

Memória Permanência
e
Personalidades negras
da história de Ilhabela
Volume I
Rosa Sebastião de Souza
Luis Henrique Mioto
Alexandre Dias Ramos
Memória e Permanência Personalidades negras da história de Ilhabela
Volume I
Rosa Sebastião de Souza
Luis Henrique Mioto
Alexandre Dias Ramos
Ilhabela, 2024


* Provérbio tradicional entre os povos de língua akan da África Ocidental

“Você pode voltar atrás e buscar aquilo que esqueceu.”*

PREFÁCIO
por Rosa Sebastião de Souza
A história de Eva Esperança entrou na minha vida quando fui visitar pela primeira vez o Parque Municipal Fazenda Engenho d’Água, aqui em Ilhabela, em 2021. Assim que cheguei, vi um conjunto de quadros de personalidades negras que ficava exposto em uma das salas do térreo do casarão.1 Fiquei olhando aquilo e me perguntei: “Nossa, quem são as pessoas que estão nessas pinturas? Para estarem aqui devem ter alguma relevância. Mas, cadê suas histórias?”. Alguns tinham apenas os nomes, mas não havia nada sobre suas vidas.
Eu me interessei particularmente pela imagem de uma senhora de cabelos brancos, com olhar tão expressivo, e me bateu a curiosidade de saber quem era. Os guias do Engenho d’Água me contaram um pouco, disseram que ela se chamava Eva Esperança, e que foi a parteira mais importante de Ilhabela. Quis saber mais sobre essa mulher, assim como sobre as outras pessoas cujos retratos estavam expostos naquela sala. Imprimi camisetas e bolsas com fotos de alguns deles (e o pouco que encontrei de suas histórias) e levei esse material para uma feira de artesanato que aconteceu no Engenho d’Água. Foi quando a ilustradora Patrícia da Silva, minha colega de outras feiras, se virou para mim e falou: “O que a foto da minha família está fazendo aqui?!”. Uma coincidência muito grande: sem saber, eu trabalhava com a bisneta de Eva Esperança!
Naquele mesmo ano, fiz parte da organização do Dia da Consciência Negra em Ilhabela e, nessa ocasião, eu quis homenagear o neto da dona Eva, pai de Patrícia, o senhor Pedro Aydano da Silva, que tinha o sonho de tornar a história de Eva Esperança mais conhecida. Certa vez, tive o prazer de fazer um evento na Escola Municipal Eva Esperança Silva, mas me assustei com o fato de os alunos não saberem nada sobre a história dessa mulher que fez tanto por Ilhabela. A partir desse momento, comecei a procurar mais sobre Eva e, aos poucos, descobri sobre sua mãe, dona Benedita Esperança, sobre a trajetória delas e a importância da família – não apenas para a área da saúde, como parteiras e benzedeiras, mas também dentro da cultura afro, como precursoras da Congada, e para a religião da cidade.2
O próprio nascimento da cidade está relacionado a Eva Esperança.
Por décadas, uma multidão de pessoas de Ilhabela foi parida pelas mãos dela: de pobre a rico, de pescador a doutor; não tinha cor, se era branco, se era preto, ela só queria trazer vida para dentro dessa cidade.
Vejo a dona Eva, simbolicamente, como aquela que pariu a cultura afro-brasileira em Ilhabela. E hoje eu me sinto muito satisfeita em pesquisar o legado dessa mulher que tem uma relevância tão grande dentro dessa ilha.
E foi a partir de Eva Esperança que me veio a ideia de fazer um livro para contar a história de mais alguns daqueles personagens das pinturas expostas no Parque Fazenda Engenho d’Água3, para que a população possa, assim, conhecer melhor essas pessoas e suas contribuições, cada uma dentro do seu contexto: a Nega Malu, falando do meio ambiente e da reciclagem; a Nega da Capoeira e seu legado através do Semear; a
força da religiosidade de matriz africana de Diógenes; a alegria da Maria do Frade; a luta pela tradição do Rei Dino; e Dona Benedita Esperança, com toda sua história difícil ligada à escravização. Espero realmente que este livro não fique somente aqui na ilha e que vá para outros lugares, que crie asas, para que mais pessoas tenham o prazer de conhecer a história desse povo preto que fez tanta coisa boa por nossa bela ilha.
“Olha, eu sempre tive e passei para meus filhos o seguinte: que eles procurem sempre pelo passado e não se esqueçam dele. Procurem sempre saber um pouquinho do passado da família. Isso é, do avô, da avó, bisavó, entendeu? Ter sempre em mente que essa lembrança faz com que o futuro deles seja baseado em um passado bom. Por quê? Sempre que a gente enaltece nossos pais, nossos avôs, a gente enaltece e reforça o nosso futuro, um bom futuro. Então, eu sempre falo para os mais novos para que não se esqueçam de onde vieram, dessa origem deles. Mantenham sempre, procurem sempre zelar por esse passado que é pai, mãe, avô, bisavô. Porque lá na frente, daqui 10, 15, 20 anos, 30 anos, alguém vai lembrar. Os filhos deles vão lembrar. Vão lembrar: ‘Isso aqui foi o meu avô, meu bisavô…’. Entende? Temos que ter essa lembrança, esse respeito pelo passado. Se não tiver esse respeito, não tem respeito pelo futuro. A tendência é essa. Precisamos sempre respeitar, olhar e valorizar o nosso passado.”
(Pedro Aydano da Silva, neto de Eva Esperança)
INTRODUÇÃO
por Luis Henrique Mioto
A população de negros e pardos de Ilhabela soma 48,10% dos habitantes da cidade, uma média acima da porcentagem de outros municípios do estado de São Paulo.4 Uma significativa expressão populacional, como podemos perceber. Mas como se deu a chegada dessa população? Qual é sua história? Esses moradores contribuíram e contribuem profundamente na cultura dessa região, mas o que sabemos sobre esse grande legado? Onde estão os negros e negras na história oficial de Ilhabela e região?
