Ano 11 antes da nossa era. Roma.
AAAAAH!
Ouviste isto? O que se passa?
Queres mesmo saber?
Mais depressa! Sigam! Vamos!
Não deixem escapar nenhum!
E cuidado, não lhes toquem!
Estás vingado, Aelius! Ali! Há um que vai fugir!

Voltem todos para o inferno, monstros imundos!
AAAAAH!

Obrigado, senador! Obrigado!
Essas pessoas estão sob a minha proteção!
Não te deixes enternecer, Senhor, são assassinos!
É falso! Foram vocês que mataram os nossos! São vocês os monstros!
O quê? Como ousas tu, rato imundo?
Mataram os nossos camaradas e beberam‑lhes o sangue!

O vosso sangue faria nojo até aos cães raivosos!
Cuidado, Senador! Afasta‑te deles!
Ai de quem tocar num leproso!
Mandei os sobreviventes para a minha villa de Tibur, Augusto. Lá estão em segurança.

E fiquem descansados: como vos disse, tomei dois banhos e mandei ferver as minhas roupas.
Não tens noção! Os teus escravos vão fugir todos!
Não, os leprosos concordaram em ficar num estábulo isolado.
Eles só querem ter comida e que os deixem em paz. Que mal terrível! Queiram os deuses que encontrem um remédio muito em breve!
Mãe?!
Não devias ter feito isso, Alix.Já passou... Já passou...
Vamos deixar‑te descansar. Ouviste os médicos, deves fazer a sesta.
As vossas visitas são a minha única distração. As minhas filhas põem‑se a chorar à minha frente.

E ainda não tratámos desses soldados...
Mas eles não são os únicos a querer vingar os guardas encontrados mortos no Tibre.
Os que não culpam os leprosos falam de fantasmas que desaparecem subitamente na noite.
Vão ser severamente castigados, Lídia, não te preocupes.
A plebe vai acabar por atacar os mendigos dos cemitérios e os feiticeiros vindos do Oriente.
Já andam à procura de quem os invoca! Hum... Esses fantasmas fazem‑ ‑me lembrar sobretudo de Brutus Tarquinus, o espectro de Cartago. Em todo o caso, o medo alastra por toda a Roma, Alix.Não podemos deixar que isso aconteça, Augusto.
De acordo, Alix. Não esperava outra coisa de ti.
Lídia, voltarei em breve.
Deixa‑me investigar com o Quintus. Faremos tudo para encontrar os verdadeiros culpados.

Vamos...
Só na tua presença e na presença de Tito é que a minha pobre irmã parece ganhar alguma vida.
A mãe adormeceu, pai.
Ela ainda deve amar ‑me tanto quanto eu a amo, Augusto.
Amo, o Senhor Sileu aguarda‑te para a audiência privada.
Está fora de questão eu entrar em guerra contra Jerusalém só para agradar a esse nabateu.
Já me tinha esquecido desse... Mas porque o trouxeste tu de Petra, Alix?
Estou mais que farto das operações contra os dálmatas.

Matem‑nos! A todos! E a partir de amanhã sereis homens livres, como prometi!

Maldito sejas, Alix! Tu e todos os teus! A começar pelos teus dois egípcios! Se não fossem...
Já está? Eles estão mortos?
Glória ao nosso amo!
Respondam!
PELOS DEUSES!
Isto não pode acabar assim.
Vou fingir que estou morto... não vão dar por mim...

Não te aproximes!
não! não se aproximem! AAAAH!
Augusto não é nada do género de se deixar intimidar.
Augusto ainda vai mudar de ideias, Alix. Estou convencido.
Já te vais deitar, Enak?
O teu amigo ainda não se recompôs da perda do filho, pois não?
Eu não tento intimidá ‑lo.
Eu também não. Qualquer taça me faz lembrar o que aconteceu a Alexandre.

É uma autêntica tragédia, Sileu.
Pois é... Tito, tens notícias da Camma? Sabes se ela está melhor?
Está a recuperar aos poucos do envenenamento em Pompeia.
Deves sentir falta dela. Foi por ela que te bateste com o meu filho?
Era só um jogo entre nós, Sileu. Não era um combate.
A irmã acolheu‑a no templo de Ísis.
Isso é certo.
Além disso, o Alexandre era muito mais forte do que eu.
Pensando bem, os sacerdotes de Ísis têm fama de excelentes curandeiros.
Porque não lhes pedem para ajudar também a Lídia?
Já fizemos isso... eles disseram que era tarde demais. Que ela já estava muito doente e há muito tempo.
Só o ópio, a droga que o Tito trouxe de Petra é que ainda a alivia. Mas precisa de cada vez mais...
