Caderno ABEA 32 - Novos Perfis e Padrões de Qualidade para os Cursos de Arquitetura e Urbanismo

Page 1

ISSN 2177-3734 Realização:

Novos Perfis e Padrões de Qualidade para os Cursos de Arquitetura e Urbanismo: do Projeto Pedagógico às Atribuições Profissionais

CADERNOabea

Apoio:

32

Patrocínio:

Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo

Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo

encontro nacional sobre ensino de arquitetura e urbanismo

reunião do conselho superior da abea

Centro Universitário de João Pessoa - UNIPÊ João Pessoa-PB novembro de 2008


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

0

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

CADERNO abea 32

XXVI ENSEA Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

XXXII COSU Conselho Superior da ABEA Novos Perfis e Padrões de Qualidade para os Cursos de Arquitetura e Urbanismo:

do Projeto Pedagógico às Atribuições Profissionais

13 a 15 de novembro de 2008 Centro Universitário de João Pessoa

1


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

2

DIRETORIA DA ABEA Ͳ BIÊNIO 2007/2009 DIRETORIA EXECUTIVA Presidente JOSÉ ANTÔNIO LANCHOTI Ͳ MOURA LACERDA/SP ViceͲPresidente FERNANDO J. DE MEDEIROS COSTA Ͳ UFRN Secretário CARLOS EDUARDO NUNES FERREIRA Ͳ UNESA SubͲSecretário ESTER J.B. GUTIERREZ Ͳ UFPEL Secretário de Finanças JOSÉ ROBERTO GERALDINE JÚNIOR –BARÃO DE MAUÁ/SP SubͲSecretário de Finanças ANDREY ROSENTHAL SCHLEE – UnB CONSELHO FISCAL DIRETORIA Titulares Euler Sobreira Muniz – UNIFOR João Carlos Correia – UNAR José Akel Fares Filho – UNAMA Itamar Costa Kalil Ͳ UFBA Cláudio Listher M. Bahia – PUCͲMinas Isabel Cristina Eiras de Oliveira Ͳ UFF Débora Pinheiro Frazatto – PUCͲCamp Dirceu Trindade Ͳ UCG Suplentes Wanda Vilhena Freire– UFRJ Gilson Jacob Bercoc – UNIFIL Paulo Fernando do A. Fontana – UCS Wilson Ribeiro S. Junior – PUCͲCamp Andrea L. Vilella Arruda – FUMEC Heloisa Messias Mesquita UNIDERP Cláudio F. Correa Valadares – UNIFLU Turguenev Roberto Oliveira – Belas Artes

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

3

CADERNO abea 32 XXVI ENSEA Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo XXXII COSU Conselho Superior da ABEA Novos Perfis e Padrões de Qualidade para os Cursos de Arquitetura e Urbanismo:

do Projeto Pedagógico às Atribuições Profissionais

COMISSÃO ORGANIZADORA José Antônio Lanchoti - Presidente ABEA Fernando José de Medeiros Costa – Vice-Presidente da ABEA Jose Roberto Geraldine Junior - Diretor ABEA Amélia Panet - Coordenadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo Da UNIPÊ

Publicação patrocinada pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo - CAU/SP

13 a 15 de novembro de 2008 Centro Universitário de João Pessoa


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

4

APRESENTAÇÃO

Novos Perfis e Padrões de Qualidade para os Cursos de Arquitetura e Urbanismo – do Projeto Pedagógico às Diretrizes Curriculares Nacionais Dentro de uma nova perspectiva, com a aproximação do CAU-SP - Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo das Instituições de Ensino Superior, e ainda, dentro de uma estratégia de promover material para utilização pelos profissionais Arquitetos e Urbanistas interessados na área de ensino e formação profissional, o CAU-SP através de seu programa de ação de patrocínio para publicações promove junto à ABEA – Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo - esta importante publicação: Novos Perfis e Padrões de Qualidade para os Cursos de Arquitetura e Urbanismo – do Projeto Pedagógico às Diretrizes Curriculares Nacionais. O CAU-SP inicia suas parcerias em publicações na área de ensino, proporcionando a democratização e padronização das informações neste campo, atualmente carente de dados completos, na busca pela elevação da qualidade dos cursos de Arquitetura e Urbanismo oferecidos. O sucesso virá no apoio incondicional entre as entidades representativas na área de Arquitetura e Urbanismo e este nosso novo Conselho que começa a mostrar os resultados após mais de meio século de luta pela independência de nossa profissão. Prof. Dr. João Carlos Correia Diretor de Ensino e Formação do CAU-SP

O processo de avaliação da área de ensino de Arquitetura e Urbanismo teve sua evolução marcada no início da década de 1990 primeiro com a atuação da ABEA e posteriormente com a participação da Comissão de Especialistas de Ensino de Arquitetura e Urbanismo – CEAU, da Secretaria de Ensino Superior – SEsU/MEC, e seu desenvolvimento até os dias atuais configura três ciclos que se complementam. O primeiro ciclo, iniciado em 1990 com o reconhecimento da área a partir do Inventário dos Cursos de Arquitetura e Urbanismo conduzido pela Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura – ABEA se fecha com a publicação da Portaria MEC nº 1770/1994 que fixou as Diretrizes Curriculares e Conteúdos Mínimos. O reconhecimento (levantamento do estado da arte) foi o momento em que a área pode ver o outro e verͲse a si próprio e abriu caminho para um segundo momento, de autoͲavaliação da área. As conclusões da etapa de autoͲavaliação conjunta da área de ensino, de 1993 a 1994, subsidiaram a CEAU na definição dos padrões de qualidade e no enunciado dos requisitos estabelecidos para a abertura e funcionamento dos cursos de Arquitetura e Urbanismo através dos Perfis e Padrões de Qualidade. O segundo ciclo ficou caracterizado pela avaliação interna pela qual passaram todos os cursos do país. Esse processo ficou marcado nos anos de 1995 e 1996 quando os 85 cursos existentes no país adaptaram suas propostas pedagógicas à nova diretriz Nacional. Também nesse ciclo a CEAU, com base nos Perfis e Padrões de Qualidade definidos anteriormente, elaborou os roteiros de avaliação externa com os quais a SEsU/MEC passou a efetivar os processos de autorização de funcionamento, de reconhecimento e de renovação de reconhecimento de cursos. Era política da Secretaria, executar a verificação periódica de todos os cursos em funcionamento. O ciclo se fechou com a série de eventos ocorridos em 1998 que tiveram como objetivo a elaboração de uma proposta de Diretriz Curricular em atendimento aos editais 04 e 05 do MEC. A proposta da área que iria para apreciação pelo Conselho Nacional de Educação – CNE foi protocolada no MEC em 1998, e reafirmava integralmente a Portaria Ministerial nº 1.770/1994 do Ministério da Educação e do Desporto. No terceiro ciclo (1999Ͳ2006) o processo de avaliação oficial passou da SEsU para o INEP e foi caracterizado pelo início das avaliações dos egressos. Após intensas negociações com o MEC, a área de Arquitetura e Urbanismo participou do Provão de 2002 e 2003. O instrumento de avaliação antes adotado pelas comissões nomeadas pela SEsU, passa por reformulações visando a uniformização com outras áreas de conhecimento assim como a informatização do procedimento. Conforme relatado em vários eventos da ABEA, a nova sistemática de avaliação perdeu em qualidade na medida em que não foi mais possível manter exigências antes consideradas “cláusulas pétreas” pela área nos “Padrões de Qualidade”. Também nesse ciclo se arrastou o longo processo de negociação com o CNE com vistas à manutenção das conquistas da Portaria 1770/94, colocadas em risco pelo conselheiro relator das Diretrizes Curriculares da Arquitetura e Urbanismo naquele pleno. Com a mudança do governo federal, alteramͲse os critérios adotados pelos órgãos de educação. O Sistema de Avaliação passa por processo de mudanças e mais uma vez os instrumentos de avaliação, na visão da ABEA, se fragilizam. O ENADE substitui o Provão, passando


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

5

a acontecer em períodos de 3 anos. Em 2005 os egressos dos cursos de Arquitetura e Urbanismo são avaliados pelo novo sistema. O ciclo se completa com a publicação das novas Diretrizes Curriculares aprovadas pelo CNE através da Resolução nº 06 de fevereiro de 2006.

Precisamos repensar a necessidade de laboratórios, pois “[...] as configurações não se prestam a ‘modelos inquestionáveis’, e sim como ‘parâmetros consistentes de referência’ para o processo de avaliação dos cursos.”2 Da mesma forma carecem de atualização as recomendações para os demais recursos materiais, a atuação do corpo docente e a construção do projeto pedagógico . “Somos nós, portanto, professores e alunos que devemos defender veementemente os Padrões de Qualidade, que nada mais fazem do que estabelecer condições essenciais para o nosso trabalho. O projeto pedagógico e a prática da escola poderão então ocupar todo o tempo de nossa atenção para que, aí sim, possamos enfrentar o currículo invisível.”3 A DIRETORIA 1

MEIRA, Maria Elisa. “A Educação do Arquiteto e Urbanista”. Piracicaba, Editora UNIMEP. 2001 – pg. 51

2

idem , pg. 45

3

Idem, pg 51

Tarde

Noite: 19:00h ABERTURA OFICIAL DO ENSEA MESA DE ABERTURA Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação -SESu/MEC Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira – INEP/MEC Conselho Nacional de Educação – CNE Comissão de Educação e Atribuição Profissional (CEAP) do CONFEA – Grupo de Arquitetura

DIA 12/11 (Quarta Feira) DIA 13/11 (Quinta-Feira)

Como bem afirmou a professora Maria Elisa Meira, “Os Perfis e Padrões de Qualidade da área de Arquitetura e Urbanismo [...] não foram elaborados ao belͲprazer de pessoas, ou de grupos, e sim enunciados, debatidos e acordados em espaços de acesso público, em reuniões para o fim convocadas, institucionais ou associativas, entre representantes de IES, professores e alunos. Foram ouvidas as entidades profissionais, e respeitada a legislação profissional e educacional, e a legislação brasileira referente à educação de profissionais pertencentes a profissões regulamentadas”1. Dessa forma precisamos, professores e alunos, abrir novamente o debate e mais uma vez acordarmos as bases da qualidade que desejamos para os nossos cursos. Precisamos avaliar a evolução do perfil da nossa área e da natureza de nossa profissão. Precisamos redefinir os requisitos necessários para o funcionamento dos cursos de arquitetura e urbanismo e, dessa forma, firmarmos um pacto de qualidade em torno de PADRÕES DE QUALIDADE que reflitam a realidade nacional e os novos contextos internacionais.l

Manhã

DIA 14/11 (Sexta-Feira)

A ABEA que sempre esteve à frente das iniciativas oficiais precisa retomar o seu papel de vanguarda e revisar suas posições. Os Perfis e Padrões de Qualidade da área de Arquitetura e Urbanismo completam esse ano 14 anos e carecem de revisão.

PROGRAMAÇÃO

DIA 15/11 (Sábado)

Novos fatos começam a configurar um novo ciclo. No âmbito internacional organismos como a UIA/UNESCO iniciam processos de acreditação de cursos com vistas a conferir selos de qualidade a cursos, a partir de critérios de avaliação definidos previamente. No continente, os Ministros do Mercusul assinaram protocolo no sentido de instituir um sistema de acreditação regional, chamado Sistema ARCUͲSUL. A acreditação, diferente da avaliação do INEP, pretende conferir à instituição avaliada um selo de qualidade reconhecido pelos países participantes. No Brasil, cabe a CONAES (Comissão Nacional de Avaliação do Ensino Superior) desenvolver a proposta.

6

14:00h Reunião dos Grupos de Trabalhos Grupo de Trabalho 1 – GT1 Grupo de Trabalho 2 – GT2 Grupo de Trabalho 3 – GT3 09:00h 14:00h Discussão dos Grupos de Abertura da XXXII Reunião Trabalhos e formatação do Conselho Superior da das contribuições dos GTs. ABEA – COSU-ABEA 09:00h Apresentação da programação e da dinâmica de trabalhos Apresentação De Trabalhos Temáticos

Apresentação pelos relatores dos grupos de trabalho das contribuições de cada GT para os novos perfis e padrões de qualidade dos cursos de Arquitetura e Urbanismo para aprovação no COSU Encerramento do XXVI ENSEA e do XXXII COSUABEA

14:00h Reunião da DiretoriaABEA.

LIVRE

LIVRE


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

7

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

8

SUMÁRIO

Ata conjunta do XXII Reunião do Conselho Superior da ABEA (COSU) e XXVI Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ENSEA)

09

SEÇÃO TEMÁTICA

20

Encostas, Insolação e Projeto de Arquitetura: uma combinação possível por meio do estudo da topografia A importância da questão regional para o ensino de arquitetura e urbanismo O Projeto Pedagógico de Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Maria: novos paradigmas e dificuldades na sua implementação O Ensino de Arquitetura e Urbanismo – uma questão prática ou teórica? O Patrimônio histórico em contexto de integração curricular: uma experiência de ensino de projeto arquitetônico e urbanístico em ambientes históricos Política de Informática do Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas Canteiro de Obras e Escola de Formação de MãoͲ deͲObra A arquitetura da participação popular e a participação popular arquitetando o espaço: Uma proposta para do Município de Entre Rios, Brasil Integração Graduação – PósͲGraduação: Articulação entre o Programa de PósͲGraduação em Arquitetura e Urbanismo e o Departamento de Urbanismo/ EAU/UFF Uma proposta de conexão entre teoria e prática do projeto: relacionando pesquisa e ensino na graduação em arquitetura e urbanismo A formação do arquiteto e as atribuições profissionais Práticas e espaços pedagógicos na articulação entre ensinoͲpesquisaͲextensão Entre o Trabalho Final de Graduação e o Trabalho de Curso: a experiência da EA/UFMG

Adriana de Almeida Muniz ALVAREZ; Alice BRASILEIRO

21

Claudio Lima FERREIRA

31

Edson Luiz Bortoluzzi da SILVA

41

Fabiana Loiola DIAS

51

Heitor ANDRADE; Maísa VELOSO

57

Jeanne Marie Ferreira FREITAS; Mário Lúcio PEREIRA JÚNIOR Jeanne Marie Ferreira FREITAS; Roberto Eustaáquio dos SANTOS

69 76

Liliane F. Mariano da SILVA

80

Maria de Lourdes P. M. COSTA; Patrícia Fraga Rocha RABELO

88

Maristela Moraes de ALMEIDA

94

POUSADELA, Miguel Angel; VIEIRA, Jorge Luiz Daniele Nunes Caetano de SÁ; Jeanne Marie Ferreira FREITAS COUTO Beatriz; TEIXEIRA, Maria Cristina

100 105 112

Mesa de Abertura do Evento: da esquerda para a direita – Acad. Taíse Farias, da FeNEA; Profª. Clélia Brandão, pres. do CNE; Prof. José Antonio Lanchoti, pres. ABEA; Prof. José Loureiro Lopes, Reitor da UNIPÊ; Profª. Amélia Panet, Coord. CAUͲUNIPÊ; Prof. Lino Gilberto da Silva, Cons.CONFEA/CEAP; e, Arq. Cristina Evelise, pres. IAB/PB.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

9

Ata conjunta do XXII Reunião do Conselho Superior da ABEA (COSU) e XXVI Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo (ENSEA) Realizados no Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ – 13 a 15/11/2008 Às 19h00min do dia 12 de novembro de 2008, no Auditório do Espaço Cultural do Campus do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ), localizado no Km 12 da BR230, Água Fria, em João Pessoa/PB, o Presidente da ABEA, Prof. Dr. Arq. Urb. José Antonio Lanchoti abriu oficialmente o XXXII COSU e o XXVI ENSEA com a presença dos seguintes convidados: o Magnífico Reitor do UNIPÊ, Prof. Dr. José Loureiro Lopes, a Profa. Mestra Arquiteta e Urbanista Amélia Panet, Coordenadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo do UNIPÊ; a Presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), Profa. Dra. Clélia Brandão, o Conselheiro Federal e membro da Comissão de Educação e Atribuição Profissional (CEAP) do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA), Prof. Técnico Lino Gilberto da Silva, a Presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil do Estado da Paraíba (IAB-PB), Arquiteta e Urbanista Cristina Evelise, a representante da Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo (FENEA), Acadêmica Taíse Farias, que abdicou da palavra após as manifestações de todos os demais membros da Mesa. Foram inscritos 76 participantes, sendo 13 alunos e 63 professores, dos quais 32 coordenadores ou diretores de curso, representando as seguintes instituições: 1 Centro Federal de Educação Tecnológica, Campos/RJ CEFET-Campos 2 Centro Universitário 9 de Julho, São Paulo/SP UNINOVE 3.Centro Universitário Barão de Mauá, Ribeirão Preto/SP Barão de Mauá 4.Centro Universitário de Araras, Araras/SP UNAR 5 Centro Universitário de João Pessoa, João Pessoa/PB UNIPÊ 6 Centro Universitário Fluminense, C. dos Goytacazes/RJ UNIFLU 7 Centro Universitário Moura Lacerda, Ribeirão Preto/SP CUML 8 Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio, Salto/SP CEUNSP 9 Centro Universitário Plínio Leite, Niterói/RJ UNIPLI 10 Faculdade Brasileira, Vitória/ES UNIVIX 11 Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas, Campina Grande/PB FACISA 12 Faculdades Nordeste, Fortaleza/CE FANOR 13 Fundação Mineira de Educação e Cultura, Belo Horizonte/MG FUMEC 14 Instituto Superior de Ensino do CENSA, Campos dos Goytacazes/RJ ISE/CENSA 15 Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas/SP PUC-Campinas 16 Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte/MG PUC-Minas 17 Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba/PR PUC-PR 18 Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul/RS PUC-RS 19 Universidade Católica de Pernambuco, Recife/PE UNICAP 20 Universidade Católica do Goiás, Goiânia/GO UCG 21 Universidade da Amazônia, Belém/PA UNAMA

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

10

22 Universidade de Caxias do Sul , Caxias do Sul/RS UCS 23 Universidade de Cuiabá, Cuiabá/MT UNIC 24 Universidade de Franca, Franca/SP UNIFRAN 25 Universidade de São Paulo, São Paulo/SP USP 26 Universidade Desenv.do Est.e da Reg.do Pantanal, Campo Grande/MS UNIDERP 27 Universidade de Vila Velha, Vila Velha/ES UVV 28 Universidade do Estado de Mato Grosso, Cuiabá/MT UNEMAT 29 Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma/SC UNESC 30 Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro/RJ UNESA 31 Universidade Estadual de Londrina, Londrina/PR UEL 32 Universidade Estadual Paulista, Bauru/SP UNESP 33 Universidade Estadual de Maringá, Maringá/PR UEM 34 Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa/PB UFPB 35 Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte/MG UFMG 36 Universidade Federal de Pelotas, Pelotas/RS UFPel 37 Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria/RS UFSM 38 Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Campo Grande/MS UFMS 39 Universidade Federal do Paraná, Curitiba/PR UFPR 40 Universidade Federal do Piauí, Teresina/PI UFPI 41 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN UFRN 42 Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre/RS UFRGS 43 Universidade Federal Fluminense, Niterói/RJ UFF 44 Universidade Luterana do Brasil, Canoas/RS ULBRA 45 Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba/SP UNIMEP 46 Universidade de Brasília, Brasília/DF UNB 47 Universidade Paulista (multicampi) UNIP 48 Universidade Regional de Blumenau, Blumenau/SC FURB 49 Universidade Salvador, Salvador/BA UNIFACS 50 Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo FENEA 51 Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia CONFEA 52 Instituto de Arquitetos do Brasil – Núcleo Paraíba IAB/PB Os trabalhos foram reiniciados no período da manhã do dia 13 de novembro pelo Presidente da ABEA, Prof. Dr. Arq. Urb José Antonio Lanchoti, que falou sobre a dinâmica do evento e a nova organização dos grupos de trabalho (GT1 - Recursos Materiais e GT2 – Corpo Docente), em que todos os participantes foram convidados a participar do GT3 – Projeto Pedagógico, devido ao grande número de inscritos neste grupo. Houve consenso da plateia quanto à proposta apresentada originalmente por Fernando Costa (UFRN). Em seguida, assumiu a Direção da Mesa a Profa. Arq. Urb. Débora Frazatto (PUC-Campinas). Inicialmente foi apresentado pela Profa. Arq. Amélia Panet, Coordenadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNIPÊ, um vídeo sobre a cidade de João Pessoa e seu tombamento pelo IPHAN. A apresentação de trabalhos prevista na programação teve então início de acordo com a seguinte ordem:


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

11

1. A importância da questão regional para o ensino de arquitetura e urbanismo. Autores que apresentaram o trabalho: Cláudio Lima Ferreira e Melissa Ramos da Silva Oliveira – CEUNSP/Salto. 2. Entre o Trabalho Final de Graduação e o Trabalho de Curso. Autora que apresentou o trabalho: Beatriz Couto – EA/UFMG. 3. 1. Política de informática do Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas. 3.2. Práticas e espaços pedagógicos na articulação entre ensino-pesquisa-extensão. 3.3. Canteiro de obras e escola de formação de mão-de-obra. Autora que apresentou os trabalhos: Jeanne Marie Ferreira Freitas – PUC Minas. 5. O projeto pedagógico de Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Maria: novos paradigmas e dificuldades de sua implementação. Autor que apresentou o trabalho: Edson Luiz Bortoluzzi da Silva – UFSM. 6. A arquitetura da participação popular e a participação popular arquitetando o espaço: uma proposta para o município de Entre Rios, Brasil. Autora que apresentou o trabalho: Liliane F. Mariano da Silva – UNIFACS. 7. Uma proposta para disciplina de acessibilidade e mobilidade urbana nos cursos de arquitetura e urbanismo. Autor que apresentou o trabalho: Paulo Fernando do Amaral Fontana – UCS. 8. O patrimônio histórico em contexto de integração curricular: uma experiência de ensino de projeto arquitetônico e urbanístico em ambientes históricos. Autor que apresentou o trabalho: Heitor Andrade – UFRN. Na sequência da sessão da manhã, o Presidente da ABEA, Prof. Dr. Arq. Urb José Antônio Lanchoti, apresentou os vídeos constantes do Kit Acessibilidade desenvolvido no ano de 2007 em parceria com o Ministério das Cidades e o Prof. Dr. Arq. Urb. João Carlos Correia (ANAR) apresentou considerações críticas sobre a nova lei de estágio. Foi, então, aberta uma rodada de perguntas aos autores que apresentaram trabalhos e surgiram os conseqüentes debates sobre os referidos temas. Francisco Segnini Junior (USP) questionou as premissas de alguns trabalhos apresentados, tais como a mudança de TFG para Trabalho de Curso e a formação de mão-de-obra no canteiro de obras. Por outro lado, parabenizou Edson Bortoluzzi pelo caráter interdisciplinar do novo projeto pedagógico da UFSM. Terminou sua fala com a observação de que o estágio deveria ser “formador e não deformador” dos alunos. No mesmo sentido, João Carlos Correia fez, então, a seguinte proposta: que se produzisse uma Carta de João Pessoa sobre o papel do estágio na formação dos alunos de arquitetura e urbanismo. Jeanne Marie (PUCMinas) esclareceu que o canteiro de obras era uma atividade de extensão, apenas acompanhada e utilizada por alunos e professores como “espaço de pesquisa tecnológica para a produção do saber”, enquanto Beatriz Couto (UFMG) lembrou que a mudança do Trabalho Final de Graduação a que ela se referiu consistia na incorporação de conteúdos pela “anualização” do Curso e a institucionalização de procedimentos, inclusive aqueles relativos à orientação. A última contribuição da Plenária veio da parte de Carlos Eduardo Zahn (UNINOVE) quando reiterou a importância do estágio na formação dos alunos, a ponto de ser necessária, a partir deste debate, uma mudança em vários projetos pedagógicos. A sessão da manhã foi concluída, então, com a apresentação de uma síntese dos trabalhos descrita pela diretora da Mesa, Débora Frazatto em que foram apontados: (a) o crescimento das atividades de pesquisa e extensão; (b) a ênfase no caráter multidisciplinar dos projetos pedagógicos, dentro de uma “abordagem conteudista”, com novas disciplinas, oficinas e ateliês integrados; e (c) a necessidade de uma posição da ABEA quanto à nova lei de estágio tendo em vista sua contribuição ou

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

12

prejuízo para a formação dos futuros profissionais. A sessão foi, então, encerrada para o almoço. No início da tarde, foram iniciadas as atividades dos grupos de trabalho em salas separadas. Às 17h45min, os dois grupos (GT1 - Recursos Materiais e GT2 – Corpo Docente) reuniram-se na sala 204, onde foram apresentadas as primeiras propostas e sanadas pelo Presidente da ABEA, Prof. Dr. Arq. Urb José Antonio Lanchoti, as dúvidas dos respectivos grupos de trabalho a fim de que os respectivos relatores pudessem concluir seus relatórios. Às 9h15min de 14/11/2008, o Presidente da ABEA, Prof. Dr. Arq. Urb José Antonio Lanchoti abriu a sessão da manhã de sexta-feira, que se iniciou com a formação na Plenária do GT3 – Projeto Pedagógico, com direito à participação de todos aqueles inscritos no ENSEA. Foi feita uma projeção em tela grande do texto da Resolução No6, de 2 de fevereiro de 2006, que instituiu as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Arquitetura e Urbanismo. Após debate em que se definiu que toda e qualquer quantidade deveria constar do documento específico dos Perfis e Padrões de Qualidade, foi aprovado na íntegra o texto original da Resolução No6. Na seqüência, prosseguiu o debate do GT3 com propostas para o documento final – que foram expostas oportunamente no encerramento do ENSEA. Entretanto, alguns conceitos foram defendidos previamente, tais como: Fernando Costa lembrou que os debates deveriam se pautar “não por padrões mínimos obrigatórios”, como aqueles dos instrumentos de avaliação, mas por uma “idéia de excelência” a ser perseguida por cada escola voluntariamente. José Antonio Lanchoti (CUML) propôs que “os conteúdos sejam analisados por núcleo de conhecimento” em oposição à simples nomenclatura das disciplinas, enquanto Beatriz Couto ressaltou a oposição entre “questões legais e questões legítimas”, lembrando que tal legitimidade deve ser conquistada pela prática consensual das escolas ali reunidas. Passou-se, em seguida, ao debate específico sobre o Trabalho Final de Graduação. Fernando Costa descreveu a evolução do TFG no ensino de Arquitetura e Urbanismo de 1998 a 2008. A este respeito, foram levantadas algumas dificuldades de implementar o TFG isoladamente no último período do curso, pois: (a) as decisões de alguns juízes têm sido contrárias aos próprios regulamentos internos dos cursos e (b) algumas instituições aboliram os pré-requisitos de suas estruturas curriculares. Wilson Santos (PUC-Campinas) lembrou, ainda, que os critérios sobre a natureza do trabalho devem constar do Projeto Pedagógico de cada curso, respeitando-se a “área teórico-prática ou de formação profissional” de que fala expressamente o texto das DCN. Por último, Beatriz Couto enfatizou que, independentemente do tema do trabalho, o TFG “deve refletir o estado da arte da arquitetura e urbanismo”. Houve uma pequena paralisação para o coffee break. No retorno à Plenária, os debates voltaram-se para o dimensionamento da carga horária a ser recomendada e sua distribuição entre os conteúdos previstos nas DCN, tais como: Núcleo de Conhecimentos de Fundamentação, Núcleo de Conhecimentos Profissionais, Trabalho de Curso (ou Trabalho Final de Graduação), Estágio Curricular Supervisionado e Atividades Complementares. Ao longo da sessão foram lembradas as fortes reduções, ocorridas recentemente em diversas instituições privadas, nas cargas horárias dedicadas aos conteúdos específicos de arquitetura e urbanismo. Ressaltou-se que, embora os novos currículos contemplem os limites previstos pelo Ministério da Educação, a soma da carga horária voltada para atividades complementares, estágio e, até, disciplinas de caráter universal - como, nomeadamente, empreendedorismo - estaria comprometendo a eficácia do limite mínimo de 3.600 horas estabelecido para os cursos de arquitetura e urbanismo. Foi lembrado, entretanto, que também nas instituições públicas, os cursos de graduação têm sofrido perdas, não necessariamente de carga horária, mas de prestígio para a pós-graduação. Seguiram-se manifestações sobre o prazo mínimo de integralização do curso, que


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

13

geraram propostas diversas e conflitantes. Várias foram as falas que conclamaram os participantes a recordar as conquistas de anos de luta da ABEA. Destacadamente, assim se pronunciou Wilson Santos, seguido por Aristides Marques (ISECENSA) e João Carlos Correia, que, por ter sido designado relator do GT3, foi solicitado a reunir as inúmeras propostas apresentadas no que se referia à carga horária. Entretanto, propostas de caráter menos específico também foram feitas naquela sessão. Wilson Santos sugeriu que a ABEA convide os avaliadores cadastrados para que sejam sensibilizados para o novo documento de Perfis e Padrões de Qualidade. Além disso, propôs que o site da ABEA seja utilizado para a troca de informações entre os cursos. Por último, pediu aos cursos que enviassem relatório à ABEA sobre a diminuição da carga horária específica em virtude de mudanças recentes na estrutura curricular. Em um momento seguinte, surgiram questionamentos sobre quais atividades complementares poderiam ser assim consideradas. João Carlos Correia propôs que tanto o estágio quanto as atividades complementares constem do histórico escolar do aluno. Como conclusão da sessão da manhã, por consenso, a Plenária indicou que, no documento final, todas as 3.600 horas mínimas para os cursos de arquitetura e urbanismo deveriam ser dedicadas aos conteúdos específicos. Por haver discordância quanto à inclusão, aí, das horas voltadas para o Trabalho Final de Graduação, foi realizada uma votação simbólica em que 23 participantes votaram pela inclusão, enquanto a maioria, com 34 votos, expressou o desejo de que o tempo dedicado ao TFG fosse contabilizado além das 3.600 horas. A sessão da manhã foi finalizada para o almoço. Às 15h30, o Presidente da ABEA, Prof. Dr. Arq. Urb. José Antonio Lanchoti abriu a sessão da tarde de sexta-feira propondo que os debates fossem retomados tendo como objetivo estabelecer conceitos que orientassem a oportuna elaboração do documento final de Perfis e Padrões de Qualidade, que seria finalizado por um futuro grupo de trabalho interno e colocado à disposição de todos no site da ABEA para críticas e sugestões. Após este processo consultivo, a consolidação do documento se dará, segundo o Presidente, no próximo evento da ABEA para que possa finalmente ser levado ao conhecimento da Secretaria de Ensino Superior e ao INEP. Os debates foram então reiniciados com Wilson Santos lembrando a todos que as atividades complementares foram concebidas como instrumentos de flexibilização e enriquecimento da estrutura curricular, e que deveriam estar afinadas com os conteúdos específicos. Foram levantadas, então, diferenças entre escolas no processo de quantificação destas atividades, que eram computadas em pontos, créditos ou horas. Neste sentido, Fernando Costa lembrou que, menos importante do que quantificar, seria qualificar tais atividades. Representantes de escolas privadas lembraram, em diferentes momentos, que se levasse sempre em consideração o impacto das recomendações da ABEA nos orçamentos das respectivas mantenedoras. Dirceu Trindade (UCG) afirmou que os Perfis e Padrões de Qualidade devem aproximar as instituições privadas e as instituições públicas. Wilson Santos lembrou a evolução do processo de qualificação do ensino de arquitetura e urbanismo desde o inventário de cursos feito em 1985 e citou como referência de qualidade as universidades comunitárias gaúchas. O Presidente da ABEA, Prof. Dr. Arq. Urb. José Antonio Lanchoti, concluiu a sessão. A sessão da manhã do dia 15/11/2008 teve início com a apresentação pelos relatores dos grupos de trabalho das contribuições de cada GT para os novos Perfis e Padrões de Qualidade dos cursos de arquitetura e urbanismo. GT1 - RECURSOS MATERIAIS – Relatores: Claudio Valadares (UNIFLU/FAFIC) e Ester Gutierrez (UFPEL) sob coordenação de Aristides Marques. Sugestões para inclusão ao documento: 1. Biblioteca:

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

14

a) Títulos: - Para avaliação: mínimo de 3.000 títulos (bibliografia básica) para o curso de Arquitetura e Urbanismo, com atendimento de 1 exemplar para cada 8 alunos, estabelecendo como mínimo 3 títulos por disciplina; - Para autorização: proporção de 4 exemplares para disciplinas práticas e 6 exemplares para disciplinas teóricas, estabelecendo-se, ainda, como mínimo, 3 títulos por disciplina. Periódicos: estabelece para este contexto, no mínimo: 3 títulos internacionais e 5 títulos nacionais para arquitetura e urbanismo, além da produção existente em títulos regionais. Dos títulos acima previstos, no mínimo 3 deverão estar adequados ao padrão qualis. b) Acesso às bases indexadas de periódicos e livros digitais; c) Acervo de mapas e cartografia (sugestão para inclusão no laboratório de geoprocessamento); d) Esses padrões de qualidade ajudam os coordenadores a negociar com seus superiores; e) Legalização de cópias de textos pela pasta do professor na internet; f) Ter uma política constante de atualização anual; g) Recomendar a utilização de outras mídias, na intenção de contar como títulos; h) Sugestão de a localização da biblioteca no espaço físico da IES/Curso seja o mais próximo possível do mesmo; i) Sugere-se que os títulos (básicos) sejam compatíveis com a informação presente no plano de ensino e matriz curricular; 2. Laboratórios: Elaborar um plano de atualização para todos os laboratórios a atentar para a questão da depreciação de programas de software e hardware. 2.1. Informática: a) Alterar o disposto nos itens exigidos quanto a relação e disponibilidade de carga horária diária, adotando-se a proporção de atendimento de 1 aluno para 1 equipamento. b) Manter texto e demais itens exigidos. 2.2. Conforto Ambiental: a) Estabelecer novos parâmetros para a listagem e quantificação mínima dos equipamentos e software necessários para este laboratório; b) Manter texto e demais itens exigidos. 2.3. Tecnologia e Construção: a) Definir melhor a conceituação do item “canteiro experimental” e criar procedimento para suas atividades; b) Adequar o uso e definir o número mínimo de pessoal especializado de apoio (itens exigidos - 9), criando procedimentos para cumprir as exigências de segurança e medicina de trabalho – NR18 e outras – no sentido de proteger alunos e pessoal especializado em suas práticas; c) Considerar a possibilidade de uso e acesso de diversas formas, como projetos e atividades de extensão, ampliando a possibilidade de utilização e prestação de serviços, visando viabilizar o investimento para novos equipamentos; d) No sentido de melhor viabilizar os investimentos direcionados aos diversos laboratórios e suas atividades, permitir que, nas IES que por ventura tenham cursos compatíveis, incentivar o compartilhamento; c) Manter texto e demais itens exigidos. 2.4. Fotografia, vídeo e audiovisual


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

15

a) Alteração de nomenclatura para Laboratório: • duas alternativas: 1 – Audiovisual e Multimeios ou 2. Multimeios e Produção de Imagem b) Preservar o acervo existente do Laboratório – fotografias e imagens; 2.5. Sala de projeto a) Número de pranchetas compatíveis ao número de alunos (1 para1); b) Estruturar os espaços físicos para receberem equipamentos de informática, no sentido de melhor viabilizar o apoio no ensino da disciplina de projeto; 2.6. Instalações Físicas em Geral: a) Manter texto e demais itens exigidos; b) Disponibilizar equipamentos multimídias; c) Espaço para acervo e memória dos alunos; d) Contemplar nas bibliotecas espaço para acervo digitalizado. 2.7. Escritório Modelo: Sugestão de tema para novo evento da ABEA. GT2 – CORPO DOCENTE – Relatora: Heloisa Mesquita (UNIDERP) - O tópico mais discutido foi, obviamente, a relação professor-aluno; - Depois de exaustivas discussões, que duraram cerca de 50 minutos, chegou-se à conclusão que deveremos manter a proporção 1/30 alunos para aulas teóricas e 1/15 para aulas práticas; - Esta recomendação é para aulas presenciais. Deverá ser aberto um parágrafo especial para tratar de aulas apoiadas por novas mídias como o EAD e a vídeo-conferência; - Por sugestão de João Carlos Correia, deve-se escrever na recomendação a palavra “até .... alunos”, para que se evite uma divisão de professores-alunos menor que o múltiplo. Por exemplo: Na proporção 1/29 em disciplina prática– deve-se adotar 2 professores; Na proporção 1/58 em disciplina prática – deve-se adotar 3 professores. - Sobre a qualificação do corpo docente, as discussões são as seguintes: seguir-se-ão os critérios adotados pelo INEP (Mestres, Doutores...) e que, além disso, devem-se estabelecer perfis complementares como: prática profissional comprovada ou atuação teórica relevante. GT 3 – PROJETO PEDAGÓGICO – Relator: João Carlos Correia (ANAR) sob a coordenação de José Antonio Lanchoti (CUML). Neste grupo, que contava com a participação de todos os inscritos, houve pouco consenso e foram anotadas propostas por tema específico, como se segue. 1. DCN – Resolução n0 6 de 2006 CNE/CES: a) Núcleo de Conhecimentos de Fundamentação: - Manter como está na diretriz atual. - Manter o texto da Resolução nº 6 incluindo no fim do documento alguns conteúdos complementares. - Atualizar o documento “Perfis e Padrão de Qualidade” em função da nova resolução. - Ater-se mais ao conceito. b) Núcleo de Conhecimentos Profissionais: - Manter o texto da Resolução nº6 . - Referendar o texto da Resolução n0 1.010. c) Trabalho Final de Graduação: - Manter o texto dos Padrões e Perfis de Qualidade (anterior).