A Coleção Preta Ilha busca trazer à tona esse legado. Trata-se de uma obra feita em homenagem à comunidade negra, focando em algumas personalidades ilhabelenses que constituíram marcante e duradoura influência na organização social e cultural da cidade.
No primeiro volume da coleção, nossa homenagem fundamental é para com Eva Esperança e sua família, incluindo a história emblemática de sua mãe Benedita, que chegou em Ilhabela escravizada, traficada em um navio negreiro, e o marido de Eva, Paulino, um dos principais reis da tradicional Congada de Ilhabela. O legado de Eva e sua família representa um patrimônio cultural tão importante que praticamente toda a comunidade negra local se conecta a ele de alguma forma.
Trilhando o caminho da recuperação identitária da cidade, também são homenageados aqui Nega Malu, Maria do Frade, Rei Dino, Diógenes
e Nega da Capoeira, pessoas que têm e tiveram importância em diversos meios: na cultura, nas questões ambientais, na luta pelo direito dos animais, nas ações socioassistenciais e comunitárias, na religiosidade etc.
A presença da comunidade negra em Ilhabela e região possui uma esplendorosa influência cultural, percebida nas festas populares, nas músicas, em expressões religiosas, na alimentação, no convívio comunitário e em outros inúmeros elementos. No entanto, essa presença vem acompanhada de uma história forte e difícil de lidarmos. O litoral norte paulista foi, por muitos anos, durante o século XIX, o principal centro de desague do tráfico ilegal de africanos escravizados. Aqui, onde é hoje Ilhabela e nas cidades da região, foram recebidas e redistribuídas pessoas traficadas diretamente da África em condições profundamente degradantes dentro dos navios negreiros clandestinos, em uma época em que o tráfico de escravizados já era proibido por lei no Brasil.
A pressão para o fim do tráfico ficou intensa nas primeiras décadas do século XIX, resultando em tratados internacionais, comissões e leis, como a de 1831 (conhecida como “Lei Feijó”), mas que, na prática, não funcionavam.5 Na realidade, isso gerou um efeito de corrida de antecipação para a captura de cada vez mais cativos – nunca se traficou tanto como nesse período –, tornando ainda mais rentável esse comércio desumano que agora era feito de forma clandestina e em condições ainda mais precárias. Com os portos oficiais então vigiados, o número de portos clandestinos cresceu, sendo a costa leste de Ilhabela (praias dos Castelhanos, Vermelha, Figueira e Saco do Sombrio) e outras praias de cidades próximas (São Sebastião, Caraguatatuba e Ubatuba) os prin-
cipais pontos de contrabando, recepção e redistribuição dos cativos africanos, que eram então vendidos ilegalmente, principalmente para donos de lavouras de cana-de-açúcar e café do litoral paulista e do Vale do Paraíba. Foi nesse contexto que aportou em Ilhabela o navio negreiro que traficou dona Benedita, mãe de Eva Esperança.
Além de ser fato historicamente comprovado,6 o tráfico negreiro está na memória profunda dos moradores mais antigos da região, basta perguntar. Por mais constrangedor e vergonhoso que seja esse passado, é preciso lidar de frente com tal legado de violência e desumanidade para com os negros que passaram por isso.
E em Ilhabela e região há milhares de descendentes dessas pessoas que, com pesquisas como essa, vão aos poucos descobrindo a história silenciada a respeito da vinda de seus antepassados. Ainda precisaremos contar, com mais pormenor, essa complicada história.
Durante a segunda metade do século XX, a população negra da região se ampliou, com a intensa migração de mineiros e nordestinos, vindos para trabalhar principalmente na construção civil, devido ao rápido crescimento urbano incentivado pelo governo. Estes sujeitos migrados, na maioria dos casos, se ocuparam de trabalhos extremamente pesados e mal pagos – os homens em grandes obras e as mulheres nos serviços domésticos – e acabaram indo morar em regiões periféricas dessas cidades em desenvolvimento. Hoje os descendentes desses negros migrantes se somam à população dos negros descendentes dos sujeitos escravizados e moram, em imensa maioria, nos morros e em bairros com parca estrutura e altamente povoados.
Foi complexo ter acesso às memórias que compuseram a matéria-prima para este primeiro volume da coleção, principalmente das personagens mais antigas, talvez por estas remeterem a situações históricas constrangedoras e de grande sofrimento. O apagamento da história é muito presente. Os documentos oficiais são poucos e imprecisos, da mesma forma que imagens e fotografias antigas de personalidades negras são raríssimas. Por exemplo, de Eva Esperança encontramos apenas algumas reportagens antigas de jornal (com informações das mais contraditórias e cheias de imprecisões) e, com grande dificuldade, quatro fotografias, sendo que em uma delas percebemos seu rosto quase em borrão, um borrado que simboliza o grande descaso com legado tão importante para a cultura e a história do local. No caso das personagens mais contemporâneas, contudo, não sentimos esse tabu; pelo contrário, encontramos dados mais precisos e relatos contados com grande estima e alegria.
Além das pesquisas em documentos históricos, realizamos uma série de entrevistas com descendentes e amigos das personagens aqui retratadas. Estes relatos nos trouxeram toda a riqueza da oralidade, mas também complexidades inerentes a ela. E desse emaranhado de fontes históricas compusemos as narrativas que aqui apresentamos.
Na página ao lado, Paulino, marido de Eva Esperança. Década de 1940.


