Revista Pronatec EJA

REVISTA

educação de jovens e adultos NÚMERO 1 - ANO 1 - MAIO DE 2018 | ESCOLA AGRÍCOLA DE JUNDIAÍ |UFRN

vidas QUE SONHAM MISSÃO DO PRONATEC

PRONATEC EM NÚMEROS

COLETânea de depoimentos

sumário

5 mensagem ao leitor 14 depoimentos > A professora que virou aluna 16 > A poeta nordestina 17 > Artesã desde criança 18 > Aquela que não foi criança 19 > Tentativa de superação e socialização 20 > bordado da alegria 21 > Da solidão à alegria 22 > Desemprego nunca mais 23 > Entre duas cidades e o sonho de estudar 24 > Ícone cultural em sala de aula 25 > Luz no Fim do túnel 26 > O desejo de fazer diferente 27 > O sonho realizado 28 > Quando a idade é um mero detalhe 29 > Uma vida mais colorida 30 > Uma vida sem a oportunidade de estudar 31 > Um exemplo para os Filhos 32 > Um futuro em construção 33 > Um incentivo para voltar a estudar 34

A missão do pronatec 6 na eaj 7 o pronatec na ufrn 8 considerações pedagógicas

10 linha do tempo 11 pronatec em números

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Rossieli Soares da Silva ministro Eline Neves Braga Nascimento Secretária de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE Ângela Maria Paiva Cruz reitora José Daniel Diniz Melo vice-reitor

EQUIPE ADMINISTRATIVA Anadelly Fernandes Pereira Alves Ariane Medeiros Villela Dalvanisa Rodriguês de Araújo Fernanda Antunes M. Neves da Silva Magno Hudson da Costa Gomes Mariana Monjardim Barboza Sayonara Rêgo Fontes Tiago Tobias Freitas Wderica Miguel Tavares de O. Silva SUPERVISORES Cynthia Gabriela F. de Araújo Gizelda Maria de Freitas Jarlene Gomes de Oliveira Silva Maria Aparecida Vieira Diógenes Maria de Fátima Fernandes Pereira Maria de Fátima Fernandes Pereira Maria do Livramento de Q. Diógenes Mariana Monjardim Barbosa Mary Anne Barbosa de Carvalho Rozenilda Maria Silva da Silva Thiago Augusto Gomes Silva ORIENTADORES Edna Maria Maranhão da Silva Maria das Graças Rodrigues da Silva Michele Raquel Barbosa Félix AUXILIARES ADMINISTRATIVOS Aline Paula Alves da Costa Cleiciane de Souza Silva Deuziane Pereira Ferreira Fontes Francisco Sueudo Pereira de Araújo

ESCOLA AGRÍCOLA DE JUNDIAÍ Júlio César de Andrade Neto diretor Gerbson Azevedo de Mendoça vice-diretor João Inácio da Silva Filho coordenador geral do Pronatec Paulo Mário de Carvalho Faria coordenador adjunto do Pronatec Paulo Roberto Lima de Souza coordenador adjunto dos cursos FIC/EJA

Keila Lidiana de Souza Lindomar Fernandes de Almeida Nara Nathana Costa Soares PROFESSORES Adriana Carla Barbosa de Souza Alessandra Maria Pierre M. da Costa Alynne de Lima Lopes Anderson Clayton de Souza Pereira Andrelina de Souza Silva Antonia Dalvanir C. de O. Carvalho Antonio Rodrigues Neto Carlos Antônio Barbosa Cicero Wildemberg Matias Gomes Clediana Galdina da Silva Dayane Emanuelle R. Faustino Diego Dias de Queiroz Edson Pereira de Araujo Élida Maria Gurgel Batista Souza Emanuel Alves Leite Emanuel Rodrigo Duarte Dias Emanuela Carla M. de Queiros Eunice Raquel Cavalcanti Fábio Campos da Silva Francisca Janekele Buriti Francisco de Assis Alves da S. Júnior Francisco Joilson de Almeida Costa Francisco Renan da Silva Girlania Fernandes de M. Vanderlei Hudson Moreira de Araújo Iasmim Maria Soares dos Santos Iasmim Santos Mangabeira e Silva Ilmara Pinheiro Limão Janainy Paula de Oliveira

Janne Gleidy Gomes de Oliveira Jannystanieva Ângelo do Nascimento Jaryslândya M. da R. Carneiro Diógenes João Avelino de Almeida Júnior Johny Victor da Silva Lima José Aparecido Panicio José Eldo Costa Kahdynn Mendes de Melo Karígna Brígida N. Magalhães Katiane Silva de Souza Luis Gonzaga do Rêgo Neto Luiz Carlos da Silva Manoel Amaro de Medeiros Neto Marcos Aurélio Holanda Guerra Maria Auxiliadora Paiva Maria Auxiliadora Paiva Forte Maria Edileuza Queiroz de Aquino Maria Gorete de Lima Maria Luciana do Nascimento Nathalia Cruz de Almeida Nigéria Karla Germano Cavalcante Nivaldo Lopes da Mata Odnez Silva Pontes Souto Pablo Enilson Araújo Pereira Paula Raquel Pinheiro Petrucio Batista de Lima Rafaela Sonally Cunha Moura Rodolfo Hugo Barbosa de Souza Samantha Larissa Silvino dos Santos Terezinha Maciel Maia de Medeiros Wendela Sara Costa da Silva Wilaneide da Silva Campos

mensagem ao leitor

Caros leitores, A Educação de Jovens e Adultos vem ganhando força nos últimos anos e dando vez a muitos alunos que tiveram que abandonar o ensino regular pelos mais diversos motivos, em grande medida, relacionados à obrigatoriedade do trabalho para o sustento da família.