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

16

- Manter o texto da Resolução nº6 - Diretrizes Curriculares Nacionais, que está compatível com a UIA. - Integralização plena anterior ao TFG, ou seja, de todos os conteúdos curriculares. - Integralização anterior ao TFG, exceto as disciplinas não vinculadas às atribuições profissionais. - Integralização anterior ao TFG, exceto o estágio curricular supervisionado. - Inclusão no texto da expressão “de acordo com o estado da arte”. 2. Disciplinas universais, otimizadas, generalistas etc. : - Incluir apenas no núcleo de fundamentação disciplinas como empreendedorismo ou outras disciplinas universais. - Excluir de qualquer núcleo (fundamentação ou profissional) disciplinas como empreendedorismo ou outras disciplinas universais. Elas poderão estar previstas além das 3.600 horas. 3. Resolução 1.010: - Referendar e compatibilizar com o Anexo I da 1010. - Compatibilizar com a 1010 sem referência textual, para não se submeter hierarquicamente a ela. 4. Duração mínima do curso: - 4 anos – exceção prevista na Resolução n02, caso o Projeto Pedagógico assim justifique. - 5 anos – regra prevista na Resolução n02. - 3 anos + 2 anos (Declaração de Bolonha) - 6 anos - 7 anos 5. Carga horária mínima: referência 3.600 horas: - Incluir as disciplinas eletivas. - Excluir as disciplinas eletivas. - Incluir as atividades complementares como modernização das estruturas curriculares. - Excluir as atividades complementares. - Mínimo de 80% para os conteúdos essenciais. 6. Atividades Complementares: - Considerar a vivência de estágio além do curricular obrigatório. - Garantir que as atividades constem do histórico escolar do aluno. Observações finais: - Buscar a compatibilização ou, ao menos, comparar com perfis internacionais da América do Sul, América Latina, EUA, Europa (Declaração de Bolonha e outros) e União Internacional de Arquitetos. - Convidar os avaliadores para conhecer e explicar os conceitos que fundamentam os Perfis e Padrões de qualidade. Assim foram encerradas as discussões sobre as conclusões dos grupos de trabalho. Na sequência, o Presidente da ABEA, Prof. Dr. Arq. Urb. José Antonio Lanchoti abriu oficialmente o XXII COSU com o relato das atividades da Diretoria desde sua posse em 2007. Seguiram-se diversos informes por membros da Diretoria da ABEA:


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

17

Débora Frazatto descreveu sua atividade como representante da ABEA no Fórum Nacional da reforma Urbana, que reúne 25 entidades - como a ONG FASE - tem estreita relação com o ConCidades e forte articulação com o Fórum Iberoamericano. Entre as propostas de: (a) manter a representação plena; (b) participar apenas das discussões pertinentes nas câmaras temáticas; (c) ter representantes alternados; ou (d) retirar a representação, a Plenária votou majoritariamente na primeira proposta (a). João Carlos Correia propôs ainda que a ABEA indicasse representantes para os fóruns metropolitanos de São Paulo. O COSU foi, então, interrompido para o coffee break. As atividades foram retomadas com outros informes e propostas: - José Antônio Lanchoti prestou esclarecimentos sobre o Projeto Incluir, que trata da adaptação dos campi das universidades públicas aos critérios de acessibilidade universal, a partir da experiência das oficinas de acessibilidade promovidas pela ABEA e o Ministério das Cidades, que dispôs de R$4.000.000,00 (quatro milhões de reais) em 2008. Ressaltou, também, a necessidade tanto de projeto arquitetônico detalhado quanto de fiscalização da aplicação das verbas, que devem ter um aumento de 20% em 2009. - Fernando Costa falou sobre a acreditação de cursos no âmbito do MERCOSUL. Esclareceu que o processo é opcional e sigiloso. As comissões deverão ser formadas por um avaliador do país sede do curso e dois estrangeiros, que deverão ser doutores, ter experiência em avaliação e ter fluência nas duas línguas. Há especulações de que a acreditação poderia vir a facilitar o trânsito de profissionais entre os países-membros. Os instrumentos brasileiros de avaliação são considerados relativamente rigorosos se comparados aos de outros países, alguns dos quais não contam com o processo de reconhecimento de cursos. Já foram feitas avaliações preliminares de cursos nas áreas da Medicina e Agronomia. Mas há informação desencontrada quanto ao processo de seleção dos avaliadores, mudanças no calendário, dúvidas quanto aos custos para a instituição, entre outras. Neste sentido, foram feitas duas propostas: (a) A ABEA deveria coletar e reunir as informações que cada instituição recebeu até o momento. (b) A ABEA deveria se posicionar fortemente junto ao CONAES em busca de informação mais precisa. - Carlos Eduardo Zahn e Débora Frazatto descreveram as perspectivas para a edição 2009 da Mostra ABEA de Trabalhos Finais de Graduação e da Mostra Nacional de Boas Práticas Pedagógicas: (a) Quanto ao regulamento: os trabalhos de alunos deverão ter sido realizados nos anos de 2007 e 2008. Ficam mantidos: o destaque para a excelência da instituição e o Prêmio Maria Elisa Meira para o melhor trabalho individual. Cada curso poderá enviar até 6 trabalhos. A Comissão Julgadora será indicada pela Diretoria da ABEA. A versão final do regulamento está sendo concluída. (b) Quanto aos procedimentos: Foi posta em discussão a contratação entre outubro de 2008 e outubro de 2010 da empresa Incopress para captação de recursos, execução de um plano de mídia, confecção de site etc. A contratação foi autorizada pelo COSU com a possibilidade de renovação por mais dois anos e o estabelecimento de um redutor do percentual do contrato caso se decida por sua continuidade em novas edições das mostras. Houve forte recomendação para que a divulgação seja ampliada e o regulamento seja refinado. Claudio Valadares sugeriu, ainda, que haja uma apresentação dos trabalhos selecionados na Mostra Nacional de Boas Práticas Pedagógicas.

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

18

- Wilson Santos fez uma análise da situação atual do ENADE: iniciou pela explanação de objetivos da avaliação de apreensão de conhecimentos, com alternância proporcional de conteúdos, comissão formada por representantes de IES de variadas regiões do país. Este ano, em conseqüência de atrasos no Congresso Nacional, houve redução no tempo de elaboração das provas. Convocou os coordenadores a emitirem sua avaliação da prova deste anos ao Inep com cópia para a ABEA. - José Antonio Lanchoti informou sobre o Conselho Federal de Arquitetura e Urbanismo: o texto está na Casa Civil para uma análise e revisão final, após o quê será encaminhado para sanção e assinatura pelo Presidente da República, após o veto ao projeto de lei original que continha vício de origem. O Presidente da ABEA solicitou à Plenária do COSU um posicionamento oficial sobre a questão da representação regional das entidades envolvidas e representadas na esfera federal: ABEA, IAB, AsBEA, FNA e ABAP. Foram votadas duas propostas de encaminhamento da questão no caso do texto final não contemplar a representação regional: 1. A ABEA se mantém junto às demais entidades. 2. A ABEA se retira do Conselho. Após diferentes manifestações que demonstraram a necessidade de vigilância permanente quanto à articulação política no âmbito do Congresso Nacional, para que não sejam descumpridos consensos já estabelecidos entre as entidades; para a importância também de articulação regional para que os interesses e pontos defendidos pela ABEA sejam respeitados nas futuras representações regionais; e a observância de que romper neste momento poderia significar “estar fora do sistema”, deu-se lugar à votação com o seguinte resultado: 27 votos para a proposta 1; 3 votos para a proposta e 2 abstenções. - José Antonio Lanchoti solicitou, ainda, a manifestação do COSU quanto à participação da ABEA no processo de reformulação do CONFEA. Por consenso, a Plenária decidiu que deveria ser feita uma consulta às demais entidades que fazem parte do Conselho Brasileiro de Arquitetos (IAB, AsBEA, FNA e ABAP) e que a participação da ABEA estaria condicionada, então, à participação do conjunto das entidades que ora constroem a criação do Conselho Federal de Arquitetos e Urbanistas. Foi feita uma moção de agradecimento ao Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ), por ter disponibilizado à ABEA todas as condições necessárias para sua realização, e, particularmente, para a Profa. Mestra Arquiteta e Urbanista Amélia Panet, Coordenadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo, por seu empenho pessoal para o sucesso do evento. Foram abertas, então, as inscrições de instituições para sede dos próximos eventos da ABEA: COSU (primeiro semestre de 2009) e CONABEA (segundo semestre de 2009). Aristides Marques solicitou que as datas de eventos da ABEA não coincidissem com feriados nacionais. Carlos Eduardo Nunes-Ferreira (Estácio) lembrou que os meses de abril e outubro já concentram diversos eventos nacionais e internacionais de arquitetura e sugeriu que se escolhessem outros meses para a realização dos eventos da ABEA. Falou em nome do conjunto das escolas do Rio de Janeiro no sentido de se considerar a propriedade ou não de sediar evento da ABEA em data próxima ou coincidente à realização, em 2010, naquela cidade, do V Fórum Urbano Mundial. Após estas considerações, foram apresentadas as seguintes candidaturas para sede de eventos em 2009: UNICAP - Universidade Católica de Pernambuco, Recife/PE; - Centro Universitário Barão de Mauá, Ribeirão Preto/SP; USP - Universidade de São Paulo, São Paulo/SP; UFPI – Universidade Federal do Piauí, Teresina/PI; FUMEC – Fundação Mineira de Educação e Cultura, Belo Horizonte/MG.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

19

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

Nada mais tendo a tratar, o Presidente da ABEA, Prof. Dr. Arq. Urb. José Antonio Lanchoti encerrou oficialmente o XXII COSU e o XXVI ENSEA dos quais lavro a presente ata assinada por mim e pelo presidente. João Pessoa, 15 de novembro de 2008 Carlos Eduardo Nunes Ferreira Secretário da ABEA José Antonio Lanchoti Presidente da ABEA

SEÇÃO TEMÁTICA

TRABALHOS APRESENTADOS

20


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

21

ENCOSTAS, INSOLAÇÃO E PROJETO DE ARQUITETURA: UMA COMBINAÇÃO POSSÍVEL POR MEIO DO ESTUDO DA TOPOGRAFIA

22

Ainda no que concerne ao programa da disciplina obrigatória, embora haja uma parte do conteúdo que não pode prescindir de cálculos, entendemos que os arquitetos, normalmente, não necessitam desenvolvê-los no nível de complexidade que pode ser encontrado na carreira de

Adriana de Almeida Muniz Alvarez (1), Alice Brasileiro (2).

engenharia civil, por exemplo. Por outro lado, há questões ligadas à orientação solar que são

(1) Arquiteta, M. Sc. Professora Assistente da UFRJ/ FAU/ DTC, alvarezz@uol.com.br Rua Serrão 340/202 – Zumbí _Ilha do Governador _ RJ – CEP– 21930-190 (2) Arquiteta, D. Sc. , Professora Adjunta da UFRJ/ FAU/ DTC, alicebrasileiro@ufrj.br Cidade Universitária – Ilha do Fundão – Prédio da Reitoria – Sala 422 – CEP 21.941-590 – RJ

fundamentais para o profissional de projeto. Assim, na disciplina Topografia Aplicada à Arquitetura, seu conteúdo foi voltado especificamente para a aplicação no projeto arquitetônico, com uma abrangência mais ampla, em consonância com o caráter holístico da formação de um arquiteto. O que será abordado no presente trabalho é, portanto, o desenvolvimento e a prática da

1- Resumo Este trabalho apresenta a concepção e o desenvolvimento de uma disciplina criada em 1998 para o preenchimento de uma lacuna existente no ensino de Topografia na Faculdade de Arquitetura e

disciplina, bem como alguns exemplos de trabalhos de alunos elaborados nestes seus dez anos de existência.

Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Como disciplina complementar, a Topografia Aplicada à Arquitetura foi concebida para que o aluno pudesse aplicar diretamente no projeto de arquitetura os conhecimentos oriundos da Topografia. É mostrado no artigo o programa da disciplina e sua composição em módulos didáticos, bem como alguns exemplos de trabalhos

3- Topografia Básica A Topografia Básica, como já mencionado, é uma disciplina de caráter obrigatório, cursada no 2º período da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Nela, são abordados itens tais como:

desenvolvidos por alunos, ressaltando as questões de insolação em encostas e cálculo do

x

Conceitos de Topografia e objetivos;

movimento de terra proveniente de cortes e aterros. Em suas considerações finais, é enfatizado

x

A necessidade de o aluno entender a representação gráfica pertinente, como curvas de

x

Os princípios para o aluno entender a importância de transpor com precisão e seriedade o

nível, talvegues, cumeadas, vertentes;

como a disciplina vem atuando como uma ferramenta auxiliar de projeto de arquitetura em 4

terrenos inclinados .

que está em campo para o papel, por meio de levantamentos topográficos - poligonais, irradiações, nivelamentos, entre outros, e o equipamento necessário à sua realização:

2- Introdução

estações totais, níveis, prismas, miras, piquetes, marcos;

Como professores de Topografia da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sentimos, após alguns anos de magistério, a necessidade de um

x

Loteamento, o Projeto Aprovado de Alinhamento e as Plantas Cadastrais Municipais;

enfoque diferente na disciplina, para despertar um maior interesse nos alunos, mostrando a importância da Topografia para a carreira do arquiteto. Inicialmente, algumas adaptações

x

O conhecimento básico sobre sistema de coordenadas U.T.M. (Universal Transverso de

x

A determinação correta da orientação norte, lembrando que sem esta referência é

Mercaptor);

programáticas foram introduzidas na disciplina, mas após algum tempo, foi necessário uma abordagem mais incisiva, que chegasse de forma mais efetiva aos alunos. Tal decisão apresentou

A compreensão de plantas auxiliares ao ato de projetar, como o Projeto Aprovado de

impossível proceder a um estudo de insolação e conforto ambiental;

basicamente duas conseqüências: uma delas foi o desenvolvimento de um livro de topografia, x

A partir dos estudos de orientação, a compreensão da carta solar e conseqüente

disciplinas além de Topografia Básica (obrigatória): Topografia Aplicada à Arquitetura5 e

x

O traçado de perfis topográficos e cálculos de declividade;

Topografia Aplicada ao Planejamento Urbano e Regional6, como disciplinas complementares.

x

A importância que a topografia tem na implantação de um projeto, levando em

especialmente para alunos de Arquitetura e Urbanismo, adotado em nossas aulas (ALVAREZ et

determinação dos ângulos solares;

al, 2003). A outra foi a criação, por ocasião de uma reformulação curricular, de mais duas

consideração a orientação solar, a declinação magnética e o remanejamento das curvas

de nível ao fazer cortes e aterros.

4

As autoras gostariam de agradecer aos ex-alunos da disciplina, Alexandre Melcíades Barbosa, Aline Serpa e Suzana Viso Ramos, cujos trabalhos ilustram o presente artigo. Da qual este artigo trata, especificamente. 6 Que não será abordada no presente artigo.

Apesar de o enfoque procurar ser voltado constantemente para aplicações arquitetônicas, nem

5

sempre é possível desenvolver plenamente esta característica, em função do tempo disponível no


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

23

24

semestre letivo. Um exemplo disso é a utilização da carta solar, que em Topografia Básica é

x

apresentada aos alunos e utilizada como um dos instrumentos para determinação da direção

auxiliar na análise, são elaboradas maquete de entorno e maquetes individuais dos lotes;

Piscina que receba incidência do sol na maior parte do tempo ao longo do ano. Para

Norte, além de ser fonte de consulta dos ângulos solares nas diversas épocas do ano. No entanto,

todas elas são levadas ao equipamento heliodon, disposto no laboratório de conforto

sua utilização como fonte de informação para o desenho das manchas solares só pode ser

ambiental. Lá são feitas as análises em grupo, orientadas pelo professor e registradas em

utilizada na Topografia Aplicada à Arquitetura, em função do tempo necessário para o ensino do

fotografias. Posteriormente, as fotos permanecem em exposição na sala de aula, para servir

seu traçado e sedimentação do conhecimento.

de consulta durante o desenvolvimento do projeto (Figura 1). Este tópico também está diretamente relacionado ao seguinte;

4- Topografia Aplicada à Arquitetura Já na disciplina complementar, há a possibilidade de desenvolver um conteúdo voltado para a arquitetura de forma mais direta. Nela, o objetivo é desenvolver um projeto de residência unifamiliar em terreno com acentuado aclive ou declive, com todas as implicações envolvidas, seja de cálculo de movimento de terra, de decisões projetuais envolvendo custos, ou do cuidado adicional com a insolação, por se tratar, necessariamente, de encostas, onde normalmente alguma das vertentes é prejudicada nesse sentido. O seu desenvolvimento pode ser dividido em três grandes módulos (enumerados a seguir), que a partir de determinado momento, são acompanhados pela elaboração do projeto de arquitetura, com diferentes fases evolutivas. 1) Estudos analíticos e comparativos de plantas aerofogramétricas e de projetos aprovados de loteamento (PAL); 2) Estudo da implantação de edificações em terrenos movimentados, em aclives ou declives e

x

respectivo cálculo do volume do movimento de terra;

n

3) Estudo da orientação adequada segundo a insolação, no interior e no exterior das edificações.

c i

É solicitado ao aluno o projeto de arquitetura de uma residência unifamiliar, a partir de um

d

programa mínimo fornecido pelos professores, tendo cada aluno total liberdade para acrescentar

ê n

novos compartimentos ao seu projeto. Apesar de próximos entre si, os lotes são diferentes para cada aluno, escolhidos a partir de um PAL implantado em encosta, na cidade do Rio de Janeiro. Como aspectos projetuais obrigatórios solicitados ao aluno, temos: x

Fig. 1 – Algumas fotos de estudo feitas no heliodon e que permanecem em exposição na sala de aula, para consulta. Ao alto, maquete da encosta no entorno do loteamento em estudo, em duas condições diferentes de insolação. Abaixo, em primeiro plano, maquetes dos lotes de alguns alunos, também em diferentes condições de insolação.

c i a

Garagem para um automóvel, interligada à edificação, de modo que necessariamente, este

tenha que analisar a circulação vertical para veículos (rampa), levando em consideração sua

de sol nos quartos (Figura 2) de forma a garantir que estes sejam compartimentos saudáveis

declividade máxima, melhor posicionamento para o acesso etc.

e que não favoreçam o surgimento de microorganismos característicos em locais sombreados e úmidos;

I


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

25

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

26

Fig. 2 – Exemplo de trabalho de aluna, analisando a incidência de sol num dos quartos de seu projeto, em dois dos diversos momentos analisados.

A adequação do projeto à topografia do terreno (Figuras 3 e 4), sem cortes ou aterros muito expressivos, bem como a busca do equilíbrio entre estes dois movimentos (Figura 5).

Fig. 3 – Exemplo de parte de trabalho de aluno (Alexandre Melcíades Barbosa, perfil e a planta de um dos níveis do projeto),


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

27

28

Fig. 5 – Parte (planta de pisos e alguns perfis) do cálculo de volume desenvolvido no trabalho de Suzana Viso Ramos.

5- Uma breve análise Faz parte dos objetivos da disciplina capacitar o aluno a projetar em terrenos de superfície movimentada, levando em consideração toda a problemática envolvida, a começar pela perfeita compreensão do relevo, mesmo em sua representação gráfica bi-dimensional. Além disso, o aluno também passará a lidar melhor com as questões de movimentos de terra, entendendo que apesar de serem de resolução projetual mais difícil, os terrenos inclinados por vezes podem proporcionar uma solução estética interessante, desde que se tenha domínio do ato de projetar para eles (Figura 6). Dessa forma, mesmo que o aluno já tenha passado pelas disciplinas de conforto ambiental, o exercício de projetar num terreno inclinado proporciona a ele a oportunidade de explorar novos aspectos da questão, pois em encostas, muitas vezes a incidência de sol pode ser prejudicada, tanto pelo próprio relevo a montante, quanto por outras vertentes, podendo ainda o agente Fig. 4 – Exemplo de parte de trabalho de aluna (Suzana Viso Ramos, perfil e a planta de um dos níveis do projeto),

causador da dificuldade se encontrar no próprio lote em estudo.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

29

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

30

desperdício de materiais de construção e agressão ao meio ambiente, contrariando os parâmetros ideais de sustentabilidade (ACSELRAD, 1999; COSTA, 2001 apud PAITER et al, 2006). Esses problemas podem ser evitados em grande parte, quando o projeto é bem implantado, visando um bom aproveitamento da topografia do terreno para que se possa atender da melhor forma todas as questões citadas anteriormente.

6- Considerações Finais Acreditamos que esta disciplina enriquece de forma significativa o curso de arquitetura, porque o aluno não só aplica o que aprendeu em Topografia Básica – como a análise de um loteamento a partir de seu projeto aprovado e do cadastro municipal – como também aprende a lidar com a questão da implantação do projeto em terrenos íngremes, fazendo remanejamento de curvas de nível, cortes e aterros se necessários e um cuidadoso estudo de insolação, visando sempre o Fig. 6 – Fotos da maquete do projeto de uma aluna (Aline Serpa), mostrando a incidência solar em momentos distintos ao longo do ano, simulados no heliodon (luz azulada: solstício de inverno; luz branca: equinócios; luz amarelada: solstício de verão).

Na disciplina procuramos aplicar os conhecimentos topográficos diretamente no projeto de

melhor aproveitamento do terreno e da edificação. Dessa forma, entendemos que a disciplina Topografia Aplicada à Arquitetura se constitui numa ferramenta auxiliar de projeto de arquitetura, explorando outras possibilidades no currículo atualmente praticado na faculdade.

7- Referências bibliográficas

arquitetura, mostrando aos alunos a importância do tema para o projeto em si e conseqüentemente, para a carreira do arquiteto, evitando que seja desenvolvido um projeto

ALVAREZ, Adriana; BRASILEIRO, Alice; MORGADO, Cláudio; RIBEIRO, Rosina. Topografia para Arquitetos. Rio de Janeiro: Booklink, 2003.

‘desligado’ de seu terreno, aguardando definições in loco para compatibilização de níveis e definições de movimento de terra. Apesar do foco principal da disciplina ser voltado para a questão do movimento de terra, do aproveitamento do terreno e da insolação, a Topografia Aplicada permite uma visão mais abrangente do aproveitamento desse terreno para a arquitetura. De forma pontual, temas mencionados por Paiter et al (2006), também são abordados na disciplina, entre eles: x

a análise de aclives e declives para o melhor aproveitamento do terreno e também para a

implantação de calhas de escoamento pluvial, levando em consideração a diversidade de declividades existentes; x

a interface com assentamentos das redes de infra-estrutura que são determinadas pelas

características topográficas do terreno e ocupacionais das edificações.

Algumas preocupações também são abordadas em salas de aula, a respeito do ritmo acelerado de construções de edificações com tipologias variadas, em particular edificações residenciais implantação destas edificações, inclusive no que se refere a terrenos com declives e aclives acentuados, objeto de nossos estudos. Essas incoerências produzem inúmeras “patologias” nas edificações e em suas inserções na malha urbana, ocasionando custos proibitivos, resultado de

PAITER, Adriano; MOREIRA, Adriana; BRASILEIRO, Alice. A implantação das edificações nos Projetos de Arquitetura. Nutau 2006, São Paulo. In: Anais...São Paulo, 2006.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

31

A importância da questão regional para o ensino de arquitetura e urbanismo

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

32

Patrimônio Histórico: A importância da questão regional para o ensino de Arquitetura e Urbanismo no curso de graduação A região de Salto/Itu é servida por importantes vias de acesso, conforme pode ser visto na

CLAUDIO LIMA FERREIRA Arquiteto e Urbanista pela Universidade Paulista (UNIP), mestre em Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP), doutorando do Programa de Pós-Graduação do

figura 1. Está localizada a apenas 50 minutos da capital e faz confluências com as cidades de Salto, Elias Fausto, Porto Feliz, Sorocaba, Mairinque, Araçariguama, Cabreúva, Itupeva e Indaiatuba.

Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas. Coordenador e Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP/Salto). Rua Alferes Domingos, 105, apt. 42, Cambuí, Campinas/SP, CEP: 13.025-100. Fone: (19)91887734, E-mail: claudiol.f@uol.com.br.

MELISSA RAMOS DA SILVA OLIVEIRA Arquiteta e Urbanista pela UNESP-Bauru, especialista em Patrimônio Arquitetônico – Teoria e Projeto pela PUCCAMP, mestre em Dinâmica Territorial e Análise Ambiental pelo IG/UNICAMP, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UNICAMP, professora dos Cursos de Arquitetura e Urbanismo e Decoração e Design do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP/Salto). Avenida Anchieta, 549, apt. 22, centro, Campinas-SP, CEP: 13.015-101. Fone: (19)32325474, E-mail: melinerso@yahoo.com.br.

Palavras-chave: Ensino, Regional, Patrimônio Figura 1 - Mapa de Localização

Resumo: a globalização é um importante para a análise e entendimento de questões sociais,

Fonte: www.itu.gov.br, 2008.

políticas e econômicas que influenciam na formação e transformação do espaço na atualidade. Entretanto, do ponto de vista “local”, com suas identidades e culturas singulares, a questão da

A história da região de Itu e Salto é marcada pelo trajeto e pelas riquezas do Rio Tietê que

regional tem sido indispensável para o desenvolvimento de uma relação direta global-local. A

recorta o Estado de São Paulo na direção leste-oeste. Desde a garimpagem do ouro, até a

troca de experiências entre as diferentes culturas é imprescindível para o desenvolvimento de

geração de energia e o abastecimento de água para consumo e irrigação, o rio Tietê sempre

uma sociedade considerada globalizada. Neste momento, onde o "novo" é tão importante, as

exerceu importante papel no imaginário e na realidade popular.

diferenças sócio-espaciais e culturais devem ser analisadas de forma detalhada, pois é através

Um traço marcante dessa região é a busca pela preservação de sua história e do meio

delas que a humanidade se desenvolve. O Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro

ambiente. Há, na região, um acervo significativo de bens patrimoniais, tanto materiais, quanto

Universitário Nossa Senhora do Patrocínio – CEUNSP localizado no município de Salto –SP,

imateriais que conformam o elo histórico e cultural que caracterizam a região e sua população,

preocupado com as novas mudanças globais que envolvem a economia, sociedade, espaço e,

incluindo neste contexto todo o acervo patrimonial relativo à indústria.

principalmente, a questão regional, reorganizou, no ano de 2008, a sua grade curricular de

A região de Salto/Itu está incluída no Roteiro dos Bandeirantes, que é um novo produto

graduação, e criou um curso de especialização tendo como principal objetivo estruturar um novo

turístico, resultado da estruturação da oferta turística dos municípios de Araçariguama, Cabreúva,

grupo de disciplinas direcionado para o desenvolvimento e superação de necessidades específicas regionais onde moram/trabalham os acadêmicos e egressos do curso.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

33

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

34

Itu, Pirapora do Bom Jesus, Porto Feliz, Salto, Santana de Parnaíba e Tietê. O roteiro7 é baseado

que vieram para Salto, foram sobretudo italianos, atraídos em grande número pelas tecelagens,

no agrupamento dos atrativos ligados à temática bandeirista, somado às facilidades e acessos

mas fixando-se também em pequenas propriedades rurais e no comércio miúdo pela cidade.

aos municípios integrantes, originando um produto diferenciado e com maior valor agregado.

A antiga Fábrica Brasital S/A, localizada no município de Salto, na atualidade abriga o

Conforme destaca Ouriques (2005: 111), “a comercialização da “cultura local”, diga-se de

campus V do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio – CEUNSP, onde se encontra o

passagem, vem se configurando, há muito, um grande produto da indústria do turismo” e que

curso de arquitetura e urbanismo. Após o fechamento da fábrica na década de 1980, o complexo

Nestor Garcia Canclini, em ‘As culturas populares no capitalismo’ (1983:11), mostrou como a

fabril ficou um tempo abandonado. E na década de 2000, esse espaço passou por um processo

cultura popular tradicional serve a reprodução do capital e da cultura hegemônica.

de refuncionalização para abrigar a função educacional, na qual se preservaram os volumes dos

O patrimônio histórico e cultural remanescente do período bandeirista na região é um elemento orientador desse roteiro, que tem como objetivo principal contribuir para o desenvolvimento social, econômico e cultural dos municípios, promovendo a melhoria educacional, a sensibilização para a preservação do patrimônio natural, histórico e cultural, o acesso ao lazer e a recreação, além de estimular o aquecimento da economia regional por meio das oportunidades de negócios que resultem na geração de novos empregos e renda. Ouriques (2005: 138), alerta que “além da mudança de forma nas relações de trabalho, o turismo no Brasil vem se pautando, nos últimos anos, pela invenção de tradições e pela transformação do folclore e festas populares em mercadorias turísticas. Enfim, pela tranformação da cultura em espetáculo.” A cidade de Itu fundada em 1610, foi berço da república e palco de importantes

antigos barracões industriais e sua implantação original. A Brasital foi inaugurada em 1919, fruto da associação entre as empresas Fábrica José Galvão e Fábricas José Galvão e Barros Júnior (na época propriedade de Buarque de Macedo & Cia) e adquiridas posteriormente pela empresa italiana Societá Ìtalo-Americana Per Importazione e Exportazione podendo ser considerada um referencial do processo de industrialização da cidade. Esta empresa produzia fios cardados e penteados de algodão para a fabricação de tecidos. Com a construção da fábrica uma extensa área residencial e urbana desenvolveu-se junto das fábricas, em Salto. Embora já contasse com um contexto industrial, a Brasital consolidou não somente o perfil

acontecimentos históricos no país. Na atualidade, engloba uma série de bens patrimoniais e de

social da cidade, como também configurou uma paisagem característica à mesma.

sítios arqueológicos que relatam e desenham a história da cidade desde o século XVII.

conjuntamente com os edifícios fabris, configura os traços principais da imagem da cidade. O

A usina,

Todo esse patrimônio tem sido explorado pela atividade turística. No caso de Itu, foi

conjunto pode ser tomado como um marco da arquitetura industrial das primeiras décadas do

estabelecido um cinturão que abrange o núcleo urbano primitivo da cidade, estabelecendo assim

século XX representado pelos maciços edificados em tijolo aparente, com caixilharias de ferro

políticas públicas que agem em torno da preservação, conservação e restauração de edifícios

fundido, estrutura metálica de sustentação de suas coberturas e telhas francesas. O granito rosa,

significativos que estão inseridos dentro do eixo histórico. Nesse eixo estão o convento de Nossa

abundante na região foi usado principalmente nas estruturas hidráulicas e também nas fundações

Senhora do Carmo e o Museu Republicano e da Convenção de Itu, além do casario do final do

dos edifícios fabris. A posição estratégica da fábrica organizou, juntamente com o rio Tietê, o

século XIX e primeiras décadas do século XX, os templos religiosos como a Igreja Matriz de

processo de urbanização de Salto, tornando-se uma referência física e transformando a cidade

Nossa Senhora da Candelária, exemplar do século XVIII. Os edifícios mais significativos do eixo

num importante centro fabril do Estado de São Paulo.

histórico estão devidamente ocupados, fazendo do uso uma maneira de preservação. Já o atual município de Salto, no final do século XVII, era uma propriedade particular, o Sítio Cachoeira, parte de sesmaria da Capitania de São Vicente, adquirido pelo capitão Antônio

Ao conjunto urbano resultante do complexo fabril, da usina e do rio se acopla a Igreja Matriz da cidade, local de fundação da cidade, que situa-se defronte à entrada principal do complexo fabril.

Vieira Tavares, o qual obteve permissão para construir e mandar benzer uma capela em seu sítio,

Aproveitando todo essa riqueza cultural e histórica da região de Itu/Salto, o curso de

para que não tivesse que ir a Itu para assistir missa. A localidade, com poucas casas e lavoura

Arquitetura e Urbanismo do CEUNSP foi re-estruturado, no ano de 2008, sua grade curricular

circundante, permaneceria por bom tempo na condição de bairro rural da vila de Itu, até sua

visando valorizar o patrimônio cultural local e formar alunos que possam atuar com qualidade em

autonomia administrativa em 1917, quando recebeu a denominação de Salto. Muitos imigrantes

projetos arquitetônicos e urbanísticos atendendo as necessidades de desenvolvimento da região.

7

Entende-se por roteiro turístico, o itinerário caracterizado por um ou mais elementos que lhe conferem identidade, definido e estruturado para fins de planejamento, gestão, promoção e comercialização (BRASIL. Ministério do Turismo, 2005).

Face à esse novo desafio, o curso de arquitetura e urbanismo do CEUNSP vem utilizando a questão patrimonial como linha mestre de estudos dos diversos campos disciplinares que o envolve o curso.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

35

A disciplina de introdução ao projeto arquitetônico e de teoria e história da arquitetura, ambas no primeiro ano do curso, analisam os edifícios históricos do campus V do CEUNSP

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

36

refuncionalizadas, tais como a denominada “Casa Amarela” que em 2008 foi instalada a secretaria e a “Casa Rosa” que em 2007 que foi re-estruturada para receber o núcleo jurídico.

(antiga sede da fábrica Brasital no município de Salto) e sua reutilização de fábrica de tecido para centro universitário. A figura 2 mostra um levantamento arquitetônico, feito pela disciplina de introdução ao projeto arquitetônico, de um dos edifícios do campus (antigo complexo fabril), onde atualmente funcionam as salas de aula do curso de arquitetura.

Figura 3 – Levantamento arquitetônico e patológico – casas dos engenheiros Foto: Melissa Ramos da Silva Oliveira, 2007.