BENEDITA ESPERANÇA

Benedita Esperança de Jesus
Benedita Esperança de Jesus nasceu na África, em local desconhecido. Foi trazida ao Brasil como escravizada, em um navio negreiro clandestino que desembarcou na Praia Vermelha, próximo à baía da Praia de Castelhanos (costa leste de Ilhabela), provavelmente em 1881. Veio cativa junto com outros escravizados, mas sem nenhum parente.7
Chegou à ilha grávida de Eva Esperança e foi enviada à Fazenda do Morro do Espinho –onde hoje é o bairro da Cocaia –, de propriedade de Francisco Caetano Pinto, para cuidar da casa-grande e servir como ama de leite da família.
Dona Benedita casou-se mais tarde com José Fernandes da Silva, que adotou Eva como filha. Dona de uma energia vigorosa, Benedita Espe-



rança foi uma importante parteira e benzedeira na ilha, legado que deixou para sua filha.
Benedita recebeu de Benjamin de Morais Pinto (1896-1972), por gratidão e amizade, uma casa no Perequê, onde viveu o resto de sua vida com a filha e o marido. A casa virou patrimônio histórico e cultural de Ilhabela e ainda pode ser vista na Av. Princesa Isabel, número 1357.
Benjamim foi um dos filhos de Francisco Caetano Pinto e Ana de Paula Morais (conhecida como “Mocinha”), e a quem Benedita fez o parto e amamentou na Fazenda Morro do Espinho. Anna de Oliveira Cardial, filha de Benjamim, conta que, pouco antes de morrer, Benedita pediu para “ver o meu menino”, que na época já não morava em Ilhabela; ao encontrar-se com Benjamim, mesmo já tão idosa, Benedita o abraçou pela cintura e o levantou do chão!
Dona Benedita morreu em 27 de setembro de 1948. Apesar de ser desconhecida a data de seu nascimento, a maior parte dos depoimentos, inclusive da família, afirma que ela morreu com 126 anos.8

CONGADA
As “congadas” são eventos culturais-religiosos que envolvem expressões de matriz africana e da tradição cristã, vinculadas à devoção de algum santo. São celebrações que mobilizam grande parte da população e organizadas comunitariamente. Em Ilhabela, a Congada de São Benedito, realizada anualmente há mais de dois séculos, é a festa popular mais importante da cidade, celebrada durante três dias a cada mês de maio. A encenação e os bailados nas ruas, com diversos personagens, falas, danças e cantos, remetem ao período colonial e trazem como tema a desavença entre “cristãos” e “mouros”, além de diversos elementos simbólicos sobre a fé, os valores comunitários e a justiça.

UCHARIA
A Ucharia é um dos núcleos da Congada, responsável pela arrecadação, organização, preparo e distribuição de alimentos servidos gratuitamente aos congueiros, aos participantes da festa e à população em geral, gerando um espaço de grande encontro comunitário. Capitaneada principalmente por mulheres, o recolhimento dos alimentos e o trabalho para seu preparo é todo feito em regime de doação e devoção a São Benedito. Nesse sentido, a Ucharia possui aspectos fundamentais na materialização do sagrado na Congada.

De coroa, Paulino, marido de Eva Esperança, que foi rei da Congada entre as décadas de 1930 e 1940.

Ucharia comandada pela família Esperança. Década de 1960.

