LIVRO DE OURO DO MUNDO PORTUGUÊS - Moçambique

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Entretanto, da Á f r i c a do Sul, onde este desporto tem tradições estabelecidas, alguns desportistas experimentados, apercebendo-se das possibilidades das nossas águas, começaram a visitar-nos com frequência e a contactar cada vez mais com os nosos praticantes que rapidamente iam absorvendo todos os conhecimentos experimentando todas as novas práticas que : podiam. Este facto, aliado às descobertas feitas por Alexander e por van Rooyen (independentemente um do outro, mas quase simultaneamente) das enormes possibilidades haliêuticas das águas do Bazaruto consolidaram entre nós o estabelecimento da pesca desportiva de alto mar, que culminou na realização ali do primeiro concurso de pesca, aberto a equipas de clubes da Rodésia, da Á f r i c a do Sul e de Moçambique. A partir de então o concurso de pesca-grossa do Bazaruto que se tem realizado regularmente há dozes anos sem uma falha graças à iniciativa do velho colono Joaquim Alves, proprietário da organização que tem o seu nome e que explora o turismo no arquipélago, adquiriu foros de tradicional. Com a nomeação de representantes em Moçambique da International Game Fish Association e a filiação dos nossos clubes nesta organização internacional, passaram a adoptar-se as regras internacionais de pesca desportiva em todos os concursos e o regulamento daquela competição foi-se tornando cada vez mais rígido e apertado, dando-lhe o nível internacional que lhe trouxe fama e que a ele atrai pescadores experimentados nas Bahamas, em Wedgeport, no Hawai, no Cabo Blanco, no Cabo e na Nova Zelândia. Assim, em poucos anos, os nossos desportistas foram-se graduando da pesca nas muralhas e nas praias à pesca de estuário e a l t o - m a r ; da pesca no estuário e canais, em botes a remos, à pesca nas barras em «ski-boats» com motores fora de borda e, f i n a l m e n t e , à pesca grossa em poderosos barcos como os «srikers» do Clube de Pesca Desportiva; das tainhas, douradinhas e carapaus, às cavalas (serras), xaréus e barracudas; dos bonitos, dourados-do-alto e atuns, aos tubarões, veleiros e espadins (marlins). O prestígio criado pelas equipas portuguesas que têm disputado os concursos da Cidade do Cabo — onde se reúnem os mais experimentados «springbocks» — levou os organizadores a considerar o Clube de Pesca Desportiva como «convidado permanente» nos prélios entre c l u bes e, nos internacionais, a equipa de Moçambique como um «must». Em Melinde (Quénia) onde Moçambique se fez representar antes da independência daquele t e r r i t ó r i o , ao lado de americanos, australianos, sul-africanos e rodesianos, a nossa equipa foi favorita e, embora perdendo, os organizadores deram-nos a honra de instituir, para futuras competições, um troféu f l u t u a n t e que designaram por «THE HENRY, THE N A V I G A T O R ' S TROPHY». Infelizmente, embora convidados, Moçambique não pôde voltar a fazer-se representar. O concurso do Bazaruto t e m sido várias vezes ganho por equipas moçambicanas, sendo de notar que o júri destes concursos, de que fazem parte delegados dos territórios vizinhos, é hoje tradicionalmente presidido por um delegado de Moçambique. As possibilidades da pesca desportiva das nossas águas são hoje conhecidas a l é m - f r o n t e i ras, não só entre os nossos vizinhos como também na América do Norte, na Europa, na A u s t r á lia e Nova Zelândia. Esta projecção deve-se não só à actuação de alguns dos nossos pescadores mais destacados como, u l t i m a m e n t e , à acção do Clube de Pesca Desportiva de Lourenço Marques, que reúne entre os seus membros alguns dos mais conhecidos pescadores de Á f r i c a , t a n t o nacionais como estrangeiros, através dos quais tem procurado estabelecer contactos com a fraternidade do resto do mundo.

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