No Programa de atividades complementares – PAC, os alunos realizam projetos para a melhoria das atividades do campus. Por exemplo, foram realizados projetos arquitetônicos para a reforma da secretaria, construção do posto médico e do estacionamento do campus V, projeto de interiores para a sala da reitoria, projeto de ampliação de uma escada com a utilização de garrafas Figura 2 – Levantamento arquitetônico – campus V CEUNSP Foto: Cláudio Lima Ferreira, 2007.

PETs recicladas visando a sustentabilidade aliada ao patrimônio histórico. A figura 4 mostra um projeto de acessibilidade realizado para o campus V do CEUNSP.

A disciplina de desenho do objeto, no quarto semestre, que envolve a análise e desenvolvimento de objetos/mobiliários urbanos, confeccionou totens informativos para a sinalização do campus V, visando à orientação e integração dos diversos espaços, informando sobre a história de cada edifício histórico pertencente ao antigo complexo fabril. A disciplina de patrimônio histórico, no quarto semestre do curso, realiza um inventário do patrimônio material e imaterial das diversas cidades da região, com o intuito de fazer com que os acadêmicos reconheçam em suas cidades de origem bens patrimoniais significativos para a construção da memória e identidade local. A disciplina de técnicas retrospectivas, no nono semestre, faz um inventário e um levantamento das patologias dos edifícios ainda não ocupados do campus. A figura 3 mostra um levantamento arquitetônico e de patologia das casas dos antigos engenheiros da fábrica Brasital. A maioria dessas casas encontra-se em processo de estudo de ocupação e algumas já foram

Figura 4 – Proposta de acessibilidade no campus V Foto: Melissa Ramos da Silva Oliveira, 2008.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

37

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

38

projetos novos em edifícios antigos, sem necessariamente contemplar estudos e projetos de Esses são alguns exemplos de como o patrimônio industrial do próprio campus se

restauro tradicionais.

transforma em ferramenta educacional e já é utilizado como objeto de análise e desenvolvimento

A disciplina de arquitetura de interiores com ênfase em patrimônio, no oitavo semestre,

projetual em diversas disciplinas da grade curricular, despertando desde o início do curso o

discute os aspectos estéticos e tecnológicos na composição da estrutura dos interiores

interesse e a preocupação por estudos relacionados à preservação, refuncionalização e,

arquitetônicos inseridos em bens de valor histórico cultural. Busca utilizar os elementos da

principalmente, sua inserção na dinâmica regional das cidades.

arquitetura de interiores (iluminação, mobiliário, cores, texturas, entre outros) para compor

A análise de questões regionais também se faz presente nas diversas disciplinas do curso.

ambientes, em edifícios antigos, para novas funções, novamente dentro da dialética do novo com

Na disciplina de projeto arquitetônico VI, que tem ênfase em projetos com novos usos para

o velho, sem descaracterizar necessariamente os valores marcantes do edifício, ou seja,

edificações históricas degradadas, prioritariamente se tem como objeto de estudo edifícios

trabalhando em equilíbrio o novo com o antigo.

significativos culturalmente e/ou historicamente para as cidades da região. No ano de 2007, abordou-se o Mercado Municipal de Itu/SP e no ano de 2008 o Mosteiro de Itaici, no município de Indaiatuba/SP. A disciplina de Planejamento Urbano e Regional II tem como objetivo elaborar diretrizes de Planejamento Urbano e Regional para um contexto existente, interpretando e avaliando os parâmetros e vocações da região. A disciplina de projeto urbano I objetiva discutir conceitos e parâmetros utilizados para a requalificação contemporânea de áreas urbanas degradadas, aprimorando as metodologias para

Curso de Especialização em Patrimônio: A Preservação e a Reutilização de Bens Culturais na Contemporaneidade Complementando o ensino de graduação de arquitetos/ urbanistas e outros profissionais que moram e/ou trabalham na região de Itu e Salto, foi desenvolvido para o ano de 2009, pelo CEUNSP, também, o Curso de Especialização em Patrimônio, enfatizando a preservação e a reutilização de bens culturais na contemporaneidade.

o desenvolvimento do projeto urbano, principalmente nas áreas centrais das cidades da região de Itu/Salto, exercitando e organizando a documentação técnica, histórica e estética das áreas urbanas históricas. Com a re-estruturação da grade curricular, além dessas disciplinas já em andamento, foram criadas em 2008, três novas disciplinas direcionadas para a área de preservação do patrimônio cultural, pois a região de Itu/Salto é carente de profissionais especializados na área de salvaguarda e reutilização de edifícios antigos.

A criação de um curso Lato Sensu em Patrimônio com ênfase na Preservação e a Reutilização de Bens Culturais na Contemporaneidade tem como principal objetivo proporcionar aos interessados ferramental qualificado para a elaboração de projetos arquitetônicos (reforma ou restauro) em edifícios com valor histórico arquitetônico ou cultural, área que na região de Itu/SaltoSP demanda, de forma crescente recursos humanos qualificados. Tendo em vista as tendências adotadas pela arquitetura e o urbanismo na

A disciplina de Teoria do Restauro e Legislação Patrimonial, no sexto semestre, enfoca os

contemporaneidade, se verifica que a refuncionalização e readequação de antigos espaços para

principais teóricos que difundiram as idéias de restauro, tais como Viollet le Duc, John Ruskin,

novas funções se torna uma necessidade atual, visando principalmente à captação de

Camilo Boito, Cesari Brandi, Gustavo Giovanonni, entre outros. Também aborda o estudo das

investimentos e inserção de empresas e cidades nos circuitos globais da economia. Dessa forma

Cartas Patrimoniais, os instrumentos do Estatuto da Cidade voltados para a preservação e a

a identificação, preservação e principalmente, refuncionalização de espaços com valor históricos

prática do tombamento.

se tornam importante fonte de trabalho para diferentes profissões.

A disciplina de patrimônio na contemporaneidade, no sétimo semestre, visa elaborar projetos arquitetônicos de intervenção em edifícios de valor cultural, de maneira a trabalhar com linguagens, técnicas e materiais contemporâneos inseridos à edifícios antigos, dentro da dialética do novo x velho, da tradição x contemporaneidade. A disciplina enfoca, principalmente, a refuncionalização e a adequação desses espaços para a inserção dos novos usos, atendendo à

Para a compreensão da importância e das funções assumidas pelo patrimônio cultural na contemporaneidade, é necessário analisarmos as heranças arquitetônicas e culturais. Dessa maneira, compreender a preservação do patrimônio e a reutilização de bens culturais torna-se central para a gestão das cidades na atualidade.

legislação atual (acessos, bombeiro, entre outros), sem distorcer os valores culturais e históricos

Estudar as estratégias usadas para a reutilização de bens culturais no Brasil e

presentes no edifício original, ou seja, mostrando ao acadêmico que se pode trabalhar com

principalmente na região de Itu/Salto, no interior paulista é de suma importância para o desenvolvimento de estratégias regionais, visando à elaboração de projetos arquitetônicos e


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

39

urbanísticos singulares e principalmente do marketing turístico sobre as cidades com valores

40

Referências Bibliográficas

históricos e/ou culturais. Por se tratar de uma região histórica os egressos dos cursos de graduação em Arquitetura e Urbanismo que moram e/ou trabalham na região de Itu/ Salto, terão grandes chances de esbarrar na sua vida profissional com projetos em edifícios com valor histórico ou em áreas que a legislação de tombamento incida diretamente, sugerindo ou impondo diretrizes ao projeto proposto. Visando atender as necessidades da região se desenvolveu o curso de pós graduação

BRASIL. Ministério do Turismo. Programa de regionalização do turismo – roteiros do Brasil: diretrizes políticas. Brasília: Mtur, 2004. BRASIL. Ministério do Turismo. Programa de regionalização do turismo – roteiros do Brasil: roteirização turística – módulo operacional 7. Brasília: Mtur, 2005. CHIAVENATO, J. J. Bandeirismo: dominação e violência. 3. ed. São Paulo: Moderna, 1991.

voltado a realização de projetos em edifícios ou áreas de valor histórico. Não tínhamos como

DAVIDOFF, C. H. Bandeirantismo: verso e reverso. 8. ed. São Paulo: Editora Brasiliense,

objetivo principal apenas estudar os edifícios com valor histórico, mas sim instrumentalizar, os

1998.

pós-graduandos, para a realização efetiva de projetos contemporâneos em edifícios ou áreas com

FANTI, F.; LUCCHINI, C. Turismo cultural: o caso de gestão do Roteiro dos Bandeirantes. (monografia de especialização em Gestão Mercadológica em Turismo e Hotelaria). São Paulo: Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, 2005.

valor histórico. O curso foi dividido basicamente em 10 módulos: patrimônio, teoria do restauro, sistemas construtivos tradicionais, legislação do patrimônio cultural, inventário de edifícios com valor histórico, patrimônio na contemporaneidade, turismo e patrimônio, projetos em edifícios com valor histórico/cultural, projetos de arquitetura de interiores em edifícios com valor histórico/cultural e didática e prática no ensino superior.

FERREIRA, Cláudio Lima. A importância da imagem singular-local para o progresso econômico em nível global: os casos brasileiros no turismo e design. SPIELMANN, Ellen (org.). Teorias y formas de análises de lãs relaciones entre globalidad y localidad en América Latina (1982-2005). Berlin: WVB, 2007. MORSE, R. M. Formação histórica de São Paulo: de comunidade à metrópole. 4. ed. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1970. OLIVEIRA, Melissa Ramos da Silva. Gestão patrimonial em ouro Preto: alcances e limites das políticas públicas preservacionistas. Dissertação (Mestrado em Geografia) IG/UNICAMP, Campinas, 2005.

Considerações finais Verificamos, com esse trabalho, que a questão regional é muito importante como balizador para o ensino de arquitetura e urbanismo. As diversidades, desejos e necessidades locais se diferem em cada cultura, e os estudantes de arquitetura tem que estar pronto para perceber, analisar e propor alternativas de mudanças para cada contexto singular. Não podemos apenas direcionar os estudos de arquitetura e urbanismo somente com assuntos internacionais ou de outras regiões, sendo que os nossos egressos trabalharão em uma realidade regional única. Dessa maneira, acreditamos que os cursos de graduação precisam rever seus objetivos, capacitando os acadêmicos para serem profissionais versáteis, no entanto, preparando-os para atender sua realidade local. Pautado nessa visão regional, o curso de arquitetura e urbanismo do CEUNSP, em constante re-estruturação, se adéqua as necessidades do mercado globalizado, onde a questão global-local é imprescindível para o crescimento da economia-sociedade-espaço.

OURIQUES, Helton Ricardo – A produção do Turismo: fetichismo e dependência, Ed. Alínea, Campinas, 2005


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

41

O Projeto Pedagógico de Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Maria: novos paradigmas e dificuldades

42

multidisciplinares para dar conta da complexidade dos problemas que a realidade coloca9. Tal dificuldade tem na arquitetura e no urbanismo, expressão bastante significativa na medida em que são ciências que tem como objeto de investigação, análise e proposição, os espaços naturais e

na sua implementação.

culturais, os quais contêm a diversidade possível. Este quadro também decorre de deficiências do atual projeto do curso (1995), tais como a

Autor: Edson Luiz Bortoluzzi da Silva – Arquiteto e Urbanista, Msc em Planejamento Urbano e

fragmentação de conteúdos afins em um número excessivo de disciplinas com pequenas cargas

Regional, professor e atual Coordenador do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade

horárias; a falta de conteúdos que a atualidade exige como sustentabilidade, percepção,

Federal de santa Maria – UFSM.

comunicação; e a não formulação de estratégias didático-pedagógicas. Estas observações estão ratificadas em relatório de avaliação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais –

Endereço: Prédio 30 - Campus da UFSM, Bairro Camobi, CEP: 97105900, Santa Maria, RS. Email: edsonbs@smail.ufsm.br Fones: (55) 3220-8772 - (55) 8407-5066.

INEP, efetivado em dezembro de 2003: “O desdobramento das matérias previstas nas diretrizes

Resumo: este texto pretende mostrar os conceitos preconizados pelo Projeto Pedagógico do

com cargas horárias pequenas dificulta a inter-relação entre as disciplinas. Como, além disso,

Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Maria, o potencial dos

cerca de 30 dessas disciplinas são oferecidas por outros departamentos a execução do currículo

mesmos na formação dos novos profissionais e as dificuldades enfrentadas na sua implantação.

apresenta características de fragmentação.”10. No que se refere aos recursos humanos o relatório

curriculares resultou na criação de 76 disciplinas às quais se soma o TFG. O número excessivo,

cita: “[...] a sobrecarga de trabalho dos docentes ocasionada pelo reduzido número de professores locados no DAU, dificultando o engajamento dos docentes nas demais atividades do curso”11. 1. Aspectos relevantes do Projeto Pedagógico do Curso de Arquitetura e Urbanismo - CAU 1.1 Introdução e justificativa para revisão curricular

Decorrem também da falta de pessoal técnico administrativo e laboratoristas o que não permite o pleno desenvolvimento de projetos de pesquisa e extensão justamente em campo disciplinar tão profícuo para tais atividades como o da Arquitetura e do Urbanismo. Este aspecto é destacado no

Apesar dos ótimos conceitos alcançados nas avaliações externas e excelentes

referido relatório: ”As atividades de extensão já realizadas com a participação de professores e

desempenhos dos egressos, constata-se a necessidade de corrigir diretrizes, cujos problemas

alunos apresentaram bons resultados, porém foram viabilizadas pela boa vontade e empenho dos

advêm, principalmente, do sistema departamental típico da IES. Este modelo vivenciado por

docentes envolvidos [...] O curso de arquitetura e urbanismo, por suas peculiaridades apresenta

professores e alunos do curso resultou em análises críticas quanto a relações desconexas de

um grande potencial de atuação nesta área e poderia contribuir para ampliar a ação social da

conteúdos e disciplinas. Especialistas em pedagogia corroboram estas constatações quando

Universidade em questões relacionadas com habitação, questões urbanas e ambientais.”12.

concluem que este modelo racionalista está de tal forma entranhado que inviabiliza ações integrativas dos saberes por parte dos docentes, que, já tendo percebido os resultados que a visão fragmentada acarreta aos alunos, assumem pessoalmente, ou em grupos, ações de integração disciplinar,8 fato que tem ocorrido há diversos semestres no CAU. As considerações

Ao longo da existência do Curso, estas constatações entre outras, foram dando consistência à necessidade de revisar a sua integralidade. Repensar o curso na sua integralidade exigiu a reflexão sobre: matérias; conteúdos; multidisciplinaridade13, interdisciplinaridade14 e

críticas do corpo docente do CAU ainda encontram eco nas análises de especialistas quando 9

esses criticam a organização tradicional do currículo que em parte reflete o modelo da racionalidade científica que fragmenta a ciência em busca de respostas a questões cada vez mais específicas, constituindo a especialização que por si mesma nem sempre é suficiente para compreender os vários fenômenos. Cada vez mais se faz necessário a ação de equipes

ibidem.p.51.

10 Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais/Ministério da Educação.Diretoria de Estatísticas e Avaliação da Educação Superior.Avaliação das Condições de Ensino do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSM,2004.p.8

11

ibidem, p.9.

8 Processos de ensinagem na universidade: pressupostos para as estratégias de trabalho em aula / org. Lea das Graças Camargos Anastasiou, Leonir Pessate Alves. Joinville, SC: UNIVILLE, 2003. p.49.

12

ibidem, p.12.

13 Gama de disciplinas propostas simultaneamente sem evidenciar relações que podem existir entre elas.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

43

44

transdisciplinaridade15; estratégias didático-pedagógicas e curriculares e tempo de duração do

Arquitetura e Urbanismo a partir das seguintes características: generalista; reflexivo; com visão

curso, pontos que o Projeto Pedagógico (2005) visa contemplar. No aspecto duração do curso, a

interdisciplinar; com conhecimentos atualizados; com autonomia intelectual; com capacidade de

sua ampliação para doze semestres é fundamentada no tempo médio de permanência dos alunos

expressão analítica e sintética; com postura ética; com habilidade e conhecimentos tecnológicos;

do CAU-UFSM e nas recomendações da União Internacional de Arquitetos e das associações de

capaz de trabalhar em equipe; com respeito às especificidades culturais; com competência

classe brasileiras, bem como, nas experiências de países do Mercosul e da União Européia.

científico-pedagógica e com capacidade de engajamento.

1.2 Objetivos Um curso superior, em uma universidade pública, deve oferecer, além de ensino e

1.4 Estratégias Pedagógicas, para o Ensino Aprendizagem e Institucionais.

aprendizagem em sala de aula, atividades que produzam conhecimento e interajam com a experiência social objetivando a sua sustentabilidade a partir de uma visão multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar. Com esta perspectiva estão formulados os objetivos geral e específicos. O geral é formar profissionais arquitetos e urbanistas flexíveis, inovadores, competentes, conscientes, cidadãos e que compreendam as necessidades humanas em suas dimensões culturais, propondo e executando soluções arquitetônicas e urbanísticas

As estratégias compreendem a sistematização do processo de ensino e aprendizagem focado na interdisciplinaridade e na transdisciplinaridade. Também propiciam maior correlação das matérias e seus conteúdos. A figura abaixo apresenta a representação gráfica das estratégias estruturais do Currículo do CAU, cujos conteúdos, disciplinas e atividades principais de cada semestre (curricular e letivo) estão organizados segundo Eixos Integradores e Níveis Curriculares.

ecologicamente adequadas e comprometidas com o equilíbrio entre os interesses individuais e coletivos.

primeiro semestre letivo

Dentre os objetivos específicos destaca-se: melhorar a qualidade do ensino e da

segundo semestre letivo

Níveis

profissional flexível, inovador, competente, consciente, cidadão e comprometido com os interesses coletivos. Cabe ao Curso de Arquitetura e Urbanismo – CAU - desenvolver as competências e habilidades para formar o profissional Arquiteto e Urbanista que compreenda as necessidades humanas e suas dimensões histórico-artístico-culturais, propondo soluções adequadas e comprometidas com o interesse coletivo. Portanto define-se o perfil do egresso do Curso de

15 Coordenação de todas as disciplinas e interdisciplinas do sistema, sobre a base de uma axiomática geral.

ATELIÊS

7

I I

DEMAIS DISC. E ATIV.

I

F

Painel final dos ateliês

DEMAIS DISC. E ATIV.

ATELIÊ 09 ATELIÊS

F 10 ESTÁGIO E DEMAIS DISC.E ATIV. TRABALHO FINAL

TRABALHO FINAL

Painel intermed. d t liê

DEMAIS DISC. E ATIV.

ATELIÊ 07 ATELIÊS

F 8

DEMAIS DISC. E ATIV.

ATELIÊS

9

oficina III

básico

a n c

i

ATELIÊ ATELIÊ05

F 6

I I I I I

F F F F F

I 12 DE GRADUAÇÃO “B” F

11 DE GRADUAÇÃO “A”

14 Axiomática comum a um grupo de disciplinas conexas e definida no nível hierárquico imediatamente superior, o que introduz a noção de finalidade.

ATELIÊ I 5 DEMAIS DISC. E ATIV.

ATELIÊ ATELIÊ03 DEMAIS DISC. E ATIV.

oficina IV

As condições do mercado e a realidade econômica e cultural da sociedade exigem um

semestres

1.3 Perfil desejado do formando

DEMAIS DISC. E ATIV.

F 4

i

Extensão em Arquitetura e Urbanismo; qualificar o corpo docente.

I

E ATIV.

f

organizar e divulgar a produção acadêmica e científica; criar o Núcleo de Ensino, Pesquisa e

ATELIÊ ATELIÊ01

F 2 . DEMAIS DISC.

o

conhecimentos; transmiti-los para a sociedade por meio de projetos de extensão; aumentar,

I

DEMAIS DISC. E ATIV.

ATELIÊ

3

médio

de conhecimento; desenvolver e aprimorar metodologias de ensino; desenvolver pesquisa e gerar

avançado

para o trabalho voluntário e o exercício da cidadania; integrar os professores das diversas áreas

curriculares

fomentar no corpo discente do curso o espírito científico, noções de empreendedorismo, motiva-lo

1

I

ATELIÊ

estrategicamente; implementar e exercitar a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade;

oficina II

aprendizagem ofertando disciplinas e atividades cujos conteúdos e metodologias se relacionem

I

Painel intermed. TFG

F

Painel final do TFG

Os eixos integradores caracterizam-se por temas e metodologias afins e por propiciarem a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade. Serão definidos pelo Colegiado em conjunto com


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

45

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

46

as Comissões de Planejamento e Avaliação Pedagógica. São classificados em: Eixos temáticos:

horária da disciplina e o total da carga horária dos professores, posto que os processos de ensino-

temas arquitetônicos e urbanísticos a serem utilizados como objeto de pesquisa, análise e de

aprendizagem e interdisciplinaridade ocorrem ao mesmo tempo e num mesmo lugar.

proposição projetual em todas as disciplinas do respectivo semestre curricular. Eixos de integração horizontal (Ateliês): propiciam o exercício interdisciplinar de forma sistemática no âmbito do respectivo semestre curricular. Eixo de integração transdisciplinar (Oficina I): propicia o exercício transdisciplinar no âmbito dos doze semestres curriculares. Eixos de integração vertical (Oficinas II, III e IV): propiciam o exercício interdisciplinar de forma sistemática no âmbito de dois semestres curriculares com temáticas que interrelacionem, respectivamente, ambiente e sociedade e planejamento, projetos, materiais e técnicas construtivas visando a sustentabilidade e as experiências acadêmica e profissional. Os níveis curriculares caracterizam níveis de aprofundamento progressivo da formação acadêmica, estruturam o currículo e seu sistema de pré-requisitos. O nível básico objetiva introduzir o aluno nas questões arquitetônicas e urbanísticas, suas origens, naturezas e campos de atuação; iniciá-lo nos modos e meios de percepção, representação e comunicação e ofertar conhecimentos básicos e gerais nas matérias profissionais. O nível médio proporciona a

As Comissões de Planejamento e Avaliação Pedagógica serão constituídas por todos os professores que ministram disciplinas no respectivo semestre curricular e terão como atribuições principais: planejar os eixos temáticos, definir cronogramas, avaliar as ações pedagógicas e orientar a progressão acadêmica, além de avaliar os Programas de Aprendizagem. Serão presididas por professor arquiteto e urbanista que esteja ministrando a disciplina de ateliê. Como forma de implementar os objetivos das Diretrizes Curriculares no que se refere ao escritório modelo e ao canteiro de obras e aproveitando o potencial do CAU, propõe-se a elaboração de convênio com a Prefeitura Universitária, por intermédio do Núcleo de Estudos em Arquitetura e Urbanismo, para: elaboração de projetos de arquitetura e urbanismo; coordenação de projetos complementares; acompanhamento da execução das obras e análise, avaliação e emissão de parecer sobre intervenções arquitetônicas e urbanísticas nos campi da UFSM. A criação do Núcleo de Estudos em Arquitetura e Urbanismo - NEAU e sua a inclusão

formação disciplinar que caracteriza a profissão de arquiteto e urbanista e o nível avançado

como Órgão Suplementar Setorial do Centro de Tecnologia têm por objetivos: propiciar o espaço

orienta o acadêmico a partir das perspectivas de trabalho e de especialização da profissão no

físico e os equipamentos necessários ao desenvolvimento das disciplinas e dos projetos de

contexto regional, proporcionando experiências similares à prática profissional.

ensino, pesquisa e extensão; propiciar ambiente adequado para troca de experiências e

Linhas de pesquisa serão definidas de modo a garantir fluxos continuados de pesquisa e

aperfeiçoamento dos acadêmicos, professores e técnicos administrativos; integrar a comunidade

acúmulo de conhecimentos específicos e de metodologias de apoio às disciplinas, propiciando ao

acadêmica do CAU com a comunidade universitária e a sociedade; facilitar a interdisciplinaridade

aluno aprofundar conhecimentos específicos. Estes serão trabalhados durante os Níveis Médio e

e a transdisciplinaridade; e sistematizar e divulgar a produção acadêmica. O NEAU será

Avançado por meio de Atividades e Disciplinas Complementares de Graduação em concordância

constituído pelos seguintes laboratórios: Planejamento e Projeto, Percepção, Expressão e

com projetos desenvolvidos nos laboratórios do Núcleo de Estudos em Arquitetura e Urbanismo.

Comunicação, Teoria e História, Conforto, Tecnologia, Informática e Acervo, Editoração e Divulgação da Produção Acadêmica do CAU. O NEAU será implantado gradativamente e de

Projetos de ensino, pesquisa e extensão deverão estar vinculados ao Curso mediante o

forma complementar aos laboratórios existentes na universidade.

envolvimento de acadêmicos, a produção de material didático e/ou o fornecimento de subsídios de conhecimentos para as disciplinas.

Os Ateliês de Projeto de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo e de Planejamento Urbano e Regional são espaços de desenvolvimento e de aplicação dos conhecimentos

Os processos de ensino-aprendizagem nas disciplinas práticas requerem que a proporção

adquiridos na solução de problemas de Arquitetura e de Urbanismo sob a coordenação e

entre professores e alunos não deva ser superior a 1/10, enquanto os objetivos e ações

orientação de professores arquitetos e urbanistas e a orientação de professores de disciplinas

interdisciplinares e transdisciplinares indicam a participação simultânea nas salas de aula,

complementares. Estão fundamentadas em um processo contínuo organizado em etapas

laboratórios e eventos, de professores de campos disciplinares complementares no caso dos

articuladas, com enfoque didático específico de acordo com suas características, devendo ficar

ateliês (disciplinas de planejamento e projeto) e de professores com domínios de conteúdos

claro ao aluno o seu desempenho em cada etapa de forma a situar-se no nível em que se

complementares. Exemplificando, o professor responsável pela disciplina Sistemas Estruturais e

encontra. Os alunos desenvolverão domínios normativos e descritivos que indicarão os

Tecnologia da Construção I participará em alguns momentos na disciplina Ateliê de Projeto de

requisitos a serem observados para a progressão curricular.

Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo I. Esta característica pressupõe a distinção entre carga

As Oficinas são espaços de reunião de grupos com objetivo de estudar e propor o aprofundamento de um tema e aprender a fazer algo melhor mediante a aplicação de conceitos e


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

47

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

48

conhecimentos previamente adquiridos. Enquanto os Painéis são estratégias interdisciplinares

ergonomia, composição e modelagem. Foram estruturadas para funcionarem com professores

onde alunos apresentam suas soluções arquitetônicas e/ou urbanísticas e exercitam a

arquitetos e urbanistas (na relação professor/aluno = 1/10) e professores com outras formações

comunicação, a argumentação e a defesa das mesmas.

(conforme disponibilidade do Departamento de Expressão Gráfica), sempre coordenados e acompanhados pelos primeiros de forma a ministrar integradamente conteúdos e exercícios, o

2. Novos paradigmas e as dificuldades de implementação do Projeto Pedagógico do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Maria.

que não está sendo cumprido pelo Departamento. Em relação às disciplinas de Sistemas Estruturais e Tecnologia da Construção a idéia era inverter a lógica mostrando conteúdos práticos que despertassem nos acadêmicos a vontade de apreender a teoria e apresentar

Neste item tenta-se mostrar como a mudança de paradigmas introduzida pelo Projeto

simultaneamente as estruturas e suas respectivas técnicas construtivas. Ocorre que os

Pedagógico do Curso mostra-se de difícil implementação em uma estrutura universitária não

professores do Departamento de Estrutura e Construção Civil que se disponibilizaram a participar

preparada para vivenciar ações de interdisciplinaridade e transdisciplinaridade.

da elaboração do PPC não são os mesmos que estão ministrando as disciplinas, e por outro lado, a visão cartesiana de especialização em disciplinas e conteúdos estanques dificulta-lhes o

Os eixos integradores temáticos de integração horizontal (Ateliês) expressam-se

entendimento proposto. Em relação à integração entre as disciplinas do mesmo semestre

estrategicamente no âmbito interno das disciplinas e entre elas. No primeiro, criaram-se

curricular utilizou-se de três estratégias: a integração dos conteúdos programáticos, a participação

seqüências de “grandes” disciplinas abrangendo conteúdos das “pequenas” disciplinas afins do

dos professores das demais disciplinas no Ateliê e a criação das Comissões de Planejamento e

currículo anterior. São elas: Ateliê de Projeto de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo de I a X,

Avaliação Pedagógica para cada semestre curricular. A segunda e terceira estratégias estão

Ateliê de Planejamento Urbano e Regional (I-A, I-B, II-A e II-B), Teoria e História da Arquitetura e

sendo de difícil implementação. De um lado comprometem a concepção de professor “dono da

do Urbanismo de I a IX, Sistemas Estruturais e Tecnologia da Construção de I a X, Conforto

disciplina” e exigem do mesmo, humildade para o aprendizado de conhecimentos correlacionados,

Ambiental de I a III e Percepção, Expressão e Comunicação em Arquitetura e Urbanismo de I a IV.

mas que não compõe o escopo básico da sua disciplina. De outro, este problema é maximizado

Duas seqüências de disciplinas dão as diretrizes temáticas aos semestres curriculares. No Ateliê

pela estruturação das IES em departamentos, pela política precária de alocação e reposição de

de Projeto de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo a idéia era trabalhar um tema de forma

professores cujas carências são supridas por professores substitutos (temporários) instituída pelo

integrada nos âmbitos da arquitetura, do urbanismo e do paisagismo. Entende-se o ateliê como

Ministério da Educação, gestor das IFES. Cabe salientar que os departamentos, via de regra,

“interdisciplinas teórico-práticas” que além de possibilitar correlações normais entre professor e

reservam os “bons professores” para os cursos da área de conhecimento do departamento,

aluno, permite inter-relações entre os professores e entre professores e alunos. Assim, os alunos

sobrando para os demais cursos um rodízio de professores que não permite que se consolidem as

além de assistirem a interlocução ou debate sobre determinado assunto, também tem a

experiências de interdisciplinaridade propostas no PPC do CAU. Em relação à terceira estratégia,

oportunidade de expressar seu ponto de vista. O esforço do aluno será, então, além da apreensão

que expressa mais especificamente os objetivos e as ações de interdisciplinaridade e

dos conteúdos disciplinares, o de estabelecer as relações de complementaridade entre as

transdisciplinaridade do PPC, devido às dificuldades de implementação, propôs-se no decorrer

disciplinas. Um esforço teórico e um esforço prático. De qualquer forma tais esforços ficam

da experimentação que ao invés dos demais professores participarem do Ateliê, poder-se-ia criar

minimizados na medida em que as análises e propostas de solução para o problema arquitetônico

mecanismos que induzam o aluno a fazer esta ponte entre os conhecimentos das diversas

e/ou urbanístico proposto se restringem a um único espaço que, por natureza, contém as variáveis

disciplinas. Por exemplo, abrindo espaços nos cronogramas das disciplinas (não de Ateliê) para

trabalhadas teoricamente. Assim que, para demonstrar as propostas, os alunos, por exemplo, ao

que o aluno assessore questões específicas do seu “projeto” com os professores das referidas

invés de apresentarem três projetos – no caso do currículo anterior, apresentam um projeto

disciplinas. Esta estratégia, por sua vez, depende também do funcionamento mais efetivo das

integrado onde poderão estar destacadas as inserções disciplinares do semestre em curso e que

Comissões de Planejamento e Avaliação do Semestre, prática não comum em nossa

podem ser de ordem teórica como diretrizes, estratégias ou estruturais, infra-estruturais,

universidade.

paisagísticas, etc., por exemplo. Mesmo assim, a experiência demonstrou a impossibilidade de manter o nível dos exercícios do currículo anterior. Decidiu-se que cada Ateliê de Projeto abordará

Os eixos de integração transdisciplinar (Oficina I) e integração vertical (Oficinas II, III e

dois âmbitos com profundidade e o terceiro superficialmente. As disciplinas de Percepção,

IV) constituem Atividades Complementares de Graduação (ACG). O primeiro originou a Oficina

Expressão e Comunicação em Arquitetura e Urbanismo aglutinam conteúdos diversos como:

Transdisciplinar do Curso de Arquitetura e Urbanismo. Atividade que ocorre no decorrer de uma

desenho de representação, projetivo, à mão livre, com instrumento, geometria descritiva,

semana, com as aulas das disciplinas obrigatórias suspensas, integrando a arquitetura, o


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

49

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

50

urbanismo, o paisagismo e o planejamento urbano e regional a outras áreas de conhecimento

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais/Ministério da Educação.Diretoria de

necessárias a compreensão e proposição de soluções para problemas específicos. Já foram

Estatísticas e Avaliação da Educação Superior.Avaliação das Condições de Ensino do Curso de

desenvolvidas três edições desta atividade, as quais tiveram em média metade dos alunos do

Arquitetura e Urbanismo da UFSM,2004.

Curso participando. Os produtos propostos foram de boa qualidade e principalmente, o processo em que alunos de diferentes semestres curriculares participam em cada grupo tem propiciado o seu amadurecimento. Em relação ao segundo eixo, o de integração vertical, a idéia era

Nunes, Ana Luiza Rangel. (2003) Trabalho, arte e educação: formação humana e prática pedagógica. Santa Maria: editoraufsm, 2003.

desenvolver atividades (oficinas) que vinculassem dois semestres curriculares com temas dos

Projeto Pedagógico do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa

Ateliês estivessem relacionados, por exemplo, habitação de interesse social e equipamentos

Maria. (2005) Santa Maria.

públicos comunitários. Em razão da demanda de esforços exigida pela “Oficina Transdisciplinar”, maximizada pelo números reduzido de docentes do Departamento de Arquitetura e Urbanismo as mesmas não foram realizadas e decidiu-se que seus objetivos poderiam ser obtidos por meio das viagens de estudos, as quais chamamos “Arquitetura In Situ”. A idéia é que estas viagens sejam programadas dentro de um ciclo com duração de seis anos que permita ao acadêmico, durante o seu curso, participar das viagens aos diversos lugares considerados relevantes ao estudo da arquitetura e do urbanismo. A criação do Núcleo de Estudos em Arquitetura e Urbanismo - NEAU não avançou institucionalmente e em termos de espaço físico e equipamentos, mas alguns projetos de ensino, pesquisa e extensão vêm sendo desenvolvidos em seus laboratórios, como diz a parecer do INEP, muito mais por insistência dos corpos docente e discente do curso do que por políticas institucionais que os motivem. Um destes projeto é o de “Elaboração dos Planos Diretores dos Campi da UFSM”, no qual pretende-se incluir os vínculos institucionais para uma participação mais efetiva do NEAU no planejamento, desenvolvimento e gerenciamento do espaço físico do campus, viabilizando as estratégias do PPC em relação ao escritório modelo e ao canteiro de obras. 3. Resultados alcançados e conclusões parciais. O Currículo 2005, fundamentado no PPC, em fase de implantação encontra-se atualmente no sexto semestre. As avaliações têm mostrado acertos e erros, talvez mais acertos que erros, e principalmente, que grande parte destes erros não são de concepção, mas sim de implementação, e estão diretamente vinculados as mudanças de paradigmas propostas no PPC. Ou seja, mostra que temos que investir na atualização dos docentes e na transformação das estruturas da Universidade. 4. Referências Bibliográficas. ANASTASIOU, Lea das Graças Camargos org. e ALVES Leonir Pessate. Processos de ensinagem na universidade: pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. Joinville, SC: Univille, 2003.