EVA ESPERANÇA

Eva Esperança da Silva9
Filha de dona Benedita Esperança de Jesus, estima-se que Eva Esperança da Silva tenha nascido em Ilhabela em 1881,10 ano em que sua mãe veio traficada da África em um navio negreiro, já trazendo-a no ventre.
Numa época em que não havia hospital nem posto de saúde na ilha, e a travessia para São Sebastião era feita apenas de canoa, Eva se tornou a principal parteira de Ilhabela. Profunda conhecedora das ervas medicinais, foi parteira e benzedeira de sucessivas gerações sem cobrar nada. “Ela pegava charrete, carro de boi, ou ia a cavalo, ou ia a pé. Ela dava um jeito de chegar até lá”, diz Pedro Aydano da Silva, neto de dona Eva. Fez o parto de centenas de pessoas em Ilhabela, sem nunca ter perdido uma criança. Por isso também era chamada de “Madrinha Eva”. Conta-se que




toda Sexta-Feira da Paixão vinha gente da ilha toda à casa de Dona Eva, pedir a benção para a madrinha.
Como nos conta Isaura Cristina Oliveira dos Santos Garcia, bisneta de Eva,
“Ela foi uma pioneira na área da saúde. Tenho orgulho dela enquanto mulher, naquela época era respeitada, independentemente da cor, era uma mulher preta e as pessoas respeitavam muito ela, em um lugar onde se vivia muito preconceito. Eu posso dizer que ela foi uma mulher de destaque, assim como suas filhas: as filhas de Eva. Elas sempre foram muito respeitadas porque eram mulheres fortes dentro da comunidade, pegaram para si a força da mãe delas. E isso passou para a gente agora.”
Em 2 de julho de 1898, Eva casou-se com Paulino Manoel da Silva Dias, um dos reis mais importantes da Congada de Ilhabela,11 seguido por seus filhos Manoel Ciriaco da Silva (conhecido como Rei Neco) e Benedito da Silva (Rei Dedé). Eva e Paulino geraram 26 filhos, dos quais
nove deram sequência à família.12 O restante, infelizmente, não sobreviveu, por conta de abortos espontâneos, mortes prematuras ou malária.
Eva Esperança foi fundamental nas organizações das festas populares e religiosas de Ilhabela, tendo sido responsável por inúmeros festejos no bairro do Perequê, como as novenas e as Festas Juninas da igreja de São João Batista – construída, inclusive, com grande ajuda dela e de sua família. Aliás, é importante dizer que a família Esperança é considerada a base da Congada de Ilhabela, uma vez que Eva comandou a Ucharia por décadas, junto de suas filhas, Ana e Guiomar, que assumiram seu posto após sua morte, em 5 de agosto de 1976; anos mais tarde as irmãs foram substituídas por outra filha de Eva, Izanil. Na quarta geração, até hoje a cozinha real13 é organizada pela família de Eva, atualmente sendo sua bisneta Isaura quem coordena a Ucharia. Muito querida pela comunidade, conta-se que nos dias de seu aniversário, comemorado no dia 24 de junho, vinha gente de todos os lugares da cidade comer e celebrar junto com Eva em sua casa no Perequê, em um enorme banquete comunitário servido em grandes mesas que ocupavam até a parte de fora da casa. Mesmo após sua morte, Eva Esperança foi bastante lembrada em eventos oficiais da cidade, sendo inclusive tema de desfile de escola de samba, em 2004. Uma escola municipal de Ensino Fundamental recebeu seu nome em sua homenagem.
Segundo Anna de Oliveira Cardial, filha de Benjamin de Morais Pinto,
“Eva era importante. Tanto que puseram até o nome [dela] na escola. Foi parteira… imagine quantos que ela pôs
no mundo aqui! Ela benzia… Era muito querida, sabe? Muito querida. Uma pessoa que nunca fez mal para ninguém, que só fazia o bem e só tinha uma palavra amiga e simples, porque com ela era tudo simples.”
Já Isaura Cristina Oliveira dos Santos Garcia, bisneta de Eva, relata: “Muito orgulho da minha vó, da minha bisavó, das minhas tias-avós, dessas mulheres maravilhosas da minha família! Eu acredito que estas histórias vieram para a gente porque realmente é um milagre você chegar num carro-de-boi debaixo de chuva, o carro atolando, vir de longe e distante para fazer o parto de uma pessoa, isso é um milagre. Acho que é um milagre você, debaixo de um tempo horroroso, saindo de barquinho com um tempo nada propício, para ir na porta da casa das pessoas, e de repente você enfrentar isso tudo para atender o outro. E as pessoas falavam: ‘Sabe, parece que o tempo mudou! Parece que o tempo melhorou, parece que o tempo virou pra bom, vai dar bom porque Eva vai vir aí, vai dar bom porque Eva precisa chegar! Esse tempo vai curar, porque Eva vai vir’, e a mulher lá parindo com dor. E realmente falavam que passava o tempo e que ela chegava sempre a tempo. Chegava na hora certa. E nada de mal acontecia. A gente não tem história de parto perdido, de crianças em óbito na mão dela. Naquela época, com tão pouco recurso. Isso por si só já é um milagre, né?”

Eva com uma de suas netas à sua esquerda. 1965.

Eva e alguns de seus netos. 1975.

REI DINO

Alcedino José da Cruz
Caiçara filho de Maria das Dores Cruz e José Maria da Cruz, Alcedino José da Cruz nasceu na Ponta das Canas, no norte de Ilhabela, em 20 de junho de 1960. Filho de uma família tradicional na Ucharia, foi o único dos cinco irmãos que quis dançar Congada. “Um dia, à noite, minha mãe me falou: ‘Eu tenho tanto filho, nenhum deles quer dançar Congada’; aí eu falei: ‘Próximo ano pode fazer roupa que eu vou’.”
Naquela época, para poder dançar na Congada, era preciso pedir licença ao rei; então sua mãe foi a pé – não havia ônibus na época – da Ponta das Canas até o Perequê, em um trajeto de aproximadamente 11 quilômetros, pedir para o Rei Neco permissão para que o pequeno Dino, então com cinco anos de idade, pudesse dançar Congada.




