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Experimentos fora da caixinha A arte do

EXPERIMENTOS FORA DA CAIXINHA

Multiartista desde a infância e empreendedor por natureza, o fotógrafo Gabriel Wickbold mira Brasília e o mundo para expandir seu conceito de arte na plenitude de sua intensidade

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Por Gilberto Evangelista Fotos JP Rodrigues

Imagine você, aos 21 anos de idade, motivado por um professor, dar um tempo da faculdade, pegar um carro e percorrer dez mil quilômetros margeando o curso do Rio São Francisco? A cada comunidade ribeirinha avistada pelo caminho, uma parada e vários cliques. Depois de 35 dias, a aventura rendeu a série fotográfica Brasileiros – o primeiro de muitos projetos autorais de Gabriel Wickbold, nome expoente em uma seara repleta de grandes mestres da imagem com reconhecimento, como Mario Cravo Neto, Walter Firmo, Cláudia Jaguaribe, Araquém Alcântara, Nair Benedicto e o supremo Sebastião Salgado.

Depois de dezesseis anos clicando por aí, Wickbold acumula conquistas dignas de admiração. Produziu seis séries autorais e tem no currículo exposições pelo mundo. Ele é responsável por inúmeros retratos de celebridades, DJ Alok entre elas; um de seus quadros está pendurado em uma das paredes do palácio do sheik Al Qasimi em Sharjah, nos Emirados Árabes; tem obras em coleções permanentes de importantes museus, como Erarta (São Petersburgo, Rússia) e MAB (São Paulo); e, neste ano, atingiu a cifra de R$ 1 milhão com um de seus trabalhos. No entanto, para o artista de 38 anos, este momento ainda é apenas o começo, sua mira está projetada para atingir alvos muito mais longe ainda.

Em passagem recente por Brasília, com a exposição SurFace, Gabriel ficou encantado com a possibilidade de expor seu trabalho em um dos cartões-postais mais icônicos da cidade, a Torre de TV. “Acho este espaço maravilhoso, é como uma nave espacial no meio da cidade. Poder estar aqui com minhas obras, com todos vocês, é uma grande honra”, disse na ocasião do vernissage que rolou no gastrobar Mezanino.

Obras do artista estão em exibição no Mezanino da Torre de TV, em Brasília Em uma private talk com a revista GPS|Lifetime, o artista confirmou os rumores de que pretende sim abrir uma galeria na cidade em breve: “devido à base de colecionadores que já tenho por aqui, sinto um mercado bastante receptivo para o meu trabalho”, avalia. E se os planos realmente se concretizarem, esse será apenas mais um passo na estratégia de expansão de Wickbold, dentro e fora do País, já que ano passado inaugurou uma nova galeria em Londres, além da recente abertura de um novo espaço com 1,5 mil metros quadrados na Avenida Oscar Freire, em São Paulo.

Filho de mãe artista plástica e pai músico dentro de uma família que há 85 anos está à frente da Wickbold, produtora de pães industrializados, o carioca Gabriel tem nas suas veias a arte e o dom de empreender. Aos 12 anos, já escrevia poemas e depois fez parte de uma banda musical, mas foi com a fotografia que sentiu que podia comunicar e se conectar com as pessoas em um nível superior. “O artista pode fazer de tudo, pode fazer um móvel, um projeto de arquitetura, essa liberdade para trafegar livremente é a nossa capacidade de experimentação, e nunca se colocar dentro de uma caixa”.

Irrequieto, quer continuar empreendendo cada vez mais. Criativo e inconformado, desenha até as próprias roupas que veste. “Na verdade, esse também é um plano para um futuro próximo, desenvolver uma coleção cápsula, junto com uma linha de mobiliário. Então, o projeto What’s Next que vou fazer em São Paulo vai trazer uma fase de muita reinvenção, em que vou apresentar vários trabalhos que eu sempre tive vontade de fazer e nunca fiz, com outras mídias, mais coisas da minha parte musical também, ou seja, um momento de muita expansão criativa”, prevê Gabriel.

@gabrielwickbold www.gabrielwickbold.com.br