentindo se dissesse que não havia um pouco da Roxie antiga quando cheguei à porta. Eu precisei me lembrar que não estávamos na escola, estávamos no presente agora. Além disso, eu estava carregando meu famoso preparado de feijão branco toscano, salpicado com limão e alho e servido em crostinis de brioche, perfeitamente cortados em viés. Então, vamos lá. Eu respirei fundo e toquei a campainha. Logan abriu a porta com um grande abraço e um sorriso, pegou meu preparado, entregou-me um rolo de pintura e um balde e, simples assim eu estava numa festa legal. E sim, havia pessoas lá de quem eu me lembrava, mas eles estavam realmente felizes em me ver. Perguntaram se eu ainda estava cozinhando, expressaram sua admiração pela minha graduação em uma das melhores escolas de culinária no país e inveja pela minha vida em Los Angeles, um lugar que ainda era considerado muito emocionante, "incrível" e "Cara, isso é muito foda!" Ninguém sabia como a manteiga tinha afundado minha carreira; estavam todos apenas impressionados que eu estava fazendo algo que a maioria das pessoas nunca faria, e estavam muito curiosos. Los Angeles nunca pareceu dura ou uma aventura para mim; sempre foi exatamente o que eu deveria fazer. Então, agora, conversando com pessoas que pensavam que eu era corajosa por me aventurar e fazer algo diferente de todos os outros? Cara. Isso era legal.


Eu me misturava alegremente, vendo mais da casa. Uma grande construção velha vitoriana, ela com certeza era áspera, mas muito bonita. O piso principal tinha janelas lindas e largas, lambris e uma enorme lareira com estantes embutidas em ambos os lados. A cozinha foi reformada recentemente e Chad me disse que, quando eles derrubaram um armário velho a ganharam mais espaço na nova cozinha, encontraram recortes de jornais antigos de uma centena de anos atrás. A casa escorria charme, mesmo no estado em que se encontrava. A todo mundo foi atribuído um cômodo para pintar, com cada parte da casa contando uma história de cor diferente. Eu estava indo até o terceiro andar, onde havia um espaço gigante convertido em sótão, com uma pequena sala ao lado com uma parede exterior curva. "Oh meu Deus, esta é a sala da torre?", exclamei. "Sim, é o meu cômodo favorito na casa. O resto do sótão vai ser uma espécie de segunda sala de estar, mas eu pensei em transformar isso em meu escritório em casa", disse Chad. "É perfeito, eu adorei! Que cor vai ser?" Ele abriu uma lata e me mostrou o mais profundo tom de ardósia cinza que eu já vi. "Eu sei que a sabedoria convencional diz que um cômodo pequeno não deve ser escuro, mas eu pensei que seria acolhedor." "Não, não, eu acho que é perfeito", eu disse, enxotando-o com o pano. "Agora saia daqui e deixe-me pintar o seu escritório." "Divirta-se, irmã. Há mais pessoas vindo, e eu vou enviar algumas para pintar o resto do sótão, de modo que você não estará sozinha aqui em cima por muito tempo", disse ele, em seguida, voltou lá para baixo. Comecei a despejar a tinta escura, manchando a bandeja de pintura. Esse certamente seria um escritório maravilhoso.


Eu estava perdida na pintura quando ouvi alguém subindo as escadas. Me virei para dizer oi com um sorriso no rosto, confiante de que poderia fazer quem quer que fosse sentir-se bem-vindo. E é claro que era o Leo. E a terceira vez que nos vimos foi o charme, aparentemente, porque, depois de derrubar ervilhas nas duas primeiras vezes, agora eu tinha apenas que ficar calma e deixá-lo entrar no escritório. E esse cara definitivamente era o meu tipo de bonito. Ainda melhor do que sua altura eram seus ombros largos. E aqueles ainda seria a minha morte. Verde, oh tão verde, e solidamente fixados em mim. Brilhantes. O espaço se encheu com uma confiança fácil. Não arrogante, apenas autoconfiante. Agora eu podia ver claramente a borda Maxwell que tinha sido amenizada pela primeira impressão do cara de entregas. Ele me avaliou, calculadamente. Ele estava vestindo uma camisa xadrez de dez dólares, e um relógio de mergulho de design impecável. Riquinho com um polegar verde? "Ei, é a garota das ervilhas!", disse ele, pousando seu rolo e bandeja de pintura. "Oh não, não, não, não, fique aí mesmo!" eu instruí. "Por quê?", ele perguntou, intrigado. "Você está brincando?" perguntei, olhando para o campo minado estabelecido entre nós. "Latas de tinta abertas, rolos, escovas... isso pode acabar muito mal." "Bom ponto", admitiu ele, dando de ombros para fora da jaqueta e largando-a numa escada. "Mas eu acho que vou arriscar." "Eu praticamente fui para baixo em você em público. Agora, isso é muito arriscado", eu disse, cruzando os braços e balançando o quadril com um pouco de arrogância. Então eu ouvi o que tinha acabado de dizer. Eu poderia ter sido um pouco sarcástica.


Ele começou a rir. "De onde diabos você veio?" "LA", eu disse com um aceno despreocupado da minha mão, consequentemente pintando meus peitos. Ele riu mais forte, encostando-se a parede para se apoiar. Eu não tive coragem de dizer a ele que eu tinha acabado de pintar essa parede. "Então, como você conhece Chade e Logan?", perguntou, pegando um pincel. "Eu fui para a escola com o Chade, e Logan só conheci agora. E quanto a você?" "Eles são parte da CSA na fazenda", disse Leo. "Eu costumo vê-los uma vez por semana quando entrego suas encomendas." "CSA, CSA... por que esse som é familiar?" Enruguei a testa enquanto pensava sobre isso. "Ah com certeza! Comunidade de Suprimentos Agrícolas, certo? Eles estão aparecendo em Los Angeles. Para falar a verdade, em quase toda a Califórnia. Eu nunca pertenci a um, embora; exatamente como isso funciona?" "É muito simples. Um grupo de pessoas paga uma taxa préestabelecida antes da estação de crescimento, e, em troca, a cada semana eles recebem uma caixa de tudo o que é fresco do campo. O agricultor recebe o dinheiro com antecedência, o que é ótimo, e o consumidor recebe um desconto no preço da caixa semanal, pagando menos do que pagaria se tivesse que vir até a fazenda, e muito menos do que num supermercado convencional." A forma como seus olhos se iluminaram me disse que ele gostava de falar sobre o que fazia para viver. Foram também informações fascinantes: sempre que alguém queria falar de comida comigo eu estava disposta. Mas agora, eu estava tendo dificuldade em me concentrar, por causa de quão próximo ele estava. Quão lindo ele era, e tão apaixonado quando estava falando sobre sua fazenda...


"Comida lenta, certo?" Eu disse, ciente de que minha voz estava assumindo um tom sonhador, porem, bem menos ciente de que eu ainda estava esfregando o rolo de pintura. "Mmm-hmm. Lento". O olhar dele se estreitou, em seguida, ele fechou o espaço entre nós, dando apenas um passo, mas fez isso lentamente. Ele estava perto o suficiente para que, se minha camisa de alguma forma se abrisse e meu sutiã voasse, ele provavelmente pudesse me fazer gozar apenas com a boca nos meus seios. Mas depois eu me lembrei que eu estava aqui para pintar. Então recomecei meu trabalho. Leo e eu pintamos essa pequena sala, e ouvimos todos tendo um grande momento conversando na sala ao lado. Mas, nesse minúsculo escritório? Feromônios estavam saltando pelas paredes. Eu só disse coisas como "Você pode me passar o pano?" e "Você tem uma dessas varas para mexer a tinta?" e "Será que está ficando bom?" Mas sempre que nossos olhos se encontravam... formigamentos, formigamentos. A tensão era tão espessa que, quando Leo quebrou o silêncio, eu pulei um pouco. "Então, sua mãe disse que você é uma chef particular na Califórnia, certo? Ela me disse que você cozinha alimentos chiques para pessoas extravagantes", ele respondeu, enxugando pintura ao longo da janela. "Ela parecia muito orgulhosa de você." "Realmente? Ela usou a palavra orgulhosa?" "Não, mas ela parecia orgulhosa." "Huh," eu disse. "Você está em casa apenas para o verão, certo? Em seguida, de volta à fantasia?", perguntou. Eu balancei a cabeça lentamente. Ooh, era a abertura perfeita para dizer-lhe que sim, que eu estaria aqui apenas durante o verão, que eu


voltaria para a Califórnia em breve então, você sabe, se quiser ser minha companhia... Caras geralmente amam essa conversa. Sem cordas, apenas pura diversão. Eu abri minha boca para dizer exatamente isso, mas ele continuou antes que tivesse uma chance. "LA é grande e tudo, mas prefiro Bailey em qualquer dia da semana." Ele viu minha carranca. "Você não concorda?" "Eu não sou boa em pequenas cidades", eu respondi. "Todo mundo sabe da vida do outro. Todo mundo conhece a história de cada um." “Todo mundo se ajuda", ele insistiu. "Todo mundo fofoca sobre o outro," eu corrigi. "Algumas pessoas chamariam isso de charme." "Algumas pessoas chamariam isso de irritante." Eu ri, balançando minha cabeça. "Escute, eu entendo totalmente o apelo de uma pequena cidade; isso só não é para mim". "Luzes brilhantes, cidade grande?", Perguntou ele, de repente ao meu lado. Seu rolo de pintura estava ficando cada vez mais perto do meu pincel. "Algo parecido com isso", respondi, sentindo meu coração esmurrando meu peito. "Às vezes é bom ser apenas um rosto na multidão." "Isso não é possível", ele murmurou e eu olhei em seus olhos. Outro soco no peito. "Você ser apenas uma rosto? Não é possível." Meu pulso estava acelerado. Seria tão fácil levantar-me e surpreendê-lo com um beijo. Em vez disso, eu me atrapalhei e pisquei. Esse cara era exatamente o tipo de cara que eu normalmente ficava: boa aparência, engraçado. Mas ele me deixava... nervosa. De uma forma que eu não tinha ficado em um longo tempo. Nesse ritmo eu acabaria transformando isso em qualquer coisa menos uma festa de pintura, então eu precisava pisar no freio.


Mas antes que isso acontecesse, eu precisava esclarecer uma coisa primeiro. "Me desculpe novamente sobre o tipo de comentário que eu fiz sobre a sua família, no mercado no outro dia", eu disse timidamente. “Eu realmente não quis que soasse daquela maneira. Eu sequer conheço a sua família. Eu só sei o que o resto da cidade sabe." Ele piscou, seu rosto assumindo uma expressão que eu não tinha visto antes. Eu não conseguia controlar meus pensamentos, e meu pulso acelerado fazia minhas palavras saírem um pouco confusas. "Obviamente você tem toneladas de dinheiro e uma antiga família de Nova York ou algo assim... E você tem toda aquela terra. Agora está trabalhando nela, e parece tão apaixonado sobre o cultivo de alimentos quanto eu sou por cozinhá-los. Você tem esse jeito todo quente de agricultor forte, suado... poderoso, e eu tenho certeza que aí existe uma história. Puta merda, eu preciso calar minha boca agora." "Roxie?" "Uh-huh?" respondi, mortificada. "Você parece muito estranha. Mas definitivamente...", havia um sorriso em sua voz. "Definitivamente... o quê?", olhei para ele. Nunca na minha vida eu quis tanto agarrar alguém. Beijar? Certo. Ver nu? Certo. Mas quando meus olhos encontraram os dele, eu senti um impulso poderoso para agarrá-lo. Sua boca, seu pescoço, o peito, o estômago e tudo sob os jeans azuis desgastados. E o engraçado é que eu senti que ele estava pensando a mesma coisa. Se Logan não tivesse chegado nas escadas naquele momento para anunciar a pausa para o lanche, isso poderia ter acontecido. "Definitivamente", ele repetiu com um sorriso.


Comecei a arrumar o meu espaço de trabalho enquanto Logan admirava o quarto. "Vocês são rápidos. Você quer trabalhar nessa marquise gigante no andar principal ao lado?" "Na verdade, eu tenho que ir. Tenho um longo dia amanhã", disse Leo, limpando um pouco de tinta em sua camisa. No processo, ele se arrumou um pouco. No processo, eu tive que ver seu tanquinho. No processo eu formigava em todas as partes, e pode ser que eu tenha engasgado um pouquinho. Logan notou. Leo felizmente não o fez. Virei-me rapidamente para a parede para cobrir o meu rubor, apertando o meu pincel até quase quebrá-lo. Enquanto Leo e Logan conversavam atrás de mim, eu disse a mim mesma que era apenas uma barriga. Uma barriga tanquinho, e quente, com certeza. Escaldante, plana e polvilhada com uma deliciosa trilha feliz, mas ainda apenas uma barriga. Enquanto eu tentava me convencer disso, percebi que o quarto tinha ficado quieto. E, minha pele, que estava formigando de novo, me disse que Leo estava de pé bem atrás de mim. Eu me virei. "Legal trabalhar com você, Roxie." "Você também, Leo," eu disse. "Boa pintura." Boa pintura? Bom sofrimento. "Boa pintura para você", disse ele com uma risada. "Eu te vejo por aí, tenho certeza." “É uma cidade pequena", respondi. "Talvez você vá aparecer na minha porta de trás com suas nozes novamente." Leo balançou a cabeça quando se virou para ir, e eu podia ouvi-lo rindo enquanto descia as escadas. E eu ainda não tinha tido coragem de contar a ele sobre a mancha nas costas de sua camisa.


Eu sorri para Logan, dei um tapa em seu ombro e disse: "Eu estou morrendo de fome. Vamos ter alguns petiscos!"


A próxima semana passou acelerada e, antes que eu percebesse, estava ajudando minha mãe a se preparar para seu reality show. E isso é uma frase raramente pronunciada. Os produtores lhe deram uma lista de coisas que ela não poderia levar, incluindo telefone e laptop. Ela precisa estar totalmente alheia ao que estava acontecendo em casa, e enquanto estivesse lá, receberia um bom valor em dinheiro. Ela estava animada para se desconectar. Ela passou por suas listas finais de afazeres comigo, fazendo com que eu tivesse tudo que precisava para administrar o restaurante durante o verão. Depois, estava pronta para ir. A característica que me mais me incomodava sobre a minha mãe também era a que eu mais admirava: sua capacidade de ir com o fluxo. Enquanto eu crescia, foi frustrante como o inferno minha única responsável ser tão descontraída. Eu desejei o tipo de mãe que mandasse eu fazer minha lição de casa, assinasse os bilhetes de escola e preparasse lanches embalados para viagens de campo. Mas seu voo de fantasia também me levava a acordar de um sono profundo durante


a noite para se certificar que eu não perdesse uma chuva de meteoros, e para cantar canções de Natal em julho a plenos pulmões enquanto dirigíamos pela estrada, porque ela tinha que ir a uma feira de antiguidades em Albany, a qual tinha acabado de descobrir. Esta mesma atitude tornou possível para ela aproveitar a viagem a qual estava prestes a ir, fazendo-a realmente vê-la como uma aventura. Eu a vi zumbindo sobre a cozinha, em busca de um pauzinho para prender seu cabelo enquanto esperávamos o carro que viria buscá-la e levá-la ao aeroporto. Tia Cheryl vivia em Dayton, Ohio, e ia encontrá-la em Nova York. Desde que minha tia era o oposto da minha mãe, as duas certamente fariam uma grande dupla esquisita na televisão. "Ok, há mais alguma coisa que você precisa de mim? Você tem os números de telefone de todos os funcionários, no caso de você precisar chamá-los. Você conseguiu encontrar os documentos de seguro na pilha que eu te mostrei em cima da mesa?” "Eu tenho tudo e eu já encontrei. Estamos bem, mãe." E eu estava realmente pronta para assumir. "E, não se esqueça, se acontecer alguma coisa inesperada com o restaurante, chame um dos meninos que fazem a manutenção. A pia sempre acaba entupindo quando os canos dilatam, então só empurre algumas toalhas sob ela e ligue para os meninos. A pia normalmente só faz isso em dias muito quentes, mas você sabe como pode ser em julho", disse ela, agitando uma nuvem de flor de laranjeira e hortelã-pimenta. Mamãe era um grande fã de óleos essenciais. Hmm, isso era uma pitada de sálvia? Ela pode estar um pouco nervosa. "Eu tenho isso, mãe", disse, entregando-lhe o passaporte que ela tinha acabado de soltar e agora não conseguia encontrar novamente. "Oh, muito obrigada, querida, obrigada." Quando a buzina soou lá fora, ela quase pulou para fora de sua pele. "Oh! Esse é meu carro, é hora de ir!" Ela piou, em seguida, correu para fora da porta da frente.


Não pude deixar de rir enquanto observava sua excitação, ajudando-a a colocar as malas no carro. Eu duvidava que qualquer um dos outros concorrentes estivesse viajando com uma mochila vintage do exército, bordada com a frase ‘Faça biscoitos, não faça guerra’ ao lado. "Você tem as informações de contato dos produtores, por isso, se precisar de mim, você liga, certo?" "Tudo bem. Não se preocupe com nada." Ela parou de carregar as malas e olhou para mim. "Eu não me preocupo com você lidando com as coisas, Roxie. Isso é algo com o que eu nunca tive que me preocupar." "Então, vá se divertir. Eu estarei aqui quando você voltar", assegurei a ela, acariciando seu braço. Ela me pegou em um abraço apertado, segurando-me firmemente. "Tenha um pouco de diversão neste verão também. Aproveite, ok?" "Eu vou, mamãe." "Use luvas quando estiver assando; aquele forno velho não é confiável." "Eu irei." "Use óleo de citronela se você for para a floresta." "Eu irei." "Use protetor solar se for nadar no lago." "Eu irei." "Use preservativo se tiver relações sexuais com um agricultor." "Eu vou! Jesus, mãe!" Ela riu, em seguida, subiu no banco de trás, me soprando um beijo e dizendo que me amava. Ela disse ao motorista para levá-la em uma


aventura e então Honestamente!

se

foi,

deixando-me

balançando

a

cabeça.

Orelhas e bochechas queimando, eu voltei para dentro e dei uma boa olhada ao redor. Eu tinha o dia de folga, e sabia exatamente como ia gastá-lo. Faxina. Eu sempre fui a responsável, sempre séria. Eu gostava de limpeza, e desorganização me deixava louca. Então eu empilhei e endireitei, espanei e varri. Não joguei nada fora, uma vez que não era a minha casa, mas arquivei numa caixa grande parte do material e do absurdo. Uma vez que a sala de estar estava pronta, fui para cozinha, fazendo brilhar os pisos de madeira e as bancadas. Levando um pouco das caixas para o galpão, decidi ir para o jardim, que precisava de um bom trato, e fiz disso meu projeto da tarde. Estava tudo num emaranhado de cipós de madressilva e rosas, de arbusto velhos e flores com espinhos de espessura mais grossa. Quando eu estava arrastando uma confusão de videiras cortadas para a pilha de lixo, algo chamou minha atenção. Algo que tinha sido parte do quintal por tanto tempo que era apenas parte do cenário: o velho reboque, estacionado atrás de uma fileira de pinheiros. Tinha pertencido ao meu avô, que tinha usado-o para viajar pelo país no trem hippie original - Woodstock não era longe de Bailey Falls. Depois que ele morreu, foi mandado para o pasto. Era sempre o último item da lista de coisas para fazer, com outra coisa sempre levando prioridade para onde gastar aqueles poucos dólares extras a cada mês, e gradualmente se tornou um elefante branco gigante enferrujando no quintal, tão grande que era imperceptível. Mas hoje eu o notei, e fui dar um olhar mais atento. Sempre achei que estes reboques velhos muito bonitos, num estilo retrô. Ele estava bem destruído, cheio de ervas daninhas, pneus carecas e rasgados, e


sem dúvida era um lar para diversas criaturas também. Algum dia poderia ser divertido olhá-lo por dentro, mas não hoje. Voltei para o meu trabalho no jardim, terminando-o, então fui para dentro. Depois da vibração constante da minha mãe na última semana, a pequena casa agora parecia grande e vazia.

Outro dia, outra corrida de pequeno almoço. Eu mantive meus olhos e ouvidos abertos quando trabalhei minha primeira mudança administrativa no restaurante no dia seguinte. Os funcionários estavam, na sua maioria, há anos trabalhando ali, e o lugar realmente era capaz de correr por si mesmo, mas eu sabia que minha mãe queria alguém no comando. O restaurante era seu bebê, que tinha sido o bebê de seu pai antes dela, e que ela esperava que um dia fosse meu, não importava quantas vezes eu tenha dito a ela que porcos voariam se isso acontecesse. Mas esse era um pensamento para outro dia; eu tinha uma mudança de pequeno almoço para ser executada. Assim, eu me joguei na cozinha, quebrando ovos e fazendo torradas para fazer um ‘Adão e Eva numa jangada quebrada’4. Um fluxo constante de pedidos, varias fofocas das pessoas que fizeram encomendas, três dedos queimados, duas garçonetes brigando e um incêndio de gordura muito pequeno mais tarde, eu tinha sobrevivido com sucesso meu primeiro pequeno almoço, e encontrava-me mais uma vez no fim do dia junto com um descascador de batatas. Concentrando-me na perfeição que se tornariam minhas batatas fritas, quase não ouvi a porta traseira abrindo. Mas, desta vez, o

4

Nome do prato.


agricultor foi inteligente o suficiente para anunciar a si mesmo antes de algo sair voando. "Você está armada?" Olhei por cima do meu ombro para ver Leo, vestindo um sorriso provocante. Eu respondi com meu próprio sorriso, segurando minhas mãos no ar: batata em uma, descascador na outra. "Eu estou, e talvez seja melhor você não chegar muito mais perto", eu disse muito a sério. Balancei a cabeça em direção à cesta em cima das caixas que ele carregava. "Eu não posso acreditar que você trouxe nozes para uma luta de batata." "Eu admito que não correu bem para mim da última vez", disse ele, caminhando até minha estação e largando as caixas que carregava. "Ou correu muito bem para mim da última vez, dependendo do ponto de vista." "Ponto de vista é importante," eu disse, soltando o descascador. Ele estava mais perto do que eu esperava, e me vi olhando para os seus incríveis olhos verdes, brilhantes e curiosos. "Então, o que você me trouxe hoje?" Sem tirar os olhos dos meus, ele bateu levemente na pilha de caixas. "Alguns tipos diferentes de alface, incluindo uma nova variedade. Bastante erva-doce e cabeças de alho. Alho poró, aipo, couve e um grande e gordo nabo. E um agrado: os primeiros morangos." Ele ergueu um pequeno saco de papel, abriu o topo e eu olhei para dentro. Localizados na parte inferior estavam um punhado de morangos gordos, vermelhos e salpicados com folhas verdes aromáticas. "Mmm." Eu respirei. "Isso cheira a verão." "É verdade, certo?", ele respondeu, tirando um dos pequenos frutos. "É uma nova variedade que estamos tentando. Teve baixo rendimento até agora, mas são os morangos mais doces que eu já provei."


"Mesmo?" Ele parecia igual a todos os outros que eu já tinha visto. "Tente. Experimente-o ", disse ele, me oferecendo o morango. "Eu não aceito doces de estranhos." "Não é doce, e nós não somos estranhos. Nós pintamos juntos." "E caímos algumas vezes." "Exatamente", ele balançou a cabeça, me oferecendo a fruta mais uma vez. "Coloque isso em sua boca." "Isso é exatamente o que um estranho pode dizer," eu disse, mas abri a boca. Ele deixou o morango cair sobre minha língua, e seus olhos enrugaram quando eu soltei o suspiro mais ínfimo. "Esse é um morango delicioso." Eu gosto de pensar que sim", respondeu. Olhamos um para o outro exatamente dois segundos a mais do que o necessário, em seguida, eu segui em frente. "Então, e sobre todas as nozes?" Eu perguntei, olhando para a cesta grande. "Há um bosque da mesma idade que a propriedade, e estamos sempre colhendo. Então eu comecei a adicioná-las às entregas, e as pessoas gostaram." De repente, inspirada, eu disse: "Eu vou fazer bolo de noz! Não faço um há tempos, e eu poderia fazer alguns com a quantidade de nozes que você me trouxe." "Eu sinto que todas as nossas conversas foram baseadas em nozes", disse ele. Inclinei a cabeça para o lado, meus pensamentos atraídos de volta para o agricultor muito bonito na minha frente. "Concordo. Como podemos mudar isso?"


"Você quer vir conhecer minha fazenda?" "Oh sim. Devo levar um pouco de bolo de noz?" Ele balançou a cabeça, e eu fiz ele me alimentar com outro morango. Amor do verão, aconteceu tão rápido...

Após o turno do almoço, separei algumas formas de bolo e fui trabalhar. Eu tinha encontrado a receita que queria num antigo livro de receitas com o qual me deparei num mercado de pulgas quando estava na escola. Eu frequentava bazares e vendas de garagem exatamente para esse tipo de coisa, especialmente livros de receitas de bolos e festas de igreja. Geralmente bem utilizados, eles continham receitas que resistiram ao teste do tempo. Carne assada, frango e bolinhos: eles ainda estavam por lá por uma razão. Mas eu gostava particularmente das sobremesas, especialmente os bolos. Simples e antiquados bolos triplos de coco. Bolos de nozes e castanha com chocolate branco. Bolos de baunilha preta e mel. Eu tinha ido direto para a receita do bolo de noz pecã neste livro de receitas, pois era a página mais desgastada. As páginas com respingos e manchas de colher eram as mais utilizadas, e era como sabíamos que seria bom. De acordo com o livro de receitas da Primeira Igreja Metodista, escrito por uma Sra. Myra Oglesby de Latrobe, Pensilvânia, esta receita estava "na minha família há gerações. Minha mãe costumava colher nozes das árvores de sua mãe, manualmente, e retirava a casca com fogo”. Eu amei essa ideia. Amei o livro de receitas que tinha manchas de gordura e manchas de chocolate por toda parte. Amei alguém que há


cem anos sentou-se perto do fogo para retirar as cascas das nozes. Da mesma forma que uma colcha de retalhos poderia contar uma história, o mesmo fazia uma receita. Você poderia observar uma velha receita como um detetive e talhar pistas sobre as pessoas que a tinham escrito. Eles usavam manteiga ou margarina? O termo óleo era usado apenas por pessoas de uma certa idade, então eu podia compreender a época de uma receita com base nesta única palavra. Ocasionalmente eu tinha muita sorte e encontrava uma caixa velha de receitas que continha fichas manuscritas, e ia maravilhar-me com a caligrafia. Pessoas acostumadas a escrever! Em letra cursiva! De propósito! Era charmoso, embora frustrante, descobrir que alguns desses cartões de receitas manuscritas incluíam medidas que só a família iria entender. "Duas colheres de baunilha usando a velha colher azul esmaltada." "Três fios de vinagre do galheteiro de vidro verde." "Adicione uma pitadas sal como o rosto do tio Elmer." O bolo de noz era um trabalho de amor para a Sra. Myra Oglesby, e para qualquer um que usou sua receita para assar para seus familiares e amigos. De todas as receitas com as quais me deparei, esta era a minha favorita. Encorpada, rica, pesada, tinha três camadas e era salpicada com nozes e canela. A surpresa foi o ligeiro toque de um copo de leite com manteiga, e as fitas de coco que eram espalhadas por todo o bolo. Mas o destaque? A deliciosa e macia cobertura de creeam cheese, misturada com claras em neve e manteiga cremosa. Quando coloquei o toque final de nozes picadas sobre os bolos, olhei para grande janela da frente da restaurante e vi que estava quase escuro. Onde tinha ido o tempo? Rapidamente levei os bolos para a antiga vitrine de vidro perto da caixa registradora, onde as sobremesas ficavam desde os anos trinta, e apaguei as luzes. Caminhando para fora da porta da frente em direção à noite suave de início do verão, eu parei, subitamente tomada pela forma do quão verdadeiramente bonita minha cidade natal era.


As luzes da rua estavam ligando, adicionando outra camada de ouro contra a luz do sol que espreitava sobre as velhas construções. As ruas no centro da cidade eram um pouco confusas, como muitas das pequenas cidades do Nordeste eram. Trilhas indígenas antigas, estradas de terra, mesmo caminhos de boiadas tornaram-se as estradas que vemos hoje. A cidade foi construída no sopé das montanhas de Catskill, e algumas das casas mais antigas foram construídas quase que diretamente nas colinas em si, com varandas com vista ao longo da rua principal. Fiz o caminho mais longo para onde eu tinha estacionado, respirando o crepúsculo especial de junho, onde até mesmo o ar parecia gentil e macio sobre meus braços e pernas cansados. As crianças estavam fora, aproveitando essas horas extras de luz solar, andando de bicicleta e gritando dessa forma despreocupada que todas as crianças fazem quando todo seu mundo se resume a pedir para sua mãe comprar um picolé. Eu andei um pouco mais para baixo ao longo da margem do rio, observando o movimento do espumante Hudson ouro e laranja. Um cheiro pantanoso me atingiu quando cheguei mais perto da água, limpa e um pouco lamacenta. Realmente era uma ótima pequena cidade. Se você gostasse desse tipo de coisa.

Na tarde seguinte, depois do jantar, fechei o restaurante e fui para a Fazenda Maxwell, com uma fatia de bolo de nozes tão grossa quanto pude cortar. Era um caminho lindo, com montanhas e árvores pontiagudas espalhadas na floresta, e aqui e ali os pinheiros eram espaçados o suficiente para se ter um vislumbre da pedra rochosa abaixo da superfície.


Dirigi feliz, cantarolando uma canção muito específica do filme Grease (Nos tempos da brilhantina), sentindo o sol em meus ossos através das janelas. Me senti um pouco como se estivesse numa viagem de campo, dirigindo-me para ver a fazenda com o resto da minha classe. Mas desta vez eu iria receber o tour particular do próprio agricultor. Um fazendeiro muito bonito. Este era o momento para uma reflexão sobre a minha fantasia com o agricultor. Eu li os livros Little House quando era criança, uma e outra vez. Eu amei tudo sobre esta pequena família e suas lutas com a vida pioneira. Me maravilhei com o fato de Ma e Pa deixarem Laura e Maria sozinhas na pradaria enquanto iam para a cidade... por horas! Elas tinham seis e oito anos de idade, e já estavam fazendo fogueiras, ordenhando vacas leiteiras e costurando suas colchas manualmente! Isso era paternidade ao ar livre no seu melhor. Quando chegava da escola, me espalhava no velho sofá com a minha mãe e assistia reprises da série de TV Little House, vaiando muito Nellie Oleson. E então, em torno da sexta temporada, um certo fazendeiro loiro fez a sua aparição e mudou a vida de Laura - e a vida da pequena Roxie Callahan também. Ele foi a minha primeira paixão. Almanzo era forte, magro e bonito, e eu suspirava junto com Laura sempre que ele dirigia seu carrinho pela cidade. Mesmo quando me tornei adulta, se eu estava folheando os canais tarde da noite e um episódio de Little House passasse, eu o assistia por tempo suficiente para ver se Almanzo ia aparecer. E se ele aparecesse... Vamos apenas dizer que, se eu precisasse resolver meus problemas sozinha naquela noite, ele era uma adição útil. E, na minha nova fantasia, a parte de Almanzo Wilder será interpretada por Leo Maxwell.


Eu tremi um pouco enquanto saltava pelos buracos em direção a Fazenda Maxwell. Humm, saltando... mais combustível ao devaneio... Um enorme sinal em frente da entrada avisava que eu tinha chegado ao meu destino. Colunas de pedra em ambos os lados erguiam vigas de carvalho velho que mostravam para todos o nome da família. Tinha estado aqui por tanto tempo quanto eu conseguia lembrar. Acho que quando você tem mais dinheiro do que praticamente todo mundo, um simples nome em uma caixa de correio apenas não é suficiente. A propriedade era ladeada pela estrada rural, e uma vez que você seguisse pela entrada estaria envolto num túnel de árvores plantadas majestosamente para dar uma sensação protetora. Era uma primeira impressão impactante, isso é certo. Carvalhos enormes e altos subindo orgulhosos e arqueando toda sua força em direção a seus amigos no outro lado, seus galhos entrelaçados e balançando as pequenas pinhas, certificando-se que o Sol chegasse calmamente abaixo. Sinais apareciam intermitentemente, apontando os caminhos em direção a outros destinos na propriedade. Trilhas para caminhadas, vire à esquerda. Labirinto, siga em frente. Vire à direita aqui. Eu fiquei na estrada principal, maravilhada com o quão grande era a propriedade. Era outro mundo acontecendo por trás deste túnel verde que separava o mundo real deste mais rico. De vez em quando eu via manchas de sol em ambos os lados da estrada, dando lugar a um prado aqui, uma dependência lá. E, finalmente, perto da última curva, tinha terra, tanto quanto eu podia ver. Mas não era o tipo de fazenda que eu tinha visto enquanto dirigia por Kansas, Missouri e Iowa. Aquelas eram aplos espaços de terra principalmente sem árvores, com milho verde ou plantações enfileiradas de soja em distâncias uniformes. Mas aqui, aqui eu vi uma explosão de cor. Campos pequenos, plantas de todas as formas e tamanhos. Entre os campos estavam arbustos e pequenas árvores raquíticas. Tinha atividade em todos os lugares para onde eu olhei: pessoas ajoelhadas no


chão, trabalhadores com cestas escolhendo com cuidado o que pareciam ser feijões, alguém espalhando folhas numa horta recém plantada. Eu até mesmo tive que parar meu carro para deixar um bando de galinhas atravessar a estrada. (Introduza sua própria piada aqui, por favor). A casa principal estava no topo da colina, no ponto mais alto, e parecia ficar olhando para baixo em tudo, como uma gentil senhora de idade (bonita, mas impassível). Sinais me guiaram para o estacionamento junto à casa principal, e quando estacionei olhei para o enorme celeiro de pedra, onde Leo disse que estaria esperando por mim. E lá estava ele, elevando-se acima de um bando de escoteiros. Ele chamou minha atenção e acenou, e uma borboleta pequenininha bateu as asas na minha barriga. Eu acenei de volta, peguei a fatia de bolo que trouxe para ele e atravessei todo o quintal. O celeiro foi criado quase uma forma de U, envolvido em torno de um pátio central e sombreado por uma grande árvore de carvalho. As paredes eram de pedra do campo, nos dois andares. Vigas largas eram visíveis através das janelas abertas, e suas faixas estavam pintadas de vermelho vivo. As caixas de feno originais agora continham escritórios e salas de aula. Maxwell não era apenas uma fazenda - era uma fazenda escola. Eu estava esperando saber mais sobre o que eles estavam ensinando na minha visita hoje. A risada do menino me fez parar de admirar as caixas nas janela no segundo andar, transbordando de flores coloridas, e olhar para o grupo em torno de Leo. Os garotos estavam pulando e gritando enquanto o seguravam. Leo estava se soltando dos pequenos polvos e chamando as crianças pelo nome. Quando cheguei mais perto, podia ouvi-lo rindo junto com as crianças.


“Estou te ouvindo, Owen, você vai ter o seu adesivo de atividade também, não se preocupe. Quem mais? Aqui está, Jeffrey, você ganhou quando pegou a maior berinjela que tivemos ainda este ano! Quem mais? Vamos ver... oh garoto, não podemos esquecer Matthew aqui, você também vai ganhar, amigo." Seu sorriso era realmente contagiante, e eu encontrei-me sorrindo enquanto atravessava o cascalho, admirando suas altas maçãs do rosto e a curva de seu lábio inferior enquanto ele ria, e seus olhos verdes que, quando fixos nos meus, acordavam todas as borboletas da minha barriga. E essa barba. O que constituía uma barba moderna? Era o comprimento? A forma? A proximidade com a flanela e o estilo rock folk? Eu nunca tinha sido uma grande fã de pelos faciais de mais de dois dias, mas Leo estava ostentando uma barba real e eu gostei. Mais do que gostei - eu queria tocá-la. Será que arranhava? Era suave? Grosseira? Mais do que tocá-la, inferno, eu gostaria de olhar para baixo e vê-la, junto com seu rosto, obvio, entre as minhas coxas. Com muito menos roupa do que em nossos encontros anteriores. Com a minha respiração acelerada, outra imagem apareceu no meu cérebro: nós dois nus, corpos suados e pegada forte! Caramba, parecia quente aqui fora! Cristo, o agricultor estava agora me afetando fisicamente. O que era bom, já que eu queria fisicamente. Eu precisava do fisicamente. Então, quando eu o vi pegar um pepino, que imitou algo muito específico em minha mente, acabei cobrindo meu gemido com uma tosse. "Você está bem?", ele perguntou. "Sim. Por quê?", eu disse, puxando a minha camiseta. Ar, por favor, apenas um pouco de ar. "Parecia que você estava..."


"Só limpando a garganta", eu disse e rapidamente mudei de assunto. "Eu fiz o bolo de nozes, com glacê de cream cheese." Eu empurrei a caixa branca em suas mãos. "Uau, você realmente me fez um bolo?", perguntou, parecendo bastante satisfeito. "Bem, eu fiz para o restaurante, e o resto foi vendido hoje." "Está bom?", perguntou. Eu sorri. "Pra caralho." Leo fechou os olhos e balançou a cabeça, e eu percebi que tinha acabado de bombardear um grupo de escoteiros com palavrões. "Ah merda," eu murmurei, em seguida, bati a mão sobre a minha boca. Leo apenas bufou e reuniu as crianças. "Ei você aí, Jason, ainda precisa do seu crachá, certo? Roxie, talvez você possa guardar este bolo no refrigerador dentro da loja lá atrás, ok?" Peguei o bolo e me afastei rapidamente, indo para o escritório da fazenda. Eu não tinha ideia de como falar com crianças, mas tinha certeza que palavrões na frente deles estava no topo da lista de coisas para não fazer. Encontrei alguém para guardar o bolo na geladeira, respirei e decidi agir como se nada tivesse acontecido. Então voltei para a tropa. "Eu não sabia que você estava brincando com seus amigos hoje", disse, apontando para os espectadores. "Na verdade, nós temos pessoas visitando quase todos os dias, quer se trate de uma viagem de campo de classe, os novos estagiários rotativos, ou um grupo de..." De repente Leo caiu em minha direção, empurrado por um motim de estudantes brigando pelo último adesivo. O ar quase foi batido fora


de mim quando cerca de 90 Kg de Leo colidiram comigo, me fazendo ofegar. Eu estava mais uma vez em seus braços, mas desta vez rapidamente ele me pôs em pé, e ficamos abraçados. O cheiro dele... Fantástico. Tudo o caos que nos rodeava aparentemente sumiu. No momento, tudo o que eu estava ciente eram seus braços confortáveis em torno da minha cintura. Suas mãos, inicialmente apenas em meus quadris para me firmar, agora cutucavam por baixo da minha blusa, e estavam se espalhando para tocar minhas costas. E... Wow! Olha, essas eram mesmo as minhas mãos, pressionadas firmemente contra seu peito coberto de flanela? Deslizando alto, mais alto, ondulando sobre os músculos incrivelmente fortes e movendo-se para o norte, em torno da parte posterior do seu pescoço, sentindo as pontas de seu cabelo... E aqueles olhos verdes estão em chamas... e interessados... e hey, estou até na ponta dos pés agora, e aposto que meus peitos parecem fantásticos esmagado contra o seu"Eu vou te chutar nas bolas!" Gritou um garoto, e instantaneamente eu me afastei do peito musculoso. E da sua boca, que pareceu ficar triste! E sua cabeça estava balançando, me dizendo: oh sim, vamos terminar isso mais tarde. Eu adoraria terminar isso mais tarde!


Mas primeiro eu tinha uma fazenda para conhecer. E, uma vez que os estudantes foram embora, o passeio começou. Estávamos só eu e Leo, e mais dezessete outras pessoas que tinham se inscrito para o tour pelas terras da fazenda. Eu pude aprender que a Fazendo Maxwell agora era uma escola agrícola no Vale do rio Hudson. Alguns devem estar dizendo que foi difícil para mim concentrar-me em coisas como plantas de cobertura e plantio rotativo agora que eu tive em minhas mãos nesses cabelos cor de mel. Mas, para seu crédito, Leo me deu um passeio e tanto. O que ele tinha feito com a terra desde que a comprou há vários anos era tudo novo para mim. A propriedade tinha evoluído de uma casa de família para uma comunidade de negócio inteira, empregando não só uma equipe durante todo o ano, mas uma série de estagiários de verão, ansiosos para aprender o que Leo tinha para ensinar. Nas duas horas que caminhamos ao redor da propriedade, aprendi mais sobre a agricultura sustentável do que eu já tinha ouvido em toda a minha vida.


"Então, quando você começou a converter os campos de volta para o uso, qual foi o problema que teve? Como você chamou?" Um dos caras do passeio perguntou. "É chamado de síndrome de pousio, e acontece quando os campos não foram plantados por algum tempo. Você pensaria que deixar um campo descansar um pouco, naturalmente ia reabastecê-lo de nutrientes, e isso até é um pouco verdadeiro. Mas, se você deixar terras agrícolas assentar-se por anos e anos, não haverá muita ação acontecendo sob a superfície. Então, quando começamos a plantar de novo aqui, reviramos a terra, arejando-a para, em seguida, plantar uma colheita de adubo verde em todos os campos que queríamos ser capazes de cultivar." Um casal de jovens rapazes, provavelmente obrigados a vir por causa de seus pais e entediados como o inferno, a julgar pelo fato de que seus iPhones não tinham deixado suas mãos desde que deixamos o celeiro, riram. "Adubo verde? Tipo cocô vegetal?", perguntou um deles, para o deleite do outro. "Nah, o cocô veio mais tarde," Leo disparou de volta, batendo o garoto nas costas e acenando com a cabeça em direção ao iPhone. "Você pensa em jogar nessa coisa o tempo todo?" "Hum, não?" "Grande resposta. Então, de volta ao cocô-" "Espere, o cocô é real?" O garoto perguntou, olhando para seu amigo em descrença. "Cara. Isso é uma fazenda. Há cocô em todos os lugares", disse Leo, sério. Cada um de nós elevou rapidamente os pés, verificando o fundo dos nossos sapatos. "A adubação verde é uma cultura de cobertura que semeamos para colocar um pouco de nitrogênio de volta no solo. Esses trevos também são ótimos para as vacas, o que funciona perfeitamente uma vez que a próxima fazenda é de gado leiteiro. O proprietário é um


amigo meu, e nós ajudamos um ao outro. Eu forneço a terra de pastagem, Oscar fornece as máquinas de cocô de quatro patas, e pronto!". "Cocô?", perguntou um dos jovens. Leo assentiu. "A maneira da natureza de garantir uma boa colheita." Todos assentiram em como isso fazia sentido. “Nós geralmente não temos tanta conversa sobre cocô no início da turnê, mas de vez em quando temos alguém no grupo que não pode deixar a palavra esterco passar sem uma risada. Eu entendo.", disse Leo, batendo sobre no ombro do garoto. "Quem quer ver a pilha de compostagem?" Ambos os adolescentes esqueceram tudo sobre seus iPhones pelo resto da turnê, e depois eu os ouvi dizendo ao pai que Leo era "incrível". Nós caminhamos, subindo e descendo colinas, nos enfiando dentro e fora das cercas vivas e ao longo dos caminhos naturalmente desgastado entre os campos. Vimos fileiras e fileiras de vegetais, quase todos os tipos imagináveis. Pés de feijão cresciam verticalmente por cima de estacas de madeira, e aprendemos sobre plantas espumantes, destinadas a dissuadir pragas de uma forma natural. Cenouras eram plantadas alternadamente com alho poró, o que incentivava o crescimento e desencorajava algo chamado mosca da cenoura. Paramos periodicamente para degustações, mordiscando flores de cebolinha e os primeiros pequenos tomates pera amarelos, plantados ao lado de arbustos de manjericão roxo. Nós visitamos a estufa, onde bandejas e bandejas de mudas estavam em diferentes estágios de crescimento. Mudas de batatas pequenas cresciam ao lado de enormes cabeças de alface manteiga. Passamos algum tempo nos campos que estavam deliberadamente descansando da produção de culturas, embora dificilmente pudessem ser descritos como dormentes. Fomos até as colinas, onde foi possível


ver os celeiros e a casa principal muito abaixo, em meio a um mar de verde. Justo quando deixávamos um dos campos, três apareceram, rebocando o que pareciam ser... pequenas casas?

tratores

"Hora perfeita, aí vêm as galinhas", disse Leo, guiando-nos para um canto do campo enquanto os tratores seguiam com seu caminho pelo meio. "Se vocês olharem para este campo, em comparação com o próximo a ele, o que vocês veem?" Ele olhou para todos, incentivando as crianças a responderem. À minha esquerda havia um campo com ovelhas pastando. À minha extrema esquerda, havia um campo com as vacas emprestadas acima mencionadas pastando. E o campo atual? Quando cada trator parou e desacoplou sua casinha rebocada, havia galinhas em todos os lugares. Grandes pássaros bonitos com penas brilhantes, gordas e atrevidas, ciscando e correndo pela grama. Grama. Hmmm... Eu olhei de campo para campo. "Você está movendo os animais para cortar a grama", falei, e Leo olhou diretamente para mim, sua expressão se iluminando com a minha resposta correta. Uma sensação de calor começou em minha barriga e se espalhou por todo corpo. "Exatamente: os animais estão cortando a grama para nós" apontou para as vacas pacientemente mascando seu pasto. "Num campos nós temos uma saborosa cobertura vegetal de alfafa, com pouco de trevo misturado. As vacas mastigam e cortam na altura tornozelos, quando então as passamos para o próximo campo."

Ele dos um dos

"E colocam as ovelhas no primeiro campo, certo?" Eu apontei para as bolas de neve macias. "Certo novamente, Roxie", disse ele, caminhando através do grupo para ficar bem na minha frente.


Por um momento, me emocionei ao ouvir o som do meu nome em seus lábios. E, no momento seguinte, imaginei-o repeteindo meu nome uma e outra vez. E então, por um momento particularmente impertinente, eu esqueci tudo sobre o meu nome em seus lábios e apenas me imaginei em seus lábios. Nesse momento, ele os lambeu. Seus lábios, quero dizer. E esse sentimento doce de calor foi direto para o meio das minhas pernas. Não mais doce, não mais contido. Luxúria apenas. "Então, e o que as galinhas fazem?", Alguém perguntou. Leo ficou em silêncio por um minuto, meio perdido, estudando... a mim? "Por que você move as galinhas depois das ovelhas?" O autor da questão repetiu. O maxilar de Leo apertou. Eu parei de respirar. "As galinhas?" O cara repetiu. Eu comecei a dizer que ninguém estava tão preocupado com as galinhas, e para onde esse cara deveria exatamente ir, quando Leo felizmente interveio. "As galinhas terminam o trabalho que as ovelhas e as vacas começaram", disse ele, parecendo fundamentar-se no material familiar. "E, em turnos, todos eles fertilizarão o campo. Os frangos ajudam a terminar o arejamento do solo, acabando com todos os insetos deixados para trás, ficando todos gordos e felizes num ambiente totalmente natural e livre de estresse. As galinhas produzem ovos com gemas laranjadas, como vocês certamente nunca viram. E as galinhas...", ele começou a descer a colina em direção à casa principal "... estão no final do passeio. Vamos voltar." O grupo seguiu obedientemente atrás dele, e eu podia ouvi-lo dizendo-lhes como podiam ajudar em suas próprias comunidades, ou


como se juntar ao farmshare, se fossem locais. Estávamos nos movendo mais rápido do que o normal? Certamente era o que parecia quando Leo nos apressou a descer o morro de volta para onde a turnê começou. Ele me pegou pelo braço enquanto dizia, "Obrigado por terem vindo hoje, pessoal. Espero que tenham gostado da visita. Quem estiver interessado em comprar qualquer coisa que produzimos aqui na fazenda, incluindo os ovos com gemas laranjadas dos quais eu estava falando, basta falar com Lisa na loja em seu caminho para fora." Ele acenou adeus a todos, mantendo-me perto com a outra mão. Meu coração acelerou um pouco ao sentir sua mão segurando meu cotovelo. Sortudo, cotovelo de sorte. Ele estava me tocando! "O que foi, farmer boy?", murmurei, inclinando-me um pouco mais perto dele e encostando meu peito contra seu braço. Agora meu seio direito era tão sortudo quanto meu cotovelo. "Não quero você fugindo com o rebanho. Eu ainda quero te mostrar uma coisa", ele murmurou de volta, sorrindo e balançando a cabeça. Uma vez que o grupo tinha saído, ele me guiou em frente ao pátio e ao redor da parte de trás do celeiro de pedra. "Oh, o estacionamento dos funcionários", comentei quando saímos para a sombra do edifício, onde carros com adesivos ‘Fazenda Maxwell’ estavam estacionados. "Isso é o que resta por trás da cortina de material, é onde toda a magia acontece, certo? Caramba! Obrigada por me mostrar isso”. "Você é muito espertinha, sabia?", perguntou ele, soltando meu cotovelo e subindo num velho Wrangler5 preto. "Eu abriria a porta para

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você, mas eu tirei todas elas na primavera passada e não me preocupei em colocá-las de novo." "Quem sabe nesse outono você possa fazer isso." Eu disse, subindo no carro. "E sim, eu sei que sou uma espertinha. Onde estamos... hey!” Eu não tinha afivelado o cinto de segurança ainda quando ele acelerou e saiu do local. Nós dirigimos por uma estrada de terra, por trás dos celeiros de pedra. Enquanto nos avançávamos e saltamos dentro do carro, considerando a velocidade que Leo estava, de alguma forma ele ainda conseguiu manter-nos na estrada e conectar seu iPod num painel que, quando instalado originalmente, provavelmente continha um leitor de cassetes. Eu sei disso porque minha mãe ainda tinha um desses na nossa sala de estar. Era uma coincidência ele pegar um de seus álbuns favoritos, também. "U2?", Perguntei, segurando a barra de segurança. "Oh yeah", ele respondeu. "Melhor banda do mundo." "Minha mãe costumava tocar esse álbum por horas quando eu era criança." "Será que ela tem uma faixa favorita?", ele perguntou, virando-nos para outra estrada de terra, que continuava ao longo de alguns dos campos. "Nove", eu disse, conhecendo a lista de faixas de Achtung Baby de cor. Eu sorri quando ouvi a abertura com a batida de bateria. E eu esperei pelo o aborrecimento que geralmente acompanhava um pensamento sobre a minha mãe, mas ele não veio. "Boa música", disse ele, batendo a mão no volante no ritmo da música. Eu batia muito, mantendo-me no Jeep, como nós fomos em torno de uma curva apertada. Eu o acompanhei no batida, o que me desencadeou um enorme sorriso dele. O sol estava baixo no céu,


destacando as culturas altas mais para baixo da propriedade. Aqui fora, pés de milho estavam subindo, o trigo estava acenando, e... “...O que é isso?” "É centeio." "Como o do pão?" "Como o da grama. É uma boa cultura de inverno, e funciona como cultura de cobertura ou como alimento para o gado, que vai acabar ficando neste campo. O que sobrar vai virar feno no final da temporada, e eu vou vendê-lo a alguns dos produtores de leite da região." "Como Oscar, da fazenda ao lado?", Perguntei. "Alguém estava prestando atenção", brincou ele. Antes que eu pudesse provocá-lo de volta, ele fez outra manobra louca e, de repente, estávamos dirigindo para a floresta. "Onde diabos estamos indo?" Ele apontou para a estrada. "Por aqui." Eu bufei. "A sensação é de conto de fadas, com todos esses bosques e tal. Você não vai me levar para uma cabana feita de doces e tentar me comer, não é?" "Hoje não", disse ele, olhando-me de lado. Eu olhei-lhe de volta. "Bem, não seria tão ruim", eu disse, mantendo minha voz baixa. E com isso ele começou a andar mais devagar. "Eu estava brincando! Não venha todo ‘Colheita maldita’ pra cima de mim!", brinquei. "Relaxe. Nós chegamos." "Onde?" Estávamos num lugar totalmente remoto, bem longe de onde viemos. Ele caminhou para o meu lado do jipe e estendeu-se para desatar o cinto de segurança. Quando o fez, sua mão roçou a parte externa da


minha coxa e eu respirei fundo. Ele se virou para mim com o som, seu olhar reconhecendo o motivo. Eu franzi minhas sobrancelhas para ele, tentando encobrir a sensação. Mas a mão na minha coxa. Oh Deus! "Então, onde estamos?" Repeti. "Vamos sair daqui, Ervilha", disse ele, pegando minha mão e me puxando para fora do carro sem portas. Ele soltou minha mão logo que eu estava estável, mas eu ainda podia senti-lo. Sem mencionar o prazer que certamente apareceu no meu rosto por ele me chamar de ervilha. Oh, agora era a hora de terminar o que tínhamos começado anteriormente. Ele partiu para um caminho fechado pela floresta. Nós tínhamos andado quase 100 metros quando ele parou e eu por pouco não trombei com suas costas. Recuperando-me, eu olhei ao meu redor. "O que estamos procurando?", sussurrei. "Por que você está sussurrando?", ele respondeu de volta. "Eu não sei", eu disse, ainda sussurrando. "E você não respondeu minha pergunta." "Está do outro lado dessa grande árvore." Ele apontou para uma árvore que supostamente ocultava algo que eu deveria ser capaz de ver. "Leo, eu odeio dizer isso, mas às vezes preciso que as coisas sejam explicadas detalhadamente para mim. Então, há algo que eu deveria estar vendo? Eu não entendo." Ele me puxou na frente dele e se inclinou para baixo, com o queixo quase descansando no meu ombro. Então apontou com uma das mãos, e virou meus quadris com a outra, murmurrando em meu ouvido. “Consegue ver agora?" E eu vi. Depois de acabar com o motim de borboletas na minha barriga agitadas pela sensação de Leo curvando-se contra as minhas costas, eu pude ver as ruínas de uma antiga casa com fundação de


pedra. Árvores cresciam entre os antigos muros, e o segundo andar havia caído há anos. Uma chaminé de pedras do campo ainda estava inclinando-se precariamente na parede oposta enquanto a parede de frente para nós se foi. "Uau", eu respirei. "Você sabe o que é tudo em torno dessa casa, certo?", Perguntou ele, bem no meu ouvido. Misericórdia. Eu adorava a sensação dele atrás de mim. Eu poderia me acostumar com isso. "Não?" "Suas nogueiras." Ele me cutucou, obrigando-me a andar para frente, sua mão se movendo do meu quadril para a parte inferior das minhas costas. "Se as árvores estavam aqui antes da casa, ou se cresceram depois que a casa foi abandonada, porem, eu não tenho ideia." "Oh, sério, isso é muito legal!", eu disse, encantada com a ideia de estar conhecendo as árvores que me ajudaram a fazer um bolo tão delicioso. Ele balançou a cabeça para mim, em sincronia comigo. Eu adorava saber da onde a minha comida estava vindo. Eu o deixei me levar para a casa, escolhendo meu caminho cuidadosamente através das rochas caídas e dos escombros antigos. A luz do sol se infiltrava através das árvores criando um pequeno bolso de verde no meio da construção. "Isso ainda é sua propriedade, certo?" "Tecnicamente é propriedade da minha família, então sim. Mas nós não temos a mesma ideia sobre preservação", disse ele, caminhando para a maior árvore, presa e retorcida. Fiquei maravilhada com a ideia de que essa família possuía tanta terra por tanto tempo. "Portanto, esta é uma nogueira, hein? Eu nunca teria reconhecido."