Esta modalidade, que é objeto de fomento pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 9.394/96, pelo atual Plano Nacional de Educação, e ainda por pareceres do Conselho Nacional de Educação, busca trazer para o convívio escolar pessoas que tiverem a educação formal interrompida e que têm como foco a formação humanistica e para o trabalho.

EXPEDIENTE

Nesse sentido, a Escola Agrícola de Jundiái é pioneira em chegar aos quatro cantos do Estado do RN, atendendo vilas, distritos, povoados, assentamentos e zonas urbanas para que os jovens e trabalhadores do RN possam conquistar a qualificação que precisam para entrar no mercado de trabalho ou montar o próprio negócio. Desta forma, a EAJ tem levado educação profissional e cidadania aos jovens norteriograndenses, atendendo a missão da Universidade Federal do Rio Grande do Norte em promover a inserção socioprofissional e expandir o acesso à educação.

JORNALISTA RESPONSÁVEL: Cecília Oliveira EDITOR: João Inácio da Silva Filho APOIO TÉCNICO: Mariana Monjardim Barboza COMISSÃO EDITORIAL: Anadelly Fernandes Pereira Alves, Cecília Oliveira, Mariana Monjardim Barboza, Mycleison Costa da Silva, Paulo Roberto Lima de Souza FOTOGRAFIAS: Cecília Oliveira PROJETO GRÁFICO: GILBERTO OLIVEIRA TIRAGEM: 100 EXEMPLARES

‘Vidas que Sonham’ é uma publicação do PRONATEC/EAJ-UFRN que visa evidenciar as mudanças que a educação pode causar na vida das pessoas, o que é um direito intrísseco à sua condição humana. Nesta publicação são apresentados dados e depoimentos de beneficiários reais do Programa no RN e uma pequena mostra de como a educação pode subsidiar mudança de práticas e mostrar novos rumos para vida dos nossos alunos.

Boa leitura!

João Inácio da Silva Filho

Coordenador Geral do PRONATEC/EAJ/UFRN

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institucional

a missão do pronatec na eaj As políticas públicas voltadas para a garantia do acesso e a permanência na educação formal tem na década de 1990 um grande crescimento que é fruto de debates e lutas dos profissionais da educação e da sociedade civil.

buscado privilegiar ações que contribuam para a melhoria da qualidade do ensino, atendendo principalmente os distritos, vilas e assentamentos, profissionalizando jovens estudantes e trabalhadores do Rio Grande do Norte.

A Escola Agrícola de Jundiaí, que mesmo antes de ser uma Unidade Acadêmica da UFRN e que já ofertava educação profissional ganha um novo fôlego com a instauração do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) no ano de 2011 passa a intensificar suas atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão chegando a mais de 130 munícipios do Estado do Rio Grande do Norte.

Com o apoio do Governo Federal, UFRN, Prefeituras, Secretaria de Estado da Educação e da Cultura, além de empresas parceiras, temos conseguido desenvolver este trabalho além das instalações da Escola Agrícola de Jundiaí, atingindo o objetivo maior do Programa que é interiorizar e democratizar a oferta de cursos de educação profissional técnica.

Ao abraçar o Pronatec, conseguimos inserir novas áreas de conhecimento e promover a cidadania atendendo aos jovens dos mais diversos municípios.

A cada turma iniciada, damos mais um passo na nossa missão de promover a cidadania e disseminar o saber. Quando levamos conhecimento técnico, gratuito e de qualidade aos jovens do nosso estado estamos cumprindo nossa meta de ser uma escola do futuro.

Dessa forma, continuamos firmes no nosso objetivo de formar cidadãos conscientes, críticos e competentes para atender as demandas do mercado de trabalho. E mais que isso, possibilitando sonhos e tornando real o que antes era abstrato, o estudo.

O Pronatec/EAJ/UFRN é sinônimo de comprometimento, educação pública laica, de qualidade e construída sem qualquer traço de segregação, sendo ela de cor, raça, credo ou gênero.

Ao longo dos anos, o Pronatec/EAJ/UFRN, tem

Júlio César de Andrade Neto diretor da EAJ/UFRN

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histórico

o pronatec na ufrn de pactuação firmada entre Prefeituras, Ministério da Educação e Escola Agrícola de Jundiaí inicou-se em 2017 a oferta de cursos FIC integrados a EJA nos municípios de Canguaretama, Luís Gomes, Major Sales, Natal, Parelhas, Pau dos Ferros, Rafael Fernandes, Riacho de Santana, Santana do Seridó, Serra de São Bento, Serra Negra do Norte, Serrinha, Serrinha dos Pintos, Umarizal e Vera Cruz. Mais de 1650 jovens e adultos são atendidos nesta oferta.

O Programa Nacional de Acesso ao Ensino e Emprego - PRONATEC, instituído pela Lei n° 12.513/11, de 26/10/2011, regulamentado pela Lei 12.816 de 05/06/2013, pela Escola Agrícola de Jundiaí, Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, desde 2011 vem ofertando educação profissional em mais de 130 municípios do RN, oportunizando a educação profissional de qualidade.