Dino acredita que a Congada é a tradição dos congos dançando na rua, do hasteamento do mastro e da Ucharia, que é, segundo ele, a parte mais importante da festa: “Uma tradição lá do passado, dos nossos antepassados, lá de trás. E devoção ao negro, porque começou lá na África. Eles vieram para cá, encontraram um santo negro aqui e vieram festejar o São Benedito. Então, é devoção e tradição”.
Foram 59 anos na Congada, da qual Dino participou em todas as posições, tendo sido integrante do Congo de Baixo, do Congo de Cima, depois Príncipe por alguns anos… Até que, um dia, o Embaixador Dito de Rosa disse a Dino para se preparar, porque ele ficaria em seu lugar; foi assim que, em 1995, Dino assumiu o papel de Embaixador, posição na qual ficou por 14 anos. Em 2010, voltou a ser soldado do Congo de Baixo, até 2013. Em 2014, seu antecessor Dito de Pilaca o coroou Rei, cargo que honrou até 2023, quando passou o reinado a Wilson Bonifácio dos Santos.

Dino como Embaixador, o Rei Dito de Pilaca (in memorian) e o Secretário Zé de Alício (in memorian). 2003.
Na página ao lado, Rei Dino em 2 momentos: ouvindo atentamente as embaixadas dos congueiros (acima) e em cena do documentário O último baile. 2023.



DIÓGENES


José Divanir Lima
Personalidade importante da cultura ilhabelense, José Divanir Lima, mais conhecido como Diógenes, nasceu em 11 de setembro de 1945, na Bahia. Morou em Santos, cidade onde se iniciou no candomblé, e foi lá que sua mãe de santo, Bamburucema de Oiá, o aconselhou a ir para Ilhabela. Dentro da religião, Diógenes era neto direto de Joãozinho da Gomeia, um importante babalorixá ligado ao terreiro de Mãe Menininha do Gantois, na Bahia. Seu nome espiritual (dijina) era Omïnasìllö. Foi um dos precursores do candomblé em Ilhabela, e seu ilê Rancho Velho, situado no bairro Costa Bela, é considerado dos mais antigos da ilha. Diógenes “foi uma pessoa que realmente fez diferença aqui na Ilhabela. Ele ajudou muita gente dentro da parte espiritual e




também como ser humano”, segundo relato da mãe de santo (ialorixá) Cajämbure.
Didi, como também era carinhosamente chamado, tinha uma boa convivência com todo mundo, era respeitado e bem recebido em todo lugar por onde passava, não apenas entre os mais humildes, mas também entre as pessoas com maior poder aquisitivo na cidade. Era uma pessoa elegante e marcava presença vestido com suas batas e turbantes, ao mesmo tempo que era reconhecido por sua simplicidade e integridade. Mesmo sendo pai de santo, tinha uma boa relação com os membros de outras religiões. Foi, por muitos anos, um dos principais cozinheiros da Ucharia. “Diógenes quebrou a intolerância da sociedade e se fez presente”, afirma a ialorixá Cajämbure.
Seu amigo Rui Sitta conta que “ele era uma pessoa muito culta, lia muito, e era uma pessoa maravilhosa para conversar”.
Diógenes faleceu no dia 24 de agosto de 2014. “Ele era divertido, humano… e não vai ter outro”, pontua Cajämbure.

Diógenes na Ucharia, comandando a tacuruba (do tupi Itacuruba), tradição segundo a qual grandes panelas vão ao fogo assentadas sobre três pedras. 2011.


NEGA MALU

Maria Lúcia Prado
Maria Lúcia Prado nasceu na cidade de Bebedouro, no interior de São Paulo, em fevereiro de 1947. Na capital, trabalhou como contrarregra de algumas companhias teatrais, tendo participado, inclusive, da produção da antológica peça Os Saltimbancos, de Chico Buarque, em 1977. Um ano antes, em 1976, Malu conheceu seu marido, o gerente de marketing editorial José Mauro Rodrigues Rocha, no bairro Bixiga, em São Paulo. Nos anos seguintes, Malu trabalhou como representante e modelo de algumas importantes empresas de moda, tendo sido na época a única modelo negra a desfilar na Feira Nacional da Indústria Têxtil (Fenite) pela conhecida Tecelagem Santista, em 1978.
Depois de alguns anos, Malu e José Mauro se mudaram de São Paulo para Trindade, praia