"Eu não saberia também, até que estive aqui fora num dia no outono e encontrei todas as cascas no chão. Temos outro bosque onde posso coletá-las, mas ainda venho aqui colher algumas todos os anos." "E a casa? Foi sua família que construiu?", perguntei, olhando para a fundação de pedra. "Acho que não. Eu pesquisei um monte de mapas e levantamentos da propriedade antiga, e parece que essa casa é parte de uma fazenda mais velha que foi abandonada muito antes dos Maxwell chegarem". Ele disse seu nome de família com um traço de amargura. Mas antes que eu pudesse perguntar mais alguma coisa, ele se virou para mim. "De qualquer forma, eu só achei que você gostaria de vê-lo." "É bom vir aqui. É calmo, sossegado. Há bolsões de tranquilidade onde eu vivo agora, mas você tem que dirigir muito longe para encontrálos." "Já estive em LA muitas vezes. Pacífica não é a primeira palavra que me vem à mente para descrevê-la." "Hmm," eu disse, inclinando a cabeça para trás contra a árvore e olhando para o dossel. O verde sobreposto às folhas e galhos balançando no alto com a brisa não chegava até onde nós estávamos. Leo encostou-se em sua árvore e eu inclinei-me mais contra a minha, e nós bebemos da quietude profunda da floresta. Eu respirei o cheiro da poeira e das folhas secas, e o cheiro verde de coisas que crescem, exalando um suspiro longo e lento. "Esse foi um suspiro tipo: 'este lugar é chato'?", perguntou ele do outro lado da clareira. Eu balancei minha cabeça. "De jeito nenhum. Esse foi um suspiro do tipo 'que dia delicioso que este acabou se tornando'. O clima perfeito, temperatura perfeita, cenário perfeito. Eu aprendi porquê as galinhas atravessaram a estrada, e também de onde as nozes vêm. Comparado


com o que os meus dias têm sido em LA recentemente, isso foi exatamente o que eu precisava." "Um suspiro de um bom dia," ele repetiu, empurrando-se para longe de sua árvore e caminhando lentamente em direção a mim. "Um suspiro de um ótimo dia," alterei. "Um upgrade? Por que a mudança de bom para ótimo?" Ele estava perto o suficiente agora, e eu podia ver o pouco de vermelho fraco em sua barba ao longo de sua mandíbula, o local em sua camisa que estava desgastado por anos de lavagem, as veias no interior de seu antebraço bronzeado e o quão fortes suas mãos aparentavam ser. "E está a caminho de se tornar impressionante", eu respondi, passando os braços ao redor da árvore atrás de mim e imitando uma donzela em perigo. Eu olhei para ele através de cílios abaixados. Roxie californiana em cena. "Especialmente se você continuar vindo para cá." O sorriso que preencheu seu rosto era menos ‘agricultor amigável’ e mais ‘pirata sexy’. Então de repente ele estava lá, dentro do meu espaço pessoal. Era hora de chutar as engrenagens deste romance de verão. Lá estava eu, encostada a uma árvore numa floresta, com os braços atrás de mim e meus seios empurrados para a frente, no sinal internacional de ‘beije-me, seu idiota’. E lá estava ele, todo movimentos lentos, olhos ardentes e antebraços irresistíveis, um pouco estranho e perigosamente sexy. E então lá estava também um enorme zangão, voando em volta de mim. Ele bateu no meu ouvido, bombardeou meu pescoço, riu na minha cara e voou direto para baixo, entre os meus seios. Fiquei instantaneamente desesperada, gritando e batendo em meu peito durante o surto. Arranquei minha camisa para chegar à abelha e


corri em círculos ao redor da árvore, sacudindo meu sutiã enquanto gritava a plenos pulmões. "Roxie? Roxie! O que diabos está acontecendo?" "Abelhaaaaaaaaaa!" Eu gritei quando ele parou na minha frente, fechando as mãos em torno dos meus braços e tentando, embora não forte o suficiente, não olhar para os meus seios, agora lutando para se manter dentro dos bojos do sutiã. "Tudo bem, acalme-se. Ela não vai picar se você se acalm-" "Sim vai! Abelhas são idiotas!" Eu gritei, dançando como louca e tentando me soltar. "Você é alérgica?" "Não!" "Então pare de se contorcer!" "Não!" "Acalme-se, por favor." "Foda-se!" Eu gritava enquanto a abelha zumbia dentro do meu sutiã. "Abelhaaaaaa!" Meu cérebro primitivo tomou conta, e de repente uma saída vertical parecia ser a minha única opção. Subi no Leo como se estivesse escalando um poste. Ele tinha um bocado de abdômen para eu escalar em direção aos ombros. Envolvi minhas pernas em volta de sua cabeça, apertando as coxas em seus ouvidos e arqueei para trás, em direção a árvore. Com a casca da nogueira em minhas costas e um grito em meus lábios, eu bati no meu sutiã novamente. A abelha olhou para mim, eu olhei para ela e ela me encarou. Embora eu nunca tenha sido picada por uma abelha antes, sempre tive medo de todas as coisas pequenas. Eu não participava de festas no


jardim ou churrascos ao ar livre, e me recusei a carregar flores num casamento ao ar livre uma vez, tudo por causa de uma pequena abelha. Eu golpeei entre os meus seios mais uma vez, e finalmente consegui nocauteá-la. Ela ziguezagueou algumas vezes, me lançando um olhar por cima de seu ombro desagradável de abelha, em seguida, fugiu floresta a dentro, para fazer o que estava fazendo antes que a senhora louca decidisse implodir. "Ugh", eu disse, tremendo. "Ugh?", Disse uma voz de baixo. Lembrei-me de onde estava, do que tinha acontecido e de onde Leo agora tinha seu rosto. Olhando para baixo, eu escovei seu cabelo loiro da testa para ver seus olhos olhando para os meus. Oh. Eu estava tão mortificada. "Estou tão envergonhada!" "Ah gawna seh donna oo", veio sua resposta abafada. Eu deslizei mais para trás contra a árvore, liberando seus lábios dos meus shorts bastante curtos. "Desculpe?", eu cantei, tentando fazer com que isso não ficasse ainda mais completamente estranho. "Eu disse" ele agarrou minhas mãos "que vou", moveu-me para sair debaixo de mim "colocá-la" eu voei no ar antes que ele me pegasse ordenadamente "para baixo agora." Eu estava em seus braços, sem camisa, com o cabelo cheio de casca de arvore e meu peito vermelho dos meus tapas. Ele estava coberto de lama dos meus sapatos, respirando pesadamente e mantendo as mãos firmemente na minha cintura, segurando-me a uma distância segura. Ele balançou a cabeça. "Você é como um acidente de trem, não é?" Empurrei um pouco de cabelo para longe do meu rosto. "Puiiiii?" Graças a Deus ele riu.


Então ele galantemente se virou enquanto eu vestia minha blusa de volta, o que foi doce, considerando que ele já tinha tido uma visão substancial das mercadorias. Em seguida, ele começou a caminhar de volta para o jipe. "É sempre assim com as abelhas?", perguntou. "Onde?", perguntei, esquivando-me automaticamente. Minha frequência cardíaca ficou elevadíssima com o pensamento de que a abelha havia retornado para se vingar. "Calma aí, ela está muito longe." "Bom", eu disse, examinando a área. "Ela provavelmente está dizendo a todos os seus amigos para se desviarem da senhora andando na floresta em sua roupa de baixo." "Hey!", eu disse, dando-lhe uma cotovelada. "Era apenas o meu sutiã." Ele apenas balançou a cabeça e riu. "Não há mais natureza para você hoje." E colocou a mão na parte inferior das minhas costas novamente, me guiando em direção à estrada. Tudo estava calmo, e era possível ouvir os sons de nossos pés esmagando a vegetação rasteira. Eu olhei para ele com o rosto quase na sombra. Passava do anoitecer - nós ficamos na floresta por um tempo. Os vaga-lumes estavam começando a ligar, provocando aqui e ali na penumbra. Nós tínhamos passado a maior parte da tarde juntos, e ela tinha voado. "Abelhas à parte, obrigada por me trazer aqui. E desculpe novamente sobre a escalada. E os gritos." "Da próxima vez, menos gritos. Escalada é bom; só me dê um aviso antes", ele respondeu com um sorriso fácil.


Nós tínhamos chegado ao jeep. "Escalada", eu anunciei em advertência, dando um passo para o alto e fixando-me em meu lugar. Ele ficou de pé ao lado do carro por mais um momento, e eu olhei para ele com curiosidade. "O que foi, Leo?" "Você só estará aqui durante o verão, certo?", perguntou, seus olhos olhando fixamente para os meus. Eu me senti o mais ínfimo dos solavancos passando através de mim. "Mmm-hmm." Talvez isso fosse mais fácil do que eu pensei, se nós dois quiséssemos a mesma coisa. Essa média... Ele se inclinou para o jipe, uma mão segurando a barra de rolo sobre a minha cabeça e a outra descansando no painel. Enjaulada por seus braços fortes, eu olhei para o rosto dele. O canto de sua boca se levantou num sorriso furtivo. "Então eu deveria me jogar nisso." Em seguida, seus lábios estavam nos meus, quentes e macios. Mmm. Meus olhos ainda estavam abertos, procurando os seus. Emocionada e encorajada por sua súbita mudança, minha boca moldou à dele. O beijo foi rápido, muito rápido - antes que eu pudesse fechar os olhos e começar a me divertir ele se afastou, lambendo os lábios e sorrindo como um gato. "Hey, volte aqui", eu insisti, deslizando minhas mãos atrás de seu pescoço, meus polegares acariciando suas maçãs do rosto. Eu puxei sua boca de volta à minha, deleitando-me com a sensação. Sua barba fazia um pouco de cócegas, rouca e suave ao mesmo tempo. Eu gostava. Eu mais do que gostava, realmente. Eu podia ver como muito rapidamente poderia começar a almejar por isso. Inclinei-me para o beijo, levantando-me um pouco do banco e roçando seus lábios com os meus. Nós nos beijamos de novo e de novo, e pequenas explosões de luz eclodiram a cada vez. Eu suspirei em sua boca e ele se afastou um pouco. Tentei seguir seus lábios e ele riu.


"Isso foi um suspiro de 'isso é chato'?” "Você está de brincadeira? Foi um suspiro de 'por favor, me beije mais'." Eu pressionei mais um beijo em seus lábios. "'Por favor, me beije mais?’", ele perguntou, com os olhos cheios de divertimento. "Uh-huh!". Balancei a cabeça, colocando um beijo em sua testa, nariz, queixo, e um final sobre sua boca. "É assim que todos os passeios pela fazenda terminam?" "Eu diria que essa é primeira vez." Ele riu, inclinando-se sobre mim e afivelando meu cinto de segurança. "Bom", respondi enquanto ele caminhava para o seu lado do jipe. "Eu gosto de ser original." "Oh, eu percebi isso", ele respondeu, ligando o carro e me dando um sorriso sexy. Meus joelhos fraquejaram. Eu não pude evitar. Voltamos para a casa principal, onde ele me colocou no meu carro, e então me beijou mais uma vez antes de eu sair. E enquanto eu dirigia para casa brinquei com meu ipod, percorrendo canções até que encontrei Achtung Baby. Eu tinha esquecido o quão incrível este álbum era.


Quando o alarme disparou na manhã seguinte às 4:30, eu comecei a listar todas as razões pelas quais eu deveria odiar minha mãe. Por 4:37 eu tinha dezessete razões bem pensadas que dificultariam o pagamento de fiança nos termos da lei do Estado de Nova Iorque. Mas por 4:57 eu estava no carro, cabelo molhado e amarrado para trás em um coque, caneca de café na mão, pronta para um dia de trabalho. Eu odiava levantar tão cedo, como qualquer humano normal. Não havia nada pior do que ser arrastado para fora da cama antes que o sol tivesse sequer tivesse nascido, para limpar caixas de gordura e cortar setenta cabeças de alface para "salada". Esta foi a minha vida desde cerca dos onze anos de idade até a graduação do ensino médio. A mesma coisa, dia após dia. Foi parte da razão pela qual eu tinha escolhido o caminho de chef particular: havia sempre algo novo e excitante para brincar, novos menus para criar, novos paladares para atormentar. Eu esmaguei esse pensamento enquanto me dirigia para a cidade. Quando o sol rastejou sobre as montanhas, eu gemia e resmungava


sobre quão cedo eu tinha que ir para o restaurante. No entanto, havia algo sobre o ar tão cedo, especialmente no verão: era limpo e fresco. Embora a previsão dissesse que ia ter chuva, agora o céu estava claro, sem um traço de umidade. Eu bocejei enquanto estacionava em meu lugar atrás da lanchonete. Tinha dormido particularmente mal na noite passada. Foi porque eu tinha ficado entrando e saindo dos meus sonhos? E por dentro e fora... Bem. Sim, de fato. Eu toquei meus lábios, em memória da sensação de sua boca na minha, e com um sorriso secreto abri a porta traseira e comecei meu dia. Por volta das 8:00 eu tinha legumes preparados para o dia, seis lotes de carne temperada e pronta no forno para o serviço de almoço e estava gritando de volta para Maxine e Sandy enquanto elas faziam os pedidos. Comandei a grelha até que Carl chegou às 9h, e então fui para o frigorífico para ver algo novo para o almoço do especial de amanhã. Quarta-feira tinha sido dia de guisado de carne desde que o tempo começou, mas eu pensei que poderia tentar algo um pouco diferente. Se Albert estava disposto a tentar algo novo, alguns dos outros clientes leais podem estar abertos a tentar também. Modificar o ensopado não era exatamente como negociar um tratado de paz no Oriente Médio, mas poderia ser minha pequena vitória. Sustentando a porta da cabine um pouco aberta, para evitar ficar presa, observei as prateleiras, notando a desorganização da minha mãe. "Carl, tudo bem se eu trabalhar aqui um pouco? Reorganizando algumas coisas?" falei. "Claro, claro Roxie, posso me virar sozinho aqui fora", resmungou ele, bem-humorado. Eu sabia que ele ficava mais feliz quando era deixado sozinho. Carl tinha trabalhado aqui por mais tempo do que alguém poderia lembrar; até a minha mãe não tinha certeza de quanto tempo ele tinha estado


por aqui. Uma das minhas primeiras lembranças era de Carl jogando água na grelha para limpá-la. Eu gostava de trabalhar com ele. Ele ficava quieto e não deixava as garçonetes puxá-lo para qualquer drama, e nunca perdia a calma, mesmo quando estávamos em nosso momento mais movimentado. Eu dei um passo para fora até a cozinha, para pegar meu agasalho. "Chame-me se ficar apurado, ok?" Dei um passo atrás para pegar a prancheta do gancho e comecei a fazer um inventário. Arrumei tudo para ficar organizado e prático. Proteínas de um lado, legumes e frutas do outro. O menu era tão fortemente dependente dos itens padrão do restaurante (bife, empadão de frango, hambúrgueres, etc.) que a nova organização ficou um pouco esparsa; a maior parte das entregas frescas ia direto para o freezer para ser mais tarde. Enquanto reorganizava, comecei a pensar em quais maneiras que eu poderia redirecionar alguns desses ingredientes. Eu estava profundamente envolvido em calcular quantos quilos de batatas eu precisava para batatas fritas e se eu tinha de sobra para fazer batatas gratinadas quando ouvi uma batida na porta. "Eu estou indo, Carl," falei, começando a abrir a porta. "Por que de repente eu estou com ciúmes de Carl?" Leo encheu a porta com seu corpo grande e seu sorriso. "O que você está fazendo aqui?", perguntei quando ele deu um passo em minha direção. "Não é o seu dia de entrega normal." "Você acreditaria em mim se eu dissesse que tinha algumas beterrabas para trazer?" "Isso dependeria da beterraba", eu disse. "O que mais você tem?" "O que você está vestindo?", perguntou, dando mais um passo em minha direção.


Eu recuei para a alface. "Isso?" Abri os lados do meu muito atraente moletom cinza de capuz. "É muito foda", disse ele, tomando o último passo e deslizando as mãos dentro do meu moletom, estabelecendo-se baixo em torno dos meus quadris. "Você realmente não me trouxe beterraba, não é?" Eu disse, não sentindo mais o frio em torno de mim agora. Eu deixei minhas mãos viajarem até seu peito, deslizando para cima e em volta de seu pescoço. "Eu fiz", ele murmurou, seus polegares deslizando por baixo da minha camisa um pouquinho. "Eu trouxe beterrabas insanas." "Oh homem," suspirei, e logo mudei para um “snortmmm” quando ele acariciou minha nuca. "Você me trouxe mais alguma coisa?" Ele aproximou seu rosto do meu, corando só um pouquinho. "Eu estou um pouco hesitante em te responder isso agora." "O que você trouxe?", perguntei, sacudindo os ombros. Ele enterrou a cabeça mais uma vez no meu pescoço. "Um realmente grande pepino", foi sua resposta abafada. Eu joguei minha cabeça para trás e ri. Ele continuou seu caminho, agora varrendo beijos de volta em direção ao meu ouvido. "Eu estou pegando minhas beterrabas de volta e indo para casa", ele sussurrou, e meu riso parou quando ele lambeu minha pele. "Não, não, você teve todo esse trabalho só para me trazer um pepino. Pelo menos deixe-me vê-lo." Ele gemeu em meu pescoço. "Agora você está me matando." Ele tentou se afastar, mas eu logo o puxei de volta. "Você deve ficar apenas mais um minuto", eu disse, virando a cabeça para lhe permitir um melhor acesso ao meu ponto doce. Bem, o


local mais doce acessível agora, pelo menos. "Oh definitivamente deve ficar mais um minuto... ou sete."

sim...

você

Ele respondeu com um beijo na minha clavícula. "Será que essa é versão de restaurante de Sete Minutos no Céu6? Eu me sinto como um adolescente." "Eu posso lhe oferecer uma versão melhor", eu disse, arqueando-me para ele e sentindo meus seios imprensados contra seu peito. "Minha mãe está fora da cidade. Você quer vir para o jantar hoje à noite?" "Agora você está falando minha língua", ele disse à alça do meu sutiã, que ele estava empurrando para o lado para dançar beijinhos na pele por baixo. Meu ombro estava no céu. Ele reuniu meu cabelo para trás em seu punho, varrendo-o dos meus ombros, e respirou fundo. "Alguém já te disse que você cheira a mel?" "Isto certamente explicaria as abelhas." Ele levantou a cabeça. "Você está ciente de que no segundo em que você disse a palavra abelha, todo o seu corpo congelou?" Eu suspirei. "Eu realmente acredito na história 'quando as abelhas sumirem, assim acontecerá com o planeta também', mas elas ainda são idiotas." Ele baixou a cabeça de volta para o meu ombro. "Você é maluca." Eu sorri. "Mas você ainda quer lamber meu mel, não é?" Ele gemeu. Minutos mais tarde, depois de ajeitar o cabelo dele com as mãos para suavizar as marcas que minhas mãos haviam feito, e endireitar a minha camisa, Leo saiu, dizendo: "Ok então, eu vou trazer as beterrabas quando estiver na época certa.”

É uma brincadeira adolescente onde um casal é trancado no armário ou algo do gênero durante sete minutos para fazerem o que quiserem. 6


Eu sabia que ele estava falando isso para que as pessoas pensassem que ele estava lá apenas para fazer as entregas, mas mesmo assim não pude deixar de rir. Hoje à noite eu teria Leo. Para jantar. Sim, essa frase foi intencional. Eram raros os momentos quando eu me sentava com um cara e compartilhava uma refeição que eu tinha preparado. Mas com Leo fornecendo uma porção da comida, e considerando o pouco potencial para amarras, isso só parecia certo. E, para ser sincera, eu gostei da ideia de cozinhar para Leo. Eu queria cozinhar para ele. Esperei mais alguns minutos, mantendo minhas risadinhas sob controle e fechando o zíper do meu agasalho, perguntando-me se meus lábios pareciam usados. Caramba, o homem sabia beijar. Quando voltei para a cozinha com a prancheta na mão, tudo estava normal - o mundo continuou a girar. Mas o almoço estava se aproximando, e minha curiosidade sobre a cesta que ele me trouxe - eu precisava ver o quão grande esse pepino era - infelizmente teria que esperar. Enquanto eu preparava o ensopado, percebi que estava curiosa para chegar ao fundo da história de Leo, já que eu tinha certeza que seria uma boa história. E agora eu estava também fora de minha mente, presa numa tangente de devaneio sobre sua parte inferior, que certamente seria grandemente bonita. Pensei em todas as possibilidades durante todo o almoço, e depois, durante toda a preparação das beterrabas. Eu tinha algumas ideias do que queria fazer para o jantar hoje à noite com Leo, e as beterrabas teriam um lugar de destaque. E, por falar em destaque, agora eu pude finalmente olhar no cesto que ele me deixou, e vi o pepino. Ele deveria ter sido preso por carregar essa coisa através da cidade. Honestamente.


Depois que eu fechei a lanchonete e recolhi minha beterraba, fui fazer compras para o resto do que eu precisava para esta noite. Estando tão perto do Instituto de Culinária da América, em Hyde Park, esta área sempre teve a sua quota de paladares impecáveis. Mas com a explosão do campo à mesa, o número de lojas que vendem produtos locais e caseiros haviam se multiplicado significativamente. Eu passei os últimos anos sendo mimada pelas riquezas de viver tão perto do Vale de San Joaquin, uma das maiores áreas agrícolas em todo os Estados Unidos. O acesso a frutas e legumes cultivados localmente era algo que eu tinha como certo. Mas aqui tudo era cultivado em casa, no estilo de Nova York. O Vale Hudson sempre teve uma mistura de pessoas que acreditavam na agricultura familiar. Pegue alguns hippies e ricaços, adicione uma pitada da velha escola, uma pitada de sangue azul e um montão de tempo, com uma ajuda generosa dos profissionais da cidade que possuíam casas de fim de semana, e você tinha um caldeirão eclético. Por isso, fazia todo o sentido que na rua principal fosse possível encontrar uma loja de roupas de alta costura ao lado de uma loja que vendia cristais prometendo-lhe luz e paz interior. Um corretor de imóveis com portfólio de vários milhões de dólares ao lado de um pub simples. Mas o que eu estava mesmo observando era o açougue de cidade pequena. A loja de queijos. Uma padaria. Uma mercearia vendendo de tudo: desde cintos de dois dólares à fivelas de nove dólares e picles artesanais. Ooh, e uma loja de vinhos. Produzidos localmente, de origem sustentável, e borbulhantes para fazer-nos ligeiramente bêbados? Ora, muito obrigado, senhor, acho que vou querer mais um pouco. Passei a tarde entrando e saindo de lojas, dizendo Olá para as pessoas que eu não tinha visto há tempos e estocando minha despensa


para o verão de forma significativa. Eu tinha deixado muitas das minhas coisas em LA, trazendo apenas o básico: roupas, maquiagem, facas e um punhado de açafrão. Agora eu enchia a parte de trás do meu carro com pão de centeio fresco, vinagre balsâmico envelhecido e bacon defumado local. Peguei braçadas de especiarias, molhos de ervas frescas e uma porção de queijo especial produzido por um queijeiro aqui da cidade. A loja de queijos contava com uma grande variedade de laticínios das proximidades, e eu poderia apostar que Leo saberia mais sobre essas vacas. E, enquanto comprava, fui lembrando de várias coisas que Leo tinha dito ao nosso grupo na turnê pela fazenda. O que ele estava fazendo não era diferente de como a agricultura familiar havia sido executada há cem anos; ele estava apenas trabalhando numa escala maior do que a maioria. "O que cresce junto, fica bem junto" era uma frase que eu ouvi durante toda a minha vida culinária. Às vezes é aplicada a combinação de vinhos com alimentos específicos, e muitas vezes é aplicada à ervas e afins. Pegue tomates e manjericão, por exemplo. Todo mundo sabe que eles ficam ótimo juntos, mas eu aprendi com Leo que, literalmente, eles crescem melhor quando são plantados juntos. Algo sobre o solo e uma praga particular. Era difícil prestar atenção nesse ponto, porque ele estava ajoelhado, o que deixou suas calças apertadas sobre seu “pacote” muito bonito, mas o ponto era que tomates e manjericão plantados próximos uns dos outros, na verdade, tem um sabor melhor. A Mãe Natureza era realmente muito sábia. Então, conforme fazia minhas compras agora, estava ainda mais consciente sobre o que acontecia com o que, e sobre quem produziu tudo isso. E por isso era bom encontrar um açougueiro honesto, que não só poderia me dizer qual era o melhor corte do dia, mas que quando eu mencionei que precisava de carne de porco moída fresca, ele cortou


um pedaço de lombo e triturou-o para mim, pessoalmente. Seu nome era Steve. O nome do meu novo açougueiro era Steve. Eu me peguei assobiando um acorde feliz no meu caminho de volta para o carro e, por um momento minúsculo, encontrei-me um pouco saudosa de casa e da minha cidade natal. Mas, por agora, saí em disparada na direção da casa da minha mãe. Eu tinha um menino chegando esta noite. Graças a Deus eu tinha limpado o lugar.


Algumas horas mais tarde eu já tinha aberto todas as janelas para deixar a brisa do fim da tarde entrar, e estava de volta aos pensamentos sobre Leo. Eu gostava de ficar perto dele, e estava ansiosa para desfrutá-lo nu em algum ponto. Mas, além disso, também queria conhecê-lo, descobrir o que o fez ser do jeito que era. O que Leo pensaria da minha pequena casa de infância? Eu não tenho vergonha das minhas origens, mas era impressionante pensar em quão diferente eram os lugares da onde viemos. Mas eu não podia pensar sobre isso muito tempo, pois tinha um jantar para fazer. Misturando um pouco de limão, estragão fresco, azeite e uma pitada de sal, eu salpiquei os temperos ao longo das belas vieiras que peguei no mercado de peixe (outra coisa nova na cidade). Reservei as vieiras e sua marinada na geladeira, e montei o stilton com algumas cerejas que escolhi. Em seguida, comecei a descascar as beterrabas que eu tinha cozido no restaurante. Estava cortando a beterraba quando ouvi um carro descendo a entrada. Um olhar através das cortinas mostrou o jipe de Leo


estacionando, levantando poeira. Mesmo sob a camisa, seus músculos eram evidentes quando ele desceu, com costas fortes, mas não de uma forma ondulante. Era apenas força impressionante. Eu tinha visto o quão duro ele trabalhava em sua fazenda. E, por falar em impressionante, ele abandonou a camisa de flanela de trabalhador e estava fodidamente lindo numa branca de botões e jeans confortáveis. E a barba ainda estava lá, desalinhada e bem aparada, e eu queria beijá-lo só para sentir as cócegas. Senti um arrepio correr para cima e para baixo pela minha espinha enquanto imaginava se eu gostaria de ser a garota para quem ele chegaria em casa a cada noite. Uau. Da onde veio isso? Balancei a ideia pra longe, me inclinei para fora da janela e gritei: "A porta está aberta, entre!" Eu tive o prazer de ver o brilho no seu rosto quando ele ouviu o som da minha voz. Wow, olha isso! "Bem, olá", disse ele, chegando ao virar da esquina com uma garrafa de vinho. "Eu não tinha certeza do que você estava preparando, então trouxe vinho branco. Wow, você matou alguém esta tarde?" "Ha-ha,” respondi, segurando a última beterraba que eu estava cortando e mostrando-lhe meu mindinho roxo. "Alguém me trouxe beterraba, e esse mesmo alguém sabe exatamente o que elas fazem para suas mãos quando você mexe com elas." "Se eu fizesse uma piada sobre captura-la em flagrante, você iria rir?" "Eu acho que sim", eu disse, soprando um pedaço de cabelo para longe do meu rosto. Ele esperou um momento, olhando para mim com expectativa. "O que eu perdi?"


"Você não está rindo", disse ele, colocando o vinho na mesa e se aproximando. "Estava esperando a sua piada", eu disse, soprando novamente um pedaço de cabelo caído no meu rosto. Eu não ousei tocá-lo; suco de beterraba manchava quase tudo que tocava. Suas bochechas se enrugaram enquanto ele ria. "Esqueça. Posso te ajudar com isso?" Ele se inclinou e tirou o cabelo do meu rosto, colocando-o cuidadosamente atrás da minha orelha. "Melhor?" "Melhor", eu concordei. "Você está com fome?" "Faminto", respondeu, dando um passo ainda mais perto. "Faminto". Sua mão permaneceu no meu pescoço, seus dedos dançando em toda a minha pele enquanto deslizavam ao redor até minha nuca, quentes e pesados. "Posso te beijar sem você manchar minha camisa toda de beterraba?" "Com certeza", respondi, deixando que ele me puxasse para ele. Mantive minhas mãos em meus lados, tentando evitar marcar sua camisa. Ele me beijou lento e doce. Escovou fugazmente um pouco seus lábios, primeiro de um lado da minha boca, depois do outro. Até o momento que ele chegou ao meio da minha boca, eu estava subindo na ponta dos pés para chegar mais perto, ainda mantendo minhas mãos sujas para os lados. Ele segurou meu rosto entre as mãos, os polegares varrendo minhas bochechas e franja. Na visita surpresa dessa tarde, fomos surpreendidos pela louca paixão. Agora, porem, tudo queimava lentamente por todo meu corpo. Seus beijos varriam ao longo do meu queixo, e logo que ele chegou à minha orelha, tive que avisá-lo que minhas mãos estavam começando a ter mente própria. "Se você quiser manter essa camisa intacta, é melhor se afastar enquanto ainda estou conseguindo raciocinar." Eu gemi, abaixando a cabeça e batendo-a contra seu peito algumas vezes.


"Para o registro, eu não estou nenhum pouco preocupado com a camisa", disse ele enquanto eu me afastava e voltava para a minha tábua de corte. "Agora que você me diz." Terminando de cortar as beterrabas, eu lavei as mãos até que a água saísse clara, em seguida, comecei a montar a salada. Empilhei folhas de alface frisée e folhas de endívia em dois pratos, coloquei algumas fatias de beterraba roxa, adicionei um punhado das nozes especiais que Leo havia colhido (para as quais recebi uma sobrancelha erguida em aprovação) e terminei com algumas pitadas de um bom queijo feta moído. Reguei tudo com xarope de vinagre balsâmico, acrescentei um pouco de óleo de noz, sal e, em seguida, polvilhei pimenta e alguns ramos de salsa fresca na parte superior. Enquanto montava a salada, ele me contou sobre como um de seus porcos fugiu do cercado e foi parar na floresta, e consequentemente como ele e alguns de seus estagiários passaram a tarde correndo pela floresta tentando resgatar o porco. "Eu realmente queria ter visto isso", eu disse, colocando os pratos sobre a mesa enquanto Leo abria o vinho que tinha trazido. "Volte na fazenda em algum momento e eu vou lhe mostrar os porcos. Eles são ótimos." "E você cria porcos para...?" "Carne de porco. Bacon. Tudo." Virei-me do fogão, onde eu estava deixando esquentar a panela de ferro fundido para preparar as vieiras. Eu já tinha fritado alguns pedaços de bacon, deixando-os prontos para usar no último momento. "Posso te perguntar uma coisa?" "Claro", respondeu, derramando o vinho nas taças que separei.


"É estranho conhecer os animais que você vai acabar matando? Você já se apegou?" Eu segurei minha mão sobre a panela, testando o calor. Derrubei uma gota de água, observando-a chiar e evaporar num pop. Perfeito. Muito quente e as vieiras iriam queimar. Não quente o suficiente e elas simplesmente estragam. "Hmm. Não tenho certeza se me apegar é a palavra certa. Como posso explicar sem soar insensível?" ele veio para ficar ao meu lado enquanto eu começava a vieiras. "Durante o passeio eu falei sobre como tudo na fazenda tem um propósito, certo? Os animais vivem a maior parte da vida livre de estresse. Não apenas por razões humanitárias, o que eu acho essencial. Mas também é melhor para mim e para o resto da minha fazenda deixar as galinhas, ovelhas, porcos, mesmo as vacas que pastam em algumas de minhas terras, soltas pelo maior tempo possível. Quando eu movo as ovelhas num campo, eu recebo o benefício de seus cascos arejando o solo e obtenho o benefício do composto que ocorre naturalmente quando os animais fazem seus negócios. Eles obtêm o benefício de comer bem todo dia, sob um céu lindo e movendose tão livremente quanto querem. São animais incrivelmente felizes." "Eles pareciam felizes", eu disse, observando as vieiras. Resisti à vontade de virá-las, sabendo que quanto mais eu deixasse-as quietas mais caramelizadas e suculentas elas ficariam. "É incrível o quão boa fica uma bisteca quando o porco foi criado andando pela floresta, rolando na lama, dormindo na sombra e vivendo uma vida plena. Tentamos produzir tanto quanto podemos na fazenda, tentando ser tão diversificados quanto possível e ainda manter a qualidade. É um ato de equilíbrio que ainda estou aprendendo." Ele era tão cheio de paixão pelo que fazia - seu corpo inteiro se animou enquanto falava sobre isso.


Eu verifiquei uma das minhas vieiras, que estava linda na parte inferior. Usando pinças, virei cada uma para dourar por igual. "Eu me pergunto se esse bacon era feliz..." eu disse, pegando o prato que tinha preparado anteriormente. "Onde você conseguiu isso?" "Na cidade. Steve, meu novo açougueiro favorito, recomendou". "Esse é um bacon muito feliz," ele disse com orgulho. "É da minha fazenda." "Bem, olhe para você." Eu sorri, observando-o inchar um pouco. E por que não deveria? Parecia que ele estava fazendo exatamente o que deveria fazer. As vieiras só precisavam de um momento no segundo lado, então as tirei da panela. "Você pode querer ir um pouco mais para trás." Avisei, e então espirrei uma colher de sopa de conhaque na panela, me afastando ligeiramente também. O fogo pegou o álcool e chamas dançaram furiosamente antes de morrerem tão rapidamente quanto haviam começado. Eu estava me mostrando um pouco? Talvez. Era bom cozinhar para alguém que eu estava... conhecendo. Eu deixei o molho na panela mais um pouco, acrescentei um pacotinho de manteiga para dar brilho, em seguida, o bacon. Mexi por apenas um momento, terminei o molho e derramei sobre a linha de vieiras no prato, e polvilhei cebolinha picada sobre a coisa toda. "Bem, eu estou pronta para comer esse bacon feliz, essas vieiras totalmente abençoadas e aquelas lindas beterrabas." "Tudo parece incrível. Muito obrigado por cozinhar esta noite. Eu poderia dizer que vou retribuir o favor, mas dizer que sou ruim na cozinha seria o eufemismo do século". "Você me ajuda com o jardim da minha mãe lá fora e eu vou te ensinar algumas receitas básicas. O que você acha?" Falei antes mesmo


de pensar a respeito. Eu não ensino caras a cozinhar. Isso não era meu modus operandi. Mas, que mal poderia fazer? Ele colocou os pratos na mesa, em seguida, olhou para mim, os olhos dançando. "Eu diria que esse vai ser um verão ocupado."

As beterrabas estavam boas. As vieiras ficaram adoráveis. O vinho estava fantástico. O fazendeiro era lambível. Nós conversamos enquanto comíamos, e ele elogiou a comida o tempo todo. Nunca na minha vida eu estive com ciúmes de uma folha de endívia. Mas, entre as minhas fantasias de ser devorada, realmente aprendi um pouco mais sobre Leo. Digo pouco porque ele não compartilhou tudo o que eu queria saber, porem. Perguntei a ele sobre a rotação de culturas e ouvi mais do que você jamais pensou que existisse. Perguntei sobre o movimento slow food, e quase pude pensar que estava igreja ouvindo um sermão. Mas quando perguntei a ele sobre seus pais, como tudo isso aconteceu para ele, ou quantas vezes ele conheceu alguém com o mesmo sobrenome, e o cara se escondeu como uma ostra. Graças a Deus por Chad, Logan e Maxine, a garçonete fofoqueira. "Mas você não cresceu aqui, não é?" Eu disse, inclinando-me para trás na cadeira e permitindo que Leo me servisse outra taça de vinho. Eu não estava bêbada ainda, mas as paredes do cômodo estavam se tornando um pouquinho confusas. "Por que você se lembrou disso?", ele perguntou, terminando a garrafa em sua própria taça.


"Você está brincando? Quando a casa grande abriu novamente, as pessoas souberam. É como a rainha: quando a bandeira está ali, ela está em casa." "O Maxwells. Isso é realmente como as pessoas nos veem, não é? O nome?", Ele suspirou, seus olhos parecendo cansados quando ele sorveu seu vinho. "Bem, é um pouco de uma instituição, você tem que admitir." Eu segui o laço na toalha da mesa. "Eu sempre me perguntei se vocês eram as pessoas do café, também." "Esses são nossos parentes distantes. Nós somos apenas os banqueiros. Bem, eles são os banqueiros. Eu não estou mais envolvido no negócio da família", disse ele, observando meus dedos sobre a mesa. "Você nasceu e cresceu aqui, certo? Por que deixou este lugar?", perguntou ele, e a mudança de assunto veio tão rapidamente que eu tive que sacudir minha cabeça. "E não me diga que algumas pessoas desejam luzes brilhantes e uma cidade maior." "Uh, sim. Nasci e cresci aqui, em Bailey Falls. Saí logo depois que me formei porque queria algo além de Bailey Falls. Eu sabia o que aconteceria se ficasse aqui." "O que você estava tão certa de que ia acontecer?" "Estava muito bem escrito nos livros da cidade que eu herdaria o restaurante e o administraria pelo resto da minha vida. Eu gostaria de realmente ter uma vida em primeiro lugar." "Você não quer o restaurante?" "Você tem alguma ideia de como é difícil experimentar um novo chapéu quando todos em sua família assumem que você deseja usar o mesmo que todos eles estão usando?" Eu perguntei, sentindo um pouco do velho peso que costumava carregar quando tinha que cuidar de tudo, incluindo minha mãe, começando a se acumular novamente.


Ele fez uma careta. "Sim. Há um banco em Manhattan do tamanho de um quarteirão com o meu sobrenome." Ficamos em silêncio, exceto para o plink-plink da torneira pingando. É claro que ele sabia do que eu estava falando. Havia mais dessa história, mas ele parecia contente em sentar-se no silêncio, e eu não estava prestes a empurrá-lo para fora de sua zona de conforto. Tomei um gole de vinho, em seguida, falei. "Então, sim, eu fui embora para a escola de culinária na Califórnia." Ele parecia contente de focar a conversa de volta para mim. "Mesmo com outra escola de culinária tão perto de casa?" "O Instituto de Culinária da América é uma incrível escola e uma das melhores. Mas era aqui, e eu queria estar longe". "Califórnia, especificamente?", Perguntou. "Sim e não. Fiquei intrigada com a Costa Oeste porque estava do outro lado do mundo. E eu realmente gostava de estar lá: gostei do clima, das pessoas, especialmente em Santa Barbara. Mas acho que, na maior parte, era porque não era aqui". "Mas é tão bom aqui", disse ele, parecendo confuso. "Parece o lugar perfeito para crescer." "Você fala como alguém que está cansado de toda a agitação da vida urbana", eu disse com uma risada. "Aonde você cresceu?" "Manhattan, principalmente. Eu nasci lá, fui para a escola lá até a oitava série, então fui embora." "Para a faculdade?" Ele balançou a cabeça tristemente, revirando os olhos um pouco. "Deixe-me adivinhar, Andover?" "Exeter.” "Ooooo, você remou um daqueles barcos, não é!"


"Você se refere à equipe de remo?" "Equipe técnica! Sim!" "Eu fiz", respondeu ele, seu rosto refletindo confusão e prazer pelo meu prazer óbvio. Mas antes que eu tivesse a chance de perguntar a ele sobre qualquer outra coisa, ele balançou o assunto de volta para mim. "Então, havia uma razão que te fez querer tanto sair daqui?" "Vamos apenas dizer que minha mãe tinha um monte de namorados, e deixar por isso mesmo." Ele parecia um pouco horrorizado. "Espere, isso significa que algum deles..." "Não, nada como você está imaginando! Foi apenas... minha mãe acredita em amor à primeira vista." "Bem, isso é... romântico?" "É cansativo", eu disse, segurando minha cabeça em minhas mãos e espiando através dos meus dedos. "Ela dizia que cada novo cara era o único, sua alma gêmea, e ela vivia tudo muito intensamente. E, no meio desse novo romance emocionante, ela esquecia de pagar a conta de energia elétrica e as luzes eram cortadas. Mas, o verdadeiro amor sobrevive a tudo, certo?" "Verdadeiro amor versus eletricidade?" "Bem, isso só aconteceu uma vez. Mas sempre havia coisas assim. Ela faltava uma peça da escola porque Bob tinha um compromisso posterior, ou não havia mais bolinhos para levar para a escola no meu aniversário porque Chuck comeu todos à meia-noite. Mas o pior eram os rompimentos. Ela conheceu seu príncipe encantado uma e outra vez, e quando cada um desses príncipes inevitavelmente desencantava, havia sempre o rescaldo. Ela estaria emocionalmente dizimada por um tempo. Mas, no entanto, pronta para começar tudo de novo quando o próximo cara na armadura brilhante aparecia."


"Parece que ela é o que eles chamam de ro..." "Pessoa louca?" "Eu ia dizer romântica incurável", disse ele, arqueando uma sobrancelha para mim. "Então, eu entendo que esse gene não foi passado para você?" "Não muito", eu respondi, balançando a cabeça. "O amor é confuso, doloroso e emocionalmente desgastante. Dificilmente parece valer a pena." Ele estava me estudando cuidadosamente. Tempo para clarear um pouco as coisas. "Mas chega de blábláblá. Vamos falar sobre a equipe um pouco mais, porque agora eu estou te imaginando num barco, sem camisa, e estou gostando dessa imagem!" Ele sorriu. "Você está, hein?" "Sim. Me conte tudo sobre seu tempo na equipe de remo. Em que posição você joga?" Eu perguntei, ansiosamente querendo dar corpo a minha fantasia com alguns detalhes da vida real. Ele riu. "Você não sabe nada sobre a tripulação, não é?" "Eu sei que há um cara no final que canta ou algo assim." "O timoneiro?" "Agora você está me matando." Eu suspirei, fingindo um desmaio. Encorajada por sua risada, pulei fora da minha cadeira e sentei em seu colo. Ele ficou surpreso, mas também parecia encantado. "Por favor, diga mais palavras como timoneiro." "Você está manchando uma das tradições mais antigas das escolas preparatórias americanas, e eu não vou te ajudar nisso", ele repreendeu quando eu me contorci um pouco, fazendo-o se empurrar para trás da mesa para me dar mais espaço. O que permitiu que seus braços se envolvessem em torno da minha cintura, seus polegares fazendo pequenos círculos na minha pele.


"Manchar não é tão bom quanto timoneiro," eu provoquei. "Dê-me palavras muito mais formais, como smoking ou Perrier." "Como quando eu fazia todas essas coisas de mauricinhos?", ele perguntou, olhando para mim com um sorriso divertido enquanto eu brincava com os botões de sua camisa. "Esse tempo de mauricinho deve ter te feito bem..." Inclinei-me e esfreguei meu rosto em sua barba. "Eu mencionei o quanto eu gosto desta barba?" "Você não falou, mas obrigado. Eu estava pensando em raspar, embora". "Não faça isso. Há algo que eu quero tentar primeiro." Eu deixei minhas mãos deslizarem até sua barba, espalhando-a um pouco com meus dedos. "E o que seria isso?", perguntou ele, empurrando a cadeira um pouco mais. Aproveitei a oportunidade para levantar-me um pouco, jogando uma perna de lado e sentando de frente para ele. "Não posso te dizer. Ainda não", eu disse, sentindo meu rosto esquentar. Ele segurou meu rosto em suas mãos. "Olhe para você, se envergonhando. Eu me pergunto o que você está pensando", brincou ele, feliz. "Shush", eu disse, rindo. Balancei-me um pouco para frente, mexendo meus quadris e arqueando as costas. Seu rosto instantaneamente passou de divertido para focado. "Por que não estamos nos beijando ainda?" "O inferno se eu sei", respondeu ele, e então me beijou forte. Ele beijou-me quente. E enquanto sua língua brincava, meus lábios se separaram e, inferno, minhas coxas se separaram também e... Mais... E ele me beijou molhado.


E ele me beijou... dolorosamente lento.

lento.

Agonizantemente,

irritantemente

e

Eu adorava beijar. Eu também adorava o que geralmente acontecia depois, mas estava especialmente amando esta parte com Leo. No início, quando tudo é novo e excitante, todo o mundo se resume a lábios doces e suspiros silenciosos. Quando as estrelas desaparecem e a terra deixa de girar, seu eixo esquecido na sequência de coisas como para que lado você vai inclinar-se e de que maneira seu pescoço naturalmente vai virar. Seria mesmo possível que eu pudesse realmente detectar suas impressões digitais? Porque minha pele parecia tão viva agora... e meu nariz apenas roçou o seu, e o pequeno gemido que retumbou profundamente em seu peito é o som mais erótico que se possa imaginar, e, oh meu Deus! Seu cabelo cheira muito bem. Nos beijamos por um logo tempo, como se fosse por mais de mil anos. Ou sólidos quinze minutos, pelo menos. Isso é muito tempo para ficar apenas beijando... e ainda não era tempo suficiente. Ao houve acima da camisa ou ação abaixo da fivela, nenhum empurrão ou moagem. Apenas beijos. Minhas mãos ficaram em seus ombros, e um pouco em seu cabelo. Suas mãos se hospedaram na minha cintura, e um pouco na minha bunda. Exceto por esse momento glorioso quando elas vieram até meu rosto, traçando os polegares sobre minhas bochechas e virando meu rosto para que ele pudesse fazer cócegas em meu pescoço com seus lábios. Lenta e preguiçosamente, sem pressa e maravilhosamente, sua língua mergulhou contra a minha de novo e de novo, e eu podia sentir pequenos espinhos e formigamentos ao longo de toda a minha espinha. E por pequenos espinhos e formigamentos eu quero dizer fogos de artifício - meu corpo estava acordando sob suas mãos, querendo mais, precisando de mais. Se sua boca por si só poderia fazer tudo isso, o que poderá acontecer quando outras partes estiverem envolvidas? Senti um


puxão de pura luxúria na minha barriga, reunindo-se no meu sangue e ameaçando se soltar e correr livremente por todo o meu corpo. Me afastei dele, meus lábios inchados, a área ao redor da minha boca formigando por causa de sua barba. Minha cabeça se inclinou um pouco para trás, parecendo flutuar, e meu corpo sabia o que fazer, mesmo que minha mente não chegasse a entender exatamente o que eu estava sentindo. O sentimento por trás da figura do atleta bobo e do alegre agricultor, a sensação de que algo épico e incomum estava acontecendo. Leo se inclinou em minha direção, seus lábios traçando um caminho no meu pescoço, lambendo, chupando e gemendo enquanto suas mãos agora viajavam até o primeiro botão aberto da minha camisa, e depois o próximo. Ele olhou para mim com olhos semicerrados, escuros e emocionados. Ele levantou uma sobrancelha e eu balancei a cabeça, e então ele começou a retirar minha camisa lentamente, revelando a renda do meu sutiã. Quando ele inclinou a cabeça de novo para mim, seus lábios mal escovaram os topos dos meus seios, mas eu sabia exatamente onde estávamos indo com isso. Aproveitei essa pequena pausa para ter uma conversa muito séria antes que chegássemos lá. Perdida entre carícias, murmurei em voz baixa, "Leo?" "Mmm?", respondeu ele, seus lábios fazendo cócegas em minha garganta. "Lembra-se do que estávamos falando antes, sobre amor à primeira vista, relacionamentos, o príncipe encantado e tudo isso?" "Mm-hmm," ele disse, virando aqueles olhos ardentes em minha direção. "Príncipe encantado, com certeza. Você ia pedir para ver minha espada ou algo assim?" Eu podia sentir seu sorriso - era grande o suficiente para tocar os topos de ambos os meus seios, direito e esquerdo. Eu ri do momento, e


então tentei usar minha voz de garota grande. "Você sabe que eu vou ficar aqui somente durante o verão, certo?" "Estou ciente. Você sabe que tem uma sarda entre os seus..." "Eu sei", eu disse, gemendo, com a pele arrepiada "Mas, o verão-" "Sim, você está aqui para o verão. E só o verão. Você menciona isso o tempo todo. Você vai se transformar em uma abóbora em setembro ou algo assim?" Sorri, mas depois fiquei séria novamente. "Eu menciono isso muito porque gosto que as coisas sejam claras e honestas, sem malentendidos desarrumados mais tarde. Então você deve saber que eu realmente não me envolvo." Ele parou o beijo e levantou o rosto para olhar para mim. Realmente olhar para mim. Ele parecia estar me observando, tentando descobrir o que eu estava pensando mas não estava dizendo. E mesmo que eu tivesse tido essa conversa com outros homens antes, desta vez eu senti um... tipo curioso de pontada. Mas, antes que eu pudesse pensar mais sobre isso, ele concordou. Em seguida, aproximou os lábios da minha clavícula, e eu parei de pensar. E, quando sua boca começou a esquentar toda minha pele novamente, quando senti meus quadris começarem a se mover contra os seus, meu telefone tocou ecoando em todo cômodo. Eu gemi, recostando-me contra a mesa quando ele olhou para a cozinha. "Você precisa atender?", ele perguntou, suas mãos deslizando de volta para minha cintura e me puxando contra ele, segurando-me mais perto. Sim, muito mais perto! "Não, eu não penso assim", respondi, afundando minhas mãos em seus cabelos. Espessos e sedosos, eles enrolaram naturalmente ao longo de meus dedos. Nós jogamos um jogo de espera em silêncio


enquanto o telefone tocava mais três vezes antes de finalmente ir para o correio de voz. E nesse meio tempo respiramos juntos, meu peito subindo ao mesmo tempo que o dele. Inclinei-me para beijar o topo de sua cabeça, e ele gemeu. "Você deve fazer isso de novo", ele murmurou em minha pele. "Fazer o quê?", Perguntei, repetindo o movimento. "Isso", respondeu ele, beijando o topo do meu seio. "Faz com que eu veja todo o caminho para baixo em sua camisa." Rindo, o empurrei para trás, deixando minhas unhas arranharem um pouco enquanto arrastava minhas mãos para cima em direção aos seus ombros. Em retaliação, ele apertou minha cintura um pouco mais forte, seus dedos cavando em minha pele... E o telefone tocou de novo. Oh, pelo amor. . . Tentei alcançar meu telefone sem sair de seu colo, mas não consegui. Bufei enquanto me levantava do colo de Leo, dando dois passos para frente e, em seguida, um passo para trás, para mais um beijo. Ele inclinou-se avidamente, e um beijo tornou-se oito. Oito tornou-se treze. E meu telefone parou de tocar de novo. Treze estava a caminho do muito mágico vinte e sete quando meu telefone tocou pela terceira vez. Eu literalmente tive que me forçar a afastar meus lábios dos dele, usando o polegar como um pé de cabra. "É melhor ter alguma coisa pegando fogo para justificar", disse eu, finalmente, recuperando meu telefone. Não reconheci o número. "Roxie Callahan?", perguntou uma voz de homem. "Sim." "Aqui é do Corpo de Bombeiros."


Graças a Deus nada estava em chamas. O corpo de bombeiros local recebeu ligações da empresa de alarme: a porta dos fundos do restaurante foi aberta e o alarme disparou como louco. Até o momento em que eu tinha meus sapatos e estava pronta para ir até lá, eles tinham conseguido ligar para Carl, que também estava na lista de chamada, e ele saiu para verificar tudo. Aparentemente um vento forte tinha conseguido abrir a porta, e agora a crise tinha acabado. Leo ofereceu-se para dirigir-se ao restaurante comigo para acompanhar, mas Carl me garantiu que estava tudo bem, e eu chamaria um chaveiro de manhã para me certificar de que não voltasse a acontecer. Saímos em direção a sua caminhonete no meu quintal. Ele estava com a mão na parte inferior das minhas costas, firme, quente e... reconfortante? Inferno, conforto era muito parecido com tesão, então eu estava bem com isso. "Obrigado pelo jantar de hoje à noite. Eu diria que as vieiras foram a melhor parte, mas eu acho que foi..." "Se você disser as beterrabas, eu vou..." "Obviamente eu estava me referindo a espreitar para baixo da sua camisa", disse ele inexpressivo. "Mas agora que você mencionou, as beterrabas certamente foram o melhor." "Espere só até eu começar a trabalhar em suas abobrinhas", eu disse com uma piscadela. "Você é um pouco perigosa, não é?", perguntou ele, pegando-me em um abraço solto e olhando para mim. A lua estava cheia e brilhante, fazendo sombras sobre o gramado. E ao luar, ele era o único perigoso. Em vez de responder, eu trouxe sua cabeça para baixo e beijei-o. Uma vez mais, com sentimento.


