A africa está em nós - Livro 2 - Unidade 1

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IGUAIS E DIFERENTES

projeto é este: podíamos obrigar toda a gente a ter manchas no rosto. Não ficava bom? — Para quê? — Ficava mais certo, ficava tudo igual. Raimundo parou, recordou os garotos que mangavam dele. — Então você acha o meu projeto ruim? — Para falar com franqueza, eu acho. Não presta não. Como é que você vai pintar esses meninos todos? — Era bom que fosse tudo igual. — Não senhor, que gente não é rapadura. Eles não gostam de você? Gostam. Não gostam do Anão, de Fringo? Está aí. Em Cambacará não é assim: aborrecem-me por causa da minha cabeça pelada e dos meus olhos. Tinha graça que o Anão quisesse reduzir os outros ao tamanho dele. Como havia de ser? [...] — Eu já presumia. Pois é, meu caro. Boa terra. Mas se todos fossem como o anãozinho e tivessem sardas, a vida seria enjoada. [...] Texto adaptado de: Graciliano Ramos. Alexandre e outros heróis. 22. ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 1982.

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