Projeto do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Maria. (1995) Santa Maria.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

51

O Ensino de Arquitetura e Urbanismo – uma questão prática ou teórica? Arquiteta Urbanista Fabiana Loiola Dias Mestranda em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense Resumo O ensino de arquitetura e urbanismo desde sua origem na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, vem sofrendo mudanças curriculares, mas principalmente no tipo de formação exigida dos docentes da área. Essas mudanças são de extrema importância para o caminho que o ensino da arquitetura vem tomando. Antes, se valorizava o profissional e sua experiência prática enquanto hoje se valoriza o docente e sua experiência teórico-acadêmica. Entre a prática e a teoria o equilíbrio seria o mais indicado: ter professores com formação teórica suficiente e ao mesmo tempo antenados com a realidade do mercado de trabalho. Mas não é o que vemos. Para uma boa formação teórica deixa-se em segundo plano a formação prática profissional e viceversa, até porque os modelos de formação teórica e prática, de modo geral, são excludentes, não permitindo que as duas formações andem lado a lado de forma harmoniosa. O presente artigo vem, portanto, discutir essas duas vertentes mostrando suas qualidades, dificuldades e o que se têm feito na prática nas escolas de arquitetura e urbanismo.

Palavras Chave: Ensino. Ensino de arquitetura e urbanismo. Didática.

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

52

Esse modelou vigorou até 1994, quando o Currículo Mínimo foi substituído pelas Diretrizes Curriculares, formuladas pela Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura (ABEA) (SALVATORI, 2007). O principal objetivo dessas Diretrizes é a formação de profissionais preparados para o mercado de trabalho, já sob a influência de um mundo globalizado, mas respeitando as diferenças institucionais e as peculiaridades locais. Esse princípio garantia a flexibilidade necessária para a adequação das diretrizes às realidades regionais, além da reflexão sobre a formação do profissional. As mudanças propostas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996, interferiram negativamente no caráter flexível e reflexivo proposto anteriormente (SALVATORI, 2007). Com as novas propostas e uma excessiva flexibilidade, várias escolas privadas têm sido criadas oferecendo cursos profissionais de curta duração para formação de especialidades dentro da Arquitetura, o que pode levar à perda da identidade profissional. As mudanças institucionais também levaram a uma mudança no perfil dos professores. Atualmente, para obter melhores índices de avaliação dos cursos, as escolas (universidades/faculdades) só admitem professores com grau de doutorado ou mestrado. Essa exigência mudou completamente o perfil dos professores, que antes eram, geralmente, profissionais qualificados, com boa prática e atuação no mercado. Se por um lado passou-se a valorizar os aspectos acadêmicos da formação do professor, por outro abriu-se mão de sua experiência profissional prática. Dedicação exclusiva: uma faca de dois gumes A mudança no perfil da qualificação exigida para os docentes trouxe um novo envolvimento deste com a universidade. Hoje um professor de ensino superior com mestrado ou doutorado tem que dedicar à universidade seu tempo integral. Isso traz a dicotomia entre desenvolver-se na prática profissional ou academicamente, levando-nos à seguinte questão: como esses docentes vão desenvolver suas habilidades projetuais para ensinar aos alunos mais do que simples teorias? Teremos então somente profissionais com anos de prática, mas já aposentados e, portanto, longe das pranchetas (ou melhor, dos computadores) e dos canteiros de obra ou jovens arquitetos que escolheram a academia, mas sem a prática da vivência profissional, como professores de nossas faculdades.

Introdução

Em artigo publicado na revista Veja, Castro (2004) apresenta um lado desta questão. Os professores das universidades federais, contratados em regime de dedicação exclusiva, estariam burlando a lei ao fazerem “bicos” em empresas privadas.

O ensino da arquitetura no Brasil seguia, de modo geral, até meados do século XX, duas vertentes: uma de caráter mais artístico, vinculada à Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro e, outra mais técnica, vinculada à Escola Politécnica de São Paulo.

Na área das ciências “clássicas”, como a Física, a Biologia ou a Filosofia, que têm como local de trabalho o laboratório ou a biblioteca e, como resultado do trabalho uma publicação, a dedicação integral é não só boa idéia, mas necessária.

No início da década de 1960, nomes como Edgar Graeff16 e Vilanova Artigas17 defendiam a vocação mais generalista da formação do arquiteto, que incluísse ambas as vertentes.

Agora, imagine os alunos de engenharia aprendendo com um professor de dedicação exclusiva, com várias publicações, mas que nunca projetou e construiu uma única estrutura. Ou os futuros arquitetos aprendendo a projetar com alguém que nunca fez mais do que seu próprio banheiro.

Em 1962 foi promulgado pelo Conselho Federal de Educação o Currículo Mínimo, estabelecendo os requisitos mínimos e obrigatórios para um curso de arquitetura no âmbito nacional e que foi baseado em discussões e propostas dos próprios arquitetos. Em 1969, já no governo militar, um novo Currículo Mínimo foi imposto, determinando uma grande quantidade de horas de formação, com pouca margem para as peculiaridades e diferenças regionais, como estava previsto no Currículo de 1962 (SALVATORI, 2007). 16

Arquiteto gaúcho, um dos fundadores da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Goiás.

17

Arquiteto autor do projeto da Faculdade de Arquitetura da USP.

Pode ser complicado nossos futuros arquitetos urbanistas estarem aprendendo com um professor que nunca exerceu a prática profissional. O que vemos hoje é que, com a exigência de titulação de doutorado ou mestrado para que o arquiteto possa dar aula, muitos profissionais recémformados enveredam por um curso de pós-graduação imediatamente à “formatura”. Como os cursos de mestrado e doutorado exigem grande dedicação, os profissionais-estudantes acabam deixando a rática de lado. Nas áreas técnicas, a prática é fundamental. Mesmo o professor que teve atuação no mercado, mas passou para dedicação exclusiva, com o tempo ficará desatualizado, ainda que esteja sempre ”estudando”. Nessas áreas, como a arquitetura, é necessário ter contato com o mundo real, as novas técnicas e materiais de construção. Por melhor que seja a revista especializada, o livro ou a página na internet, nenhum desses meios transmitirá a textura do material ou dirá como


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

53

fazer resolver aquela diferença de nível que deu problema justamente na hora de fazer o acabamento. Além disso, as políticas de incentivo à pesquisa nas universidades fazem com que o docente se limite à função de professor e pesquisador. E, mesmo que esse arquiteto abra mão da autoria de seus projetos ou que possua um escritório não legalizado, ele não dispõe de tempo suficiente para exercer a prática projetual, pois precisa cumprir as “obrigações” que lhes são impostas pela dedicação exclusiva. Se por um lado só o conhecimento teórico não é suficiente, só a pratica também não o é. Segundo Carabetta Jr. e Cury (2007, p 15): “refletir sobre as necessidades e dificuldades existentes na qualificação do ensino significa preocupar-se com a legitimação do conhecimento como fundamental para o desenvolvimento intelectual e para o exercício consciente da cidadania. Trata-se, portanto, de buscar uma docência significativa, participativa e inovadora, o que demanda do professor competência teórico-prática da disciplina para a seleção, análise, interpretação e avaliação dos objetivos pretendidos e dos conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais que serão trabalhados.” Atualmente, vivemos no mundo da informação e, o conhecimento tornou-se o paradigma do desenvolvimento econômico. No mundo globalizado a simples transmissão de informações já não faz sentido dentro da sala de aula. Afinal de contas é impossível concorrer com internets, tv’s a cabo, celulares etc., a informação chega a todo momento, de todos os lugares. A questão hoje é o que fazer com estas informações. É aí que entra o ensino, como o processo de transformação da informação em conhecimento. Qual o papel dos arquitetos-docentes na sala de aula e que profissionais queremos formar nas universidades O papel da universidade, e do professor universitário a reboque, é incutir no aluno a capacidade de pensar, de criar soluções para os novos desafios que se apresentam, de buscar novos conhecimentos. E a produção desse conhecimento deve satisfazer às necessidades do profissional que está sendo formado, em termos teóricos e práticos. Dessa forma, não se pode formar profissionais capazes se os docentes não tiverem consciência do seu papel e responsabilidade (CARABETTA E CURY, 2007). Neste aspecto, vemos ainda uma dissociação entre a conscientização sobre a necessidade mudanças de atitude e as ações concretas para que elas ocorram. É necessário que estabeleçam posturas capazes de “estruturar conhecimentos teoricamente sistematizados e questões da vida real, ampliando saberes e promovendo o desenvolvimento da pesquisa, raciocínio lógico e uma compreensão abrangente dos diferentes objetos conhecimento”(CARABETTA E CURY, 2007, p 17).

de se as do de

O que vemos hoje, de modo geral, nos cursos de arquitetura são aulas com grande quantidade de conteúdo, mas desarticulados entre si. Aulas monótonas, como simples transmissão de informações, que não se relacionam com outras informações ou outras disciplinas. Essa questão está associada a duas situações, principalmente: a crescente especialização de áreas de conhecimento, traduzida no surgimento de dezenas de cursos de especialização recentemente, e a falta de preparo didático-pedagógico dos professores universitários (CAMPOMORI, ?). Na primeira situação, temos que a formação do arquiteto urbanista segue uma lógica generalista, ou, de interdisciplinaridade. A busca da compreensão do que são os fenômenos do espaço e da cidade, objetos de trabalho do arquiteto, criam maior proximidade com disciplinas como a geografia, a economia e a sociologia, entre outras. Isso sem falar da engenharia e das belas artes, origens primeiras e bases dos cursos de arquitetura.

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

54

A especialização do conhecimento leva à sua fragmentação, dificultando um olhar interdisciplinar das matérias. Essa fragmentação impede o desenvolvimento de uma visão integrada do conhecimento para que o aluno possa estabelecer relações conceituais e práticas para sua formação (CAMPOMORI, ?). Enquanto o generalista “se esforça para ampliar os limites do conhecimento, alargando-o e buscando uma unificação entre os diversos campos possíveis do saber” (CAMPOMORI,?), o especialista “se dedica ao afunilamento do conhecimento, aprofundando seus limites, num movimento em direção ao particular” (CAMPOMORI,?). Isso causa, muitas vezes, uma dissociação entre prática profissional e pesquisa acadêmica, afastando o docente do objetivo principal de formar profissionais capazes de enfrentar as questões profissionais de maneira criativa. Aqui entra a questão da falta de preparo dos professores. Mais uma vez citando Carabetta e Cury (2007, p 17) “no trabalho docente deve existir inter-relação entre o pleno conhecimento do conteúdo referente à disciplina ministrada e como os diferentes conteúdos devem ser trabalhados em sala de aula. Para isso, é necessário oferecer aos professores um suporte pedagógico que lhes possibilite uma articulação entre ação-reflexão-ação, visando a uma atuação mais significativa e segura no exercício do magistério. Na prática, é preciso considerar que tão importante quanto alimentar o conhecimento acadêmico é sua efetiva apropriação pelos alunos, e a tarefa fundamental do professor é elaborar estratégias de emergência de conhecimentos tácitos, resultantes tanto de atividades escolares quanto de suas vivências em ambientes extracurriculares”. Torna-se cada vez mais importante o investimento da instituição de ensino na formação do professor, através da disseminação de conhecimentos pedagógicos, bem como de processos de aperfeiçoamento da prática docente. Essa formação passa também pela construção de bases metodológicas para o desenvolvimento de conteúdos curriculares capazes de atender às demandas da sociedade contemporânea globalizada e os desafios impostos por ela. O arquiteto urbanista, profissional generalista, é formado a partir da amplitude de abordagens do curso, que congrega saberes das áreas de humanas, artes e tecnológica. Essa interdisciplinaridade torna esse profissional capaz de responder às demandas de uma sociedade globalizada, mas extremamente desigual, tanto através da produção social da cidade, em projetos de habitação, por exemplo, bem como da produção econômica de bens e serviços.

O ensino da arquitetura necessita mais do que essa interdisciplinaridade. O ensino do projeto de arquitetura, especificamente, tem a tarefa de aplicar todos os saberes relativos à matéria. É aqui que se congregam os saberes amplos e difusos ou especializados e exatos. Mesmo reunido saberes de diversas áreas, por vezes o ensino de arquitetura e urbanismo se perde em especificidades e falta de articulação entre as disciplinas. Devemos lembrar que a arquitetura é uma das áreas do conhecimento que permite realmente a integração entre os vários saberes, transpondo seus resultados de maneira criativa e contribuindo para a revelação de novas realidades. Segundo Campomori “a arquitetura é, por definição, efetivamente e em última análise, a superação da simples idéia de “integração,” dando origem ao que anteriormente se definiu como “interação dinâmica” ou, em outras palavras, a transdisciplinaridade”. E é o projeto que, na sua transdisciplinaridade, carrega o significado da profissão de arquiteto urbanista. Talvez nossas escolas não estejam ainda preparadas para a transdisciplinaridade, pois, para isto, é necessária uma profunda reformulação das estruturas acadêmicas. Mas, é no ensino de projeto que ela se revela com toda força. O professor de projeto deve buscar mais do que a interação de


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

55

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

56

saberes necessários à realização de uma boa arquitetura. Os conhecimentos de estruturas e tecnologias, materiais, conforto ambiental, estética, história e teoria devem se entrelaçar e se complementar até a realização final, que é a própria arquitetura, plena de sentido e com discurso próprio.

complexidade e a diversidade dessa realidade e, especialmente, dos problemas que esta lhe impõe. As questões da transdisciplinaridade, bem como da formação do docente, são os pontos nevrálgicos de uma reformulação das práticas didático-pedagógicas adotadas nas instituições.

Para isso, o docente precisa da vivência do projetar, do fazer arquitetura. As instituições devem se conscientizar da necessidade de professores-profissionais, mestres na arte de transformar informação em conhecimento, capazes de despertar no aluno a vontade de aprender, de ter iniciativa, de fazer a diferença. E arquitetura se ensina dando subsídios para que o aluno pense como vai fazer seu objeto, que tipo de estrutura vai usar, o que o seu desenho reflete da sua cultura e do seu conhecimento sobre a história e a sociedade em que vive.

Generalistas por natureza, os arquitetos e urbanistas precisam de uma formação ampla e heterogênea, mas articulada; com teoria suficiente para que sejam capazes de refletir sobre a arquitetura e o urbanismo e sua influência no mundo globalizado, mas também com capacidade para projetar e construir, interagindo efetivamente nesse mundo.

O professor de arquitetura e urbanismo deve ser capaz de articular teoria e prática, desenvolvendo no aluno a capacidade de refletir sobre o que está sendo feito e de tomar decisões, através de um ensino humanista e motivador. Saber ensinar arquitetura é “saber arquitetura” + “saber fazer arquitetura”. E articular teoria e prática é um grande desafio não só para os docentes, mas também para as instituições. Afinal de contas é preciso conciliar os conteúdos profissionais, tão necessários ao curso de arquitetura e urbanismo, com as finalidades acadêmicas de produção e disseminação do conhecimento.

A tendência atual de (super)valorização da titulação acadêmica pode colocar em risco a formação profissional. Além do distanciamento das práticas correntes e das novas tecnologias, como já foi dito anteriormente, os docentes que se dedicam à teoria, análise e crítica da arquitetura acabam tendo maior reconhecimento dentro das instituições do que aqueles que se dedicam a atividade de projeto como eixo de contribuição. Esse é um grande dilema, pois, se por um lado não se pode ignorar na formação do arquiteto e urbanista os saberes específicos e teóricos relativos ao projeto e ao processo de criação, por outro não se pode atribuir mérito acadêmico ou científico às atividades práticas profissionais.

Considerações finais O ensino do projeto, muitas vezes, é focado em conteúdos fragmentários e não consegue transmitir a diversidade dos problemas concretos enfrentados pela arquitetura. A pesquisa acadêmica, que deveria produzir os conhecimentos necessários para a solução desses problemas, por vezes assume posturas tão complexas que não atende a essas demandas. Faz-se então necessária uma articulação entre os vários departamentos das Faculdades de Arquitetura e Urbanismo e entre a graduação e a pós-graduação. O ensino não pode ser segmentado, nem fechado em si mesmo, mas deve contribuir para a produção do conhecimento e sua aplicação prática. As contribuições profissionais e acadêmicas devem se complementar em torno de ações comuns para a formação de um profissional capaz de enfrentar os desafios impostos pela sociedade contemporânea. Além disso, se os problemas colocados à arquitetura e ao urbanismo pelo processo social dinâmico e conflituoso são sempre únicos qualitativa e quantitativamente, o distanciamento entre teoria e prática coloca dificuldades estruturais para uma adequada preparação do futuro profissional. Os problemas concretos não podem ser recortados para se conformarem ao domínio de cada disciplina, ainda que elas sejam “integradas”. Sendo a arquitetura e o urbanismo, na sua essência, atividades comprometidas com as transformações concretas da realidade expressa na forma de seu objeto – o espaço de uso do homem, elas devem reconhecer o dinamismo, a

Referências bibliográficas CAMPOMORI, M. J. L. O Multidisciplinaridade, Interdisciplinaridade e http://www.unochapeco.edu.br.

Ensino do Projeto Transdisciplinaridade. (?).

de Arquitetura: Retirado do site

CASTRO, C. M de. Coluna Ponto de Vista. Revista Veja, edição de 25/02/2004. CARABETTA JÚNIOR, V. e CURY, M. C. F. da S. A contribuição da coordenação pedagógica na escola de Medicina. In Revista Brasileira de Educação Médica, vol.31 nº1 Rio de Janeiro Jan./Apr. 2007. PIMENTA, S. G. e ANASTASIOU, L. das G. C. Docência no Ensino Superior. São Paulo: Cortez, 2002. SALVATORI, E. Ensino de Arquitetura na UFRGS x Desenvolvimento Institucional. Rio Grande do Sul: IAB, 2007. Retirado do site www.iab-rs.org.br.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

57

O Patrimônio histórico em contexto de integração curricular: uma experiência de ensino de projeto arquitetônico e urbanístico em ambientes históricos

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

58

Considerações iniciais

Nos últimos tempos, o ensino de projeto nas escolas de arquitetura tem sido objeto de inúmeros estudos e reflexões. No caso brasileiro, além dos encontros da ABEA, o debate foi reacendido em escala nacional, a partir de 2003, no âmbito dos Seminários Projetar, cuja última edição em Porto

Heitor Andrade (1); Maísa Veloso (2)

Alegre (2007), lançou o foco sobre o patrimônio histórico edilício. Ali foram discutidas questões atuais e pertinentes tendo em vista a ampliação crescente deste campo de ação profissional e a

(1) Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte;

necessidade de melhor capacitar os futuros arquitetos urbanistas para nele atuar, o que, a nosso

(2) Professora Doutora do Departamento de Arquitetura e do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Técnicas Retrospectivas e suas diversas traduções locais – Intervenções em Sítios e Edifícios

ver, vai muito além de uma única disciplina prevista nos currículos dos cursos (Preservação e

Históricos, Restauração, e outras). O curso da UFRN dedica todo o sétimo período do curso à problemática do patrimônio, através da integração de seis disciplinas, segundo o entendimento de

Endereço: Departamento de Arquitetura, Centro de Tecnologia, Campus Central da UFRN. CEP: 59.072-970. Lagoa Nova. Natal/RN. (84) 3215-3721 e-mails: (1) heitor.as@ufrnet.br; (2) maisaveloso@uol.com.br

que a questão requer atenção especial na formação profissional. Do ponto de vista das abordagens didático-pedagógicas em voga, no que concerne a formas de construção do conhecimento, as relações professor/aluno, ou outras, e, portanto, do que seria uma pedagogia do projeto, a questão dela ser ou não relativa ao patrimônio se torna secundária. E este não é o foco da discussão aqui proposta. É na esfera das reflexões teórico-metodológicas sobre o projeto em contextos históricos pré-existentes, bem como dos procedimentos empíricos

RESUMO:

de seu ensino/aprendizado (aí incluída a questão da avaliação), que se colocam algumas particularidades.

O texto apresenta uma experiência didático-pedagógica de ensino integrado de projeto de arquitetura e urbanismo, desenvolvida no Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN. As disciplinas de Projeto de Arquitetura V (PA V) e Planejamento e Projeto Urbano III (PPUR III) são desenvolvidas de forma integrada entre si e com as demais disciplinas do sétimo período, que têm como temática comum a intervenção no patrimônio histórico edificado. A cada semestre, os trabalhos são realizados em um mesmo universo de estudo. Inicialmente, são feitos seminários a fim de discutir teorias, conceitos e métodos de preservação do patrimônio. Também são desenvolvidos trabalhos aplicados ao sítio escolhido, que incluem uma série de levantamentos da área e das edificações alvo de intervenção projetual. Além disso, é oferecida, no semestre, uma viagem de estudo a um centro histórico de relevância da região. Na disciplina de PA V, os projetos alcançam nível executivo, incluindo arquitetura de interiores. Na disciplina de PPUR III, a projetação em ambiente histórico é complementada com o exercício de planejamento participativo. Esta experiência articula-se a projetos de pesquisa e extensão desenvolvidos na Instituição e tem contribuído para a documentação e análise do patrimônio edificado potiguar, bem como para uma formação mais consistente dos futuros profissionais. Demonstra também ser possível a superação da divisão tradicional das subáreas de Teoria, História, Planejamento Urbano, Projeto de Arquitetura e Tecnologia.

Em primeiro lugar, embora quase sempre se projete sobre ou a partir de um objeto ou conjunto pré-existente, sobretudo nas grandes cidades, onde os estoques de terras livres são escassos, o fato deste objeto/contexto ser de relevância histórica para a cultura arquitetônica de uma época ou para um determinado local/comunidade, coloca outros tipos de problema tanto para análise como para a concepção projetual. É preciso, antes de tudo, entender o significado social e histórico do objeto de intervenção. Além disso, como bem diz De Gracia (1992), se intervir é modificar, alterar lugares existentes, o que sempre afeta mais ou menos seu genius loci, só se justifica se os tornarmos mais adequados para a vida humana no presente. Deste modo, a análise das relações formas (antigas) / usos (contemporâneos) adquire especial significado. Neste campo específico, é necessário também resolver uma equação: onde termina a conservação e começa a ação modificadora, sem ameaçar a unidade histórica, estética e morfológica do objeto trabalhado. No plano acadêmico, principalmente no caso aqui apresentado, uma dificuldade reside no fato de

Palavras-chave: patrimônio edificado; ensino de projeto; projeto arquitetônico e urbano.

que muitos dos alunos não têm vivência cotidiana em ambientes históricos, em especial os prémodernistas, e, portanto, não são em geral familiarizados nem com sua essência, nem com suas características formais e técnico-construtivas, ao contrário do que ocorre com projetos e edificações modernas ou contemporâneas, que são por eles mais diretamente vivenciados no dia-


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

59

60

a-dia ou em um passado recente. Por isso mesmo, talvez mais do que em qualquer outra

chamada integração horizontal. Além disso, incentiva-se também a integração vertical, na qual os

disciplina de projeto, os conhecimentos em história da arquitetura e do urbanismo, bem como o de

conhecimentos adquiridos pelos alunos nos semestres anteriores devem ser sistematicamente

métodos e técnicas construtivas do passado, são indispensáveis e devem ser sistematicamente

relembrados e cobrados pelos professores de cada novo período. É importante observar que o

trabalhados. Fazê-los vivenciar os edifícios e lugares em que vão intervir ou em outros com

diálogo e a organização entre os docentes, bem como o interesse dos alunos, são fundamentais

características similares para melhor compreender sua natureza e caractere é algo que deve ser

fatores para uma efetiva integração. Naturalmente, em algumas situações, ela se torna difícil,

estimulado.

mas, quando funciona, favorece nitidamente o aprendizado.

Como tecnicamente, trata-se de projetos de reforma, neles cada detalhe assume fundamental

A relação teoria e prática é outro ponto que merece destaque nesta discussão. A integração bem

importância. Direcionar o olhar para os detalhes e chegar a este nível de execução nas propostas

sucedida estabelece uma relação mais próxima entre os conteúdos disciplinares e configura-se

é outro aspecto que mereceria destaque.

como um exercício de aproximação entre os conceitos e métodos de abordagem de cada matéria

É preciso também discutir conceitos, teorias e métodos de intervenção no patrimônio edificado, revisando clássicos da literatura sobre o assunto e projetos já executados, destacando suas especificidades. Enfim, a integração das diversas áreas de conhecimentos do curso (teoria, história, tecnologia, planejamento e projeto) é neste campo não só possível como indispensável.

e sua aplicação sobre um mesmo universo ou área comum estudados. Neste sentido, as disciplinas de projeto urbano e arquitetônico são os carros-chefes, o local da síntese dos conteúdos trabalhados por meio de análises e projetos de intervenção integrados. Outro aspecto relevante diz respeito à inter-relação entre ensino, pesquisa e extensão que, no caso apresentado, é recorrente e tem contribuído para qualificar significativamente esta experiência didática de ensino do projeto. Quando têm objetivos bem definidos e coerentes com

A experiência de integração curricular como base para procedimentos didáticometodológicos no CAU/UFRN

os propósitos de cada projeto (de ensino, pesquisa e/ou extensão) atribuem valor diferencial aos trabalhos desenvolvidos, assim como estimulam o interesse dos alunos envolvidos e favorecem

A experiência de integração que aqui se apresenta está apoiada nas estruturas dos currículos A-4

seu aprendizado. A pontuação atribuída, no novo currículo, às chamadas “atividades

e do currículo A-5 do CAU/UFRN18, visto que vivemos um momento de transição entre os dois

complementares” representa o reconhecimento deste esforço de participação.

currículos. Desde 1990, quando da reformulação que concebeu a estrutura curricular do A-3, o

Intervenção projetual em ambientes históricos edificados: o sétimo período do CAU-UFRN

princípio da integração constitui o eixo central da metodologia adotada pelos Projetos PolíticoPedagógicos (PPP) deste curso.

O sétimo período do CAU-UFRN, tendo como temática o Patrimônio Histórico, parte de uma realidade urbana da capital ou de outros centros históricos do Estado do RN, escolhidos pelos

A integração vem representando um significativo avanço em termos pedagógicos e tem demonstrado ser fundamental no processo de ensino/aprendizagem. Cabe observar que a estrutura curricular inicialmente rígida de co e pré-requisitos, apontada como empecilho para o

professores nas reuniões de planejamento que antecedem cada semestre, abertas à participação dos alunos. A escolha do sítio varia em função de necessidades e oportunidades identificadas pelos docentes, bem como dos meios disponíveis para os deslocamentos constantes20.

bom desempenho da integração, resultou em modelo mais flexível, formalmente adotado nos currículos A-4 e A-5, embora ainda seja necessário ajustar eventuais casos de desnivelamento dos alunos.

Adaptando-se à subdivisão do semestre letivo em três unidades acadêmicas, nossa metodologia de ensino integrado de projeto inicia-se com uma visita conjunta à área de atuação (de caráter exploratório) em que os alunos têm uma primeira aproximação e percepção subjetiva do lugar. A

Assim, as disciplinas que, por sua natureza, permitirem uma efetiva integração precisam respeitar aspectos como o tema abordado no período19, a área estudada, os conteúdos de cada unidade das diversas matérias de ensino, e o cronograma de entrega dos trabalhos integrados. É a

ela se segue uma série de visitas técnicas orientadas, em que são feitos levantamentos in loco para análises morfológicas e de usos, inventários de todos os imóveis de interesse histórico na área delimitada, e aplicados questionários a moradores/usuários bem com a representantes do

poder público. Paralelamente aos trabalhos de campo, são introduzidos e discutidos, em sala de

18

O currículo A4 esteve em vigência no CAU/UFRN desde 1996 até 2007. A partir deste ano entrou em vigor o novo currículo A-5 que incorpora mais avanços em relação aos anteriores.

19

Cada semestre tem um enfoque temático que permite a interação entre disciplinas. O enfoque do sétimo período, contexto de nossa análise, é, como já assinalado, o de “Intervenções no Patrimônio Edificado”.

20

Quando as atividades são desenvolvidas em cidades do interior do Estado, o Departamento de Arquitetura e o Centro de Tecnologia da UFRN disponibilizam transporte, diárias para os professores e ajuda financeira para os alunos, de forma a prover gastos com hospedagem e alimentação nos períodos levantamentos e outros trabalhos de campo.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

61

62

aula, teorias, conceitos e métodos que fundamentem as análises e as intervenções, e estudadas

condução e abordagem teórico-metodológica de cada disciplina. Neste contexto, teoria e prática

experiências relevantes no Brasil e no mundo.

são trabalhadas de forma conjunta, sendo utlizados dentre outros textos de referência os de

A disciplina de PPUR III inclui-se na Área de Estudos Urbanos e Regionais do curso e atua no

Lemos (1981), Brandi (2004), Gracia (1990) e Choay (2001).

espaço físico-territorial, com o propósito de transmitir ao estudante noções básicas da relação

Os edifícios selecionados são objeto de análise aprofundada, considerando seu histórico,

entre o território e o espaço social, bem como contribuir para a sua formação crítica e criativa no

evolução, mudanças de usos e reformas a que já foi submetido. Para tanto, diante da recorrente

que se refere à análise e à intervenção no ambiente construído. Envolve desde noções básicas do

ausência de documentação, que muitas vezes resumem-se a algumas poucas fotos antigas, são

projeto (desenho) de pequenas aglomerações urbanas e rurais até a questão ambiental. O

fundamentais os relatos de proprietários e antigos moradores, bem como a análise atenta das

processo projetual no urbano parte de uma discussão teórica sobre intervir no construído. Os

marcas e vestígios encontrados no próprio edifício. Os já destacados “deixar o edifício falar” e

levantamentos de campo, desenvolvidos de forma integrada às demais disciplinas do período

“olhar clínico para os detalhes”. Os estados de conservação e de preservação atuais, a morfologia

geram informações e análises textuais e gráficas sobre a área de estudo, que são sistematizadas

interna, as condições de salubridade e o conforto térmico, lumínico e acústico são outros aspectos

num relatório diagnóstico.

levados em consideração nos diagnósticos.

Dentre outros procedimentos comuns ao período, é importante observar o esforço de

Uma vez definido o novo uso, a partir da segunda unidade, começam os estudos usuais para a

incorporação do princípio da participação ao exercício de planejamento e projeto, em especial no

projetação, definição do programa, mobiliário e equipamentos necessários para desempenho da

exercício de projeto urbano. Consideramos que a participação impõe-se não mais como uma

nova função, parâmetros de conforto ambiental, reutilização ou não de materiais, e tecnologias

alternativa, mas como um pré-requisito para se alcançar resultados satisfatórios. Procura-se

construtivas a serem empregadas O produto desta unidade é um anteprojeto com memorial

despertar no aluno a sensibilidade para entender as demandas da população e o discernimento

justificativo do partido adotado e das soluções gerais propostas. Em todas as etapas, o

dos limites entre os campos de atuação dos diversos agentes envolvidos no processo. Isso pode

acompanhamento dos docentes é direto, atento e contínuo, sendo os mesmos assessorados por

parecer óbvio, mas ainda é comum assistirmos à imposição tecnicista em projetos de intervenção

monitores das disciplinas. Embora os projetos sejam individuais, os trabalhos e as discussões em

urbana, que não são assimilados por seus usuários.

atelier são coletivos. A avaliação também é contínua, sendo valorizadas a participação no

Nesse momento é definida a área que será alvo de projeto. As clássicas metodologias de Percepção Ambiental, Análise Visual e Análise Comportamental – a partir de Lynch (1997), Cullen (1993) e Del Rio (1990), – já utilizadas em períodos anteriores (integração vertical), são, geralmente, adotadas a fim de tornar o exercício interativo – técnicos e usuários. O último momento é dedicado ao exercício projetual, em que se busca resgatar a vivência com a população do lugar, e, com base nela, sistematizar programa de necessidades, definir partido e desenvolver proposta preliminar. Dependendo da dimensão da área estudada, os trabalhos podem chegar no nível de anteprojeto, mas no caso de PPUR, priorizam-se as idéias e o partido, como forma de otimizar os esforços acadêmicos e valorizar a capacidade propositiva dos alunos.

processo e assiduidade do aluno nas aulas. O produto final (o projeto) é avaliado não só em termos técnicos, estéticos e funcionais, mas também no que diz respeito à sua coerência com os referenciais teórico-metodológicos e empíricos (estudos de referência) que lhe deram suporte. A produção discente: alguns resultados ilustrativos Aqui, trazemos para o debate algumas experiências de ensino enquanto docentes do CAUUFRN21. No semestre em que trabalhamos no bairro histórico da Ribeira em Natal (2005.2), oportunamente integramos com a pesquisa “Imagens da Ribeira” (2005) sobre percepção ambiental desenvolvida pela professora do Departamento, Gleice Elali. Tal envolvimento proporcionou uma maior aproximação com a problemática do lugar e uma rica experiência

A disciplina de Projeto de Arquitetura V tem como conteúdo expresso em sua ementa a

científica e emocional / afetiva. Os projetos de requalificação de espaços públicos desenvolvidos

intervenção em edifícios históricos, adequando antigas estruturas arquitetônicas a usos e

pelos alunos foram apresentados aos técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e

tecnologias contemporâneos. A adaptação a novos usos e tecnologias é então um exercício

Urbanismo e (SEMURB), experiência que promoveu a comunicação entre a universidade e a

acadêmico obrigatório, formalizado no currículo. Em consonância com o Projeto Político

prefeitura de Natal.

Pedagógico do Curso, desenvolve-se de forma integrada às demais disciplinas do sétimo período, em especial a de Planejamento e Projeto Urbano III, recebendo suporte técnico-instrumental

21

complementar de outras matérias, como Preservação e Técnicas Retrospectivas, Conforto Ambiental III, Paisagismo e Detalhes de Representação Gráfica, respeitadas as autonomias de

A Dra. Maisa Veloso é professora associada do DARQ-UFRN, tendo começado a nele atuar em 1999 como adjunta, 40 horas / DE. O doutorando do PPGAU-UFRN, Heitor Andrade, foi professor substituto em regime de 40 horas neste Departamento no período 2005 – 2007.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

63

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

64

Dos projetos desenvolvidos neste semestre apresentamos a proposta para o Largo da Rua Chile22, referência no bairro (Figuras 01 e 02). O projeto do espaço público para o Largo da Rua Chile, na Ribeira, é uma experiência peculiar basicamente por dois aspectos. Primeiro, pelo envolvimento afetivo com o lugar, pelos alunos e professores proporcionado pelos levantamentos de campo. Segundo, pelo exercício de concepção conceitual de projeto.

Figura 04

Figura 03 Figuras 03 e 04: Núcleo de dança e café, na Ribeira, Natal/RN. Proposta de reuso da aluna Ariane Magda Borges para antigo casarão eclético, CAU/UFRN, 2005.2.

Figura 01

Figura 02

Figura 01 - implantação - e Figura 02 - perspectivas de espaço público no Largo da Rua Chile, na Ribeira, Natal/RN, a margem do Rio Potengi, de autoria das alunas: Ariane Magda Borges, Rosily Ribeiro Barbosa, Sandra Renúzia de Pontes e Sandra Sheyla Fernandes

Outra experiência merecedora de registro se deu com a turma do semestre 2006.1, com estudo de caso no centro histórico do município de São José do Mipibú, dentro da região metropolitana de Natal. Embora a intenção fosse realizar uma oficina com a comunidade, o contato se resumiu à

No que concerne os projetos arquitetônicos, destacamos o exemplo de um reuso na antiga garagem de barcos situada entre a rua Chile e as margens do rio Potengi (Figuras 03 e 04), que não só preserva a fachada eclética, deixando expostos os vestígios encontrados em prospecção,

discussão com os técnicos da prefeitura, apesar dos esforços empreendidos. A experiência serviu, em todo caso, para que os alunos percebessem as dificuldades para mobilização das pessoas em torno da questão do patrimônio.

como recupera a relação do edifício com a paisagem do Potengi, através da implantação de um

O projeto do largo Desembargador Celso Sales (Figuras 05 e 06), no centro histórico de São José

núcleo de dança e um café, atividades que se adeqüam ao grande vão interno pré-existente, com

de Mipibu/RN, destaca-se pelo exercício de inserção de estruturas inovadoras no espaço urbano

o acréscimo de um deck voltado para o rio.

antigo. Os autores resolveram os problemas do conflito entre pedestres e veículos motorizados e a desintegração da totalidade do espaço público com a implantação de um túnel que passa por baixo da praça, na altura da igreja matriz, e a inserção de uma estrutura metálica em formato sinuoso, que estabelece uma ligação visual entre as duas extremidades do largo, na sua dimensão longitudinal.