Poucos dias depois, Chade Bowman entrou valsando na lanchonete vazia logo após o turno do almoço. "O que há, sonho adolescente?" Eu perguntei enquanto ele balançou-se sobre um dos bancos. "O que há com você?", ele respondeu e eu ri. "Você me fez lembrar que eu tinha memorizado o seu horário no segundo ano. Eu sabia exatamente as salas para as quais me esgueirar, exatamente o momento certo para ter um vislumbre seu", eu admiti, exagerando e fazendo um coração batendo com a mão. "Eu fiz isso também, no segundo ano", disse ele. "Mas eu estava me esgueirando para ver o treinador Whitmore." "Oooh, isso é uma bomba!", eu respondi, pensando no treinador do time de basquete do colégio, que usava os mais apertados e mais brancos shorts que conseguia encontrar. Olhei para baixo no balcão, observando a hora em seu relógio. "Sim! Hora de fechar!" Eu disse, levantando meu punho em vitória e indo em direção à porta para fechá-


la. "O senhor fodão do ensino médio tem permissão especial para ficar, mas só se você se comportar enquanto eu estou limpando." "Não vou demorar muito tempo; eu só vim por um pedaço de bolo. Eu ouvi um boato de que depois de mil anos este restaurante estava servindo algo diferente de torta de cereja, é verdade?" Ele esticou o pescoço para ver o visor de sobremesa. Que estava vazio. "Você ouviu direito, mas acabou tudo depois do almoço, exceto..." Corri de volta para a cozinha. "Este" segurei um prato com os dois últimos pedaços de bolo de caramelo. "Oh meu Deus, isso é lindo," ele sussurrou, e eu tive que concordar. Impossivelmente alto, o bolo tinha três camadas. Fofo, com camadas de bolo de manteiga um pouco picante, leite e pitadas de baunilha de Madagascar. Escondida entre as camadas de bolo estava uma camada de caramelo caseiro cozido lentamente, o qual eu também derramei sobre o topo e que agora escorria pelos lados; uma sobremesa brilhantemente doce. "Eu estava levando estes para casa comigo esta noite, mas prefiro sentar no balcão com a minha paixão favorita do colegial e ver o garfo entrando e saindo de sua boca." "Eu diria que isso me assusta um pouco, mas não quero correr o risco de ficar sem esse bolo", ele disse, sem afastar os olhos do prato. "Quer um pouco de café para acompanhar?" Eu ri, colocando o prato no balcão e indo pegar dois garfos. "Que café?", Perguntou ele, encantado como uma cobra. "Notável", eu disse com uma risada, entregando-lhe um garfo. Eu adorava assistir as pessoas que gostavam da minha comida. Eu precisava de café para armonizar com o meu deleite doce, no entanto. Antes de eu terminar de encher minha xícara, porem, metade de seu bolo tinha ido embora.


"Do que você chama isso?", perguntou ele com a boca cheia. Inclinei-me e tirei uma migalha de seu queixo com o polegar, trazendo-a aos meus lábios e lambendo. Ele parecia triste que eu tinha roubado uma migalha. "Bolo triplo de caramelo do Sul." "Agora vai se chamar Chad Bowman especial." "Entendido", respondi, atacando minha própria fatia. Quando eu fiz estes bolos na noite anterior, não tinha ideia que seriam um sucesso tão grande. Eu tinha feito quatro bolos, e essas duas fatias eram tudo o que restava. Eu comecei a pensar em outros bolos que poderia fazer, imaginando quais tipos de cobertura e recheio poderia usar. Eu estava acostumada a ficar constantemente testando receitas, mudando e adaptando-as, mas agora estava presa fazendo o mesmo macarrão com almôndegas da receita que tinha estado no menu desde antes de eu nascer. Eu ficaria entediada se não tentasse algo novo no menu em breve. Suspirei quando provei o bolo de caramelo. Este era um exemplo de como uma velha receita ainda era tão boa como no dia em que foi escrita. A única coisa que eu tinha mudado? Eu adicionei creme de leite e usei fava de baunilha real em vez de apenas o extrato. Mesma receita, ligeiramente melhorada. Suspirei mais uma vez, saboreando a doçura do caramelo e a riqueza do açúcar mascavo. "Isso é bom", admiti, e Chad assentiu com a cabeça, a boca cheia de bolo. Estava silencioso, e podíamos ouvir apenas o tilintar dos nossos garfos enquanto terminávamos nosso bolo. "Então, como vão as coisas com o agricultor?", perguntou Chade, literalmente lambendo o prato. Eu tinha feito a mesma coisa com a taça quando fiz o glacê.


"O agricultor?" Eu perguntei inocentemente, levando nossos pratos de volta para a cozinha para que ele não visse minhas bochechas coradas. "O agricultor", disse ele com um suspiro. "Você não é legal!" "Oh, esse agricultor", eu respondi. "Suponho que ele está indo muito bem." "Eu ouvi um boato de que ele foi visto dirigindo para a sua casa algumas noites atrás. Importa-se de comentar?" Eu bati meu pano de prato na direção dele. "De onde estão vindo esses rumores? Primeiro o bolo, agora isso." "Meu marido gosta de pensar em si mesmo como um repórter de jornal de cidade pequena. Mas acho que ele está mais para revista de fofocas." Ele riu, fingindo digitar furiosamente. "Eu vou acompanhar essa história até o final, ouviu?" "Eu sou a pessoa menos interessante para fofocar", eu disse, limpando as migalhas do nosso lanche. Então peguei os açucareiros do balcão e comecei a enche-los. "Oh, eu não acho que isso seja verdade. A pequena e tímida Roxie Callahan volta para casa do céu de fantasia de Los Angeles com suas ferramentas na mão para resgatar o restaurante da família, e encontra algo diferente para agarrar-se à noite", ele disse, ainda em sua voz de jornalista. "Você é tão estranho. Você sempre fez isso?", perguntei, entregandolhe um pacote de sal e apontando para que ele enchesse os saleiros. "Sempre. Eu só escondia sob um capacete de futebol naquela época", ele respondeu, me ajudando. "Você ficava lindo com esse capacete. E sem o capacete também." Suspirei, dando-lhe a minha melhor batidas de cílios.


"É verdade, tudo verdade. Mas chega de enrolação. O que se passa com o fazendeiro?" "Eu não estou desviando. Ei, olha o que eu encontrei ontem à noite!", Eu disse, segurando um frasco de conserva que tinha encontrado no porão. Os equipamentos de conserva da minha mãe estavam empoeirados desde que ela foi embora, e eu trouxe alguns frascos para a máquina de lavar louça. Depois fui colher os primeiros picles do início do verão. "Enrole o quanto quiser, eu só preciso saber quando você entrar no macacão dele." "Eu duvido seriamente que Leo vista macacões. Caramba, você acha que Leo veste macacões?" "Caramba, o que você está fazendo durantes as noites? O que vai fazer com todos esses potes?" Ele perguntou enquanto eu os alinhava ao longo do balcão. "Eu estou fazendo pickles, bobo." Eu ri. "Você sabe como fazer picles?" "Chef, lembra?" Eu disse, apontando para mim mesma. "Eu tenho até aquele chapéu engraçado em algum lugar." "Nos ensine como fazer? Logan está sempre falando sobre aprender a fazer coisas assim." "Coisas como picles?", perguntei. "Picles, geleia, coisas em potes" ele comentou enquanto reabastecia os saleiros. "Ele assiste um monte de Walking Dead". "Não tenho certeza que compreendi a conexão entre zumbis e geleia." "Se houvesse um apocalipse zumbi e ninguém estivesse produzindo comida, eventualmente alguém teria que começar a fazer essas coisas.


Exceto que ninguém sabe como fazer esse tipo de coisa, exceto hippies e chefs. E quais são as chances que eles façam o suficiente para todos antes de serem comidos?" Ele disse tudo isso enquanto trabalhava com os saleiros, como se fosse perfeitamente natural. "Você tem certeza que você e Logan iriam conseguir também? Digo, antes de serem devorados?" "Pois é. Nós dois pensamos nisso. Além disso, ele aprendeu algumas coisas na escola, então ele seria como aquela mulher durona com as espadas. E quando ele chegar em casa depois de um dia difícil no trabalho de matar zumbis, seria bom ter alguma geleia no pão com manteiga de amendoim ". "E uns picles ao lado?". Perguntei, minha testa enrugando enquanto eu tentava seguir este desastre de trem de pensamento. "Exatamente!" "Huh" foi a minha única resposta. Um momento depois, ele levantou os olhos do que estava fazendo. "Então, você vai nos ensinar?" "Claro", eu disse. "Mas só por causa dos zumbis." Eu fiz uma nota mental para pegar um pouco de vinagre no mercado. Será que Leo tem endro plantado na propriedade? Meu telefone tocou. Hmm, falando do agricultor, ele se manifestou. Quero dizer, chamada ao acaso. "Você tem endro plantado na propriedade" diretamente, sem ao menos cumprimentá-lo.

Eu

perguntei

"Se eu ganhasse um níquel..." A voz profunda de Leo assumiu. Senti um arrepio na base da coluna.


"Eu te dou um níquel, mas quero fazer conserva de picles." Eu ri, sufocando a segunda rodada de arrepio. Rapidamente me foquei. "E pra isso preciso de endro." "Picles, hein? Então, será que também lhe interessa saber que os primeiros pepinos bebê estão quase prontos para colheita?" "Nada me interessa mais do que o seu pepino", murmurei para o telefone, mantendo minha voz baixa. Chad Bowman estava agora segurando o funil como um dispositivo de escuta de baixa tecnologia. Leo bufou. "Estou tão feliz que estamos começando a focar no meu pepino, em vez de falar sobre as minhas nozes o tempo todo." "Oh, eu tenho certeza que suas nozes estarão em jogo novamente em breve." "Que barulho foi esse?", perguntou Leo, soando um pouco preocupado. "Desculpe por isso, um cliente só caiu do banquinho", respondi, balançando a cabeça quando Chad voltou a esgueirar-se pelo balcão, com os olhos ainda arregalados pelo comentário das nozes. Eu segurei meu dedo até meus lábios, advertindo-o a manter a calma. “Deixando as nozes de lado, o que aconteceu?" "Engraçado você mencionar que precisa de endro, porque eu estava ligando para ver se você queria se juntar ao CSA durante o verão. Você pode sair na hora que quiser, pode pegar as caixa já montadas ou pode montar o seu próprio kit. Eu normalmente não deixo que as pessoas façam isso, mas, você sabe..." ele parou. "Mas, você sabe, eu conheço o fazendeiro." Eu sorri, golpeando a mão de Chad quando ele fez dois saleiros se beijarem. "Você poderia conhecer o agricultor", disse Leo, seu tom escurecendo um pouco, sua voz ficando um pouco mais baixa, mais aquecida. Falando de aquecido...


"Quando eu deveria ir?", perguntei, imitando seu tom de voz. Chad mordeu um pano de prato. Em seguida o cuspiu para fora, quando sentiu o gosto de água sanitária. "Hmm, eu sinto que deveria responder algo como... agora? Nesse exato momento? Qualquer e toda hora que você quiser?" "Bom homem." "Amanhã?" "Eu posso vir logo após o turno do almoço acabar", ronronei, e ele riu. "Perigosa", disse ele, em seguida, desligou. Rindo para mim mesma, me virei para ver que Chad tinha escrito OH MEU DEUS em sal ao longo do balcão. "Você está limpando totalmente isso", eu disse.


Na tarde seguinte, eu saí para a Fazenda Maxwell novamente, ainda mais ansiosa desta vez. Eu estava ansiosa para a colheita dos vegetais, para inscrever-me para o clube de recebimento de legumes e para beijar o fazendeiro. Principalmente beijar o fazendeiro. Eu não o tinha visto desde a noite que tinha feito o jantar, quando o corpo de bombeiros interrompeu algo que já estava em chamas. Eu tinha estado ocupada trabalhando em turnos duplos no restaurante, substituindo a fechadura da porta traseira e voltando para o ritmo de cozinhar numa cozinha profissional. Eu tinha novas queimaduras no antebraço de uma luta com um ensopado de carne, um Band-Aid no polegar de quando o confundi com uma cenoura... e uma vontade de rir igual menininha enquanto me trocava antes de sair. Estava lutando contra o riso até agora, só de pensar nisso. Quando cheguei na Fazenda Maxwell, os campos e o estacionamento estavam numa enxurrada de atividades. Agarrei a porção de bolo de gengibre que trouxe para Leo e parti através do cascalho. Era o dia em que todo mundo vinha pegar sua caixa do clube de entregas, então eu me encontrei com várias pessoas que conhecia.


Era fim de tarde, o sol brilhava através de um céu sem nuvens e os grupos permaneciam em torno dos carros, quase como uma ponte do campo à mesa. As crianças brincavam com os gatos do celeiro, os pais conversavam alegremente com outras mães e pais e a sensação fácil de comunidade era palpável. Era um sentimento com o qual eu estava familiarizada, mas que nunca realmente senti... interiormente. Desde que a minha família era proprietária do restaurante mais popular ao redor, se alguém deveria se sentir assim, você logo pensaria que seria eu, certo? Mas agora, enquanto alguns rostos familiares sorriam na minha direção e algumas ondas casualmente amigáveis foram enviadas meu caminho, eu senti algo parecido com orgulho pela minha cidade natal. Interessante. As pessoas estavam deixando o celeiro principal com cestas grandes, cheias de todos os tipos de produtos, caixas de ovos, queijo embrulhado em papel e nozes. Sorrindo, fui para dentro. Lá, no meio de tudo, vi Leo. E fui golpeada uma vez mais em como verdadeiramente bonito ele era. Mulheres ao meu redor estavam igualmente impressionadas, e eu senti um desejo estranho de atacá-las, só para marcar território. Leo conversava facilmente com todos quando se aproximavam, fazendo perguntas sobre seus filhos, fazendo recomendações sobre como combinar este com aquele, dizendo-lhes o que estaria em temporada nas próximas semanas. As mulheres, compreensivelmente, penduravam-se em cada palavra. Ele era gentil, seu sorriso era quente e os antebraços eram espetaculares. A camisa de mangas compridas vintage estava empurrada até os cotovelos, a pele era bronzeada de trabalhar ao ar livre, o desvanecido jeans rasgado estava pendurado baixo em seus quadris. Quando ele tirou uma caixa de ruibarbo do caminhão atrás dele, um pedaço de pele apareceu, e eu vi uma mulher abanar-se com uma folha de alface.


Seus olhos subiram para a multidão e encontraram os meus. Seu sorriso fácil mudou quando um canto de sua boca se levantou num sorriso sexy que fez meu pulso retumbar. Ele acenou para mim através da multidão que conversava, ignorando a senhora do leque de alface, e eu senti minhas bochechas quentes por ter sido escolhida. Ele apontou para o lado, onde caixas de madeira estavam empilhadas. "Hey, Ervilha", disse em voz baixa, e meu pulso pulou novamente. “Hey, Almanzo" era tudo que podia responder. E ele me chamou perigosa. Ele se inclinou. "Little House?" "Você é um fã?" "Irmã mais nova. Ela costumava fazer-nos jogar Little House no verão no grande celeiro", ele respondeu com os olhos brilhando. "Você está escondendo algo atrás de suas costas?", ele perguntou, e então eu orgulhosamente mostrei o doce deleite que trouxe para ele. "Para mim?" "Você parecia gostar do bolo de nozes, então achei que gostaria de algo um pouco mais picante", eu disse. Alto o suficiente para todos me ouvirem? Era uma aposta justa. Ele sorriu, levantando o canto do guardanapo e espreitando. "Cheira bem." "E tem um sabor ainda melhor", respondi, dando-lhe um honesto bater de cílios. Ele balançou a cabeça, guardou o bolo no refrigerador atrás da mesa, e, em seguida, virou-se para mim com um olhar de expectativa. "Você está pronta para isso?" "Acho que sim? Não tenho certeza exatamente do que estamos fazendo aqui." Mentirosa. Você sabia exatamente o que estava esperando.


"Simples", respondeu ele, saindo de trás do suporte com um caixote. "Nós vamos fazer compras. Assuma aqui para mim, está bem?", ele perguntou, batendo no ombro do cara ao lado dele e entregando-lhe uma prancheta. Quando ele me levou para fora do celeiro, apontou os congeladores e refrigeradores gigantes por trás dos trabalhadores. "Dependendo da ação que você compra, pode obter tudo e qualquer coisa que quiser quando estiver em temporada. Algumas pessoas optam por uma pequena parte, e outras, por vezes, apenas por itens especiais, como cogumelos ou tomates enlatados. Algumas pessoas também compram proteínas a cada semana. Às vezes carne de porco, às vezes carne bovina, frango quase sempre, tanto inteiros quanto os já cortados. Normalmente ovos e às vezes queijo." "Vocês fazem queijo aqui também?", perguntei, surpresa com o alcance da operação. "Nós não, mas trabalhamos com outras fazendas na área para nos certificar de que suas ações sejam realmente bem corretas. Temos parceria com Oscar Mendoza, o cara que dirige a indústria do leite, para trazer queijo, leite, manteiga e tudo o que eles oferecem para os nossos clientes." Quando olhei em volta, notei várias cestas com grandes garrafas de leite, garrafas menores de creme de leite fresco e manteiga em barra embrulhada em papel, tudo carimbado com ‘Bailey Falls Laticínios’. "Parece que você não tem sequer que ir ao supermercado quando é um membro," eu disse. "Isso é o que nós esperamos. Na maior parte, é possível alimentar uma família inteiramente com produtos de origem local," disse ele, sua voz cheia de orgulho. "Os supermercados têm o seu lugar; isso nunca vai mudar. Mas nós gostamos de pensar que isso pode ser tão


conveniente quanto e, ao longo do tempo, custar menos do que as lojas convencionais". "E pode conhecer a cara de que está cultivando sua comida", eu disse, aquecendo-me com a ideia de que eu estaria preparando os alimentos que as mãos de Leo tiraram da terra. Claro que aparentemente eu teria acesso especial às suas mãos neste verão, mas ainda estava feliz com a ideia geral. Mais ainda com sua boca. Eu gostaria de ficar muito feliz com a ajuda de sua boca. Droga, onde estavam as alfaces? Eu também precisava me abanar. E por falar em sua boca, ela estava agora transformando-se em algo malicioso. "No que você está pensando agora?", perguntou. "Honestamente? Comida." “Só comida?” “E na sua boca.” Admiti. Seus olhos se arregalaram, então se estreitaram. "Venha aqui." Ele deixou a cesta atrás do celeiro, arrastando-me para uma pequena fenda da parede de pedra. E então sua boca pressionou contra a minha numa enxurrada de pequenas mordidas e lambidas, pequenos gemidos e suspiros. "Se eu dissesse que estava pensando em algo mais que na sua boca, o que teria ganhado em troca?" Respirei entre os beijos ardentes. “Problemas", ele respondeu, olhando para a esquerda e vendo algumas pessoas andando para perto de onde estávamos. "Vamos, vamos encher sua cesta." "Eu sinto que isso pode ser um código da fazenda para algo muito mais divertido do que escolher legumes, mas vou deixar quieto por hora." Eu ri, endireitando meu vestido e fazendo-o parecer como se eu não tivesse sido prensada entre uma rocha e um agricultor quente. "Este pode ser o momento para dizer-lhe que eu quero a quota total".


"É isso aí." Ele piscou e, agarrando o meu cesto, me levou para os campos. Nós vagamos para cima e para baixo pelas linhas da horta, e eu fiquei maravilhada com tudo que estava começando a crescer. Eu provei limão azedo e erva-doce, e peguei um punhado de pequenas berinjelas bebês: uma variedade japonesa listrada em roxo e branco. Na feira desta semana todos estavam comprando alface, mais desses morangos doces, alguns ruibarbos e as primeiras amoras. Eu estava testando receitas mentalmente, decidindo o que mais eu precisaria para apimentar os meus jantares em casa e o que mais eu poderia usar na lanchonete. E enquanto nós caminhávamos, Leo apontou vários marcos. Onde tinham lavrado um campo não utilizado e descobriram uma lata de café com cem anos de idade, cheia com moedas de um centavo velhas. O poço que foi reaproveitado e agora era usado para a irrigação no jardim de ervas. Ele tinha posto canteiros no mesmo padrão originalmente plantado, usando um velho projeto de paisagem que tinha encontrado no sótão da casa grande, quando jardins foram projetados para os padrões mais exigentes. "Naquela época, cravos foram plantados em toda a volta. É um ótimo repelente de insetos", ele explicou enquanto fazíamos o nosso caminho através das ervas. "Você precisava de endro, certo?" "Sim, estou transformando alguns desses pequenos pepinos e tomates verdes que colhemos em conservas zumbis", eu disse. "Eu deveria saber o que isso significa?", ele perguntou, ajoelhandose para pegar um punhado de endro. "Eu espero que não. Chad me pediu para ensiná-lo a fazer picles. Logo, ele e Logan estão vindo para o restaurante depois de fechar este fim de semana, e eu vou ensinar-lhes. A parte zumbi é mais difícil de explicar, porem."


"Eles querem aprender a fazer picles?", perguntou, incrédulo. Ele empacotou os temperos em conjunto, envolvendo as extremidades com um pouco de fio de cozinha. "Isto é suficiente?" "Perfeito", eu disse quando ele os ofereceu para mim como um ramalhete. E como um buquê, eu cheirei. Mmm. Nada cheirava tão bem como ervas frescas. "E você ficaria surpreso com quantas pessoas querem aprender essas coisas. A aula mais popular no anexo de aprendizagem na UCLA é a indústria conserveira e de decapagem. Um grupo dos meus clientes foram ter algumas aulas lá. Todas essas mulheres lindas e plastificadas, com mais dinheiro que Deus, estão aprendendo a fazer picles de cinquenta centavos." "Sério?" "Oh sim. O movimento slow food é todo sobre a obtenção de produtos naturais, locais e sustentáveis, mas também é uma tendência alimentar galopante. E ninguém entende de moda como as esposas troféu de L.A. Faz sentido, no entanto. Ninguém na nossa geração sabe como fazer essas coisas." "Que tipo de coisas?” “Descascar corretamente os alimentos. Enlatar. Preparar conservas. Costurar. Se eu perder um botão ou algo assim estou ferrada. Minha mãe sabe costurar, mas eu nunca me preocupei em aprender. E ela é minoria entre as mulheres hoje em dia, que estão pelo menos duas gerações longe dessas habilidades. Sua mãe sabe costurar?" Ele jogou a cabeça para trás e riu. "Você é adorável." "Exatamente. Mas eu aposto que sua mãe sabe – dinheiro não tem nada a ver com isso. As pessoas costumavam saber como fazer essas coisas, e agora não sabem". "O anexo de aprendizagem. Interessante", disse ele, pensativo, esfregando sua barba. "Posso ir à classe de picles?"


"Não é realmente uma aula", eu disse, brincando com as folhas de endro. "Mas, com certeza. Se quiser." "Eu quero." Corri meus dedos ao sensação de seda em toda como isso soou, mais do desfrutei foi do zumbido minha orelha.

longo das vistosas ervas verdes, sentindo a a minha pele. Eu quero. Eu gostei da maneira que gostaria de admitir. Mas o que eu não revelador que, de repente, foi ampliado em

"Não! Não, não, não!" Eu gritei, derrubando meus temperos, minha cesta e correndo para o outro lado do campo antes de Leo sequer entender o que tinha acontecido. "Rox! Hey, Rox!", Ele gritou atrás de mim, mas eu estava correndo enlouquecidamente. "Roxie!" Olhei por cima do meu ombro para gritar de volta, "Eu te disse, abelhas são idiotas!" E porque eu olhei por cima do meu ombro, acabei tropeçando num balde deixado para trás e caí na sujeira espalhada. Chegando perto de mim alguns segundos depois, Leo se agachou ao meu lado. "Você está bem?", ele perguntou, me digitalizando apressadamente. "Claro." Suspirei, segurando minhas mãos sobre o meu rosto. "Eu realmente tenho um problema com abelhas." Ele tirou meus dedos do rosto, mas não soltou minha mão. Ele respirou fundo. "Deve ser o mel." Prendi a respiração, consciente de cada ponto de contato entre nós. No chão, cercada por paredes de verde agitando na brisa, tudo parecia um mundo paralelo: as abelhas imbecis, este agricultor e a saia franzida em torno das minhas coxas. Ele se inclinou, liberando as mãos para escovar meu cabelo para trás da minha testa. "Se você fosse picada, adivinha o que aconteceria?"


"O mundo terminaria", respondi prontamente, e ele me deu um olhar aguçado. "Você seria picada. É isso aí. Dói, às vezes mais do que outras coisas, mas depois acaba." Levantei-me em meus cotovelos, deliberadamente invadindo seu espaço. "Prefiro não ser picada." E então o beijei. Meus lábios roçaram os dele uma vez, duas vezes, e eu estava me preparando para uma terceira quando ouvi um estrondo nas proximidades. Ele gemeu, mas me segurou para mais um beijo. "A menos que queiramos o grupo de passeio da tarde nos vendo rolando aqui no chão, provavelmente deveríamos nos levantar." "Provavelmente." Relutantemente, já que podíamos ouvir vozes se aproximando, eu o deixei me puxar para cima, e nós voltamos para recolher os legumes que eu tinha espalhado em todas as direções durante minha corrida. Depois que Leo me ajudou a recolhe-lhos, ele se esgueirou para mais um beijo pouco antes do grupo de visitantes aparecer no topo da colina. Nós acenamos de onde estávamos e fomos na direção oposta. Andamos pelo campo conversando sobre tudo e qualquer coisa. Ele me contou todos os tipos de curiosidades sobre a propriedade, me perguntou sobre as diferentes maneiras que eu poderia usar determinados produtos da fazenda, e nós rimos mais do que consigo me lembrar de fazer em um tempo muito longo. "É ótimo que você tenha acesso a toda essa história, saber o como e os porquês de como essa propriedade veio a ser o que é.", observei quando começamos a voltar para o celeiro. O sol estava começando a ser por. Do alto do cume, as únicas coisas possíveis de ouvir eram o vento e os pássaros cantando. Minhas mãos estavam sujas de escavar na terra, e meus dedos estavam manchados de verde.


"Nós não costumávamos vir aqui muitas vezes; mais frequentemente no verão, apenas", disse ele, parando e olhando para a casa grande, apenas uma silhueta contra o sol poente. O Hudson estava do outro lado, amplo e sem pressa, correndo na direção oposta. "Eu passava horas aqui, correndo pela floresta, brincando com os cães. Há um riacho no lado mais distante da propriedade, e eu não posso te dizer quantas pontas de flechas costumava encontrar ao longo das margens. Eu geralmente chegava em casa coberto de bichos de pé e absolutamente imundo, para o horror de minha mãe e seus amigos". "Minha mãe costumava arranjar a mangueira no quintal para fazer um poço de lama, e nós nos sentávamos lá e fazíamos tortas de lama." A lama era tão refrescante nos dias quentes de verão. "Ela sempre disse que lama era bom para a pele. E cito: ‘Todos os filhos devem ficar sujos, especialmente as meninas.’" "Eu posso ouvi-la dizer isso." Ele riu, pegando minha mão. Ele examinou as minhas unhas cheias de sujeira. "Então ela adoraria isso." "Ela ficaria feliz!" Confirmei quando ele virou minha palma da mão para cima e correu seu polegar em toda a minha linha do amor. Eu tremi. "Eu aposto que sua mãe acha que todas as suas brincadeiras na sujeira valeram a pena no final. Olhe o quão incrível este lugar é.” Ele traçou outra linha no centro da minha mão, em seguida, olhou para longe. "Vamos ter certeza de que sobrem alguns ovos para você, antes que sejam todos vendidos." Ele não disse mais nada sobre a mãe dele, e eu não perguntei. Fomos descendo a colina em direção ao celeiro, Leo carregando minha cesta, nossos braços se escovando ocasionalmente. Era bom.


Havia algumas caixas de ovos guardadas, e eu fiquei muito feliz por ver que não eram só os de um belo marrom salpicado, mas que havia alguns brancos pálidos também. Minha participação nessa semana também rendeu uma grande partilha de queijo da fazenda local, um quilo de manteiga fresca, algumas trutas localmente pescadas e duas galinhas para assar. Houve também alguns cortes de bacon Maxwell. E, claro, eu gostei especialmente de um alguém bem específico da Fazenda Maxwell. No momento em que terminei, o estacionamento estava quase vazio. Era quase crepúsculo quando Leo disse adeus para os últimos retardatários e fui para o espaço de trás do galpão original, com seu enorme silo de pedra. Ele agora alojava um banco de leitura, uma estante e uma coleção de fotografias emolduradas, contando a história da fazenda. Eu estava na porta, maravilhada com a obra na qual tinha se transformado o silo. Como perfeitamente construído ele era, com um detalhe aqui e ali para impressionar, apesar de ter sido feito simplesmente para o armazenamento de grãos. Ouvi Leo dizendo boa noite para alguns dos caras que trabalhavam na fazenda, em seguida, ouvi os passos dele se aproximando, e parando logo atrás de mim. Eu andei através da porta de carvalho velho do silo, e ele me seguiu. Uma vez que a porta se fechou atrás de nós, tudo ficou silencioso e escuro. "Então, o que veio primeiro, o celeiro ou os silos?" Eu perguntei, olhando para as paredes altas de pedra. Perfeitamente cilíndricas, os quatro silos tinham quase três andares de altura, e podiam ser vistos de todo a fazenda. "O celeiro", respondeu Leo, andando na minha direção. Eu recuei um pouco, deixando meu olhar permanecer nas paredes de pedra e não no agricultor que já estava circulando atrás de mim.


"E quando foi que você disse que o celeiro foi construído?", perguntei, aproximando-me da parede. "Você não estava prestando atenção na turnê no outro dia?" Eu segui a linha de uma das pedras do campo, encaixando meu dedo no sulco entre ele e a outra em cima. Embora o dia tivesse sido quente, no interior do silo e as pedras eram frias. "Eu estava prestando atenção na maior parte do tempo," admiti. "Na maior parte?", ele perguntou, agora diretamente atrás de mim. Eu tremi um pouco, e não foi por causa da parede fria. Eu podia sentir seu calor no meu corpo, mesmo que ele ainda não estivesse me tocando – acho que apenas irradiava contra a minha pele. "Eu estava um pouco..." Respirei fundo quando aquelas mãos fortes levantaram o cabelo sobre meu ombro esquerdo, deixando minha pele sardenta exposta "...distraída", terminei fracamente. Porque agora ele inclinou a cabeça contra a minha pele, aninhandose no meu cabelo. Pequenos lampejos de desejo estavam começando a arder pelo meu corpo todo. Pensar que alguém sentia a mesma atração que você estava sentindo era uma coisa; mas saber que o sentimento era mútuo era um tipo totalmente diferente de impressionante. Seu nariz roçou meu ombro e meus dedos voaram abertos contra a pedra. Ele pressionou um beijo solitário no oco entre meu ombro e pescoço, e meu cérebro ficou um pouco confuso. Seus lábios quentes e úmidos continuaram seu caminho ao longo do meu pescoço, arrastando mordiscando. Suas mãos se estabeleceram em meus quadris, movendo-se até que seus polegares escovaram a pele exposta no decote no meu vestido. Minhas costas arquearam enquanto meu corpo reagia a sua proximidade. Mais uma vez ele se aninhou em meu pescoço, sua respiração pesada agora no meu ouvido.


"Se você ainda quiser falar sobre datas de construções e significados históricos eu estou feliz em compartilhar," ele me disse, e então varreu outra linha de beijos ao longo do meu queixo. Virei a cabeça para deixar o homem fazer o trabalho no qual ele claramente era tão bom. "Eu gosto de história," respondi, minha voz rouca. "História...", ele disse, fechando sua boca em volta do meu ponto de pulso. Certeza que meu coração tentou se aproximar de seus lábios. "...tem o seu lugar." "Eu gosto do presente também." Minhas mãos finalmente emaranharam-se em seus cabelos. "O presente pode ser tããão interessante." E, no presente atual, as mãos de Leo foram deslizando para cima pelos lados do meu tronco, afunilando os dedos em toda a minha caixa torácica, apenas mal escovando debaixo dos meus seios. Eu parei de respirar. Também deixei de me importar com o fato de que eu não tinha ideia de quantas pessoas poderiam estar fora dessa pesada porta de carvalho. Uma porta que, embora extremamente grossa, podia não ser o suficiente para abafar meus gritos se Leo me tocasse onde eu precisava que ele tocasse. Cada parte do meu corpo tremia enquanto seus dedos deslizavam para cima em direção aos meus seios, que estavam pesados e cheios. Suspirei quando a ponta do seu dedo mindinho roçou meu mamilo. Suspirei quando arqueei contra ele e o senti à minha volta, forte e duro e oh... duro. Suspirei quando seus dentes mordiscaram atrás da minha orelha - seus dentes, sua língua e sua doce barba raspando minha pele. E suspirei quando uma de suas mãos deixou meus seios para varrer o meu cabelo de volta, virando minha cabeça para o lado para expor a base do meu pescoço. E eu choraminguei quando ele deixou um rastro


de beijos de boca aberta enquanto descia pelo centro das minhas costas e depois lambia minha coluna no caminho de volta para cima. Ele. Lambeu. Minha. Coluna.

Naquela noite, eu me revirei na cama por um motivo diferente do habitual. A brisa tinha se dissipado, deixando a noite quente e pegajosa. Eu tinha todas as janelas abertas e um ventilador ligado, na tentativa de trazer um sopro de vento. Eu revirava na cama porque estava quente, revirava na cama porque estava insone e revirava na cama porque estava com um tesão do inferno após Almanzo Wilder quase me pegar num silo de um século de idade. E, se não fosse por um grupo de passeio quase nos apanhar em flagrante, eu teria deixado totalmente ele me rolar pelo feno. Virei-me para o meu estômago, enterrando meu rosto no meu travesseiro quando imagens chamuscaram minha mente superaquecida. Suas mãos deslizando meu vestido até a metade das minhas coxas. Exalei alto no travesseiro e deitei de lado. Um mini filme passava em minha mente, onde Leo e sua barba torturante faziam cócegas na minha espinha enquanto ele beijava um caminho direto para baixo a partir da base do meu crânio onde começava o meu vestido, e depois lambia minha coluna no caminho de volta para cima. Um vestido que era um dos meus favoritos, mas que se ele o tivesse rasgado e deixado numa pilha no chão, eu teria gritado aleluia enquanto me certificava que ele achasse minha calcinha e sutiã igualmente ofensivos. Ele lambeu minha coluna.


Eu bufei e deitei de costas, perna direita dobrada para cima e perna esquerda esticada para o lado, tentando sentir algum tipo de brisa, algum tipo de ar, algum tipo de alívio para a forma como o meu cérebro estava queimando com fantasias de flashes de suados corpos sexys brincando através de uma horta e fazendo sexo ao lado de alguns tomates. Como se soletra alívio? M-A-S-T-U-R-B-A-Ç-Ã-O. Bom, uma menina tem que fazer o que precisa ser feito... Minha mão esquerda estava apertada em um punho em minha cabeça, e meu corpo inteiro estava apertado numa bola de tensão. Forcei meus dedos a relaxar e me abanei para frente e para trás um pouco, virando meu pulso enquanto deixava minha mão descer para o sul sobre minha pele branca, passando ao longo da borda superior da minha calcinha e acariciando minha pele superaquecida. Afastei o pequeno pedaço de renda, sentindo os seixos da minha pele. Mergulhei minha mão embaixo do tecido, arqueando em meu toque. Ele lambeu minha coluna. Um gemido escapou da minha boca enquanto meus mamilos endureciam instantaneamente, sensíveis e apertados. Tirei minha camisa e os meus seios caíram livres. Enquanto a minha mão esquerda dançava em toda a minha pele, minha mão direita mergulhava mais abaixo, deslizando dentro da minha calcinha. Ele lambeu minha coluna. Porque isso me deixava tão excitada? Certamente havia outras partes do corpo muito mais secretas e íntimas. Ou talvez minha coluna fosse minha nova zona erógena. Talvez meu corpo inteiro fosse minha


nova zona erógena. Ou talvez eu só estivesse totalmente sexualmente zoneada por Leo Maxwell. Mas, enquanto isso, de volta ao trabalho, onde apenas eu existia, tocando o meu... hummm. Minha respiração ficou presa quando senti meu corpo ganhar vida em minhas mãos. Desejo se reuniu em minha barriga, espalhando-se totalmente através de mim. Como ele soava quando gozava? Será que ele estremecia, silencioso e forte, ou gemia, ofegando meu nome enquanto sua mão bombeava seu membro rígido... Eu estava fantasiando sobre como ele parecia quando se tocava... enquanto eu estava me tocando? Tão quente. Eu estava em chamas. Deslizei meus dedos para baixo, encontrando meu próprio calor. Lisa e molhada, quase arqueei para fora da cama quando meus dedos encovaram sobre o meu clitóris, meus quadris rolando conforme mexia meus dedos em busca do equilíbrio perfeito de pressão. Doce Cristo, era tão bom! Gritei o nome dele enquanto me aproximava do limite, a crescente pressão na minha barriga... Zumbido. Zumbido. Zumbido. Eu olhei para a direita e vi a luz do meu telefone anunciar uma mensagem de texto. O nome de Leo brilhou em toda a tela. Eu gemi com a interrupção - vai que ele me enviou uma mensagem com um retrato de... Peguei meu telefone. “Eu estou do lado de fora.”


Oh. “E eu posso ouvi-la.” Ohhh. “Você disse meu nome.” Oh. Meu. Deus. “Deixe-me entrar”


Desci correndo as escadas e abri a porta. Leo estava no quintal, olhando para a minha janela. Jesus, ele realmente sabia o que eu estava fazendo. Eu fui para a varanda de camisola, e quando a porta de tela se fechou atrás de mim, ele olhou na minha direção. Seus olhos se arregalaram quando ele viu o que eu estava vestindo e quão rosada eu estava, considerando o que eu estava fazendo. Ele atravessou o pátio em três passadas e encurralou-me contra a porta em mais uma. Eu deveria ter sabido quando ele lambeu minha coluna que esse cara seria minha ruína. "O que você está fazendo aqui?" "Eu não conseguia dormir", disse ele, seus braços me enjaulando, cutucando entre as minhas pernas. "Não conseguia parar de pensar em você." Sua boca desceu para o meu ombro, beijando um caminho em direção ao meu pescoço, ao longo do meu queixo e para a minha boca. Ele pairou lá, sua respiração misturando-se com a minha. Agarrei seus quadris, puxando-o para mim, faíscas voando dos nossos corpos.


"Eu estava pensando em você também." Sussurrei. Quando ele empurrou minhas pernas mais abertas e pressionou sua coxa no meu calor, eu engasguei. Ele assentiu. "Eu ouvi." E então ele me beijou com força - dentes batendo, cabeças girando desta maneira frenética. Se eu pudesse ter escalado para dentro de sua boca eu teria feito exatamente isso. "Roxie?", ele disse, afastando a boca da minha por um breve segundo. Eu queria beijá-lo novamente, não queria que seus lábios ficassem longe de mim sequer por um instante. "Mmm?" Eu consegui responder. "Foda-se", ele assobiou quando eu esfreguei seus quadris nos meus mais uma vez. "Estou morrendo de vontade de te ver." "Eu?", perguntei, arqueando contra a porta para obter mais alavancagem. "O que você quer ver?" Ele puxou a alça da minha camisola. "Isso." Ele beijou entre os meus seios. "Você. Toda você." Ele falou com a minha pele, sua respiração quente. E foi assim que todos os meus sentidos foram preenchidos com Leo. A maçaneta da porta de madeira contra as minhas costas me arranhou enquanto ele empurrava seus quadris nos meus, moendo contra mim e causando a minha ruína. E eu senti tudo. A forma como a minha pele reagiu ao seu corpo, os arrepios subindo pelos meus braços mesmo através do calor da noite, a forma como a luz do galpão iluminava seu perfil, me mostrando partes de sua maçã do rosto, os cabelos despenteados e a mais sexy barba... essa mesma barba deslizando entre os meus seios, seu nariz e dentes já empurrando minhas esparsas peças de roupa em torno de minha clavícula para permitir-lhe melhor acesso para me devorar. Os gemidos da parte de trás de sua garganta enquanto ele lambia meu umbigo.


"Você cheira a mel e parece o céu", ele murmurou, sua voz áspera alcançando minhas orelhas tontas antes que ele subisse de volta até o meu corpo para plantar beijos sobre cada polegada do meu pescoço. Eu esqueci o meu nome. Eu esqueci o nome dele. Eu só sabia que tinha uma maçaneta na parte inferior das minhas costas, o que parecia ser uma maçaneta entre as minhas coxas, e que eu estava mais uma vez subindo nele, como aparentemente eu tinha nascido para fazer. E então a maçaneta entre as minhas coxas se moveu, parecendo muito mais como um batente de porta. Como o tipo que você encontraria numa catedral. E falando em ver Deus, a mão direita de Leo deslizou por baixo da minha cocha e puxou-a em torno de seu quadril. Essa mão áspera e calejada na minha coxa suave me fez querer chorar - era tão bom. Enquanto eu ainda era capaz de falar, levantei sua cabeça do meu ombro e olhei-o nos olhos. "Se isso acontecer, e eu preciso que isso aconteça..." Fiz uma pausa, porque, embora seus lábios tivessem parados, seus quadris não estavam, e a moagem estava lentamente dissolvendo meu cérebro. Meus próprios quadris circulavam, doendo, precisando. "Necessidade é uma palavra curiosa," ele murmurou com um círculo lento de seus quadris. "Você precisa de comida. Você precisa de água. Você precisa de abrigo." "E de sexo. Sexo também é uma necessidade", respirei enquanto seus lábios se moviam para baixo para morder meu pescoço. Com uma mão - uma mão! - ele rasgou minha camisola do meu corpo. Eu pisquei. O tecido era agora apenas farrapos e retalhos. Eu pisquei novamente. Puta merda. "Eu estou chegando na parte do sexo", respondeu ele, usando a mesma mão para abrir a parte de trás do meu sutiã e atirá-lo por cima do ombro também. Com os olhos queimando enquanto me observava,


agora ele falou diretamente com os meus seios. "Eu estava pensando que a palavra necessidade era curiosa, porque agora mesmo eu necessitava ver seus peitos mais do que qualquer outra coisa no mundo. Não ‘eu teria gostado de ver seus peitos’ ou ‘eu achava que seria ótimo vê-los’. O correto é ‘eu necessito ver seus peitos’." Riso borbulhou de dentro de mim e derramou-se sobre ele, deixando a noite quente e pegajosa envolta numa pequena dose de bobeira, que foi espelhada em seus olhos quando ele os levantou do meu peito e olhou para o meu rosto com um pequeno sorriso. Escorrei-me em suas boas e fortes mãos, que já estavam em casa no meu corpo. Em casa? Perigoso. "Estou feliz que você está tão feliz com nosso acordo quanto eu estou," eu disse, esquivando-me de seu olhar. Por que usar esse termo era tão estranho com Leo? Distante. Separada. Solitária? Eu senti seu olhar em mim e forcei o meu próprio a encontrá-lo. Encarei-o por alguns segundos enquanto ele permanecia olhando atentamente para mim, e pude sentir a vontade de desmoronar se aproximando. Mas então ele acenou com a cabeça e sua boca voltou para a minha pele, urgente, querendo e necessitando. E eu me entreguei a ele, toda. De repente estávamos deitados na varanda, metade dentro da casa e metade fora e, onde minha calcinha foi? Tudo era Leo, tudo eram suas mãos, lábios e boca, e quão perfeitamente meu calcanhar cabia nessa covinha logo acima de sua bunda, e quão insanamente incrível sua pele parecia contra a minha. Onde é que a camisa dele foi parar? Tudo era minhas costas se arqueando, sua língua se movendo, minhas mãos e o agarrar de suas mãos deslizando em meus quadris. Sua barba me atiçando e coçando. Onde estava seu jeans? Durou uma eternidade. Ou apenas cinco segundos. Eu não tenho nenhuma ideia de como deitamos no chão ou como ficarmos nus - tudo


que eu sei é que ele sussurrou, "Eu tenho um preservativo" e eu sussurrei, "Você é terrivelmente presunçoso", então ele sussurrou, "Estou errado?" e eu sussurrei de volta: "Claro que não, tenho um na minha bolsa, apenas no caso de você querer fazer exatamente isso!" Ainda entre sussurros, ele disse: "Eu não sei quanto tempo eu posso durar ", e eu sussurrei: "Foda-me duro, então!" Nós dois gememos. Ele empurrou em mim. Ele era grosso e duro, eu estava molhada e quente, e ele manteve seus olhos nos meus todo o tempo, não me deixando olhar para longe, não deixando que eu me escondesse deste contato íntimo. Quando ele finalmente empurrou para dentro, eu ofegava e ele suava, e santo inferno, parecia que o mundo abrandou e depois parou de girar por completo, tornando-se apenas a sensação dele pulsando profundamente em mim. Eu podia sentir meu coração literalmente batendo em volta dele. Uma vez que ele estava lá dentro, ele não se mexeu. Simplesmente levantou-se sobre mim, seus braços fortes em ambos os lados da minha cabeça, e me olhou, e algo como alívio percorreu seu rosto, algo quase triste. Mas, em seguida, o canto de sua boca se elevou e luxúria encheu seus olhos, e seus quadris empurraram contra os meus. "Puta que pariu, Roxie," ele gemeu quando se colocou de volta em cima de mim, minhas pernas envolvidas firmemente em torno de sua cintura. Foi arrebatador.

Na varanda, no meio da noite, sob uma cobertura de escuridão e ao som delicioso dos mosquitos, eu estava emaranhada numa pilha de agricultor nu. Membros espalhados, cabeças pendendo, as mãos ainda em um circular preguiçoso e doce após orgasmos de transformar qualquer um em gosma. Muito felizes. Intensamente satisfeitos.


Leo deu um tapa minha bunda. "O que foi isso?", perguntei, levantando minha cabeça e olhando para ele de forma estranha. "Mosquito", ele sorriu, mostrando-me sua mão. "Ew." Eu fiz uma careta, empurrando sua mão para baixo no chão da varanda e limpando-a para ele. Pranchas de madeira não são exatamente o local mais confortável para uma primeira vez. Mas se eu mudaria alguma coisa? De jeito nenhum. Eu sustentaria esta impressão de maçaneta na minha coxa com orgulho. Eu estava no círculo de seus braços, uma perna ainda envolta em torno de seus quadris. Tinha sido rápido e furioso, o oposto do caminho que Leo escolheu viver sua vida. Mas eu não estava reclamando. Os três orgasmos que ele tinha me dado provaram o fato de que Leo era assassino no sexo. E contra o lado de uma casa... Me aninhei em seu pescoço, sentindo o calor de sua pele. Descrever seu cheiro como o de terra parecia muito simplório, mas, na verdade, era exatamente isso. Um pouco como o verde que cresce na terra: argiloso, mas limpo. Acentuado com um toque de sabonete. Ele tinha um pouco de cabelo no peito, o que era legal. Não tanto como um ator de filmes pornô dos anos setenta, mais como os atuais lenhadores fortes e corpulentos, e era bom descobrir essa pequena suavidade sob a camisa de flanela vintage. O que não podia ser descrito como "pequeno" de qualquer maneira era o que estava entre suas pernas, e eu podia senti-lo já se agitando novamente contra a minha bunda. Rolei um pouco para olhar para ele e encontrei-me encarando olhos desejosos. "Eu deveria tirá-la da varanda," ele murmurou. Eu balancei a cabeça vigorosamente. "Que tal minha cama?"


Sua resposta foi me recolher, jogar-me por cima do ombro num movimento rápido e me levar para dentro de casa. "Eu pensei que você nunca pediria." Lá dentro, ele olhou para as escadas. "Qual é o caminho?" Rindo, apontei com um pé. Com uma das mãos firmemente encravada entre as minhas coxas, ele dirigiu-se para onde eu mostrei. "Eu espero que você esteja pronta para a segunda rodada, porque eu planejo ir lento agora." "E você me ouviu reclamando... quando?" "Eu só estou dizendo que não tinha planejado te comer na varanda da frente", ele respondeu, dando um beijo na minha nádega direita enquanto corria (oh meu deus, ele correu!) pelas escadas. "Se você não estava pensando em me foder, então por que a visita de fim de noite?" Eu ri, apontando para o meu quarto novamente com meu pé. "Oh, eu planejava te foder." Ele me jogou na minha cama, me fazendo saltar no ar. "A varanda da frente que foi a parte surpreendente." "Como você sabia que eu ia deixar você fazer isso?" Perguntei, me empurrando até a cabeceira. Ainda nua. Leo, ainda nu também, se inclinou sobre mim. Plantando um beijo entre os meus seios, ele gemeu na minha pele. "Eu estava esperando que você me deixasse te foder." Outro beijo. "E então, quando eu ouvi o que estava acontecendo aqui em cima, inferno, Ervilha. Você já estava aqui me fodendo, tudo por conta própria". Uma pessoa decente iria corar agora. Eu tinha corado quando caí em cima dele, duas vezes. Eu corei quando pensei sobre sua barba e onde mais eu gostaria de senti-la me arranhar. Ocasionalmente eu corei


quando ele falou tão livremente sobre suas nozes. Mas agora? Quando eu legitimamente poderia e deveria corar? Não! Eu simplesmente tomei-o pelo pescoço, puxei-o para mim e beijei-o lento e doce, durante muito tempo. Quando sua língua mergulhou na minha boca, eu tremi. A coceira inicial tinha aplacado, e agora eu ansiava explorar, com gosto, para me deleitar em conhecer seu corpo e como ele respondia ao meu. Nós caímos de costas na cama, preguiçosos e próximos, o ar ainda espesso, mas preenchido com beijos tranquilos e o ranger insistente da minha cama enquanto rolávamos e balançávamos. "Eu acho que eu tenho WD-407 no meu Jeep," Leo murmurou, e eu ri em sua garganta. Ele me rolou para cima dele e eu beijei seu pomo de Adão. "Você acha que eu não tentei isso antes? É apenas um chiado." "Você é um tipo de chiadora também." Ele me arrastou mais para cima pelo seu corpo, mordiscando enquanto me puxava. Como seus lábios fechados em volta do meu mamilo eu, de fato, chiei um pouco. "Vê?" "Isso foi um gemido, não um chiado", protestei, começando a ofegar enquanto ele me cercava com os dentes. Eu efegava, a cama rangia e o fazendeiro ria em meu peito. "Eu sabia no minuto em que você gritou para o pobre zangão que você seria uma gritalhona."

WD-40 é uma marca registrada largamente utilizada em diversas áreas como óleo lubrificante. Foi desenvolvido por Norm Larsen em 1953 para ser usado como eliminador d'água e anticorrosivo em circuitos elétricos. Ele fala sobre esse produto por causa do ranger da cama da Roxie. 7


Sentei-me pseudo-indignada, cruzando os braços sobre meu peito nu. "Só para você saber, aquela abelha e eu tivemos problemas na hora em que eu pus o pé na floresta. Elas sempre me veem chegando." "Eu gostaria de vê-la chegando", ele murmurou, passando as mãos para cima e para baixo nas minhas coxas, incentivando-me a monta-lo. "Eu ainda não posso acreditar o quão tensa você fica quando eu menciono abelhas. Você está sequer ciente do quão apertado suas coxas estão agora em meus quadris? Você é como um quebra-nozes". "Você realmente quer falar sobre abelhas agora?" Eu respondi, forçando-me a relaxar. "Não." Ele me rolou mais uma vez e deslizou pelo meu corpo. "Mas eu vou provar um pouco desse mel." "Mel? Oh-" Eu me entreguei à sensação de seus lábios se arrastando para baixo pela minha barriga, fazendo uma pausa para lamber levemente logo abaixo do meu umbigo. Sua boca, o plantio de beijinhos de um lado do meu quadril para o outro, suas mãos deslizando para cima e pegando os meus seios, provocando os mamilos. Engoli em seco, minhas costas arqueando novamente sob seu toque. Ele mudou-se mais para o sul, aninhando-se no topo da minha coxa. Eu tinha fantasiado durante semanas sobre como aquela barba pareceria entre as minhas pernas. Ele apoiou o queixo três polegadas acima de onde eu estava morrendo para ele ir. Eu remexi meus quadris. Ele deu um beijo duas polegadas acima de onde eu estava morrendo para ele ir. Eu gemi e fechei os olhos, pronta para estourar fora da minha própria pele ao menor toque dele. Eu estava zumbindo, estalos de tensão começando a correr soltos por todo o meu corpo. E ainda... "Você se lembra daquela noite em sua cozinha?", perguntou ele, e meus olhos se abriram. Levantando-me em meus cotovelos, olhei para ele. Mais uma vez ele apoiou o queixo em mim, parecendo perfeitamente


natural e não como se estivesse apoiado na junção de... Por favor, por favor, pelo amor de Deus! "Cozinha?" Eu disse, tentando impedir-me de chiar novamente. Eu já tinha me tornado viciada em seu toque, e agora, estar assim tão próxima a ele e ser negada? Era enlouquecedor. Era incrível também, claro. Mas principalmente enlouquecedor. "A noite que você me fez o jantar, sentou no meu colo e corou da mesma cor das beterrabas que eu trouxe para você? Algo sobre a sensação da minha barba?" Ele baixou o queixo, raspando a referida barba por todo o comprimento de cima para baixo pela minha... Sim! Exato, exatamente aí, caramba! "Algo sobre o desejo de tentar algo, eu acho. Antes de eu raspá-la?" "Sério? Hmm, eu não me lembro." Eu calmamente afastei um pouco mais os meus tornozelos, dobrando os joelhos ligeiramente, e oops. Ele estava exatamente cara a cara com o meu lugar feliz. "Oops!" Seu sorriso se alargou ao som do meu oops. Meus joelhos se abriram ainda mais com o seu sorriso. Só havia realmente uma maneira disto acabar. "Você vê, eu estou espantado que você não consiga lembrar o que quer que tenha te feito corar naquela noite, porque com certeza você parecia estar pensando em algo bastante específico." Ele mergulhou para baixo, correndo a ponta do seu nariz pela minha pele, ao longo do meu vale. O fazendeiro estava muito próximo do ponto certo. Eu estava ofegante. Deliberadamente deslizei meus pés em seus ombros, mantendo um ar... não de indiferença, mas de... o que quer que seja o oposto de indiferença. "Claro, você não se lembra," ele respirou, seus lábios há meros centímetros do centro de todo o meu mundo.


"Eu posso... estar me lembrando... de algo..." Eu disse, sentindo uma onda de calor se espalhar através de mim. A única parte dele me tocando era o seu fôlego, e eu estava me sentindo mais e mais certa de que poderia flutuar pelo ar, desde que o ar fosse Leo. "Você me diz no que estava pensando...", ele ofereceu, roçando os lábios nas minhas coxas. "...e eu vou fazer para você." Eu estava no último estágio da consciência quando ele deslizou suas mãos ansiosas ao longo do lado de baixo das minhas coxas, empurrando minhas pernas mais abertas sobre seus ombros e ancorando meus quadris com as palmas das mãos enquanto eu ofegava. "Por favor, sua boca. Eu preciso da sua boca!" Eu chorei. E ele obedeceu. No primeiro golpe de sua língua eu caí para trás contra os travesseiros. Na primeira mordidela de seus dentes, eu joguei o travesseiro para fora da cama. No primeiro gemido de seus lábios, que estavam profundamente no centro do meu mundo, eu arqueei-me tanto na cama que tirei o lençol. E quando ele me chupou em sua boca, enterrando seu rosto em mim e me lambendo furiosamente, eu pude sentir aquela barba fazendo cócegas na parte mais suave das minhas coxas. E isso foi M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O. Valeu a pena cada guincho que eu dei.

"Então, quem são os dois caras mais velhos?" "Caras velhos?" Eu perguntei, não sabendo de onde isso veio. "Sobre a mesa", disse ele, apontando para o quadro de avisos. "Um deles parece familiar, na verdade."


