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TOLERÂNCIA AO ESTRESSE TÉRMICO E EFICIÊNCIA TROPICAL

Sistema mamário deve ser alvo da seleção

to, com um touro com STA muito positiva para largura de úbere, irá produzir uma a progênie com úberes mais largos do que a mãe. Entretanto, quando um grupo de vacas com úberes estreitos for acasalado com um touro que tenha STA alta e positiva para largura de úbere, a média da progênie destes acasalamentos deve ser melhor do que a das mães. Evidenciando a necessidade da utilização de grupos de touros que possuam STA’s próximas ao ideal, aumentando a frequência dos genes responsáveis pela característica eleita como ideal na população.

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Entendendo como a ferramenta funciona é possível se obter ganhos por meio da seleção para as características alvo de melhoramento e assim produzir animais mais eficientes, com menor número de problemas e que permanecerão por mais tempo no rebanho, reduzindo o custo com reposição de fêmeas.

Além das STAs para as características lineares de sistema locomotor e mamário os resultados da PTA leite, acurácia da PTA leite, o número de filhas com medidas para o linear, e dois compostos: composto de sistema mamário Girolando (CSMG) e o composto de sistema locomotor Girolando (CSLG) também estão presentes no sumário. É importante ressaltar que a seleção dos reprodutores ainda deve ser feita pela PTA leite e a acurácia da PTA leite deve ser entendida como uma medida da intensidade de uso do reprodutor. Animais mais jovens tendem a ter PTAs superiores e acurácias menores, entretanto, apesar da acurácia ser menor, estes animais devem ser utilizados como reprodutores, mas em menor intensidade, pois acurácia baixa não implica em animais ruins e sim animais com pouca informação para gerar PTAs com acurácia superior.

As características de linear devem ser entendidas como características auxiliares à produção de leite. Os compostos de sistemas mamário e locomotor englobam as características de sistema mamário e locomotor, respectivamente. Cada uma das características tem um peso dentro do composto, dependendo da sua importância para a raça. Maiores informações a respeito dos pesos de cada um dos compostos podem ser consultadas no sumário da raça Girolando publicado neste ano. Na prática preconiza-se selecionar animais com valores moderadamente positivos para o CSLG e para o CSMG. O uso dos compostos permite selecionar animais para mais de uma característica simultaneamente, que seja, todas as características que o compõe.

GENÉTICA

Renata Negri, Darlene Daltro, Sabrina Kluska, Pamela Itajara Otto, Edivaldo Ferreira Junior, João Cláudio do Carmo Panetto e Marcos Vinicius Gualberto Barbosa da Silva. Equipe Embrapa Gado de Leite/Girolando

Tolerância ao estresse térmico e eficiência tropical

A pecuária leiteira brasileira pode ser estratificada em diferentes níveis organizacionais e tecnológicos, que vão desde as pequenas propriedades rurais até grandes cooperativas, gerando empregos e produzindo alimentos com qualidade. Genuinamente brasileira, a raça Girolando está presente na maioria das propriedades rurais e tem papel fundamental na cadeia dos lácteos no País, sendo responsável por 80% do leite produzido.

No entanto, para a viabilidade e sustentabilidade da propriedade rural, é essencial que os animais recebam boa alimentação (em quantidade e em qualidade), tenham boa sanidade e sejam mantidos dentro da zona de termoneutralidade para que, assim, possam expressar o máximo do seu potencial genético para a produção de leite. A zona de termoneutralidade consiste na faixa ideal de temperatura e de umidade para o conforto térmico do animal.

Uma característica marcante dos sistemas de produção de leite nacional é o predomínio do regime alimentar a pasto. Para contornar os desafios climáticos impostos nesse tipo de sistema em regiões tropicais, duas estratégias podem ser utilizadas: as modificações estruturais do ambiente de produção e a identificação de animais tolerantes ao estresse térmico e seu uso em sistemas de acasalamento. As modificações estruturais do ambiente, apesar de promoverem condições de conforto térmico no local onde são instaladas, geralmente requerem alto investimento, constante manutenção e não são herdáveis geneticamente pelos animais. Por sua vez, a seleção genética para termotolerância provavelmente é a estratégia mais viável e efetiva, pois representa uma ferramenta que pode melhorar de forma permanente a tolerância do estresse térmico dos animais.

Uma importante fonte de informação para avaliar o conforto ou o desconforto (estresse térmico) do animal em relação ao ambiente e/ou ao clima, é o índice de temperatura e umidade (ITU), o qual combina em uma única variável os valores de temperatura e de umidade relativa do ar. O ITU desempenha papel expressivo na caracterização de diferentes ambientes produtivos e serve como um descritor ambiental para avaliar o desempenho animal nas diferentes combinações de temperatura e umidade.

No Sumário de Touros Girolando 2022 foi apresentada a avaliação dos touros para Tolerância ao Estresse Térmico. Para a realização desse trabalho foram considerados dados coletados pelo Controle Leiteiro Oficial do Girolando entre os anos de 2000

FIGURA 1 – Limites de conforto térmico para diferentes composições raciais

a 2020. Cada controle leiteiro foi considerado como uma observação e a ele foi associada a informação do ITU no dia do controle, constituindo uma base de dados com mais de 650 mil controles leiteiros, de mais de 69 mil vacas e com aproximadamente 21 mil animais genotipados.

A informação do ITU foi obtida por meio de estações meteorológicas públicas próximas aos rebanhos. Análises preliminares identificaram que as informações de temperatura e umidade aferidas no dia do controle são as principais causas de variação da produção de leite. A partir dessa constatação científica, também foi possível identificar o limiar de conforto térmico para as composições raciais e quantificar as perdas de produção de leite.

O limite de conforto térmico identificado para animais 7/8H foi ITU 77, para animais 3/4H o limite foi ITU 78, enquanto que para animais 1/4H, 1/2H e 5/8H o limite de

conforto térmico foi ITU 80. A Figura 1 ilustra os limites de conforto térmico de cada uma das composições raciais e traduz os valores de ITU para temperatura e umidade relativa do ar. Na mesma imagem, consta para comparação, o limite de conforto térmico identificado na raça Holandesa (ITU 74), utilizando a mesma metodologia (NEGRI, 2021). Ainda na Figura 1 é possível observar a superioridade dos animais Girolando para tolerância ao estresse Ainda na Figura 1 é possível observar a superioridade dos animais térmico. A diferença pode chegar a Girolando para tolerância ao estresse térmico. A diferença pode chegar a 10ºC quando comparamos os limites extremos de tolerância ao calor. Essa 10ºC quando comparamos os limites extremos de tolerância ao calor. Essa diferença é extremamente significadiferença é extremamente significativa quando se trata de sistemas de tiva quando se trata de sistemas de produção a pasto, pois animais Giprodução a pasto, pois animais Girolando toleram temperaturas mais altas e rolando toleram temperaturas mais umidades mais baixas, quando comparados à raça Holandesa. A composição altas e umidades mais baixas, quando comparados à raça Holandesa. racial 5/8H merece destaque especial, pois lidera, juntamente com animais A composição racial 5/8H merece 1/2H e 1/4H, a tolerância ao estresse térmico. destaque especial, pois lidera, juntamente com animais 1/2H e 1/4H, a

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