22

O Largo da Rua Chile, foi local de intervenção pelo poder público local em 1996. A intervenção foi denominada “Fachadas da Rua Chile”, que apesar de ter se limitado a recuperação arquitetônica e arqueológica das fachadas, configura-se a primeira e única intervenção, em Natal, num conjunto arquitetônico. Contudo, hoje, o Largo volta a apresentar sinais de degradação física.

Figura 05

Figura 06


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

65

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

66

Figuras 05 e 06: A planta e a perspectiva do largo Desembargador Celso Sales, no centro histórico de São José de Mipibu/RN de autoria dos alunos: Aliny Fábia da Silva Miguel, Francisco Ricardo Avelino Dantas Filho, Gabriel Leopoldino Paulo de Medeiro e Paolo Américo de Oliveira.

A experiência em Caicó, no sertão do Seridó Norteriograndense, é um outro exemplo da interação positiva do ensino e pesquisa. Neste semestre (2007.1), reduzimos os trabalhos de levantamentos e análises que integram a primeira unidade, em função da utilização de dados, imagens e informações sobre o centro histórico da cidade, existentes no acervo da base de pesquisa Morfologia e Usos da Arquitetura (MUsA)23, do DARQ/PPGAU/ UFRN, principalmente o inventário das edificações históricas feito em 1996. Os alunos atualizaram os dados disponíveis, os quais, quando comparados aos de 1996, revelaram o processo de deterioração do patrimônio histórico

Figura 7

Figura 8

Figuras 7 e 8: Mapa do Percurso e maquete do Corredor Cultural de Caicó/RN de autoria das alunas: Deisyanne Câmara, Laíze Asevedo e Marina Meire.

edificado de Caicó. Não só neste caso como em outros, a integração das atividades das disciplinas com as dos grupos de pesquisa e dos laboratórios do Departamento de Arquitetura

Além destes projetos urbanos, cinco edifícios representativos da arquitetura colonial e eclética da

(como o Laboratório de Conforto – LABCON – e o de Projetos Integrados – LAPIs) não só facilitou

cidade foram escolhidos para o exercício de preservação com reuso, após levantamento completo

como enriqueceu o exercício acadêmico e as relações entre docentes e discentes, além de tornar

e análises detalhadas, inclusive de conforto ambiental. Destacamos uma intervenção em casarões

úteis para a Universidade e sociedade os trabalhos por eles desenvolvidos..

coloniais: que preserva a antiga Casa de Câmara e Cadeia da cidade, mas a ela acrescenta, no

Na fase final de um semestre efervescente sob o sol do sertão, o exercício de projeto não foi

terreno disponível, um edifício anexo totalmente novo, de linguagem contemporânea, para abrigar

apenas integrado entre as disciplinas, mas também entre os alunos, que identificaram, no centro

uma escola de circo com picadeiro experimental para treinamento em trapézios e outros

histórico, problemas das mais diversas ordens, e resolveram, eles mesmos, propor uma operação

instrumentos circenses – instalando no antigo prédio algumas salas para aulas teóricas e

urbana conjunta, em que cada aluno apresentou um projeto que se complementava aos dos

atividades administrativas (Figuras 9 e 10).

demais: corredores culturais, tratamento de espaços públicos, sinalização e comunicação visual, plano de arborização, além da edição de cartilha educativa sobre a importância preservação do patrimônio local, a ser difundida entre a população. Desta experiência destacamos um projeto urbano: o Corredor Cultural para o Centro Histórico do município (Figuras 7 e 8). Trata-se de solução que considera as demandas locais e busca revitalizar o centro com soluções integradoras.

Figura 9

Figura 10

Figuras 17, 18 e 19: Escola de Circo – Proposta de reuso em casarão colonial com acréscimo de edifício novo em anexo. Aluno Daniel Andrade, CAU/UFRN, 2007.1.

23

Coordenada pela Profa. Edja Trigueiro que mesmo não sendo professora de disciplina no período tem se integrado aos trabalhos nele desenvolvidos, e procurado integrar os alunos e monitores nas pesquisas desenvolvidas pelos membros do grupo.

Considerações finais A experiência de ensino de projeto integrado – entre disciplinas e entre ensino, pesquisa e extensão – revela um caminho de significativa relevância para a aprendizagem e formação do profissional de arquitetura e urbanismo. Trata-se além de um meio de preencher potenciais


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

67

lacunas encontradas no trâmite operacional da prática acadêmica, um facilitador para incutir no aluno o raciocínio interdisciplinar, necessário no enfrentamento dos problemas que vai encontrar como arquiteto e urbanista. A integração curricular no CAU/UFRN apresenta avanços, mas também limites. Primeiro, consideramos que os princípios da integração têm grande mérito e valor significativos e representam avanços importantes em termos pedagógicos, quando bem implementados. Contudo, em alguns casos, eles têm revelado algumas limitações de ordem prática, o que demanda flexibilidade e adequações. Assim, a integração deve ser encarada como instrumento positivo para melhoria da qualidade do ensino/aprendizado, como um meio e não um fim em si mesmo, nem também como um regime rígido que cerceia ou suprime a autonomia dos docentes e as especificidades disciplinares. A relação entre a teoria e a prática é outro ponto que merece destaque na experiência de integração do sétimo período. Os conteúdos teóricos – métodos e conceitos – são aplicados e verificados no exercício projetual desde a leitura técnico-comunitária da área escolhida até etapa propositiva. Neste sentido, as disciplinas de projeto urbano e arquitetônico constituem os locais de síntese dos conteúdos trabalhados por meio de análises e projetos de intervenção integrados. O trabalho participativo no exercício de projeto urbano e arquitetônico é outra consideração importante na discussão sobre o projetar no construído, sobretudo porque revela para o aluno os aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais que condicionam a prática projetual. Esta lógica associada ao exercício de projetação no ambiente histórico configura-se como ação modificadora do homem sobre o espaço edificado, mas que deve respeitar e preservar a unidade estética, morfológica e histórica dos ambientes pré-existentes. Associar as novas necessidades do mundo contemporâneo à preservação do patrimônio arquitetônico, artístico, cultural e ambiental demanda a conciliação entre desenvolvimento e preservação, questão que se coloca na ordem dos dias atuais. Nesse sentido, acreditamos ser imprescindível e possível desenvolver nos alunos, futuros profissionais, habilidades propositivas, com sensibilidade e postura crítica suficientes, para modificar sem condenar a cidade (ou área) histórica ao destino de um museu de si mesma. Para tanto, sugere-se que a temática do patrimônio ocupe um espaço mais significativo nos projetos pedagógicos e currículos dos cursos.

Referências:

BRANDI, Cesare. Teoria da restauração. Cotia/SP: Ateliê Editorial, 2004. CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. São Paulo: Estação Liberdade/UNESP, 2001. CULLEN , Gordon. Paisagem Urbana. Lisboa: Edições 70, 1993.

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

68

DEL RIO, Vicente. Introdução ao Desenho Urbano no Processo de Planejamento. São Paulo: EDITORA PINI LTDA, 1990. GRACIA, Francisco de. Construir en lo construido: la arquitectura como modificación. Madrid: NEREA, 1992. LEMOS, Carlos. O que é patrimônio histórico. São Paulo: Debates, Coleção Primeiros Passos, 1981. LYNCH, Kevin. A Imagem da Cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1997.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

69

Política de Informática do Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas

Jeanne Marie Ferreira Freitas24 Mário Lúcio Pereira Júnior25

Resumo26 O presente artigo descreve a política de informática proposta pelo projeto pedagógico do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Apresenta seus objetivos, a descrição dos espaços informatizados e as estratégias de implementação. Introdução A capacidade de utilizar, de forma eficiente, os recursos de informática e as tecnologias de informação cada vez mais determina a inclusão do profissional de arquitetura e urbanismo na sociedade contemporânea, nesse universo profundamente marcado por essa tecnologia que está presente em todos os aspectos da vida, da atividade econômica, política e social. Um Projeto Pedagógico representa um instrumento de trabalho com o conhecimento. Envolve os conteúdos que vão compor o currículo, e a estrutura que sustenta e viabiliza esse trabalho. Além disto, deve ser incluída a dimensão da produção do conhecimento, considerando que na Universidade o ensino está vinculado à extensão e à pesquisa, estas como instâncias críticas. Os recursos de informática e de tecnologia da informação apresentam-se como instrumento mediador neste processo de trabalho e produção de conhecimento.

com sólida formação técnica e humanista, capaz de levar a Arquitetura onde ela ainda não está, bem como preparar o novo arquiteto e urbanista capaz de utilizar as ferramentas informáticas e da tecnologia da informação diante desses novos desafios contemporâneos. O estabelecimento de uma política de informática específica para o Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas que, de fato, seja inclusiva quanto ao acesso de professores e alunos à tecnologia da informação e garanta a permanente atualização de recursos, apresenta-se como um dos princípios norteadores do novo desenho curricular para o curso. Esta política de informática está elaborada de acordo com as prescrições das instâncias PUC Minas, MEC e CONFEA/CREA, ponderadas pela inserção profissional dos arquitetos diante das alterações do mundo do trabalho. Também aposta em determinar um caráter para o curso, de modo a distingui-lo dos demais cursos existentes em Belo Horizonte, em geral muito homogêneos, e ainda, dá suporte às atividades de pesquisa e extensão estreitamente relacionadas à graduação. Essa política de informática está a serviço de outras políticas, sobretudo daquelas que atuam no combate à exclusão maciça da população brasileira do direito à moradia e à cidade. Além disso, pretende-se ampliar a atuação do arquiteto urbanista em um mercado cada vez mais restrito, muitas vezes incapaz de incluir as demandas reais da arquitetura e da cidade no Brasil, na medida em que orienta as metodologias e práticas de ensino por uma trilha diferente daquela da massificação do ensino de Arquitetura e Urbanismo e que torna o Curso de Arquitetura e Urbanismo em um produtor de novos procedimentos metodológicos de aprendizagem com base na tecnologia digital. A promulgação, ao final de 1994, das Diretrizes Curriculares através da portaria 1770/94, estabelecendo a obrigatoriedade do ensino da informática aplicada à arquitetura no Brasil, foi crucial para o ensino e, conseqüentemente, para a transformação dos procedimentos adotados no mercado e nas instituições governamentais. A inserção da tecnologia da informação nos escritórios de Arquitetura e Urbanismo já é um fato concreto. Atualmente, a informática é ferramenta fundamental para o arquiteto urbanista. Entretanto, deve-se considerar que “o que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a centralidade de conhecimentos e informação, mas a aplicação desses conhecimentos e de dispositivos dessa informação para a geração de conhecimentos e de dispositivos de processamento, em um ciclo de realimentação cumulativo entre inovação e uso [...] As novas tecnologias da informação não são simplesmente ferramentas a serem aplicadas, mas processos a serem desenvolvidos. Usuários e criador tornam-se a mesma coisa”.27

Diante da extensão e abrangência do conhecimento acerca da Arquitetura e do Urbanismo, a seleção e o modo como se coloca o conhecimento nos ambientes de ensino-aprendizagem é também uma aposta num determinado caráter de formação. Pretende-se formar um profissional 24 Arquiteta urbanista. Mestre em Geografia (Organização Humana do Espaço); Doutora em Geografia (Tratamento da Informação Espacial). Chefe do Departamento e Coordenadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas. Professora adjunto III do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas. jeanne@pucminas.br; (31)33194291. Avenida Dom José Gaspar 500, prédio 47. Coração Eucarístico. Belo Horizonte, MG. CEP 30535Ͳ610. 25 Arquiteto urbanista. Mestre em Engenharia de Produção (Mídia e Conhecimento). Professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas, membro da equipe de elaboração do Projeto Pedagógico. mario@pucminas.br; (31)33194291; Avenida Dom José Gaspar 500, prédio 47. Coração Eucarístico, Belo Horizonte, MG, CEP: 30535Ͳ610. 26 O presente artigo foi elaborado com base no documento do Projeto Pedagógico do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, aprovado em maio de 2008, cuja elaboração esteve a cargo da seguinte equipe de professores: Daniele Nunes Caetano de Sá, Jeanne Marie Ferreira Freitas, Leonardo de Araújo Pereira, Lygia Prota, Mário Lúcio Pereira Júnior e Roberto Eustaáquio dos Santos

70

A partir de 1996, com a implantação da disciplina “Informática Aplicada à Arquitetura”, a questão do desenho digital entra na pauta do Curso. Inicialmente, o impacto causado pela matéria foi pequeno, pois a disciplina era ofertada no 9° período. Em seguida, a partir do momento em que ela passa ser ofertada no 3° período esse quadro se altera. Num primeiro momento, em 2001, antes da implementação do Projeto Pedagógico aqui descrito, foi montado o Laboratório de Informática do curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas, destinado ao desenvolvimento de trabalhos de ensino (utilizado diretamente pelas disciplinas “Informática Aplicada à Arquitetura”, “Desenho de Apresentação”, “Desenho Experimental”, “Conforto Ambiental”, “Teoria das 27

CASTELLS, A Sociedade em Rede. Editora Paz e Terra. São Paulo, SP, Brasil, 1999, p.69.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

71

Estruturas”) e ao apoio das atividades de pesquisa e extensão vinculados ao curso. As máquinas do Laboratório foram substituídas por novas em 2005, entretanto sem a necessária configuração e sem a atualização dos principais programas gráficos. A ausência de uma política de informática, incluída no atual projeto pedagógico, vinha determinando a adoção das tecnologias de informação no Curso de Arquitetura e Urbanismo de forma descontínua, mal distribuída entre os diversos campos de conhecimento e disciplinas, e sem uma atualização consistente. O laboratório já estava com seu horário praticamente todo ocupado, em sua maioria pelas disciplinas de Expressão e Representação Gráfica, restando, portanto, pouco tempo livre para inclusão de outras disciplinas, bem como, das atividades da pós-graduação, dos cursos de extensão e uso dos alunos em suas atividades acadêmicas. Objetivos A política de informática implantada junto com o novo currículo do Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas pretende reverter este quadro descrito anteriormente. São seus objetivos específicos: • Ampliar a capacidade atual, já saturada: ao final da implementação do novo projeto pedagógico, a capacidade estará ampliada de 2 salas com 30 computadores e 1 servidor para 13 salas/ateliê informatizadas com e 101 computadores e 4 servidores, divididos em quatro etapas, a primeira delas já está implementada; • Incluir a tecnologia da informação no cotidiano das disciplinas do curso, visando a utilização por muitas disciplinas, especialmente as oficinas e ateliês, e por todos os alunos do curso; • Garantir o desenvolvimento dos trabalhos acadêmicos em espaço especializado, durante o período da tarde em sala de aula e durante o período da manhã em atividades extraclasse; •

Dar suporte à extensão universitária e ao futuro Mestrado em Arquitetura;

• Contribuir para o desenvolvimento de pesquisa de novos processos com base na tecnologia da Informação para área da Arquitetura e Urbanismo; • Possibilitar o desenvolvimento e integração da pesquisa e extensão com o ensino da graduação; • Utilizar ateliês/laboratórios temáticos, com o objetivo de evitar a repetição e minimizar o custo dos programas; • Permitir um alto grau de informatização do Curso, não apenas disponibilizar laboratórios para os alunos, mas permitir o uso durante as aulas; • Adotar uma política de substituição dos equipamentos e programas de 4 em 4 anos, com o objetivo de minimizar o custo com manutenção e evitar o uso de programas desatualizados. Estrutura do Curso O Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas tem duração de 10 semestres, está estruturado a partir de dois grandes ciclos - o BÁSICO e o PROFISSIONALIZANTE - é finalizado pelo Trabalho de Curso (Trabalho Final de Graduação – TFG). O esquema a seguir ilustra a organização geral do Curso.

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

72

Buscando atingir os objetivos explicitados anteriormente, propõe-se a montagem de quatro conjuntos de ateliês-laboratórios. Todas as salas de todos os ateliês-laboratórios serão utilizadas exclusivamente para atividades do Curso de Arquitetura e Urbanismo no turno da tarde, para aulas, e no turno da manhã, para as demais atividades, incluindo pesquisa, extensão e acesso livre dos alunos para estudo e experimentação. Conjunto Ateliê-laboratório 1: Esse conjunto será utilizado pelos alunos do ciclo básico. Este ciclo – 1º ao 3º período encarregado de acolher e reconhecer os discentes, de modo a adaptar os procedimentos didáticopedagógicos às suas características, sensibiliza os estudantes para os problemas fundamentais da Arquitetura e do Urbanismo relativos à produção social do espaço nas escalas da cidade, do edifício e do corpo em seus aspectos sócio-ambientais, sócio-econômicos e culturais, históricos, artísticos e filosóficos. É também responsabilidade do Ciclo Básico realizar o treinamento operacional em geometria, expressão e representação do espaço, com a utilização dos diversos meios disponíveis, tanto meios digitais quanto tradicionais, desenvolvido em ambiente de prática projetual. Assim, as disciplinas de cada período trabalham de modo integrado, em uma organização marcadamente horizontal e com maior tutela dos estudantes. Nesse conjunto se desenvolverão as aulas das disciplinas Modelos Digitais 1, 2 e 3, que trabalham de forma integrada com as demais disciplinas do ciclo, fornecendo o suporte digital necessário ao desenvolvimento do trabalho integrado do período. Será composto por 30 computadores, divididos em três salas, a saber: • Sala 1: destinada às disciplinas Modelos Digitais 2 e 3. Equipada com 20 computadores e 20 pranchetas para os alunos, e 1 computador, uma prancheta e um projetor multimídia para o professor. Estas disciplinas desenvolvem trabalhos individuais, por isso apresenta a relação de um computador por aluno; • Sala 2: destinada à disciplina Modelos Digitais 1. Equipada com 5 computadores e 20 pranchetas. Nessa disciplina os alunos realizam trabalhos em equipes e trabalhos individuais em momentos diferenciados, como utilizar a câmera fotográfica, o scanner ou os demais equipamentos, o que possibilita o uso compartilhado dos computadores pelos alunos; • Sala 3: destinada às atividades do técnico e do coordenador de informática, e para uso de scanner e impressoras. Equipada com 4 computadores e 4 mesas. Também abrigará os 4 servidores de arquivos, internet e impressão.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

74

ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO 1 e 2 + ACGs

ACGs

PLANO PARA INTERVENÇÃO URBANO PLANO REGIONAL

PROJETO EXECUTIVO

PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS - RECORTES OPTATIVAS

TEÓRICAS

Esse conjunto será utilizado por 8 disciplinas de projeto da fase 1 do ciclo profissionalizante, que por sua vez está subdividido em duas fases. A primeira fase – 4º ao 6º período - se caracteriza pela autonomia e flexibilidade na escolha das disciplinas por parte dos estudantes. Não existe nenhum tipo de amarração ou seqüência para a realização dos ateliês e das disciplinas teóricas. O estudante é livre para escolher e responsável pelo tipo de seqüência, bem como pelo tipo de ambiente de ensino-aprendizagem pelo qual opta. Tal autonomia se estende também à própria organização interna das disciplinas, que poderão ser ministradas em ambiente ateliê tradicional ou ambientes laboratório de pesquisa ou laboratório de extensão, conforme a formatação que os professores responsáveis lhes imprimirem. Alguns ateliês/laboratórios trabalharão na perspectiva de realizar exercícios projetuais em nível de estudo preliminar e outros em nível de anteprojeto ou estudo preliminar sofisticado, em função de sua carga horária. Este conjunto será utilizado pelas disciplinas: Projeto e sustentabilidade, Projeto alvenaria estrutural, Projeto racionalização construtiva, Projeto estrutura de concreto, Projeto intervenção no ambiente construído, Projeto edifício de andares múltiplos e instalações prediais, Projeto estrutura de madeira e aço, Projeto edifício de grandes vãos. Será composto por 30 computadores e dividido em 6 salas iguais, equipadas com 5 computadores e 20 pranchetas cada. O uso dos cinco computadores de cada sala será compartilhado pelos alunos da mesma disciplina durante as aulas, que alternarão o trabalho no computador com as demais atividades como orientação, uso dos laboratórios de maquetes e conforto ambiental, bem como das pranchetas. Apresentará também 1 projetor multimídia em cada sala.

PROJETO EXECUTIVO URBANO 2

OU OU PROJETO EXECUTIVO URBANO 1

U OU

PROJETO EXECUTIVO DE EDIFÍCIOS 2

Conjunto Ateliê-laboratório 3: Esse conjunto será utilizado por 3 disciplinas de projeto de Arquitetura da fase 2 do ciclo profissionalizante. A segunda fase do Ciclo Profissionalizante – 7º ao 9º período - está destinada aos ateliês de projeto, desenvolvidos em nível de anteprojeto, projeto legal e projeto executivo de Arquitetura, e de Planejamento Urbano e Regional e de Projeto Urbano. Este conjunto será utilizado pelas disciplinas: Projeto de edifício, Projeto de interiores, Projeto executivo de edifício 1 ou 2. Será composto por 20 computadores e dividido em 4 salas iguais, equipadas com 5 computadores e 15 pranchetas cada. O uso dos cinco computadores de cada sala também será compartilhado pelos alunos da mesma disciplina durante as aulas, que alternarão o trabalho no computador com as demais atividades. Apresentará também 1 projetor multimídia fixo em cada sala. Conjunto Ateliê-laboratório 4 (GIS):

10

PROJETO EXECUTIVO DE EDIFÍCIOS 1

9

PROJETO URBANO PROJETO DE INTERIORES

8

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

SEMINÁRIOS DO TFG

OPTATIVA 3 ARQUITETURA E URBANIZAÇÃO CONTEMPORÂNE AS

ANTEPROJETO / PROJETO BÁSICO / PROJETO LEGAL PLANEJAMENTO URBANO / DESENHO URBANO

AMBIENTE ATELIÊ [COM BANCA]

PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL

6

PROJETO DE EDIFÍCIO

TEORIA E HISTÓRIA DA PRODUÇÃO HABITACIONAL

ARQUITETURA E URBANIZAÇÃO MODERNAS

OPTATIVA 2

TEORIA - PANORÂMICAS OPTATIVAS

TEÓRICAS

PROJETOS LIGADOS ÀS ATIVIDADES DE PESQUISA PROJETOS LIGADOS ÀS ATIVIDADES DE EXTENSÃO

AMBIENTE LABORATÓRIO

OPTATIVA 1 PROJ. EDIFICIO DE GRANDES VÃOS PLANEJAMENTO E GESTÃO URBANA CARTOGRAFIA GEOPROCESSAMENTO SENSOR. REMOTO

PROJ. ESTRUTURA DE MADEIRA E AÇO

TEORIA DA CONSTRUÇÃO

[E] [OU]

GESTÃO, MATERIAIS E TÉCNICAS DA CONSTRUÇÃO PROJ. EDIF. ANDARES MÚLTIPLOS E INST. PREDIAIS PROJ. INTERVENÇÃO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO

5

PROJETO E SUSTENTABILIDADE

4

PROJ. PAISAGISMO URBANO

PROJ. ESTRUTURA CONCRETO ARMADO

TEORIA DA ARQUITETURA

4h – EXERC. PROJETUAIS - ESTUDOS PRELIMINARES 5h - PROJETO – ANTE-PROJETO TECNOLOGIA APLICADA

AMBIENTE ATELIÊ

CICLO PROFISSIONALIZANTE CULTURA RELIGIOSA 2

PROJ. RACIONALIZAÇÃO CONSTRUTIVA PLANEJAMENTO AMBIENTAL URBANO PROJ. ALVENARIA ESTRUTURAL

TEORIA DO URBANISMO

PANORÂMICAS

TEÓRICAS INTRODUTÓRIAS

FILOSOFIA 2 ESTUDOS MATEMÁTICOS PRÁTICA PROJETUAL 3

3

2

MODELOS DIGITAIS 3

EPRESENTAÇÃO 3

HISTÓRIA DA ARQUITETURA, DO PAISAGISMO E DO URBANISMO 2

TREINAMENTO OPERACIONAL BÁSICO: GEOMETRIA E REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO POR MEIO DE OPERAÇÕES PROJETUAIS

SENDIBILIZAÇÃO: CIDADE > EDIFÍCIO > CORPO

RECONHECIMENTO DO ALUNADO

CULTURA RELIGIOSA 1 ESTUDOS SÓCIOECONÔMICOS E CULTURAIS PRÁTICA PROJETUAL 2 MODELOS DIGITAIS 2

REPRESENTAÇÃ O2

HISTÓRIA DA ARQUITETURA, DO PAISAGISMO E DO URBANISMO 1

CICLO BÁSICO FILOSOFIA 1

HISTÓRIA DA ARTE DA ARQUITETURA E DA CIDADE BRASILEIRAS ESTUDOS SÓCIO-AMBIENTAIS PRÁTICA PROJETUAL 1 REPRESENTAÇÃ O1

AUTONOMIA CRÍTICA

MODELOS DIGITAIS 1

7

APROFUNDAMENTO AVALIAÇÃO

1

OPERAÇÕES SOBRE O PATRIMÔNIO CULTURAL

TÉCNICA

AMBIENTE OFICINA

Conjunto Ateliê-laboratório 2:

Este conjunto será utilizado por 4 disciplinas de projeto ou planejamento urbano da fase 1 do ciclo profissionalizante: Planejamento ambiental urbano; Projeto paisagismo urbano; Cartografia, geoprocessamento e sensoriamento remoto; Planejamento e gestão urbana; e por 3 disciplinas de projeto ou planejamento urbano da fase 2 do ciclo profissionalizante: Planejamento urbano e regional; Projeto urbano; Projeto executivo urbano 1 ou 2. Será composto por uma sala informatizada, equipada com 20 computadores e 20 pranchetas para os alunos (uso individual), e 1 computador, uma prancheta e um projetor multimídia para o professor, que será compartilhada por essas disciplinas, e mais 6 salas não informatizadas equipadas apenas com 20 pranchetas.

ACOMPANHAMENTO EXERCÍCIOS PROJETUAIS


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

75

Esta sala informatizada será equipada com os programas de geoprocessamento e sistemas de informação geográfica (GIS).

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

76

Canteiro de Obras e Escola de Formação de Mão-de-Obra

Estratégia de implantação e atualização O Projeto propõe a implantação de um novo conjunto de ateliê-laboratório por ano, até um total de 4 conjuntos ateliês-laboratórios especificados anteriormente, e, a partir desta implantação inicial, uma política de substituição dos equipamentos e programas de 4 em 4 anos, com o objetivo de minimizar o custo com manutenção e evitar o uso de equipamentos e programas desatualizados, considerando a constante e rápida evolução que sofrem estes componentes da computação gráfica específicos para Arquitetura e Urbanismo. Pretende-se que os computadores utilizados pelo curso tenham configuração adequada para o uso de aplicativos de computação gráfica e multimídia específicos e atualizados para Arquitetura e Urbanismo. O conjunto Ateliê-laboratório 1, utilizado pelos alunos do ciclo básico, já se encontra implementado, com 41 computadores de última geração e adequados para Multimídia e Computação Gráfica, bem como periféricos impressora Laser Monocromática, impressora Cor Laser, scanner fotográfico de mesa, câmera fotográfica digital, filmadora digital DVD, Projetor Multimídia - e programas profissionais para Computação Gráfica e Arquitetura: CAD, ilustração, render e fotografia. Referências Bibliográficas

Jeanne Marie Ferreira Freitas28 Roberto Eustaáquio dos Santos29

Resumo30 O artigo descreve sucintamente o Canteiro de Obras e a Escola de Formação de Mão-de-Obra, previstos no Projeto Pedagógico do Curso Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, que associa formação universitária em arquitetura e urbanismo e formação profissional básica para a construção civil no mesmo ambiente de ensino e aprendizagem.

Introdução

CASTELLS, A Sociedade em Rede. Editora Paz e Terra. São Paulo: SP, Brasil, 1999. Entre os desafios que se apresentam hoje ao ensino de arquitetura e urbanismo no Brasil está o de fazer frente aos problemas da cidade contemporânea e do exercício profissional. Por um lado verifica-se a exclusão de parcela significativa da população do acesso à cidade e por outro, o esgotamento do mercado de trabalho dentro dos moldes tradicionais, em que se destacam a defasagem metodológica e a tendência em valorizar temas centrados no atendimento de elite. Além disso, em vista da tradição e das exigências legais para credenciamento, verifica-se um padrão homogêneo nos perfis dos cerca de 170 cursos em funcionamento no Brasil. De modo a enfrentar e combater tais problemas e distorções, o Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas definiu três grandes temas que norteiam seu Projeto Pedagógico: “Arquitetura e Inclusão”, “Arquitetura e Sustentabilidade” e “Arquitetura e Construção”. A combinação desses princípios norteadores na organização das disciplinas e da base físico-material do Curso imprimelhe um caráter específico ao mesmo tempo em que garante o cumprimento das prescrições das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo (Resolução 28 Arquiteta urbanista. Mestre em Geografia (Organização Humana do Espaço); Doutora em Geografia (Tratamento da Informação Espacial). Chefe do Departamento e Coordenadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas. Professora adjunto III do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas. jeanne@pucminas.br; (31)33194291. Avenida Dom José Gaspar 500, prédio 47. Coração Eucarístico. Belo Horizonte, MG. CEP 30535-610. 29 Arquiteto urbanista. Mestre em Arquitetura e Urbanismo (Teoria e Prática do Projeto de Arquitetura e Urbanismo). Doutor em Educação. Membro do Colegiado do Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas. Professor adjunto III do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas. ro@pucminas.br; (31)33194291. Avenida Dom José Gaspar 500, prédio 47. Coração Eucarístico. Belo Horizonte, MG. CEP 30535-610. 30 O presente artigo foi elaborado com base no documento do Projeto Pedagógico do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, aprovado em maio de 2008, cuja elaboração esteve a cargo da seguinte equipe de professores: Daniele Nunes Caetano de Sá, Jeanne Marie Ferreira Freitas, Leonardo de Araújo Pereira, Lygia Prota, Mário Lúcio Pereira Júnior e Roberto Eustaáquio dos Santos


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

77

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

nº 6 da SESU-MEC, de 2 de fevereiro de 2006) e das atribuições profissionais definidas pela Resolução 1.010 do Sistema CONFEA-CREAs. A partir desses temas construiu-se uma estrutura curricular que possibilita aos estudantes experiências mais próximas da realidade, bem como, uma maior autonomia na seleção de temas e abordagens, especialmente, aqueles relacionados à habitação, à recuperação de áreas urbanas degradadas, aos projetos participativos e a um sólido conhecimento técnico-construtivo, estreitamente relacionado às práticas de canteiro de obras.

Canteiro de Obras e Escola de Formação de Mão-de-Obra A opção por trazer para dentro do curso a experiência prática da construção, associada à sustentabilidade e à inclusão social, determina ao ambiente do Canteiro de Obras não somente o estabelecimento de uma mentalidade inclusiva e a preocupação com a produção sustentável do espaço construído, como também a ampliação da consciência acerca da lógica de produção do espaço, especialmente nos aspectos da organização do trabalho nos canteiros e do papel do projeto na cadeia produtiva da construção civil. A presença de um canteiro de obras numa escola de arquitetura e urbanismo representa, hoje, a possibilidade de ir de encontro às distorções típicas do ensino atual, muito afastado da produção efetiva do espaço construído. Além disso, a criação do Canteiro de Obras, associado a uma Escola de Formação de Mão-de-Obra, visa fomentar a circulação dos diversos tipos de conhecimento que envolvem a produção do espaço construído, desde o conhecimento erudito de caráter teórico até o conhecimento prático da construção propriamente dita, passando pela concepção de projetos e planos. Pretende-se que a convivência dos trabalhadores da construção civil com estudantes e professores da graduação seja frutífera para todos. Por um lado, a formação profissional dos trabalhadores propicia o aprimoramento de seu desempenho profissional e o reposicionamento de suas condições de trabalho e inserção social, com conseqüente melhoria de seu nível de vida; por outro lado, os estudantes têm a possibilidade de se aproximarem da realidade a partir da experiência prática com técnicas construtivas, organização do trabalho e demais problemas relacionados com a produção do espaço construído. O Canteiro de Obras é um campo fértil para as práticas extensionista e investigativa, para a experimentação com técnicas construtivas e materiais de construção, e para a reflexão crítica acerca da produção do espaço, criando alternativas de trabalho docente no âmbito da pesquisa e da extensão. Um embrião do Canteiro de Obras e da Escola de Formação de Mão de Obra já vem funcionando junto ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas desde 1998, por meio da realização de cursos de formação profissional, ministrados por estudantes de graduação sob a coordenação de professores e egressos do próprio Curso. Já foram realizadas onze edições do curso “Fundamentos da Construção”, em parceria com a Ação Social e Política Arquidiocesana, dentro do Programa “Construção e Cidadania” dirigidos aos movimentos de moradia da Região Metropolitana de Belo Horizonte; três edições do curso “Oficial de Obra-Bruta”, dentro do “Programa de Reintegração Social de Egressos” da Superintendência de Prevenção à Criminalidade (SPEC) da Secretaria de Defesa Social do Estado de Minas Gerais (SEDS), para egressos do sistema prisional; e também, uma edição do curso “Alvenaria Estrutural” para treinamento de operários da construtora MRV Engenharia (em andamento).

Aspectos do Canteiro de Obras (Campus Coração Eucarístico da PUC Minas, em Belo Horizonte) durante as aulas práticas e teóricas de alvenaria estrutural do Curso Oficial de Obra Bruta, do Programa Construção e Cidadania, para egressos do sistema prisional de Minas Gerais. Fotos cedidas pelo Escritório de Integração do Curso de Arquitetura e Urbanismo.

78


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

79

Para além dos já citados, pretende-se promover cursos seqüenciais anuais de formação profissional básica em diversos níveis: oficiais de obra bruta, de acabamentos, de instalações prediais, serralheiros, carpinteiros, mestres encarregados, objetivando, sempre, contribuir para alterar positivamente o quadro de desqualificação profissional que caracteriza a construção civil brasileira. Desse modo, busca-se não só habilitar trabalhadores para operar os instrumentos da produção efetiva do espaço construído, como também formar sujeitos capazes de compreender o sistema de produção e suas contradições e de reconhecer e intervir positivamente nos problemas ambientais correlatos. Ademais, esses cursos cuidarão de informar seus alunos sobre as questões relativas a emprego, financiamentos, regularização fundiária e outras ações básicas produtoras de cidadania e de inclusão.

80

A arquitetura da participação popular e a participação popular arquitetando o espaço: Uma proposta para do Município de Entre Rios, Brasil.