"Eles são Ripert e Bourdain. Chefs celebridades." "Soa como uma série policial francesa." Eu ri. "Anthony Bourdain foi um chef em Manhattan por muitos anos; agora ele tem um par de shows sobre viajar, comer, etc. Eric Ripert administra o Le Bernardin, também no-" "Aha! É por isso que ele parece familiar." "Faz sentido; ele aparece na TV o tempo todo." Ele balançou a cabeça. "Não, não, o outro cara. Le Bernardin é o restaurante favorito do meu pai. Meus pais têm uma reserva permanente; eles vão lá pelo menos duas vezes por mês." Em algum lugar no mundo, cabeças de minúsculos chefes explodiram. A ideia de que poderia haver uma vida onde você poderia ir regularmente ao Le Bernardin, não apenas uma vez por mês, mas duas vezes? Sério? Esse era o pedaço mais foda de toda essa frase. Eu sufoquei minha própria explosão invejosa e tomei meu tempo para admirar suas costas de onde eu estava deitada numa bola confortável. Leo tinha a bunda mais bonita que eu já vi. Suas nadegas eram redondas e firmes, como duas colheres sexys. Ele desfilou, er, ele caminhou em direção a janela da frente e olhou para fora. "O vento finalmente começou novamente." "Oh sim?" "Sim. E nossas roupas estão espalhadas por todo o quintal." Eu ri e comecei a me levantar. "Não, não, você relaxa. Eu vou pegar as roupas." "E eu vou deixar você pegar minhas roupas", eu disse, juntando-me a ele. "Enquanto eu faço algo para nós comermos." Eu adicionei um tapa nas suas colheres sensuais e desci as escadas.


Quando tivemos algumas camadas de roupas de volta, eu já estava rodando uma panela de azeite quente e alho. Leo, que parecia todos tipos de sexy, suave amarrotado apenas em calça jeans, inclinou-se sobre o meu ombro para ver o que eu estava fazendo. "Cheira bem." "O meu cheiro favorito em todo o mundo é o do alho exatamente vinte segundos depois de atingir uma panela quente", eu disse, respirando o aroma inebriante. Uma pitada de pimenta vermelha foi esmagada no pão ao lado, e uma panela de água fervente com sal borbulhava, preparando lentamente grandes punhados de linguini. "Tem meia baguete no balcão – você não quer cortá-la para mim? Os pratos estão nesse armário." Eu apontei com a minha colher de pau. Tecnicamente era a colher de pau da minha mãe. Ainda mais tecnicamente, era da minha tia-avó Mildred, que tinha partido da terra há muitos anos, deixando-nos a colher. Ela era manchada de marrom escuro dos milhões de molhos que fez, resultado de anos de uso. Eu pensei sobre esse ângulo muitas vezes ao longo dos anos, principalmente quando a usava para mexer alguma coisa para mim mesma. Quantas vezes ela tinha estado numa cozinha mexendo um molho de domingo, ou certificando-se de que o purê de batatas tivesse apenas a quantidade certa de manteiga dourada e leite? Quantas vezes ela tinha cozinhado mesmo quando estava exausta? Quantas vezes ela gritou com o tio Fred enquanto estava mexendo alguma coisa com esta colher? Quantas vezes ela a usou para pontuar um comunicado, apontando-a para o ar enquanto enfatizava algo que sentiu fortemente? E se ela tivesse alguma vez cozinhado com raiva? Teria ela já tomado uma decisão importante na vida enquanto olhava para as calmantes voltas rítmicas da velha colher? Enquanto eu pensava sobre antropologia culinária, o homem lindo na minha cozinha furtivamente passou as mãos em volta da minha cintura e me aconchegou enquanto eu mexia. "Cheira bem", disse ele


uma vez mais. "E eu não estou falando sobre a comida." Ele mergulhou o nariz na dobra do meu pescoço, inalando profundamente. "Mel." Ele suspirou. "Sim, querido?" Eu respondi, rindo da minha piada enquanto rolava um limão na palma da minha mão. "Esse maldito cheiro de mel está por toda a sua pele, e isso está me deixando louco", ele murmurou, sua respiração quente na minha pele. "Eu não posso manter minhas mãos longe de você, é como se elas tivessem vontade própria." Seus lábios traçaram a concha da minha orelha enquanto suas mãos foram deslizando debaixo da minha camisa. Seus dedos calejados, desgastados e ásperos de horas de trabalho duro pareciam naturais na minha pele. Natural e surpreendente. Eu empurrei meus quadris contra ele. "Tenho certeza que sei que tipo de vontade está guiando-as." Incrivelmente, depois de tudo o que tinha acontecido, hm, na varanda e no andar superior, ele certamente estaria pronto para brincar novamente com apenas um convite e um aperto rápido. Em vez disso, eu apertei o limão. Esquivando-me das mãos errantes e de seu muito determinado quadril, adicionei um punhado de salsa fresca picada na panela, em seguida, levantei grandes garfadas de linguini sobre ela, mexendo até que cada fio fosse revestido com o molho celeste. "Vai pegar os pratos, por favor." Franzindo a testa, ele bateu no meu traseiro, mas foi buscar os pratos. Um momento depois nossos pratos estavam sobre a mesa, atulhados de massa. Ele sentou-se e eu fiquei ao lado dele, ralando um pouco de locatelli fresco em seu prato enquanto sua mão curvava ao redor do exterior da minha coxa em direção ao meu quadril. Eu gostava de suas mãos no meu corpo mais do que eu gostaria de admitir, e não apenas durante os momentos sensuais. Eu esmaguei esse pensamento


e disse: "Aqui vamos nós - prove", eu disse, adicionando uma pitada final de queijo. Observei-o girar uma garfada, levantando-a à boca. Ele mastigou, uma, duas, três vezes, e então fechou os olhos em êxtase. Esse era o olhar pelo qual todo chef ansiava. O que eu tinha feito, trabalhado com minhas próprias mãos, trazia-lhe prazer. O estrondo no fundo de sua garganta, que eu tinha ouvido apenas uma hora antes quando minha língua fez algo que ele realmente gostou, combinava com o olhar em seu rosto. Ele gostou do meu linguini. Sentei-me na minha cadeira já satisfeita, e ainda nem tinha experimentado a comida. Para ser justa, eu estive satisfeita mais vezes do que poderia contar esta noite. Linguini ao alho e óleo? Foi apenas a cereja no topo deste bolo muito sexy. Comemos em silêncio: não havia sons, apenas o tilintar de garfos e o sugar do macarrão. Minha mãe costumava dizer que o melhor teste de uma boa refeição é o quanto tranquilos os convidados estão: se eles estão calmos, estão desfrutando. Eu achei que podia ser verdade. Leo suspirou com a boca cheia aqui e ali, sorrindo para mim se nossos olhos se encontrassem, mas, de outra forma, apenas comeu. Eu me sentia bem sentada aqui nessa cozinha escurecida com ele, meu joelho escovando o seu ocasionalmente. Seu pé tocando o meu. Estar no meio da noite, no meio da cozinha, compartilhando uma refeição tranquila era tão íntimo quanto o que tínhamos compartilhado no andar de cima. Girando uma última porção em torno de seu garfo, ele começou a parecer triste. "Havia um chef na cidade que costumava atender um monte dos pedidos dos meus pais; ele fazia algo assim." Ele estudou o garfo. "Não exatamente o mesmo, já que eu não me lembro de nenhum verde no dele." Ele comeu o último pedaço e gemeu em voz alta. "Porra, isso é bom. O dele era bom, mas este é melhor. O dele tinha um gosto um pouco diferente, quase, eu não sei, um pouco como nozes? Isso faz sentido?"


"Ele provavelmente adicionava anchovas", eu disse, sugando meu último macarrão. Ele fez uma careta. "Não, eu não gosto de anchovas." "Ninguém gosta anchovas, mas você provavelmente as comeu mais vezes do que pensa. Eu coloco em pratos de massas o tempo todo." Ele não parecia convencido, então eu continuei: "O truque é colocá-las na panela cedo, logo antes do alho. Elas são tão pequenas e finas que se dissolvem no óleo quente. Esse é o gosto do qual você estava falando." Ainda parecendo um pouco perturbado, ele cutucou o pouco de alho à esquerda no prato. Verificando para ver se era um peixe minúsculo, talvez? "De qualquer forma, o chef sempre fazia algumas coisas super sofisticadas para os convidados dos meus pais, mas uma vez que as coisas estavam encaminhadas, ele fazia uma panela de macarrão só para mim. Às vezes ele jogava algo extra, se havia lagosta ou caranguejo, algo assim. Mas foda-se, ficava incrível!" Ele sorriu um pouco com a memória. "Eles davam muitas festas?", perguntei, pensando sobre como uma festa para os Maxwells seria. "Todo o tempo", disse ele, sua expressão mudando um pouco quando ele se afastou da memória das massas para outra coisa. "Havia sempre pessoas na cidade a negócios ou famílias que estavam em férias, negócios a ser intermediados, algum tipo de besteira. Minha família quase nunca jantava junto. Eles estavam ou fora com amigos, ou tínhamos amigos em casa, mas apenas a nossa família? Por nós mesmos? Nem sempre. Na maioria das noites éramos só eu e minha irmã, Lauren. E Angela..." "Outra irmã?" "Babá. Gabriela ficava na parte da manhã, mas Angela ficava as tardes e noites." Ele sorriu quando disse isso, mas lá estava de novo,


aquela tristeza passageira. Talvez fosse verdade o tal clichê: ‘pobre menino rico’. "Onde está sua irmã agora?", perguntei. "Ela ainda está na cidade, trabalha com o meu pai. Ela lidera nossa divisão internacional. Eu não a vejo muito." Ele parecia perdido em pensamentos. "Quando tínhamos festas em minha casa, nós fazíamos sorvete com uma maquina à manivela e, quem quer que minha mãe estivesse namorando trazia os pães ou salsichas quentes grelhadas. Alguém trazia salada de batata, e a salada de repolho pegávamos da lanchonete. Os adultos jogavam ferraduras até que tudo estivesse pronto para comer. Éramos todos dedos pegajosos, picadas de mosquito, cachorrosquentes meio-queimados e sucos derramados, o suficiente para trazer cada formiga ao leste do Hudson para o nosso quintal. " "Parece fantástico", respondeu Leo. Eu pensei sobre aqueles dias preguiçosos. O sol brilhando e tudo tão colorido quanto uma caixa de lápis de cera, e todo o mundo se resumia a um joelho esfolado ou um topo de dedo do pé arrancado. E percebi uma coisa de repente. "Você sabe o que, era mesmo." Meu olhar viajou em torno da cozinha bem gasta: o linóleo riscado, um pouco de pintura descascando, o gráfico de altura que ainda estava no batente da porta desde quando eu nasci. Eu deslizei meu pé no chão debaixo da mesa e cobriu seu pé com o meu. Ficamos em silêncio novamente, mas desta era vez um pouco diferente, mais pesado. Cada um de nós parecia perdido em nossas próprias memórias. Ele talvez pensando numa infância cheia de babás e luxos. Eu com o pensamento de uma infância preenchida com nada caro mas cheia de amor, sem saber o quão rica minha vida tinha sido. Agora meu mundo se resumia a um pé quente debaixo do meu. E quando ele se levantou e me puxou para os seus braços, em seguida,


levando-me de volta para a minha cama de solteiro chiadora, eu nem sequer pensei em dar-lhe o meu discurso padr茫o sobre a minha ins么nia e sobre n茫o ser capaz de dormir com outra pessoa. Eu s贸 o deixei se deitar comigo e dormir. E o que me deixou mais surpresa foi que eu dormi cinco horas inteiras naquela noite.


Cinco horas inteiras era um luxo. Igualmente luxuoso era o modo como essas horas terminaram. Lábios macios traçando um caminho através do meu ombro, uma mão calejada deliciosamente me puxando para trás contra um peito quente e, em seguida, oh! Leo enfiou em mim por trás. Voltei a essa memória uma e outra vez enquanto trabalhava na lanchonete, tentando desesperadamente me concentrar em carnes e ovos quando tudo que eu conseguia pensar era na forma como seus olhos ardiam nos meus enquanto ele me fodia na minha varanda. Eu derramei café, derrubei hambúrgueres e fiz o que pude para não pensar sobre o fato de que eu tinha dormido com um homem pela primeira vez em toda a minha vida. Eu estava forrando uma assadeira com massa de torta e tentando não pensar sobre isso em tudo quando Chad Bowman aproximou-se do balcão, vestido como se fosse para Montauk em algum passeio de barco. Shorts plissados de marinheiro, sperrys brancos e uma camisa polo salmão. Não rosa, não pêssego, nem pôr do sol ou laranja. Era salmão,


pelo amor de Deus. Tudo o que estava faltando era o cardigã de tricô em torno de seus ombros... E lá estava ele. Amarrado em um nó perfeito em torno de seus ombros largos. Ele também colocou um par de aviadores de prata sobre seu cabelo loiro. "Você parece algo saído de um catálogo", eu disse, cutucando seu colarinho levantado. O. Colarinho. Estava. Levantado! "Equipe J chamando, você está na página sessenta e nove." Ele envaideceu-se, sua pele bronzeada brilhando sob o meu louvor. "Como diz a rainha Beyoncé, eu acordei assim." Sorrindo, ele me observou uma vez. Então mais duas vezes. Eu alisei meu cabelo automaticamente, endireitando o meu avental. Ele podia ver? Ele poderia dizer? Certamente ele não po"Mmm-hmm", disse ele, fixando-se em um banquinho e me dando um olhar compreensivo. "Mmm-hmm o quê?", perguntei, alisando meu avental novamente. "Oh, você sabe exatamente o que, pequena miss rolando no feno com um fazendeiro." "Eu não estou rolando no feno com um fazendeiro!" Eu rebati, alto o suficiente para que todo o restaurante ficasse em silêncio. O que nunca acontece. Garfos pairavam em bocas abertas e cada par de olhos estava sobre mim. Eu tenho certeza que todos estavam me imaginando nua. E, a julgar pelo brilho em seus olhos, Chad estava imaginando Leo nu. Uma onda de constrangimento passou por cima de mim, quente e rápido. Eu não gostava da minha vida sendo colocada à exposição. E eu tinha certeza que Leo não gostaria que sua vida fosse exposta também.


"Mmm-hmm." Ele levantou o seu menu, que tremia enquanto ele ria baixinho. "Não comece boatos, Bowman," eu disse calmamente, endireitando os dentes de seu garfo para alinha-lo com o guardanapo de papel. "Não é... não é como você está pensando." Olhei em volta para ver se as pessoas ainda estavam assistindo. E ouvindo... Noventa e nove por cento dos clientes da lanchonete voltaram para o seu café da manhã, ocupados fofocando e, sem dúvida, passando as fofocas adiante por meio da árvore de telefone da cidade. Mas um determinado companheiro mais velho no balcão estava fazendo um buraco na parte de trás da camisa de Chad. Eu pisquei. Certamente ele não poderia ter um problema com Chad, certo? "Se esconder dos fanáticos não adianta, querida," Chad disse, me virando para encará-lo. "Esse é Herman." Ele sorriu e brindou o café em direção a Herman, que parecia irritado com a atenção sendo voltada para ele. Dispensando o café, o homem jogou algumas notas sobre o balcão, em seguida, saiu da lanchonete. Infelizmente a porta não bateu na bunda homofóbica em seu caminho para fora. "Um bom amigo, eu vejo." Inclinei meus cotovelos no balcão em frente ao meu amigo. Embora ele julgasse isso como se não fosse grande coisa, eu podia ver que o incomodava. "Isso acontece muito? O olhar fixamente desagradável?" Eu esperava que a resposta fosse não, que a maioria das pessoas estava aceitando e que poucos eram idiotas. Especialmente nesta cidade, onde metade das empresas hasteavam bandeiras arco-íris. Chad se remexeu em seu banco. "Não, isso não costuma acontecer aqui. É uma grande parte da razão pela qual decidimos que podíamos


morar neste lugar. E eu posso lidar com essa porcaria agora, mas no ensino médio, esse tipo de coisa teria me matado." Ele sorriu. "Eu teria entrado em pânico e não diria nada, e então pensaria em dez grandes retornos uma hora mais tarde." Sua admissão deu-me uma nova perspectiva sobre como ele era. Eu não poderia imaginar o quão difícil tinha sido esconder esse grande segredo. Fingir ser algo que eu não era. "Eu gostaria de te ajudar, então, caso você queria alguém para conversar ou o que quer que seja." "Já chega disso", ele disse com desdém. "Eu quero todos os detalhes explícitos sobre a noite passada!" "Telefone para você, Rox," uma voz soou da cozinha, e eu sorri, alíviada. "Nossa, parece que eu tenho que atender uma chamada." Chad apontou dois dedos em seus olhos, então os virou para mim, me dizendo que ele sabia que algo estava acontecendo, e que estaria me vigiando. Eu sorri e peguei o telefone da parede. "É Roxie." "Olá, Roxie, é a Sra. Oleson, do gabinete do prefeito." "Oh, Olá, Sra. Oleson, como você está?" As sobrancelhas de Chade subiram. A Sra. Oleson tinha trabalhado no gabinete do prefeito desde que qualquer um podia se lembrar, não importava qual prefeito estava no poder. Ela tinha a mão em quase tudo o que aconteceu na cidade. Huh. Não muito diferente de uma Sra. Harriett Oleson de Walnut Grove. Eu me permiti alguns segundos de fantasia com Almanzo. "Roxie, você está aí?" "Sim, estou aqui. O que posso fazer por você, Sra. Oleson?"


"Eu estou com um pequeno problema, querida, e estou esperando que você possa me ajudar." "Eu vou fazer o que posso. O que está acontecendo?" Respondi, confusa e intrigada. "Bem, você sabe que eu sempre levo bolos para o almoço das senhoras, mas este ano acabei totalmente sobrecarregada. Linda e Evelyn estavam positivamente delirantes sobre o bolo de noz que comeram no restaurante na semana passada, porem, e eu me perguntei se..." "Você quer que eu faça um bolo de nozes para a senhora?", terminei. "Na verdade, eu precisaria de quatro. E talvez... tem algo diferente que você poderia fazer? Elas já comeram o bolo de noz, então pensei que talvez pudéssemos surpreendê-las com algo novo", disse ela, sua voz ficando quieta e sorrateira. "Eleanor fez seu famoso pão de ló na semana passada, e preciso superá-la em um detalhe ou dois." "Algo novo", repeti, olhando para o expositor de bolos vazio com preocupação. Não porque eu teria que assar mais, mas porque eu queria isso. "Para quando você precisa?" "Amanhã?", ela perguntou hesitante. Caramba. Olhei de novo para o expositor. Esta manhã eu fiz oito bolos, cada um cortado em oito fatias generosas para venda. Agora havia apenas migalhas. Eu quero fazer isso? Eu poderia fazer isso era uma pergunta melhor, já que estaria adicionando outra coisa na minha agenda já lotada. "O que você tem em mente?", perguntei, minha decisão tomada. Agarrei o bloco de pedidos amarelo do bolso do avental de Maxine enquanto ela passava e esperei. Ela franziu a testa, olhando-me debaixo


do penteado cuidadosamente elaborado. "Eu preciso disso também", cantarolou, arrancando a caneta do espiral que a prendia. Ela me bateu na bunda com um pano de prato. "Cenoura?" Eu perguntei de volta para a Sra. Oleson, minha mente imediatamente correndo. "Tradicional? Com nozes?" Eu estava tonta com a ideia de fazer compras no Leo para os ingredientes. Mmm, eu poderia fazer glacê de cream cheese. Eu tinha visto embalagens disso na Fazenda Maxwell. O que mais eu poderia pegar lá? Ooooh, talvez ele me pegasse. Talvez ele terminasse o que começou naquele dia no silo... Merda, eu ainda estava no telefone. "Pode buscá-los amanhã de manhã", instrui a Sra. Oleson, afobada. Quando desliguei o telefone, a família Scott entrou. Mãe, pai, duas crianças pequenas e uma ainda no forno, quase ponta para sair. "Sentem-se em qualquer lugar que esteja vago" falei, inclinando-me sobre o balcão para ver se havia uma cabine ou mesa livre. Tinha uma na parte de trás, para onde a Sra. Scott foi capaz de gingar desconfortavelmente e sentar-se. "Parece que alguém está começando a fazer um nome para si mesma nesta cidade", disse Chad por cima do menu. "Eu nem sei por que você está fingindo olhar para o cardápio, já que sempre pede a mesma coisa: atum grelhado, salada de batata e CocaCola." Revirei os olhos, batendo no topo de sua cabeça levemente com o menu. "Ela conhece os pedidos de seus clientes e está se tornando famosa por suas doces guloseimas, e enfaticamente não está se enroscando com um agricultor. Que verão Roxie Callahan está tendo", disse Chad. Bati nele novamente, nem tentando esconder meu sorriso. Depois de enviar seu pedido para a cozinha, comecei a vasculhar um dos antigos livros de culinária que minha mãe guardava atrás do


balcão. Achei um velho Betty Crocker dos anos cinquenta, repleto de clássicos americanos como pão de ló, angel’s food, devil’s food 8, bolo de coco... E então veio o capítulo principal: a seção europeia de sobremesas. Tiramisu, Floresta Negra, Pavlova e Mousse Irlandês. Eu estava prestes a ler a receita de torta mousse quando o Sr. Scott se aproximou do balcão. "Deus, eu não vi uma dessas em vinte anos!", exclamou, apontando para a imagem de uma torta de maçã Amber. De acordo com a receita, era uma torta com merengue de whisky, maçãs frescas adoçadas com cidra, açúcar e limões, e coberta com um rico merengue levemente flambado. Quando o Sr. Scott inclinou-se para olhar o livro de receitas, parecia que estava prestes a babar. "Você vai fazer isso?", perguntou, esperançoso. "Eu não sei, talvez. Eu nunca fiz antes." Mas poderia, facilmente, e os clientes iriam adorar. Hmmm. Maçãs não estavam em temporada ainda, mas pêssegos estariam em breve. Comecei mentalmente a converter a receita, retirando as maçãs e adicionando pêssegos: talvez menos canela, um pouco de bourbon. Será que Leo tem pessegueiros? Hmmm, doces pêssegos gostosos. E doce e gostoso Leo.

Bolo Angel's Food (Comida de anjo) é uma variedade de bolo originalmente da América do Norte que começou a ficar popular nos EUA no fim do século XIX. É assim chamado por causa de sua leveza aerada, que é associada a "comida dos anjos". Uma variedade de bolo de chocolate conhecida como Bolo Devil’s food (comida de demônio), considerada o oposto do Angel Food, é outro bolo popular nos Estados Unidos, desenvolvido mais tarde. O Angel Food é um bolo tipo esponja (não leva gordura), enquanto o Devil's Food é um tipo amanteigado. 8


Aulas de picles zumbi. Tal frase nunca antes tinha sido pronunciada na história das frases, e muito menos escrita num cartaz. Mas lá estava ela, na janela da frente da lanchonete, apoiada por dez conservas de picles. E aparentemente era uma grande obra de arte, de acordo com Chad. "É irônico, é caseiro, é perfeito!" Ele disse quando tinha pendurado o cartaz mais cedo naquele dia, fortemente me ameaçado caso eu resolvesse tirá-lo. Embora eu tivesse insistido que ensinar ele e Logan a fazer conservas de picles dificilmente constituía uma "aula", ele insistiu mais. Então lá estava eu, rodeado por tábuas de corte, pepinos, alho e algumas dezenas de frascos, à espera da minha primeira aula começar. O restaurante estava tranquilo, as luzes da frente foram apagadas e a jukebox estava desligada; apenas o zumbido fraco dos frigoríficos era audível na cozinha. Eu bocejei, inclinando-me sobre a bancada. Eu só tinha conseguido cerca de três horas de sono na noite anterior, e esse tinha sido um longo dia. Um dos cozinheiros tinha ficado de doente, então eu tinha trabalhado tanto no café da manhã quanto no almoço durante as mudanças na grade. Minhas costas rangiam, meus ombros doíam e meu dedo estava queimado por uma frigideira. Mas eu também estava surpreendentemente... eufórica. Eu tinha trabalhado ao longo de um dia duro, mas fiz tudo o que precisava fazer: apaguei incêndios, literalmente e fiz com que cada pessoa que passou pela porta amasse uma comida. Eu tinha feito uma nova versão da sopa de tomate hoje, lentamente cozinhando os tomates com manjericão e um pouco de salsinha antes de fazer o purê, ao invés de usar o padrão enlatado. Tinha usado creme fresco também, e então adicionado croutons de brioche, salpicando tudo com gruyère e pimenta preta. Nós tínhamos vendido toda sopa antes de 11:00? Possivelmente. Tivemos mais pedidos de sopa para viagem do que tínhamos tido desde que eu voltei para casa?


Sim! Toneladas de ordens para viagem. Junto com a alegria, eu também senti uma sensação de... conforto? Inclusão? Parecia uma reação perfeitamente natural, já que era a minha cidade natal, ainda que eu quase nunca tivesse sentido isso antes. E junto com a alegria e o conforto de pertencer à algum lugar, podia-se adicionar uma pitada de... borboletas no estômago? Não, não era isso. Sopro no coração? Certeza que eu estava saudável, sem cardiopatias. Indigestão? Com esse estômago de ferro fundido? Dificilmente. Então o que era? Esperança? Alegria? Intriga? Indigestão. É isso aí. Demasiados croutons. Croutons estavam me dando borboletas no estomago? Mmm-hmm. Eu ponderei tudo isso enquanto segurava um pepino na mão. O que naturalmente me trouxe outros pensamentos. Pensamentos que eu não tive tempo para explorar, já que o proprietário do pepino que eu desejava estar segurando entrou pela porta da frente, seus olhos procurando os meus. Deixei de lado as borboletas assustadas pelos croutons. Quando Leo viu o que eu estava segurando, seu rosto abriu-se num sorriso de estrela de cinema. Nesse instante, todo o ar sumiu da sala. Naquele instante, tudo o que eu reconhecia era aquele rosto, aqueles olhos e aquele sorriso... e um pepino que estava aquecendo rapidamente. Naquele instante, naquele exato segundo... Eu percebi que estava em apuros.


Porque esse cara era incrível. Porque esse cara era real, doce, gentil, e conhecia todos os tipos de coisas que poderiam balançar através de cada brecha na minha armadura, atingindo meu coração até então inquebrável. Comida. Orgasmos. Comida. Doce. Comida. Força. Orgasmos. Oh Deus! Ele era divertido. Cuidadoso. Meu tipo. Não tinha medo de sujar as mãos. Não tinha medo de falar sujo. E a surpresa de todas as surpresas: eu já tinha dormido com ele na minha cama. "Hey, Ervilha", disse ele. "Que tipo de planos você tem para esse pepino?" Oficialmente eu queria lhe dar uma resposta inteligente. Oficialmente eu gostaria de oferecer algumas brincadeiras espirituosas para manter as coisas leves e glamurosas. Oficialmente eu joguei fora cada borboleta alvoroçada pelos croutons que ainda esvoaçava dentro de mim.


Mas extra oficialmente? A sensação de estar com alguém tão doce me fez sorrir amplamente. Nada espirituoso saiu pela minha boca; ela estava muito ocupada sorrindo. E então meu sorriso tornou-se um beijo, depois dois, depois três. Porque extra oficialmente eu praticamente saltei sobre o balcão, corri para Leo como uma tola num filme de Nicholas Sparks e me joguei em seus braços fortes, beijando-o como se alguém tivesse ameaçado levar sua boca longe de mim. Seus braços me envolveram, e sua risada surpresa foi rapidamente abafada pelo meu rosto. Então ele me cobriu de beijos igualmente urgentes, seus lábios pressionando contra a minha testa, minhas bochechas, a ponta do meu nariz e, finalmente sobre a minha boca novamente. Levantando-me, ele me colocou em cima do balcão, abriu minhas pernas sem encontrar nenhuma resistência da minha parte e ficou entre elas. Envolvi minhas pernas em volta dele, cruzando-as no alto de suas costas, e ele deixou sua cabeça cair para frente, descansando-a em meu peito, as mãos cavando em meus quadris, forte. "Você me deixa louco, Ervilha." Gemeu. "Me chame disso de novo e eu estarei cancelando a aula de picles" Corri minhas mãos pelo seu cabelo e couro cabeludo, obtendo um gemido satisfeito em resposta. "Ervilha? Isso te excita?" Perguntou, e eu inclinei a cabeça para cima em sinal de rebeldia. "É isso aí. A aula está cancelada." Eu estava prestes a dizer-lhe para trancar a porta e devastar-me contra o balcão quando ouvi um aplauso lento, à la todos os filmes dos anos oitenta. "Muito bom. Será que todas as aulas começam dessa maneira?" Chad e Logan estavam apoiados na porta, ambos ostentando enormes sorrisos.


Eu caí contra o peito de Leo, respirando seu perfume inebriante e expirando minha frustração por ter sido interrompida. Quando olhei para cima novamente, Logan fez-me uma saudação decididamente nada cavalheiresca e totalmente juvenil com um pepino, me fazendo bufar uma risada, mesmo quando tentei evitá-la. Considerando que o clima tinha acabado, Leo me ajudou a descer do balcão, e eu enfrentei minha pequena turma de bobos. "Vocês estão prontos para os picles?" Eles estavam, de fato, prontos para os picles. E foi isso que nós fizemos. Eles foram surpreendentemente bons alunos, uma vez que tiraram todas as piadas sobre o tamanho dos picles fora de seus sistemas. Eles prestaram muita atenção, seguiram todos os passos e, dentro de cerca de 90 minutos tínhamos vários frascos prontos para armazenar. Foi divertido: eu já tinha esquecido o quanto gostava de ensinar as pessoas a fazerem coisas como esta. Leo manteve-se perto de mim a maior parte da noite, recusando-se a responder as perguntas nada sutis de Chad sobre o que estava acontecendo com a gente, mudando de assunto sem problemas a cada vez. Foi frustrante para Chad e divertido para mim, e assim conseguimos manter o foco nos alimentos. Eu queria saber o quão longe as coisas teriam ido se Chad e Logan não tivessem aparecido... mas não importa. Eu estava curtindo a noite com três homens lindos, e poderia começar a ver um deles nu muito em breve. Em resumo, a aula de picles zumbis foi um total sucesso. A aula de picles zumbis também foi observada por vários transeuntes. Afinal, como eles poderiam deixar de ler um sinal como o que estava na janela? Embora a porta estivesse trancada, isso não impediu as pessoas de espreitar para dentro. Interessante... "Devemos fazer mais! Eu quero o suficiente para durar todo o inverno", Logan proclamou enquanto rotulava seu pote de conserva.


"Estes são picles em conserva, de modo que só estarão bons por alguns meses. Se você quiser picles que irão durar por mais tempo, tem que fazer uma salmoura totalmente diferente. Você tem que cozinhá-los um pouco, como fazemos com geleia ou compota." "Sim! Vamos fazer geleia também!" Chad fez coro com entusiasmo. "Ok, todo mundo se controle!" Eu disse enquanto Leo sufocava uma risada. "Nós podemos definitivamente fazer geleia, mas não esta noite." Eu sorri para a ânsia deles enquanto pegava alguns dos frascos das minhas conservas e me dirigia para o refrigerador. "Que tal na próxima semana? Mesmo horário e mesmo lugar?", perguntou Logan, e balancei a cabeça concordando. "Mirtilos acabaram de chegar, e até a próxima semana teremos framboesas também", disse Leo. Mmm. Eu amo geleia de framboesa. "Você sabe fazer doce de maçã?" Chad perguntou enquanto limpava sua estação. "Minha avó fazia todo mês de outubro, e eu comia metade de um pão caseiro todos os dias depois da escola, apenas com doce maçã. Podemos fazer também?" "Não posso, me desculpe." "Por que no mundo não?" Então seus olhos se iluminaram com um brilho malicioso. "E se eu colocar minha velha jaqueta de jogador?" A cabeça de Logan apareceu de dentro do frigorífico. "Deixe-o vestir a jaqueta, Rox. Fica quente como o inferno." "Oh, eu me lembro. Mas a safra da maçã é no outono". "Então?", perguntou Chad, e Logan me deu um olhar interrogativo. "Eu não vou estar aqui no outono," disse calmamente, sentindo o olhar de Leo na parte de trás da minha cabeça. É engraçado como um


olhar pode ser sentido fisicamente do outro lado da sala. "Estou saindo quando minha mãe voltar de sua aventura surpreendente, lembram?" Um silêncio caiu aparentemente se foi.

sobre

a

cozinha,

e

todo

o bom

humor

"Além disso, o Lady Jam já vai querer me matar por ensinar vocês como fazer geleia. Eu não posso tirar seus clientes do doce de maçã também - ela nunca me deixaria em paz depois disso." "Você não vai estar aqui para ouvi-la reclamar, de qualquer jeito." Logan murmurou. Revirei os olhos. "Ok, zumbis, a aula acabou. Na próxima faremos geleia, mesmo horário, mesmo local", eu disse, forçando minha voz a ficar leve e brilhante. Chad assentiu com a cabeça, me puxando contra ele em um abraço. "Esta noite foi divertida, muito obrigado." Ele deixou cair um rápido beijo na minha testa antes de sair com Logan e seus frascos de conserva de picles. Fiquei sozinha com Leo, que baixou o olhar quando me virei. "Eu vou pegar uma vassoura e ajudá-la a limpar tudo", disse ele, movendose em direção ao armário utilitário. Não havia nada que eu pudesse dizer para aliviar a tensão súbita. Esta... coisa... era apenas durante o verão. Então ele pegou a vassoura e eu limpei os balcões, e dentro de alguns minutos começamos a conversar sobre quais outras frutas poderiam estar prontas em breve para a aula de geleia. Conversa leve e feliz. Leve e feliz não gera expectativas. Não há exigências de tempo, não há ressentimentos e certamente não há lágrimas. É por isso que quando ele saiu com apenas um rápido beijo na minha testa, eu não senti uma pontada suspeita por trás das minhas pálpebras, nem percebi que meu queixo tremeu um pouco.


Fechei a lanchonete, dirigi para casa e não dormi. Porque oficialmente éramos apenas uma aventura. E um caso de verão não fazia exigências sobre onde ele passava as noites. Leve e feliz.


Eu não podia acreditar que o quatro de julho estava quase chegando. Parecia que eu mal tinha chegado, mas as bandeiras em torno da cidade diziam que o verão estava quase acabando. Eu juro por Deus, esta cidade manteve o negócio de hastear a bandeira mais do que qualquer outra no país. Se fosse feriado, você podia apostar sua torta de maçã doce que Bailey Falls estava arrastando para fora o vermelho, branco e azul, pendurando-o em qualquer coisa que podia ficar parado. Pitoresco. Caseiro. Maravilhoso na verdade. Acabei meu dia no restaurante, dirigi meu grande carro americano velho no meio da boa e velha rua principal americana, pensei em foder meu bom fazendeiro americano, sentindo os bons e velhos fogos de artifício. É assim que eu gostaria de celebrar a fundação do nosso país. Eu ponderei tudo isso e continuei acenando para rostos familiares ao longo da rua principal. Pessoas que eu já conhecia e tinha vindo a conhecer de novo, novas pessoas que eu conheci quando voltei para casa há alguns meses. Alguns eu conhecia pelo nome; mas


principalmente os conhecia por seus pedidos diários. Olhe o senhor ‘ovos mexidos com torradas Rye’ está saindo da loja de ferragens com abraçadeiras. Pergunto-me se ele está pensando em usa-las na senhorita ‘aveia com leite desnatado e passas’. Aposto que ela gosta de ter suas passas presas.... O termômetro sobre o banco disse que estava perto dos 30 graus, e eu estava contente com a brisa que entrava através da minha janela. Liguei o rádio e dirigi ao som de "Mysterious Ways", rindo com o pensamento de que Achtung Baby estava sendo reproduzido numa estação livre. Minha mãe ia pirar se soubesse que eu estava ouvindo isso. Onde ela estava agora? Brasil? Itália? Minnesota? Onde quer que estivesse, espero que ela esteja se divertindo. Enquanto dirigia para casa, vi algumas garotas adolescentes caminhando para a floresta por trás da escola, carregando toalhas e uma bola de praia. E de repente eu sabia exatamente onde queria passar a minha tarde. E quem eu queria que a passasse comigo. Eu me apressei de volta para casa, parando apenas para enviar um texto para Leo. Roxie: Você quer matar aula hoje? Leo: Você vai estar nua? Eu só posso considerar pedidos para matar aula se envolvem mulheres nuas. Roxie: É muito possível. Venha, venha brincar comigo 9. Leo: Esse não é um trecho de O Iluminado10? 9

https://www.youtube.com/watch?v=CMbI7DmLCNI


Roxie: Você me levaria muito mais a sério, então, certo? Além disso, não preste atenção ao machado preso nas minhas costas11. Leo: Você tem sorte que eu gosto de mulheres perigosas. Quando? Roxie: Agora. Solte sua enxada e pegue seus calções de banho. Eu estarei aí em quinze minutos. Leo: Calção de banho? Agora estou intrigado. Roxie: Intrigado o suficiente para matar aula comigo? Leo: Claro! Traga comida e eu sou todo seu. Roxie: Feito. Leo: Não se esqueça sobre a parte da nudez. Roxie: Farei o meu melhor.

The Shining, no original. É um filme anglo-estadunidense de terror psicológico de 1980 produzido e dirigido por Stanley Kubrick, co-escrito com a romancista Diane Johnson e estrelado por Jack Nicholson, Shelley Duvall, Danny Lloyd e Scatman Crothers. O filme é baseado no livro homônimo escrito por Stephen King e lançado em 1977. O Iluminado foi o terceiro livro de Stephen King e seu primeiro best-seller em capa-dura. O sucesso do livro foi tanto que firmou King na carreira de escritores do gênero. 11 O machado é uma arma recorrente no enredo do filme/livro. 10


Coloquei um biquíni, certificando-me de fazer nó duplo nas cordas. Por causa de Leo. Peguei um cooler, gelo, cerveja, os sanduíches que eu tinha feito no restaurante e que originalmente seriam para o meu jantar, em seguida, agarrei o velho toca fitas da minha mãe. Era grande, quadrado, coberto de botões, interruptores e mostradores - exatamente o tipo de coisa necessária para matar um tempo no velho point de natação da cidade. Cada cidade no Vale Catskills tinha um point de natação ou ficava perto de um. Havia inúmeros riachos, córregos, lagoas e lagos, e onde havia água, nós nadávamos. Era como se sobrevivia nos verões quentes quando criança, e onde se aprendia o beijo francês quando adolescente. Havia vários ótimos lugares para nadar em torno de Bailey Falls, mas ‘the tube’ era o meu favorito. Perto da borda da propriedade do hotel Bryant Mountain House havia uma pequena lagoa que alimentava o lago maior no lado do hotel. Água clara, fria e com fundo rochoso, e um monte de pedreiras para quem estivesse se sentindo ousado pular. Era um refúgio fresco para um dia quente, e era exatamente para onde eu queria levar Leo hoje. Quando fui até o grande celeiro de pedra, ocorreu-me que ainda não sabia onde Leo morava. Ele disse que não usava a casa principal, já que era usada para férias e tendia a ser o domínio de sua mãe quando ela visitava. Então, onde é que ele dormia à noite? Havia casas de hóspedes que ele tinha convertido em dormitórios para os estagiários de verão no programa de aprendiz, mas eu duvidava que ele ficasse ali. Mas, antes que pudesse pensar muito tempo sobre isso, lá estava ele. Mais alto do que o resto do grupo, seu cabelo loiro areia brilhando ao sol, ficando mais claro a cada dia. Ele acenou adeus ao grupo que estava conversando e então correu para o meu jipe.


"Então misteriosa", disse ele, inclinando-se na minha janela e olhando para a esquerda e para a direita (para se certificar de que ninguém estava olhando?) antes de baixar a cabeça para me beijar uma vez, duas, três vezes. "Para onde estamos indo, Ervilha?" Apontei meu dedo involuntariamente e acelerei o motor, uma consequência de ser chamada pelo meu apelido. Rindo, ele recuou e levantou as mãos num gesto de rendição. "Entre", eu disse. "E coloque o cinto de segurança."

"Então era aqui que você trazia todos os meninos para ter seu caminho com eles em seus dias mais jovens." Nós saímos da estrada principal para a floresta e andamos por um caminho de terra onde mal cabia meu carro sem arrancar alguns ramos aqui e ali. Tive o prazer de ver outros carros aqui quando estacionei, antes de levá-lo há algumas centenas de metros ou mais para a clareira acima. Começando como uma fonte subterrânea, a água forçava seu caminho através da rocha, criando esta bela pequena piscina cercada de enormes rochedos escarpados, alguns pontudos, alguns planos como pratos gigantes. A piscina era um pouco comprida e fina, mais parecida com um tubo do que com um círculo, daí seu nome. Uma vez que era menor do que alguns dos outros pontos de natação perto da cidade, normalmente não estava tão cheio. E hoje nós tínhamos tudo para nós. À medida que eu admirava o ambiente, o que ele disse finalmente foi registrado. Seus olhos estavam cheios de diversão e travessuras


enquanto ele olhava para mim, esperando ansiosamente pela minha resposta. "Eu nunca trouxe meninos aqui, senhor. Não para maus caminhos, nem para qualquer outra coisa.“ Pontuei minha declaração com um tapa em seus ombros. "Oh, eu acho difícil de acreditar nisso", ele brincou, retornando os tapinhas nos meus ombros. "Vamos lá, você pode me contar. A Roxie Adolescente, com habilidades culinárias lendárias, deve ter feito um piquenique e tanto para seduzir os meninos." Pensei sobre isso por um momento. Quão perfeita essa minha versão adolescente poderia ter sido, espalhando uma toalha xadrez vermelho-e-branco sobre a grama e as flores silvestres e sentando-se com Chad Bowman para dividir uma compota de maçã enquanto comíamos sanduíches minúsculos e falávamos sobre... tudo o que quiséssemos conversar. Era difícil me colocar numa memória imaginária com a ex-Roxie desastrada quando tinha meu atual sonho molhado aqui na minha frente, porem. "Eu não era assim", expliquei, puxando-o para perto e colocando as mãos na parte inferior das suas costas. Ele deslizou as mãos em meus bolsos traseiros como faziam nos clips dos anos oitenta da MTV. "Eu era tímida. Uma observadora, que mantinha as pessoas longe de mim mesma. E não me transformei numa mulher razoavelmente atraente até depois que saí de Bailey Falls." Belisquei seu queixo com meus dentes, ganhando dois apertos firmes no bumbum. "E por falar em mulher atraente, estou interessado em criar algumas histórias cheias de tesão adolescente aqui e agora. Interessada?" Um beijo profundo e ardente foi a minha resposta. Interessadíssima.


Subimos cuidadosamente o caminho rochoso. Ele era todo cavalheiresco com o seu "Oh, deixe-me ajudá-la a descer", juntamente com suas mãos, que me seguravam e permaneciam no meu traseiro. Ou o casual roçar no meu seio, que eu não afastava imediatamente. Nós simplesmente não conseguíamos manter as mãos longe um do outro. E eu estava rapidamente me tornando viciada nesse doçura confortável misturada com crescente paixão. Ia ser difícil ‘apagar meus faróis’ no final do verão. Inclinei-me em seu ombro para sentir o cheiro do verão em sua pele. Wella, wella, wella, huh12. Eu era viciada em todas as coisas sobre Leo. Agora, enquanto escolhíamos o nosso caminho através das rochas, foquei em seus dedos. Bronzeados, fortes e todo homem. Nem um pouco parecidos com os dedos de mocinhas que a maioria dos caras em Los Angeles tinham. Estes eram calejados e trabalhadores dedos da terra. E, no momento, eles estavam brincando com a bainha da minha bermuda. Os pedaços desgastados que pendiam contra minhas pernas estavam chamando sua atenção. Ele enrolava-os em torno de seu dedo indicador enquanto nós caminhávamos, e os pontos de contato tornaram-se pequenas manchas de fogo que enviavam arrepios pela minha espinha e para baixo na minha calcinha. Ultimamente suas mãos faziam cada vez mais contato com a minha pele. Por razões óbvias, com certeza, mas era mais. Quando ele não estava apertando minha bunda ou meus seios, estava garantindo um escovar mais suave aqui. Outro toque mais suave ali. Parecia que ele não perceba que estava fazendo isso também, como se esse sentimento surpreendesse tanto ele quanto eu.

12

Trecho da música Summer lovin’.


Nós continuamos até que finalmente nos cercamos de árvores, onde o silêncio freou nossa insensatez. "Isso é perfeito", disse ele, puxando-me na frente dele para descansar a cabeça no meu ombro. Uma libélula voou ao longo da água, enviando pequenas ondulações através do azul, convidando-nos a entrar. Tínhamos o lugar todo para nós. De repente, tomada por inspiração, eu sorri. Virei-me em seus braços, piscando inocentemente para ele. "Fique", instruí com o meu dedo indicador no centro de seu peito. Curiosidade brilhou em seus olhos. Parecia que ele queria perguntar o que eu estava fazendo, mas não o fez, deixando-me executar o show. Tirei meus chinelos e deixei-os sob uma árvore próxima. Minha regata branca fina foi a próxima, deslizando sobre a minha cabeça. Os olhos de Leo se estreitaram quando ele viu meu minúsculo biquíni, vermelho com bolinhas brancas, que tentava, sem sucesso, cobrir a minha súbita inspiração. Escorreguei para fora do meu short, expondo outra parte do minúsculo tecido, e fiquei muito feliz quando seu rosto mudou de expectativa para profunda satisfação. Me virei em direção à água, olhei por cima do meu ombro com um sorriso secreto e observei o Leo ali em pé, imóvel, sorrindo largamente. Suas mãos se fecharam em punhos aos lados de seu corpo enquanto ele me observava puxar a corda no meu top de biquíni, expondo-me a Deus e as libélulas. Deixei os minúsculos triângulos deslizarem para baixo da minha pele aquecida ate caírem no cascalho e terra, e sua respiração ficou presa então. Ele deu um pequeno passo para frente antes de parar a si mesmo. Ele me deixaria fazer isso no meu próprio ritmo, e parecia estar curtindo cada segundo do meu show. Dei um passo em direção à água e o ouvi dar um passo atrás de mim. Quando meus dedos do pé bateram na água, porem, eu quase pulei para fora da minha pele. Eu imaginei que estaria morna, dada a


época do ano, mas estava absolutamente fria, como uma fábrica de mamilos acesos. Entrei mais profundamente na água, a frieza deslizando sobre minhas canelas, joelhos, a meio caminho da minha coxa, e então parei e dei mais um olhar para trás, para Leo. Era como um jogo de Luz Vermelha, Luz Verde. Para cada passo que eu dava na água, ele deu um passo para trás em direção as rochas. Quando eu parava, ele também parava. Entretanto, quando me virei esta última vez, deixando-o dar uma espiada no que as árvores já tinham visto, ele parou tão rápido que teve que balançar os braços para não cair. Jesus, se seios podiam fazer isso para um homem adulto, o que aconteceria quando eu... Segurei as cordas em cada lado do meu quadril e puxei. Eu já tinha visto Leo mover-se rapidamente antes, mas ele estava prestes a quebrar a velocidade da luz enquanto ficava nu para entrar na água. Jeans e boxers saíram num emaranhado enquanto ele pulava em um pé e tirava os sapatos, simultaneamente. Ele estremeceu quando atingiu a água, mas não perdeu o impulso. Sua camiseta ainda estava vestida, como se ele tivesse esquecido que a estava usando. Rasgando-a, ele a jogou para trás de si mesmo, fazendoa aterrissar numa rocha com um barulho molhado. "Você não deve provocar um cara assim, Roxie", alertou, me puxando para ele tão rapidamente que a água espirrou entre nós, molhando meu rosto e cílios. Agora pressionados juntos, muito molhados e muito nus, ele me deu um olhar muito específico. O tipo que você dá a alguém que quer devorar. Eu era uma voluntaria feliz para ser devorada. Então ele alisou a palma da mão molhada sobre o meu cabelo, e eu fechei meus olhos com seu toque de luz. Me inclinei em seu calor, incapaz de parar o sorriso que tomou conta do meu rosto, e meus olhos abriram então, piscando contra a luz do sol, e eu suspirei de contentamento.


Ele estava se inclinando-se para beijar-me quando algo passou zunindo no meu ouvido. Meu corpo ficou rígido, assim como o dele, e não de uma boa maneira. Embora essa parte especifica da anatomia masculina já estivesse balançando contra a minha perna. "Basta ignorá-la, Rox, e ela vai embora", ele persuadiu, tentando espantar o terrível bicho. "Não. Abelhas. São. Criaturas. Malignas", gaguejei com os dentes cerrados, tentando fugir, mas incapaz de escapar de seu aperto – ele estava com o braço enrolado na minha parte inferior, a mão sobre a bochecha da minha bunda. Tentei respirar. "É como uma espécie de chamada do outro lado da floresta: 'Ei, Roxie está aqui; ela está nua na lagoa e está tentando seduzir o Almanzo, vamos pegá-la!" "Você realmente tem uma coisa com Almanzo, não é?" "Você não tem ideia. Lembra-se do episódio quando Nellie Oleson fez frango, seu prato favorito? Mas Nellie não sabia cozinhar, de modo que mandou Laura fazê-lo? Laura apenas odiava Nellie, então ela trocou a canela por pimenta caiena?" Balbuciei, enterrando a cabeça no peito de Leo para tentar nos abaixar tanto na água quanto fosse possível. "Canela? O quê?", Ele perguntou, confuso, quase perdendo o equilíbrio enquanto eu me mexia contra seu estômago, curvando-me para baixo. "Você disse para ignorá-la, eu estou tentando." Eu nunca vou saber qual seria sua resposta, porque naquele momento eu estava observando a abelha número um saudar sua prima idiota, a abelha número dois. "Tchau!" Sussurrei e me abaixei. Suas mãos procuraram meu corpo quando me contorci até o fundo, onde nem mesmo uma única abelha idiota poderia me seguir. Eu nadei alguns pés e voltei à tona, e vi Leo


acenando com as mãos sobre a cabeça e tentando espantar as filhas da puta. Então submergi novamente, desta vez com os pulmões cheios. Isso continuou por algum tempo, e cada vez que eu apareci em diferentes locais, Leo tentou se comunicar comigo nos 2,2 segundos que eu ficava acima da água antes de mergulhar novamente, determinada a esperar. Ele nadou tentando me encontrar, só para ver-me voltar à tona como um golfinho para pegar outro fôlego. O pobre rapaz estava tentando como um louco me alcançar, e eu pude pegar pequenos fragmentos de palavras entre as respirações. “Roxie, elas foram..." "embora, você pode...” "... pare, Rox, pelo amor de Deus, você pode..." "Droga, Ervilha, você só-" Foi quando ele me chamou de ervilha que eu parei. Sempre seria assim. Eu nadei para mais perto dele, e até mesmo debaixo d'água eu estava hipnotizada por sua pessoa. Não pude resistir a tocá-lo. Suas mãos mergulharam sob a água então, me agarrando pelos ombros e, em seguida, me puxando de volta acima da água. "Foram?" Engasguei quando ele me colocou de pé. Em seguida, ele rapidamente me pegou sob os joelhos e envolveu minhas pernas em volta de sua cintura. "Foram", disse ele, puxando-nos suavemente para águas mais profundas. "O que você está fazendo comigo?", ele perguntou, segurando meu rosto delicadamente enquanto decididamente não era tão delicado com meus lábios. Ele estava febril, fora de controle. Eu respondi a sua pergunta com ações. Totalmente apanhados no momento, nossos corpos moldaram-se um no outro, nossa pele aquecida mesmo quando


estávamos cercados por água fria. Felizes. Devassos. Desligados para o mundo. Tanto que nem notamos os estudantes do ensino médio ao longo da margem rochosa com as suas toalhas na mão... e sorrisos nos rostos.

"Entendi, senhora Montgomery, duas dúzias de biscoitos para o seu piquenique de quatro de julho. Você quer todos de cereja, ou... Ok, posso fazer alguns com mirtilo. Sim, isso é muito patriótico da sua parte. Cerejas e mirtilo, e eu vou colocar cobertura de baunilha em cima. Todas as cores da bandeira." Escrevi tudo, calculando quanto cobrar e quanto tempo precisaria para fazê-los. O bolo de cenoura da sra. Oleson tinha sido um sucesso, e o almoço das senhoras também. Todo mundo queria um pedaço de mim. Do meu bolo. Quando o sino tocou acima da porta da frente, olhei por cima do ombro e sorri quando vi Leo. "Lá está ela," sussurrou, vendo que eu estava ao telefone. Ele colocou suavemente alguns envelopes nas pilhas do contador, então apoiou as mãos no balcão e se levantou, me olhando enquanto estava prestes a iniciar uma rotina já natural para nós, descansando seus quadris contra a fórmica lascada. Inclinando-se, ele me deu três bicadas rápidas nos lábios, afastando-se apenas o suficiente para me ver sorrir, em seguida, olhar em volta pelo restaurante. Eu quase deixei cair o receptor quando seus lábios deixaram os meus e se concentraram no meu pescoço, me fazendo tremer deliciosamente. Meu pescoço continuou a receber esta atenção até que ele viu o recipiente de sobremesa vazio.


Ele olhou para mim de uma forma tão boba eu que tive que morder uma risada e escrevi "Guardei bolo de blueberry para você" no bloco de notas onde estava anotando o pedido da sra. Montgomery. Prazer rastejou em seu rosto como um nascer do sol. Ele era tão fácil. Levantei um dedo, indicando que só precisava de mais um minuto, e ele concordou. Ele olhou para dentro do mostrador de sobremesa e viu algumas migalhas e blueberries errantes. Com seu corpo equilibrado em um braço, ele abriu a porta e pegou as migalhas, sorrindo maliciosamente enquanto fazia isso. Ele começou a pressionar beijos açucarados ao longo da minha clavícula, fazendo-me inalar rapidamente, quase ofegante no receptor. "O quê, sra. Montgomery? Sim, eu estava ouvindo, desculpe. Havia... algo." Ele sorriu, desceu do balcão e sentou novamente exatamente na minha frente enquanto eu tentava manter uma conversa. Ele estava determinado a continuar me beijando. Ele riu e beliscou, lambeu e chupou seu caminho através do meu ombro até o oco da minha clavícula, antes de sua mão lentamente começar a descer pelo meu estômago. Com os olhos arregalados, eu balancei a cabeça negativamente. Também com os olhos arregalados, ele acenou positivamente a cabeça para mim. E então se inclinou e começou a beijar um caminho direto para a minha barriga, habilmente deslizando sob o meu avental e abrindo o zíper dos meus shorts. Ele colocou a mão dentro das minhas calças antes que eu pudesse ofegar, e agora estava inserindo-se também à minha conversa conforme se enfiava dentro da minha calcinha, e-oh! Deixei cair o telefone. Direito sobre a cabeça dele. "Bem feito!" Murmurei, tentando não rir conforme o assistia esfregar o galo que havia se formado.