de Paraty (RJ), onde viveram um período mais ligado à pesca e à natureza. Em 1989, mudaram-se para Ilhabela. Devota de São Benedito, Malu passou a frequentar a Congada e ajudar na Ucharia assim que chegou.
“Todo ano ela trabalhava na Ucharia, junto com todos os negros daquela época, com o Didi, a dona Izanil, a Nega da Capoeira”, lembra José Mauro, viúvo de Nega Malu. Além de ser incrivelmente carismática e reconhecida por sua grande beleza, era uma cozinheira de mão cheia.
Malu e José Mauro tiveram uma loja na Barra Velha chamada Garimpo da Negra, que vendia coisas antigas e objetos de demolição. Em 1996, Malu foi convidada pela prefeitura para administrar um centro de triagem de material reciclável e, graças a seu trabalho e grande articulação pessoal, conseguiu transformar esse centro em uma cooperativa importante que mudou a vida das pessoas que lá trabalhavam. “Malu trouxe dignidade e abriu as portas da cidadania, em todos os sentidos, para essa gente tão sofrida e com tão poucas oportunidades”, escreveu a cientista socioambiental Clarissa Mariotti no Jornal Brisa.
Trabalhou incansavelmente pela reciclagem, pelo meio ambiente e pelas pessoas que estavam a seu lado. Hoje, o centro de triagem leva o seu nome. Malu faleceu em 2016.
Como declarou José Mauro, “ela tinha uma moda de ser fantástica”.

São Paulo. Década de 1970.


NEGA DA CAPOEIRA

Silvana dos Santos Domingues
Silvana dos Santos Domingues é reconhecida como uma das lideranças mais importantes do movimento negro de Ilhabela, especialmente por seu trabalho social e cultural à frente do Projeto Semear, uma associação voltada às crianças e aos adolescentes no bairro do Alto da Barra Velha.
Natural de São Vicente (SP), Silvana nasceu em 27 de janeiro de 1966. Teve uma infância muito difícil e precisou aprender a sobreviver desde cedo, especialmente após a morte de sua mãe, quando ela tinha apenas 12 anos. Apesar da desaprovação de seu pai, desde a adolescência Silvana se envolveu em movimentos culturais afro-brasileiros. E foi através de uma prima que teve seu primeiro contato com a capoeira.
O apelido de “Nega da Capoeira” surgiu nos tempos em que participou das rodas de cultura



afro na Associação de Capoeira Senzala, em Santos, onde colaborou em diversos eventos culturais, foi capoeirista e se tornou professora. Dedicou-se também ao ensino e à promoção de atividades de danças afro e à coordenação de rodas de troca de saberes através da contação de histórias afro-brasileiras. Já mais madura em seus saberes, trabalhou intensamente ministrando capacitações junto a educandos e educadores nas escolas, estando presente em conselhos e movimentos sociais, e participando de conferências municipais e estaduais na área da cultura e da saúde.
Nega costuma dizer que sua luta pela comunidade negra de Ilhabela começou desde que chegou na ilha, em 1991. A vida nunca foi fácil – e aqui ela teve de trabalhar como manicure, pedicure, caseira e diarista para sobreviver –, mas sempre teve energia para lutar. Em 1992, retomou a capoeira pela Associação de Capoeira Laje Preta, quando iniciou suas atividades sociais no Centro Comunitário do bairro da Barra Velha e na praça Alan Kardec. Em 1999, iniciou seus trabalhos com a Pastoral da Criança no combate à fome e à desnutrição. Trabalhou por 12 anos como agente comunitária de saúde.
No intuito de aprofundar a luta pela valorização da cultura afro-brasileira, em abril de 2007, Nega fundou, com o Mestre Besouro (Francisco Ribamar Nunes da Silva), o Projeto Semear, um local para atividades artísticas e de apoio social para crianças, jovens e adolescentes. Nesses quase 20 anos de atividade, o Semear tem sido um dos locais mais importantes de fortalecimento da cultura afro em Ilhabela, não apenas pelas aulas de capoeira, samba de roda e maculelê, mas também pelas iniciativas de receber e distribuir doações aos mais carentes.
Em 2017, Nega recebeu o título de “Cidadã Honorária de Ilhabela”, por sua trajetória e pelo importante trabalho assistencial realizado com a população em maior vulnerabilidade social das periferias de Ilhabela.
Já são 30 anos dedicados à afrobetização da comunidade, e sua militância segue incansável.

Ministrando oficina de afrobetização para crianças. 2023.

MARIA DO FRADE

Maria da Conceição dos Santos
Nascida em 5 de novembro de 1958, a história de Maria da Conceição dos Santos se mistura com a própria história do supermercado Frade, em Ilhabela. Não é à toa que ficou conhecida como Maria do Frade. Foi no Frade que ela começou a trabalhar como auxiliar-geral em 1976, quando o comércio era ainda uma quitanda. Sua alegria e motivação, sua paixão pelo trabalho e sua empatia natural fizeram dela uma referência por mais de 35 anos recepcionando cada cliente da loja.
Maria do Frade foi uma pessoa marcante no combate à pobreza e à desigualdade na ilha, promovendo importantes eventos assistenciais para a população mais carente. Recebia doações de amigos e empresários e distribuía para os pobres na época do Natal e no Dia das Crianças. Era muito querida por todos, fossem moradores ou