Autora: Liliane F. Mariano da Silva, graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia, Doutora em Urbanismo pela Universidade Paris III, professora e coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo e professora pesquisadora do Programa de Pós Graduação

Importa reiterar que o Canteiro de Obras, como um ambiente de ensino e aprendizagem por excelência, para além do suporte às atividades de ensino, pesquisa e extensão do Curso de Arquitetura e Urbanismo, busca reabilitar o valor do trabalho, a partir da circulação do conhecimento decorrente da observação e da experimentação. Dessa forma, busca-se consolidar o Canteiro de Obras como um espaço pedagógico de confluência entre teoria e prática, produção, sistematização e difusão ampla de conhecimento. Esta proposta traz embutida a possibilidade, para os arquitetos urbanistas, ora em formação universitária, de uma necessária reaproximação entre as instâncias de concepção de projetos e execução de obras. A revisão e a ampla distribuição do conhecimento acerca da construção, nos âmbitos histórico, teórico e prático podem vir a ser uma mola propulsora para a compreensão e transformação de nossa realidade, e sua evolução pode significar a requalificação ambiental de nossas cidades e a possibilidade do trabalho livre no âmbito da construção.

em Desenvolvimento Regional e Urbano – PPDRU da Universidade Salvador – UNIFACS, e professora do curso de Urbanismo da Universidade do Estado da Bahia-UNEB; Instituição: Unifacs; Avenida Visconde de Itaboraí, nº. 97 – Amaralina, Salvador, Bahia, Brasil. Cep: 41900-000 tel. 55-71-33447255. E-mail: liliane@lognet.com.br

Resumo Os séculos XIX e XX foram marcados por grandes mudanças tecnológica, sócio-econômica e política que influenciaram profundamente na configuração do território urbano. Como resultado dessas “novas” ordens surge na Europa os primeiros estudos urbanos, constituindo assim o ‘Urbanismo’, que muito influenciou o planejamento das cidades latino-americanas. Mas recentemente, com os processos de globalização e democratização, visto em um cenário neoliberal, as instâncias governamentais e a universidade – esta última responsável pela formação do pensamento técnico-científico de um país - vêm-se obrigados a rever os paradigmas do urbanismo, do planejamento urbano. No Brasil, a aprovação do Estatuto da Cidade institui o processo do planejamento participativo, ao tempo que vincula o Plano Diretor à gestão municipal através de instrumentos jurídicos. O Plano deixa de ser um “resultado acabado” para tornar-se um instrumento de um processo de constantes revisões, com a participação da sociedade civil organizada. O presente estudo tem como objetivo apresentar os resultados dos desafios travados pelo NEPAUR, vinculado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Salvador, no desenvolvimento da Adequação do Plano Diretor de Entre Rios às exigências do Estatuto da Cidade. Palavras Chave: Planejamento do Espaço, Planejamento Participativo; Planejamento Urbano.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

81

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

82

por parte dos segmentos populacionais de menor poder aquisitivo. Segundo a o jornal A Folha de 1. Reforma Urbana e o Estatuto da Cidade

A urbanização no Brasil ficou evidenciada com o acelerado processo da migração da população rural para as cidades. Cerca de 20% da população no início do século XX vivia no campo e, a partir da segunda metade, até o final do século XX, confirma-se a inversão desta distribuição, ou seja, 81,22% da população total, em 2000, passou a viver nas cidades (IBGE, 2000). Diversos fatores contribuíram para o acelerado processo migratório campo-cidade, dentre eles o regime fundiário da propriedade rural concentrada em poucas pessoas, a sua mecanização, a monocultura, a oferta de serviços e infra-estrutura públicos de melhor qualidade nos centros urbanos, o aumento da taxa de natalidade, além do processo de industrialização induzido pelo Plano de Metas do Governo Federal dos anos 60.

A estimativa do último Censo realizado pelo IBGE (2000) é de que cerca de 138 milhões de pessoas vivem nas cidades brasileiras. Paralelo a este fato ressalta-se que as administrações municipais não estavam preparadas do ponto de vista de infra-estruturação da gestão e da política fiscal (disponibilidade orçamentária) para investir nesse processo de construção da cidade. A acomodação dos contingentes vindos da zona rural acompanhados da necessidade de trabalho, abastecimento, mobilidade, saúde, saneamento básico, lazer, etc. deu-se de modo precário e na maioria das vezes marginal às normas e regras de urbanização instituídas pelo poder público sem obedecer à legislação urbanística, sem a participação governamental, e sem o apoio técnicofinanceiros.

As intervenções urbanas governamentais do início do séc. XX por estarem centradas, principalmente, nas obras de saneamento para eliminação das epidemias e para o embelezamento urbanístico nas áreas centrais das cidades, fomentaram o aparecimento do mercado imobiliário de acumulação capitalista nas áreas melhor equipadas pelo próprio estado.

São Paulo (2007) em julho de 2007 foi reconhecido que o déficit habitacional do país é da ordem de 12,4 milhões de pessoas vivendo em condições precárias em 3,2 milhões de domicílios.

Diante de tal realidade, em 2001 foi aprovada pelo congresso a Lei Federal Nos 10.257 melhor conhecida por Estatuto da Cidade cujo conteúdo reúne parte da valiosa experiência desenvolvida em muitas das cidades brasileiras, concentrando e aperfeiçoando em um só documento o principal marco jurídico para o exercício e aplicação do Direito Urbanístico preconizado na Constituição Federal de 1988. Além de exigir a obrigatoriedade de elaboração de Plano Diretor para os municípios, principalmente os com mais de 20.000 habitantes é incorporada à exigência de participação da população possibilitando o embate político entre autoridades, políticos, técnicos, moradores, empreendedores e proprietários fundiários num ambiente em que se externalizam o nível de poder entre as personagens que constroem o cotidiano da cidade.

Para os planejadores a regulamentação dos instrumentos de política urbana contida no Estatuto da Cidade aponta para um patamar que vem operacionalizar muitas das diretrizes espaciais, mesmo porque o Plano Diretor deve incluir parte dos mesmos nas recomendações ou diretrizes. Um instrumento que merece nossa atenção é o que estabelece a oferta, por parte do estado, da assistência técnica e jurídica gratuita para os grupos sociais menos favorecidos. Este instrumento encontra-se em debate no Congresso Nacional visando a regulamentação no nível do poder federal, embora algumas cidades já tomaram iniciativas, assim como, é exigência a oferta desse serviço nas escolas e faculdades de arquitetura e urbanismo.

Um outro aspecto da importância do Estatuto da Cidade foi a criação do Conselho das Cidades em nível nacional, de caráter deliberativo e consultivo, instalado em 2004, composto por 86 membros titulares escolhidos pelas mais diversas entidades para um mandato de dois anos. Tem por finalidade estudar e propor diretrizes para a formulação e implementação da política nacional de desenvolvimento urbano e aperfeiçoamento dos dispositivos do Estatuto da Cidade. A cada dois anos é realizada a Conferência Nacional das Cidades que possibilita o direcionamento e avaliação das políticas públicas na questão do desenvolvimento urbano e rural do país. No nível

Por outro lado o esforço em dotar as cidades de planejamento urbano compreendeu a elaboração do Plano Diretor e a criação de órgãos municipais de planejamento ou urbanização com a contratação de arquitetos. Nesses planos, a questão espacial, necessária para o ordenamento das cidades, através de normas e parâmetros urbanísticos, dificilmente poderiam ser atendidas

de cada estado brasileiro vem sendo instalados os Conselhos Estaduais das Cidades e, também, em nível municipal.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

83

2. A Universidade Salvador e o Plano Diretor de Entre Rios: uma experiência pedagógica Mas recentemente, com os processos de globalização e democratização, visto em um cenário neoliberal, as instâncias técnicas, governamentais e as universidade – esta última responsável pela formação do pensamento técnico-científico de um país - vêm-se obrigados a rever os paradigmas do urbanismo, do planejamento urbano. A Universidade Salvador (UNIFACS), representada pelos cursos de Arquitetura e Urbanismo e o Mestrado de Análise Regional, através de um financiamento do Ministério das Cidades e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) com o apoio de alunos do curso de Urbanismo da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), está concluindo a adequação, ao Estatuto da Cidade, do Plano Diretor Urbano de Entre Rios elaborado em 2000. O ensino de planejamento urbano e regional nos cursos de arquitetura e urbanismo no Brasil, de acordo com as diretrizes curriculares o Ministério da Educação, deve possibilitar uma formação profissional onde os estudantes absorvam o domínio de técnicas e metodologias de pesquisa e a compreensão da produção do espaço urbano, metropolitano e regional. O segmento governamental e não governamental, a sociedade civil organizada, vêm encontrar nas escolas e

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

84

Atualmente, o Litoral Norte tem a agropecuária como elemento estruturador do quadro econômico regional, apesar deste quadro ter sido diversificado por outras atividades que se consolidaram com o passar do tempo - a exemplo do reflorestamento-, desarticulando as atividades tradicionais. As atividades turísticas, centradas na beleza das suas praias e na peculiaridade dos seus ecossistemas litorâneos (dunas, manguezais e lagoas), vêm acenar uma nova oportunidade de superação para o desenvolvimento econômico da região, desde que essas potencialidades naturais voltadas para o eco-turismo, sejam desenvolvidas mediante práticas conservacionistas de proteção de ecossistemas. Os impactos dessa nova atividade causaram mudanças no mercado de trabalho, gerando empregos na atividade industrial, alterando a composição social tradicional, bem como a estruturação urbana e regional. Segundo o Plano Diretor de Entre Rios elaborado em 2000, um outro problema evidente no município de Entre Rios é a fragilidade de sua economia, visto que, devido à proximidade de grandes centros urbanos, ele apresenta dificuldade para a consolidação de setores como o de comércio e serviços. Isso faz com que o município seja caracterizado pela baixa geração de empregos, fazendo com que o quadro de renda familiar, que já era crítico, recrudescesse.

faculdades de arquitetura e urbanismo o terreno propício para o debate crítico da prática da

Entretanto o Município aposta no seu potencial turístico para modificar o cenário atual. A inclusão

produção do planejamento urbano e regional influenciando o conteúdo programático da disciplina.

da região do Litoral Norte ao Programa de Desenvolvimento Turístico do Estado, elaborado por

Atualmente o ensino do Planejamento Urbano e Regional na UNIFACS vem se ajustando ao processo deflagrado pelo Estatuto da Cidade, onde é incorporado o item do contato direto com o

órgãos estaduais, e a construção da Linha Verde, abre-se definitivamente o litoral da Região para o incremento do turismo.

espaço e com os atores através de projetos de extensão. Assim, alunos e professores montam

Com a valorização das áreas litorâneas, instalou-se a especulação imobiliária descontrolada, bem

propostas de trabalho, e através de financiamentos desenvolvem planos, programas e projetos,

como ocupações irregulares que alteraram e destruíram ecossistemas importantes além da

trazendo para a sala de aula a discussão e reflexão sobre a teoria e a prática, enriquecendo o

implantação de grandes projetos com forte impacto sócio-econômico no Município. Observamos

processo didático. Neste sentido, apresentaremos em seguida a proposta elaborada para o

assim, que Entre Rios se depara com um quadro de crescimento econômico desarticulado da

Município de Entre Rios, ora em elaboração.

realidade sócio-cultural local, provocando efeitos negativos no quadro de degradação do seu meio ambiente natural e construído e consolidando as tendências de concentração de renda. Um dos grandes desafios está em aliar o desenvolvimento econômico com o desenvolvimento sustentável.

2.1 O município de Entre Rios O município de Entre Rios, com uma população de 43.650 habitantes (IBGE 2000) está localizado a 134 km de Salvador, capital do Estado da Bahia. O processo de ocupação da Região do Litoral

2.2 A proposta de Adequação do Plano Diretor Urbano ao Estatuto da Cidade

Norte sofreu a influência de fatos marcantes que culminaram na sua consolidação: a implantação

Em articulação com técnicos da Prefeitura de Entre Rios a equipe técnica multidisciplinar, formada

da estrada de ferro Bahia/ São Francisco no séc. XIX (desativada no séc. XX); a implantação dos

por professores e alunos, elaborou-se um Plano de Trabalho que propõe a condução do processo

campos de extração de petróleo e do CIA, nas décadas de 1950/60, dando início ao seu processo

de forma aberta e participativa, ampliando as possibilidades de ter o Plano Diretor Participativo

de industrialização; a implantação do COPEC e da política de reflorestamento, além da conclusão

(PDP) como instrumento indutor do desenvolvimento urbano, de ordenamento territorial e de

da BR 101, na década de 1970; e a implantação da Linha Verde (BA 099), na década de 1990,

garantia da função social da cidade.

ligando a região a Salvador e aos Estados do norte da Bahia.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

85

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

86

A Revisão do Plano tem seu marco zero na montagem de uma estrutura interativa de apoio logístico e operacionalização, expressa pelo curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Salvador e pelo Escritório de Entre Rios, vinculado ao Gabinete do Prefeito. Os trabalhos de revisão do Plano Diretor do Município de Entre Rios foram distribuídos em três fases de atividades: - A Fase de Leitura da Cidade: leitura Técnica e Comunitária; -A Fase da Elaboração da Versão Final do Plano Diretor do Município de Entre Rios; - e do Relatório de Legislação.

3.0 Considerações Finais A concepção básica de planejamento adotada na elaboração do PDP de Entre Rios esta filiada principalmente a abordagem Participativa. Entretanto, tomando como base as características mencionadas no documento é possível ainda fazer algumas reflexões sobre outros aspectos conceituais presentes no Plano. Em alguns estudos houve excesso de dados e informações, muito mais pela dificuldade de apreensão da metodologia geral adotada no trabalho pela equipe responsável do que por uma opção conceitual. Entende-se que desta maneira é possível comprometer a equipe técnica com o aprofundamento do conhecimento sobre as questões de maior importância dentro da ótica dos agentes sociais locais.

A fase de leitura Técnica foi desenvolvida através de levantamento, analise e consolidação de dados secundários e primários em Órgãos Federais, Estaduais e Municipais, dissertações e teses, e outros títulos, bem como levantados diretamente pela equipe através de entrevistas, realização de seminários, debates, observação direta, etc.

A opção metodológica incorpora a idéia de apreensão da realidade a partir do estudo das partes. Por isso utiliza-se estudos focalizados, tendo como temas tratados aqueles que são destacados

A fase da leitura Comunitária foi desenvolvida a partir do Plano de Mobilização e contou com a

pela sociedade como mais relevantes. Um outro aspecto dessa vertente é a noção de plano como

participação de cerca de 1.250 munícipes. Considerando a grande extensão territorial do

produção coletiva, resultado de processo participativo e democrático, aberto à pluralidade dos

município e o número considerável de distritos e povoados de Entre Rios optou-se por realizar

agentes sociais, sem privilégios para quaisquer segmentos sociais.

inicialmente reuniões locais, com representantes da sociedade civil organizada, comunidade urbana e rural, técnicos do poder executivo em nível municipal, estadual e federal, além de representantes do poder judiciário e legislativo. Visou-se assim assegura a participação da população de forma democrática e possibilitar à equipe técnica obter um conhecimento direto e mais aprofundado da realidade municipal. Aproveitou-se a oportunidade para fazer das reuniões locais um momento de sensibilização e convocação direta dos residentes para participação no Fórum a ser realizado em momento subseqüente às reuniões. No segundo momento, conduzido pela equipe técnica, com o resultado da primeira fase apresentou no Fórum Comunitário o resultado consolidado das Leituras os cenários e as proposições de desenvolvimento. O Fórum, planejado e organizados junto a Prefeitura Municipal de Entre Rios, definiu-se como um amplo processo de discussão com a comunidade local, onde foram identificadas, ratificadas e/ou retificadas as estratégias de desenvolvimento e os caminhos para alcançá-las, ou seja: as diretrizes, os programas, os projetos e as ações, bem como o modelo físico territorial capaz de sustentar tais propostas. E finalmente, com a aprovação do documento, pelo Fórum Comunitário, partiu-se para adequá-lo a uma linguagem jurídica. Com a conclusão do Relatório Final de Diretrizes e Legislação Urbanística, mais uma vez serão submetidos a Audiência Pública para aprovação e em seguida ao poder Legislativo.

Ressalta-se aqui que nem todo processo participativo é democrático. Algumas práticas de planejamento consideradas participativas, na realidade se restringem à consultas aos agentes sociais através de reuniões ou de entrevistas. Não é o caso da orientação dada a este Plano, que em todo o processo garantiu capacidade decisória dos envolvidos em todos os níveis de participação. A sugestão de se chegar a alternativas urbanísticas de caráter morfológico apesar de ser interessante, nem sempre é possível, pelas próprias especificidades da abordagem urbanística, que em geral demanda recortes e escala de apropriação do espaço diferenciados daquelas requeridas no planejamento urbano, ainda assim, apesar da carência material cartografia ou outros elementos gráficos que permitam simbolizar o espaço, chegou-se a definir diretrizes de natureza morfológica para as principais nucleações urbanas. Embora a linha normativa não possa ser considerada, a rigor, como uma vertente teórica, sendo mais um traço característico ou derivado da matriz compreensiva, entende-se que, diante da fragilidade do controle social das ações públicas e privadas e das práticas estatais baseadas no clientelismo e no favorecimento, a norma de certa forma municia a sociedade com instrumentos para se contrapor a essas práticas. O Plano, nesse sentido, deve assegurar aquilo que é essencial para a sociedade no sentido de buscar os direitos previstos na política urbana, considerando as especificidades locais. E é nessa linha que se trabalhou neste Plano Diretor Participativo, optando-se por definir o zoneamento básico da ocupação, com diretrizes específicas para áreas especiais (ZEIS, áreas de preservação


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

87

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

permanente, etc.) e adotar o conceito de uso integrado. (Relatório Preliminar do PDP de Entre Rios, 2007, s/p).

Integração Graduação – Pós-Graduação

assume hoje e especificamente nos municípios situados nas áreas de proteção ambiental, e a

Articulação entre o Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo e o Departamento de Urbanismo/ EAU/UFF

premissa de incorporar necessariamente essa dimensão ao planejamento, acredita-se que a

Maria de Lourdes P. M. Costa

Quanto à vertente ambientalista, considerando a importância que a problemática ambiental

88

ênfase a essa variável deve ser dada pela própria realidade do Município e pelo grau de

Arquiteta e Urbanista - Professora Adjunta / UFF Chefe do Departamento de Urbanismo / EAU Professora do Programa de Pós-Graduação ARQ URB Universidade Federal Fluminense o Rua Custódio Serrão, 14 Apt 101, Lagoa, CEP 22470-230 - Rio de Janeiro - RJ Tel: (21) 22866186 - E-mail: m.lourdescosta@terra.com.br

relevância atribuído pela sociedade (PDP DE PORTO SEGURO, 2006). Tem-se, por fim, a clareza sobre os possíveis desvios, inconsistências, e contradições conceituais e metodológicas presentes na rica experiência dos planos recentemente desenvolvidos, porém, isso indica primeiro, que todos os envolvidos amadureceram no longo percurso, compartilharam

Patrícia Fraga Rocha Rabelo

idéias, tomaram novas posições e contribuíram para a formação de futuros arquitetos-urbanistas e

Arquiteta e Urbanista – Professora do Curso de Mestrado ARQ URB Titular da Disciplina Didática Aplicada à Arquitetura Pós-Doutoranda – Programa de Pós-Graduação ARQ URB Universidade Federal Fluminense Rua Domingues de Sá, 370, aptº 1004 – Icaraí – Niterói- RJ Tel (21) 8549-4912 - E-mail: patfragarabelo@yahoo.com.br

para o avanço do planejamento urbano no Brasil e, segundo, que o contato com as diferentes realidades, inclusive políticas, impõe a revisão de conceitos e adaptações metodológicas. Se por um lado, o planejamento, como construção coletiva pode estar indo por caminhos mais sólidos e democráticos, por outro os profissionais de arquitetura e urbanistas, em formação, são orientados a pensar o espaço a partir da problemática real e multidisciplinar, adotando uma postura ética que adota como principio a cidadania (PDP DE PORTO SEGURO, 2006).

Resumo A proposta do trabalho é estimular uma reflexão sobre as possibilidades de integração entre os cursos de graduação e pós-graduação das unidades de ensino, a partir de experiência em curso desde 2006, segundo articulação que ocorre entre o Mestrado ARQ URB e o Curso de formação

Referências

da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense. Ela explicita as

BRASIL. MINISTÉRIO DAS CIDADES. Plano diretor participativo: guia para elaboração pelos municípios e cidadãos. 2ª. Ed. Brasília: Ministério das Cidades/CONFEA, 2005.

diferentes modalidades para a efetivação de estágio docente que, no caso, encontra-se na base

BRASIL. MINISTÉRIO DAS CIDADES. SECRETARIA NACIONAL DE PROGRAMAS URBANOS. Plano Diretor Participativo/ Coordenação Geral de Raquel Rolnik, Benny Schasberg e Otilie Macedo Pinheiro – Brasília: Ministério das Cidades, dezembro de 2005 – 92 p.

diferentes disciplinas da graduação, com rebatimento no aperfeiçoamento do ensino e da

COMISSÃO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Diagnóstico rápido participativo: manual de técnicas. Compilado por Martin Whiteside. Moçambique, 1994.

adequação da complementação da pós-graduação no nível de mestrado, na busca do projeto de

JORNAL A FOLHA DE SÃO PAULO. São Paulo – 14.07.2007.

graduação sobre o contexto em se desenvolve a pós-graduação, com seu programa, métodos,

MC/CNPQ/PMER. Relatório preliminar do Plano Diretor Participativo de Entre Rios (2007)

dessa viabilização, aborda aspectos desse tipo de

capacitação, aponta sua inserção em

pesquisa. Relata, então, mecanismos dessa integração, dá destaque à experiência da disciplina de integração criada entre os níveis de ensino da graduação e da pós-graduação. Defende a

se preparar verdadeiramente mestres, e facilita a oportunidade da informação aos alunos da

trabalhos de pesquisas e temáticas aprofundadas. Espera-se, com isto, inspirar outras Escolas, tendo em vista os pontos positivos que verificamos no processo em pauta.

SEPLAN/ CAR/ PMER. Lei do Plano Diretor Urbano, fev. 2000. SEPANTEC/CAR/PMPS. Plano Diretor Participativo de Porto Seguro, 2006. www.ibge.gov.br

INTRODUÇÃO A desejada integração entre os cursos de graduação e pós-graduação das unidades de ensino vem sendo objeto de reflexão há algumas décadas. As idéias passaram por variadas discussões, entre tantas: a da rejeição de se ver a pós apenas como supridora de conteúdo da graduação, a


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

89

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

90

do apreender esses dois níveis de ensino apenas segundo diferentes ênfases no tratamento dos

professor e do aluno, a influência e importância das Novas Tecnologias da Educação (NTE) e das

campos de conhecimento. Sua importância vem sendo abordada também como esteio de

Novas Tecnologias da Informação (NTI) voltadas à Arquitetura, Urbanismo e Construção.

comprometimento social e, ainda, como garantia de participação de docentes mais titulados, que muitas vezes se encontram apenas dedicados à pós-graduação ou à efetivação de suas práticas didático-pedagógicas conjugadas somente em função do maior aprofundamento de suas (digamos) especializações (ABEA, 1993).

Durante um semestre e com uma carga horária de 60 hs, a disciplina de Didática além de introduzir os mestrandos nas questões teóricas do ensino-aprendizagem, possibilita experiências práticas de sala de aula, através de diferentes trabalhos e estratégias, presenciais e virtuais, onde aqueles podem exercer a teoria discutida. Acreditamos, como afirmam PIMENTA e ANASTASIOU

Levando-se em conta que a graduação se volta para o preparo profissional e a pós-graduação

(2002), que além do conhecimento técnico específico, os docentes precisam dominar

para o aperfeiçoamento do ensino e pesquisa e, também para a capacitação docente, outras

conhecimentos pedagógicos para um melhor aproveitamento das aulas por parte dele e,

visões são passíveis de perpassar essas finalidades: a possibilidade de se envolver alunos da

principalmente, pelos alunos.

graduação em linhas de pesquisa desenvolvidas na pós-graduação, com suas respectivas concretizações no âmbito dos programas de Iniciação Científica, apoiados por bolsas mantidas por órgãos de fomento, além de, entre outros, estimular as atividades organizadas, como seminários e outros eventos, com divulgação interna e externa aos muros dos campi, mediante preparo de publicações, e pela busca da socialização dos resultados obtidos, da capacitação científica e acadêmica, dos corpos docente e discente, das universidades públicas e privadas do

Nessa disciplina, os alunos preparam as aulas e as ministram, seja para seus colegas ou para classes de graduação, juntamente com seus orientadores de dissertação. Ou elaboram cursos de extensão, que podem ser apresentados à universidade e serem implementados (a exemplo de curso montado pelos alunos do primeiro semestre de 2008, ora em fase de revisão e ajuste, para ser encaminhada e aprovado pelo Colegiado da Escola).

País, seja na escala local, na da inserção regional ou na instância nacional, dos Centros, Escolas

Assim, ao finalizar o semestre de Didática, o mestrando está capacitado a solicitar, junto ao

ou Faculdades de Arquitetura e Urbanismo.

Mestrado participação na atividade de Estágio Docente, que será realizada sempre com a

Com o intuito de relatar um dos mecanismos de integração entre graduação e pós-graduação,

orientação do professor titular da disciplina em questão.

este artigo apresenta a experiência do Estágio Docente, e dá foco na disciplina Estudos Urbanos

Cabe ressaltar que o Estágio Docente surgiu no segundo semestre de 2006, a partir do intento da

e Regionais I, nesse processo de integração entre esses dois (2) níveis de ensino, no âmbito da

Coordenação do Programa de Pós-graduação, e a abertura dada sobretudo pelo Departamento

Escola de Arquitetura e Urbanismo (EAU) da Universidade Federal Fluminense (UFF).

de Urbanismo, e também devido às discussões entre os alunos do mestrado, especialmente das

Acreditamos que a apresentação e discussão dessa experiência seja enrriquecedora para os debates no âmbito do Ensino de Arquitetura e Urbanismo, bem como para aqueles relacionados à

solicitações dos alunos da disciplina de Didática, que sentiam a necessidade de uma maior prática docente enquanto mestrandos, para maior consolidação da experiência didático-profissional.

formação docente nessas áreas. E pode ainda servir de inspiração para outras Escolas, seguindo

Assim, no início de cada período letivo, antes da matrícula do Mestrado, os professores

os pontos positivos que verificamos ao longo das atividades.

responsáveis por disciplinas da graduação em Arquitetura e Urbanismo da EAU/UFF que demonstram interesse, acreditam e se dispõem a fazer essa integração Graduação-PósGraduação, disponibilizam vagas de Estágio Docente nas suas disciplinas para que os alunos do

1. A CAPACITAÇÃO PARA O ESTÁGIO DOCENTE

mestrado se candidatem (no caso de ter mais de um aluno e apenas uma vaga de Estágio, o

O preparo para o estágio docente no Mestrado em Arquitetura e Urbanismo da UFF é precedido

próprio professor é quem faz a seleção, ou, em alguns casos, abre espaço para que ambos

por uma disciplina optativa do curso, porém obrigatória para os alunos bolsistas, de título Didática

possam participar).

Aplicada à Arquitetura, esta com início em 2006. Esta disciplina orienta os mestrandos, futuros professores, quanto a aspectos pedagógicos (montagem de estrutura de um curso/disciplina, elaboração de ementa, objetivos, estratégias, avaliação etc.). Visa, ainda, discutir as tendências

Desde o segundo semestre de 2006, algumas disciplinas tiveram oferta de vagas para Estágio

atuais sob uma visão prospectiva do processo ensino/aprendizagem, analisando os papéis do

Docente. Entre elas: ) Estudos Urbanos e Regionais I e II


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

91

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

92

) Infra-estrutura urbana

Em final de 2006, para não ficar somente na expectativa de vagas para Estágio Docente

) Planejamento e Controle

oferecidas por professores isolados, de disciplinas da Graduação, foi criada a disciplina Estudos

) Projeto Arquitetônico II e IV

Urbanos e Regionais I, vinculada ao Departamento de Urbanismo da EAU/UFF, com o objetivo de

) Projeto de Paisagismo

receber todo semestre, alunos do mestrado, Estagiários-Docentes, cujas temáticas de pesquisa

) Teoria e História da Arquitetura II

de dissertação ou profissional estivessem vinculadas aos temas abordados pela disciplina.

) Viagem de Estudos I e II De fato, algumas disciplinas vêm recebendo estagiários-docentes desde 2006, como é o caso de Projeto de Paisagismo e Teoria e História da Arquitetura II. Em todos os períodos, entretanto, observa-se que o número de vagas oferecidas para Estágio é superior ao número de alunos disponíveis para tal. Isso ocorre, principalmente, porque o período do mestrado é de dois (2) anos

A participação em pesquisa é importante, para que o professor atualize seus conhecimentos, e sua formação propicie a investigação, orientação e coordenação das atividades junto aos alunos, como vem sendo desenvolvido nessa disciplina de Estudos Urbanos e Regionais I (BAZZO et al, 2008; RABELO et al, 2008; MASETTO, 2003; entre outros).

e os mestrandos normalmente só estão aptos a realizar o estágio a partir do terceiro semestre, o

Sua criação se fundou na necessidade de se preparar mestres para as atividades de sala de aula,

que coincide com a fase corrida de finalização da dissertação.

somando-se à prática didático-pedagógica aos conhecimentos acadêmicos mais focados na área

O Estágio Docente deve ser realizado no período letivo (um semestre), em disciplinas da Graduação. Sugere-se que a carga horária para essa atividade não ultrapasse quatro (4) horas semanais, de modo a não prejudicar o mestrando na realização da sua pesquisa e dissertação. O

do Urbanismo. Por esse motivo a ementa da disciplina é bem abrangente e possibilita que seja ajustada a cada período, de acordo com os temas propostos pelos Estagiários e discutidos com as professoras titulares e supervisoras da disciplina.

Estagiário-Docente deve estar envolvido desde o planejamento da disciplina onde vai atuar,

Assim, essa disciplina vem se realizando há quatro (4) semestres, segundo módulos ministrados

participando juntamente com o professor titular da mesma, na discussão de conteúdo e

por mestrandos, com suas pesquisas em estágio avançado e/ou com prática profissional

estratégias de aula e avaliação. Cabe ao professor titular orientar o Estagiário-Docente nas suas

vinculada a alguma área de conhecimento dentro da formação. Conta a disciplina com a atuação

atividades dentro da disciplina, nos momentos em que irá ministrar aulas, acompanhar trabalho

de suas autoras, então supervisoras, professoras da graduação e da pós-graduação, que auxiliam

dos alunos ou realizar avaliações.

nas etapas que vão desde a formatação do curso a ser dado, à inserção adequada das temáticas,

Como produto do Estágio, o mestrando precisa apresentar um Relatório Final que contemple todas as atividades por ele realizadas, acompanhado de uma análise crítica do estágio e da

e preparo na elaboração dos planos de aula, até o acompanhamento de cada aula. Os comentários são feitos diretamente com os mestrandos no final desta.

importância que a disciplina de Didática Aplicada tenha ou não exercido na sua atuação de

Um outro ponto importante nessa experiência de variação de temáticas ligadas aos estudos

Estagiário-Docente. Esse relatório tem o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do

urbanos e regionais é a possibilidade de trabalhar com os alunos temas pouco ou nada vistos

mestrando e re-avaliar constantemente a disciplina, requisito da Didática.

durante a graduação, mas importantes para a formação do arquiteto e urbanista. Entre os temas

Como forma de validar e avaliar o Estágio, o professor titular da disciplina deve apresentar um Relatório sucinto também, que será anexado junto ao relatório do mestrando. ficando registrado como documento da atividade.

abordados recentemente, podemos destacar Transporte e sistema viário, e Mobilidade urbana e, mais recentemente Acessibilidade, nos termos divulgados pelo Ministério das Cidades, em parceria com a ABEA, cujo trabalho vem sendo realizado junto às Escolas.

O estágio preparou, até o presente, 10 mestrandos e mais de 150 alunos de graduação, entre todas as disciplinas que tiveram a atuação do Estagiário-Docente, com perfil de diferentes

Como feed-back dos estagiários-docentes, percebemos uma crítica bastante positiva no sentido

períodos, mas assimilados por discentes que estão matriculados entre o 4º e o 9º período do

de poderem exercitar a prática docente e vivenciar dificuldades iniciais nessa prática, que vão

curso regular de graduação em Arquitetura e Urbanismo da EAU/UFF.

sendo trabalhadas e solucionadas no decorrer do período. Eles apontam ainda como aspecto positivo a possibilidade de melhorar a atuação, desenvoltura, postura profissional, avaliação de seus limites e qualidades, superação de desafios, entre outros (BENTES, 2007; COUTO, 2007;

2. A DISCIPLINA DE INTEGRAÇÃO GRADUAÇÃO – PÓS-GRADUAÇÃO

SANTOS, 2007, TEIXEIRA, 2007).


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

93

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

94

UMA PROPOSTA DE CONEXÃO

Cabe salientar que a disciplina em foco configura uma das formas de estágio docente, presentes no curso de mestrado, que são: a) participação do mestrando em diferentes disciplinas da

ENTRE TEORIA E PRÁTICA DO PROJETO

graduação, com aulas dadas sob forma de palestras, b) contribuição mais efetiva nas disciplinas, no caso do mestrando ficar responsável por até um terço (1/3) das aulas de um das disciplinas da

- relacionando pesquisa e ensino na graduação em arquitetura e urbanismo -

grade horária da graduação, estas sendo sempre acompanhadas pelos professores titulares, c) participação em módulos, nos termos da disciplina em destaque. Maristela Moraes de Almeida Em síntese, valeria ainda destacar a ação de mão dupla: de um lado a adequação da complementação da pós-graduação no nível de mestrado, treinando e qualificando o aluno para o

Arquiteta, Dra., Professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Unisul Universidade do Sul de Santa Catarina

exercício docente; e de outro lado, permitindo a oportunidade dos alunos de graduação manterem

mar@linhalivre.net

contato com a pós-graduação, seja em relação ao seu programa, método de trabalho e de pesquisas e temáticas trabalhadas. 4. REFERÊNCIAS .ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO – “Relatório das Discussões”. Anais Seminário Nacional de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Florianópolis: ABEA, maio de 1993. BAZZO, W.A; PEREIRA, L.T.V e LINSINGEN, I.V. Educação Tecnológica. Enfoques para o ensino de Engenharia. 2ª edição revisada e ampliada. Florianópolis: Ed. Da UFSC, 2008; BENTES, Júlio Cláudio. Relatórios Estágio Docente na disciplina Estudos Urbanos e Regionais I. Niterói: UFF, 2007. COSTA, Aline Couto. Relatórios Estágio Docente na disciplina Estudos Urbanos e Regionais I, agosto de 2007. MASETTO, M. T. “Docência Universitária: repensando a aula”. In: Antonio Teodoro; Maria Lucia Vasconcelos;. (Org.). Ensinar e Aprender no Ensino Superior. São Paulo: Cortez Editora e Editora Mackenzie, 2003. PIMENTA, S.G. e ANASTASIOU, L. G.C. Docência no Ensino Superior. São Paulo: Cortez, 2002. RABELO, P.F.R., ZAPLA, L.S. e AMORIM, S.R.L. de. “A realidade do setor da construção civil e o desafio dos docentes das engenharias”. In: Anais.do XVIII COBENGE – Congresso Brasileiro do Ensino de Engenharia. São Paulo, 09 a 12 de setembro de 2008; SANTOS, Aline Lima. Relatórios Estágio Docente na disciplina Viagem de Estudos II, 2007. TEIXEIRA, Claudia Barbosa. Relatórios Estágio Docente na disciplina Estudos Urbanos e Regionais I, 2007.