Nos municípios contemplados pela pactuação são ofertados cursos como: Assistente de Produção Cultural, Agente Comunitário de Saúde, Agente Cultural, Apicultor, Artesão de Artigos Indígenas, Artesão de Biojoias. Artesão de Cerâmica, Artesão De Pintura Em Tecido, Assistente De Planejamento, Programação e Controle De Produção, Assistente de Produção Cultural, Assistente Financeiro, Comprador De Moda, Condutor de Turismo em Espaços Culturais Locais, Condutor de Turismo em Unidades de Conservação Ambiental Local, Confeccionador de Bijuterias, Confeccionador de Lingerie e Moda Praia, Cortador De Confecção Industrial, Costureiro De Máquina Reta e Overloque, Costureiro Industrial do Vestuário, Cuidador de Idoso, Desenhista de Joias e Bijuterias, Desenhista de Moda, Eletricista Instalador Predial De Baixa Tensão, Microempreendedor Individual (Mei), Pedreiro de Alvenaria, Piscicultor, Recreador Cultural, Revitalizador de Alvenarias, Revitalizador de Coberturas de Madeira e Viveiricultor.

Dentre as modalidades ofertadas pela Escola, temos cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC) em diferentes modalidades (Mulheres Mil, Jovem Aprendiz e mais recentemente a Educação de Jovens e Adultos), assim como cursos Técnicos de forma integrada, concomitante e subsequente, e desde 2017 iniciamos a ofertá-los tambem na modalidade de Eduação a Distância (EaD).

Em parceria com os demandantes: Ministério da Educação (MEC); Ministério da Cultura (MC); Ministério do Desenvolvimento Social (MDS); Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA); Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC); Ministério da Defesa Nacional (MDN); Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), além da Marinha do Brasil, Secretaria de Estado da Educação e da Cultura do RN (SEEC-RN) e Prefeituras Municipais, o Pronatec/EAJ-UFRN de 2011 até os dias atuais já diplomou mais de 53 mil pessoas no RN. Através

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metodologia

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considerações pedagógicas Paulo Roberto L. de Souza e Sayonara R. Fontes

A ação educativa exercida por profissionais capacitados em bases técnicas e pedagógicas é fundamental para o sucesso do processo de ensino e aprendizagem, bem como necessária aos objetivos educativos defendidos pelo PRONATEC/EAJ/UFRN, a saber: formação humana, política, crítica, científica e profissionalizante.

Com esta missão posta estabeleceu-se um equipe pedagógica formada por pedagogos e especialistas das áreas para que os projetos pedagógicos pudessem ganhar vida e darem norte as atividades educativas. Além dos conteúdos básicos para a formação técnica as nossas propostas pedagógicas contam com disciplinas de fundamentação, como por exemplo, Português e Matemática Instrumental e no fim de todos os módulos os alunos tem a oportunidade de cursar a disciplina de Empreendedorismo com o intuito de agregar possibilidades do empreendimento pessoal e profissional.

Pensando na qualidade da oferta dos cursos realizamos reuniões periódicas para formação continuada de toda equipe sendo executadas na EAJ ou nos munícipios polos. Nesses

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encontros formativos foi estabelecido coletivamente as metodologias a serem adotadas nas aulas e o portfólio como um dos instrumentos de avaliação.

Além disso a equipe responsável pela coordenação dos cursos FIC realizou visitas em todas as turmas com a finalidade de avaliar todo o processo e ver in loco como as atividades estavam sendo desenvolvidas para que a partir daí fosse possível a avaliação das ações e, quando necessário, o redimensionamento dos objetivos traçados anteriormente.

Nesse sentido, compreende-se que o trabalho coletivo foi fundamental para que se concretizasse o processo de ensino e aprendizagem de todos os alunos envolvidos.

O compromisso pedagógico do Pronatec/EAJ-UFRN em fomentar o interesse dos alunos nas aulas, sendo elas teóricas ou práticas, ganhou forma, também com os alunos da EJA e estamos conscientes do cumprimento de nosso papel enquanto formadores de opinião.

linha do tempo

2018 2017 Oferta de 25 cursos técnicos via MedioTec e 55 cursos FIC integrados à Educação de Jovens e Adultos (EJA) em 33 municípios e 48 unidade remotas

2015 Atinge a marca de 100 municípios atendidos, ofertando 6.986 vagas em cursos do Pronatec Mulheres Mil e Sistema Prisional

2013 Registra a maior oferta de cursos: 10.096 vagas em 367 cursos FIC e 1.380 alunos em cursos técnicos

2011 Através da assinatura do termo de adesão e colaboração entre a EAJ e o Ministério da Educação, passa a ser ofertante do Pronatec, beneficiando 280 alunos em 3 municípios

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279 turmas em andamento com 2.528 alunos em sala de aula

2016 Atende 42 municípios ofertando 132 cursos e beneficiando 4.475 cidadãos norteriograndenses

2014 Registra a maior oferta de cursos: 10.096 vagas em 367 cursos FIC e 1.380 alunos em cursos técnicos

2012 Oferta cursos técnicos e FIC beneficiando 7.600 cidadãos em 18 municípios através de 43 cursos

estatísticas

pronatec em números Com a finalidade apresentar um panorama geral dos alunos beneficiários do Pronatec EJA adotou-se a pesquisa de cunho qualitativa que surgindo, inicialmente, no campo antropológico e sociológico há mais de 50 anos passa a ganhar espaço em pesquisas de cunho educacional.

Uma pesquisa que tem por norte os fundamentos qualitativos desdobra-se em processos de análises de dados coletados direta e interativamente junto ao campo empírico na busca de compreender os fenômenos pesquisados e sobre eles construir as interpretações do pesquisador que está à frente do processo.

Dentro do campo da pesquisa qualitativa desdobram-se diferentes métodos, formas e objetivos com os quais se coletam e analisam-se os dados. GODOY (1995, p. 62) elenca alguns nuances que caracterizam uma pesquisa qualitativa. São elas: O ambiente natural como fonte direta de dados e os pesquisadores como instrumento fundamental; caráter descritivo; o significado que as pessoas dão à vida como preocupação do investigador, e; o enfoque indutivo.