Ele saltou para longe e recuperou os suprimentos que havia trazido, ainda sorrindo quando desapareceu na cozinha. Quando eu trouxe o receptor de volta ao meu ouvido, a senhora Montgomery estava perguntando a que horas devia pegar os cupcakes e o que no mundo estava me fazendo soar tão sem fôlego? "Desculpe, eu apenas deixei cair o telefone. Venha buscá-los pela manhã; estamos fechando mais cedo para o feriado. Adeus para você também." Ele tinha me excitado além dos meus limites. Assim que desliguei o telefone, fui na direção que Leo tinha ido, empurrando-o contra a máquina de gelo e beijando-o até que ele estava sem fôlego também. Eu também acariciei outro galo que estava se formando nesse exato momento.

Dez minutos mais tarde, eu ainda estava sem fôlego e decididamente brilhante. Nossa rapidinha havia chego ao fim comigo gritando um pouco antes da porta da frente abrir, anunciando a primeira chegada para a aula de cozinha zumbi número dois. Você nunca verá alguém endireitar um avental mais rápido em sua vida, confie em mim. E a campainha da porta continuou a tilintar à medida que mais e mais pessoas chegavam, alguns conhecidos e outros não. O que estava acontecendo? Parecia que minha aula era uma super balada onde todos queriam entrar. E quando eu comecei a contar quantas pessoas estavam aqui, senti uma sensação estranha no estômago.


Eu estava conquistando um espaço. Na cidade que eu jurei que não iria trabalhar novamente. E o pior de tudo, isso era tão... Estranho? Não inteiramente. Familiar? Na verdade não. Embora o cenário fosse familiar, este verão definitivamente não foi. Agradável? Possivelmente. Demais? Possivelmente. Rapidamente significando algo para mim? Oh, talvez! Eu suspirei. Não ajudou que minha mente ainda estivesse um pouco embaralhada pela nossa ‘desossa’ contra a máquina de gelo. Interpretando mal o meu suspiro, Leo beijou a ponta do meu nariz. "É totalmente normal ter borboletas no estômago, Ervilha". Da cozinha, nós espreitávamos através da janela da porta de vaivém. Nós precisávamos de um momento extra para recolher a nós mesmos. Afinal, ele estava dentro de mim há menos de dois minutos. Só de pensar nessas palavras me fez apertar.... Mmm... tremor. "Não estou realmente nervosa", eu disse. "Só não esperava tantas pessoas." A corretora de Chad e Logan, Mary, estava aqui com seu namorado, Larry. A sra. Oleson e a sra. Shrewsbury, do Senhoras Auxiliares, também. Eu reconheci algumas das estagiárias mais jovens da Fazenda Maxwell, e a mulher do mercado dos agricultores que eu tinha visto abanando-se com uma folha de alface e comendo Leo com os olhos. E um cara muito alto com cabelo preto ondulado e um cinto de couro, muito tatuado, muito carregado no departamento de músculos e parecendo muito desconfortável em assistir a uma aula confecção de conservas. "Quem é esse?", sussurrei.


"Qual?" "O cara Game of Thrones lá atrás." Apontei para alto, moreno e totalmente fodível homem. Leo olhou, então bufou. "Oh, ele vai adorar isso. Esse é Oscar, o produtor de leite ao lado." Eu o empurrei para fora do caminho e dei outra olhada. Ele era tão alto que quase bateu a cabeça no sinal de cerveja que pairava sobre a porta da frente. "Esse é Oscar?", perguntei, incrédula. "Sim," ele concordou. "O produtor de leite?" "Sim." Eu balancei a cabeça, observando como ele era jovem. Sem dúvida as atraídas por Leo agora estavam rindo estupidamente na presença de Oscar. "Foda-me, os outros homens dessa cidade não têm nem chance." "Perdão?", Perguntou Leo. "Esqueça isso." Abri e porta e entrei no restaurante. O que diabos eles tinham começado a colocar na água desde que eu tinha ido embora? Depois de receber todos, me apressei para separar tudo o que eles precisavam para fazer geleia. Como não havia estações individuais suficientes, dividi todos em duplas, como na Arca de Noé. Exceto Oscar. Ele havia sido convocado para a equipe do Chade e Logan, e parecia feliz em estar lá. Depois que tudo estava pronto, todos prestaram atenção em mim. "Olá a todos, e mais uma vez obrigada por terem vindo esta noite. Estamos fazendo geleia!" Deus, eu adorava ensinar!


"Não podemos beber primeiro?" Chad perguntou a Logan com uma risadinha. Eu lutei contra um sorriso. "Como vocês podem ver, eu não estava esperando tanta gente, então vocês estarão compartilhando os frascos. Da próxima vez terão mais. Vocês vão encontrar tudo que precisam na sua frente: frasco, funil, pectina, açúcar e suco de limão. Eu já lavei as frutas, esterilizei os frascos, anéis e tampas, de modo que vocês ficarão com todas as coisas divertidas. Para nossas atividades de hoje à noite, vocês têm à escolha deliciosos frutos frescos, cortesia desse cara aqui e da Fazenda Maxwell. Há amoras, framboesas e até mesmo groselhas." Aproveitando a sugestão, Leo colocou um braço em volta de mim e colocou uma groselha na minha boca. Oh. Demonstração pública de afeto - nosso segredo foi revelado! A verdade é que ninguém se importava, com exceção das estagiárias, que rapidamente deslocaram sua atenção na direção de Oscar. Quando percebi que a cidade não ia implodir só porque eu voltei para casa e estava conseguindo conquistar Leo Maxwell, percebi que havia algumas vantagens agradáveis em viver numa cidade pequena, afinal. Meu sorriso encheu meu rosto. "Ok, todo mundo, podem vir escolher sua fruta!"

"Talvez geleia não tenha sido uma boa ideia", eu disse, lavando as bancadas uma última vez. Xarope de blueberry estava em todos os lugares, e a turma ficou para ajudar a limpar - potes foram limpos, colheres foram penduradas em suas prateleiras e copos medidores foram colocados de volta em seus lugares.


"Você está brincando? Esta foi a coisa mais divertida que eu já fiz em anos", disse Logan, carinhosamente borrifando suco de amora-preta na camisa polo de Chad. Eu adoraria ver a coleção de polos em seu armário de verão. "Você se divertiu, Oscar?", perguntei. Ele estava na pia, limpando uma garrafa com uma escova, empurrando-a para dentro e para fora. Eu realmente gostaria de dizer que ouvi sua resposta, ou qualquer coisa que ele disse durante toda a noite além de "Olá, prazer em conhecê-la", mas seria uma mentira. Porque... ele era tão quente. Chad, Logan e eu, todos paramos para olhar enquanto ele empurrava a escova para dentro e para fora da garrafa. Deus misericordioso. Eventualmente ele vestiu sua jaqueta e acenou para Leo em seu caminho para fora da porta. O que significava que ele tinha parado de limpar. "Você sabe, senhorita Roxie, você poderia facilmente obter uma grana dando aulas na cidade." disse Chad. Isso me trouxe de volta para a Terra. Ganhar para dar aulas? Rodas começaram a girar e ideias começaram a surgir no meu cérebro, o ping passando pelas sinapses como uma máquina de pinball. Eu estaria mentindo se dissesse que esse comentário não deu início a uma lista mental de razões para ficar em Bailey vs. razões para correr gritando de volta para Los Angeles. Mas, uma aula semanal era uma marca sólida na coluna a favor da estadia. Podia levar algum tempo para estabelecer um público tão disposto em Los Angeles, especialmente uma vez que não havia previsão de quanto tempo o boicote culinário estaria em voga com Mitzi e sua tripulação. Leo estava assistindo, mas tentando ser discreto sobre isso enquanto continuava varrendo o chão.


"Eu vejo as engrenagens funcionando. Diga-me que você está pelo menos considerando?" Chad pressionou em voz mais baixa, levando-me para o canto para ter alguma aparência de privacidade. Meus olhos encontraram Leo, que ainda estava nos observando de perto. Ele ria de algo ou participava em outra conversa, mas eu poderia dizer que uma de suas orelhas estava sintonizada em nós. "Taaaaaaaalvez?" Batia minha mão sobre a boca de Chad antes que ele pudesse gritar. "Uau, Leo deve realmente ter um pé de feijão mágico na fazenda para levá-la a considerar ficar." Ele queria me provocar, mas eu recuei e verbalmente ataquei. "Esse não é o motivo! Quero dizer, sim, é uma coisa grande de verão, mas isso não significa que eu... Eu quero dizer... Só porque estamos juntos pelo verão não significa que... isso não significa... Porra!" O que quer que realmente fosse, também era o tipo de diversão que poderia acender rapidamente para algo mais além. Isso é o que meus instintos me diziam. Mas, considerando o gene de paixonite do qual eu nasci, eu não sabia se devia confiar em meus instintos. Independentemente da direção para a qual o meu coração me dizia para ir, eu geralmente corria para o lado oposto. Mas, e como ele estava se sentindo? Ele parecia estar gostando disso tanto quanto eu. E como eu, ele foi para o relacionamento com os olhos bem abertos. Já estávamos juntos há três meses. Mas o que aconteceria a seguir... "A quantidade de internalização que você está fazendo agora vai dar-lhe uma úlcera." Chad me deu um tapinha nas costas suavemente. "Não é algo que você precise decidir esta noite. Deixe para a próxima primeira aula", disse ele, rindo e se juntando ao resto do grupo.


"O que estamos fazendo na próxima semana, Roxie?", perguntou uma estagiária com expectativa, e o restaurante ficou em silêncio enquanto o grupo esperava pela minha resposta. Leo parou de varrer, segurando a vassoura sob o queixo quando se inclinou contra ela, esperando. Olhei para o balcão, espionando uma pilha de revistas de culinária que minha mãe ignorava em favor dos habituais pratos do menu. Na capa havia uma grande tigela azul cheia com linguini, mariscos e molho de tomate. "Estamos enlatando tomates", soltei, meus olhos em Leo. Que estava radiante.


Minha melhor amiga Natalie gemeu. "Sabe o que eu estou tendo agora?" Parecia que ela tinha a boca cheia de alguma coisa. "Adivinha". "A julgar pelo gemido, suponho que seja um grande e belo pau." Eu ri quando ela se engasgou. Ela tinha ligado no intervalo entre o café da manhã e almoço, e eu estava ansiosa para conversar com ela. Deslizei para o canto atrás do armário de casacos não utilizado para ter mais privacidade, equilibrando o telefone entre o ombro e meu ouvido. O restaurante estava mais ocupado do que de costume: a calmaria entre café da manhã e almoço estava ficando mais curta a cada dia. Nós sempre fechávamos no Quatro de Julho e ficávamos fechados também no dia cinco – era uma espécie de minibreak para a equipe. Eu estava aguardando ansiosamente para poder colocar os pés para cima e relaxar. Ou, talvez, colocar os pés para cima e ao redor de um certo homem de olhos verdes lindos. Mmm. Mas voltando à Natalie... "Idiota, eu poderia ter morrido. Morte por ensopado!"


"Natalie! Você está no House of Wong sem mim? Eu sou a única que deveria estar te chamando de idiota, idiota! Você sabe que é o meu lugar favorito e que você me provocaria assim! Eu estou tão ciumenta." "Garota, por favor, você já esteve em Bailey Falls por quantas semanas mesmo? E não pisou na cidade nenhuma vez. Eu não me sinto mal sobre isso em tudo. Ouviu isso?" Slurping. Ela não o fez. Ela não faria isso. "Você está tendo os bolinhos com a sopa?" Slurp. Slurp, glup. "Estou cansada de esperar que você traga sua bunda bonita aqui. O que diabos está acontecendo aí?" "Oh, você não tem ideia." Eu gemi, imaginando o navio de bambu preenchido com bolinhos de massa perfeitamente em forma, saborosa massa macia e um rico, não, lindo caldo. "Você ainda está pensando nos meus bolinhos de massa, não é?", ela perguntou. Eu sorri. "Pega. Você faz parecer tão sórdido". "Eu faço parecer solitário. Enfie sua bunda no trem e você pode estar na Grand Central em noventa minutos." "Eu ainda tenho serviço de almoço. Coloque sua bunda no trem e você pode estar em Poughkeepsie na mesma quantidade de tempo." Ela piou. "Sim, tá bom. Que diabos é que eu vou fazer aí?" Natalie sofria com a crença de Manhattan de que não valia a pena fazer nada fora de sua ilha. Normalmente eu concordava, mas... "Aqui também temos coisas para fazer. Não é tão ruim." Olá, da onde veio isso? "Coisas para fazer. Isso não explica o porquê eu estou desfrutando de um delicioso bolinho sozinha, e você ainda não me disse por que você não veio para a cidade para me visitar, também".


"Eu estive... ocupada." Me senti mal por não ser honesta com ela, mas como eu poderia ser quando não estava sendo totalmente honesta nem comigo mesma? Eu tive um dia de folga aqui e ali, e onde eu os tinha gasto? Sob e sobre um certo fazendeiro. "Eu não entendo. Eu sei que o restaurante deve ser desgastante. Mas eu sinto sua falta, Rox! O que está acontecendo?" "Agora não é realmente um grande momento", eu disse, assistindo mais e mais clientes chegando. O restaurante estava enchendo rapidamente. A cidade sempre teve um fluxo de visitantes nos fins de semana de férias. Os nova-iorquinos que não iam para os Hamptons fugiam para as montanhas para ter uma sugestão da vida no campo. Todos os negócios eram inundados então; Leo disse que os passeios ao redor da fazenda estavam com a agenda lotada por dias. Não pela primeira vez eu me perguntei quando ia vê-lo de novo. Nós conversamos sobre assistir a queima de fogos desta noite juntos, mas... "Você apenas deu um suspiro sonhador?" Perguntou Natalie com tom de provocação. "O quê?" Pensei por alguns segundos e percebi que sim, quando tinha pensado sobre Leo eu suspirei. Maldição, agora eu estava suspirando pelos cantos. "Você nunca acontecendo!"

suspirou

assim!

Diga-me

agora

o

que

está

Ah Merda. "Não é apenas o restaurante... Eu conheci alguém quando cheguei aqui. Estamos envolvidos." “Envolvidos? O que diabos isso significa?" "Isso significa que eu tenho alguém que estou vendo. Durante o verão. E... bem..."


Ela engasgou. "E... bem? Você nunca ‘e... bem’. É ‘preservativo, vuco-vuco e de volta ao trabalho’. Não posso crer que a ‘senhorita não tenho relacionamentos’ está se apaix-" "Fique quieta! Vou desligar na sua cara. Não coloque palavras na minha boca". "E o que ele está colocando na sua boca?" Escondi meu rosto em minhas mãos. "Oh, inferno." "Eu posso dizer o que estou colocando na minha boca. Um prato inteiro de bolinhos e sopa. Pegue o seu amor de verão, entre num trem e obtenha a sua bunda aqui!" "Ele realmente não pode sair durante o verão, ele é um... bem... ele é um..." Eu coloquei minha mão em volta do meu telefone e disse calmamente: "fazendeiro". "Ele é um o quê?" "Um agricultor", eu sussurrei. Quando ela finalmente parou de rir, me contou tudo sobre o agricultor com o qual ela se envolveu no ‘Mercado Union Square Farmers'. Fazendeiros eram o novo tipo de boy-magia, ao que parece. Eventualmente eu fui capaz de desligar o telefone, prometendo a ela que iria para a cidade assim que tivesse um tempo. Mas, por agora, eu tinha um jantar para fazer. Voltei para a cozinha, oferecendo um ‘toca aqui’ com Maxine quando passei, e ela felicitou-me por toda a boa mudança que estava acontecendo. Bom ser necessária.


"Eu não posso acreditar que você não quer ir ver o desfile. Quem não gosta de um desfile?", Disse Leo. Estávamos na cozinha da minha casa lavando os pratos depois do jantar. Eu tinha feito milho fresco na espiga no estilo de rua mexicano, com bastante pimenta em pó, sal e limão, pequenas batatas assadas com cebolinha fresca e creme de leite, e frango frito. Que não era apenas bom do tipo ‘lambendo os dedos,’ mas, aparentemente, era bom do tipo ‘lambendo-Roxie’. Depois da refeição, Leo havia declarado o meu como o melhor frango frito que ele já tinha comido e, em seguida, lambeu meu pescoço por um tempo. Eu não podia esperar para descobrir o que ele lamberia quando descobrisse que eu tinha feito torta... Agora nós estávamos discutindo as atividades da cidade para a noite, e minha falta de interesse nelas. "Eu gosto de um desfile, é só que fui a essa mesma parada a cada quatro de julho desde que eu era criança. Eu sei tudo que vai acontecer. A banda de escola secundária toca, as líderes de torcida torcem, a rainha do baile reina de seu carro de papel higiênico e o prefeito faz um discurso. Que é normalmente um pouco arrastado e acompanhado de sudorese pesada devido ao fato de que, a essa altura, ele já tomou alguns muitos copos. Geralmente de cerveja caseira do Sr. Peabody, o que é basicamente wisky em um copo de plástico. Os fogos de artifício explodem sobre a prefeitura, todos fazem oohs e ahhs, então as pessoas correm para chegar aos seus carros e estarem em casa antes da meia-noite." Coloquei o prato para lavar e balancei as sobrancelhas para ele. "Prefiro ficar em casa e desfrutar de alguns oohs e ahhs de um tipo diferente, se você sabe o que quero dizer." Ele prontamente guardou o prato que estava secando e parou atrás de mim. Suas mãos furtivamente enrolaram em volta da minha cintura, puxando-me perto de seu corpo. "Eu sei o que você quer dizer. E se você está pronta para os oohs e ahhs, eu estive pronto para comemorar o


aniversário do nosso país desde que você veio abrir a porta nesse sutiã de estrelas e listras." Ele bateu seus quadris nos meus, compartilhando sua ‘saudação’ com meu traseiro. "Como você sabia?" Perguntei, virando a cabeça para ver seu sorriso tímido. Eu tinha escolhido este sutiã especialmente para a ocasião, depois de espiá-lo numa vitrine na avenida principal. A loja de lingerie local era especializada em lingeries temáticas. Quer ter certeza de ganhar muitos presentes no próximo Natal? Eles vão conseguir para você uma camisola que parece com uma chaminé sexy. Quer que seus seios pareçam bolos de aniversário para alguém especial? Eles têm um sutiã para isso. Quer um par de cuecas com um arbusto colocado estrategicamente para comemorar o Dia da Árvore? Pode apostar. Mas eu tinha escondido o meu novo sutiã vermelho, branco e azul sob a minha roupa, planejando revelá-lo para Leo enquanto ouvíamos os booms distantes dos fogos de artifício da cidade. "Quando você estava debulhando milho mais cedo, o botão do meio se abriu. Eu vi tudo. E, a propósito, eu prefiro que todo o processo de debulhar milho a partir de agora seja feito nu, ou pelo menos sem o seu pijama. Porque, puta merda, digamos que é muito difícil ver você debulhar milho sem querer começar imediatamente com a ralação." Seus lábios estavam no meu ombro agora, empurrando a minha camisa de lado e expondo uma estrela e uma listra. "Você queria me ajudar a descascar?" "Vamos ser claros," ele murmurou, mordiscando-me um pouco. "Eu queria dobrar você sobre esse barril e descasca-la até que o milho estivesse espalhado em todos os lugares." Fechei os olhos para a imagem repentina de Leo, forte e nu, glorioso e nu, e também totalmente nu, empurrando em mim por trás enquanto eu me dobrava alegremente sobre um tambor de chuva, ao som de fogos


de artifício iluminando o céu noturno e com palhas de milho explodindo preguiçosamente por todo o quintal. Calor instantâneo floresceu e meus quadris arquearam para trás, buscando contato com qualquer coisa que se assemelhasse a uma espiga de milho. Quando uma de suas mãos deslizou sob a minha camisa, eu senti meu coração bater mais rápido e meu sangue correr alucinadamente pelo meu corpo. Meus lábios estavam solitários. Meus seios estavam pesados e cheios. Meus quadris sentiam necessidade de uma orientação muito específica, principalmente do tipo vai-e-vem. E outras áreas sentiam-se dolorosamente vazias. Eu inclinei minha cabeça para trás em seu peito. À medida que sua boca se movia contra o meu pescoço, o cheiro dele me cercou - bronzeado de sol, terra molhada e salgado. Eu olhei para baixo quando ele começou a abrir meus botões, e vi suas mãos no meu corpo. Grandes, fortes e um pouco sujas, a linha de sujeira embutida embaixo de suas unhas persistindo mesmo quando eu sabia que ele as esfregou antes de vir. Grosseiras e calejadas mãos que trabalhavam duro, mas que foram gentis quando deslizaram minha camisa dos meus ombros e deixaram-na cair no piso desgastado que foi usado por longos dias quentes e sujos. Eu queria a mesma coisa com ele. Longos dias quentes e sujos. E noites. Virei-me, deixando-me cercar por ele quando ele me encostou na pia. Seus olhos ardiam enquanto observavam meu sutiã vermelho, branco e azul, e então ele sorriu, percebendo que eu tinha planejado comemorar este feriado com ele do jeito mais sujo possível. "Olhe para você, Ervilha" ele sussurrou, levantando-me tão facilmente quanto poderia levantar um gatinho e me colocando sobre a borda do balcão, abrindo as minhas pernas com um movimento rápido. Ele rapidamente se colocou entre elas e as puxou em volta dele enquanto me equilibrava. Em seguida, com um dedo colocado exatamente no centro do meu estômago, ele me cutucou. E eu caí espalhando água por toda pia.


"O quê? Sério?" Eu gaguejava, pernas batendo e água voando por toda parte. Leo me segurou no comprimento do braço e apenas riu. Mas quando seus olhos encontraram os meus novamente, eles estavam menos travessos e mais luxuriosos. Suas mãos, que tinham me impedido de sair da pia enquanto ele ria, agora deslizaram sob a água, deslizando ao longo do interior das minhas coxas, debaixo dos meus shorts e"Você está molhada", observou ele, seu olhar aquecido. "Bem, sim", eu respondi, segurando a borda da pia enquanto seus dedos mergulhavam em mim. "E não apenas por causa da água." Ele se aproximou e um rubor subiu por mim quando me encontrei montando sua mão e balançando na pia. Minha respiração ficou presa. A paixão que estava sempre borbulhando sob a superfície agora estava pegando fogo, enviando arrepios até as pontas de todo o meu corpo. "Você sabia que seus olhos mudam de cor?", ele murmurou, seu olhar aquecido enquanto me olhava de perto, tão de perto. "Hmm?" Eu tentei manter os olhos abertos, mesmo que tudo que eu quisesse fazer fosse fechá-los e saborear estes sentimentos. "Eles mudam. Quando você está excitada." Seus dedos deslizaram dentro da minha calcinha. Minhas costas arquearam involuntariamente e eu segurei muito apertado na borda da pia. "Eu sei que eles mudam... de cor quando eu estou... frustrada... foda, isso é tão bom." "Eles normalmente são cor avelã, talvez um pouco de azul, talvez um pouco de marrom, mas quando estão verdes... mmm". Ele acelerou seus dedos. O que acelerou minha respiração. Ele se inclinou mais perto, pressionando os lábios contra o meu pescoço e beijando um


caminho para cima até um pouco abaixo da minha orelha, onde sussurrou: "Você sabia que eles ficam totalmente verdes? Logo antes de você gozar?" Eu gemi. Este homem me conhecia; me conhecia tão bem. Ele se afastou um pouco, me estudando. "Olhe para isso, eles estão ficando ainda mais verdes a cada segundo." Tudo que eu podia fazer era gemer com o ataque de sensações que quebravam através de meu corpo. Ele observou meus olhos enquanto seus dedos deslizavam pela minha pele até que eu estava quase gozando em sua mão. Mas antes que eu gozasse ele me puxou contra seu peito, ficando tão molhado quanto eu. Enquanto ele caminhava através da cozinha e saia pela porta de trás, minhas mãos imediatamente se prenderam nos seus cabelos, e eu lhe dei um beijo selvagem. Minhas pernas se envolveram em torno dele, mas antes que eu pudesse apertar ele me colocou de pé na frente do barril e me girou como um pião. "Essa é uma ideia muito boa para deixar passar." Ele arrastou meu short e calcinha pelas minhas pernas molhadas e, segundos depois eu ouvi o seu zíper. Mmm. "Segure do outro lado, Ervilha". Eu me dobrei, sentindo o ar da noite no meu traseiro nu. "Assim?" Perguntei, olhando para trás por cima do meu ombro e arqueando minhas costas. O que vi foi algo lendário. Leo, tirando sua camiseta. Seu tronco longo, magro e forte quando descartou a camiseta e, em seguida, abriu o botão da calça jeans. Que foi rapidamente empurrada um pouco para baixo, junto com sua cueca. Eu tremi quando o assisti rasgar o invólucro de preservativo com os dentes e, em seguida, vi sua mão desaparecer dentro de sua calça jeans. As borboletas em minha barriga voaram em mil direções ao mesmo tempo quando o vi


segurando-se em suas mãos, rolando o preservativo para baixo de seu comprimento e espessura. Agora, este foi desfile digno. Sua mão direita segurou-se na base e a mão esquerda escorregou pela minha espinha, acariciando a parte inferior das minhas costas e me empurrando mais contra o barril. "Abra as pernas um pouco mais, Rox, isso, exatamente assim", ele murmurou, a doçura de sua voz grossa. Prendi a respiração quando ele empurrou para dentro de mim. Ele deixou escapar o fôlego enquanto me penetrava, numa longa... e lenta... expiração. Quando ele estava enterrado lá no fundo, então, disse meu nome. Suas mãos correram pelas minhas costas - ele não estava se movendo dentro de mim ainda, apenas nos segurando juntos, com as mãos me acalmando e acariciando. Sua voz disse meu nome uma e outra vez neste lindo sussurro rouco, que era tão sexy quanto íntimo. Me senti, em uma palavra, adorada. Em seguida, uma mão fechou em torno do meu ombro e a outra agarrou meu quadril, e então ele empurrou. Parecia delicioso. "Deus, eu gostaria que você pudesse ver como está agora", disse ele, suas palavras caindo sobre mim. Eu arqueei minhas costas como um gato, empurrando de volta contra ele. Então olhei por cima do ombro mais uma vez, ficando ainda mais ligada pela intensidade que vi em seu rosto, no modo que ele mordia o lábio inferior enquanto empurrava e em como os nervos em seu pescoço apertavam conforme ele movia meu corpo com o dele. "Então descreva como eu estou agora." Minha respiração ficou presa na minha garganta quando ele me puxou poderosamente contra ele. O canto de sua boca se dobrou num sorriso doce. "Sua pele está brilhante, e não é apenas por causa da luz da lua." "Sim?"


"Toda vez que eu empurro em você, você empurra o quadril para trás, e Cristo, eu posso te sentir inteira ao meu redor." "Mmm-hmm." Eu suspirei, apertando-o com força e recebendo um gemido em resposta. "E foda, sua bunda parece fantástica assim." Ele me deu um tapinha na parte traseira e eu gritei. Não apenas em surpresa. "Devidamente anotado", ele murmurou, deslizando a mão pela minha espinha para enterrá-la no meu cabelo, torcendo-o em torno do punho. Puxando um pouco, meu pescoço arqueou, minhas costas arquearam e eu estava na borda, literalmente e orgasmicamente, especialmente porque sua outra mão deslizou debaixo de mim, parando logo acima de onde estávamos conectados. "Eu me pergunto de que cor estão seus olhos agora", ele gemeu, seus quadris acelerando, punindo, famintos, desesperados. Gemendo e me sentindo febril, eu podia sentir a bola de tensão pulsando através do meu corpo, as luzes piscando diante dos meus olhos e seus gemidos grossos atrás de mim. Meus olhos ficariam completamente verdes quando eu desmoronasse sob o céu noturno, com Leo duro e liso dentro de mim. Feliz aniversário, América.

"Ei, o que é isso?", Perguntou Leo. "Meu seio." "Eu estou ciente disso", disse ele, inclinando-se para soltar um beijo doce no meu peito. "Mas, o que é isso? A coisa grande nos arbustos?"


"Esclareça isso, por favor, ou eu estou correndo para dentro de casa e deixando-o lidar com qualquer coisa grande e assustadora que esteja nos arbustos." "Isso", disse ele, apontando para a coisa. "Oh, isso é o velho Airstream" eu disse, relaxando de volta em seus braços. Os quais, de repente, não estavam mais lá. "Um desses trailers velhos?" Ele já estava de pé, deixando meu peito sozinho. Resmungando enquanto abotoava minha camisa, eu o segui até a parte da frente do quintal, onde ele estava. "Wow, olha isso! Quanto tempo está aqui?" "Difícil dizer. Quando Nixon estava no poder?", respondi. Ele se virou de onde estava andando em torno do mato. "Tá de brincadeira!" "Eu nunca brinco quando um garoto está seminu", respondi, afetadamente segurando minha camisa fechada. Seus olhos percorreram todo o meu corpo de uma maneira superficial, quase como se, como menino, ele fosse incapaz de não olhar para uma garota seminua. Mas ele muito rapidamente voltou sua atenção para o trailer. Tentei não ficar ofendida. Afastando alguns ramos, ele bateu no metal. "Qualquer ideia da última vez que esteve na estrada?" "Ainda esperando por você para me lembrar de quando Nixon estava no poder", respondi. "Mulher. Você está me matando", ele gemeu, usando a lanterna de telefone para tentar olhar dentro. "As pessoas usam estes para todos os tipos de coisas, você sabe. Não apenas acampar." "Pode até ser, mas eu tenho certeza que muitos bichos estão acampando aí dentro por anos."


"Food truck." Ele se virou para olhar para mim, sua lanterna brilhando bem na minha cara. Temporariamente cega, eu transformar isso em outra coisa?"

fechei

meus

olhos.

"Você

quer

"Sério, Roxie, este poderia ser um food truck. Eles estão por toda parte estes dias." "Cara, eu sou de LA. Food trucks são muito comuns lá." "Cara", disse ele, de repente bem na minha frente, lanterna desligada. "Você é e esta em Bailey Falls. E eles não existem aqui ainda." Minha mente correu de imediato através do meu portfólio culinário, iniciando a triagem através de pratos que iriam funcionar num ambiente móvel. Em seguida, ela se mudou para o mercado dos agricultores – e para o estacionamento livre para food trucks. Dizem que quando uma ideia nasce, ela é como um flash que dispara sobre sua cabeça. No meu caso, foram os fogos de artifício da prefeitura. Que eu observei estourando na parte traseira da minha propriedade, onde um Airstream antigo brilhava à luz do luar em meio a décadas de mato de crescimento excessivo. E onde um agricultor, iluminado por estrelas e lantejoulas, vestia apenas seu jeans desbotado e um sorriso gigante. Daqui podíamos ver cidade como um cartão postal: luzes noturnas cintilantes, o Rio Hudson invisível no escuro, mas sugerido pela mancha mais escura no horizonte. E, sobre tudo isso, grandes toques de vermelho-fogo, branco e azul, e uma leve sugestão da banda da escola secundária, que mal podia ser ouvida. As mãos de Leo enrolaram-se em torno dos meus quadris, me firmando de pé na frente dele, de frente para os fogos de artifício, encarando a corrente de ar, a cidade. Eu permiti que a minha cabeça


caísse para trás contra seu peito, absorvendo o calor de sua pele. Com os braços cruzados na minha frente, um suspiro de contentamento escapou quando o queixo dele descansou em cima da minha cabeça. E, enquanto assistíamos os fogos de artifício e eu relaxava contra ele, percebi que o suspiro veio de mim. E que o contentamento era meu. E, apenas por um momento, eu permiti que minha imaginação corresse solta. Um food truck cheio de alimentos, como bolos à moda antiga. Uma fila em torno do bloco de clientes fiéis e prontos para fazer suas encomendas. E Leo, no final de um dia longo e duro, pronto para uma longa noite e dura. E eu tremi, embora estivesse muito quente no interior seus braços.


Eu dormi até as dez da manhã. Um feito inédito na história do sono da Roxie. Rolei, estendendo-me deliciosamente e estendendo a mão para Leo. Nós tínhamos ido dormir tarde, somente depois de observar os fogos de artifício durante a noite, enroscados na varanda dos fundos. Não havia escapado à minha atenção que, com Leo na minha cama, eu dormia mais tempo e mais profundamente do que tinha conseguido antes. Ele apenas se encaixava bem no cenário, então? Provavelmente, e o homem dava um ótimo orgasmo, também. Não era o orgasmo... Não, não era. Era apenas Leo. Que ocupava muito espaço na minha cama de solteiro. Que tinha mãos ásperas e pés frios, mesmo na noite mais quente, e cujos cabelos do peito faziam cócegas no meu nariz, algo terrível. E mesmo assim eu amei dormir com ele. De trás para frente, com a cabeça em seu peito, bunda para bunda - não importava, eu adorei. Minhas mãos tatearam em seu lado novamente, em busca de um punhado quente de Leo, mas ele se foi. Meus olhos se abriram, sonolentos, e eu vi que ele tinha me deixado um bilhete no travesseiro.


Ervilha, Meu coração disparou em ver meu apelido escrito. Por que era que tão emocionante? Enfim, de volta à nota. Ervilha, Tenho um dia ocupado hoje. Estou ajudando Oscar a mover algumas vacas para um campo novo, e depois vou substituir a pia da minha cozinha. Você sai aí pelas cinco horas do restaurante esta noite? Vou trazer-lhe alguns morangos... Leo P.S. Ansioso para te fazer ficar verde em menos de um minuto. Corei, pensando em todas as coisas que ele podia fazer para meus olhos mudarem de cor. E então corei de novo quando percebi que eu estava segurando a nota perto do meu rosto, como se eu fosse beijá-la. Rolei na cama, gritando como uma estudante com sua primeira paixão. Suspirei em seu travesseiro e respirei o traço persistente de seu cheiro. Rindo em voz alta, chutei meus pés no ar e percebi novamente que eu estava indo além de uma simples paixonite. Reli sua nota, ansiosa para ver seu apelido para mim de novo, e observei na parte inferior que ele tinha feito um pequeno desenho. Uma interpretação livre de um trailer Airstream, com uma menina de sorriso largo pendurada para fora da janela lateral. E uma fila de clientes que conduzia até ela. Um pensamento borbulhava em peito - o mesmo pensamento que tive na noite passada enquanto assistia os fogos de dentro do círculo dos braços do meu Almanzo. Meu Almanzo?


Eu persuadi o pensamento a retroceder. Um food truck. Eu poderia fazer isso? Poderia realmente decidir ficar aqui, em vez de voltar para Los Angeles? Não era mais uma possibilidade fora do reino do possível. Os bolos estavam certamente vendendo. Eu teria acesso a Leo e tudo o que isso implicaria. E eu gostava muito dele. Tombei sobre a cama, relendo sua nota pela quarta vez. Ele traria morangos. Eu poderia fazer uma torta de morango. Eu deveria fazer uma torta de morango. Eu tinha o dia de folga, já que o restaurante estava fechado. ...Estou substituindo a pia da minha cozinha... Eu nunca tinha visto a sua cozinha, e nunca tinha visto a sua casa. Já conhecia o caminho, embora; ele apontou para a rua lateral que levava à sua parte da propriedade uma vez, numa parte mais tranquila da fazenda. Hmmm. Eu poderia ir mais cedo, surpreendê-lo, fazê-lo escolher alguns morangos para mim e assar a torta enquanto o observava substituir a pia. Eu adoraria vê-lo segurando uma chave. De repente, a imagem dele se segurando na noite passada surgiu na minha cabeça, e eu tremi. Fui para o chuveiro, criando uma lista mental de tudo o que eu precisaria para cozer a torta surpresa. E qualquer coisa que eu não precisaria... como calcinha. Se Deus quiser. Duas horas mais tarde eu estava dirigindo pela estrada secundária, meu prato de torta favorito no assento ao meu lado, juntamente com todos os meus ingredientes. U2 estava no rádio, "So Cruel". Eu estava sorrindo desde que acordei, e perceber isso me fez sorrir ainda mais. Quando dirigi através dos portões para a fazenda, maravilhei-me mais uma vez com tudo o que ele tinha criado aqui. Eu estava começando a conhecer a fazenda, e pude ver as mudanças que tiveram


lugar desde que eu tinha estado aqui da primeira vez. Os feijões estavam subindo mais e mais em suas apostas, cheios, verdes e exuberantes. As linhas de alface foram dizimadas, como Leo tinha explicado que aconteceria quando o sol ficou demasiado forte para as culturas de tempo frio. Virei na estrada lateral, que se transformou em cascalho esmagado quando me aproximei de onde sua casa devia estar. As árvores estavam podadas agora, e eu podia sentir meu coração acelerar um pouco. Uma viagem só para ver Leo? Ao invés de empurrar o sentimento para baixo, deixei-o florescer um pouco. Felicidade simples floresceu então, e a parede que eu mantinha entre mim e sexo masculino ficava cada vez menor. Meus dedos felizes acompanharam a melodia no volante enquanto eu cantarolava feliz. Mais duas voltas pela floresta e eu pude ver uma casa começando a tomar forma. O jeep de Leo estava ao lado da casa, e meu coração sacudiu. Ele estava em casa! Parei ao lado de seu caminhão, do lado da casa, olhando para a bela construção. Era toda em pedra e tinha janelas grandes, portas encantadoras e uma enorme chaminé cutucando através do telhado. Não era grande, mas também não era pequena; era adorável, e muito Leo. E por falar no anjo, lá estava ele, descendo os degraus da varanda da frente, rindo. Ele sempre era rápido para encontrar alegria em qualquer situação, e eu me perguntei o que estava fazendo-o rir. Então, quando desci do meu Wagoneer, pude ver a fonte de sua diversão. Montada em suas costas, com cabelo louro e olhos cor de areia que combinavam com os dele, estava uma menina, seis, talvez sete anos de idade. Leo a levou a galope através do quintal da frente enquanto ela ria e gritava.


Bem quando eu estava tentando descobrir o que ia dizer, ele me viu, ali de pé com a minha boca, sem dúvida, bem aberta. Ele parou de rir. A menina não tinha entendido ainda o que estava acontecendo. Chutando sua lateral como se estivesse usando esporas, ela gritou alegremente: "Vai, Papai, vá!" Eu estava tão surpresa que nem percebi quando uma abelha grande e gorda chegou, voou por baixo da minha saia e me picou direito na porra da minha coxa. E isso doeu tanto quanto eu sempre achei que faria.

Para o registro, eu não corri. Dei um tapa na minha perna violentamente, matando a abelha e fazendo-a cair bem em cima do meu pé, onde ficou para todo mundo ver. Um mundo que incluía Leo e sua filha. Que estavam andando na minha direção agora. "Roxie", disse ele com uma voz suave. Eu tinha ouvido sua voz suave antes. A suavidade provocou um pânico que percorreu todo o meu corpo, e meu olhar caiu longe de Leo e sua filha - sua filha! Ele viu a abelha no meu pé justo quando a dor começou a florescer em algum lugar no meio da minha coxa. Duas grossas lágrimas se formaram nos meus olhos, e eu as deixei derramar pelo meu rosto antes que pudesse detê-las. "Eu fui picada", disse, sentindo as lágrimas escorregarem para baixo do meu queixo e no meu vestido. Eu tinha sido picada! Chutei a abelha, observando-a cair na grama. Era uma enorme abelha. E eu estava chorando? O que aconteceu? "Eu fui picada", eu repeti enquanto esfregava minha perna, tornando tudo pior.


"Você foi picada por uma abelha?" A menina perguntou, e eu olhei para aqueles olhos verdes familiares, borrados por causa das minhas lágrimas. Abelhas são idiotas! Por que ninguém me escuta?! "Sim", inalei, limpando meu rosto, que estava ficando mais quente a cada segundo. Leo parecia preocupado, mas também um pouco inseguro. "Deixe-me ver, deixe-me ver!", Ela disse. Leo se agachou e ela pulou de suas costas de forma praticada, em seguida, correu para mim e me olhou com expectativa. "Um, você quer ver a minha picada de abelha?", Perguntei, confusa. "Não, eu quero ver a abelha. Onde ela está?" "Oh." Eu apontei para a grama. Ela agachou-se ao lado do bicho, estudando-o com cuidado. Leo veio para ficar ao meu lado, seus olhos procurando os meus. Eu tinha tantas perguntas, mas agora tudo o que eu podia sentir era a dor. Na minha perna. "É uma abelha operária", disse ela com naturalidade. De repente, ela endireitou-se e se virou para mim com horror. "Você a matou." Surpresa por ter sido colocada na defensiva por uma pessoa tão pequena, respondi: "Sim, eu fiz. E daí? As abelhas não morrem depois de picar, de qualquer maneira?" Que diabos? "Nuh-huh, só as abelhas que recolhem o mel. Não havia nenhuma razão para matá-la". "Eu tinha uma razão," resmunguei e olhei para Leo, em busca de ajuda. Ele estava assistindo a nós duas, fascinado. Se foi a picada, a surpresa ou o fascínio eu não sei, mas meus joelhos se dobraram e de repente eu estava na grama, ao lado de uma abelha morta, uma criança de idade indeterminada me olhando com


desaprovação e um agricultor que escondia muitas surpresas atrás de seu rosto doce. "Merda", murmurei, em seguida, bati a mão sobre a minha boca. Leo ajoelhou-se, me deu um tapinha no ombro e se virou para sua filha. "Polly, este é minha amiga Roxie." "Oi," ela disse, olhando-me de cima a baixo. "Oi", eu disse através das minhas mãos. Leo sufocou uma risada. "Oh, que tal se nós te ajudarmos a se limpar?" Eu assenti. Polly assentiu. Leo tentou abafar outra risada.

"Tem certeza que isso é o que se deve usar? Não há outra coisa que realmente venha da farmácia? De preferência num tubo, e que diga: remédio para picada de abelha?" Eu estava sentada no balcão da cozinha ao lado de uma pia semi-instalada, e com a minha perna empoleirada nas costas de uma cadeira. Eu tinha sido picada na parte de dentro da minha perna direita, logo acima do joelho, e estava bem inchado. "Bicarbonato de sódio e água são as melhores coisas para uma picada de abelha," Leo acalmou, misturando a pasta com o dedo. "O bicarbonato de sódio neutraliza o ácido das picadas de abelha, por isso é a melhor coisa." Polly bateu seu dedo contra o lábio inferior. "A menos que seja um vespão, porque então você precisaria de vinagre. Você sabia que o ferrão do vespão e o veneno da vespa são alcalinos? O ácido no vinagre neutraliza o veneno."


"Eu não sabia" eu disse, sibilando quando o dedo de Leo espalhou a pasta sobre a minha picada. "Bicarbonato de sódio é bom para muitas coisas ao redor da casa. Você pode usá-lo para escovar os dentes, ou para limpar panelas e frigideiras. Papai usa o tempo todo. Especialmente nas mãos quando elas estão realmente sujas", disse Polly, enumerando os usos do bicarbonato. "É bom para cozinhar também", eu disse. "Você já viu massa de bolo antes de assar?" Ela assentiu com a cabeça. "A mãe da minha amiga Hailey cozinha o tempo todo, e às vezes me deixa lamber o batedor." "Ok, então você sabe como a massa vai para a assadeira toda grudenta?" Vacilei quando Leo deu um tapinha na minha perna. Ele murmurou: "Desculpe." "Sim", disse Polly. "E depois, quando sai do forno, esta mais alta, certo?" "Certo." "Isso é o que o bicarbonato de sódio faz num bolo: crescer e ficar fofo. Mas é alcalino, como a palavra que você usou antes." "E que eu sei o que significa", disse ela, revirando os olhos. Uau. Expectadora resistente. Olhei para Leo, insegura sobre como continuar com isso. "Polly, o que eu lhe disse sobre rolar seus olhos?" "Que é incrivelmente rude," ela suspirou, olhando na minha direção. "Desculpe por revirar os olhos, mas eu leio muito." Ela me estudou cuidadosamente. "Se você disser outra coisa que eu já sei, prometo que não vou rolar meus olhos." Leo tossiu. Seus ombros estavam tremendo um pouco, também.


"Certo, bem, é alcalino, então não tem um gosto muito bom. Se você já escovou os dentes com ele deve ter percebido. Portanto, se há bicarbonato de sódio numa receita, os outros ingredientes têm de encobrir esse gosto, da mesma maneira como o vinagre neutraliza a alcalinidade no veneno do vespão." Depois de me olhar por alguns momentos, ela disse: "Papai, eu posso ir brincar?" "Eu gostaria que se você desempacotasse suas roupas primeiro", disse ele. Ela pulou do balcão e começou a correr para a porta da frente. "Já fiz." "E separou a roupa suja em pilhas?" "Defina separar as roupas em pilhas", disse ela, e desta vez fui eu quem sufocou uma risada. "Montes de roupas brancas. Montanhas de roupas escuras. A definição de pilhas não inclui empurrar tudo para dentro do armário e cobrir com um cobertor." Ela dirigiu-se para as escadas. "Certo. Vou fazer isso." Conforme ela subia as escadas correndo, sua cabeça voltou a aparecer sobre o corrimão. "Sinto muito por sua picada de abelha, Roxie." "Obrigada, Polly." "Mas da próxima vez não mate a abelha, ok? Assim você acaba prejudicando as colônias" "-e então a terra. Sim, sim, eu sei," Terminei, revirando os olhos. Sob a minha respiração, eu disse: "Elas ainda são idiotas." Ela sorriu, desapareceu pelo corredor e, alguns segundos depois, ouvi sua porta fechar.


Sozinha, finalmente, me virei para Leo, que estava sentado lá com uma expressão divertida e um dedo pastoso. "Você pode escovar os dentes com isso, você sabe," eu disse, não encontrando seus olhos ainda e inclinando-me para inspecionar seu trabalho. "Eu sei." Ele também se inclinou para baixo. A pele em torno da picada ainda estava inchada, mas o fogo tinha começado a arrefecer sob a pasta de bicarbonato de sódio. "Como está se sentindo?" "Confusa. Você?" Minha voz tinha uma frieza que eu não gostei. "Confuso." Sua voz tinha a mesma frieza. "O que você está fazendo aqui, Rox?" "Eu vim para cozinhar uma torta e-" Oh meu deus! Os ingredientes ainda estavam no caminhão, no sol da tarde quente! "Merda, tenho que ir-" "Whoa Whoa Whoa, espere um minuto", disse ele, me impedindo de saltar para baixo do balcão. "Onde você pensa que está indo?" "Provavelmente há manteiga derretendo em todo o banco da frente!" Eu tentei, sem sucesso, saltar para baixo novamente. "Vai ser uma grande confusão." "Eu resolvo isso, fique aqui um minuto. Essa pasta precisa endurecer, ou vai escorrer por todo o chão." Ele olhou diretamente para a pasta pegajosa. "Não se mova." Deixei escapar um suspiro exasperado quando joguei-lhe minhas chaves, em seguida, fiz um grande show de não me mover. Exceto por meus olhos, que eu rolei. Um sorriso surgiu em seu rosto, e então ele se foi. E eu estava sozinha em sua casa. Com sua filha. Merda.


A tonelada de ocasiões em que ele poderia ter mencionado que tinha uma filha passou pela minha cabeça como um noticiário. No próximo bloco, apresentaram-se todas as ocasiões em que alguém na cidade poderia ter mencionado esta pequena surpresa. Sério, como poderia ninguém ter mencionado isso antes? E sua filha tinha acabado de desempacotar as malas, o que significava que ela estava longe. Com sua mãe? Leo era divorciado? Separado? Ainda casado? Pavor atingiu minha barriga enquanto eu me perguntava se estive dormindo com o marido de alguém. Mas não, Chad teria me dito se ele fosse casado. "Bleagh", murmurei, apertando meu estômago. Que bagunça do caralho. Tanto para um romance de verão. Basta perguntar a ele. Sim, eu faria exatamente isso. Mas agora eu me perguntava o que mais Leo poderia ter escondido. Agora que pensei sobre isso, parecia estranho que nunca tivesse vindo aqui antes. Tudo sempre tinha acontecido na minha casa. Ou no meu restaurante. Ou meu lugar especial de natação. Eu senti uma dor aguda no meu peito enquanto pensava sobre todas as coisas que tinha feito com Leo, imaginando se estava tudo acabado agora. Acalme-se! Certo. Eu respirei fundo, em seguida, olhei em volta. A casa era tão bonita dentro como era fora. A chaminé era o ponto focal de todo o nível mais baixo, com pedras empilhadas ao redor de uma linda lareira feita de tijolos de vidro verde profundo. Os ricos pisos de madeira eram de um tom castanho chocolate. Um dos dois andares da grande sala estava ancorado por estantes profundamente embutidas,


sofás confortáveis de pelúcia e cadeiras espalhadas em áreas de conversação. A cozinha, que estava cheia com aparelhos de alta qualidade e superfícies de trabalho feitas de concreto polido, era ampla e aberta; o tampo da ilha onde eu estava sentada era grande o suficiente para acomodar confortavelmente seis pessoas. O refrigerador Sub-Zero era grande o suficiente para armazenar alimentos para um ano, e estava coberto de cima a baixo com trabalhos escolares, testes, tarefas de casa e imagens desenhadas com lápis e canetinha. E fotos dos dois estavam por toda parte. Leo segurando uma pequena Polly, que estava enrolada num cobertor rosa, um chorando de forma clara e o outro absolutamente radiante. Leo segurando Polly pelas pontas dos dedos enquanto ela dava o que pareciam ser seus primeiros passos. Leo e Polly na fazenda, com as mãos enterradas no chão e um vaso de mudas ao lado, e uma pá saindo da terra. O rosto de Leo estava dividido por um largo sorriso em cada uma delas. Ele estava claramente na lua para sua filha, e com razão. Ela era linda. Então eu ouvi Leo entrar pela porta da frente. "A manteiga amoleceu, mas não muito. Geladeira?", Ele perguntou, carregando meus sacos e bandeja da torta. Eu balancei a cabeça. "Você ficou parada?", ele perguntou, de costas para mim. "Sim, eu fiquei exatamente onde me foi dito para ficar." Ele se afastou da geladeira, sua expressão aquecida desde que ele saiu. "Roxie, eu-" "Pai? Minha roupa está separada. Posso ir brincar agora?", Uma voz chamou do andar de cima. "Sim", ele respondeu, os olhos ainda em mim. Ele me ofereceu um sorriso tímido, e eu não pude deixar de sorrir de volta. Aquele sorriso sempre me derrubava.


"Eu quero ir ver os porcos, ver o quão grande eles ficaram enquanto eu estava fora... o que é isso?" Polly veio correndo escada abaixo, voou para a cozinha e agora estava olhando para as sacolas de ingredientes. "Roxie trouxe com ela. Algo sobre uma torta?", Respondeu Leo, olhando para mim com um brilho nos olhos. "Oh sim, uma torta." eu disse. "Alguém me prometeu morangos, então eu pensei em-" Polly explodiu: "Eu amo torta de morango. Eu posso ver você fazer isso? É difícil? Você faz sua própria massa? Às vezes, torta de morango tem ruibarbo, será que esta tem? Há uma lanchonete na cidade que faz torta de cereja, mas eu realmente acho a de morangos melhor. Papai tem uma nova variedade de morangos este ano, chamados de morangos açúcar mascavo. Eu não experimentei ainda, mas ele me disse tudo sobre eles. Você vai usá-los? Posso ajudar? Eu posso-" "Espere aí, Bisteca, você está falando a mil por hora. Vamos mais devagar, deixe Roxie acompanhar!" Leo interrompeu. Ele a chamou de Bisteca. "Acompanhar o quê?", ela perguntou, totalmente inconsciente. "Eu posso ajudar, você sabe. Afinal, já tenho sete anos de idade." "Bem, então, você está praticamente dirigindo" eu brinquei. Ela me olhou séria. "Eu não posso dirigir por mais nove anos." Eu pisquei. "Claro." Eu olhei para Leo pedindo ajuda, mas ele estava desempacotando minhas sacolas. "Espere - assar uma torta aqui obviamente não é a melhor ideia." "Por que não?", ele perguntou. "Por que não?" Polly ecoou.


"Hum, bem..." Eu olhei ao redor desconfortavelmente. "A pia! Não está funcionando, você não pode assar sem ter água corrente. Além do que..." Leo agarrou uma ferramenta, desapareceu debaixo da pia por trinta segundos, voltou e abriu a torneira. "Certo. Bem-" "Você precisa de morangos, certo?", disse Leo, levantando uma pequena bolsa no balcão e derramando os mais doces, mais suculentos e mais perfeitos morangos do mundo numa tigela. "Então, torta?", perguntou Polly, saltando um pouco enquanto batia palmas. Oh, pelo amor de Deus... "Então, torta," eu disse. O telefone de Leo tocou e ele ergueu as sobrancelhas. "Claro, vá em frente", respondi, descendo do balcão e testando minha perna. Ela mal parecia ferida. Leo tinha ido para outro cômodo, então eu perguntei a Polly, "Onde é que o seu-" meu Deus, eu não podia chamá-lo de papai. "Onde é que ele guarda as tigelas?" Ela estava muito feliz em me mostrar. Em minutos tínhamos uma linha de montagem na bancada: sacos de farinha e açúcar, copos de medição que eu trouxe de casa, uma tabua de corte e minha melhor faca. Eu decidi começar com a massa, e colocar Polly para trabalhar. "Você sabe como medir farinha?" Perguntei quando ela arrastou um banquinho até o balcão. "Eu sei frações." Ela não disse ‘duh’, mas ficou implícito. "Certo." Eu posso ter implicado um ‘duh’ também. Um ponto para ela, porém, por não revirar os olhos.


"Você pode me passar o avental pendurado ao lado daquele do papai?", ela perguntou, apontando para os ganchos na porta dos fundos. Ali havia, de fato, um pequeno avental e um grande avental. Só faltava um avental de tamanho médio para tornar essa a perfeita casa dos três ursos. Eu fui mancando até o avental, percebendo depois de alguns passos que eu não precisava mancar. O bicarbonato de sódio realmente tinha feito sua mágica. Desde que Polly estava me observando, eu transformei o coxear num pouco de dança. "Você sempre dança quando assa tortas?" Ela perguntou. "Você não?" Perguntei-lhe de volta, inexpressiva. "Eu nunca cozinhei antes." Ela pensou por um momento. "Eu gosto da dança da torta." Eu sorri e entreguei-lhe o avental. "Ok, aqui está o que vamos fazer. Eu vou te dizer o que se coloca dentro da tigela, e você vai medir. Eu vou cortar a manteiga, já que a faca é muito, muito afiada, mas você pode adicioná-la quando estivermos prontas. Combinado?" "De acordo", disse ela, animada. "Onde está a receita?" Eu apontei para a minha cabeça. "Está tudo aqui." Começamos a trabalhar e, depois de um tempo, tínhamos uma tigela cheia de morangos fatiados com um pouco de suco de limão, outra tigela cheia de farinha perfeitamente medida, sal e açúcar, e agora Polly estava adicionando meu corte uniforme de manteiga aos ingredientes secos. Ela questionou tudo: Por que tinha sal na massa de torta? Por que a manteiga precisa ser tão fria? Ela também parecia apreciar a forma como eu cortei cada cubo igual e em linha reta, todos do mesmo tamanho. Boa menina.


