O Elefante de Marfim - Projeto de Próera

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10.10.0.2 . Muitas torturas dolorosas e muitos enforcamentos devem ser aplicados como demonstrações públicas. Ouça o canto suspenso e a paixão de São Lucas em Hiroshima. Depois de sofrer dores intensíssimas, o elefante não apenas executa o show como também confessa a força do ‘engenho’ e da ‘arte’, assim como as bruxas confessavam as repugnantes perversões sexuais praticadas com o demo, passando mesmo a acreditar nestas culpas inventadas e desejando pela tortura. Todo ritual de inquirição (e um processo de edital é um) leva o inquirido a aceitar as fantasias de seus juízes. Os juízes e carrascos sabem, que os processos de feitiçaria não visavam apenas a torturar as feiticeiras, bem como o show dos elefantes no circo não visam fazer crer que estes decidiram-se por atuar de forma antropomórfica, mas ainda mais, visam a torturar os espectadores que, ainda que inconscientemente, se identificavam com as vítimas. Esta é, sem dúvida, uma das razões de serem os enforcamentos e execuções efetuados em praça pública, constituindo verdadeiros espetáculos. 10.10.0.2 .1 . Talvez valha ressaltar aqui, a importância de uma mudança da experiência espetacular da arte, de produto da tortura subjetiva de formatação da intuição do artista às regras burocráticas disfarçadas como verdade da fruição artística para um processo de modificação subjetiva coletiva. 10.10.1 . Menticídio: Personalidades fortes podem tolerar agonia física (como escutas fortes se prostram perante a música náusea); não raro ela serve até para estimular pertinaz resistência. Qualquer que seja a constituição da vítima, a tortura física conduz, por fim, a uma perda protetora de consciência. Mas resistir a uma tortura mental que leva a uma sub-reptícia ruína do espírito exige personalidade ainda mais forte. Dominar um elefante é uma demonstração de ambos os tipos de torturas usados em conjunção perversa, e nisto um elefante branco é de fato uma demonstração de divindade e bom augúrio ao poder régio. O menticídio é um sistema organizado de intervenção psicológica e de perversão judicial, como o mercado da arte e o treinamento de elefantes, por meio do qual pessoas com poder social podem estampar suas próprias ideias oportunistas na mente daqueles de que planeja utilizar-se e que quer destruir cooptando, incluir pela marginalização. Sua logomarca aqui.


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