Moreira (2002) apresenta seis itens que segundo a autora se configuram como características básicas para a adoção de uma prática qualitativa em pesquisas. Incluem-se nesses itens: A interpretação como foco; A subjetividade é enfatizada; A flexibilidade na conduta do estudo; O interesse é no processo e não no resultado; o contexto como intimamente ligado ao comportamento das pessoas na formação da experiência; e o reconhecimento de que há uma influência da pesquisa sobre a situação, admitindo-se que o pesquisador também sofre influência da situação de pesquisa.

Esse tipo metodológico de pesquisa tem por objetivo traduzir e decodificar os sentidos dos fenômenos sociais no intuito de reduzir a distância entre indicadores e indicados,

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teorias e dados e entre contexto e ação (MAANEN, 1979, p.520) De acordo com os estudos desenvolvidos por Lüdke e André (1986, p. 13) a pesquisa qualitativa dentro do campo educacional pode desdobrar-se no campo etnográfico ou no campo do estudo de caso. Esses dois tipos de pesquisas qualitativa vem ganhando espaço e aceitação na área da educação perante seu potencial nos estudos relacionados à escola.

Nesse sentido, foi construído e aplicado um questionário estruturado por meio do Google Formulário e em cada município os alunos foram orientados nas respostas e automaticamente estes dados eram gerados para equipe de coordenação que os recebeu e iniciou as análises na Escola Agrícola de Jundiaí.

Os dados aqui apresentados foram obtidos a partir dos questionários aplicados, bem como, análises pertinentes ao cunho educacional, social e humano aos qual se destinam os cursos ofertados pelo Pronatec/EAJ/UFRN. De uma oferta de aproximadamente 1.600 (mil e seiscentas) vagas tivemos o retorno de aproximadamente 1.300 (mil e trezentos) questionários. Esse dado pode estar relacionado a falta de acesso a internet em muitos povoados e assentamentos em que nossos cursos são desenvolvidos, bem como as relações temporais que inviabilizaram a aplicação de questionários físicos (papel) para uma posterior tabulação.

Em um recorte geral, compreendemos a importância do Pronatec/EAJ/UFRN chegar aos quatro cantos do Estado do Rio Grande do Norte. Questões como o atendimento a alunos especiais, respeito a diversidade, credo e gênero estão cada vez sendo mais discutidas no cenário nacional e inevitavelmente estadual e municipal. Dessa forma, chegando a nossas salas de aulas e sendo repensadas na construção de nossos currículos.

Sexo e Faixa Etária 55 ou + anos

2% 4%

50 a 54 anos

5%

45 a 49 anos

7%

40 a 44 anos

11% 35 a 39 anos

30 a 34 anos

15% 15%

25 a 29 anos

19%

20 a 24 anos

22%

81% mulheres

19%

homens

faixa etária

Procedência 71%

29%

zona urbana

zona rural

12

15 a 19 anos

Etnia

Estuda atualmente?

70%

Há quanto tempo está sem estudar? terminou o Ensino Médio há mais de 30 anos de 25 a 30 anos de 19 a 24 anos de 11 a 18 anos de 6 a 10 anos

30%

há menos de 5 anos não respondeu

sim

não

Alguém tentaria impedir sua participação do Pronatec/EAJ?

60% negros

39%

brancos

1%

99% não

amarelos

1% sim

Recebe benefício do Governo Federal?

Exerce atividade remunerada?

GOV FED

sim 22%

sim 62%

não 78%

Meios de transporte

---

não 38%

? moto

ônibus

a pé

bicicleta

carro

outros

mais utilizado?

55%

13%

11%

10%

4%

7%

para o curso?

37%

12%

44%

4%

1%

2%

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depoimentos

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TEXTOS: CecĂ­lia Oliveira E Mycleison Costa

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“O desejo de aprender é maior do que qualquer dor”

A professora que virou aluna Antônia Hiudézia Duarte da Silva Rafael Fernandes/RN

Há 51 anos começou a história da pedagoga especializada em educação física, Antônia Hiudézia Duarte da Silva, moradora do município de Rafael Fernandes, Oeste Potiguar, distante 401 quilômetros da capital do Rio Grande do Norte. Professora desde o início da vida adulta, Antônia assume hoje uma cadeira diferente daquela a qual habituou-se nos últimos anos, ela, juntamente com outras 30 mulheres, é aluna do curso de Pintura em tecido fornecido pelo PRONATEC/EAJ- UFRN.

bem, preferi me tornar aluna”, informou sem arrependimento algum do que fez.

O desejo de Antônia de tornar-se uma artesã em pintura profissional e possuir o próprio ateliê é antigo e acabou ficando ainda mais forte com a proximidade da aposentadoria. Ela conta que antes da chegada do Pronatec já até havia procurado outros locais que oferecessem cursos de pintura, mas nunca havia encontrado. Ultimamente estava recorrendo a internet para aprender o básico e já se permitia arriscar algumas pinceladas em casa.

“Eu sempre quis ter aulas de pintura. Já havia batido até em Pau dos Ferros atrás de alguém que ministrasse um curso desses, mas nunca ninguém sabia dizer onde tinha. Quando eu soube que o Pronatec ia trazer aqui para Rafael Fernandes o curso profissionalizante de Artesão de Pintura em Tecido não perdi tempo, corri e fui fazer minha matrícula”, contou.