"Ok, agora amasse tudo com este batedor de massa. Ele vai misturar a farinha e a manteiga, e então nós poderemos adicionar a água gelada." "Água gelada? Numa torta?", ela perguntou. "Lembra-se do que eu disse sobre o uso de ingredientes frios para a massa folhada?" "Quanto mais frios os ingredientes, mais crocante a crosta", ela repetiu, com a minha inflexão exata e no mesmo tom. Eu tive que sorrir. "Como estamos indo por aqui?", Perguntou Leo, roubando um morango da tigela. Eu golpeei sua mão, fazendo-o rir. Enquanto comia a fruta, ele fez uma careta. "Porque estão azedos?" "Porque eu não adicionei o mel ainda. É por isso que você não pode dar uma mordida até a chef dizer que você pode." eu disse, estendendo a mão para um pote de mel local. Polly assistiu a tudo com os olhos arregalados, em seguida, voltou para sua massa. Seu pequeno pulso virou uma e outra vez na bacia, e sua língua espreitava para fora de sua boca enquanto ela trabalhava. De repente eu fui atingida por uma visão de Leo fazendo a mesma coisa quando estava carregando uma caixa da fazenda num sábado agitado. "As abelhas produzem o mel, você sabe. Tem certeza de que não está com medo?" Polly perguntou com um sorriso insolente. Eu senti meu rosto esquentar. "Pode parar de fazer piadas com Roxie, Bisteca", disse Leo. "Peça desculpas." Ela olhou para a tigela. "Desculpe," disse, com voz mansa.


"Não é grande coisa", eu respondi, chuviscando um pouco de mel sobre as frutas. Depois de mexe-los um pouco, eu falei para Leo, "Experimente de novo, veja o que acha agora." Ele fechou a boca em torno de um morango. "Mmm." Minhas bochechas se aqueceram novamente. A última vez que o ouvi dizer mmm, ele estava degustando algo completamente diferente. "Meus braços estão cansados. Está quase pronto?", perguntou Polly, esfregando seu ombro. Olhei por cima do ombro para a tigela. "Parece muito bom. Consegue ver como aqueles no canto são do tamanho de ervilhas?" "Não há cantos em uma tigela, é um círculo." Ela deve ter pego um olhar de Leo então, porque mudou de tom. "Oh sim, tamanho de ervilha. Entendo." "Deixe tudo do mesmo tamanho e nós poderemos ir em frente." Eu comecei a arrumar a cozinha. "Um bom cozinheiro sempre limpa antes de sair." Ganhei um grande sinal de positivo do Leo. Ele parecia mais relaxado do que estava antes, mais à vontade em ter-me em sua casa e em torno de sua filha. Eu desejei me sentir da mesma maneira. Exteriormente eu estava calma, mas por dentro eu ainda estava tentando rebentar pelas costuras. Processando. Pensando. Adivinhando. Imaginando. E, com Polly concentrada em seu trabalho, Leo e eu tivemos uma conversa silenciosa do outro lado do balcão. Que diabos? Disse meu rosto. Mais tarde, ele respondeu com seu rosto. Oh, você pode ter certeza disso, minha cara assegurou.


Seu rosto respondeu com um podemos conversar mais tarde ou com podemos foder mais tarde. Estranhamente, os dois pareciam o mesmo. Nesse meio tempo, no entanto, eu tinha uma sete anos de idade na cozinha, e uma torta para terminar.

No final, uma torta foi feita. Polly era boa com um rolo, e quando a massa rasgou um pouco, o que era normal, ela ouviu pacientemente enquanto eu ensinava a ela como molhar os dedos, beliscar e alisá-la de volta junta. Ela perguntou se quando isso acontecia era um bom momento para dançar, e eu concordei. Por isso, parei por trinta segundos para uma pausa de dança improvisada, para grande deleite de Leo. Polly não entendia por que ele ria tanto, e disse-lhe: "Papai, dançar ajuda às vezes." Como ele poderia argumentar com isso? Ele ficou em segundo plano, principalmente respondendo a telefonemas. Eu estava ficando com a sensação de seu dia foi inesperado e me perguntava, pela milionésima vez, onde Polly tinha estado, e por que ela apareceu de repente. A nota que ele deixou na minha cama esta manhã dizia que ele estaria movendo vacas, colhendo morangos e me fazendo ficar verde. Em nenhum lugar ele mencionou filhas chegando. Após levar a torta ao forno, Polly saiu para brincar, parando apenas para um tímido agradecimento por deixá-la me ajudar a cozinhar. Agora, sozinha na cozinha com Leo, talvez eu pudesse obter algumas respostas. "Eu estou com fome, você está com fome?", perguntou ele, virandose e remexendo na despensa. Respostas não chegariam ainda, aparentemente.


"Eu não tenho tanta fome quanto estou confusa." "Confusa?", ele repetiu, parecendo estar determinado a fazer-me dizer tudo. A colocar minha merda para fora antes que ele explicasse. "Confusa, como: que diabos, Leo? Por que você nunca me disse que tinha-" A porta da frente bateu. "Podemos descer e ver as galinhas? Eu quero ver se elas lembram de mim." Polly veio correndo para a cozinha e parou, pouco antes de olhar para mim. "Quero dizer, quando a torta estiver pronta, é claro." Eu conhecia o meu limite, e tinha acabado de alcançá-lo. "Você sabe o quê, eu acho que vou embora agora. Não se preocupe, o temporizador está definido e, lembra-se do que eu disse sobre ver o suco borbulhando? Quando o temporizador se apaga, se a torta estiver borbulhando, ela está pronta para sair. Se não, basta dar-lhe mais alguns minutos. Você pode ajudá-la a verificar o borbulhar, Leo?" "Rox-", ele começou. Eu me virei para a porta. "Eu vou pegar minhas coisas mais tarde. Prazer em conhecê-la, Polly." Tudo o que eu queria era ficar, mas corri para fora da porta, dirigime para outro lado do gramado e sai do estacionamento rapidamente. Considerando tudo que tinha acontecido, eu pensei que tinha lidado com isso muito bem. Até que percebi que tinha esquecido minha bolsa. Acelerei até o limite de velocidade. Não havia nada que me fizesse voltar agora.


Bati a panela para baixo sobre o fogão. Minha faca cortou com raiva através da manteiga. Joguei um pouquinho ou dois na panela, ouvindoa chiar instantaneamente. Droga. Eu adicionei azeite, rodei os dois juntos, em seguida, joguei um pedaço de chuleta na panela quente. Deixei dourar de um lado enquanto cortava a salsa como se ela tivesse feito algo pessoal para mim. Droga. Eu ouvi o chiado da carne, confiando em meus ouvidos para dizerme quando era hora de virá-lo enquanto assassinava a salsa. O ritmo familiar de cortar me distraiu dos pensamentos que estavam rolando dentro do meu cérebro como bolas de boliche descendo em direção a pinos muito firmemente arraigados. Pino 1. Não se envolva.


Pino 2. Aproveite o pênis. Não envolva nenhum outro órgão. Pino 3. Relacionamentos são para otários. Veja a sua mãe. Pino 4. Apaixonar-se é uma porcaria. Ei, ei, peraí. Apaixonada? Quem falou isso? Eu escolhi mentalmente a bola de boliche mais pesada e a joguei pela janela de vidro na pista de boliche em minha mente. Merda! Depois que tinha deixado a casa de Leo, eu voltei para casa, circulei a entrada de automóveis e voltei para a cidade, direto para o açougue. Pedi pelo o maior e mais belo corte que tinham. Consegui um pedaço de chuleta perfeito. Raspei minha salsa numa tigela e comecei a pulverizar um dente de alho perfeitamente inocente. Inocente, minha bunda! Vamos ver o que você está escondendo. Eu bati e bati o alho, e então parei para acrescentar uma pitada de sal kosher no molho que estava feliz por não ser o objeto do minha... raiva? Eu estava com raiva? E porque esse molho estava torcendo o nariz para mim? Eu o refoguei em azeite de oliva, espremendo um limão ao longo de toda a mistura até que gritei: "Foda!", em seguida, mexi o melhor ate o ponto de esquecimento. Tudo para evitar sentir a... A carne esta pronta! A deixei descansando na tábua de corte, cobrindo-a com papel alumínio enquanto procurava ao redor da cozinha por algo mais para massacrar. Tomates. Oh, olhe para os tomates. Colhidos manualmente de plantas nutridas no solo perfeitamente lavrado por descolados fazendeiros barbudos, na terra do leite orgânico


e das abelhas idiotas, onde todo mundo estava feliz e em harmonia com a terra e todo mundo era sustentável e envolvido no movimento slow food de comida... local. Foda-se o local. Eu tinha fodido o local, e veja onde isso me levou. Irritada/não irritada, ignorada/não recebi uma ligação ou mensagem de texto, sentimental/não sentindo nada, confusa, traída, e ligeiramente... usada? Peguei os tomates malditos por seus cabinhos estúpidos, quase arranquei a porta de suas dobradiças e os joguei tão longe quanto podia através do quintal, explodindo-os através do emaranhado de cipós para respingar contra o Airstream. "Boa pontaria." Merda! O último tomate na minha mão virou gazpacho13. Me virei para encontrar Leo de pé ao lado da casa, e tive que resistir a dois impulsos simultâneos: o de esmagar o tomate em seu rosto e, em seguida, lambe-lo. Eu escolhi não jogar nada, optando por ser calma e neutra. "O que você está fazendo aqui, Leo?", perguntei, jogando o tomate destruído em alguns arbustos e espreitando para dentro de casa, sabendo que ele iria seguir. Quando lavei e sequei minhas mãos, estava surpresa com o quanto elas estavam tremendo. Tanto para tentar parecer neutra. Eu podia sentir seus olhos em mim enquanto me movia em torno da cozinha e, evitando seu olhar, arrumei e empilhei pratos que não precisavam ser arrumados ou empilhados.

Gaspacho ou caspacho é uma sopa fria à base de hortaliças, com destaque para o tomate, o pepino e o pimentão, muito popular no sul de Portugal, no sul de Espanha, bem como no México e outros países centro-americanos. 13


Ele não respondeu minha pergunta, então eu finalmente olhei para ele, levantando as sobrancelhas. Seu rosto estava cauteloso, tingido com algo que parecia um pouco como... esperança? Eu me preparei. "Eu queria falar com você", ele finalmente respondeu, vendo como descobri o bife que estava descansando. Eu peguei uma faca e comecei a corta-lo. "Então, fala." respondi, organizando o bife num prato e chuviscando a mistura de salsa e limão sobre ele. De jeito nenhum eu ia começar a conversa. Eu não estava jogando minha mão até que tivesse visto o que mais ele podia ter na manga. Ele disse: "Você correu para fora de lá tão rápido esta tarde que eu não tive a chance de-" "Eu estive aqui durante semanas, Leo, semanas! Você nunca pensou, sequer uma vez, em mencionar que tinha uma filha?" Enfiei um pedaço de bife na boca e o mastiguei, furiosa. "Como, ‘hey, Roxie, pegue aqui alguns desses morangos que você gosta, minha filha também os ama’, ou ‘Obrigado por me mostrar esse lugar de natação; vou ter que trazer Polly aqui algum dia’, ou ainda ‘Hey, Roxie, antes que eu te foda sem sentido, já mencionei o fato de que eu tenho uma filha?’" Eu cortei o bife com tanta força que metade dele saiu voando para o chão, e a outra metade riscou o prato. Pisquei para Leo, que usava uma expressão que eu imagino que só alguém que acabou de levar tapa poderia usar. "Você está brincando, certo?", ele perguntou suavemente. Eu escavei a metade restante do meu bife, o mastiguei e engoli como uma vingança. "Não sei por que eu estaria brincando sobre isso, Leo. Você mentiu para mim." "Eu nunca menti."


"Você quer discutir semântica? Uma mentira por omissão ainda é uma mentira." Peguei uma mordida grande de bife. Leo esfregou as mãos pelo rosto como se não pudesse acreditar no que estava ouvindo. "Será que você realmente só usou Bill Clinton contra mim?" "Chame do que você quiser. Mas você e eu sabemos que você optou por não me contar sobre sua filha, e de eu onde venho-" fiz uma pausa para deglutição "isso faz de você um mentiroso." "De onde eu venho isso não faz de mim um mentiroso. Faz-me cauteloso sobre quem eu confio com a minha família", ele respondeu de maneira uniforme, cruzando os braços e encostando-se no balcão. Antes que eu tivesse a oportunidade de responder, ele olhou diretamente através de mim. "E nós dois sabemos que você deixou bem claro desde o início que não queria nada comigo além deste verão." "Eu não fiz... isso não é... você faz soar como..." Eu balbuciei, tentando formar uma frase. "Você fez, é, e é exatamente o que parece", ele respondeu. "Você concordou! Eu perguntei, e você concordou! Nós dois entramos nisso sabendo exatamente o que era, e não tivemos realmente um grande momento?" Eu rebati, chutando a minha cadeira de volta em seu lugar e despejando meu prato na pia. "Isso, o que esta acontecendo agora, é a exata razão pela qual eu não me envolvo." Eu olhei para a pia. O cômodo estava em silêncio, exceto pelo pingapinga a partir da antiga torneira. Em seguida houve um barulho, e depois os cabelos na parte de trás do meu pescoço ficaram arrepiados. Porque ele estava atrás de mim, e minha pele traidora e estúpida o conhecia o suficiente para ficar feliz.


"Naquela noite que você me fez o jantar, aqui, com a beterraba, lembra? O que você me disse então?", ele perguntou em voz baixa, sua boca há apenas polegadas da minha orelha. "Eu lhe disse muitas coisas," respondi, tentando como o inferno resistir à memória muscular que estava doendo para me fazer inclinar a cabeça para trás, sobre seu peito, que eu sabia ser firme e forte. "Você me disse que o amor era confuso, doloroso e emocionalmente desgastante." Eu estremeci ao ouvir minhas palavras jogadas de volta para mim. Mas então ele continuou. "Você se lembra da primeira noite que eu tive você, na varanda?" A memória veio tão rápido que um gemido estava fora da minha boca antes que pudesse detê-lo. Leo, forte e bonito, deslizando para dentro e para fora de mim, olhando para mim com algo parecido com admiração. Eu balancei a cabeça, mordendo o lábio para me impedir de gemer novamente. Suas mãos estavam nos meus lados agora, o seu calor ao meu redor. "E que eu lhe disse que tinha sido um longo tempo para mim?" Eu me lembrava. Naquela primeira vez ele tinha sido frenético, furioso e incrível. E então me fodeu novamente no andar de cima, desta vez lento e seguro, com mais do mesmo incrível. Eu balancei a cabeça novamente, perguntando-me onde isso estava indo. "Minha filha tem sete anos," ele sussurrou, seus lábios quase tocando minha orelha. Minha testa enrugou. O que isso tem a ver com... oh. Oh, agora, espere um minuto. Ele não podia... oh. Merda! Me virei confusa, mas não tanto quanto admirada.


"Você quer dizer que você não tinha... Não desde que... Sério?" Perguntei, minhas mãos se apoiando automaticamente em seu peito, olhando-o nos olhos. "Mas isso é... Você é tão... Isso é criminoso!" "Criminoso?", perguntou ele, o canto de sua boca levantando um pouquinho. Eu bati em seu peito para dar ênfase. "Você já viu a si mesmo? Mais ao ponto, você tem fodido a si mesmo?" E isto, senhoras e senhores, trouxe à mente imagens que me manteriam aquecida nas noites frias de inverno pelo resto da minha vida. Para não mencionar o calor que deflagrou em seus olhos. Senti meu próprio rosto em chamas, e sabia que estava perdendo credibilidade aqui. "Eu só disse... Inferno. Eu não sei o que quero dizer." Dei um tapinha em seu peito distraidamente, me deleitando com a sensação dele. "Eu acho que a pergunta é: por quê?" "Por que eu não tinha feito sexo em tanto tempo? Ou por que não contei sobre Polly?", perguntou ele, com os braços ainda em ambos os lados do meu corpo. Uma mão acariciou facilmente meu quadril, estabelecendo-se ali, seu polegar ainda acariciando a pele exposta. Me emocionou sentir suas mãos sobre mim mais uma vez. E me assustou além da crença que suas mãos pudessem me emocionar assim. Será que eu teria coragem suficiente para superar tudo isso? "Responda os dois", arrisquei, minhas mãos já não dando tapinhas, mas alisando, calmantes. Tocando só porque eu podia? Ok, vamos logo com isso. "Eu vou responder a ambas; elas estão realmente ligadas. Mas é uma grande história... você está pronta para isso? É sobre todas as coisas que você diz que não gosta: Confuso, doloroso...", ele bateu seus quadris nos meus "...e emocionalmente desgastante"


Ele estava me dando uma escolha aqui. Não só de ouvir sua história, mas para dar o próximo passo com ele. Para ouvir a sua história e deixá-lo entrar. Para ouvir a sua história e ele confiar em mim com ela. Será que eu podia lidar com isso? Eu mordi meu lábio. Ele acariciou meu quadril. "Ok", eu disse cuidadosamente, em seguida, dei um beijo no centro de seu peito. "Vamos ouvi-lo."

Nós nos sentamos na varanda da frente em extremos opostos do sofá de vime, separados por um travesseiro que ergui sem querer entre nós. Provavelmente não era a maneira mais receptiva para ouvir sua história, mas eu precisava desta pequena distância. Emoções fortes eram exaustivas. Agora eu entendia porque, quando as minhas amigas reclamaram sobre como os relacionamentos eram estressantes, elas diziam que estavam cansadas de todo vai-e-vem de discussão e sensação de desilusão. Frustração, orgulho... sendo sempre tão determinada, eu conhecia esses sentimentos por dentro e por fora. Mas as emoções de estar envolvido romanticamente com alguém? Eu não tinha nenhuma ideia, exceto com os relacionamentos da minha mãe e, portanto, determina a me esquivar. Depois de certificar a Leo que ia ouvi-lo, fui direto para o scotch, e ele aceitou minha oferta de uma dose. Então, aqui estávamos nós com nossos copos de scotch, aguardando Leo me contar sua história. "Eu nasci em Manhattan, Lenox Hill hospital.” "A pobre criança rica?" Eu simplesmente não pude evitar.


Ele sorriu, mas arqueou uma sobrancelha. "Você concordou em ouvir minha história, não enfeitá-la." Eu serrei meus lábios, trancando-os e, em seguida, jogando a chave por cima do meu ombro. Eu tive que pescar no meu bolso uma segunda chave, entretanto, para destravá-los e poder tomar um gole de água, se ficasse com sede. Ele assistiu tudo isso com uma expressão divertida, então esperou por mim para se instalar. "Já terminou?" Eu balancei a cabeça. "Continua". Ele fez. Ter nascido numa família de extremo privilégio trouxe suas vantagens óbvias, mas também um lado da vida que eu nunca tinha pensado muito. "Para qual escola primária você foi?", ele perguntou. "Bailey Falls East Elementary". "E por que você foi para essa escola?" "Porque nós vivíamos mais perto de Bailey Falls East Elementary". "Mm-hmm. Fácil. Simples. Não aconteceu o mesmo comigo. O nome Leopold Matthew Maxwell estava na lista para Dalton duas semanas depois que eu nasci. Extraoficialmente, mesmo antes de nascer, já havia um bebê Maxwell na lista. Durante toda a minha vida eu fui criado com as melhores coisas que a vida particular tinha para oferecer. Quando chegou a hora para a faculdade, não havia dúvida sobre para onde eu iria." "Adirondack Community College?", perguntei, ganhando um sorriso. "Meu pai foi para Yale, meu avô foi para Yale e... adivinha para onde meu bisavô foi?" "Adirondack Community College?" Repeti.


Ele me deu um olhar chocado. "Como você adivinhou?" Então coçou o queixo, pensativo. Eu podia ouvir o roçar de sua barba contra as pontas dos dedos, associando aquele som com Leo e seu cabelo loiroareia lindo. "Meu bisavô era, inclusive, um estudante legado: nós Maxwells tivemos seis gerações em New Haven”. "Tudo foi prefixado. Festas, viagens, férias ao redor do mundo. Houve um tempo que eu estava em todas as atividades que meus familiares estiveram. E as meninas, elas estavam por toda parte. Eu era um idiota naquela época. Meninas e mulheres queriam um pedaço de mim, e eu estava muito feliz em dar-lhes um. Meus amigos eram todos exatamente como eu: apenas atravessando os movimentos, apreciando o estilo de vida extremamente fácil até poderem seguir o negócio da família na vida real. E você sabe qual era a definição de 'vida real' para nós? Dos caras que eu fui para a escola e faculdade, há pelo menos três congressistas, quatro CEOs, um embaixador e um apresentador de talk show político muito importante na CNN." Eu joguei para trás o último gole da minha bebida. Minha cabeça estava começando a girar. "Ok, então, você viveu a vida de um menino rico, isso eu entendi. Mas quando foi que você saiu do trem? Onde você se desviou?" "Engraçado você mencionar isso", disse ele com um olhar triste. Condorme ele continuava, o retrato da vida encantada começou a ter um viés um pouco mais escuro. Depois que ele se formou em Yale, ele foi trabalhar para o seu pai, enquanto perseguia simultaneamente seu MBA. "Eu estava aprendendo um pouco de tudo, tentando encontrar meu lugar dentro do sistema. Cada geração da minha família tenta tudo, trabalha em quase todos os setores de nossa empresa antes de encontrar seu nicho particular. Eu saltei em torno de mais do que a maioria. Não era como se eu não tivesse apreço pelo que minha família


tinha construído. Mas nada estava tocando quaisquer sinos para mim. Nada era interessante para além do salário. Eu estava mais interessado nas festas, em desfrutar da boa vida que, francamente, eu não merecia. Mas tente dizer isso a um garoto de vinte e três anos de idade e veja o que acontece." Eu empurrei o balanço, mantendo o movimento calmante enquanto ouvia a história de Leo - as festas, as mulheres, o sexo. Eu não podia dizer que estava pronta para declará-lo um pobre menino rico, mas certamente parecia haver uma pressão advinda da extrema riqueza na qual ele tinha nascido. Ele realmente trabalhou em diversos setores da empresa de sua família, embora estivesse claro que, quando seu sobrenome é Maxwell, esse não era um duro trabalho de quarenta horas semanais. Quarenta horas, pfft. Minha mãe trabalhou de cinquenta a sessenta horas semanais durante toda a minha vida, e ainda assim foi muito difícil. "Se lembra da crise financeira de alguns anos atrás? Todos esses empréstimos hipotecários, todos esses arrestos, todas aquelas pessoas que perderam suas casas porque não podiam pagar suas dívidas?" "Eu com certeza lembro. Minha mãe quase perdeu esta casa", eu respondi, e vi como ele estremeceu. "Ela estava namorando um cara que a convenceu a refinanciar a casa. Mas ela não pensou que o empréstimo certamente ia durar mais do que o relacionamento. Ela ficou completamente surpresa quando os pagamentos aumentaram algo sobre uma taxa ajustável?" "Sim, toneladas de pessoas se deram mal em novos empréstimos denominados ARMs: Hipotecas de taxa ajustável." "Tivemos sorte. Conhecíamos o presidente do banco local, e eles foram capazes de fazê-la voltar para o empréstimo original, embora ela tenha perdido uma tonelada de suas economias para fazer isso." Eu


parei de balançar. "A sua família estava envolvida nesse tipo de operação bancária?" "Minha família está envolvida em todos os tipos de serviços bancários. Minha família é bancária." Ele parecia chocado. "Então, sim, estavam." "Sim. Claro que sim. Você sabia que existem, provavelmente, menos de vinte pessoas no mundo que podem realmente explicar o que aconteceu de errado, que bagunça foi feita e o efeito que teve sobre tudo? As estatísticas, as teorias matemáticas avançadas que precisam ser empregadas para realmente entender o que aconteceu e como verdadeiramente fodido foi são surpreendentes". "Eu não preciso entender a matemática para saber que foi fodido. Minha mãe estava pensando em se mudar para o restaurante. Eu entendo." Eu comecei a balançar de novo, meu pé com raiva chutando na varanda, mantendo o ritmo. "Eu comecei a pensar duas vezes sobre o negócio da família então, sobre o quão completamente ligado a tudo ele é, e o que realmente representa. E mais ou menos nessa época, quando estava começando a questionar o meu lugar dentro da empresa, conheci Melissa." É incrível a rapidez com que uma opinião pode ser formada. Tudo o que eu sabia sobre essa mulher era o seu nome, e já estava instantaneamente em guarda. Eu tive uma reação quase física ao som do nome de outra mulher saindo da boca de Leo - o que me disse mais sobre meus próprios sentimentos do que eu gostaria de admitir, pelo menos no momento. Eu mantive o balanço, precisando do ritmo. "No começo ela foi apenas outra menina, uma de muitas. Melissa tinha acabado de chegar ao grupo onde eu estava trabalhando no momento, e quando começou a estar nos mesmos lugares que eu uma atração aconteceu. E então outras coisas aconteceram. E, conforme eu a conhecia melhor, ela parecia... hmm", ele fez uma pausa pela primeira


vez em sua história, parecendo quase perdido em pensamentos. "Diferente. Ela era diferente de todas as outras. Ela veio para Nova York de uma pequena cidade em Wisconsin, e num primeiro momento não ficou babando sobre todo o dinheiro e os sobrenomes. De qualquer forma, nós começamos a namorar, depois ficamos ainda mais sérios e, simples assim, eu me vi apaixonado por ela. Apresentei-a aos meus pais, parei de sair com qualquer outra pessoa e nos tornamos exclusivos." Ele fez uma pausa para olhar para mim com cuidado. "Você está bem?" "Por que eu não estaria bem?", perguntei. "Você está prestes a nos derrubar do balanço", disse ele. Então eu notei pela primeira vez a quantidade de força que empreguei para movimentar o balanço. Meu corpo teve uma reação muito definida a esta Melissa. Arrastando um pé, passei lentamente a um ritmo normal. "Me desculpe por isso. Você e Melissa, quero dizer, você e Melissa exclusivos. Vá em frente." Eu forcei meu pé a mal encostar na varanda de vez em quando. Ele continuou. Eles namoraram por meses, ela conheceu todo mundo que próximo a ele e foi recebida completamente na família. Sócia minoritária numa empresa de contabilidade, ela conhecia muitas áreas de finanças, e poderia prender a atenção de todos na maioria das conversas. Ela era matadora numa festa formal, disse ele, e ele estava orgulhoso de tê-la em seus braços. Mas, como o país ainda estava lutando para se recuperar da crise econômica, Leo começou a expressar algumas de suas preocupações sobre as práticas que, não só os Maxwells empregavam, mas que o mundo bancário em geral tinha como certas. "Ela me encorajava a falar, compartilhar minhas ideias, mas eu comecei a notar que ela sempre adicionava algo sobre não ser o momento certo, ou para talvez manter minhas opiniões para mim mesmo até que o clima tivesse mudado,


coisas assim. Ela sabia que eu estava descontente com as coisas no trabalho, mas quando a gente conversava sobre isso, sempre acabava me sentindo mais confuso do que estava antes, sem saber que posição tomar e com quem falar." De repente ele olhou intensamente nos meus olhos, parecendo um pouco assombrado. "Alguma vez você já ficou tão totalmente apaixonado por alguém que não tinha nem ideia de como isso tinha acontecido?" "Honestamente? Não." Fiz uma pausa, mordendo meu lábio. "Mas isso é porque eu nunca deixei ninguém chegar perto o suficiente." Pausa dramática. "Até você." Olhamos um para o outro, e a emoção entre nós cintilou no ar em ondas gigantes de ‘oh meu deus! Esse cara poderia me arruinar para sempre, mas eu ficaria bem com isso’, até que um pássaro barulhento nos assustou. Levantando um canto da boca daquele jeito adorável, ele continuou. "Bem, até Melissa, eu tinha sido da mesma maneira que você. Mas ela sorrateiramente se infiltrou em mim, em toda a minha família, e se mostrou uma ótima escavadora de ouro." "Não", eu respirei, e ele concordou. "Oh sim. Ela era tão boa que eu nem sequer vi chegando. Eu continuei meu vai-e-vem nos setores da empresa, tentando descobrir onde queria chegar no trabalho e se eu queria fazer uma mudança para uma divisão diferente ou tentar algo novo e, em seguida, passamos um fim de semana aqui em Bailey Falls. Eu não tinha vindo à fazenda em anos, mas nós dois queríamos sair da cidade por um longo fim de semana, e ela parecia fascinada por todas as propriedades pertencentes à minha família. Ela parecia impressionada com o tamanho total da casa e da propriedade, embora um pouco decepcionada com o estado das coisas por aqui. Especialmente porque ninguém tinha vivido na


fazenda em tempo integral há anos, e as coisas estavam mais que um pouco rústicas." "Rústicas como todas as velhas e grandes casas de campo podem ser", eu disse num sotaque do Upper East Side, e ele sorriu. "Exatamente. De qualquer forma, três coisas muito importantes aconteceram durante essa viagem. Um: eu visitei um agricultor orgânico nas proximidades, de uma fazenda sobre a qual eu tinha lido a respeito no The New Yorker, e me encantei sobre como ele estava fazendo coisas incríveis com uma antiga propriedade. Naquela manhã de sábado, enquanto ela ainda estava dormindo, tirei meu Jeep da velha garagem e corri ao redor da nossa propriedade durante todo o dia, seguindo os campos antigos e vendo possibilidades com a terra que eu nunca tinha visto antes." Seu rosto se iluminou como sempre fazia quando ele falava sobre a terra, e da maneira que ele cuidava dela. "E a segunda coisa importante?", Perguntei. "Eu ouvi o final de uma conversa que Melissa estava tendo com sua mãe. Ela estava comentando sobre o quão grande era a casa, mas também sobre o quão precário tudo parecia ser, e sobre o que ela faria se lhe fosse dada a chance de ser uma senhora Maxwell." Meu nariz enrugou e meus lábios se contraíram. Mais uma vez, ele concordou com a cabeça. "Então você disse a ela para juntar suas coisas e levar sua bunda grande de volta à cidade?", perguntei, revirando os olhos quando ele balançou a cabeça. "Não, eu contei a ela o início da ideia sobre o que eu queria fazer com a Fazenda Maxwell", disse ele com tristeza. "Ela não ficou muito entusiasmada com isso." "Eu posso imaginar", bufei, já sabendo como esta mulher era. Ela parecia exatamente como Mitzi St. Renee e o bando de idiotas tamanho


zero para quem eu costumava cozinhar em Bel Air. Mas eu também estava vendo Leo sob um olhar diferente - mais jovem, mais urbano, à beira de se tornar o cara fantástico que eu conhecia, fazendo exatamente o que amava e tornando o mundo um pouco melhor e muito mais sexy. "Então, qual foi a terceira coisa importante que aconteceu?" "Logo depois que eu disse que ela não deveria se preocupar tanto sobre quanto a casa poderia custar ou sobre como a vida seria, ela me contou que estava grávida." O balanço parou tão de repente que eu quase caí no chão da varanda, sem perceber por um segundo ou dois que foi meu próprio pé que abruptamente o parou. Leo estendeu a mão para me segurar, em seguida, colocou uma mão reconfortante no meu ombro enquanto eu pensava sobre a notícia que ele tinha recebido há quase oito anos. "Você só pode estar fodidamente brincando comigo!", eu disse através dos meus dentes. "Eu não estou", ele assegurou, esfregando minhas costas em círculos suaves. "Embora eu tenha dito algo semelhante." "Você acha que ela planejou isso? Engravidar de propósito, quero dizer. É muito rude perguntar isso?" "Não é rude, e também é a mesma pergunta que todas as pessoas que eu conheço fizeram em algum ponto. Se foi de propósito ou não, porém, não importa." "Acho que não", respondi, inclinando-me para os círculos que ele fazia nas minhas costas, e que eventualmente se transformaram num braço inteiro em torno do meu ombro. Inclinei-me para isso, também. "De qualquer forma, tentamos por um tempo fazer as coisas funcionarem. Consideramos até ficar noivos, mas meus olhos estavam abertos agora, e eu sabia que era só uma questão de tempo antes que


tudo fosse para o inferno. O que eu não sabia era que também seria só uma questão de dinheiro". "O que isso significa?" "Tentamos fazer as coisas funcionarem entre nós porque estaríamos tendo um filho. Mas ficou claro, muito rapidamente inclusive, que as coisas não iam funcionar, e começamos a brigar constantemente. O que me deixava nervoso, porque eu sabia que todo o estresse não era bom para o bebê. Mas quando eu fiz um comentário fora de mão numa noite, sobre dar a ela um saco de dinheiro em troca do bebê depois que ele nascesse, ela se agarrou à ideia." "Não, oh meu Deus, não!" Sussurrei, horrorizada. "Eu não podia acreditar, também, mas ela estava falando sério. Acontece que todos os seus contatos em Manhattan eram um pouco sombrios. Ela não estava tão bem quanto pensava em sua empresa e, para uma contadora, ela tinha um terrível hábito de consumismo desenfreado. Então, ter um bebê Maxwell?" Ele cuspiu as palavras, duas manchas vermelhas acesas no alto de suas maçãs do rosto. "Essa foi uma jogada de sorte." "Leo. Eu sinto muito", eu disse, virando-me em seus braços e descansando minha cabeça em seu peito, passando os braços tão firmemente quanto pude ao redor de sua cintura. "Está tudo bem, Ervilha. Porque eu ganhei essa filha fantástica no final de todo o negócio." Ele me segurou apertado, com o queixo apoiado no topo da minha cabeça, onde agora deu um beijo carinhoso. "Foi uma confusão por um tempo, as fofocas eram brutais e eu não desejaria esse inferno nem para o meu pior inimigo. Mas uma vez que os advogados se envolveram e um acordo foi assinado, o negócio estava feito. Ela teve o bebê, segurou Polly exatamente três vezes e... nós não a vimos desde então. Meu contador me diz que os cheques ainda são descontados mensalmente, e esse é o único contato ainda que tenho com ela."


Minhas costas se arrepiaram quando me perguntei como esta mulher poderia desistir de sua própria filha por dinheiro. "Mas, depois disso, as coisas ficaram muito melhores. Deixei o meu emprego depois de falar com o meu pai, explicando que eu simplesmente não podia ser uma parte do banco. E sou grato que meu nome me proporcionou a oportunidade de assumir a fazenda e realmente fazer crescer algo incrível aqui." "Com o perdão do trocadilho," Eu ri baixinho. "Uma vez que Polly já estava com poucos meses de idade, comecei a passar cada vez mais tempo aqui, deixando as coisas prontas, construindo a casa em que vivemos agora e sendo aprendiz na fazenda que eu tinha visitado naquele fim de semana, quando tudo explodiu. Eu contratei algumas pessoas para me ajudar ao redor da propriedade, comecei a girar sobre os campos e, um ano depois que Polly nasceu, nós demos adeus a cidade e nos mudamos para o campo em tempo integral. Eu não queria que ela crescesse do mesmo jeito que eu, com a imprensa girando em torno da minha família e fazendo especulação sobre onde a mãe dela poderia ter ido, então sabia que era melhor retirar-nos completamente. Isso balançou o barco Maxwell um pouco, e eu não vejo minha família tantas vezes quanto gostaria, mas a verdade é que minha família se resume a Polly agora, e a esta vida que estamos criando juntos." "Certo. Isso tem que vir em primeiro lugar." "Polly está muito bem aqui, e mesmo que as pessoas nesta pequena cidade leiam as mesmas revistas que as pessoas da cidade, eles parecem mais... Eu não sei, solidários conosco. Eu encontrei uma grande babá, algumas, na verdade, que me mostraram que minha filha tinha realmente pessoas maravilhosas com ela. É uma ótima cidade para educar uma criança." Eu sorri.


"Tudo girava em torno de Polly e da fazenda até alguns meses atrás. E, depois de tudo que aconteceu, tenho certeza que você vai entender quando eu digo que a última coisa em minha mente era me envolver com outra mulher". "Você nunca pensou sobre isso?" Eu perguntei, torcendo em seus braços para olhar para o seu rosto doce. "Claro que pensei sobre isso," ele admitiu timidamente, um tipo diferente de rosa colorindo suas bochechas agora. "Mas nunca quis arriscar perturbar a vida que tinha criado para mim aqui. Nunca quis confiar em ninguém com Polly depois que vi sua própria mãe jogar tudo fora por dinheiro." "Mmm-hmm", eu disse, e algo baixo e inesperado torceu no meu estômago. "E então você apareceu", disse ele, forçando meu queixo para cima para me olhar nos olhos. "E Polly estava no acampamento de verão pela primeira vez. Sem saber como, eu ganhei um verão onde poderia apenas... Relaxar. Ser um cara. Me divertir um pouco com uma garota de L.A." "E eu tive a certeza de dizer mil vezes que estava saindo no final do verão," suspirei quando a última peça do quebra-cabeça se encaixou. "Com certeza isso tornou mais fácil para mim simplesmente me deixar levar", disse ele, sua voz se aquecendo e me aquecendo completamente também. Aninhando meu pescoço, ele deu um beijo atrás da minha orelha. "Mas aconteceu algo que eu não estava esperando." Prendi a respiração, esperando para ver o que ele diria. "Tornou-se mais do que apenas um verão, você não acha?" "Sim", sussurrei, respondendo a sua pergunta, bem como a minha própria. Estava tudo claro agora. Tínhamos ido além do simples prazer,


adentrando em algo mais profundo e inexplorado - e francamente assustador no que competia a mim. "E então Polly chegou em casa mais cedo, sem nenhum aviso. Eu teria lhe dito, Rox, mas ela veio enquanto a babá estava de férias. Eu não tinha ninguém para vigiá-la para que eu pudesse vir falar com você, e isso não é o tipo de coisa que se conta por telefone. Eu já estava tentando pensar numa maneira de falar sobre ela, sobre nós, para fazer com que ficar aqui fosse uma..." Ele parou de falar, não terminando a frase. Eu terminei para ele. "Uma possibilidade?" "E é? Uma possibilidade?", perguntou. Eu suspirei. "Eu não sei Leo," admiti. Senti que ele expirou. "Mas eu vou... Vou pensar sobre isso." "De verdade?" "Sim. Obviamente foi além de um caso de verão para mim, também. Droga, por que diabos você é tão incrível?" Eu ri, deslizando para fora do balanço e puxando-o comigo. Ele tinha bagagem, Deus sabia que eu tinha bagagem, mas talvez... Apenas talvez. "Deixe-me pensar um pouco, ok?" Eu disse, deixando minhas mãos rastejarem de seu peito até seu pescoço, sentindo seu calor transpassar através da minha camisa e se fixar em meus ossos. Ele seria a minha morte nesse ritmo. "Nós ainda podemos nos divertir, você sabe", ele sussurrou, suas mãos deslizando para o meu traseiro, me esmagando ainda mais contra ele. "Eu vou precisar que você prove isso então, por favor," eu ri, batendo meus quadris contra os seus. "porque este dia tem sido estranho o suficiente." Ele provou que ainda podia me divertir. E que os agricultores são quentes, mas, maldição, nada é tão quente quanto um fazendeiro papai.


"Você é a melhor maldita coisa que eu vi durante todo o dia." Eu respirei fundo, deleitando-me com o cheiro fresco da terra, até mesmo salivando um pouco. Olhei em volta para me certificar de que ninguém estava olhando, então esfreguei minha bochecha sobre o pão artesanal de centeio que a padaria tinha acabado de entregar. Terno, macio, com um marrom bonito na crosta, fiquei muito feliz ao descobrir que ele ainda estava quente. "A-ham." Ouvi, trazendo-me do meu devaneio. "Oh, desculpe!" Eu disse para o motorista escandalizado. Eu assinei a entrega e paguei o pobre homem, que saiu da porta com a prancheta na mão enquanto eu estava embalando o pão como um bebê. "Conseguiu que ele te achasse louca, Roxie", disse a mim mesma. Mas, dois segundos depois, eu estava cheirando o pão como uma mãe cheirava a cabeça do seu bebê. Algo sobre o cheiro de um recém-


nascido? É errado que eu me sinta da mesma maneira sobre um pão de centeio quente? Prateleiras estavam cheias com lindos pães que, por sua vez, estavam esperando para serem cortados para sanduíches. Minha mãe tinha encomendado pão branco da padaria local desde antes de eu nascer, cortando-os em fatias finas para torradas e grossas para sanduíches que ela carinhosamente chamava de sangwiches. Eu tinha alterado seu pedido, mantendo o pão branco tradicional e adicionando algumas outras variedades, principalmente para a nova linha de sangwiches deli que eu tinha anunciado com grande alarde. O de centeio era para o sanduíche Reuben14. Eu tinha atualizado o clássico, adicionando um pouco de limão no molho russo e uma fatia muito fina de Gouda defumado escondida entre o suíço. O pão mais escuro, pumpernickel15, eu combinei com cebolas em fatias finas, creme de wasabi e grossas fatias de presunto polonês. O de grãos usei para o pastrami16. De corte grosso, ele foi temperado com mostarda deli... e nada mais. Vamos lá, eu ainda era uma garota de Nova York. Eu usei outros pães de outras maneiras também. Nós ainda tínhamos nosso sanduiche de pão francês tradicional, mas eu adicionei um pudim de pão brioche17 para o menu. Fatias de brioche embebidas em creme de baunilha e ovo, depois cozidas com passas e nozes e

É um sanduíche quente de carne enlatada, queijo suíço, chucrute e molho russo ou Thousand Island, grelhado entre fatias de pão de centeio. 15 Pumpernickel é um pão de centeio muito escuro típico da Alemanha. A massa não é preparada com levedura e o pão é cozido em banho-maria, na umidade da própria massa durante 16 a 24 horas. 16 Pastrami é uma carne magra curada e muito temperada, que se popularizou nos Estados Unidos. É supostamente originário dos Bálcãs, e parece estar relacionado com a pastirma da Turquia. 17 Pão de origem francesa, feito com alto teor de manteiga e ovos. 14


coberta com açúcar em pó e pimenta da Jamaica? Poderia ter esgotado todos os dias desde que eu o tinha adicionado no menu. Admirei este pão da maneira como um escultor pode admirar um pedaço de mármore virgem. Apenas um bloco de pedra mas, o que mais poderia ser? O que poderia tornar-se sob as mãos de um mestre? Esfreguei novamente o centeio integral. "Você prefere que eu te deixe sozinha?" Leo perguntou atrás de mim. Um pouco envergonhada, eu me virei para vê-lo parado na porta de vaivém que levava à sala de jantar. Eu sorri um pouco timidamente, cheia de sentimentos que eu não poderia nomear e nem sequer tentar explicar. Depois da noite passada, eu estava um pouco insegura sobre como seria esta nova fase da... qualquer que seja a coisa que estávamos fazendo. Eu nunca tinha estado aqui antes. Seria estranho? Será que nós imediatamente tínhamos evoluído de diversão pura e sem amarras para algum tipo de casal? Assim é como os casais se comportam? Puta merda, espere um minuto, somos um casal! Um beijo me tirou do meu pânico crescente. Foi o menor pincelar contra os meus lábios, mas tão quente e doce que cortou através da minha besteira e me fez querer outro beijo. E outro... As mãos de Leo furtivamente foram ao redor das minhas costas enquanto ele me puxou contra ele, dançando beijinhos numa linha em direção ao meu pescoço. "Oi," ele murmurou, falando diretamente para meu coração, que atualmente batia contra seus lábios. Eu respirei profundamente, deleitando-me com o cheiro dele. Era tudo sobre grama verde e pele salgada. Sua barba raspou um pouco contra minha clavícula, e eu percebi que a sensação dele duro e sujo era algo a que eu também tinha ficado muito acostumada.


"Eu tenho uma pilha de bacon aqui que está ficando frio, e você sabe que o Sr. Beechum odeia bacon frio. Então me dê só mais uns oitenta e três beijos e volte ao trabalho." “Maxine separou uns pedaços de bolo para mim, vim aqui buscálos”, ele falou exatamente quando ela caminhava para dentro com um sorriso torto. Minha cara de beijo tinha sido notada, e seria a conversa da estação de condimento dentro de minutos... e estaria na linha de fofocas da cidade dentro de uma hora. Eu me atrevi a esgueirar-me para mais um beijo, porém, e então sorri para ele. "E aí?" "Estamos aqui para o almoço", ele respondeu, com os olhos dançando. Ceeeeeeerto. Um balde de água fria. Porque Leo já era um nós. E sempre seria um nós. E, sendo eu alguém que já teve problemas com ser um nós, isso seria complicado para mim. Eu sorri com bravura, determinada a ver como isso ia evoluir. Eu tinha prometido a Leo que tentaria. Empurrando pela porta de vaivém e entrando no salão, avistei Polly sentada na ponta do balcão. Respirando fundo, eu passeei para fora como se possuísse o local – o que tecnicamente era verdade, já que eu era filha da dona -, determinada a não mostrar medo. "Hey, Polly, o que anda aprontando?", perguntei. Na verdade, eu perguntei a uma garota de sete anos o que ela andava aprontando por aí. E eu sei disso porque as palavras estavam piscando no ar, fechadas numa bolha, como numa história em quadrinhos. Uma história em quadrinhos intitulada "Coisas que nunca devem ser ditas a uma criança."


Olhei por cima do meu ombro para ver se Leo tinha escutado, e ele estava apenas olhando para o teto, balançando a cabeça. Polly parecia confusa. "O que estou aprontando por aí?" "As coisas que você anda descobrindo pela fazenda, é claro!" Sorri tão amplamente que quase pude sentir meus lábios rachando. Ela alisou seu rabo de cavalo com os dedos. "Tudo bem, eu acho." "Bem, isso é ótimo. Então, o que eu posso fazer por você?" "Estou morrendo de fome", ela anunciou, empertigada em seu banquinho. "Então você veio ao lugar certo. Eu estava me preparando para fazer um queijo grelhado para mim mesma. Você gosta de queijo grelhado?" "Eu não gosto de queijo grelhado", disse ela. Mas, justo quando eu comecei a pensar em outras opções, ela inclinou-se sobre o balcão e disse com voz grave: "Eu amo queijo grelhado." "Fantástico", eu respondi, inexpressiva também. "Hey, Rox? Ela gosta de seu queijo grelhado com Velvee-" "Silêncio", eu disse, o que fez Polly dar uma risadinha. "Você quer um queijo grelhado regular ou quer um queijo grelhado Roxie especial?" "Roxie especial!", ela gritou. Então, quando percebeu que estava se divertindo, ela repetiu "Roxie especial" de uma maneira indiferente. "Saindo um Roxie especial!", eu respondi, enxotando Leo para o banquinho ao lado dela. "Você não vai perguntar se eu quero um Roxie especial?", perguntou ele, assim que Maxine apareceu com uma toalha de prato nas mãos. "De novo?", perguntou ela com uma piscadela e um estalar de sua toalha.


A boca de Leo caiu aberta, e depois fechou rapidamente quando viu Polly estudando sua reação. "O que ela quis dizer, papai?" Eu a ouvi perguntar quando voltei para a cozinha, rindo para mim mesma. De frente para o grill, eu reivindiquei um canto para mim mesma, enxotando um Carl resmungante antes de começar a trabalhar. Dez minutos mais tarde eu deslizei três sanduíches de queijo grelhado quente em pratos e levei-os para fora da cozinha. "Oooo," Polly inspirou quando eu coloquei um sanduíche na frente dela. "Oooh," Leo respirou quando olhou para o sanduíche na frente de Polly. "Uau, Rox, é bonito, mas-" "Isso não se parece com o meu queijo grelhado normal," disse Polly, olhando para o sanduíche, então para mim, em seguida para o sanduíche novamente. "Não, senhora", eu respondi do meu lado do balcão. Eu levantei metade do meu sanduíche d prato para mostrar a ela, e uma sequência de queijo derretido apareceu. Queijo derretido em camadas de mussarela e cheddar Inglês, coberto com fatias finas de maçã, e uma simples sugestão de sálvia fresca. O pão? Em fatias grossas de centeio, com manteiga de ambos os lados e enegrecido com marcas da grade. Eu dei uma mordida enorme na minha metade, revirando os olhos para os céus e mostrando o quanto eu gostava da porra do meu sanduíche. "O que é isso saindo do lado?", Perguntou Polly. "Maçã." "No queijo grelhado?" "Oh sim." Eu assenti com a boca cheia.


"Meu pai sempre diz que não se deve falar com a boca cheia." Eu atirei de volta, "Minha mãe sempre diz para comer o que é colocado na sua frente." Ela pensou sobre isso por um momento, inclinando a cabeça para o lado de seu pai. "Meu pai diz isso também," ela concordou, e pegou o sanduíche. Ela cheirou, franziu o nariz, em seguida, deu uma mordida hesitante. Notei que Leo não estava respirando. E eu notei isso porque eu também não estava respirando. É por isso que quando o rosto de Polly se iluminou com um enorme sorriso, sua franja foi soprada na brisa do suspiro que exalamos. Em vez de fazer um grande negócio por causa disso, eu só peguei meu sanduíche, brindei com Leo, e nós três almoçamos juntos. Mas toda vez que ele chamou minha atenção, seus olhos estavam sorrindo. No final da refeição, eu aprendi que Polly amava a cor azul, que queria ser treinadora de cavalos ou meteorologista quando crescesse, e que o Roxie Especial era seu novo sanduíche favorito. Segundo ela, era "muito mais adulto do que o sanduíche que papai faz. Seu queijo favorito é o string cheese18. O meu era spray can19, mas não mais!" Ah, pelo amor de Deus, essa garota estava me deixando um pouco emocionada. No momento em que os sanduíches eram apenas crostas, Maxine se ofereceu para deixar Polly escolher as próximas músicas no jukebox, e Leo e eu ficamos sozinhos. "Assim, tudo correu bem", disse ele, atingindo outro lado do balcão e roubando o último picles do meu prato.

18

19


"Sim, queijo grelhado é a minha especialidade", eu disse. "Não apenas o queijo grelhado. Eu quis dizer-" "Oh, eu sei o que você quis dizer," eu interrompi, me sentindo um pouco emocionada, agora por um motivo diferente. "Você apenas passou pela cidade, e, de repente, parou aqui para o almoço." Ele deixou cair aquele sorriso lento para mim, e eu vacilei ligeiramente. "Hey, nós tínhamos que comer, certo?" Revirando os olhos, acenei que sim, que eles tinham que comer. "Você vai à festa de Chad e Logan sábado à noite?", ele perguntou, mudando de assunto. "Claro." Comecei a limpar os pratos, curvando-me para colocá-los na bacia de plástico embaixo do balcão. Ele se inclinou um pouco sobre o balcão. "Quer ir junto comigo?" Eu apareci de volta. "Wow, trazendo sua filha ao redor, me convidando para festas... olha quem está fazendo as coisas oficiais de repente!" Eu lhe dei uma jogada de cabelo sobre meus ombros, para suavizar um pouco minhas palavras; mas não importava, elas já tinham escapado. "Inferno, sim, uma festa de inauguração vai tornar isso oficial", disse ele levemente, fingindo atirar seu próprio cabelo sobre o ombro. Ele conhecia meu jogo, e não estava caindo nele. "É uma festa, Rox. Eu só estou te convidando para uma festa; não é ‘até que a morte nos separe’." Você já esteve numa sala cheia de ruído ambiente, onde sabe que pode ter uma conversa privada que ninguém mais vai ouvir, por causa de toda a conversa de fundo? Mas, de repente, geralmente durante a parte principal, todo o barulho silencia e todo mundo ouve o que você está dizendo?


Agora imagine isso numa lanchonete de cidade pequena, quando uma pausa na lista da jukebox acontece exatamente quando Leo Maxwell, solteiro mais cobiçado da cidade, diz ‘até que a morte nos separe’ para Roxie Callahan, filha fugitiva e candidata menos elegível. Maxine e seus companheiros acabaram de ganhar a fofoca do dia na estação de condimento. A fofoca do dia.


Essa semana passou de estranha para mais estranha ainda. Eu estava super ocupada no restaurante, assando bolos depois que fechava para os pedidos que foram chegando, e estava começando a perceber que, mesmo com as padarias artesanais e a dieta natural local, as pessoas eram loucas por bolos feitos à maneira que vovó fazia. Eu estava atolada profundamente em bolos red velvet, enterrada até os olhos em creme bourbon e, mais frequentemente do que não, fui para a cama à noite com coco no cabelo. O que eu não levando para a cama, porém, era com um certo agricultor a quem eu tinha me acostumado a ter à disposição sempre que a necessidade surgisse (ou seja, o tempo todo). Mas, quando se adiciona uma criança à mistura, especialmente uma tão precoce quanto Polly, tinha-se menos amor de verão e mais sexo por telefone e mensagem de texto. E oh meu Deus, Leo era especialista nisso. Não era como se eu o tivesse visto todas as noites antes de Polly aparecer em cena. Mas, mais frequentemente do que não, por volta das seis eu costumava receber um telefonema perguntando se eu tinha jantado (que era código para "posso ir até aí para você me alimentar


com sua comida deliciosa"), ou um texto em torno das dez perguntando o que eu estava fazendo (código para "eu posso ir até aí para você me alimentar com a sua deliciosa bocet-". Wow, eu vou manter esse código em segredo). E, eventualmente, após uma rodada de sexo, nós adormecíamos, comigo abrigada em seu lado ou envolvida totalmente, como ele preferisse. E ele dormia de conchinha. E eu gostei. Não, mais do que gostar. Eu adorava. E o que vinha depois de adorar? Essa palavra de quatro letras20 que eu estava relutante em usar, mas era a única maneira de realmente capturar a maneira como eu me sentia sobre Leo. Sobre dormir com Leo, quero dizer. Depois de anos e anos de insônia, finalmente conseguir dormir durante a noite embrulhada num casulo Almanzoniano era absolutamente impressionante. Mas agora... ajustes tiveram que ser feitos. Porque agora as chamadas e textos eram para checar como eu estava e para conversar sobre o dia, sempre terminando com, "Assim que a babá dela estiver de volta na cidade, você pode apostar sua bunda doce que eu estarei aí para te foder e abraçar." Mas nenhuma foda ou aconchego estava acontecendo. Por conseguinte, nada de dormir estava acontecendo, e eu estava de volta à minha média de três horas por noite. O que eu tinha feito durante anos e anos, mas... eu adorava dormir mais. E eu estava perdendo a cabeça. Eu até tinha visto Leo algumas vezes essa semana, em torno da cidade, durante sua entrega regular na lanchonete e no que estava se tornando uma viagem diária para almoço de queijo grelhado. Mas, tempo sozinha com ele? Não muito.