turistas – como se diz, sua fama a precedia. Também amava e era amada pelos animais, que adoravam ficar à sua volta. “Os cachorros da rua ficavam todos parados na frente do supermercado, esperando dar o horário para irem para casa com ela”, lembra o amigo Rui Sitta.
Outra paixão de Maria era o Carnaval: todo ano, ela desfilava em todas as escolas de samba de Ilhabela – sim, todas mesmo, correndo e trocando de roupa a cada escola que entrava na avenida!
Em 2008, foi condecorada com o título de “Cidadã Honorária de Ilhabela”. E, em 2024, a prefeitura criou um parque público de convivência e recreação para cães que leva o nome de Maria, em homenagem ao imenso carinho que ela devotava aos animais.
Ilhabela perdeu Maria do Frade em 3 de abril de 2012, mas sua gargalhada memorável ainda ecoa pela cidade. Como recorda Rui Sitta: “De vez em quando, dava umas gargalhadas que retumbavam dentro do supermercado. Se você perguntar para as pessoas frequentadoras, você vai ver, todas elas vão falar que a Maria, com aquele sorriso e aquela gargalhada, era tudo”.

Posando para o projeto Um novo olhar. 2011.
POSFÁCIO
por Maristela Colucci
Tesouros enterrados em ilhas ao redor do mundo habitam o imaginário coletivo. Em Ilhabela, esses tesouros se materializam muitas vezes na forma de fotografias vernaculares, verdadeiros artefatos escondidos no contexto de uma pesquisa histórica.
Em Memória e Permanência, os autores mergulharam na riqueza da oralidade para desenterrar algumas preciosidades visuais que, de outra forma, poderiam se perder no tempo. Entre essas relíquias, duas imagens inéditas de inestimável valor: um retrato de Eva Esperança, capturada na soleira de sua porta, rodeada por alguns de seus netos, e uma foto de seu marido Paulino – uma imagem fragmentada, como se alguém quisesse algo esconder ou fazer-se esconder.
Este primeiro volume da Coleção Preta Ilha não apenas revela as narrativas de vida de personagens icônicos de Ilhabela, mas também ilumina fotografias que, por sua vez, evidenciam e autenticam as ações que transformaram essas pessoas comuns em figuras dignas de respeito, admiração e homenagens.
Notas
1 Percebendo a falta de representatividade de personalidades negras importantes da cidade, o estilista Rui Sitta idealizou uma série composta por 13 pinturas representando a “corte dos negros de Ilhabela”, como ele gosta de expressar. Em 2004, Rui encomendou os quadros à pintora paulista Lucília Pugliese e, em 2008, doou as telas para o município de Ilhabela.
2 A família Esperança foi uma das principais responsáveis pela construção da igreja São João Batista, no bairro do Perequê, assim como pela organização das grandes Festas Juninas que aconteciam no bairro e pela coordenação, por gerações, da Congada e da Ucharia na Festa de São Benedito.
3 É importante dizer que a seleção das pessoas homenageadas neste livro não se limitou aos retratados na citada série de quadros, da mesma forma que nem todos eles estão inclusos nesta publicação. Fizemos uma escolha a partir do que foi possível dentro do escopo e das limitações deste projeto. Além dos próximos volumes da Coleção Preta Ilha, esperamos que outras iniciativas possam nascer da semente plantada por ela.
4 No estado de SP consta 41% de pretos e pardos (Dados do Censo/IBGE 2022). Ilhabela se destaca nessa quantidade populacional, pois em Caraguatatuba somam-se 42,48% de pretos e pardos, Ubatuba com 45,48% e São Sebastião com 51,39%. Esta diferença percentual entre o litoral norte paulista e o restante do estado se explica pelo processo histórico que é resumido na Introdução deste livro.
5 O tráfico ilegal foi rareando somente após muita luta popular e com a instauração de uma nova lei federal em 1850 (“Lei Eusébio de Queirós”), que veio ratificar a ilegalidade do comércio negreiro e forçou o governo a verdadeiramente empregar esforços para acabar com o tráfico.
6 Sugerimos, por exemplo, as pesquisas: A Diáspora Africana no litoral Norte paulista: desafios e possibilidade de uma abordagem arqueológica, de Luciana Bozzo Alves, e Sobre o que se quis calar: o tráfico de africanos no litoral norte de São Paulo em tempos de pirataria, de Thiago Campos Pessoa. Além do filme documentário Gilda Brasileiro: contra o esquecimento, de Viola Scheuerer e Roberto Manhães Reis.
7 Consta na certidão de óbito de Benedita (único documento oficial que temos dela) que o nome de seus pais são Amâncio Nascimento e Esperança de Jesus. É importante notarmos que, mesmo Benedita e seus pais sendo africanos, seus nomes possuem raiz portuguesa e com referência cristã, como os muitos nomes que eram dados aos escravizados no momento em que eram registrados pelos senhores escravistas, a fim de evitar as punições pelo tráfico ilegal e num claro