A relação entre Hiudézia e o Pronatec poderia ter sido outra, pois sua formação acadêmica a deixava apta a vaga de professora no curso de Recreador cultural, que também é ofertado na cidade. Todavia, ela não pensou duas vezes antes de fazer sua escolha.

“A moça me informou sobre a vaga para professor que eu poderia concorrer, mas a vontade de realizar meu sonho falou muito mais alto. Mesmo com a ciência de que um profissional do programa ganha

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Contudo, um acidente de moto quase a impediu de cursar aquilo que tanto buscou. “Eu quebrei meu pulso em um acidente de Biz, pouco tempo após ter feito minha matricula no Pronatec. Eu fiquei muito ansiosa em relação ao período que levaria para me recuperar cem por cento, pois só foi descoberto que precisaria de cirurgia 12 dias após o fato. Eu fiquei muito triste, acreditei que as dores. e a impossibilidade de mexer a mão me afastariam completamente do curso”, revelou.

Entretanto, a força de vontade está fazendo com que Hiudézia supere as limitações, frequente as aulas de pintura se destaque entre as demais colegas.

“Sempre que vou a fisioterapeuta os exercícios da sessão me deixam com o pulso inflamado, dolorido, não consigo sequer levar comida à boca. Porém, quando ela cai no mesmo dia da aula de pintura, eu vou para a sessão e depois faço o esforço de ir para a aula, quando chego em casa meto gelo em cima para amenizar a dor. Faço isso para não desperdiçar essa oportunidade”, confessou.

Segundo ela, os cursos profissionalizantes oferecidos pelo PRONATEC prestam um ótimo serviço à sociedade, pois muita gente está empregada graças a formação obtida através do programa. Afirmou que as aulas práticas são as suas favoritas e elogiou a professora: “Maravilhosa”. Por fim, enfatizou que já está investindo tempo e dinheiro em um projeto pessoal de muito tempo.

“Após o curso vou abrir o meu próprio ateliê de pintura para confeccionar guardanapos e os jogos de cama, mesa e banho para vender aqui na cidade. Vou me aposentar da sala de aula, mas não vou parar de trabalhar”.

“O PRONATEC afastou as lágrimas dos meus olhos e tem sido um grande amigo”

A POETA NORDESTINA VITÓRIA ISABEL DA FONSECA CARVALHO PARELHAS/rn

Sou poeta nordestina, foi um dom que Deus me deu. Aqui e agora peço licença pra dizer a vocês o que se assucedeu”, declama a senhora Vitória Isabel da Fonseca Carvalho, 76 anos, no município de Parelhas a 244 km de distância de Natal/RN. Nascida na capital da telha, na região do Seridó do RN, dona Vitória trabalhou desde os oito anos. “A minha idade de trabalhar foi desde criança nos sítios plantando algodão, batata e feijão.

Fui catequista, ministra de eucaristia, missionária, costureira, agricultora, mineradora, tocava viola e cantava para o meu pai dormir. Sempre gostei da poesia, mas nunca fiz disso minha profissão e não tive muita oportunidade para estudar.”

Inscrita no curso de Cortador de Confecção Industrial, a poeta estudou apenas até o ensino fundamental e foi à luta pelo bem da comunidade.

“Nunca fui muito de festa, sempre fui da luta. Vivi lutando pelo bem das comunidades, trabalhei muito.

Sou uma pessoa que já comeu de esmola e só eu sei o que é sofrer, então não gosto de ver ninguém passando necessidade, me preocupo muito com minha comunidade.

Gosto muito de ajudar as pessoas que estão precisando, tanto faz na igreja, nos trabalhos da prefeitura, nas periferias”. Foi com muita luta que dona Vitória conseguiu criar a Associação Comunitária Bairro Maria Terceira no ano 2000.

“Aquela associação foi uma luta.

juntei com minhas colegas para montar a associação.

O chão foi doado pela prefeitura, os tijolos as cerâmicas da região doaram, o Banco do Brasil conseguiu o mobiliário e junto com as costureiras de Jardim do Seridó conseguimos as máquinas. Ali tem mesa, computador, cadeira, geladeira, freezer. É um sonho, e não quero que vá abaixo. Só no dia que Deus me chamar”.

Na sede da Associação Comunitária, funcionam os cursos de Costureiro de máquina reta e overloque e Confeccionador de lingerie e moda praia via PRONATEC. Para a poeta é uma alegria para ela ver o espaço em pleno funcionamento.

“Me sinto realizada vendo a associação viva, é uma felicidade muito grande. O curso é muito caro, e graças a Deus e ao PRONATEC as pessoas estão tendo essa oportunidade de forma gratuita”.

Com quatro filhos, nove netos e dois bisnetos, a poeta tem gostando muito do curso. “Eu costurava sim, mas não tinha tanta segurança no corte, agora aprendi e espero aprender cada vez mais para poder passar aos mais novos”.

“Com o curso também não me sinto mais sozinha.

Nove anos atrás perdi meu esposo no dia que completamos 42 anos de casado. Chorava muito, e vivia triste, mas aqui sempre tem o lazer com as amigas e o aconchego das pessoas tem preenchido minha vida”.

Cheia de garra e energia, a poeta afirma que está longe de parar os estudos. “Enquanto eu tiver saúde vou procurar aprender e a lutar. O mundo está meio desmantelado, e quem transforma esse mundo são as mulheres, uma mulher só não consegue, mas se juntar dá certo. Vivo para ser um instrumento de transformação e luta.

Com apoio da Igreja Nossa Senhora de Fátima, conseguimos um salão onde fazíamos artesanato e redes. Após a oferta do curso de bordado no programa ‘Junto Somos Fortes’ do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE),

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“O PRONATEC é tudo.