20

Amor.


Eu estava me ajustando à ideia de que Leo tinha uma filha. Quero dizer, crianças acontecem, certo? O que estava me causando mais problemas, porem, era como eu estava me ajustando ao ajuste de Leo ter uma filha. Entenderam? À medida que a existência de Polly se revelava sobre nós... revelava também que nós estávamos caminhando em território inexplorado. Esse sentimento se revelou quando ele trouxe Polly para o restaurante no dia seguinte: nós ficávamos muito bem juntos, considerando a reação dela ao sanduíche, agora orgulhosamente o seu favorito. Mas, ainda assim, havia algo sobre isso que eu não conseguia entender. Um mal-estar, quase como o sentimento que se tem cinco segundos antes de um nó se formar na garganta. Nó na garganta? Jesus Cristo, isso é o melhor que você pode fazer para descrever? E, falando do melhor que eu posso fazer... Era sábado à noite, e eu girava no espelho do quarto. Eu tinha trazido apenas um belo vestido comigo neste verão, e finalmente teria a chance de usá-lo. Era de linho vermelho-sangue, era suavizado por uma aspersão de flores rosa pálido aqui e ali. O decote era em V e ele tinha mangas - simples, mas muito elegante. Evitando minhas tranças gêmeas habituais ou coque, esta noite deixei meu cabelo solto e encaracolado. Eu o tinha domado com um pouco de óleo de coco, e ele brilhava como cobre polido. E mesmo que eu aplicadasse protetor solar deliberadamente todos os dias, minha pele estava com um tom de bronze rosado, e meu nariz e bochechas sardentas. Mas mais do que isso? Eu parecia relaxada e feliz. As linhas de preocupação que tinham começado a aparecer entre os meus olhos e na minha testa tinham suavizado este verão, fazendo-me parecer jovem e fresca. Leo era como Botox, aparentemente.


Eu escorreguei em minhas sandálias de salto alto, em seguida, corri escada abaixo para dar os últimos retoques no meu presente de inauguração. Cupcakes de creme brulèe minúsculos, embebidos em aguardente com aroma de laranja e cobertos com uma crosta salpicada com açúcar - eles pareciam pedacinhos do céu. Eu tinha feito alguns para os convidados, bem como um recipiente separado para Chade e Logan desfrutarem depois que todos partissem. Cupcakes à meia-noite não eram um mau caminho para começar numa casa nova. Eu estava apenas colocando os últimos no recipiente quando ouvi um carro parar do lado de fora. Não soava como o jipe de Leo, então eu olhei para fora da porta aberta e vi um grande e preto Mercedes parado na entrada. Levei um momento para perceber que era Leo. Com suas camisetas vintage e seu jipe enferrujado, ele ficava sob o radar tão bem que era fácil esquecer que ele era rico. E cara, o homem que saiu do carro era mais do que eu estava esperando. Vestido com uma camisa branca de botões, blazer preto, calça jeans digna de um desfile e algum tipo de sapatos brilhantes, ele estava impressionante. E... oh! Ele tinha se barbeado. O que ele escondia sob aquela barba moderna? Maçãs do rosto pintadas por Da Vinci. Uma mandíbula esculpida por Michelangelo. Seus olhos verdes estavam iluminando o rosto mais bonito que eu já tinha visto. Seu cabelo loiro-areia estava jogado para trás, despenteado, mas de um jeito diferente. Será que ele usou pomada? Cera? Era perfeição total, independente do método. Seu olhar me varreu avidamente - o vestido, os saltos, as pernas. Eu sabia o quanto ele gostava das minhas pernas. Conforme ele se aproximava da varanda, eu podia sentir minha pele formigando em todos os lugares que seu olhar tocou.


"Você está linda", ele disse quando parou abaixo de mim, um pé descansando no último degrau. "Você está... o que é melhor aproximando um passo dele.

que bonito?",

perguntei,

me

"Luminoso? Radiante? Sexy além do pensamento racional?" Ele se aproximou também, parando a distância de um braço. Eu balancei a cabeça. "Você está todas essas coisas." Antes que pudesse dar mais um passo e atacar, ele me puxou em sua direção, me suspendendo no ar e esmagando-me em seu peito, e me beijando até eu ficar sem fôlego. Após cinco dias de textos sensuais e uma cama solitária, este homem tinha-me em seus braços, uma mão subindo pela minha coxa, e meu coração quase saltou do meu peito. Quando ele finalmente deixou-me recuperar o fôlego, eu abri meus olhos sonhadores, tonta, e ele cutucou meu nariz com o dele. Soltando mais um beijo doce na minha boca ele me colocou de volta nos meus pés e piscou. "Vamos inaugurar uma casa."

Com a mão apoiada no meu joelho, seu dedo mindinho traçava círculos sobre a minha pele enquanto nós dirigíamos através da cidade. Minúsculos círculos imperceptíveis, mas que estavam me excitando tanto que eu quase saltei por cima do console central e sentei no seu... colo. "Se você não parar com isso, senhor, em breve vai ter que encostar o carro," eu avisei, apoiando minha mão na sua para parar seu movimento.


"Eu não consigo ver nenhum problema nisso." Ele continuou, ignorando o meu pedido. Sorrindo de volta, disse a única coisa que sabia que chamaria sua atenção. Inclinando-me, rocei em seu braço e sussurrei em seu ouvido: "Quanto mais rápido chegarmos lá, mais rápido poderemos voltar para casa para eu começar a experimentar o seu rosto barbeado". Ele sofreu com um tremor de corpo inteiro. "Você não está jogando limpo, Roxie." Não, eu não estava. Mas ele também não, indo me buscar como se fosse o Lobo de Wall Street. "O que eu posso dizer? Tem sido uma semana longa e solitária", eu admiti, dando-lhe um beijo rápido enquanto estávamos parados num sinal vermelho. Ele levantou minha mão e beijou-a suavemente, sorrindo e fazendo meu coração trovejar. "Também senti sua falta." Depois de explodir essa bomba, ele pisou no acelerador quando o sinal ficou verde. Enquanto isso, eu era um feixe de puta merda. Inspire. Expire. Ele sentiu minha falta. Sentiu minha falta! Amor de verão, santa merda... Hoje à noite parecia como se tivéssemos caído de cabeça na relação. E eu não estava nervosa por ter feito isso. Mais como confusa, animada e um pouco apreensiva. Sim, estes eram os sentimentos. Ultimamente ele também estava muito mais aberto, mais meloso e mais grudento quando outros estavam em torno. Um carinho na minha bochecha aqui, um toque e cócegas ali, atraindo todos os olhos para nós. Eu me perguntava se seria assim esta noite. A julgar pelo beijo digno de cinema que ele me deu... Eu seria capaz de apostar que seria sim.


Enquanto um carro normal rangeria sobre o caminho de cascalho, eu mal podia sentir o solavanco na surpreendente Mercedes. Filas de carros já estavam estacionados quando chegamos, e a entrada estava iluminada com luzes que levavam até a porta da casa, vermelha e brilhante e recém-pintada. Quando eu vim aqui para a festa de pintura alguns meses atrás, Leo e eu não éramos nada. Mas agora nós éramos, porem, e íamos nos anunciar para a cidade. Merda, espera, o que estávamos anunciando? O que nós somos? Leo apertou um botão para desligar o carro. "Você está pronta?", perguntou ele, virando-se para mim e enfiando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha, girando-a no final entre os dedos. "Como eu nunca vou estar", respondi. Me aproximei e dei-lhe um, dois, três beijinhos nos lábios. Ele gemeu quando eu finalmente me afastei, seus lábios me perseguindo a meio caminho através do console. "Se eu não sair do carro agora, vou acabar te levando para o banco traseiro, e não me importo quem vai testemunhar o que pretendo fazer contigo ali." Eu olhei para as pessoas na calçada. Percebendo que a maior parte da cidade estaria recebendo um show, eu disse: "Mais tarde. Eu vou fazer valer o seu tempo, prometo." Satisfeito, ele se ajustou e pulou para fora do carro, em seguida, circulou em torno da frente para abrir a minha porta. Ele estendeu a mão e me ajudou a sair, seus olhos nunca deixando os meus. Seus olhos me disseram tanto, fazendo tantas promessas imundas, que eu fiquei tentada a atirá-lo sobre o capô do carro e montá-lo como uma maldita estrela pornô.


"Vocês estão aqui!" Chad gritou, descendo as escadas com duas jarras em suas mãos. Bonitas, alinhadas e charmosas, elas continham algum tipo de drink com framboesas, hortelã e gelo flutuando. "Nós estamos aqui!", respondi, tão cheia de entusiasmo quanto ele. Eu fiquei feliz pela interrupção, considerando que Leo e eu estávamos bastante tentados a encenar um filme pornô alguns segundos atrás. Um filme que, com base em quão bom Leo estava parecendo hoje à noite, eu ficaria orgulhosa de estrelar, mas... Chad nos levou para dentro da casa, pegando a minha mão enquanto caminhávamos pela porta da frente. Mas ninguém estava olhando para a mão dele. Não, senhora. Todos estavam olhando para a mão que Leo tinha colocado com firmeza e de forma sucinta nas minhas costas, anunciando o nosso relacionamento com mais eficácia do que se tivéssemos um com a língua na garganta do outro. Olhos estavam arregalados, mãos cobriam bocas abertas e cotovelos cutucavam para alertar outras pessoas. E eu tenho bastante certeza de que aqueles que não puderam comparecer foram alertados via Facebook e Twitter, uma vez que algumas pessoas estavam tirando fotos do casal feliz. O feliz casal que nesse caso éramos nós. Ou pelo menos um de nós. Não me interpretem mal, era ótimo sentir-me assim querida. E Leo não tinha problema em me deixar sentir o quanto me queria. Ele ficou atrás de mim enquanto Archie Bryant me dizia o quanto tinha gostado do bolo de creme de coco que um de seus chefs tinha comprado no outro dia no restaurante, e quando perguntou se eu não podia considerar uma oportunidade para trabalharmos juntos. Uma oportunidade para trabalhar com Bryant Mountain House? O lugar (e seu chef) eram lendários, icônicos! Eu calmamente disse que sim, que estaria interessada em falar sobre isso, tentando não gritar enquanto falava. Também era difícil me


controlar para não guinchar como Archie era incrivelmente bonito. Considerando os cabelos castanho avermelhados e ondulados, os olhos azuis e o sorriso rápido dele, era difícil não ficar histérica. Mas, além da histeria, eu também tive que evitar desmaiar enquanto Leo estava atrás de mim, anunciando sua presença com uma parte muito específica e muito dura de sua anatomia pressionando em meu traseiro. Lutando contra um rubor, eu agradeci a Archie pelo seu interesse e prometi ir vê-lo em algum momento. Leo era bom nisso. Eu andava para a esquerda e lá estava ele ao meu lado, me marcando com sua mão nas minhas costas. Eu ia para a direita e, tcharam, ele também ia para a direita comigo. E ninguém sequer tinha ideia de que ele estava balançando um silo rígido em suas calças enquanto estava apertando mãos e rindo de piadas. Isso tudo deveria ter me incomodado. Esperei o formigamento no meu pescoço ou entre os meus ombros quando ele correu um dedo na minha espinha... mas, ele não veio. A única coisa que me atingiu foi um profundo desejo de tê-lo nu e debaixo de mim o mais cedo possível. E sim, havia uma parte de mim que gostava de ser reclamada publicamente também. Sentindo-me quente, quase febril, finalmente me separei do Sr. Mãos Felizes para ir ao banheiro das mulheres, que estava identificado por um mini quadro-negro. Refresquei a parte de trás do meu pescoço com uma toalha molhada e me olhei no espelho. Corada e de olhos arregalados. Oh, Senhor! O que estava acontecendo comigo? E quando sai do banheiro, para completar, dei um passo para o meu próprio filme de John Hughes21. John Hughes Jr. foi um aclamado diretor, produtor e roteirista de cinema estadunidense, famoso por ter escrito e dirigido filmes que se tornaram clássicos da década de 1980 e início dos anos de 1990. 21


Lá estava Leo, encostado na parede em frente a mim, uma perna flexionada na altura do joelho e apoiada contra a parede. Sua cabeça estava para baixo, mas ele fez um olhar lento e sexy enquanto a levantava, até estar me encarando. Então começou a desencostar da parede e caminhar para mim, não, perseguir-me descrevia melhor, como o predador mais sexy já visto. Ele me prendeu à parede. Na parede! Seu corpo cobrindo todo o meu, seus quadris positivamente me possuindo. Logo no fim do corredor, o resto do grupo estava apenas a um passo de encontrar-nos contra a parede e fora de nossas mentes. Mas, com Leo pressionado contra mim, ele ocupou toda a minha mente. Perdida numa névoa de hormônios e necessidade carnal pura, concentrei-me na boca de Leo correndo para cima do meu pescoço enquanto ele sussurrava as promessas mais imundas que eu já tinha ouvido. Lamber. Chupar. Morder. Levantar. Girar. Virar. Palmada. Foder. Foder. Foder. O tilintar de vidro nos assustou e interrompeu, e nós viramos a cabeça em direção ao barulho, que foi seguido por uma risadinha abafada. Foi o suficiente para nos tirar da nossa névoa – nos desenroscamos da parede e voltamos para a festa, onde todos pareciam saber exatamente o que fizemos. "Eu preciso de uma bebida. Você precisa de uma bebida?", Perguntei, nervosa. Eu precisava de um momento sem o inebriante Sr. Maxwell tão perto e sob a minha pele. E quase debaixo do meu vestido. Ele lambeu os lábios, sorriu para mim e se dirigiu para a multidão para obter nossas bebidas, sorrindo e conversando como um profissional pelo caminho. E foi então que eu ouvi uma voz que tinha assombrado os meus tempos de colégio. "Bem, bem, olhe quem está volta na cidade explodindo todas as cabeças." Krissy Jacobson, representante de turma, rainha do baile e


com maior probabilidade de sucesso em ser uma cadela para o resto de sua existência, se aproximou de mim. Atrás dela, como sempre, ela arrastava suas quatro fiéis ratas de estimação. Quantos anos tinham se passado mesmo desde o colégio? E elas ainda a seguiam como patos bebês? Eu me preparei para os gracejos, calúnias e socos acerca da Roxie antiga, e da bagunça que eu costumava ser naquela época. "Oi, Roxie!" Maureen falou. Ela sempre foi a mais amigável do grupo. Loren me puxou para um abraço. "É tão bom ver você!", ela aplaudiu e me beijou na bochecha antes de me passar para Paula, que repetiu o abraço antes de me passar para Lece. Elas deliraram sobre o meu vestido, meu cabelo e meu brilho "beijada pelo Sol", que eu tinha certeza que elas sabiam vir de Leo, e não do Sol. Nenhuma delas tinha deixado Bailey Falls, optando por aumentar a população criando seus 2,5 filhos aqui, e minha cabeça voou quando me contaram sobre suas famílias, maridos e crianças. Em seguida, elas me crivaram de perguntas sobre a Califórnia. Será que eu ia à praia todos os dias? Será que as Kardashians frequentavam a minha academia? Será que eu cozinhava para pessoas famosas? Eu nunca cozinhava e contava, mas estas eram as meninas que fizeram a vida miserável para mim na época do colégio. Então eu poderia ter-lhes mostrado uma foto minha com Jack Hamilton, com seus braços em volta de mim em sua cozinha e suas mãos cheias com meus bolos. Todos elas gritaram, olhando para o meu telefone com inveja. "E Leo..." Krissy deixou seu nome flutuando para que eu pegasse. "Sim, Leo." Respondi, tomando a minha bebida e evitando o contato visual.


"Você é tão sortuda", disse Lece. "As mulheres têm tentado prendêlo durante anos!" Eu balancei a cabeça, absorvendo tudo. Como ele era ativo na comunidade, o quão bonito ele ficava com Polly. "Nada é mais sexy do que um pai amoroso", disse Maureen, engolindo seu drink. "Você é a conversa da cidade, sendo a menina de Leo", disse Paula. Sorrindo educadamente, eu mastiguei o ‘Menina de Leo’ enquanto elas se mudavam o assunto para Oscar, o leiteiro gostoso. Por tanto tempo quanto eu conseguia me lembrar, eu sempre fui vista como a menina de Trudy. Agora eu era menina de Leo. O que era necessário para eu ser apenas Roxie? Califórnia. Eu conversei com as meninas por mais alguns minutos, chupando azeitonas com Lece, tomando um drink com Maureen, em seguida, outro drink com Maureen, e então, finalmente, um terceiro drink com Maureen. Eu confessei a Krissy que tinha sido a única a sabotar sua torta de morango na aula de culinária, trocando o açúcar por sal. E então tomei mais uma bebida com Maureen. Quando finalmente me desculpei e me afastei, fazendo um balanço das coisas, percebi que estava um pouco tonta. Eu me perguntava quanto tempo levaria para Leo entrar em minha calcinha quando chegássemos em casa... Soluço. Oh boy, até meu cérebro estava tonto. No tempo que levei para andar do bar para a sala de estar, eu tinha evoluído de "um pouco tonta” para "puta merda, estou rodando". Avistei Leo na cozinha, sentado na bancada de granito e tomando uma água engarrafada enquanto falava com Oscar, o gigante. Que, por sua vez,


estava vestido com uma T-shirt branca e limpa que estava quase estourando nas emendas para conter seus enormes bíceps tatuados. Seu cabelo preto brilhante estava preso novamente com uma tira de couro, e eu me perguntei o que tinha que acontecer para fazê-lo soltálo. Aposto que só alguém realmente lindo conseguiria. E por falar em lindo... Leo encontrou meu olhar e oh, a queimadura, o doce fogo que tinha sido acesa por aquele beijo na minha varanda elevou sua cara bonita novamente. Eu fiz o meu caminho através do piso de ladrilho irregular (era liso e reto), tropeçando apenas um pouco em meus sapatos, e acabei em pé entre as pernas de Leo, sorrindo estupidamente para ele. "Almanzo, você quer ir dar um passeio de buggy?" Eu ronronei (arrastei), tentando colocar minha mão em suas costas para fazer com que todos vissem a minha reivindicação. Certamente teria sido mais eficaz se o seu blazer não tivesse cobrido toda a ação, mas quem se importa? Eu ia ter um orgasmooooo hoje à noite! "Eu vou falar com você mais tarde, Leo," Oscar resmungou (viu como eu sou engraçada?), e saiu pela porta de trás, tendo que se abaixar um pouco ao passar por ela. "Eu vi você bebendo lá com as meninas", disse ele, rindo quando eu derrubei minha cabeça em seu peito, respirando seu cheiro de terra. "Elas me odiavam na escola," Eu contei a ele. "mas agora elas me amam. Porque eu estou com você? Por que eu sou uma garota da Califórnia agora? Difícil dizer. E por que você não está me montando num buggy agora?" "Parece que você está pronta para ir para casa, Ervilha." Ele deu um beijo no topo da minha cabeça enquanto eu brincava com os botões da sua camisa. "Oh, Deus, você sabe o que faz comigo quando me chama assim?" Suspirei. "Isso me faz querer quebrar."


"Quebrar?", perguntou ele, o canto de sua boca subindo. "Em seu rosto." Eu acariciei seu rosto enquanto seu queixo caia aberto. "Ok, hora de ir." Dando um rápido adeus a Chade e Logan, ele me levou correndo pela porta dos fundos, me guiando pela calçada e me colocando em seu carro antes que tivesse a chance de dizer: "Ei, boa casa, espero que esteja completamente inaugurada agora!" Eu gritei esta joia especial sob o braço de Leo enquanto ele se atrapalhava com o meu cinto de segurança. "Leo, Leo, Leo - Deus, eu amo dizer o seu nome," eu disse, por debaixo de seu braço e olhando para o céu. Ele se apoiou no meu assento, varrendo meu cabelo para trás do meu rosto e olhando profundamente em meus olhos. Porque ele estava à procura de respostas? Ou porque ele estava verificando para ver o quão bêbada eu estava? "Eu pensei em você durante toda a semana, você sabe." Eu disse. "Você fez?", Ele perguntou, seu prazer evidente mesmo através da preocupação. "Pare de me olhar assim. Eu estou bêbada, mas não tão bêbada a ponto de não perceber as coisas." "Que coisas você percebeu, garota bonita?" Sua palma varreu minha bochecha, embalando o meu rosto, seus dedos descansando levemente na parte de trás do meu pescoço. "Eu sei o que você estava fazendo lá, com sua grande mão sexy nas minhas costas durante toda a noite, marcando o seu território." Eu puxei a camisa dele, trazendo-o para mais perto de mim, então beijei seu nariz, pálpebras, sua testa, e finalmente seu queixo.


"E se eu estivesse fazendo realmente tudo isso?" Ele inalou rapidamente quando eu mordisquei seu queixo. Um gemido abafado escapou dele quando coloquei minhas mãos em seu cabelo, em seguida, beijei um caminho em direção a sua boca. "Eu conheço uma maneira muito melhor de marcar o seu território", eu respirei, em seguida, cobri sua boca com um beijo quente e selvagem, empurrando minha língua em sua boca enquanto suas mãos se tornavam ásperas e instáveis. "Diga-me", disse ele, sua voz cheia de necessidade. Eu me enchi de luxúria por saber que poderia deixá-lo desta forma. "Me diga o que você quer." Eu o puxei bem perto para sussurrar em seu ouvido. "Eu quero que você me foda sem camisinha, em seguida, goze em cima de mim. Eu quero ficar coberta de você, escorregadia, molhada e suja, muito suja." Leo congelou. Então se afastou para olhar para mim. E inalou como se não conseguisse respirar. Eu adoraria dizer-lhe que conseguimos voltar para a minha casa. O máximo que posso dizer, porem, é que nós paramos um pouco longe da cidade e profanamos uma estrada rural da maneira mais gloriosa.


"Pedidos prontos! Eu tenho mexidos com centeio seco, dois Reubens - um com picles, e uma vaca preta. Vamos começar a nos mexer, não vamos, senhoras?" Eu ri quando panos de prato de todos os quatro cantos do restaurante vieram voando em minha direção. Maxine e as outras marcharam para pegar seus pedidos na janela, e eu ganhei uma piscadela dela. Eu tinha gastado a manhã na cozinha depois que Carl ligou avisando que estava doente. Eu tinha manipulado a grade, preparado tudo para amanhã e agora estava começando a limpeza, fazendo o melhor que podia. "Como está indo, sra. Oleson?" Gritei quando o sino tilintou, alertando-me de um novo cliente. Ela acenou e gritou: "Roxie, você vai estar aqui amanhã de manhã? Eu preciso pedir algo para o almoço do prefeito na próxima semana. Você pode fazer um bolo invertido de abacaxi caramelado?" "Com fatias de abacaxi e laranja na lateral, e calda açucarada?"


Todo o restaurante delirou, e ela me deu o polegar para cima. Sorrindo um pouco, eu me virei para guardar as garrafas de ketchup atrás do balcão, assobiando junto com a jukebox enquanto arrumava os recipientes. Ouvi a campainha tilintar mais uma vez, e disse por cima do meu ombro, "Bem-vindo ao Callahan! Pegue qualquer lugar vazio; uma garçonete logo vai te atender...” Minha voz sumiu quando o aroma de patchouli me atingiu. De jeito nenhum. Eu me virei para ver minha mãe em pé ao lado da porta, tia Cheryl bem atrás dela. Ela estava bronzeada, com uma aparência saudável e positivamente radiante. "Você não deveria estar... O que você est... Quero dizer, você está em casa!" Eu soltei. Oops. "Bem, bem-vinda para você também", ela respondeu, sua voz quente e feliz. Seus braços e mãos estavam cobertos de tatuagens de henna, ela tinha um novo piercing no nariz e seu cabelo selvagem estava em duas tranças crespas. Tomada pela necessidade de abraçá-la, corri de trás do balcão. Uma onda de patchouli tomou conta de mim, forte e terrosa, e pela primeira vez em muito tempo, eu estava muito feliz por vê-la. Mas, quão estranho era o meu primeiro pensamento ser, ‘droga, era hora de ela voltar para casa, já’? "Um pouco de ajuda aqui?" Tia Cheryl estava lutando com o que pareciam ser dois conjuntos de bagagens. "Oh, tia Cheryl, desculpa, deixe-me ajudá-la com isso", exclamei, agarrando suas mochilas e sacolas cheias até a borda com coisas de flamenco espanhol, máscaras chinesas de Ano Novo, um bong de


bambu. "Ma! Você não pode apenas levar um bong22 por aí numa bolsa!" Eu joguei uma toalha de prato sobre o tubo de bambu. Ela estava acenando para todo mundo como uma celebridade. Oh garoto. Ela vai ser a fofoca daqui pelos próximos dez anos. "É um bong cerimonial, Roxie. Eu consegui no Laos.", disse ela, caminhando pelo restaurante e dando uma boa olhada. Alguma coisa se apertou no meu estômago quando ela avaliou as mudanças que eu tinha feito, sem dúvida pesando no quão rapidamente ela poderia desfazê-las. Balançando a cabeça, entrei em ação. Maxine e eu levamos todas as bolsas para o lado da porta enquanto minha mãe estava cumprimentando a todos como se ela tivesse ido embora há anos. Alguém no balcão fez a pergunta de milhões de dólares. "Então, vocês ganharam?" Mamãe e tia Cheryl se olharam entre si antes de balançaram a cabeça. "Desculpe, não posso dizer nada ainda. Estou contratualmente obrigada a ficar em silêncio." Mamãe explicou. "Tia Cheryl, você está bem? Você parece exausta", eu disse, empurrando um banquinho atrás dela. "Eu nunca estive tão cansada em toda a minha vida." Ela afundou no banquinho com gratidão, descansando a cabeça sobre a bancada. Ela estava meio dormindo no momento em que eu olhei de novo para a minha mãe, que estava fazendo a ronda, cumprimentando seus clientes, participando de conversas. Ela cresceu na cidade, conhecia todo mundo e era muito querida por todos. Seu retorno fornecia alguma emoção para esta pacata cidade, e ela estava curtindo esse momento.

22


Enquanto caminhava ao redor, ela continuou a verificar as mudanças que eu tinha feito, mas não houve quaisquer comentários ou perguntas até agora. Se ela estava irritada com as mudanças, não disse nada. Talvez porque tínhamos uma audiência. Ou talvez porque estava feliz com isso. Coisas mais improváveis e estranhas já tinham acontecido, afinal. Conforme continuei com meu trabalho, o restaurante começou a esvaziar da corrida para o almoço. E enquanto eu limpava, ficava esperando o sentimento de alívio descer sobre mim. Como ela estava de volta, meu tempo aqui tinha acabado, e eu poderia voltar para a minha vida na Califórnia. E continuei esperando por esse sentimento. Mas ele nunca veio. Engraçado. Quando o último cliente do almoço foi embora, mamãe trancou a porta. Fazendo o seu caminho até mim, ela se sentou no banquinho ao lado de sua irmã roncando. "Devemos deixá-la dormir?" "Ela parece bem cansada." Eu ri. "Eu voto em deixá-la dormir." "Falando de dormir-" Eu pulei. Quem já tinha contado a ela sobre Leo? "Como você conseguiu dormir, com todo esse ar puro do campo?" Eu respirei de alívio. "Oh, hum, eu tenho dormido muito bem, na verdade." "Você parece realmente bem", disse ela, me examinando com cuidado. "Você parece descansada. Sua pele está ótima, seus olhos estão brilhantes, e seu cabelo parece bom e forte". "Obrigada, eu comi um ovo cru todos os dias esde que você saiu, por isso o brilho. Você deseja verificar os meus dentes?"


"Não zombe da sua mãe, Roxie", disse ela distraidamente, ainda me olhando com muito cuidado. Ela poderia dizer? Será que ela sabia? "Mmm-hmm," ela finalmente disse. Me senti da mesma maneira como quando eu era criança e tentei mentir para sobre se tinha feito ou não minha lição de casa. Ela sempre sabia. "Você está livre para ir, Rox", disse ela. "Hum, obrigada, mas eu ainda tenho pedidos para terminar antes que eu possa sair hoje. Eu vou ver você de volta em casa. Tenho certeza que a tia Cheryl prefere tirar um cochilo no sofá em vez de sobre o balcão." Eu sorri e ela deu um tapinha na minha mão. "É bom ter você em casa, mãe." "Eu quis dizer que você está livre para voltar para a Califórnia." Eu estava no meio da porta de vaivém quando ouvi suas palavras. E voei de volta para o restaurante. "Estou em casa! Você está livre!", ela gritou, fazendo um grande gesto em direção à porta da frente. "Estou surpresa que você não correu para as montanhas assim que entramos." Sentei-me ao lado dela, brincando com um fio solto no meu avental. O cenário estava muito igual a quando eu era uma garotinha. Sentadas lado a lado, sem olhar uma para a outra. "Eu estava pensando," finalmente disse, girando meu telefone no balcão como distração, "Eu meio que tenho que ficar um pouco mais. Você vê, você voltou para casa mais cedo do que eu planejei inicialmente. Estou feliz que você está em casa, mas ainda não estou preparada. Eu hum... ainda tenho pedidos de bolo para entregar. É claro que eu preciso te contar sobre os pedidos que bolo que peguei, mas... E eu tenho essas aulas de culinária zumbi que estou ministrando. Nós ainda temos a de conservas para aprender, e eu


também estava esperando poder ensinar a fazer extrato de tomate e como congelar corretamente os alimentos antes de ir." Foi então que meu telefone se iluminou anunciando uma mensagem de texto. Na tela estava o nome de Leo, junto com uma imagem que eu tinha tirado no dia em que ele me mostrou suas nozes... nas árvores. Ele estava sorrindo preguiçosamente, aparentando em cada polegada o garoto-propaganda da ‘Fazendeiros quentes’. Era a minha imagem favorita dele. E embora eu tenha rapidamente virado a tela para baixo, não fui rápida o suficiente. Minha mãe viu a foto. E poderia até mesmo ter visto o texto. Oh homem. Seus lábios enrolaram quando ela tentou segurar um sorriso. "Entendo." "Você não entende nada. Não é o que parece". "Eu adoraria saber o que você pensa que parece quando o solteiro mais cobiçado no estado de New York manda mensagens de texto para minha filha, com coisas como: 'Hey Ervilha, a noite passada foi incrível e-'" "Pare de falar! Oh meu Deus, faça isso parar!" Eu gemi, deixando minha cabeça cair sobre o balcão como tia Cheryl. "Você tem feito mais de bolos neste verão, Roxie Callahan!" Minha mãe saltou de seu banquinho e correu atrás do balcão, segurando duas canecas de café. Servindo as bebidas, ela apoiou o queixo em suas mãos e arqueou as sobrancelhas. "Derrame."


Eu derramei depois do jantar, depois que tia Cheryl estava serrando toras no quarto de hóspedes e minha mãe e eu nos sentamos na varanda da frente. Nossa varanda da frente estava vendo alguma ação neste verão, isso era certo, entre o sexo, o andar e a contação de histórias. Minha mãe fumou um pouco da melhor folha do Colorado enquanto eu fiquei com um café gelado. Contei apenas coisas superficiais, sem divulgar nada substancial, admitindo apenas ver Leo ocasionalmente, casualmente. Algumas pitadas suculentas a distraíram facilmente, e com apenas a mais leve cutucada eu fui capaz de mudar seu foco para longe de mim e da minha vida amorosa, bombardeando-a com perguntas sobre como a viagem tinha sido. Oficialmente ela não poderia me dizer se elas tinham ganhado, mas com base no fato de que ela voltou para casa mais cedo e uma piscadela artisticamente cronometrada quando eu disse: "Ah, pelo amor de Deus, diga-me, você perdeu, certo?" Eu coloquei dois e dois juntos. E tão fácil como foi distraí-la com algo brilhante (falar sobre si mesma), ela pode ser distraída por algo ainda mais brilhante e corriqueiro (sua vida amorosa). Minha mãe tinha encontrado nada menos que três homens em sua viagem. Primeiro foi Hank, um vendedor de peças de automóvel de Akron, Ohio, viajando com seu filho para o show. Um dos primeiros selecionados, ele e mamãe tinham partilhado uma noite de beijos bêbados na Chinatown de San Francisco após a festa de boas-vindas aos participantes do programa. Seu filho e tia Cheryl intervieram, explicando a cada um deles que se envolver com a concorrência era uma receita certa para o desastre. Quando minha mãe pegou Hank com as mãos dentro das calças de uma outra concorrente (Sabrina, uma instrutora de ioga de Tallahassee), ela concordou que não daria certo, e simples assim Hank entrou na pilha de descarte.


Em seguida veio Pierre, um imigrante francês que tinha sido o instrutor num mergulho nos Mares do Sul, a pérola da expedição. Depois de tentar mergulho livre depois de apenas 10 minutos de treinamento e sem suporte de respiração, minha mãe tinha sido arrastada para fora da água e para o colo de Pierre, onde foi ressuscitada pelo francês. Ela na verdade esperou vários minutos antes de “voltar à vida”, de modo a desfrutar de um pouco mais de boca-aboca. Minha mãe e Pierre tiveram uma noite de mergulho íntimo oceânico, onde ele pediu-lhe para tentar definir um novo recorde mundial para a apneia enquanto ficavam ocupados... Eu quase tive que bucar o scotch para ouvir essa história. E, finalmente, houve Wayne Terça-Feira. Sim, esse era o nome real. Wayne era um operador de câmara para a empresa de produção que possuía The Amazing Race, e sua unidade havia sido designada para filmar minha mãe e tia Cheryl. Tarde da noite, na ilha de Tahiti, depois de um concurso de limbo que minha mãe ganhou, os dois furtivamente fugiram do resto da esquipe e dividiram um daiquiri de abacaxi. Foi o abacaxi? Teria sido o limão? Ou o bendy? (Com certeza foi o bendy.) o fato era que ninguém sabia ao certo o que tinha acontecido, somente que ela estava completamente apaixonada por Wayne. Agora, normalmente quando um participante de reality show se envolve com um membro da equipe de filmagem (eles desaprovam isso), uma de duas coisas acontece. Ou o competidor é removido ou o membro da equipe é demitido. Wayne e minha mãe foram capazes de esconder seu romance de todos até o local de filmagem final em Roma, onde foram pegos jogando um jogo espirituoso de esconder o salame. Ele foi demitido e algumas semanas mais tarde, minha mãe e tia Cheryl tinham sido eliminadas. Para o registro, este foi o mais longo tempo que mamãe manteve um segredo. Se ela já me disse: "Ei, eu não ganhei The Amazing Race"? Não,


mas ela contornou as regras com bastante facilidade em sua mente, usando palavras como eliminado. Ninguém, e eu quero dizer ninguém, conversava com Trudy Callahan por mais de uma hora sem que ela contasse um segredo. Mas, conforme ela contava história após história de suas aventuras, eu fui pega na excitação, na tolice, na sua atitude despreocupada. Eu estava gostando de sua companhia, eu ri de seus contos e simpaticamente afaguei seu ombro quando ela me contou sobre os perigos de queimaduras solares lá em baixo depois de uma temporada numa praia de nudismo. E foi por isso que, enquanto observamos os vagalumes dançarem preguiçosamente através do quintal, conversando sobre isso e aquilo e tudo, eu estava convencida de que ela tinha esquecido da mensagem de texto de Leo. Porem, de repente ela disse: "Leo Maxwell é exatamente o tipo de homem que eu posso ver com você. Veja isso também, Roxie." Eu estava tão surpresa que permaneci na varanda, sentada em linha reta e tensa, pensando sobre o que ela tinha dito por muito tempo depois que ela entrou.


Na manhã seguinte, minha mãe me disse que Wayne Terça-Feira estava chegando hoje; ele estava vindo de DC para passar a semana com ela. Tia Cheryl tinha ido para casa mais cedo na manhã seguinte, dizendo para minha mãe nunca, nunca chamá-la de novo para qualquer tipo de reality show. Ou qualquer viagem de qualquer tipo. Minha mãe estava feliz da vida que eu iria ficar em torno por mais um tempo, mesmo que eu já estivesse de olhos em lugares livres nos bairros próximos da nossa casa. Eu estava acostumada a ter seus namorados por perto, mas tinha sido anos desde que eu realmente tive que vê-la com algum deles. Estremeci enquanto pressionava um hambúrguer, pensando sobre o que eu poderia ter que suportar quando Wayne chegasse. Mamãe e eu fomos trabalhar juntas hoje. Ela estava ansiosa para ver os livros e ver como as coisas tinham andando enquanto ela ficou afastada. Eu estava ansiosa, agora que ela estava de volta e se estabeleceu, para ver como o que eu tinha feito seria recebido.


Embora não devesse importar. Eu estava voltando para L.A.... certo? Possivelmente? Talvez não? Se Chad Bowman estivesse na minha cabeça agora, ele teria feito uma cambalhota. Eu estava realmente considerando a ideia de... ficar? Eu ponderei tudo isso enquanto assava alguns espetinhos de queijo e me preparava para lançar uma nova linguiça defumada na grelha. O açougue no qual eu tinha conseguido o pastrami no outro dia tinha uma nova linha de salsichas alemãs, e vinha trabalhando o meu caminho através delas. A linguiça de fumada era fantástica, perfeitamente temperada e suculenta com gordura boa aqui e ali. Eu estava trabalhando mentalmente numa receita com cebolas grelhadas e um pouco de vinagre de maçã quando ouvi Maxine avisar que eu tinha um visitante. Olhando para o relógio antigo sobre o armário, vi que era hora do almoço, o que só poderia significar um visitante muito específico. Eu sorri, tampando os pedaços de queijo para deixá-los agradáveis e pegajosos, limpei as mãos no avental e empurrei as portas giratórias. Eu imediatamente vi Polly sentada no balcão com o menu na frente dela, parecendo muito crescida. "Beber refrigerante não é ilegal. Isso é bobagem, papai", ela argumentou dando Leo me um olhar de soslaio. Encostei-me ao batente da porta e sorri quando Leo calmamente pegou o menu e fechou-o, colocando-o entre eles. Atrás deles eu vi minha mãe com a cafeteira, passando de mesa em mesa, conversando, certificando-se que todos tinham o que precisavam. E então um flash de repente me bateu - ou talvez tenha sido só um devaneio. Claro como o dia, eu tive a visão mais nítida de uma Polly um pouco mais velha me ajudando no restaurante. Ela estalou a bola do


seu chiclete e anotou o pedido de um menino que não era muito mais velho que ela. Eu olhei para a cena ao meu redor: pessoas felizes numa cidade feliz. Tudo super-hiper-megafeliz. Isso poderia ser real? Isso poderia ser real para mim? Só então Leo reparou em mim e, como sempre, seus olhos percorreram todo o meu corpo, queimando com calor antes que ele me desse uma piscada. Eu sorri instantaneamente. Talvez isso fosse real, afinal. Comecei a andar na direção deles com esse mesmo sorriso brilhante. "Bisteca, você não pode ter refrigerante. Leite ou suco de maçã são as suas escolhas. Tome-o ou deixe-o", disse Leo com uma voz firme. "Vovó, por favor", ela reclamou. Vov- o quê? Parei tão rápido que deixei marcas de derrapagem. Com certeza, lá estava a Sra Maxwell. E ela parecia tão profundamente fora do lugar. Eu não tinha ideia de como não tinha notado. Talvez eu estivesse um pouco distraída com a visão da minha pequena família feliz, protagonizada por mim e meu próprio Almanzo girando a nossa Polly na fazenda. Seu cabelo perfeitamente cortado era tão prateado que podia brilhar no luar. E ela tinha olhos verdes, como Leo e Polly, embora os dela fossem da cor do dinheiro e do poder. Ela estava ricamente vestida em calças de cor creme feitas sob medida, e eu silenciosamente a aplaudi por ter coragem de usá-las num lugar que servia pimentão ao molho sete dias por semana. A blusa listrada harmonizava com as pérolas em volta de seu pescoço, que provavelmente custavam o que eu tinha pago pela escola de culinária. Ou mais.


Mentalmente averiguando minha roupa, eu me amaldiçoei, pensando no pudim de arroz que tinha manchado minha capri mais cedo. Para não mencionar a mancha de cranberry no meu avental. "Oi, Roxie!" Polly falou. Alisando o guardanapo sobre seus shorts jeans, ela continuou, "Vovó, este é Roxie. A garota que eu estava te falando. Ela faz a melhor torta! E nós fazemos uma versão super chique e melhorada de queijo grelhado, com queijo nobre, maçãs e pão de centeio com estes pequenos grãos estranhos nele. É tããão legal! Uma delícia!" "É um prazer conhecer você. Roxie, não é?", perguntou ela friamente. Sem aperto de mão. Ela provavelmente não podia levantar a mão, de qualquer maneira, devido ao peso do diamante do tamanho de um rinque de patinação que estava em seu dedo. "Meu Leo me disse que você tem ajudado a sua mãe aqui até voltar para... Onde mesmo?" "CC-Califórnia," balbuciei, vendo minha mãe andar em direção ao balcão com duas cafeteiras vazias e um sorriso largo. Oh Deus. Minha mãe e a mãe dele, no mesmo lugar e ao mesmo tempo, poderia ser material de lendas. Também poderia ser material para um épico desastre de trem. "Hey, Polly, você voltou do acampamento de verão mais cedo, não é?" Minha mãe gritou, correndo ao redor do balcão numa nevoa de sândalo e franjas de couro para ficar na frente da filha do Leo, estendendo a mão e apertando o nariz dela. Polly deu uma risadinha e respondeu com um high-five. "Oi, Ms. Callahan! O acampamento foi mais ou menos, e o papai sentiu tanto a minha falta que decidi voltar para casa mais cedo."


"Estamos felizes por ter você em casa. E, Leo, você só fica mais bonito cada vez que te vejo!" Minha mãe voltou para trás do balcão. "Como foi o verão? Parece que você e Roxie tiveram um grande tempo! Bom Deus, olhe para você, está ficando tão rosado quando a bunda de um porco." Se você disser a palavra bunda na frente de uma criança de sete anos de idade, não importa o quão inteligente ela seja, ela vai rir até sua cabeça explodir. Ouvir seu pai ser comparado com a traseira de um porco fez Polly voar num vendaval de risos que não parava mais. Não importava o quanto à mãe de Leo tentasse acalmá-la gentilmente. Ela riu tão forte que provavelmente até perdeu o comentário sobre eu passando o verão com seu pai - mas a mãe dele com certeza prestou bastante atenção nessa parte. "E esta deve ser a sua mãe, a Sra. Maxwell. Você sabe, eu vejo vocês vindo visitar a cidade durante todos esses anos, mas ela nunca antes veio até a minha lanchonete. Agora, como isso é possível?" Minha mãe parou em frente à mãe de Leo. "Você sabe como verões podem ser ocupados com hóspedes e festas. Eu sempre quis entrar na cidade quando a visitava, mas Leo me manteve tão ocupada lá em casa", ela respondeu com a voz anasalada típica dos ricos. Um pouco de Boston, um pouco dos Hamptons, um monte de Upper East Side. "Eu não acho que eu entendi completamente seu nome, Sra...?" "Apenas me chame de Trudy." A sra. Maxwell sorriu de maneira uniforme, provavelmente se perguntando como acabou subitamente numa relação de primeiro-nome com uma hippie. Ela estendeu a mão sobre toda a formica, um gesto que minha mãe deixou passar.


"Oh, olha essa linha da vida!", exclamou ela, virando a mão da Sra. Maxwell para examinar a palma. "Ininterrupta. Mas esta linha curiosa aqui... hmmm... você sofreu algum acidente quando era criança?" "Mãe, chega, ok?", insisti, pisando no pé dela por baixo do balcão. "Sra. Maxwell, o que posso fazer por você? Uma xícara de café? U prato de chilli?" E só assim eu percebi que tinha acabado de perguntar ao equivalente à uma rainha se ela queria um pouco de água da torneira. Antes que ela pudesse responder, minha mãe entrou em cena. "Roxie, pegue para Sra. Maxwell uma xícara de chá preto, o meu especial. Eu vou ler suas folhas de chá!" Minha mãe saiu novamente de trás do balcão e enfiou o braço pelo da sra. Maxwell. "Vamos dar uma olhada em nossa jukebox. Aposto que você vai conhecer todos os antigos clássicos de seus anos de adolescência que não foram, assim espero, desperdiçados." Enquanto Leo e eu assistíamos a cena com nossas bocas entreabertas, minha mãe levou a mãe dele para o velho Wurlitzer. E sra. Maxwell, com anos de boa educação, foi junto com a minha mãe sorrindo e acenando com a cabeça, provavelmente pensando que teria que encarar a hippie um pouco mais antes de bater em retirada. E justo quando elas estavam indo para um lado, Chade e Logan entraram do outro, vindo direto para o balcão. "O que está acontecendo?" Eu perguntei enquanto Polly fuçava despreocupadamente os botões na manga de Leo. Quando eu olhei mais de perto, percebi também que ele estava usando roupas muito não-Leo. Camisa pólo branca com as mangas compridas arregaçadas. Shorts cáqui. Olhei sobre o balcão para dar uma olhada em seus pés. Sperrys23. "Por que você está tão formal?"

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Ele fez uma careta. Mas antes que pudesse responder, Chade e Logan chegaram. "Precisamos de milkshakes, querida," Chad anunciou, afundando no banquinho ao lado de Polly e oferecendo-lhe o punho. "Olá, Pollster, como vai?" Polly bateu seu punho. "Apenas conversando com Roxie. Papai, eu também preciso de um milkshake, por favor." "O meu pode ser de chocolate?", Perguntou Logan. "Você não tem ideia do dia que tivemos!" Ele se inclinou sobre Chad para oferecer à Polly sua própria saudação de punho. "Como vai, princesinha?" "Você não tem ideia do dia que eu tive!" Ecoou Polly. "Primeiro, eu quase derrubei minha Barbie no vaso sanitário. Então, a vovó e o papai quase entraram numa briga sobre eu passar batom. E, embora provavelmente aquela não seja a minha cor, ainda deve ser minha escolha experimentá-lo, certo?" "Eu concordo totalmente", disse Chad. "E então...", disse Polly, sabendo que ela tinha todos os olhos sobre ela, "...nós chegamos aqui, e o papai disse que não podia tomar refrigerante! E agora os meninos estão recebendo milkshakes. Como isso é justo?" Sete anos de idade, só para lembrá-los. Polly, Chad e Logan olharam para Leo. "Milkshake para todo mundo, por favor, Roxie", disse ele com um suspiro. "Você ainda tem aquela garrafa de scotch escondida lá atrás?" "Roxie, e o chá preto? Rápido!" Minha mãe gritou da frente da lanchonete.


Eu escapei para a cozinha, onde fui recebida com fumaça saindo do grill: os queijos eram só fumaça, e a linguiça defumada estava queimada além da salvação. "O que está acontecendo?" Eu perguntei ao mundo mais uma vez, e alguém finalmente me respondeu. "A loucura chegou a Bailey Falls," disse Leo com voz de locutor de filme, cruzando a porta de vaivém e tossindo um pouco com a fumaça. Eu balancei a cabeça em concordância. "E seu nome é Mãe." Uma vez que a fumaça se dissipou e a salsicha foi posta fora de sua miséria, Leo estendeu a mão e levantou meu queixo em direção a ele. "Você está bem com tudo isso, Ervilha?" "Eu estou tentando, Almanzo. Eu realmente estou." Suspirei. Deixei ele me puxar para os seus braços, envolvendo-os firmemente em torno da minha cintura, e pude sentir um pouco da sua força penetrando em mim. Descansando meu queixo em seu peito, eu olhei para ele e perdime nos olhos cujos quais eu vi pela primeira vez nesta mesma cozinha, apenas dois meses antes. Suspirei, ficando na ponta dos pés. "Um beijo iria ajudar." "Seu pedido é uma ordem". Seus lábios pressionaram contra os meus, famintos e quentes. E, quando Maxine abriu a porta perguntando onde o chá e os milkshakes estavam, todo mundo pode nos ver. Eu ouvi um grito e nós dois quebramos o beijo, voltando-nos para ver a minha mãe e a dele, uma com um olhar de alegria e a outra com um olhar de desagrado distinto. Chad e Logan ostentavam grandes sorrisos. E Polly. Seus olhos se arregalaram. Em seguida, se encheram de lágrimas. Seu rosto amassou. Ela saiu de cima do banquinho, correu para sua avó e escondeu o rosto em Chanel No 5.


As mãos de Leo se afastaram da minha pele, como se ele tivesse sido eletrocutado. E o olhar em seu rosto... oh. Ele saiu da cozinha sem dizer uma palavra, andou através da lanchonete e pegou sua filha, abraçando-a enquanto ela chorava e enquanto sua mãe tentava consolá-la também. Ele saiu do restaurante, com os braços cheios de sua família, seus olhos encontrando os meus. Agora eu sabia. Ele murmurou, "Eu sinto muito." Sua mãe olhou para mim com gelo absoluto em seus olhos. Agora eu sabia. Eu estava na porta da cozinha, estupefata. Agora eu sabia... por que eles chamam de cair de amor. Porque a queda era muito, muito ruim.

Momentos após os Maxwells saírem, quando eu estava sentada calmamente ao lado de Chad e Logan, minha mãe me entregou o chá que eu devia ter preparado para a mãe de Leo. Logo em seguida, o sino da porta tilintou, e nós nos viramos ao mesmo tempo na esperança de ver... Eu não podia dizer isso. Um homem de boa aparência, no alto de seus cinquenta anos veio navegando pela porta da frente, mais sal do que pimenta em seu cabelo. Ele segurava um saco numa mão e um mapa na outra. "Eu estou procurando Trudy Callahan. Sou Wayne Terça-Feira." Minha mãe acariciou minha mão e fez seu caminho para Wayne, que a beijou na boca bem na frente de todos. Jesus, todo mundo estava


beijando abertamente hoje. Como era possível que ninguém na cidade tivesse algo melhor para fazer do que ver as pessoas se beijando? À medida que um beijo se tornou dois, depois quatro, eu senti um nó maldito na minha garganta e, por mais que tentasse, ele simplesmente não descia goela abaixo. "Sabe o que? Acho que vou sair daqui." Levantando do meu banco, eu desatei meu avental, peguei minha bolsa debaixo do balcão e acenei adeus para Chad e Logan. "Você precisa de alguma coisa? Você pode vir conosco se quiser, temos filmes, pipoca..." Logan ofereceu. "Isso soa bom, mas eu acho-" Olhei por cima do ombro e vi rapidamente para onde as coisas estavam indo com minha mãe e Wayne. "Ugh. Eu só preciso sair daqui." Porque aquele caroço na garganta, eu estava descobrindo agora, seria rapidamente seguido por lágrimas, e elas já estavam ardendo e se preparando para manchar minhas bochechas. Os caras me olharam tristemente enquanto eu me dirigia para fora da porta da frente. Minha caminhonete parecia embaçada pelas lágrimas que agora começaram a derramar. Saltei para a gigante Wagoneer24 que tinha me acompanhado quando atravessei o país na primeira vez, e depois me levado de volta para casa, e quando dei partida e ouvi o velho ronco familiar, U2 saltou estridente dos alto-falantes, cantando "One". Is it getting better25…

24 25

‘Esta melhorando?’ É o inicio da musica One, do U2.


Oh, Bono26! Eu parei no acostamento da estrada e pressionei ejetar. Eu não tinha paciência para U2 hoje, nem para a forma como suas letras pareciam sempre destacar exatamente o que eu estava pensando, exatamente o que precisava ser dito. Mas Bono continuou cantando, algo sobre ter alguém para culpar27. Eu pressionei ejetar novamente. Ainda nada. Eu pressionei ejetar uma terceira vez, e quando nada aconteceu, soquei o aparelho de som. Que ainda não fez nada! Bono cantou sobre me aproximar, e em seguida precisar rastejar28, e eu dei um tapa no leitor de CD, gritando e chorando, tentando fazer a maldita coisa parar. E então eu ouvi um Wrangler muito familiar parando atrás de mim. Antes de Leo chegar à minha janela, eu peguei minha bolsa e saí do carro, seguindo a pé pela estrada. "Hey, Roxie, onde você está indo?" "Deixe-me sozinha, Leo," eu disse, não querendo que ele me visse chorando, não querendo que ele visse seu rosto. Ele tinha um poder sobre mim que eu nunca tinha sentido antes, e eu ficava tão fraca perto dele. Estava com raiva de mim mesma por deixar as coisas chegarem até esse ponto, e Leo sentiria o peso da minha raiva também se não se afastasse. "Pare, por favor – Jesus, Rox, pare agora!", Gritou ele, seus passos fortes ecoando no asfalto quente quando ele correu atrás de mim.

Vocalista do U2. Ainda sobre a letra de One, U2: Is it getting better/Or do you feel the same?/Will it make it easier on you now/You got someone to blame? / Está melhorando?/Ou você ainda sente a mesma coisa?/As coisas vão ficar mais fáceis para você agora/Agora que você tem alguém para culpar? 28 You ask me to enter/But then you make me crawl. / Você me convida para entrar/e então me obriga a rastejar. 26 27


Porque isso é o que acontece numa comédia romântica, certo? Ela foge, ele persegue, ela protesta, em seguida, eles se beijam e tudo acaba bem. Ele me alcançou e eu me virei, meu rosto molhado de lágrimas. "Onde você pensa que está indo?", Perguntou ele. "Eu não sei ainda. Onde está Polly?" "Com a minha mãe. Eu as deixei em casa e depois voltei para você. Sua mãe me disse que você tinha saído, e eu imaginei que você tivesse saído dessa maneira. Polly está bem. Ela-" "Polly não está bem", retruquei. “Ela não está nada bem - ela estava chorando!" "Rox, ela me teve todo para si mesma por sete anos. Você não acha que me ver beijando uma mulher, especialmente uma que ela acabou de conhecer, seria um pouco estranho para ela?" "Você está louco? É muito estranho! Você não tem ideia do que ela está sentindo agora!" Eu enxuguei minhas lágrimas com raiva e passei por ele, voltando para o carro. "O que você quer dizer? Como você pode saber o que ela- Ei, você pode parar de fugir de mim?" Leo chamou, quente em meus calcanhares. "Ela está se perguntando se você vai se casar comigo. Ela está se perguntando se eu vou chutá-la para fora de casa. Ela está se perguntando se você vai parar de prestar atenção nela. Ela está se perguntando se eu vou obrigá-la a comer cenouras todas as noites. Ela está se perguntando se você vai esquecê-la um dia, porque você tem a mim agora!" Alcancei o carro e abri a porta, mas ele a fechou de repente antes que eu pudesse entrar. Me virei, pura raiva que fluindo de mim agora. "E o pior de tudo, ela está querendo saber se vai me amar, e se eu vou amá-la de volta!"


