Melhores Crônicas Luís Martins

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O Estado de S. Paulo, o primeiro cronista a ter o nome por exten‑ so, sob um título de seção fixa.8

Para finalizar esta introdução, que já vai longe, uma nota sobre a seleção e organização da coletânea. As crônicas aqui reu‑ nidas encontram­ ‑se conservadas, catalogadas e organizadas no papel­‑jornal original, juntamente com cerca de 10 mil, no Centro de Estudos Luís Martins do MAM­‑SP, à disposição dos interessados – exceção feita às que figuraram em coletâneas prévias do autor (Futebol da madrugada, 1957; Noturno do Sumaré, 1961; Ciranda dos ventos, 1981), cujos originais se perderam. Os originais podem ser acessados também no acervo digital do jornal O Estado de S. Paulo. Além da qualidade da crônica (quesito para o qual con‑ correm vários parâmetros, como se sabe, nenhum mais determi‑ nante que o prazer sem nenhum parâmetro de quem lê), procurei apresentar as mais demonstrativas do estilo do cronista – humor, ironia, lirismo, concisão, tom confidencial – bem como seus temas recorrentes. Daí a organização por temas e, por último, como uma espécie de epílogo, algumas crônicas sobre o gênero crônica. Mas, como escolher é também perder alguma coisa, acabei por deixar de fora crônicas sobre outros temas frequentes do cronista, como, por exemplo, “artes plásticas”, já reunidas em livro específico.9 Valem ainda pequenas observações sobre as crônicas que aqui figuram: “Dolorosa interrogação” e “O sítio” foram conce‑ bidas em um momento político delicado, pré­‑golpe militar; “O estranho insulto” e “Virgindade” aludem à Censura então vigente. A última crônica de LM, “O homem invisível”, foi publicada dois dias após a morte do cronista, em 17 de abril de 1981. Difícil não notar que nela LM fala de si mesmo como um “revenant”, ou “alma do outro mundo”, suas derradeiras palavras escritas. Quem acredita em pressentimento pode até supor que, com essa espécie de anedota premonitória, despediu­‑se dos leitores. No mais, se é verdade que toda crítica é uma autobiografia, como afirmou Oscar Wilde, pode­‑se dizer que toda crônica o é de maneira ainda mais explícita, principalmente quando lida postumamente, ao lado de outras do mesmo autor. 8 MARTINS, Luís. Um bom sujeito. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. 9 MARTINS, Ana Luisa; SILVA, José Armando Pereira da. Luís Martins: um cronista de arte em São Paulo nos anos 1940. São Paulo: MAM­‑SP, 2009.

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