Aqui você desenvolve suas habilidades e pode ir longe”

Artesã desde criança Tamires Jácome de Lima Major Sales/RN

bonita. Acho que os artigos que eles produzem são riquíssimos e merecem ser valorizados”.

Na microrregião da Serra de São Miguel, no município de Major Sales/RN, a jovem Tamires Jácome de Lima, 28 anos, encontrou no artesanato uma fonte de renda e uma forma de desenvolver sua criatividade. “Minha vida sempre foi fazer artesanato. Nem sei com que idade comecei a fazer patchwork (trabalho com retalho), mas faço há muitos e muitos anos. Sempre gostei de artesanato e não me vejo fazendo outra coisa”.

Para a artesã, o curso também é uma oportunidade de ampliar a renda. “Na minha casa só minha mãe e meu pai tem fonte de renda fixa, ambos são aposentados. Eles me ajudam, mas com o PRONATEC tenho uma oportunidade de aprendizado e de receber uma bolsa. Com o auxílio financeiro que recebo através do PRONATEC posso comprar os materiais para produzir o que aprendi e vender”.

Ex-aluna da Educação de Jovens e Adultos (EJA), Tamires comenta que no início do curso enfrentou algumas dificuldades. “No começo tive um pouco de dificuldade para acompanhar os conteúdos. Quando terminei o ensino através da Educação de Jovens e Adultos (EJA) não tinha mais curiosidade de aprender matemática, português, porque já tinha passado esse tempo. Não gosto muito de estudar matemática e o curso começou logo com esse conteúdo. Foi um pouco difícil, mas aprendi um bocado de coisa graças aos professores”.

Tamires relata que viver do artesanato é difícil devido à falta de reconhecimento. “Quando a gente trabalha com artesanato o gasto com material é muito alto, e infelizmente muita gente não valoriza. É muito errado isso, porque as pessoas não sabem o trabalho que dá. Tento vender o que faço por um preço justo que dá para cobrir minhas despesas com material e dá para as pessoas pagarem, mas ainda assim é complicado”.

Com deficiência intelectual, a jovem inscrita no curso de Artesão de Artigos Indígenas conta que além da dificuldade com os conteúdos da matemática foi difícil aprender as novas técnicas de artesanato. “Na minha turma não tem muita gente que já atuava como artesão, e mesmo para nós, foi um pouco difícil aprender estas novas técnicas. São muitos passos a seguir, e muitos detalhes. Para a gente que está acostumado a trabalhar com outras técnicas é difícil se adaptar às novas, é preciso se dedicar bastante e não desistir”.

Com o curso, Tamires pretende continuar produzindo artesanato e estudar mais. “Já aprendi muita coisa aqui, já fiz novos amigos. Isso é muito bom. Acredito que o que aprendei vou fazer para vender. Espero continuar me capacitando e vendendo meus materiais. Queria fazer o de bijuteria para complementar”.

Foi a curiosidade de saber sobre como era produzido o artesanato indígena que a fez se inscrever no curso. “A curiosidade de saber como os índios produziam artesanato me motivou a fazer este curso. Não sabia que ia aprender a fazer tanta coisa

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“Antes da chegada do PRONATEC a minha vida era um tédio”

Aquela que não foi criança Laís Cristina Rocha Itajá/RN

A minha mãe queria que eu fosse médica ou enfermeira, mas o meu sonho mesmo era ser babá”, assim declarou a agricultora Laís Cristina Rocha Rodrigues, 30 anos, moradora do município de Itajá, localizado na região do Vale do Assú, semiárido potiguar. Obrigada a trabalhar no pesado desde cedo, Laís perdeu grande parte de sua infância e adolescência nas plantações mantidas pela família.

“O meu padrasto nunca me deixou brincar. A lei dele era da 'escola para a roça'. Nem trazer atividades para casa eu podia, senão ele jogava fora.

Brincar de boneca nem pensar! Eu tinha que escondê-las debaixo da cama para ele não as ver. Só quando eu fiz 15 anos que as coisas melhoraram para o meu lado. Nessa época eu namorava a noite e durante o dia brincava de boneca. Foi só a partir daí que eu puder ser criança. Meu sonho era ser babá para viver a infância que não tive”, revelou.

Aos 22 anos Laís abandonou os estudos e realizou o seu sonho: foi babá durante dois anos na capital do estado. Hoje, com três décadas de vida, a itajaense é casada, mãe de duas filhas e estudante do curso de Artesão em Cerâmica fornecido pelo PRONATEC/EAJ-UFRN. Essa que já é a sua terceira passagem pelo programa, tendo anteriormente frequentado as turmas dos cursos de Cuidador de Idoso e Pedreiro de Alvenaria.

Laís pontuou que em sua primeira passagem pelo programa o principal atrativo foi o auxílio financeiro que receberia por estudar, situação que mudou nas inscrições seguintes. “Quando eu ouvi falar do PRONATEC me animei, pois, além de conhecer novas pessoas eu ainda receberia o auxílio que ajudaria a comprar coisas para minhas meninas.

Mas quando cheguei aqui vi que era algo muito diferente do que tinha pensado. É tanto que dessa

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vez saiu um boato que não ia ter o dinheiro, mas nem me importei, queria mesmo era absorver conhecimento”.