movimento de apagamento das origens dessas pessoas. É difícil afirmar, mas é possível supor que este seja o caso dos pais de Benedita, até porque seus descendentes declaram desconhecer sua ancestralidade para além da matriarca, um elo histórico que foi perdido pelo cruel processo do regime escravista. Sobre essa questão, ver, por exemplo, o artigo “Renomear para recomeçar: lógicas onomásticas no pós-abolição”, de Rogério de Palma e Oswaldo Truzzi, que diz: “Durante o aprisionamento, a comercialização e a travessia do Atlântico ocorre um processo de negação e apagamento do antigo nome. Havia uma carta régia que dizia que todos os escravos capturados, antes de serem embarcados, deveriam ser catequizados e batizados ainda em solo africano, haja vista que a conversão para o cristianismo era um dos pilares da legitimação da escravidão nas monarquias ibéricas. […] Não foi possível reconstruir, em solo brasileiro, a onomástica africana. […] Geralmente, os escravos eram designados com nomes de santos, sendo que, com o passar do tempo, alguns deles foram se tornando quase que exclusivamente nomes de escravos.” (Revista de Ciências Sociais, Universidade Federal do Ceará, n. 61, 2018)
8 Em sua certidão de óbito, contudo, constam 115 anos.
9 Em alguns documentos oficiais (como sua certidão de óbito e casamento), consta seu nome como Eva Pinto de Jesus.
10 Apesar da confirmação da família de Eva de ela ter morrido com 95 anos, em sua certidão de óbito constam 94 anos de idade. Essa diferença pode estar associada à data exata de seu nascimento, ainda desconhecida.
11 Conta-se que a Congada foi trazida à ilha por Roldão Antônio de Jesus, africano que desembarcou como escravizado no ano de 1785 na praia de Castelhanos. Roldão ensinou as danças e os versos da Congada para outros negros, fundando assim a mais importante manifestação popular de Ilhabela. Anos depois, Paulino tornou-se um dos reis mais importantes dessa tradição e, ao lado de Eva, foi responsável por retomar a força da Congada.
12 Paulina da Silva (1900–?), conhecida como Tatá; Manoel Ciriaco da Silva (28/08/1903–10/02/1996), Tereza da Silva (1906–01/05/1984), Antônia da Silva (27/11/1909–?), conhecida como Tunica; Benedito da Silva (16/03/1912–09/09/1979), Guiomar Inês da Silva (21/01/1915–1976), Ana Elisa da Silva (01/05/1917–2013), Izabel Santa da Silva Baldo (25/03/1923-26/07/2002) e Maria Izanil da Silva Pinto de Albuquerque (08/01/1928–30/05/2020).
13 Ucharia significa “a despensa do rei”.
Agradecimentos - Angelo Cavalheiro, Anna de Oliveira Cardial, Bruna de Ewa, Cajämbure, Clarissa Mariotti, Emiliano Bernardo Pingo, Isaura Cristina Oliveira dos Santos Garcia, José Mauro Rodrigues Rocha, Juliana Borges, Kiko Cardial, Luzia Silva de Assis, Marco Aurélio Machado, Mayra Miguez, Patrícia da Silva, Pedro Aydano da Silva, Rui Sitta, Wilson Bonifácio dos Santos.
Créditos das fotografias - páginas 3, 17 (Ucharia) : Acervo Dedé França / páginas 13, 14, 18, 22 e 23: Acervo Pedro Aydano da Silva / página 17: Acervo Waldemar Belisário (Congada) / página 24: Gisele Leite Cruz / páginas 26, 27, 28, 30 e 35: Maristela Colucci página 27 (embaixo): fotograma do filme O último baile, de Juliana Borges / páginas
32 e 34: Acervo José Mauro Rodrigues Rocha / páginas 36 e 39: Luis Henrique Mioto páginas 40 e 42: Angelo Cavalheiro e Fernando Tomanik/Um novo olhar
Referências bibliográficas e filmográficas
ALVES, Luciana Bozzo. A Diáspora Africana no litoral Norte paulista: desafios e possibilidade de uma abordagem arqueológica. Dissertação de Mestrado em Arqueologia, Universidade de São Paulo, 2016.
CIRINO, Giovanni. Uma etnografia da devoção a São Benedito no litoral note de São Paulo. Tese de Doutorado em Antropologia Social, Universidade de São Paulo, 2012.
COLUCCI, Maristela. Os meninos da Congada na festa de São Benedito de Ilhabela. São Paulo, Grão Editora, 2011
Gilda Brasileiro: contra o esquecimento. Direção: Viola Scheuerer; Roberto Manhães Reis. Documentário, 2018.
Página virtual da Congada, disponível em: https://congadadeilhabela.com.br/a-congada-de-ilhabela/
MARIOTTI, Clarissa. Nega Malu: a beleza em cuidar do próximo. Jornal Brisa. Reportagem, 7 de maio de 2016. [on-line]
PESSOA, Thiago Campos. Sobre o que se quis calar: o tráfico de africanos no litoral norte de São Paulo em tempos de pirataria. Revista História, vol.39, UNESP, 2020.
PALMA, Rogério de; TRUZZI, Oswaldo. Renomear para recomeçar: lógicas onomásticas no pós-abolição. Revista de Ciências Sociais, Universidade Federal do Ceará, n. 61, 2018.
SANT’ANA, João Gabriel. Genealogia Sebastianense. São Paulo: Gráfica Sangirard, 1976.
SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Ed. Companhia das Letras, 2015.
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Este livro faz parte de um projeto maior que envolve ainda a produção de um filme documentário sobre Eva Esperança. O leitor pode acessar o filme através deste código:

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