Ele balançou para trás como se eu tivesse lhe dado um tapa. O caroço... oh, o caroço. Eu estava me engasgando com ele. "Você não vê, Leo? Você não pode apenas trazer uma namorada para casa quando tem uma filha. Não é justo com ela, não é justo com você, e certo como o inferno que não é justo comigo." "Oh, vamos lá", disse Leo com a voz irritada. "Isso é besteira." Ele avançou, me pressionando contra meu jipe. Eu me afastei. "Não me diga que o que eu sinto é besteira! Não se atreva a fazer isso! Eu não vou deixar nem você nem ninguém fazer isso! Você me dá esse incrível verão, depois eu descubro que você tem escondido uma filha de mim durante esse tempo todo, e então você espera que eu acabe me tornando uma dona de casa exatamente do que jeito que você precisa, do jeito que ela precisa, do jeito que todo mundo aparentemente precisa? E sobre o que eu preciso?" "Do que você precisa, Roxie? Do que exatamente você precisa? Você diz que me deixou entrar, mas isso não é verdade. Eu ainda não sei como você se sente sobre mim, como você se sente sobre nós. Você acha que sabe o que eu quero? Como diabos você poderia saber algo assim quando nem mesmo eu sei o que quero?!" Ele arrastou suas mãos pelo rosto. "Eu quero você. Eu sei disso. Mas como tudo vai acontecer e o que exatamente vai acontecer... eu não tenho ideia. E se você apenas pudesse parar de fodidamente fugir de mim e apenas deixasse isto acontecer - Cristo, Roxie!" Ele se aproximou de mim e acariciou minha bochecha. Como era possível uma mão tão grosseira ser também tão gentil? Inclinei-me em sua mão, incapaz de impedir que meu corpo respondesse da maneira que desejava. "Apenas deixe que isso aconteça, Roxie, e nós vamos descobrir o que fazer com o resto."


Eu queria. Verdadeiramente. Mas não podia. "Eu tenho que ir", sussurrei, minha garganta embargada. "Com tudo o que eu passei com a minha mãe, todos aqueles corações quebrados - eu não posso fazer isso para você, ou para Polly." Minha voz se quebrou. Me endireitei, em seguida, olhei-o nos olhos. "Eu não vou fazer isso com vocês." "Seu passado é de verdade." Ele olhou para mim com dor nos olhos, mas com sua decisão tomada também. "Assim como o seu presente. Assim como eu, e como todo o resto que esta bem na sua frente. E se você estiver me deixando apenas para provar um ponto? Então eu concordo que você deve ir - mas não pela razão que você pensa." Sua mão acariciou minha bochecha mais uma vez, em seguida, ele se afastou. Eu subi no meu jipe e fui embora. Não olhei para trás. Não podia. Eu sabia que se o visse, junto com os nossos corações quebrados e espalhados por toda a estrada empoeirada, eu nunca seria capaz de sair. Eu dirigi para a casa da minha mãe, joguei algumas roupas numa bolsa, dirigi meu carro para a estação de Poughkeepsie e saltei no Metro North em direção à Manhattan. Eu precisava ver minha melhor amiga.


Quando eu era criança, todos se referiam à Manhattan como “A” cidade. Nós nunca dizíamos apenas Manhattan, e certamente nunca dissemos apenas Nova York. E embora quando criança eu tivesse pensado que precisava ir para a Califórnia para fazer um nome para mim mesma, eu sabia agora que A cidade era suficientemente longe, e suficientemente grande e fabulosa para eu ser capaz de me perder nela inteiramente. Natalie era a cidade. Ela cresceu no centro urbano, filha de um promotor imobiliário e uma negociante de arte. Nada mais que uma intrometida na escola de culinária no primeiro ano, quando nos conhecemos, ela permaneceu firme em sua ilha, saindo esporadicamente apenas para ir aos Hamptons... quanto muito. Ela tinha a selva de pedras totalmente arraigada em suas veias. Surpreendi o inferno fora dela quando mandei uma mensagem da estação de trem dizendo que estava indo vê-la, e pedindo para ela cancelar seus planos para uma noite de sexta-feira. E agora aqui estou, sentada no grande e confortável sofá de seu apartamento, enquanto ela


prepara margaritas no liquidificador. Como seu pai era dono de várias moradias em Manhattan, ela era a beneficiária de um tipo muito específico de aluguel. Ocupando o piso térreo de um edifício histórico de três andares, o apartamento dela era do tipo que se poderia ver num episódio da Lista de um milhão de dólares. Tetos altos, marcenaria intrincada, sem falhas nos pisos de madeira brilhantes. O apartamento era impressionante. Assim como Natalie. Ela era o tipo de garota que nunca passava despercebida, quer você gostasse de meninas ou não. Se você gostasse de seres humanos em geral certamente ela chamaria sua atenção. Ela era escultural até desarrumada e de pés descalços. Ela nunca ficava descalça, entretanto, preferindo os mais recentes e mais altos saltos da moda. Com o cabelo louro morango, ela era como uma supermodelo, e tinha a boca mais suja da qual já se ouviu falar na terra. Ela poderia até mesmo fazer um marinheiro corar, apenas para logo em seguida grudar nela tentando conseguir uma chance. Ela era descolada, sempre a primeira a fazer uma piada ou uma proposta indecente, que nunca era recusada. A menina personificava curvas, tendo uma figura de ampulheta natural com um extra ou dois em cada extremidade. Eu realmente já vi homens quase baterem seus carros quando ela caminhava pela rua. Ela comandava todos os ambientes em que estava sem sequer tentar. E era sempre a mesma, fosse em casa comendo pizza ou num restaurante mais chique pedindo vinhos caros. Ela namorou políticos e policiais, artistas e bombeiros, um açougueiro, um padeiro e, embora não tecnicamente, um fabricante de velas. Um dos caras que ela namorou, inclusive, era o presidente da maior empresa fornecedora de lanternas na Costa Leste. Ela nunca teve seu coração quebrado - ela era aquela que quebrava corações.


Depois de seu primeiro ano como estudante de culinária, ela tinha se matriculado na Universidade de Columbia e se formado em publicidade, e agora estava abrindo seu próprio caminho numa das mais quentes empresas de publicidade da cidade. Ela trabalhou com empresas da Fortune 500, montou campanhas que todos conheciam, e provavelmente você cantarolava a canção de um comercial que ela criou. Além disso, ela fazia uma margarita fodidamente assassina. "Explique-me isso", disse ela, tirando a tampa do liquidificador e derramando o líquido espumoso e maravilhoso em dois copos. "Ele é lindo." "Até demais para seu próprio bem." "E vocês tem química?" "Até demais para o nosso próprio bem", gemi, me jogando de barriga para baixo numa almofada. Eu podia ouvi-la clicando seu caminho até onde eu estava. Ouvi o barulho de um copo, em seguida, o som de sua parada na minha frente. "E o sexo?" Eu bombeei meus quadris para cima e para baixo na almofada. "DE. DESLIGAR. O. CÉREBRO". "Então, eu não vejo o problema aqui." Eu podia ouvi-la saborear sua bebida. "Além disso, esse sofá foi muito caro, então pare de fodê-lo." Sentei-me e fiz uma careta para ela. "Ele me quer para, tipo... estar com ele." Agora, uma declaração como essa para qualquer outra pessoa teria resultado num sarcástico ‘Oh, pobrezinha’. Mas ela entendia. Ela realmente me conhecia. E conhecia minhas merdas.


"Eu estava mesmo imaginando por que de repente você correu para a cidade...", disse ela. "Não que eu não esteja feliz por você estar aqui." A campainha da porta soou. "Graças a Deus, estou morrendo de fome." Enfrentando o travesseiro novamente, eu fui incapaz de livrar-me da visão de Leo parado no meio da estrada. Esperemos que a comida extra picante me ajudasse a limpar essa cena da minha memória. Só na cidade que você poderia solicitar a entrega de fast food indonésio. "Por que diabos ela está sufocando no seu sofá?" Ouvi uma voz que não pertencia nem remotamente a um entregador. "Clara?" eu disse, levantando minha cabeça e vendo a nossa outra melhor amiga de pé na porta com uma pequena mala de rodinhas e um grande sorriso. "Ela disse que você finalmente colocou sua bunda num trem para vir para cá, então eu tive que vir também!"

"Minha boca está queimando. Eu acho. Ela ainda está onde costumava ficar?", perguntou Natalie. "Por que você pede comida picante se não pode lidar com isso?", perguntou Clara de seu poleiro no braço do sofá. Ela engolia uma tigela de frango com curry que eu não podia nem experimentar, e eu tinha um paladar muito forte. Ela inclinou-se à beira de sua tigela e sorveu o resto do molho, estalando os lábios. "Eu amo isso. É picante, mas eu adoro.", respondeu Natalie, movendo-se em direção à cozinha e verificando o seu reflexo no espelho. "Veja quão inchados meus lábios estão! É como preenchimento labial!"


Enquanto ela se admirava, eu rolei para Clara no sofá. "Eu ainda não posso acreditar que você está aqui." "Eu precisava de uma desculpa para sair de Boston pelo fim de semana; as coisas estão positivamente obsoletas lá agora." Ela olhou para a minha tigela de laksa. "Você vai terminar isso?" "Estou cheia. Pode pegar." Quando eu passei-lhe minha comida, fiquei maravilhada que alguém realmente pudesse comer tanto e nunca engordar. Clara e Natalie não poderiam ser mais diferentes, e eu me perguntei, não pela primeira vez, se nos tornaríamos amigas da mesma forma se não tivéssemos todas longe de casa pela primeira vez. Clara era pequena e atlética, com uma figura quase juvenil. Uma corredora de longa distância desde o colegial, ela caminhava com um poderoso passo. Ela tinha um fundo fiduciário que lhe caiu bem enquanto competiu em maratonas e triatlos em todo o mundo. Com o cabelo louro cortado curto e olhos caramelos, ela era uma beleza tranquila. A mais viajada do nosso trio, Clara tinha um trabalho que a maioria das pessoas invejava, mas que poucos podiam realmente fazer. Depois de deixar a escola de culinária, ela se matriculou num prestigiado programa de gestão hoteleira em Cornell. Ao invés de gastar suas noites e fins de semana trabalhando na recepção do Marriott Brookline, porém, ela transformou seu olho afiado e mente analítica numa posição maravilhosa com uma agência de marcas em Boston. Ela agora ajudava hotéis nos Estados Unidos e no exterior a voltar a andar com seus pés, e era especialista em antigos hotéis históricos. Assim sendo ela viajava quase sem parar, e às vezes passava semanas num mesmo local. "Obsoletas? Por quê? O que está acontecendo?" Eu perguntei enquanto ela comia os últimos pedaços de comida.


"Eu realmente não sei. O trabalho apenas parece um pouco fora no momento. Podem haver algumas mudanças as vezes, e isso acaba causando uma vibração estranha. Estou saindo da cidade no próximo mês, no entanto, e vai ser bom." "E para qual cidade glamorosa você está indo agora? Londres? Amsterdam? Rio?" "Orlando." Ela suspirou. Em seguida, arrotou ligeiramente, pedindo desculpas com um sorriso tímido. "Orlando? Isso é um pouco... diferente para você", respondi, franzindo as sobrancelhas. "É um pouco horrível para mim. O que diabos eu sei sobre ratos mágicos?", ela bufou, empurrando a tigela para longe e acariciando sua barriga inexistente. "Qual o problema com um rato mágico? Não é igual um coelho?" Perguntou Natalie, voltando da cozinha e sentando no chão na minha frente. Clara olhou para os lados. "Não, isso-" "Porque, deixe-me dizer, nada bate um coelho29. Não é uma mão, não é um pau, nem mesmo aqueles pequeninos de controle remoto que se encaixam bem dentro de sua calcinha. Nada bate um coelho." Natalie fez uma pausa. "Apesar de uma língua chegar bem perto." "Tem que usar a língua direito, no entanto," Clara interrompeu. "E ela tem que estar no rosto certo, também." "Nem sempre. Algumas das melhores transas que eu já tive foram com caras feios. Aquele cara que eu saí do ano passado, que trabalhava em South Street Seaport? Feio como uma pá, mas puta merda, ele Aqui ela esta se referindo a um tipo de vibrador. Anteriormente, quando elas estavam falando de ratos, era uma referencia ao Mickey Mouse, dos parques da Disney, que ficam em Orlando. 29


poderia dar uma lambida fantástica", disse Natalie, examinando as unhas. "Quero dizer, alguns caras só vão pra baixo e, tipo, dentro, fora, dentro, fora e pronto. Mas outros são tão bons que é quase demais! E você fica como, ‘olá, eu só gozei, como, onze vezes seguidas’. Mas eles seguem em frente, e poderiam manter essa merda durante toda a noite. Eu juro, alguns caras apenas vivem para fazer isso, 24∕7; eles não são felizes a menos que tenham as coxas de uma mulher enroladas em torno de sua cabeça e a língua ocupada. Eu sempre me perguntei, quando você aperta as coxas em torno da cabeça do cara, você sabe, pouco antes de explodir completamente... será que os ouvidos do cara em questão ficam tipo como quando um avião atinge a altitude de cruzeiro? E quando você finalmente solta, será que eles fazem um pop?" Ela olhou para cima para encontrar Clara e eu olhando para ela. Ela disse tudo isso num só fôlego, por sinal. "O quê?" Silêncio. Então, "Fazer pop nos ouvidos?" Clara repetiu. "Oh, por favor, como se você nunca tivesse se perguntado isso!" "Nat, posso dizer honestamente que nunca na minha vida eu me perguntei sobre isso", eu disse, jurando com a mão no meu peito. "Ah, então você nunca fez Leo quase desmaiar? Não me admira que você fugiu de lá então", disse Natalie em simpatia. "Não, não, isso não é nada do que eu disse. Leo é-" "Leo é o fazendeiro do qual ela me falou?" Clara perguntou a Natalie, que assentiu. "-maravilhoso na cama. Incrivelmente incrível. Não tenho queixas. Mas-" "Sim, o fazendeiro Leo Maxwell, que aparentemente prestou mais atenção à sua e-ee-ee- ee em vez de fazê-la gritar o mais importante oh!" Natalie respondeu, olhando para Clara de forma conspiratória.


"Isso não é verdade! Leo me fez dizer muitos e muitos ohs, o tempo todo oh, sem escalas ohs, e-" "Espere, espere, espere, você disse Leo Maxwell? O fazendeiro da Roxie é Leo Maxwell? Louro? Trinta anos, mais ou menos? Sexo de matar num silo?", perguntou Clara, desastradamente procurando pelo seu telefone. "Sim, ele é loiro, e nós não tivemos relações sexuais num silo, mas estávamos num silo quando ele lambeu minha espinha e-" Natalie interrompeu, "Boa, Leo! Será que ele continuou lambendo até chegar a sua-" "Ok, cale a boca. É este o seu Leo?", perguntou Clara, empurrando o telefone na minha cara. Oh sim. Esse era o meu Leo. A foto mostrava um Leo mais cosmopolita do que eu estava acostumada a ver, mas mesmo nesta imagem granulada era possível ver como ele era lindo. Ele estava saindo de uma limusine, vestindo um terno preto perfeitamente alinhado ao seu corpo forte e magro. Seus impressionantes olhos verdes estavam afiados, calculando, avaliando. Passei para a próxima imagem. Outra foto do Leo urbano, este em frente a um contexto publicitário em algum tapete vermelho. Talvez de arrecadação de fundos? Desta vez ele estava vestindo um terno cinza, parecendo todo menino rico. Mas mesmo que eu pudesse apreciar essas imagens, na minha mente ele sempre estaria mais bem vestido com jeans gasto, uma camiseta de banda estilo vintage, duas semanas de barba, que se sentia incrível sobre a pele macia entre as minhas coxas, e o verde amável em seus olhos. Um sorriso fácil. Pacífico e feliz e tão satisfeito em seu mundo. O Leo urbano obviamente tinha boa aparência, mas eu preferia o Leo do campo. Voltei para a conversa, onde Natalie e Clara estavam falando animadamente.


"Então, espere, ele deixou New York quando-" "Exatamente, depois que o bebê nasceu. Ela desapareceu e então ele desapareceu. Ele se foi e depois disso não há fotos, nem viagens, nem nada - ele se concentrou com tudo que tinha em ressuscitar aquela fazenda", disse Clara. Eu pisquei. "Ok, espere. Vocês duas conhecessem Leo?" Perguntei, confusa. "Eu sei quem ele é, mas não conheço. Já tinha ouvido falar dele, é claro. Só nunca coloquei dois e dois juntos, que Leo Maxwell era o seu fazendeiro Leo", disse Natalie, deitando de costas no chão e chutando as pernas no ar. "Não tem ninguém nesta cidade que não conheça Leo Maxwell. Todo mundo estava tentando pegar aquele cara – e que cara!" "Sério, Roxie, ele era um jovem playboy até conhecer Melissa. E uma vez que ela afundou suas garras nele, acabou. Ninguém nunca soube realmente o que aconteceu; só que eles estavam juntos, que ela estava grávida e então houve um rumor de que eles iam se casar. Em seguida, eles não estavam mais juntos, e depois que o bebê nasceu ele levou sua filha e se mudou para o norte do estado. Ela ainda ficou em torno da cidade por um tempo, mas finalmente partiu para a Europa. Eu acho que ela se casou com um cara russo. Não faço ideia do que aconteceu entre ela e Leo, no entanto." Eu sabia o que tinha acontecido. Leo tinha me contado essa história. E eu acho que algumas das pessoas em Bailey Falls também sabiam o que tinha acontecido, ou adivinharam algo do gênero. Porque ninguém realmente nunca falou sobre Polly. Não que ela fosse um segredo, mas eles eram... Protetores? De ambos? Sim. Pode ser. Pequena cidade, cuidando dos seus próprios.


Não é de admirar que Leo quisesse que sua filha fosse um rato do campo. "Por favor, me diga que você e Leo nunca saíram," eu disse, olhando para Natalie. "Não, eu nunca o conheci. Embora eu provavelmente tivesse me aproveitado, se o conhecesse. Ei, o quão estranho seria isso?" Ela riu, rolando para o lado e olhando para mim com cuidado. "Se eu tivesse dormido com o cara pelo qual você esta apaixonada." "Ei, quão estranho seria se batesse em você até que você estivesse morta?", respondi. Natalie e Clara rolaram em risos, mas tudo em que eu conseguia pensar era em Leo. E no fato de que, quando Natalie disse que ele era o homem por quem eu estava apaixonada, eu não tinha corrigido-a. Merda.

Naquela noite algo específico me manteve acordada em vez da habitual insônia. Eu pesquisei sobre o Leo após a conversa com as meninas, e eu já tinha passando das duas da manhã olhando para uma fatia de sua vida que tinha sido capturada por fotos publicitárias. Este era um Leo que eu não conhecia. Ele parecia mais desapegado, de sangue fresco e muito nobre. Não vi nada do Leo que eu conhecia. Que preferia andar num jipe aberto do que num carro chique da cidade. Que preferia ter as mãos cheias de terra de cheiro doce do que de martinis. Que ficava feliz por causa de uma cesta de ervilhas. Que fazia amor carinhosamente, rudemente, rapidamente ou lentamente,


sempre me fazendo ofegar e gemer conforme a necessidade do momento. Que estava vivendo a vida ao máximo, porque era uma vida que ele tinha criado exatamente do jeito que queria, e à qual ele não viveria para ninguém além de sua filha. Me revirei durante a maior parte da noite, me perguntando se eu tinha tomado uma terrível decisão ao deixar Bailey Falls da maneira que fiz.

"Café. Eu exijo café", eu murmurei enquanto nós tecíamos nosso caminho numa já lotada 17th Street. "Nós já vamos conseguir café, não se preocupe. Nós só precisamos chegar lá primeiro, antes que fique muito cheio." "Quando Natalie começou a levantar da cama tão cedo numa manhã de sábado?" Clara sussurrou para mim. "Ou melhor, quando ela começou a se preocupar sobre da onde sua comida vem?" Sussurrei de volta. Natalie se virou para fazer uma careta para mim. "Eu ouvi isso", ela cantarolou. "Eu não estava tentando esconder!" Cantarolei de volta. "Sério, Nat, qual é a pressa? Não me lembro de alguma vez você já ter estado tão preocupada em comprar produtos frescos da fazenda apesar de eu entender as vantagens de comer produtos frescos locais tanto quanto possível." "Agora, quando você diz ‘comer produtos frescos locais’, eu suponho que você está se referindo ao Leo desfrutando de uma viagem a cidade?"


Natalie respondeu com um sorriso, levando-nos para a desordem do Union Square Greenmarket30. Clara riu. "Você tem uma mente obsessiva por sexo." Eu não ri. Eu estava pensando sobre os olhos de Leo enquanto ele me observava, quando fazia, de fato, uma viagem ao centro da minha terra. E eu quase gozei ali mesmo só de pensar nisso. "Eu tenho uma mente multi obsessiva", disse Natalie. "Eu apenas me certifico de que uma dessas obsessões seja sempre sobre sexo com rapazes que gostam de comer um pedaço." Um homem muito bonito que estava andando ao mercado dos fazendeiros com um saco cheio de folhas verdes deu uma dupla checada em Natalie, em seguida, uma volta completa. Será que ele era ciente de que estava inclusive lambendo os lábios? Natalie não percebeu, ela estava numa missão. Ela consultou um mapa, alisou o cabelo já perfeitamente bagunçado e decolou para o mercado. "Hey, hey! Podemos, por favor, tomar um café antes de estocar seus mantimentos, de repente, tão importantes?", perguntei. Ela diminuiu a velocidade. Um pouco. "Sim, sim, há uma tenda ao virar da esquina de onde eu vou. Podemos tomar um café ali depois." Eu não tinha estado aqui em anos, e o lugar estava cheio. Tenda após tenda estava lotada com belos produtos: ovos, aves, carnes e flores, tudo que você poderia pedir. Muitas das barracas eram provenientes de explorações agrícolas no Vale do Hudson, e eu me perguntei se a Fazenda Maxwell tinha uma barraca aqui. Se tivesse, eu realmente gostaria de ter escovado meu cabelo antes de sairmos.

30

Feira de produtos de NY.


"Deixe-me ver o mapa", perguntei, e ela entregou-o para mim. Rapidamente examinei a lista de produtores e dei um suspiro de alívio quando a fazenda de Leo não foi mencionada. Quando nós andamos até o fim da primeira fila, Natalie de repente abrandou, pegou o saco de linho que trouxe e começou a... pavonear. Eu conhecia isso muito bem. Eu fiquei atrás dela em muitos clubes e restaurantes quando ela estava à espreita. Algo que ela mencionou numa chamada semanas atrás borbulhou na minha memória, e eu percebi exatamente o que estava acontecendo. "Você vem até aqui no início da madrugada de sábado para espreitar algum fazendeiro bonito?", perguntei. Ela girou ao redor. "Eu não sei do que você está falando", disse ela, com os olhos arregalados e inocentes. "Você tem tesão por um agricultor também? O que diabos está acontecendo? Quando foi que o Velho McDonald se tornou o novo arquétipo de Cara Quente?" Perguntou Clara, com o rosto cheio de diversão. "Para ser clara, ele não é um agricultor; ele é o cara dos laticínios. Ele tem um monte de vacas do norte do estado e faz o melhor triplocreme brie31 que eu já provei. Ele derrete na boca." Natalie suspirou, arqueando as costas. Eu diria que inocentemente, mas a verdade é que ela sabia muito bem o quão bem essa arqueada fazia seus seios parecerem. O cara que estava andando conosco desde que chegamos realmente engasgou. "Você quer dizer que o brie dele derrete na sua boca, certo?", perguntei, arqueando minha sobrancelha. "Bem", disse ela com um brilho nos olhos. "Por agora." "Oh boy", respondi enquanto ela partia novamente. 31

Tipo de queijo.


E imagine minha surpresa quando ela desfilou direto para a Queijaria Bailey Falls, dirigida por ninguém menos que... "Oscar? O cara leiteiro quente é o Oscar?", exclamei. "Do que você está falando?", ela perguntou, indiferentemente olhando para um expositor de manteiga caseira. Nós estávamos na beira do curral, cercadas por lindas cunhas de queijo, leite fresco bonito e engarrafado em vidro e sim, um pouco de manteiga bastante deliciosa. E atrás do balcão, uma cabeça mais alto do que todos os outros, estava Oscar. O vizinho de Leo, vencedor do prêmio Conversador do Ano de Bailey Falls, e o homem que fazia as bochechas de Natalie corarem. E mais ninguém fazia isso. "Eu o conheço; ele leva suas vacas para pastar na terra de Leo às vezes." "Eu estou indo buscar um café," Clara anunciou. Eu fui ficar ao lado de Natalie na fila, com seu ‘brie derretedor na boca’. "Então o nome dele é Oscar?" "Mmm-hmm, e isso é tudo que eu sei sobre ele. Ele é muito-" "Intenso? Misterioso?" "Não-verbal." "Mmm." Seu gemido gutural fez vários homens - e três mulheres -, a encarar com luxúria nos olhos. "Ele é do tipo forte e silencioso, eu sabia!" "Então, há quanto tempo esse flerte de queijo está acontecendo?", perguntei quando a fila se moveu para frente. "Tenho vindo aqui por um tempo agora. Você sabe o quanto eu amo meu queijo".


Eu sabia. Foi o seu amor por queijo que a fez se matricular numa escola de culinária. Todo mundo tem um sonho secreto, uma vida insatisfeita que se imagina viver se ganhasse na loteria. Parariam seu trabalho e... ...navegariam ao redor do mundo. ...abririam um resort de luxo nas Maldivas. ...cantariam na Broadway. E no caso de Natalie... tornar-se-ia uma queijeira. Sério. A mulher que vivia em táxis amarelos e concreto queria fugir de tudo isso, simplificar tudo, usar cardigans e fazer queijo. Ela ameaçava fazer isso pelo menos duas vezes por ano, geralmente quando alguma campanha publicitária a tinha atada em nós e pronta para gritar. Mas então ela se lembrava dos bailes arrecadadores de fundos e luxuosos no Guggenheim, da magia do Central Park em outubro, da entrega em casa de comida Malasiana a qualquer hora do dia - e se lembrava de porque nunca deixaria sua cidade. Mas a menina ainda amava queijo, isso era certo. "Alguns colegas de trabalho vinham comentado sobre este novo cara do queijo no mercado nos sábados, então eu tive que verificá-lo. Primeiro meu paladar se apaixonou, e, em seguida foi a vez dos meus olhos quando eu dei uma olhada nele. Quero dizer, ele é lindo, não é?" Disse ela, deslizando seu braço no meu cotovelo a medida que nos aproximávamos. "Ele é, totalmente", concordei, assistindo Oscar interagir com seus clientes. Leo era todo sorrisos e ‘oi tudo bem?’ com seus clientes, lembrando seus nomes e os nomes de suas crianças, de qual fruta eles mais gostavam...


Oscar? Ele praticamente grunhia, atendendo pedidos com eficiência e não muito mais. Lindo, sim. Amigável? Hum... "Como você o conheceu?", Perguntou Natalie, cor colorindo suas bochechas conforme nos aproximávamos da barraca de Oscar. Ela estava batendo no meu braço de uma forma quase nervosa, movendo o peso de um pé para o outro como se não pudesse evitar. "Não é bem assim. As poucas vezes que o vi eu mal disse... - Oi, Oscar! Como você está?" Gorjeei, colocando meu rosto de jogo. Ele olhou maliciosamente para mim. A pele de Natalie começou a queimar; eu podia senti-la se aquecendo ao meu lado. "Então, hum, você vem toda semana para a cidade? Eu não sabia que a indústria do leite tinha um estande aqui. Isso é ótimo!" Mais uma olhada. "Então, essa é minha amiga Natalie, ela ama seu brie. Certo, Nat? Hey-Natalie?" Minha amiga, que podia desviar um sacerdote do bom caminho, tinha absolutamente congelado. Poderia ter virado um manequim, por toda a vida que restava nela. Oscar tirou os olhos dos meus e olhou para Natalie. Ele lentamente observou-a, tomando seu tempo enquanto a examinava da cabeça aos pés, em seguida, focando em sua boca. Que estava comprimida numa linha apertada, seus lábios quase brancos com tensão. Ele finalmente olhou nos olhos dela, e o crepitar de tensão entre eles me fez sentir um pouco tonta. Sob os olhos, ele estava vivo. Mas ainda não tinha dito nada. Exceto...


"Brie?" Sua voz era mais profunda do que a que eu tinha ouvido antes, arranhada e grossa. Natalie apenas balançou a cabeça. Ele embrulhou uma peça, inclinou-se para colocá-lo em frente a ela e mudou-se para o próximo cliente. Feitiço quebrado, Natalie voou até o caixa, pagou por seu queijo e continuou se afastado de Oscar, andando para longe da Queijaria. Andei até ela e puxei seu braço. "Que diabos foi isso?" "O quê?", perguntou ela, toda calma e composta novamente. Ela jogou o cabelo sobre o ombro e ficou ereta e alta, bonita e sob controle mais uma vez. Clara estava vindo em nossa direção com cafés, e os olhos de Natalie me pediram para não comentar. "Nós vamos rever isso", eu disse, e ela balançou a cabeça. A única maneira de alguém saber que ela tinha uma queda assassina por Oscar, o ogro, era a flor de cor ainda manchava suas bochechas, e o pequeno sorriso secreto que estava brincando em seus lábios. E eu vi Oscar se inclinado para fora de sua tenda para apreciar a magnífica visão que era a parte traseira de Natalie enquanto ela rebolava à distância.


Nós andamos do mercado até em casa, Clara tendo seus passos medidos habituais, Natalie parecendo deslizar no ar e eu me arrastando. Já estava uns 27 graus bem antes do meio-dia, e ficaria ainda mais quente. Numa cidade feita de aço e concreto, era como estar num forno. Apesar do calor, no entanto, as pessoas estavam fora de suas casas, andando rápido e propositadamente. Parecia que todos andavam num mesmo fluxo e direção, e quando vinham de direções opostas o resultado era uma dança com um boxeador. Segurei três sacolas no peito antes de finalmente começar a andar atrás de Natalie que, em seus saltos, se destacava na multidão. A cidade parecia como um ser físico, envolvendo-me quente e grosso como um cobertor de lã. E isso não era exatamente o que eu queria nos dias de cão do verão. E o cheiro! Era dia de coleta de lixo, então milhares e milhares de sacos de plástico estavam empilhados no meio-fio da calçada, a três ou quatro pés de altura em alguns lugares, já que a cidade tinha sido


construída essencialmente sem becos. E no calor do verão, o cheiro tendia a ser insuportável. Quanto disto poderia ser compostado?, me perguntava enquanto prendia a respiração quando passávamos pelas pilhas maiores. Quanto disto poderia ser doado e trabalhado numa cobertura rica de nutrientes que poderiam aumentar jardins de verão e campos de inverno? Leo poderia descobrir isso, ele o faria... thunk! Esquivando-me de mais uma pessoa que tinha a intenção de chegar a algum lugar cinco minutos mais cedo do que todos os outros, fui empurrada contra a parede de lixo, protegendo-me com meus braços para evitar cair de cabeça numa montanha de dejetos bruta. "Oh meu Deus, Roxie! Você está bem?" Clara me puxou de volta na hora certa. "Pau pequeno!" Falei depois que o cara me bateu com o ombro. Ele nem sequer fez uma pausa, não parou nem para se certificar de que eu estava bem. Eu estava quente e pegajosa com suor, meu nariz estava cheio com o cheiro do lixo e eu podia sentir meu estômago dando um estrondo de aviso. "Merda", repeti para mim mesma. "Estou bem, obrigada." "Quer que eu bata nele? Eu posso pegá-lo", disse Clara, saltando levemente sobre seus pés. "Não, não", eu disse, puxando a minha camiseta e tentando obter um pouco de ar. De repente tudo parecia muito perto: o ar, minhas roupas, as pessoas, mesmo as minhas amigas. Era tudo demasiado alto, demasiado apertado. Minha garganta apertou e uma protuberância curiosa se formou no fundo da minha garganta quando eu percebi com grande surpresa que estava com saudades de casa. De Bailey Falls. Da paz e da tranquilidade, do bom ar do campo, dos conhecidos intrometidos, das áreas de natação e do vento através das árvores. Das


colinas cobertas de pequenos e engraçados galinheiros, dos morangos doces e, oh meu Deus, eu queria o Leo e cada coisa que vinha com ele. Tudo. "Parece que você esta ficando doente." Natalie varreu meu cabelo para trás do meu rosto. "Qual é o caminho mais rápido para a Grande Central?", Perguntei, cavando na minha bolsa para encontrar meu telefone. Morto. Droga. Isso é o que acontece quando você corre para a cidade sem uma mala. Eu estava usando as roupas de Clara hoje, pelo amor de Deus. "Espere, o quê?", perguntou Natalie. "Eu estou voltando para casa. Metro North corre todo dia, certo?" Perguntei freneticamente. "Mmm-hmm." Ela levantou a mão e chamou imediatamente. "Grande Central", disse ao motorista.

um

táxi

"Obrigada, eu tenho que ir. Vou enviar-lhe as suas roupas." Eu disse à Clara, entrando no táxi e imediatamente me sentindo melhor. "Onde você vai?", ela perguntou. Natalie segurou a mão de Clara. “Eu vou te explicar tudo depois”, respondeu.

Estação Riverdale. Estação Ludlow. Estação Yonkers.


Conforme o trem acelerava rumo a Estação Hudson, era como se tudo fosse subitamente clicando no lugar, como um jogo de Tetris gigante onde cada peça estava finalmente encontrando sua casa. No momento em que eu decidi que não queria mais estar nessa cidade grande, meu coração se abriu e começou uma longa viagem para uma cidade pequena - minha pequena cidade. Para mosquitos e chá doce, para pés descalços e suaves colinas que levaram a picos escarpados. Para piscinas de águas cristalinas e lagos glaciais. Para vizinhos intrometidos, garçonetes irritadiças e ex-zagueiros doces. Para mães hippie esquisitas que faziam se apaixonar parecer fácil e maravilhoso, mesmo quando não era, e que sempre faziam com que suas filhas comessem a quantidade adequada de fibras. Para um fazendeiro que gemia quando gozava e sorria quando eu gozava. Para um fazendeiro que me queria desesperadamente, mas que vinha como um conjunto já completo - um conjunto que eu tentaria nunca ficar no meio, mas que ficaria honrada em compor algum dia. Estação Irvington. Estação Tarrytown. Estação Philipse Manor. Comecei a listar todas as razões pelas quais eu acreditava não querer voltar para casa e viver uma vida de cidade pequena como a minha mãe. 1. Você não quer administrar o restaurante da família. Mas eu já ministrei o restaurante da família. Eu não queria continuar a fazê-lo para sempre, mas não foi tão ruim como eu sempre pensei que seria.


2. Você acha que cidades pequenas são pequenas por uma razão, no âmbito e no tamanho. O tamanho era pequeno, mas eu tinha aprendido neste verão que ser pequena não era sinônimo de ser limitada. 3. Não existem oportunidades apaixonantes em Bailey Falls para uma chef de formação clássica que não quer trabalhar num ambiente de restaurante tradicional. Picles zumbi. Aulas de geleia. Oportunidade em potencial no Bryant Mountain House. E a ideia que surgiu no quatro de julho: um food truck Airstream. 4. Se você não voltar para Los Angeles e refazer sua carreira depois do desastre com o chantilly-manteiga, Mitzi e suas cadelas ganham. Este era mais difícil. Será que L.A. e suas madames me venceram? No pior dos cenários... sim. Mas, e daí? Esse ‘e daí’ era a parte mais difícil. Eu nunca tinha me esquivado de uma luta. Mas não era possível começar uma luta se um dos lados não estivesse disposto a participar, certo? Eu sempre me perguntaria o que teria acontecido... Mas quem nunca olhou para trás e se perguntou sobre decisões passadas? A pergunta era: eu poderia viver sabendo que Mitzi St. Renee e suas amigas magrelas tinham ganhado? Estação Cortlandt. Estação Peekskill. Estação Manitou. Em algum lugar entre Manitou e Garrison, eu tive uma súbita percepção: alguém como Mitzi St. Renee sempre vence. E você não pode viver sua vida lutando contra as expectativas de todo mundo. E às vezes o dado era viciado, e as pessoas com poder sobre a sua carreira eram idiotas, e não havia nada que você pudesse fazer sobre isso. Animada pela primeira vez em muito tempo, me sentei e empurrei meu pé direito contra o chão, como se isso fosse acelerar o trem ao


longo do caminho. O Hudson brilhava azul à minha esquerda, veleiros e caiaques pontilhando sua superfície. Enormes casas no alto do vale compartilhavam a vista deslumbrante com as menores e mais simples. Pitorescas cidades com estações de trem minúsculas, à fácil distância da cidade mais grandiosa do planeta, cheias de pessoas que optaram por viver há um mundo de distância... todas ficavam há apenas uma hora do Hudson. As luzes brilhantes e o ritmo acelerado estavam perto o suficiente se você precisasse deles, mas longe o suficiente se você quisesse. Meus pensamentos dançavam, enxergando infinitas oportunidades que eu nunca tinha me incomodado de ver - especialmente uma oportunidade bastante especifica com um certo fazendeiro e sua filha. Eu só esperava que essa oportunidade ainda estivesse disponível para mim. O trem parou na estação de Poughkeepsie. Eu saí. E fui direto para a fazenda.

Quando cheguei na Fazenda Maxwell eu estacionei, corri para dentro do celeiro principal e comecei a procurar pelo alto e magro corpo do Leo em todos os lugares. Eu pensei tê-lo visto quando uma camiseta vintage veio ao virar da esquina, mas acabou por ser um dos seus estagiários. As pessoas que me conheciam e sabiam da minha relação com Leo disseram olá para mim e, a julgar pela forma como me cumprimentaram, eles sabiam que eu tinha deixado-o em pé no meio da estrada. Eles eram protetores. Eu entendia isso.


Fui para a loja de fazenda, mas nenhum Leo. Verifiquei o celeiro, o silo e também a cozinha nos fundos. Sem Leo. "Procurando pelo meu pai?" Ouvi atrás de mim e me virei para encontrar Polly sentada num carrinho de mão, separando pacotes de sementes. "Estou, sim. Como está, Polly?" Perguntei, ajoelhando-me. "Como você está?", Perguntou ela incisivamente. Eu me lembrei que ela tinha apenas sete anos de idade. Mas, com base nas minhas ações ultimamente, provavelmente anos a minha frente emocionalmente. "Ouvi dizer que você foi embora." "Você ouviu, hein?", perguntei, encolhendo-me um pouco. "Estou de volta, no entanto. Eu só fui para a cidade por um dia ou algo assim." "Você quer dizer Manhattan?" "Exatamente. Você já esteve lá?" Ela ficou remexendo nos pacotes de sementes, e finalmente respondeu: "Já, é bom. O apartamento da vovó é bonito, e você pode ver muito longe lá do alto! É divertido correr para cima e para baixo dos corredores e andar no elevador, mas ela ficou louca quando eu apertei todos os botões." "Oh, eu aposto. Eu fiz isso também uma vez, quando era criança". "E eu gosto de ir aos museus, especialmente as exposições de dinossauros. Mas..." "Mas?" "Mas eu gosto muito mais daqui. Papai cresceu na cidade, você sabe." "Eu sei." Respondi, observando-a olhar atentamente para mim. "Ele adora isso aqui. Ele diz que nunca vai sair daqui para viver em outro lugar."


Engoli em seco. "Isso é muito bom, não é?" "Eu vi você beijar meu pai." Ela olhou para mim, sem piscar. Eu pisquei. Muito. "Hum, sim. Você viu. Foi estranho?" "Sim, a princípio foi. Mas agora, eu acho..." Prendi a respiração. Ela colocou alguns dos pacotes virados para cima, dispostos como uma casa cheia de vegetais. Leo teria grandes problemas com essa menina quando ela crescesse. Eu sorri, esperando que pudesse ficar por perto para ver isso acontecer. E o meu sorriso era tudo que ela precisava. Ela sorriu de volta, e o rosto pensativo ficando brilhante. "Eu estou indo ver os porcos. Papai está no pomar de maçã." E então ela saiu, correndo desordenadamente em todo o campo. E eu sai correndo para o pomar.

Parei junto ao jipe de Leo e olhei através das fileiras de árvores, procurando por ele. Pensei ter visto alguma coisa se mexendo várias linhas abaixo, então entrei no pomar e fiz meu caminho em direção a ele. Enquanto eu caminhava, me dei conta de duas coisas. Uma: minha pele estava formigando. Eu estava animada para vê-lo! Eu queria ver seu rosto, beijar seus lábios, segurá-lo perto, ouvir a sua voz no meu ouvido e sentir suas mãos na minha pele, depois que eu dissesse a ele 'eu estou aqui para ficar se ainda puder ser sua’.


Dois: minha pele se arrepiou. Tornei-me consciente de outra coisa para a qual eu vagava através das macieiras e colmeias. E quando me mudei para os pessegueiros do fim de verão... foi quando senti. Primeiro veio um zumbido baixo, quase como o feedback de um alto-falante com graves muito baixos. Gritei para Leo, que eu agora podia ver se movendo há algumas fileiras de distância. Meu chamado mudou o zumbido para algo mais reconhecível, um som familiar que colidiu com o canto do meu cérebro. Algo familiar o suficiente para empolar minha pele. E então eu vi. Abelhas. Em toda parte. O zumbido, que era um zumbido coletivo, se anunciava para o meu cérebro numa onda de terrível realização, fazendo todo o meu corpo suar frio pelo terror absoluto. Eu queria correr. Eu queria congelar. Eu queria"Roxie?", uma voz surpresa perguntou, e eu vi Leo debaixo de uma árvore de pêssego, alheio ao coro de milhões de abelhas anunciando que eu estava aqui e pronta para a colheita. Aqueles que estão prestes a morrer o saúdam32. "Oh!", foi tudo que eu consegui dizer antes dos gritos começarem internamente. Uma tocou meu ouvido, outra o meu nariz, e várias outras voaram ao redor da minha cabeça. Seus narizes de abelhas

"Ave, Imperator, morituri te salutant" ou "Ave, Caezar, morituri te salutant" ("Ave, César, aqueles que estão prestes a morrer o saúdam") é uma conhecida sentença latina citada em Suetónio, De Vita Caesarum ("A vida dos Cèsares", ou "Os Doze Cèsares"). Foi usada durante um evento em 52 dC no Lago Fucino, por cativos e criminosos fadados a morrer lutando durante um simulado de batalha naval — na presença do Imperador Cláudio. Suetônio relata que Cláudio respondeu "Aut non" ("ou não"). É também utilizada numa cena do filme Gladiador (https://www.youtube.com/watch?v=HKzaZor_x7o) 32


devem ter sentido o medo saindo de mim em ondas. Meus olhos brilharam nos dele, e foi então que ele viu do que eu estava cercada. Mas... Eu vim para este pomar para pedir desculpa. Ou pelo menos para dizer-lhe que eu gostaria de ser sua namorada. Eu dei um passo. Então dei mais um passo. As abelhas foram comigo, uma nuvem de pesadelos pairando há algumas polegadas de mim, falando entre si sobre a melhor forma de me torturar. Eu tive uma visão súbita dos macacos voadores carregando Dorothy33 para longe, com suas pernas chutando no ar. Eu só esperava que quando as abelhas me levassem alguém garantisse que a minha mãe ficasse com minhas facas de chef. Preparando-me, tentei falar. "Oi. Leo." Minha voz estava rachada e instável, beirando o pânico. "Eu queria falar com você... oh! Queria te dizer que... merda, essa passou perto!... Eu, eu gostaria que-" "Jesus, Roxie", disse Leo, maravilhado com a minha visão em meio a nuvem de abelhas enquanto tentava manter uma conversa normal. "Apenas respire, ok?" "Sim, eu estou tentando fazer isso, mas não está funcionando tão bem", eu disse com voz trêmula. "De qualquer forma, eu estou aqui porque queria te dizer que... Filha da puta!" Fui picada! Tanto para a teoria de que se você ignorasse-as elas iam te ignorar também. Fodidas abelhas desonestas. "Ai!" Eeeeeee, outra picada. Uma pousou no meu ombro e outra pousou no meu ouvido, e embora eu tenha mantido a compostura através de tudo isso, quando uma delas teve a coragem de pousar em meu nariz, fodeu. 33

Do livro e filme homônimo, O Mágico de Oz.


Mas em vez de fugir, eu corri na direção de Leo e seu rosto chocado, que finalmente teve o bom senso de mostrar um pouco de medo de abelhas. E então nós corremos através do pomar com rasantes passando por nossas cabeças, e fugimos através da grama alta agitando nossos braços. "Esquerda, vá para a esquerda!" Ele gritou e eu obedeci, me batendo enquanto sentia picadas na parte de trás da minha perna e no meu cotovelo. Numa névoa de gritos e contorcionismo, e tapas e pulinhos, nós estouramos para fora do pomar e acabamos numa clareira. E logo depois da clareira? Água! Nós mergulhamos numa profunda lagoa fria, nadando para o centro onde se podia submergir, e as picadas pararam de queimar instantaneamente. Peguei a mão dele debaixo d'água e nós nos revezamos voltando a tona para pegar um fôlego e ver como o enxame estava indo. Eventualmente as abelhas se cansaram e voltaram para o pomar, para continuar se empanturrando de frutos caídos. Leo me empurrou de volta para a superfície e nós surgimos de novo na água, no meio da lagoa, no meio da Fazenda Maxwell. Meu cabelo estava grudado na minha cara, e uma picada de abelha estava inchando na minha sobrancelha. Eu estava coberta de algas, galhos e paus, e esperava como o inferno que o quer que estivesse se envolvendo em torno de meu tornozelo fosse o meu cadarço. "Que diabos, Rox-" Eu passei meus braços ao redor dele, e beijei-o até que ambos submergimos. Em seguida, beijei-o novamente. "Eu amo você, eu te amo tanto! Eu quero você, eu quero tudo. Eu quero a cidade pequena e plantações caseiras. Eu quero tudo isso - sem as abelhas, de preferência, mas se as abelhas obrigatoriamente vêm


com esta vida, então eu vou aceitar ate as fodidas abelhas. Eu só quero ser sua Ervilha". Leo silenciosamente nos retirou da água, um braço ainda segurando-me perto. Ele não estava me afastando, mas também não estava me puxando para mais perto. E eu ansiava por estar mais perto. Eu ansiava ficar grudada nele. "Eu quero viver aqui, e não apenas durante o verão. Eu quero viver aqui em todas as estações do ano, rolando no feno, dançando na cozinha e sendo inclinada sobre um tambor no quatro de julho. Eu te amo, Leo, e eu quero tudo." Eu sorri, sem medo. Era tão bom dizer isso, poder dizer tudo. "Eu quero começar um food truck, e dar aulas de culinária, e a conhecer Polly, se você estiver bem com isso, porque eu acho que ela é incrível e acho que você é incrível. E - Jesus Cristo, espero que isso seja o meu cadarço!" Eu puxei minha perna até a superfície, tirando o sapato e espirrando água no rosto surpreso de Leo. Mas a surpresa virou esperança. E a esperança tornou-se felicidade. E a felicidade tornou-se desejo. Mas, antes que o desejo pudesse se soltar, preocupação apareceu. "Você tem certeza disso, Ervilha?" Borboletas! "Porque eu não posso considerar somente a mim. Se você me quer, você tem que nos querer, juntos. Eu não posso ter alguém temporário na minha vida. É tudo ou..." O sol da tarde brilhava, lançando uma luz dourada sobre a paisagem, sobre a água e sobre as algas em sua barba. Eu passei minha perna em torno dele e puxei-o para mais perto com um sorriso. "Eu estou apostando tudo, Farmer Boy".


Farmer boy. Ela me chamou de Farmer Boy. Eu pensei sobre isso enquanto caminhava através do trigo, correndo meus dedos ao longo dos grãos altos. O ar estava fresco hoje, não muito frio, mas com uma pitada de inverno que estava apenas a alguns meses de distância agora. O trigo era geralmente a última safra; as maçãs já tinham sido colhidas e armazenadas para o inverno. E ela fez manteiga de maçã, depois de tudo. Polly amava manteiga de maçã. Ela comia todos os anos, mas este ano ela aprendeu a fazê-la também. Sorri quando pensei nas tardes passadas na cozinha de trás do restaurante, com potes espalhados por toda parte, um pesado cheiro de canela picante no ar e as minhas garotas em tranças correspondentes, rindo enquanto enchiam recipientes com o doce deleite. Minhas garotas. Roxie foi inflexível sobre manter seu própria casa, e com razão. Uma vez que ela tomou a decisão de voltar para Bailey Falls, ela estava determinada a viver longe de sua mãe, mas por perto. A antiga casa de fazenda que ela encontrou estava a meio caminho entre a minha casa e


a casa da mãe dela, e a poucos minutos da cidade. Ela alegou que a achava muito pequena, mas eu sabia que ela secretamente a amava. Quando eu voei com ela para Los Angeles para arrumar o apartamento que ela tinha lá, percebi que não havia muito que o fizesse... bem... um lar. Era funcional e, claro, a cozinha era impressionante, mas não havia nada sobre o apartamento que realmente dissesse... Roxie. Por mais que ela alegasse ter tido uma vida plena lá fora, nos levou menos de um dia para embalar tudo, e menos de uma noite para dizer adeus a seus amigos. Claro, seus amigos de Hollywood Jack e Grace ficaram tristes em vê-la partir, mas asseguram-lhe que a qualquer momento eles estariam na costa leste, visitando. Dirigindo de volta por todo o país, Roxie parecia animada em voltar para casa, para sua nova vida. E mais rápido do que qualquer um esperava, ela limpou o Airstream, o equipou com os itens necessários para transformá-lo num food-truck e o Zombie Cakes nasceu. E arrasou. Ela vendeu tudo que preparou a cada vez que apareceu num mercado de agricultores, numa feira de condado ou num evento privado. Eu sorri, pensando sobre ela inclinando-se para fora do caminhão, passando uma fatia de bolo de coco para um cliente feliz. E sorri mais largo ainda quando pensei sobre como seus seios pareciam apetitosos em sua camisa de gola V da Zombie Cakes. Eu cheguei no final da linha, satisfeito com a sensação dos grãos gordos sobre os talos. Teríamos que colher em breve, talvez até o final da semana. Quando ouvi um Jeep rugindo pela estrada da fazenda eu me virei, pegando o som fraco do U2 através das janelas abertas. Acontece que Polly era uma grande fã da banda, e ela e Roxie escutavam os álbuns antigos por horas enquanto cozinhavam. "É bom para dançar, papai", Polly tinha me informado numa tarde quando eu


peguei as duas rebentando um movimento enquanto peneiravam farinha. Eu concordava plenamente com elas. Quando elas fizeram a última curva e pararam o carro ao meu lado, eu levantei a mão em saudação. Roxie desligou o motor enquanto Polly lutava com o cinto de segurança, ansiosa para sair e roçar para cima e para baixo nas fileiras de trigo, como ela fez toda vez que veio aqui. "Ei, papai!", ela gritou enquanto eu a ajudava a desatar o cinto, antes de balança-la no alto. "Hey, Bisteca! Terminou a sua lição de casa?" "Terminei, Roxie me ajudou. Também paramos na lanchonete depois da escola e sra. Trudy me deu um pedaço de torta." "Um pequeno pedaço" Roxie explicou com um olhar tímido. "E quem dá lição de casa a uma criança de sete anos de idade, falando nisso?" "Eu não me importo. Eu aprendi tudo sobre a diferença entre cumulus e cumu... cum... como é que se chama?", perguntou Polly, olhando para Roxie. "Cumulonimbus" Roxie falou, e Polly assentiu com a cabeça vigorosamente. "Sim, cumulonimbles. Ambos são diferentes tipos de nuvens." "Entendo. E o que são aqueles ali?" Eu perguntei, apontando para o céu ocidental, observando como ela vagou e murmurou para si mesma, tentando decifrar exatamente o que via. Aproveitei a oportunidade para puxar Roxie para mim, roubando-lhe um beijo. "Pode parar, Farmer Boy", Roxie suspirou, e apenas uma nuance de verde brilhou em seus olhos. "Eu não estou pulando em você na frente da pequenina."


"Ela vai estar ocupada com seus cumulonimbles por pelo menos vinte minutos." Sorri, meu coração batendo um pouco mais rápido por tê-la em meus braços novamente. "Pelo menos me deixe dar uma olhada por baixo da sua camisa. Vou fingir uma abelha voou para lá". "Você não vai fazer tal coisa. Além disso, precisamos guardar alguma coisa para mais tarde", disse ela, mas sua respiração estava acelerando. "Eu não posso hoje à noite, Ervilha. A sra. Nyland teve que ir cuidar de sua irmã em Yonkers, então vou ter que ficar com Polly esta noite." Para manter as coisas tão rotineiras quanto possível, Roxie nunca dormia na minha casa. Ela era insistente sobre isso. Ela visitava o tempo todo, mas nunca passava a noite. Eu estava esperando fazer uma mudança nesse departamento mais cedo ou mais tarde, mas essa era uma conversa para outro dia. E para um ambiente mais sofisticado. "Ah, não tem problema, eu cobrei alguns favores. Minha mãe concordou em vir hoje à noite e ficar com Polly, então sinta-se livre para bater na minha janela a qualquer hora depois das oito. Se você não estiver lá...", ela respirou, mais verde aparecendo em seus olhos agora, "...eu vou começar sem você." "Perigosa", eu gemi, beijando seus lábios e envolvendo minhas mãos em torno de seus quadris, sentindo aquelas curvas debaixo dos meus dedos. Ela ficou sem fôlego, como a minha menina sempre fazia quando eu a beijava delicadamente assim. Suas mãos deslizaram para baixo da frente da minha camisa, me puxando para mais perto. Quando eu rocei meus quadris nos dela, seus olhos se abriram com surpresa. "São aquelas nozes em seu bolso, ou você só está feliz em me ver?", ela perguntou, seus cachos castanhos suaves soprando descontroladamente em torno de seu rosto.


Mexi no meu bolso e peguei um punhado de nozes, o que a fez atirar a cabeça para trás e rir do jeito que eu amava. "Ambos." Falei, e comecei a inclinar-me para frente, para outro beijo. "Roxie! Acho que encontrei uma, sério!" Polly animadamente para o céu. "E beijar é nojento, por sinal."

apontou

"Eu acho que você achou uma cirrus", disse Roxie com uma risada, apertando a minha mão. E então ela correu para o campo atrás da minha filha, ajoelhando-se ao lado dela e olhando para onde Polly estava apontando. Meu coração parecia que ia estourar enquanto eu assistia minha Bisteca de Porco e minha Ervilha estudando as nuvens.

FIM


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