A paixão pelo meio artístico foi o que a levou ao curso de Artesanato em Cerâmica. “Eu sou uma pessoa que gosta de fazer coisas diferentes. Gosto de arte! Quando eu ainda estava matriculada no curso de pedreiro chamei a supervisora e pedi para ela correr atrás de um curso de artesanato. Disse a ela que nem precisava ter o dinheiro, podia ser de graça mesmo, pois eu faria com o maior prazer. Então quando eu soube que tinha chegado esse para mexer com o barro, falei para mim: 'é aqui que vou me agarrar'”.

Laís contou que o seu primeiro trabalho prático com a cerâmica foi a confecção de algumas panelinhas de barro que cuidadosamente pintou-as da cor rosa. Esses pequenos utensílios de cozinha tornaram-se os xodós de sua filha mais velha. “Para a minha menina de cinco anos foi a alegria maior do mundo quando fiz as panelas. É só eu chegar em casa que ela fica repetindo: 'Mainha, traga minhas panelas!'. E eu tenho que dizer que vou levar para ela se acalmar”, falou enquanto sorria.

Agora, com a proximidade do término do curso, Laís avalia a formação fornecida pelo PRONATEC como ótima e afirma que sua professora é mais que uma profissional, “é uma amiga”. Satisfeita com mais esta oportunidade de adquirir novos conhecimentos, a moradora do Semiárido Potiguar informou que não irá parar após receber a certificação como artesã em cerâmica, mas, na verdade, continuará buscando aperfeiçoar ainda mais as técnicas aprendidas em sala de aula. E afirmou: “Se eu parar vou enferrujar”.

"Com o PRONATEC voltei a estudar e a sonhar com um futuro melhor. O Programa mudou minha vida"

Tentativa de superação e socialização Janine Rodrigues da Cruz Canguaretama/RN

Com apenas 26 anos de idade, Janine Rodrigues da Cruz tem uma história de vida marcada por muita dor e violência. Com um olhar cabisbaixo, cabelos compridos cobrindo o rosto, voz baixa e muito acanhamento, relata que aos nove anos de idade sofreu o primeiro abuso sexual dentro do ambiente familiar. A prática, que se estendeu até seus 14 anos de idade, deixaram cicatrizes e uma sensação de medo constante até os dias de hoje.

Desacreditada pela mãe após o relato do abuso, a jovem se viu obrigada a sair de casa logo cedo na tentativa de se livrar dos maus tratos. Na rua, sofreu mais violência e mais um abuso sexual. Procurada por um irmão, Janine se viu obrigada a voltar para casa da mãe, e na esperança de ser acolhida e compreendida, retornou, no entanto, encontrou mais violência doméstica e humilhações.

Durante muitos anos Janine via sua vida destruída e só pensava em morrer. Traumatizada, tinha medo de qualquer homem que se aproximasse e vivia isolada. Foi através de tratamento psicológico e um período de internação psiquiátrica, após uma tentativa de suicídio, que a jovem conseguiu forças para retomar a vida.

Pronatec e decidiu ingressar no curso de Artesão de Biojoias na tentativa de encontrar uma distração. As vizinhas e colegas que conhecem a sua história são as grandes incentivadoras e a motivam a sair de casa. “Sem o incentivo das colegas e vizinhas que conhecem minha história, não teria forças para fazer nada, pois minha vontade é ficar em um canto chorando”.

Janine comenta que o curso do Biojoias é uma distração e a ajuda a fazer amizade. “Tem dia que falta força para sair de casa. Meus dentes foram quebrados a murro e falta força para me arrumar. Se um homem desconhecido tenta se aproximar, fico assustada. Tremo e choro quando estou sozinha. É chato você passar por tudo isso que passei e ainda ser desacreditada, ainda ser humilhada. O Pronatec tem me ajudado a sair de casa e me distrair, mas quando a aula acaba e volto para casa o pesadelo volta”.

Acolhida pela tia em Canguaretama, comenta que tem achado muito interessante o que tem aprendido durante as aulas. “Aqui tenho aprendido a fazer muita coisa, é uma ótima distração. Tenho feito em casa para praticar e ver se assim minha dor alivia”.

“Quando retornei para casa por intermédio do meu irmão, achava que tudo ia ser diferente, mas foi pior, só veio mais sofrimento, mais violência. Minha vontade era acabar com esse sofrimento que não tinha fim”.

Mãe de três filhos, dois meninos e uma menina, Janine conta que também sofreu violência doméstica dentro de casa com os pais de seus filhos. As marcas ela carrega nos joelhos, nas costas, e nos dentes que foram quebrados a murro por um ex-marido.

Através de uma colega, foi apresentada ao

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Em alguns dias após a aula, quando se sente bem, Janine compartilha com os filhos o que aprendeu no curso. “Quando chego da escola e começo a praticar o que aprendi em sala de aula, meus filhos fazem perguntas e vou mostrando como faz. Passo o material e eles vão fazendo também apesar de dizerem que é chato”.

“Quando terminar este curso gostaria de fazer outro, quem sabe um de pintura ou cabelereiro”, diz Janine.

“O PRONATEC é uma ajuda muito bacana para evoluir e ganhar dinheiro"

Bordado da alegria Maria Alexandrina de Jesus Serra Negra do Norte/RN

pano, faço e assim adianto o serviço. Só não tem mais porque fiquei doente, mas aos poucos vou recuperando o tempo que perdi”.

A 319 quilômetros de Natal, a filha de costureira, Maria Alexandrina de Jesus, 77 anos, encontrou no curso de Artesão de Bordado à Mão a alegria que faltava na sua vida no município de Serra Negra do Norte/RN. Costureira há 59 anos, dona Alexandrina é ex-aluna da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e quase morreu aos 36 anos de idade.