RESUMO Considerando a conexão entre teoria e prática do projeto fundamental na formação do arquiteto especialmente quando emerge como condição de adequação arquitetônica, a necessidade de soluções habitáveis e sustentáveis –, apresenta-se aqui uma experiência de ensino que busca fundamentar as decisões projetuais, a partir da

observação e análise do uso de ambientes

existentes, relacionando a realidade investigada com aporte teórico pertinente. Nesta interface entre pesquisa, teoria e o projeto, apresenta-se uma estratégia experimental que tem sido implementada entre 2005 e 2008 na graduação em Arquitetura e Urbanismo. Pretende-se que os resultados contribuam para a concepção arquitetônica durante o decorrer da formação acadêmica e que possam ser verificados nos trabalhos finais de curso. Espera-se, através desta prática de ensino-aprendizagem, fundamentar a prática do projeto numa primeira instância, e em nível mais avançado, fomentar o espírito investigativo dos acadêmicos para a produção de conhecimento no âmbito do projeto, através da pesquisa. Palavras-chave: ensino de arquitetura; habitabilidade; teoria do projeto; sustentabilidade.

Justificativa e objetivos Visando apresentar e discutir uma prática de ensino com pesquisa, que utiliza procedimentos de avaliação inter-unidades curriculares e busca elementos para uma estrutura metodológica reconectora entre saber e fazer, descreve-se esta experiência que vem sendo realizada no ensino


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

95

96

de Arquitetura e Urbanismo. Participaram deste processo cerca de 150 alunos de graduação, nos

arquitetônica para dado tema. Esta atividade, situada na interface entre teoria e projeto, procura

anos de 2005, 2006, 2007 e 2008.

orientar o reconhecimento e formulação de correspondências, produzir conexões para viabilizar

A presente estratégia busca evidenciar as conexões entre pesquisa, teoria e proposta projetual,

uma arquitetura habitável e sustentável.

estabelecendo uma integração entre unidades curriculares de teoria e de projeto arquitetônico,

Nesta relação entre observação e teoria, mediante um processo compreensivo, e na transposição

introduzindo a metodologia no início do 2º ano da graduação – quando iniciam-se as unidades

deste saber para uma proposta projetual, concentra-se o esforço de conhecimento do aluno. As

curriculares de projeto - e retomando-a no 9º ano, quando os alunos definem seus temas de

inferências realizadas serão norteadoras das decisões que ele irá tomando durante a composição

Trabalho de Curso. Esta prática vem permitindo observar avanços no aproveitamento dos alunos,

arquitetônica: características de implantação, de orientação, de sistema construtivo, estrutural, de

facilitando e fortalecendo a correspondência entre embasamento teórico e prática projetual.

materiais, de conformação dos planos e superfícies, cores, equipamentos, sistemas de controle

Propondo realizar, como estudo preliminar ao projeto, um estudo de caso em ambiente com

ambiental, dimensões, arranjos, etc.

características similares ao tema a ser projetado, incentiva-se de fato uma investigação sobre o

A aplicação da metodologia atua sempre com foco no tema em que o aluno irá desenvolver sua

programa e sua viabilização edificada. A ênfase concentra-se na verificação das condições de

proposta projetual. Os objetivos são monitorados através dos processos avaliativos realizados

habitabilidade do ambiente arquitetônico, com foco na relação ser humano-ambiente. Esta relação

durante o semestre, que procuram conduzir o aprendizado no compasso necessário ao

é analisada também pela ótica da ecologia e seu rebatimento em requerimentos sustentáveis. A

desenvolvimento do projeto.

conseqüente construção crítica do programa, na atividade projetual, refletirá as atividades humanas pertinentes àquele tema, as quais serão referências para a elaboração compositivaformal. Esta atualização do programa e sua verificação in loco estabelecem uma conexão com o

Os objetivos específicos consistem em: x

contemporâneo, permitindo costurá-lo com os recursos ambientais e tecnológicos. Permite também sua ampliação, de modo a prover lugar tanto para necessidades como para anseios e

x

também seu detalhamento em função das capacidades e potencialidades humanas em termos psicofísicos.

ecológico) precisam ser consideradas de forma integrada na arquitetura.

Conhecer conceitos e técnicas de estudo de caso para identificar as condições de habitabilidade e de sustentabilidade em ambientes existentes

x

Compreender as implicações dos elementos arquitetônicos a partir das interpretações teórico-empíricas, demonstrando saber propô-los de forma adequada no projeto

O enfoque dado consiste em contemplar ao mesmo tempo os requisitos para habitabilidade e para sustentabilidade, pois entende-se que as relações entre ser humano e ambiente (conceito

Estudar determinado tema, compreendendo suas relações com o meio natural, construído e com seus habitantes

desenvolvido, bem como justificá-los textualmente x

Fundamentar as decisões projetuais - considerando as interações entre pessoas e ambiente - visando prover adequadas condições de habitabilidade e de sustentabilidade

Este método em experimentação é derivado de uma construção teórica mais abrangente, e inclui técnicas de avaliação onde a verificação de conflitos arquitetônicos (Malard, 1992) faz emergir a essência dos elementos que constituem determinado ambiente construído. Os conflitos

Procedimentos

arquitetônicos observados revelam necessidades humanas não atendidas nos ambientes em uso,

Para avaliar a aprendizagem e as habilidades que se espera desenvolver por este método, são

analisados nos estudos de caso. Estas necessidades são providas por elementos arquitetônicos

requeridas atividades de estudo de textos, debates, análise-piloto, estudos de caso, seminário

que precisam ser projetados com características que atendam a propósitos específicos conforme

com apresentação dos locais analisados e dos resultados obtidos, pesquisa sobre estratégias

as atividades requeridas.

projetuais para habitabilidade e sustentabilidade, e produção de memorial de intenções e

Por este raciocínio, a teoria busca sistematicamente na pesquisa de campo os fenômenos que a validam (Almeida, 2001). Através da interpretação do significado destes elementos o acadêmico

justificativo no início e no final do projeto, respectivamente. A avaliação do aproveitamento considera:

apreende fundamentos da teoria do projeto, desenvolvendo a capacidade de estabelecer relações, de realizar inferências entre a realidade pesquisada e a sua proposta de resolução

x

Qualidade das reflexões e da expressão verbal e gráfica

x

Coerência da abordagem com o enfoque teórico-metodológico


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo x

97

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

98

Consistência e pertinência da proposta projetual em consonância com os elementos

A variedade de locais analisados permite observar diversos problemas causados por elementos

teórico-práticos estudados

arquitetônicos mal providos ou ausentes, compreender os propósitos destes elementos e como conseqüência, inferir possibilidades de soluções e alternativas projetuais para eles.

As atividades seguem um roteiro estruturado conforme abaixo, o qual, sempre que necessário

Quando estas atividades ocorrem no início do curso (2º. ano), ao final do semestre o resultado

adapta-se a eventuais necessidades dos alunos e/ou das unidades curriculares.

gráfico e textual é apresentado tanto na unidade curricular de projeto, quanto na de teoria, sendo avaliado em ambas, com enfoque e formato pertinente a especificidade de cada uma das

1.

Apresentar um exemplo prático (de preferência elaborado por aluno mais avançado) da estratégia de pesquisa e a proposta projetual elaborada com base na interpretação teórico/empírica

2.

Definir e estudar determinado tema para estudo e proposta projetual;

3.

Identificar local(is) para estudo(s) de caso;

4.

Estudar conceitos e metodologia;

5.

Identificar e fazer levantamento do local para a intervenção arquitetônica;

unidades curriculares. Já quando aplicam-se no semestre imediatamente anterior ao trabalho final de curso, permite que o aluno tome contato com o tema que pretende trabalhar, tanto conceitual quanto empiricamente. O estudo de caso realizado, juntamente com uma pesquisa bibliográfica vai possibilitar desenvolver o Projeto de Pesquisa para o trabalho final de curso. No nosso caso, o TCC consiste em uma etapa de um semestre de estudos, pesquisas e levantamentos, e outra de mais um semestre para proposta projetual arquitetônica, de urbanismo ou de paisagismo.

6.

Fazer pesquisa-piloto;

Assim, o aluno realiza um trabalho integrado cujo valor se revela através da transformação

7.

Apresentar e discutir resultados do piloto com o grupo;

orientada e assistida de um saber que se converte em fazer.

8.

Realizar contatos para as visitas de campo;

9.

Fazer levantamento documental e situacional do local da pesquisa;

Considerações Finais

10. Elaborar um programa de atividades para a proposta projetual;

Pelos resultados obtidos através dos procedimentos aqui descritos observa-se o interesse

11. Organizar os instrumentos para registro dos elementos pesquisados;

crescente dos acadêmicos pela pesquisa. A forma como a teoria é compreendida neste processo -

12. Organizar no tempo e no espaço o trabalho de campo a ser realizado;

em conexão com dados empíricos - torna-os capazes de fundamentar seus projetos e a

13. Realizar as observações, registrando-as através de croquis, textos, fotografias, filmagens,

argumentar sobre as propostas projetuais que desenvolvem.

etc.; 14. Fazer a análise dos conflitos arquitetônicos observados; 15. Construir uma síntese, relacionando os elementos arquitetônicos, envolvidos nos conflitos, com os propósitos que deveriam atender; 16. Com base na pesquisa e na teoria estudada, elaborar Memorial de Intenções;

Entende-se que esta consciência é fundamental desde o início da formação, pois fomenta o espírito reflexivo, costurando-o com a prática projetual e possibilitando ao arquiteto exercer sua criatividade e propor inovações tanto em projetos específicos como na produção de conhecimento aplicáveis de forma mais genérica a outros projetos.

17. Desenvolver a proposta projetual; 18. Elaborar Memorial Justificativo demonstrando como as decisões projetuais foram fundamentadas pela pesquisa realizada e pela teoria compreendida.

Referências Bibliográficas

A estruturação dos conteúdos da disciplina contidos nestas etapas, permite integrar pesquisa e

ALMEIDA, Maristela Moraes de. Da Experiência Ambiental ao Projeto Arquitetônico – um estudo

teoria, oferecendo à prática do projeto, realizada em ateliê, fundamentação para o

sobre o caminho do conhecimento na arquitetura. Tese. Florianópolis, PPGEP, UFSC, 2001.

desenvolvimento das propostas gráficas dos alunos.

MALARD, Maria Lúcia. Brazilian low-cost housing: interactions and conflicts between residents

A elaboração dos memoriais funciona como suporte de registro e argumentação sobre os

and dwellings. Ph.D. Thesis. Sheffield: University of Sheffield, 1992.

elementos compositivos selecionados pelos acadêmicos, segundo sua interpretação do tema em

Bibliografia de Apoio

estudo. BLOOMER, Kent C. & MOORE, Charles W. Cuerpo, memoria y arquitectura. Madrid: H.Blume Ed. 1982.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

99

BOLLNOW, Otto Friederich. Hombre y Espacio. Barcelona: Biblioteca Universitária Labor.

100

A formação do arquiteto e as atribuições profissionais

BROADBENT, Geoffrey. Semiótica: una guia para el hombre comun a la theoria de los signos en arquitetura. Short-paper, 1983. ----------------------------. Standardization of the environment, meaning and comfort – Apostila do Workshop. 4º Congresso Latino-americano de Ergonomia. Florianópolis: Ufsc/Abergo, 1997. CARSALADE, Flavio Lemos. Arquitetura: interfaces. Belo Horizonte: AP Cultural, 2001. CHUPIN, Jean Pierre. As Três Lógicas Analógicas do Projeto. In: LARA, Fernando e MARQUES, Sônia (Orgs.), Projetar: Desafios e Conquistas da Pesquisa e do Ensino de Projeto. Rio de Janeiro: ECV, 2003. COHEN & RYZIN. Pesquisa em arquitetura. In: Snyder & Catanese (Eds.), Introdução à Arquitetura. Rio de Janeiro: Campus, 1984. COMAS, C. E. (Org.) Projeto Arquitetônico: disciplina em crise, disciplina em renovação. São Paulo: Projeto, 1986. DEL RIO, V., DUARTE, C. R. & RHEINGANTZ, P. A. Projeto do Lugar – colaboração entre psicologia, arquitetura e urbanismo. UFRJ, Coleção PROARQ. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2002.

POUSADELA, Miguel Angel (1); VIEIRA, Jorge Luiz (2) (1)

Arquiteto, Ms em Engenharia Civil – UFSC, Coordenador Pedagógico e Professor das disciplinas ‘Projeto de Arquitetura e Urbanismo VIII’ e ‘Tópicos Especiais em Projeto II’ – Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. Av. Universitária, 1105 - Bairro Universitário - C.P. 3167 - CEP: 88806-000 - Criciúma – SC. (48) 3431-2556. E-mail: miguelpousadela@hotmail.com (2) Arquiteto, Ms em Geografia – UFSC, Coordenador do Curso e Professor das disciplinas ‘Projeto de Arquitetura e Urbanismo VIII’, ‘Análise do Espaço Urbano e Regional’ e ‘Sistema de Infra-Estrutura Urbana’ - Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. Av. Universitária, 1105 - Bairro Universitário - C.P. 3167 - CEP: 88806-000 - Criciúma – SC. (48) 3431-2556. E-mail: jov@unesc.net

HERTZBERGER, Herman. Lições de Arquitetura. São Paulo. Editora Martins Fontes, 1999. MARTINEZ, Alfonso Corona Martínez. Ensayo sobre el Proyecto. Buenos Aires: Librería Técnica, 1998. MONTANER, Joseph Maria. Después del Movimiento Moderno - arquitectura de la segunda mitad del siglo XX. Barcelona: Gustavo Gili, 1995. MORIN, Edgar. A inteligência da complexidade. São Paulo: Petrópolis, 2000.

RESUMO O cenário de transformações rápidas e voláteis a que estamos sujeitos no mundo contemporâneo está a exigir uma nova forma de encarar os desafios por parte das instituições que lidam com o

NESBITT, Kate. Theorizing a New Agenda for Architecture. New York: Princeton Archit. Press, 1996.

ensino neste país. Muitos cursos estão tendo que rever suas matrizes curriculares por conta da

NORBERG-SCHULZ, C. Existência, espacio y arquitectura. Barcelona: Tuset, 1971.

Resolução CNE/CSE nº.06/2006. Esta Resolução, nas diretrizes gerais, mantém o caráter

OLIVEIRA, Beatriz. O que é arquitetura? In: ANAIS do Seminário Internacional – Psicologia e Projeto do Ambiente Construído (CD-ROM), Rio de Janeiro: UFRJ/FAU/EICOS, 2000.

generalista da formação do arquiteto e urbanista. Este trabalho procura trazer alguns

PAPANEK, Victor. Arquitetura e design – ecologia e ética. Lisboa: Edições 70, 1995.

de graduação possam cumprir com a formação generalista, tendo como parâmetro de carga

RAPOPORT, Amos. Origens Culturais da Arquitetura. In: Snyder & Catanese (Eds.), Introdução à Arquitetura. Rio de Janeiro: Campus, 1984.

horária mínima 3.600 horas. Também procura fazer um paralelo entre a Resolução nº. 06/2006 e

RASMUSSEN, Steen Eiler. Arquitetura vivenciada. São Paulo: Martins Fontes, 1998. ROAF, Susan, FUENTES, Manuel, THOMAS, Stephanie. Ecohouse - A casa ambientalmente sustentável. Porto Alegre: Bookman, 2006. RUDOFSKY, Bernard. Architecture without architects - a short introduction to non-pedigreed architecture. London: Academy Editions, 1981.

questionamentos e reflexões acerca das condições normativas estabelecidas para que os cursos

a Portaria 1.170/1994, para avaliar as principais mudanças e flexibilizações que a Resolução em vigor traz. Aborda ainda as implicações que a Resolução CONFEA/CREA nº. 1.010/2005 traz para o ensino de arquitetura e urbanismo na definição das possíveis atribuições profissionais e questionando se esta Resolução não induz a formatação de cursos com diferentes níveis de especialização, o que de certa forma contraria a Resolução 06/2006.

RUFINONI, M. R. Novos e velhos desafios no ensino de projeto arquitetônico – caminhos para a formação de uma consciência crítica. In http://www.cefetsp.br/edu/sinergia/4p11.html acesso disponível em 19/07/2005. SCHÖN, Donald. Educando o Profissional Reflexivo – um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

Palavras chave

STEVENS, G. The Reasoning Architect. New York: McGrow-Hill Book Company, 1990.

Matriz currícular, atribuição profissional, formação generalizante, formação especializante.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

101

102

INTRODUÇÃO

Formação generalizante x formação especializante

Vivenciamos, neste início de século, intensas transformações de ordem econômica, social, política

Uma comissão de especialistas do CONFEA-CREA, a partir da Resolução 1010/2005, está

e institucional, por conta do processo de globalização das atividades da economia mundial, com

elaborando uma matriz de conhecimento para a categoria da Arquitetura visando uma composição

reflexos diferentes para cada região do planeta. No campo do ensino e da preparação de massa

padrão para definição das atribuições profissionais dos egressos dos Cursos de Arquitetura e

crítica e profissional, capaz de enfrentar os novos desafios impostos por uma realidade mutante e

Urbanismo do Brasil. A Coordenadoria Nacional das Câmaras Especializadas de Arquitetura

volátil dos dias atuais, percebe-se todo um movimento, especialmente dos países mais

pretende, a partir da nova matriz, definir os conhecimentos necessários, complementares e

avançados, no sentido de reformulação das estruturas de produção e difusão do conhecimento

específicos e conteúdos considerados essenciais para a concessão das atribuições profissionais.

para a formação profissional. Neste processo, as várias áreas do conhecimento humano estão imersas e sujeitas aos seus impactos, pois as transformações mais profundas que estão sendo pensadas passam pela reestruturação do ensino superior. A Convenção de Bolonha, em curso nos países da Comunidade Européia, nos dão uma idéia do cenário que a Europa pretende traçar para o enfrentamento dos novos desafios. No Brasil, surge a proposta da Universidade Nova, com algumas semelhanças e muitas diferenças em relação à proposta da Carta de Bolonha.

Cabe, portanto, se discutir na raiz do problema, como a formação de profissional generalista deve ser ou não assegurada de acordo com o que está estabelecido pela própria Resolução n°. 06/2006 e se a Resolução 1.010/2005 não abre um cenário de cursos com viés para a especialização. Destas duas questões derivam muitas outras. Entre elas, cabe destacar o impacto que estas decisões passam a ter sobre a matriz curricular de cada curso. A ordem das decisões se inverte, pois a nosso ver, o sistema CONFEA/CREA passa a determinar o desenho das

No campo da Arquitetura e Urbanismo, vimos surgir diferentes manifestações internacionais e no

matrizes possíveis e não mais o MEC. Teria o sistema CONFEA/CREA atribuição para impor esta

Brasil, chamando para a importância da participação dos arquitetos e urbanistas no

condição às profissões que integram aquele sistema? Interessa aos arquitetos o estabelecimento

acompanhamento, discussão e posicionamento frente aos processos em curso, os quais poderão

de um viés de formação de especialista ou devemos nos manter firmes no princípio de que a

afetar em muito os destinos da nossa profissão. Recentemente tivemos a aprovação e publicação

formação geral do arquiteto e urbanista lhe dá autonomia para o enfrentamento das demandas,

de duas Resoluções que passam a regular os campos da formação e das atribuições da profissão

que lhe são colocadas pela dinâmica do desenvolvimento científico e tecnológico dos dias atuais?

do arquiteto e urbanista no Brasil. Tratam-se da Resolução n°. 06/2006 do CNE/CES, do MEC Ministério de Educação, e da Resolução n°. 1.010/2005, do sistema CONFEA/CREA. A primeira, comparando-a com a Portaria 1.170/1994 do MEC, dá ao ensino de arquitetura e urbanismo no

A declaração de Viseu (Portugal), de 08 de maio de 2004, no seu preâmbulo é categórica a respeito:

país maior flexibilidade, definido de forma mais geral e abrangente os conteúdos mínimos exigidos

“Rejeitamos, na Arquitetura e no Urbanismo, a 'fragmentação' decorrente da formação

para a formação, sendo complementada pela Resolução n°. 02/2007, com o número mínimo de

especializada, e defendemos uma abordagem 'integrada', que inclua:

horas para integralização do currículo mínimo, fixado em 3.600 horas. A segunda, publicada praticamente um ano antes, encontra-se agora na fase propositiva do seu Anexo II, num exaustivo

x

especializados, 'espírito de liderança', reconhecendo-se, ademais, o inseparável vínculo

detalhamento das colunas Conhecimentos Necessários, Conhecimentos Específicos e Conteúdos, mas sem uma participação mais ampla da categoria profissional.

entre Arquitetura e Urbanismo. x

Vimos, assim, que estas mudanças passam a afetar a atividade da profissão do arquiteto e urbanista desde o momento que este, enquanto aluno ingressante escolhe um curso ou uma

A necessidade de forjar, tanto nos generalistas bem-formados, quanto nos técnicos

Uma abordagem 'ecológica' dos ambientes construídos e naturais, com especial atenção no amplo espectro de 'padrões', que se estendem da pequena à grande escala.

x

escola para iniciar sua carreira, até o momento de requerer a sua carteira profissional, hoje ainda

A incorporação explícita – ao processo de aprendizagem – do estudo dos 'processos', incluídas as colaborações com outras disciplinas, e com os cidadãos em geral.

expedida pelo sistema CONFEA/CREA. Neste cenário, não há como se envolver os cursos e as

x

Um diálogo aberto entre 'teoria' e 'prática'.

escolas de arquitetura, assim como também as entidades representativas da profissão para que o

x

O incentivo à cultura e às práticas de educação continuada”.

debate se estabeleça e que se tenha uma posição comum do que é a profissão de arquitetura e

A visão estratégica do Curso começa no Projeto Político Pedagógico (PPP) e se expressa,

urbanismo e quais devem ser os princípios básicos para definir a sua formação.

finalmente, na Matriz Curricular (MC) que é avaliada institucionalmentepor comissões de


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

103

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

104

especialitas e através da produção concreta dos Trabalhos Finais de Graduação, modalidade

CONFEA/CREA. Resolução Nº 1.010, de 22 de agosto de 2005. Anexo II: Sistematização dos

específica de prova final que objetiva medir o nivel de conhecimento projetual do egresso.

campos de atuação profissional.

Nas condições apontadas acima, o currículo passa a ser um intrumento de planejamento e

Council for European Urbanism. Declaração de Viseu. Portugal, maio de 2004.

determinante do perfil do Curso. Segundo Santos (2003) “O Currícuo é um instrumento de uniformização pedagógica.Do mesmo modo com que se definiu um escopo homogêneo e unificador para as profissões, mediante a delimitação de atribuições profissionais legalmente válidas em todo o território nacional, definiu-se

MEC. Portaria Ministerial n.º 1770, de 21 de dezembro de 1994. MEC/CNE/CES. Resolução Nº 06, de 2 de fevereiro de 2006. Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo.

também um código de controle do ensino, isto é, um currículo oficial, hegemônico. De fato, com

MEC/CNE/CES. Resolução Nº 02, de 18 de junho de 2007. Carga horária mínima e

esse procedimento o currículo tornou-se o instrumento que vincula profissão e ensino, atribuição

procedimentos de integralização e duração dos cursos de graduação.

profissional e distribuição do conhecimento. Não é possível, portanto, ampliar a discussão do currículo sem considerá-lo dentro de um panorama que envolva também a prática efetiva da arquitetura. A discussão acerca do curículo de arquitetura, além do currículo propriamente dito, envolve necessariamente, também a profissão, ou mais, envolve todo o campo da arquitetura”. Direta ou indiretamente estamos no começo da aceitacãoo de um debate necessário entre o princípio histórico da formação generalista do arquiteto e os embates especializantes da globalização. A nova matriz de conhecimento do CONFEA-CREA coloca a questão da “diversificação” dos cursos e dos perfis acadêmicos e da agregação de novas atribuições em função de formação permanente. Novamente, uma discussão que teria que surgir no interior da classe dos arquitetos como uma revisão natural de sua prática, ela vem para resolver “’areas de sombreamento” entre as profissões que integram o Sistema CONFEA. Por certo, estamos diante de um desafio bastante grande, que está a exigir muita organização e competência dos profissionais ligados ao ensino e à prática da profissão. Estas questões nos colocam sob um cenário de muita discussão com participação ampla, pois somente desta forma poderemos propor um caminho seguro para que a profissão realmente cumpra com seu papel transformador de nossa sociedade. Para alimentar esta discussão há necessidade de construir referenciais teóricos, capazes de balizar e orientar os embates, as dúvidas e apontar os caminhos que devemos trilhar.

Referências Bibliográficas CONFEA/CREA. Projeto de Matriz de Conhecimento.

MEC/CNE/CES. Resolução Nº 03, de 2 de julho de 2007. Procedimentos a serem adotados quanto ao conceito de hora-aula. SANTOS, Roberto Eustáquio dos. Atrás das grades curriculares: da fragmentação do currículo de arquitetura. Comunicação Oral Nº 45, Projetar 2003.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

105

Práticas e espaços pedagógicos na articulação entre ensino-pesquisaextensão

Daniele Nunes Caetano de Sá31 Jeanne Marie Ferreira Freitas32

Resumo33 O presente artigo descreve sucintamente as principais diretrizes norteadoras do Projeto Pedagógico do Curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, apresenta a organização do ensino-aprendizagem, com definição e caracterização dos ciclos que estruturam a grade curricular e destaca a articulação com a extensão e a pesquisa mediante proposta de criação de novos espaços pedagógicos – Laboratórios de Extensão e Pesquisa. Destinados ao desenvolvimento de atividades pedagógicas com vistas a fomentar a articulação entre teoria e prática, tais laboratórios partem da premissa da junção entre ensino-pesquisa-extensão no âmbito da graduação em Arquitetura e Urbanismo.

Introdução Entendendo que a crise do ensino de arquitetura e urbanismo reside, fundamentalmente, na perpetuação de modelos ineficientes à formação do profissional e na ausência de correspondência entre teoria e prática, o projeto de reforma curricular do Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas, aprovado em maio de 2008, aponta para a necessidade de revisão e combate dos seguintes aspectos: insipiência das políticas institucionais e governamentais de apoio à formação e consolidação do corpo docente; processo de ensinoaprendizagem incompleto em função da ausência da instancia crítica no âmbito interno aos cursos, e desarticulação das atividades de extensão e pesquisa no âmbito da graduação.

31

Arquiteta urbanista. Mestre em Análise crítica e história da arquitetura. Doutora em Literatura comparada. Professora adjunto III do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas. danielecaetano@terra.com.br. (31)33194291. Avenida Dom José Gaspar 500, prédio 47. Coração Eucarístico. Belo Horizonte, MG. CEP 30535Ͳ610. 32 Arquiteta urbanista. Mestre em Geografia (Organização Humana do Espaço); Doutora em Geografia (Tratamento da Informação Espacial). Chefe do Departamento e Coordenadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas. Professora adjunto III do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas. jeanne@pucminas.br. (31)33194291. Avenida Dom José Gaspar 500, prédio 47. Coração Eucarístico. Belo Horizonte, MG. CEP 30535Ͳ610. 33 O presente artigo foi elaborado com base no documento do Projeto Pedagógico do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, aprovado em maio de 2008, cuja elaboração esteve a cargo da seguinte equipe de professores: Daniele Nunes Caetano de Sá, Jeanne Marie Ferreira Freitas, Leonardo de Araújo Pereira, Lygia Prota, Mário Lúcio Pereira Júnior e Roberto Eustaáquio dos Santos.

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

106

Visando a articulação entre ensino-pesquisa-extensão e a aproximação entre teoria e prática, as estratégias curriculares contemplam três itens fundantes: reforço da autonomia do discente a partir da flexibilização curricular; valorização das atividades extensionistas aproximando o discente da prática profissional a partir da experiência de ensino-aprendizagem no Laboratório de Extensão e Canteiro de Obras; e incremento das atividades de pesquisa a partir da consolidação dos grupos de pesquisa, ampliação do número de bolsistas de iniciação científica, bem como criação de espaço institucional para desenvolvimento dos projetos. As atividades de extensão e pesquisa foram pensadas a partir da implementação dos Laboratórios de Extensão e Pesquisa, espaços institucionais de novas práticas didático-pedagógicas que permitem o avanço no conhecimento, a reflexão crítica acerca do mesmo e a conseqüente aproximação entre teoria e prática. Possibilitam ao corpo docente experimentar novos formatos de ensino-aprendizagem,, contemplando a possibilidade de sua interação entre conteúdos disciplinares e projetos de pesquisa, e aos discentes, a flexibilidade nos conteúdos disciplinares.

ORGANIZAÇÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM Estruturado a partir de dois grandes ciclos - o básico e o profissionalizante, conforme indicações das Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo (Resolução n. 6 / 2006 da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação) e das atribuições profissionais do Sistema CONFEA-CREAs (Resolução n. 1010 / 2005) - é finalizado pelo Trabalho de Curso, aqui denominado Trabalho Final de Graduação (TFG). O esquema a seguir ilustra a organização geral do Curso.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

PLANO PARA INTERVENÇÃO URBANO PLANO REGIONAL

PROJETO EXECUTIVO

PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS - RECORTES OPTATIVAS

TEÓRICAS

O Ciclo Básico (1º ao 3º período), encarregado de acolher e reconhecer os discentes de modo a adaptar os procedimentos didático-pedagógicos às suas características, sensibiliza os estudantes para os problemas fundamentais da Arquitetura e do Urbanismo relativos à produção social do espaço nas escalas da cidade, do edifício e do corpo em seus aspectos sócio-ambientais, sócioeconômicos e culturais, históricos, artísticos e filosóficos. O Ciclo Básico tem também a tarefa de fazer o treinamento operacional em geometria e representação do espaço, bem como preparar os estudantes para a leitura e a expressão oral e escrita. Caracteriza-se por uma organização marcadamente horizontal e de maior tutela dos estudantes por parte das disciplinas, que trabalham de modo integrado.

PROJETO EXECUTIVO URBANO 2

OU OU PROJETO EXECUTIVO URBANO 1 PROJETO EXECUTIVO DE EDIFÍCIOS 2

U OU

10

PROJETO EXECUTIVO DE EDIFÍCIOS 1

9

PROJETO DE INTERIORES

8

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

SEMINÁRIOS DO TFG

OPTATIVA 3 ARQUITETURA E URBANIZAÇÃO CONTEMPORÂNE AS

ARQUITETURA E URBANIZAÇÃO MODERNAS TEORIA E HISTÓRIA DA PRODUÇÃO HABITACIONAL PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL PROJETO DE EDIFÍCIO

6

PROJETO URBANO

ANTEPROJETO / PROJETO BÁSICO / PROJETO LEGAL PLANEJAMENTO URBANO / DESENHO URBANO

AMBIENTE ATELIÊ [COM BANCA]

OPTATIVA 2

TEORIA - PANORÂMICAS OPTATIVAS

TEÓRICAS

PROJETOS LIGADOS ÀS ATIVIDADES DE PESQUISA PROJETOS LIGADOS ÀS ATIVIDADES DE EXTENSÃO

AMBIENTE LABORATÓRIO

OPTATIVA 1 TEORIA DA CONSTRUÇÃO PROJ. EDIFICIO DE GRANDES VÃOS PLANEJAMENTO E GESTÃO URBANA PROJ. ESTRUTURA DE MADEIRA E AÇO CARTOGRAFIA GEOPROCESSAMENTO SENSOR. REMOTO

[E] [OU]

GESTÃO, MATERIAIS E TÉCNICAS DA CONSTRUÇÃO TEORIA DA ARQUITETURA PROJ. EDIF. ANDARES MÚLTIPLOS E INST. PREDIAIS PROJ. INTERVENÇÃO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO PROJ. ESTRUTURA CONCRETO ARMADO

5

PROJ. PAISAGISMO URBANO

4h – EXERC. PROJETUAIS - ESTUDOS PRELIMINARES 5h - PROJETO – ANTE-PROJETO TECNOLOGIA APLICADA

AMBIENTE ATELIÊ

CICLO PROFISSIONALIZANTE

4

HISTÓRIA DA ARQUITETURA, DO PAISAGISMO E DO URBANISMO 2

3

2

HISTÓRIA DA ARQUITETURA, DO PAISAGISMO E DO URBANISMO 1

HISTÓRIA DA ARTE DA ARQUITETURA E DA CIDADE BRASILEIRAS

TEORIA DO URBANISMO PROJ. RACIONALIZAÇÃO CONSTRUTIVA PLANEJAMENTO AMBIENTAL URBANO PROJ. ALVENARIA ESTRUTURAL

CULTURA RELIGIOSA 2

PANORÂMICAS

PROJETO E SUSTENTABILIDADE

AUTONOMIA CRÍTICA

FILOSOFIA 2 ESTUDOS MATEMÁTICOS PRÁTICA PROJETUAL 3 EPRESENTAÇÃO 3 MODELOS DIGITAIS 3

TEÓRICAS INTRODUTÓRIAS

TREINAMENTO OPERACIONAL BÁSICO: GEOMETRIA E REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO POR MEIO DE OPERAÇÕES PROJETUAIS

SENDIBILIZAÇÃO: CIDADE > EDIFÍCIO > CORPO

ESTUDOS SÓCIOECONÔMICOS E CULTURAIS PRÁTICA PROJETUAL 2 REPRESENTAÇÃ O2

CULTURA RELIGIOSA 1

RECONHECIMENTO DO ALUNADO

AMBIENTE OFICINA

MODELOS DIGITAIS 2

7

APROFUNDAMENTO AVALIAÇÃO

FILOSOFIA 1 ESTUDOS SÓCIO-AMBIENTAIS PRÁTICA PROJETUAL 1 REPRESENTAÇÃ O1 MODELOS DIGITAIS 1

OPERAÇÕES SOBRE O PATRIMÔNIO CULTURAL

TÉCNICA

ACGs CICLO BÁSICO

ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO 1 e 2 + ACGs

1

108

O Ciclo Profissionalizante (4º ao 9º período) está subdividido em duas fases. A primeira fase (4º ao 6º período) se caracteriza pela autonomia e flexibilidade na escolha das disciplinas por parte dos estudantes. Não existe nenhum tipo de amarração ou seqüência para a realização dos ateliês e das disciplinas teóricas. O estudante é livre para escolher e responsável pelo tipo de seqüência, bem como pelo tipo de ambiente de ensino-aprendizagem pelo qual opta. Tal autonomia se estende também à própria organização interna das disciplinas, que podem ser ministradas, além do ambiente ateliê tradicional, também nos ambientes denominados Laboratórios de Pesquisa ou Laboratórios de Extensão, conforme a formatação que os professores responsáveis lhes imprimirem. Tais laboratórios desenvolvem exatamente a mesma ementa dos ateliês convencionais, porém, os exercícios estão vinculados às atividades de extensão e pesquisa desenvolvidas por um professor ou por um grupo de professores. Os ateliês / laboratórios poderão ser organizados em equipes de professores ou de modo individual, desde que seja respeitada a ementa. Em vista da variedade de conhecimentos tratados nos ateliês (projeto de arquitetura, planejamento urbano, design estrutural, instalações, técnicas e materiais construtivos, conforto ambiental, etc.) são vários também os formatos dos ateliês / laboratórios, e os planos de ensino podem basear-se somente em aulas práticas ou na combinação de aulas práticas e teóricas. Os ateliês / laboratórios trabalham na perspectiva de realizar exercícios projetuais em nível de estudo preliminar e em nível de anteprojeto ou estudo preliminar mais elaborado. Paralelamente aos ateliês / laboratórios estão disponíveis, também sem ordem hierárquica, as disciplinas teóricas e disciplinas optativas. A fase 2 do Ciclo Profissionalizante (7º ao 9º período) apresenta duas seqüências obrigatórias de disciplinas. A primeira seqüência disciplinar envolve as disciplinas Projeto de Edifício, Projeto de Interiores e Projeto Executivo de Edifícios (1 ou 2) que devem ser cursadas nessa ordem. A segunda compreende as disciplinas Planejamento Urbano e Regional, Projeto Urbano e Projeto Executivo Urbano (1 ou 2) que também devem ser cursadas nessa ordem. As disciplinas teóricas não apresentam pré-requisitos podendo, a exemplo da fase anterior, ser cursadas em qualquer ordem. Na segunda fase do Ciclo Profissionalizante, os ateliês do 7º e 8º períodos destinam-se ao desenvolvimento de propostas em nível de anteprojeto e projeto legal e o do 9º período ao nível de projeto executivo. Em paralelo a esses grandes ateliês, são ofertadas disciplinas teóricas de aprofundamento com recortes específicos, bem como disciplinas optativas e o Seminário do Trabalho Final de Graduação. Os ateliês-banca característicos dessa fase são similares aos demais ateliês, com a diferença de que aí se levam os exercícios a um maior nível de detalhamento e, obrigatoriamente se discutem os trabalhos em banca, formada por todos os professores das disciplinas. Esses ambientes combinam a participação de professores dos diversos saberes incluídos nesses níveis de projetação. A aprovação em todas as bancas e em todas as disciplinas teóricas do Curso habilita os estudantes para o Trabalho Final de Graduação.

