Revista GPS Brasília 5

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ARQUITETURA

Paixão por Brasília A primeira vez que Sérgio Parada esteve em Brasília foi antes de ser arquiteto. Com um grupo de colegas da Escola Técnica, onde estudava edificações, veio conhecer a nova Capital em 1968. Ficou impactado com a dimensão dos lugares. “Eram muitos espaços vazios, davam uma sensação maior porque quase não tinha gente”, lembra. O Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal chamaram a atenção do então estudante. “Eu ainda não era formado, mas tinha uma sensibilidade natural”, conta. A organização da cidade também o atraiu. “Venho de uma origem europeia e essa questão da organização faz parte de mim”, explica. “E me deparar com aquela novidade organizada espacialmente não era uma coisa qualquer. Era incrível”, revela. Há 35 anos morando em Brasília, Parada acompanha atentamente a cidade se transformar e ganhar formas distintas. “Lúcio Costa,

se vivo, choraria por muitas coisas novas que estão sendo feitas. Por exemplo, ele planejou prédios delicados para as superquadras, com pilotis. Os novos são desproporcionais, cheios de coisas embaixo, como salões de festa, quartos de depósitos, paredes, que impedem a livre circulação. Lúcio pensou no andar térreo como um espaço mais aberto, como nos prédios da 107 e 108 Sul”, comenta. E, para o arquiteto, assim como as grandes cidades brasileiras, em Brasília as diferenças sociais são grandes. “São correções que temos que ter no País urgentemente. Precisamos nos preocupar com novas necessidades, como a mobilidade urbana. Mas não é só responsabilidade do governo, também é da população. Temos que exercitar o respeito ao próximo e a cidadania. Afinal, a cidade é nossa”, afirma.

A vida com amigos A profissão o levou a conhecer muitos de seus amigos. “Na minha vida, nada se justifica se eu não estiver entre eles”,

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afirma. É em sua moderna casa no Lago Norte, onde mora desde 2001, que Parada organiza encontros informais que acabam se tornando um programa cult, uma vez que vive cercado de intelectuais. “Adoro receber em casa”, revela. A casa planejada por ele é ampla, e encanta. Já foi fotografada inúmeras vezes por publicações especializadas. Em uma das paredes, um painel do Athos Bulcão, presente do próprio artista. Repleta de obras de arte, integradas com o projeto. O mobiliário é de grandes designers, como Sérgio Rodrigues, Mackintoch, Mies, Le Corbusier, Charles & Eames e Bertóia. É clara e harmonizada com o jardim. Lá dentro, tudo organizado. Não há nada jogado, nem desarrumado. Até o guarda-roupa, onde separa suas peças por cor e tipo. “Se estou no mezanino e vejo algo fora do lugar, desço e arrumo“, revela. Sua casa parece mesmo de revista. E já foi até cenário de filme. O diretor brasiliense Renato Barbieri filmou o longa As Vidas de Maria na casa

de Parada, em 2005. Tudo se manteve do jeito dele: cama, móveis, objetos. “A casa se transformou num set real. Ficou alguns dias cheia de gente, umas 40 pessoas. Acompanhei algumas das gravações, e foi engraçado ver meu canto no cinema”, conta. “Gosto de filmes de arte. Adorei ambos sobre Renato Russo (Somos tão Jovens e Faroeste Caboclo). Me faz lembrar de quando eu me mudei para Brasília”. De viagem marcada para Paris e Lisboa no segundo semestre, o arquiteto conta que viajar, além de arte e teatro, é uma das coisas que ama.

O aeroporto e sua reforma Um dos principais projetos de Sérgio Parada é o do Aeroporto Internacional de Brasília Juscelino Kubistchek, elaborado nos anos 90. Na época, a concorrência foi ganha pela construtora Camargo Correa, que contratou a empresa de consultoria da qual Parada fazia parte. Autor de vários projetos, Fotos Haruo Mikami

Posto Comunitário de Segurança

A capela extinta no aeroporto

O painel do Athos Bulcão no aeroporto


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