OS DANÇARINOS DE DIONISO
ROXANE 4. Durante uns momentos, o tempo e o espaço gelaram. Tão fugaz quanto aterradora, a imagem dos dez bustos com máscaras de cavalo tornara o ambiente irrespirável. Olhares ainda fixados nessa imagem do exército de demónios, os polícias esta‑ vam no limite do auto‑controlo, paralisados pelo medo. Sorridente, olhos a brilhar, Amyas Langford gozava a situação. Uma rajada de relâmpagos espalhou‑se pela sala e voltou a agitar os presentes. — Quem eram esses tipos? — perguntou Ca‑ brera. A pergunta permaneceu sem resposta, ecoando nas paredes da sala gelada. Com uma violência in‑ contida, o pied‑noir agarrou Langford pelo pescoço. — Quem eram estes tipos? — repetiu, gritando. Mas quanto mais o polícia o abanava, mais Amyas parecia gostar. Era claro para todos que o equilíbrio de poder se tinha deslocado. Sorbier interveio para acalmar o capitão da DPJ. De costas, com a testa pressionada contra o vidro gotejante da sala de interrogatório, Roxane
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