ACOMPANHAMENTO EXERCÍCIOS PROJETUAIS


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

O TFG é desenvolvido no último semestre do Curso (10º período) de modo independente. Só podem fazer o TFG os alunos que já concluíram todas as demais disciplinas do Curso. Em casos especiais serão aceitos trabalhos de cunho teórico-investigativo, desde que o estudante tenha se envolvido comprovadamente com as atividades de pesquisa e extensão e tenha cursado mais de 50% das disciplinas de projeto em ambiente de Laboratório de Extensão e Pesquisa. Articulação com a Extensão A proposta de criação dos Laboratórios de Extensão e Pesquisa partiu da premissa de consolidação das atividades de pesquisa e das práticas extensionistas desenvolvidas no Escritório de Integração (EI ), um núcleo simultaneamente de extensão, pesquisa e ensino do Curso de Arquitetura e Urbanismo, criado em 1993, e cujas principais atividades podem atualmente ser assim resumidas: x

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

109

110

O Núcleo de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação (NEPPG) têm por objetivos: a conformação de projetos de pesquisa sólidos; a elaboração de calendário de atividades pertinentes ao campo da pesquisa e da extensão, com foco nos possíveis editais de fomento; incorporação das práticas extensionistas como práticas de pesquisa; o fomento à participação discente para além da atuação como bolsista, motivando a formação de grupos de estudo; a difusão das atividades do Departamento no âmbito da pesquisa e da extensão para além da Universidade; e o apoio e a orientação à consolidação de grupos de pesquisa. O Departamento de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas possui, atualmente, dois grupos de pesquisa cadastrados no CNPq: x

Estética e materialidade do ambiente construído: visa investigar a produção arquitetônica e urbanística considerada não apenas enquanto projeto, mas, sobretudo como realidade

contribuição para a formação dos corpos docente e discente do Curso de Arquitetura e

construída, ou seja, enfatizando a consideração da materialidade, entendida como junção

Urbanismo, bem como para a formação continuada de seus egressos e alunos dos cursos de

entre matéria, forma e uso, na relação com a estética arquitetônica e urbanística.

especialização,

mediante

a

disponibilidade

de

oportunidades

de

experimentação,

sistematização e avaliação de novas formas de prática profissional;

x

Paisagem e patrimônio cultural no Brasil: a paisagem do conjunto patrimonial mineiro, suas características e conservação, é o alvo do grupo cujos objetivos são, a partir de reflexões de

x

combate à restrição ao acesso ao conhecimento e à prática da Arquitetura e do Urbanismo

conteúdo metodológico e epistemológico proposto pelas novas teorias do patrimônio cultural,

característica da produção do espaço na cidade brasileira, marcada por processos e técnicas

discutir formas de atuação para a preservação da paisagem e dos edifícios nos núcleos

excludentes e insustentáveis, bem como aos processos de aniquilação dos recursos naturais e

históricos urbanos em Minas Gerais.

construídos que marcam a produção do espaço na cidade brasileira. O Escritório de Integração apresenta como principais linhas de atuação: prestação de serviços de assessoria técnica à população de baixa-renda, projetos ligados ao tema da habitação, recuperação de áreas urbanas degradadas, e formação de mão-de-obra para a construção civil. Tais linhas de atuação do Escritório de Integração auxiliam na definição dos conteúdos curriculares contemplados nos Laboratórios de Extensão e Pesquisa, quais sejam: incorporação, no processo de elaboração do projeto, de variáveis relacionadas à técnica e ao material de construção, bem como ao seu custo social, ambiental e financeiro; integração dos projetos arquitetônicos / urbanos e dos projetos complementares; incorporação de mecanismos de participação ativa da comunidade atendida em todas as fases da atividade; e capacitação para a construção civil mediante cursos da Escola de Formação de Mão-de-Obra (EFMO).

Articulação com a Pesquisa A criação em 2005 do Núcleo de Extensão, Pesquisa e Pós-graduação (NEPPG) contribuiu para o notório crescimento das atividades de pesquisa no Departamento de Arquitetura e Urbanismo. A partir de 2005 um número cada vez mais significativo de pesquisas foram efetivadas e financiadas, tanto interna quanto externamente, destacando-se as parcerias e apoios do Fundo de Incentivo a Pesquisa (FIP) da PUC Minas, o convênio entre a PUC Minas, as Centrais Elétricas de Minas Gerais (CEMIG) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), as pesquisas em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais e as financiadas pelas agências FAPEMIG e CNPq.

O breve panorama das atividades de pesquisa desenvolvidas no âmbito do Departamento de Arquitetura e Urbanismo introduz a questão aglutinante enfrentada pelo Projeto Pedagógico, qual seja: o desenvolvimento da pesquisa no âmbito das universidades privadas brasileiras remete à questão do regime de trabalho bem como aos editais das principais agências de fomento. Por um lado, o professor, uma vez aulista, se depara, com a falta de apoio institucional na concessão de horas de trabalho para o desenvolvimento dos projetos de pesquisa. Por outro lado, os editais de fomento não remuneram horas do pesquisador por entenderem serem essas uma das contrapartidas das instituições de ensino superior. Do exposto, o Projeto Pedagógico do Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas pretende equacionar, minimamente, a questão da impossibilidade de realização de projetos de pesquisa por professores aulistas nas universidades privadas. A premissa foi a concessão de um espaço institucional, inserido na grade curricular, para o desenvolvimento dos projetos de pesquisa e extensão visando contemplar dois aspectos primordiais: a participação cada vez mais ampla de discentes envolvidos com as práticas de pesquisa e extensão e a remuneração, em termos de hora/aula ao professor pesquisador. O Laboratório de Pesquisa e Extensão, entendido como espaço institucionalizado, permitirá aos docentes ministrar, de acordo com a carga horária estabelecida, o conteúdo disciplinar previsto, associando-o ao desenvolvimento de projetos aprovados por agências de fomento, ou propostos e aprovados pelo Colegiado do Curso. Uma vez que o projeto de pesquisa ou extensão tenha sido aprovado pelo Fundo de Incentivo a Pesquisa (FIP) da PUC Minas ou por agência de fomento externa, a concessão de bolsas de iniciação científica permite a integração dos alunos de graduação na investigação científica por meio de recursos próprios destinados aos projetos ou da


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

111

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

solicitação de bolsas junto ao programa institucional de bolsas de iniciação científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PIBIC/CNPq).

Entre o Trabalho Final de Graduação e o Trabalho de Curso:

Embora o número de bolsas de iniciação científica possa não contemplar a totalidade dos alunos matriculados nas disciplinas de laboratório, o certo é que todos os discentes do Curso, em pelo menos um semestre, participarão de projetos de pesquisa e extensão sob orientação do coordenador e demais pesquisadores envolvidos, ampliando criticamente a análise em relação ao objeto de investigação e elaborando artigos técnico-científicos sujeitos a publicação.

a experiência da EA/UFMG

Finalizando, o trabalho com o conhecimento que ancora a organização do processo de ensinoaprendizagem proposto pelo Projeto Pedagógico do Curso de Arquitetura e Urbanismo da PUC Minas objetiva, em instância última, a articulação ensino-pesquisa-extensão como estruturadores da educação do arquiteto para o século XXI que se pretende autônomo, criativo e crítico.

112

COUTO Beatriz: engenheira-arquiteta, doutora em Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ); professora titular da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais; couto_beatriz@hotmail.com.

TEIXEIRA, Maria Cristina Villefort: engenheira-arquiteta, doutora em Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ); professora adjunta da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais; mcrisvt@gmail.com.

Resumo Este trabalho recupera, através de entrevistas e pesquisa documental, a experiência de condução da disciplina de Trabalho Final de Graduação (TFG) da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (EA/UFMG) entre 1999 e 2007, período em que foram feitas reformulações pedagógicas que entendemos relevantes para o desenvolvimento do novo Trabalho de Curso (TC), conforme as diretrizes curriculares formalizadas na Resolução 06/2006 de Conselho Nacional de Educação - CNE/CES. Propomos, ao final, a ampliação dos resultados até aqui obtidos em TFG, dando continuidade lógica aos desenvolvimentos relatados. Pretende-se assim garantir novo salto de qualidade no ensino de graduação de Arquitetura e Urbanismo, de tal forma que os formandos tenham a oportunidade de desenvolver integralmente pelo menos um projeto durante sua formação graduada, ou seja, que produzam ao longo do ano um termo de referência, estudo preliminar, anteprojeto, atingindo finalmente o nível de projeto técnico na banca final.

Introdução Neste trabalho refletimos sobre a progressiva formulação pedagógica produzida por sucessivos professores da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (EA/UFMG) – da qual também participamos – na condução do Trabalho Final de Graduação (TFG). Isto se fez através de entrevistas e da consulta à documentação pertinente, recuperando o processo que nos trouxe até o ponto em que nos encontramos, ou seja, às vésperas da implantação do


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

113

114

“Será exigido um Trabalho Final de Graduação objetivando avaliar as condições de qualificação do formando para acesso ao exercício profissional. Constitui-se em trabalho individual, de livre escolha do aluno, relacionado com as atribuições profissionais, a ser realizado ao final do curso e após integralização das matérias do currículo mínimo. Será desenvolvido com o apoio de professor orientador escolhido pelo estudante entre os professores arquitetos e urbanistas dos departamentos do curso e submetido a uma banca de avaliação, com participação externa à instituição à qual estudante e orientador pertençam.”

Trabalho de Curso (TC). À luz desta experiência, apresentamos ao final proposta quanto aos novos desafios que a oportunidade nos abre. Histórico A atual formulação da proposta pedagógica do TFG na EA/UFMG é resultado de uma longa história durante a qual a instituição deu respostas consistentes e atentas aos resultados apresentados pelos estudantes, da forma como expressos nas bancas finais de avaliação, com inequívocas conquistas pedagógicas que devem ser mantidas e cuja lógica de melhoria de

Legalmente, o TFG veio em um formato de atividade a ser desenvolvida depois de finalizada a

resultados obtidos deverá ser aprofundada. Convém retomar brevemente de onde partiu a

carga horária disciplinar de 3600h e versaria sobre as atribuições profissionais que podem ser

implantação do TFG para entender todo o processo desenvolvido durante sua vigência para

adequada e sumariamente qualificadas como arquitetura, urbanismo, paisagismo e

sermos capazes de aquilatar corretamente o momento em que vivemos e as novas

planejamento urbano e regional. Sem o caráter de disciplina, o TFG foi abrigado no Colegiado

perspectivas que se abrem com a implantação do TC.

do Curso de Arquitetura e Urbanismo, o que retirou do departamento de Projetos a exclusividade de sua condução e trouxe à tona uma discussão política e conceitual importante

Em 1994, quando a portaria 1770 do MEC finalmente solucionou uma longa discussão a

dentro da EA/UFMG: em que medida o conteúdo de cada uma dessas ênfases poderia

respeito da reforma curricular que ocorreu durante a ditadura, a disciplina que coroava a

participar do trabalho final de cada estudante, não obstante uma norma clara que não

formação do profissional arquiteto urbanista na EA/UFMG era Planejamento Arquitetônico VII

estabelecia qualquer prevalência para o projeto de edificações.

que substituíra a antiga Grandes Composições por sua vez herdeira da formação beaux arts do século XIX. A tradição de dar a esta disciplina um conteúdo de edificações era sólida e

A solução política inicial foi que o aluno poderia fazer um trabalho de conteúdo urbanístico ou

finalizava a linha estrutural do curso centrada em projeto arquitetônico. Este resultado foi

paisagístico, mas seria exigido sempre que desenvolvesse um anteprojeto de edificação a ele

especialmente relevante na EA/UFMG que, por motivos de história local, passara um pouco à

conectado. Por outro lado, apareceu também pela primeira vez a exigência de que os

margem da discussão e implantação de uma efetiva formação graduada em urbanismo que

anteprojetos de edificação considerassem o entorno urbano35.

tanto marcou a UnB, a FAU/USP, a UFRGS, a UFPb, entre tantas outras (COUTO, 2008).

Do ponto de vista institucional, a mudança inicial da atividade do departamento de Projetos

Ministrada pelo que atualmente é o departamento de Projetos, a formatação institucional da

para o Colegiado trouxe um vácuo de condução pedagógica e uma quebra nas práticas

disciplina era clássica, ou seja, o departamento lotava três professores que se encarregavam

estabelecidas de orientação. O trabalho seria desenvolvido no período de um semestre letivo,

da orientação dos trabalhos, com uma diferença em relação a todas as outras disciplinas

sob coordenação de um grupo interdepartamental de professores de tal forma que o aluno, ao

anteriores da linha de projetos: o estudante podia escolher seu tema. Neste período tanto o

se matricular, indicava o nome de seu orientador e o tema que desenvolveria. O resultado final

urbanismo quanto o paisagismo eram tratadas na EA/UFMG como disciplinas suplementares

esperado do TFG consistia em um anteprojeto defendido em sua formulação conceitual e

da formação graduada do arquiteto.

projetual, e apresentado também por meio de banners expostos no hall da Escola na semana anterior à banca final.

Esta formulação pedagógica foi alterada com a implantação do Trabalho de Graduação (TG) entre 1993 e 1995, no entanto ainda vinculado ao departamento de Projetos e sem maiores 34

alterações nas práticas pedagógicas e institucionais estabelecidas .

É preciso analisar o significado de o nível de anteprojeto ser aceito como resultado bastante: nessa concepção, entende-se ser adequado e suficiente que o estudante desenvolva sua proposta em termos conceituais e formais. As questões técnicas de uma edificação devem ser

A implantação do TFG em 1996 exigiu reformulação pedagógica e respostas institucionais

consideradas de forma preliminar, deixando as condições suficientes para que sejam

distintas tiveram que ser construídas. Nos termos do Art. 6º da Portaria MEC1770/94:

34

35

Walter Fírbida (chefe da Seção de Ensino). Entrevista concedida à Profa. Cristina Teixeira em 16/10/2008.

Profa. Heloísa Gama de Oliveira. Entrevista concedida por eͲmail em 14/10/2008.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

115

116

posteriormente calculadas e inseridas de modo adequado na edificação por outro profissional

Para responder a essas inconsistências foi proposta e implementada, ainda que a princípio

especialista, normalmente um engenheiro.

sem base na Resolução vigente, uma experiência que se revelou permanente: a banca

Tal opção, é preciso notar, retoma a posição esteticista dos arquitetos ecléticos do século XIX que escolheram deixar de tratar diretamente das inovações técnicas do período, notadamente o concreto armado, concentrando-se nos aspectos formais e ornamentais das construções. O modernismo se impôs como crítica a esta postura e, tendo já passado pela avaliação histórica, este é ainda considerado seu maior acerto. Neste início de século XXI, as questões da

intermediária. Composta por professores da casa, sem caráter obrigatório, mas bastante aceita pelos estudantes, esta banca avaliava a pertinência do tema, oferecia críticas ao estudo preliminar apresentado, sua conceituação, solução estética, questões tecnológicas e o que mais julgasse pertinente. Tal julgamento prévio diminuía muito a ansiedade dos estudantes quanto ao que poderia ocorrer na banca final, o que justifica sua adesão à atividade.

sustentabilidade e do conforto das edificações e da cidade já nos indicam que os efeitos estéticos ligados aos desenvolvimentos técnicos exigidos não serão apenas mais um layer técnico invisível, mas representarão novo patamar nas soluções propostas que exigirão, mais uma vez, um diálogo renovado entre estética, sociedade e técnica. Tudo isto nos faz atribuir àqueles que retomam a posição de revival esteticista o ônus da prova da validade de sua

Não obstante, tal resolução não conseguiu a princípio resolver todas as dificuldades institucionais e pedagógicas do TFG, conforme se depreende do depoimento da Profa. Heloisa Gama de Oliveira, que assumiu a coordenação logo a seguir:

postura, o que nos parece ainda não ter sido feito.

“Os temas e formas de abrangência do mesmo [TFG] eram muito variáveis, o que fazia com que fossem tratados de formas muito diferentes tanto por alunos como pelos orientadores, dificultando sua avaliação. Não havia reuniões informativas sistematizadas e nem agendamento prévio de entregas e bancas, o que deixava alunos e professores muito perdidos.”36

Mudanças institucionais na universidade brasileira também tiveram impacto na implantação do TFG. Entre outras dificuldades, a participação do docente como orientador do TFG deixou de contar para a computação da carga horária semanal dos professores, justo em um período em que a produtividade e a Gratificação de Estímulo à Docência (GED) passaram a pautar a avaliação do seu trabalho, o que dificultou a adesão de parte do professorado a esta atividade.

Data desta época a instituição das primeiras propostas escritas para defender o tema escolhido pelo ão do TFG:

Não apenas por isto, no entanto, as inúmeras dificuldades da circunstância se

“Nessa resolução, os alunos deveriam apresentar a proposta do trabalho por escrito, contendo: tema, objetivo, justificativa e localização ilustrada com fotos e croquis. Deveria conter ainda alguns dados da pesquisa prévia sobre o tema, além da concordância do orientador.

consubstanciaram em trabalhos que, no final do semestre, muitas vezes ainda não haviam sido adequadamente desenvolvidos.

Depois que os alunos entregavam, respondíamos a eles por escrito no prazo de uma semana.

Tal situação foi enfrentada com a Resolução 04/99-CCAU que pretendeu disciplinar a condução dos trabalhos pelo Colegiado de Curso. Vale ressaltar que a implementação da

É importante esclarecer que esta coordenação não visava retirar a liberdade do orientador, mas tinha como objetivo dar um direcionamento geral mais claro e estabelecer critérios coletivos.

banca final com a participação de membros externos à EA/UFMG encontrou apoio decidido da comunidade de arquitetos da cidade que se dispuseram, quando convidados, a trabalhar longas horas em uma atividade política e academicamente sensível sem qualquer ganho

Um ponto a ser lembrado é que nós, como coordenadores, dávamos três aulas no semestre que antecedia o TFG, que versavam sobre a pesquisa, abordagem do tema, formas de apresentação, trabalhos já feitos, etc.

pecuniário. Como nesse período o trabalho da Comissão se resumia à marcação das bancas, muitos

Era importante esta preparação anterior para que, já no início do semestre, eles pudessem apresentar a proposta.

estudantes demoravam a começar a projetar, com resultados potencialmente danosos para a adequada finalização de seu trabalho. Houve também casos em que o estudante, na

Era estabelecido um cronograma no início, com as datas de entregas de todas as etapas, como também das bancas parciais e finais.

expectativa de obter informações básicas para o desenvolvimento de projeto, por exemplo, mapa altimétrico, só muito tarde chegava à conclusão da inexistência ou indisponibilidade desta informação. Tais problemas revelavam, sem dúvida, déficit de orientação que distribuisse adequadamente as atividades durante o semestre letivo.

36

Profa. Heloísa Gama de Oliveira. Entrevista concedida por eͲmail em 14/10/2008.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

117

Eram feitas reuniões mensais dos alunos com o coordenador, visando esclarecimentos sobre o andamento do trabalho, bem como eram enviados mensalmente informes a todos os alunos e orientadores.

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

118

no mesmo semestre em que cursavam TFG, já conseguiam apresentar na banca intermediária um estudo preliminar consistente que chegava na maior parte dos casos a ser de fato um anteprojeto na banca final, diminuindo os casos de estudantes que não finalizavam

A coordenação também se disponibilizava a resolver problemas de caráter genérico, trocas de orientação, ou indicação de orientações mais específicas relativas ao tema”.37

adequadamente o trabalho. Como forma de dar seguimento a esta possibilidade, propusemos a disciplina optativa Preparação ao TFG (conhecida como Pré-TFG) em que o Plano de Trabalho passou a ser

Toda esta experiência pedagógica foi sendo elaborada na prática e se consolidou na

formulado como um “Termo de Referência para a elaboração do TFG”, consistindo de tema,

Resolução 002/2004-CCAU, que formalizou a implantação de bancas intermediárias, mas

justificativa, estudo de casos análogos que apoiassem a formulação conceitual, programa, pré-

deixou de fora a proposta escrita do Plano de Trabalho em que o estudante conceituava e

dimensionamento,

defendia seu tema.

desenvolvimento do trabalho. Este era o resultado final da disciplina que também contava com

levantamento

plano-altimétrico,

legislação

e

cronograma

de

palestrantes convidados para apresentar sua experiência em questões relevantes para a turma tais como estrutura, materiais de construção, espaços livres urbanos, filosofia, conceituação do Não obstante, a experiência da elaboração do Plano de Trabalho, depois de um pequeno hiato temporal, demonstrou sua eficácia na melhoria da qualidade dos trabalhos e foi retomada em

projeto e metodologia da pesquisa, além de seminários que discutiam os casos análogos trazidos pelos estudantes e suas propostas de trabalho.

2005. Passou-se então a exigir novamente do aluno, durante o primeiro mês, a apresentação da proposta de trabalho com o conteúdo anteriormente previsto. A comissão observaria apenas as questões de consistência geral da escolha, tais como adequação do tema, existência de

A segurança que o estudante adquiria a respeito da viabilidade e pertinência de seu tema para

mapas altimétricos e levantamento da legislação pertinente, com especial cuidado para não

fins de TFG tornou grande a procura pela disciplina e inclusive se, ao final, por qualquer motivo

haver intervenção na concepção do trabalho, o que seria de responsabilidade exclusiva do

que fosse, o estudante desistisse de seu tema, no início do semestre seguinte, ao se matricular

orientador, embora constasse da proposta. Convém adicionar que o Plano de Trabalho deveria

em TFG, facilmente elaborava novo Termo de Referência sem para isto usar tempo excessivo

respeitar as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) no que diz respeito

a ser gasto no trabalho de projetar.

à apresentação de relatórios técnicos e referências bibliográficas, preparando os estudantes para mais esta tarefa no nível profissional.

Data desta época a prática de exigir a inclusão, junto ao produto final do TFG, de um arquivo digital com seu conteúdo para ser arquivado na biblioteca da Escola, iniciando-se assim uma

Para viabilizar esta proposta, pensou-se em pedir que o estudante apresentasse o Plano de

coleção que permitirá eventualmente a recuperação da experiência pedagógica através da

Trabalho devidamente endossado por um termo de compromisso do orientador, o que nos

avaliação direta de seus resultados.

resguardaria de eventuais desentendimentos quanto à interferência da Comissão na liberdade acadêmica de orientação. Infelizmente, em muitos casos, tal proposta não pôde ser viabilizada, o que atribuímos à ausência de uma cultura institucional que valorizasse a formulação de uma

Ao longo destes anos, houve alteração progressiva da cultura institucional frente aos temas de TFG e os professores diminuíram, sem no entanto eliminar, as restrições que eram feitas aos trabalhos de urbanismo e paisagismo.

defesa escrita para justificar a elaboração de um projeto. Finalmente, a reforma curricular a ser implantada em 2009 (Resolução do MEC n° 06 de O que nos estimulou a persistir na orientação adotada foi a qualidade evidentemente superior observada na banca intermediária nos trabalhos do primeiro semestre em que se fez a exigência de um Plano de Trabalho defendido por escrito pelos estudantes. Isto ficou evidenciado pelo número de estudantes que, ainda no período em que tal Plano era entregue 37

Profa. Heloísa Gama de Oliveira. Entrevista concedida por eͲmail em 14/10/2008.

02/02/2006) e a discussão sobre a implantação de um curso noturno de Arquitetura e Urbanismo dentro do programa de governo “Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI)” na EA/UFMG reabriram a discussão sobre o tema, na medida em que a nova formulação legal produziu e possibilitou alterações na atividade.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

119

A carga horária do TC no curso noturno na EA/UFMG passará para 600 horas e o trabalho será desenvolvido não mais em um semestre, mas em dois, o que traz a oportunidade de melhorar o resultado obtido, conforme proposta aprovada em reunião de Congregação da EA/UFMG de 26/09/2008. Proposta O aumento da carga horária e a passagem da atividade para anual no curso noturno abrem enfim a oportunidade para incorporar a experiência bem sucedida de elaboração de um Termo de Referência como parte intrínseca do TC, mas permitem ainda tempo suficiente para superar o nível de finalização, que agora não deverá mais ser a de anteprojeto, mas a elaboração de um projeto técnico, notadamente aquele que melhor concretize a conceituação do projeto. Em termos temporais, fica razoável propor a entrega do Termo de Referência para a elaboração do TC em meados do primeiro semestre; a entrega do estudo preliminar finaliza as atividades deste semestre; a banca intermediária, em meados do semestre seguinte analisará o anteprojeto, conteúdo que equivale à atual banca final; e, finalmente, a banca final avalia o

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

120

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução n° 2, de 18 de junho de 2007. Dispõe sobre carga horária mínima e procedimentos relativos à integralização e duração dos cursos de graduação, bacharelados, na modalidade presencial. (2007) Diário Oficial da União. Brasília, 19 de junho de 2007, Seção I, p.6. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução n° 6 de 2 de fevereiro de 2006. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo e dá outras providências. (2006) Diário Oficial da União. Brasília, 03/02/2006, Seção I, p. 36-37. COUTO, Beatriz. (2008) Urbanismo na EA/UFMG: a cidade reclama a atenção da Escola. In: CASTRIOTA, Leonardo (coord.). Vida institucional na Escola de Arquitetura. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2008. {pre print}. [ESCOLA DE ARQUITETURA – EA/UFMG]. Colegiado do Curso de Arquitetura e Urbanismo. (1999) Resolução n° 04/99; regulamenta o Trabalho Final de Graduação do Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Belo Horizonte: EA/UFMG, 1999. [ESCOLA DE ARQUITETURA – EA/UFMG]. Colegiado do Curso de Arquitetura e Urbanismo – CCAU. (2004) Resolução n° 002/2004; modifica a Resolução 001/2004 que regulamenta o Trabalho Final de Graduação do Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo para os formandos do 1º semestre de 2004 e semestres subseqüentes. Belo Horizonte: EA/UFMG, 2004. [ESCOLA DE ARQUITETURA – EA/UFMG]; Comissão de Coordenação do TFG. (2006) Regulamento. Belo Horizonte: EA/UFMG, 2006. ESCOLA DE ARQUITETURA – EA/UFMG; Colegiado do Curso de Arquitetura e Urbanismo. (1999) Resolução n° 04/99 – CCAU; regulamenta o Trabalho Final de Graduação (TFG) do Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Belo Horizonte: EA/UFMG, 1999.

projeto técnico escolhido por sua ligação intrínseca à conceituação da proposta. Ou seja: se o trabalho disser respeito a um conjunto habitacional para a população de baixa renda, poderá ser exigido um projeto geométrico e devidamente cotado para execução de

COUTO Beatriz: engenheira-arquiteta, doutora em Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ); professora titular da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais; couto_beatriz@hotmail.com.

movimento de terra associado ao cálculo do custo da unidade; para um projeto que enfatize a conservação de energia ou conforto ambiental, os projetos executivos correspondentes tecnicamente especificados; um projeto caracterizado por propostas estéticas e tecnológicas, o detalhamento técnico e especificação de material; um plano urbanístico, o projeto executivo do sistema viário correspondente; dos projetos paisagísticos pode-se esperar, conforme a ênfase conceitual, a especificação da vegetação, traçado geométrico dos espaços permeáveis e impermeáveis, elevações em relação ao greide da rua e/ou detalhes construtivos do piso e mobiliário urbano. Parece-nos que só assim finalizaremos adequadamente um processo de cerca de dez anos e que certamente deve encerrar com os estudantes demonstrando competência em todo o processo de projetação no tema que escolheram, esperando-se que tal avanço também seja adotado na graduação diurna. Defendemos que assim será atualizada, neste início de século XXI, a formação estética, social e técnica do arquiteto e urbanista na E/UFMG.

Referências BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto – MEC. (1994) Portaria n° 1770 de 21 de dezembro de 1994. http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/ar_geral.pdf, acessado em 13/10/2008.

TEIXEIRA, Maria Cristina Villefort: engenheira-arquiteta, doutora em Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ); professora adjunta da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais; mcrisvt@gmail.com.


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

121

Uma proposta para a disciplina de Acessibilidade e Mobilidade Urbana nos cursos de Arquitetura e Urbanismo

XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

122

o desenvolvimento de uma visão diferenciada sobre o espaço construído, foi elaborado o Programa Político Pedagógico para a Disciplina de Acessibilidade e Mobilidade Urbana.

Buscamos com nossa proposta didática, mostrar o que fizemos para conscientizar os futuros PAULO FERNANDO DO AMARAL FONTANA

arquitetos para que passem a refletir de forma diferente quando da elaboração de projetos,

Arquiteto Urbanista. Especialista em Intervenção, Pesquisa, Ensino de Nível Superior em Arquitetura e Urbanismo. Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo. Universidade de Caxias do Sul. Rua Dulci Moreira Rodrigues, 1199, Bairro Interlagos, CEP 95.052.200, Caxias do Sul,RS. pfafonta@ucs.br

lembrando da necessidade em considerar também as pessoas com restrições de mobilidade e deficiência, a qualidade de vida, o desenvolvimento sustentável das cidades, lembrando que o arquiteto tem uma responsabilidade maior que pensar nos aspectos estéticos das edificações. “O conceito de desenho universal permite o entendimento de que a acessibilidade planejada para as pessoas com deficiência e pessoas com

RESUMO

mobilidade reduzida esteja integrada às demais soluções para outras pessoas sem deficiência aparente ou graves problemas de mobilidade. (Marcelo

Este trabalho é apresentado em um DVD e um CD, contendo além de um filme da oficina realizada com alunos no primeiro semestre de 2008, a proposta do Programa Político Pedagógico para a Disciplina de Acessibilidade e Mobilidade Urbana e algumas ferramentas utilizadas. Esta disciplina encontra-se em caracter experimental e tem por objetivo propiciar condições para que o aluno possa elaborar projetos, considerando aspectos relativos a acessibilidade nos edifícios, equipamentos e no meio urbano, considerando o desenho universal e a legislação vigente. O aluno participa de experiência prática em vivência nas situações de pessoas com restrição de mobilidade e deficiência. Diagnostica e analisa a existência de barreiras, partindo para a formulação teórica e elaboração prática de projetos relacionados com acessibilidade e mobilidade nos edifícios e no meio urbano a partir de programa compatível com o contexto de sua área de implantação e alcançável através de tecnologias apropriadas.

PALAVRAS CHAVE:

Guimarães MG)

METODOLOGIA E JUSTIFICATIVA O plano de atividades, com a descrição sumária do processo que se pretende seguir será estruturado através de um cronograma dividido em blocos com estudo do tema, da legislação, experiências de campo, levantamento de campo e projeto preliminar. A disciplina foi desenvolvida por meio de um processo contínuo que exigindo do aluno as habilidades de diagnosticar, projetar e criar condições para construir, uma vez que ao desenvolver tais habilidades o aluno instrumentaliza-se para uma maior compreensão do processo. Contudo, a disciplina possui uma característica essencialmente experimental, ou seja, prática, sendo teoria ou análise uma parte da teoria operativa. Serão desenvolvidos conteúdos teóricos, na forma de

ensino de arquitetura; acessibilidade; mobilidade urbana; programa político pedagógico.

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS

aula expositiva, palestras, visitas, trabalho de campo acompanhadas do desenvolvimento gráfico do projeto, envolvendo a temática anteriormente discutida e seminário. Os trabalhos deverão ser desenvolvidos em sala de aula, com o assessoramento do professor, e concluídos

Considerando que segundo dados do IBGE, 14,5% da população está classificada entre

em casa como atividade extra-classe, sendo que a presença do aluno estará associada à sua

Pessoas com Restrições de Mobilidade e Deficiência, não podendo participar da sociedade em

produção em sala de aula e nos trabalhos de campo. Num mesmo exercício, poderá haver

virtude das barreiras existentes nos edifícios, nos espaços urbanos, indicando a falta de

etapas desenvolvidas por grupos e etapas desenvolvidas individualmente, possibilitando a

preocupação na utilização do desenho universal nos projetos, algumas correntes preocupadas

avaliação pessoal e estimulando a realização de trabalhos em equipe, de forma a enriquecer o

com esta situação vem se manifestando no sentido de alertar para a necessidade da inclusão

processo de ensino-aprendizagem.

social destas pessoas. Considerando que o aumento da expectativa de vida da população mundial projeta que em 2050 24% da população terá mais de 60 anos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS A disciplina de caráter experimental nestes dois semestres em que foi ministrada, provou um crescente interesse dos alunos pelo tema, bem como aproximou a Universidade, o curso e os

Considerando que o mundo globalizado em que vivemos, obriga que o ensino da Arquitetura

próprios alunos da comunidade considerando em especial o seminário que é realizado com a

atente para as constantes necessidades de mudanças que se apresentam. Visando promover

comunidade. Ainda que cedo, considerando que foram apenas dois semestres, já é possível


XXII COSU Ͳ Reunião do Conselho Superior da ABEA XXVI ENSEA Ͳ Encontro Nacional sobre Ensino de Arquitetura e Urbanismo

123

observar que nas disciplinas de projetos, os alunos passam a considerar os aspectos relacionados a acessibilidade, mobilidade urbana e desenho universal.

REFERENCIAIS BIBLIOGRÁFICAS LANCHOTI, José Antônio. Oficina Sobre o Ensino da Acessibilidade nos Cursos de Arquitetura e Urbanismo. 2008. Cartilha sobre Acessibilidade – Crea-RS. 2008. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050:2004 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2004. BRASIL. Decreto Lei n. º 5.296/2004 - Regulamenta as Leis nº 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida e dá outras providências. BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana. Cadernos de acessibilidade – Programa Brasileiro de acessibilidade urbana. 2006.

BIBLIOGRAFIAS DE APOIO DUARTE, Cristiane Rose de Siqueira ; COHEN, R. O Ensino da Arquitetura Inclusiva como Ferramenta par a Melhoria da Qualidade de Vida para Todos. In: PROJETAR 2003. (Org.). Projetar: Desafios e Conquistas da Pesquisa e do Ensino de Projeto. Rio de Janeiro: Virtual Científica, 2003, p. 159-173. DUARTE, Cristiane Rose de Siqueira ; COHEN, R. . Acessibilidade aos Espaços do Ensino e Pesquisa: Desenho Universal na UFRJ – Possível ou Utópico? In: NUTAU 2004: Demandas Sociais, Inovações Tecnológicas e a Cidade, 2004, Sâo Paulo. Anais NUTAU 2004: Demandas Sociais, Inovações Tecnológicas e a Cidade, 2004. GAMATTER, Carlos; Acessibilidade na Requalificação de Áreas Urbanas – Uma Experiência Acadêmica. UNICENP.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.