“Fui para São Paulo com 27 anos de idade trabalhar como costureira. Trabalhei com chinês e japonês. Tudo eu costurava. Um dia uma cliente veio buscar uma encomenda, mas estava tão mal que não consegui entregar e desmaiei. Fiquei internada por muito tempo em coma induzido. Nunca disseram quanto tempo fiquei apagada. Quando acordei vi que estava recebendo sangue e soro nos pés, o resto do meu corpo estava todo inchado. Quando saí do hospital estava tão debilitada que não conseguia me alimentar. Comecei um tratamento e aos poucos fui melhorando, mas foi sofrimento muito grande”.

Depois do mal-estar em São Paulo causado pelo estrangulamento de uma úlcera no estômago, dona Alexandrina voltou à Serra Negra onde vive até hoje.

“A minha vida antes do curso era só cuidar de casa. Às vezes aparecia alguma costura para fazer, eu me distraia, ficava doente, voltava a costurar, e assim ia levando minha vida. A gente que já é idoso precisa manter a mente ativa, porque se não a gente fica pirado. O curso tem sido muito bom para manter minha mente em atividade”.

Com seus bordados à mão, dona Alexandrina fala sobre o que aprendeu. “Gosto muito de costurar e bordar. Sei bordar na máquina, mas não é a mesma coisa. Aqui já fiz uma rosinha, umas galinhas, uns passarinhos, meu nome. Gosto muito desse trabalho.

Faço no curso e em casa para praticar. O que posso fazer na máquina, como o alinhado da borda do

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A costureira que estudou apenas até os anos iniciais do Ensino Fundamental conta que é muito bom voltar para a sala de aula e aprender coisas novas. “Estou gostando muito desse PRONATEC. Ninguém nasceu sabendo tudo. Todos nós temos que evoluir e tem muita coisa que a gente pode aprender e crescer. O curso me trouxe mais alegria, novas amizades e novos aprendizados” Dona Alexandrina diz que quando o curso terminar gostaria de fazer uma capacitação na área da costura. “A costura está sempre evoluindo, ia adorar fazer um novo curso na área. Meus filhos questionam o fato de eu querer tanto continuar estudando, mas eu digo a eles que enquanto a gente tiver vivo a gente tem o que aprender”.

"O PRONATEC é amor. É uma grande família que eu abracei e sou muito grata por ter esse pessoal em minha vida"

Da solidão à alegria Francisca Melo da Silva Itajá/RN

'Triste', assim descreve Francisca Melo da Silva, 40 anos, sobre a vida antes do Pronatec. A agricultora do município de Itajá, localizado na microrregião do Vale do Açu a 204 km de Natal, viu no curso de Artesão em Cerâmica uma oportunidade de abolir a solidão que se instaurou em sua vida após a morte do filho de 19 anos no ano de 2013.

“O único filho que eu tinha, perdi para o mundo quando ele tinha apenas 19 anos. Após a morte dele me tornei uma pessoa muito triste, muito amargurada. Não queria conversa com ninguém, brincadeira não gostava, vivia sem querer sair casa, e me tranquei para o mundo. Quando o Pronatec chegou em Itajá através da Escola Agrícola de Jundiaí vi uma oportunidade de transformar a minha vida que estava desmotivada. A falta que sinto dele continua, a ferida não cicatriza, mas vou levando a vida com mais motivos para viver e alegria para compartilhar”.

Tendo concluído os cursos de Auxiliar de Merenda Escolar e Masseira pelo Pronatec, Francisca lembra com muita dor que antes do falecimento do filho não tinha paz. “Quando meu filho era vivo eu não tinha sossego, ele não dormia, não comia, chegava em casa agitado, chegava polícia na minha porta procurando ele, chegava gente querendo matar, e tudo isso me afligia. Ficava tentando entender o que estava acontecendo e isso me dava uma tristeza tão grande, que só de lembrar meu coração enfraquece. Hoje estou vivendo uma vida com mais paz, mas com a falta dele”.

“No Pronatec criei uma nova família. O curso tem sido ótimo para minha vida. A alegria voltou, minha paz voltou, aquela pessoa amiga voltou. Todos me chamam de alegria da sala, e quando eu falto o pessoal comenta que sentiu minha falta, esse

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reconhecimento é muito bom. Tem amiga que hoje está passando pelo mesmo problema que passei, e durante muito tempo meu coração tinha virado pedra, faltava empatia para me solidarizar à dor do outro, hoje estou perto para dar a força que ela precisa e ajudar a superar”, comenta Jaquele, apelido carinhoso que a Francisca recebeu ainda na juventude.

“Sempre tive vontade de fazer artesanato. Agora estou realizando meu sonho e aprendendo a trabalhar com a cerâmica. Já aprendi a pintar na cerâmica, já fiz um barquinho, um coração, um tourinho, uma garrafinha de café, umas xícaras, um patinho, um passarinho, uma panelinha de barro e vou aprender muito mais”, fala com entusiasmo.

Francisca que também trabalha vendendo salgados, doces e dindins para completar a renda, pretende vender os produtos depois do curso. “Não vou deixar de produzir o que aprendi, pretendo sair vendendo de porta em porta os artesanatos para garantir um futuro melhor”.

“Hoje tenho uma vida boa por causa dos cursos que Fiz no PRONATEC”

Desemprego nunca mais Francisca Valnete Medeiros de Araújo Pau dos Ferros/RN

Em busca de estabilidade financeira e fugindo da pobreza que assolava o interior do estado do Ceará 20 anos atrás, a família da funcionária pública Francisca Valnete Medeiros de Araújo encontrou no Alto Oeste potiguar o refúgio que procuravam.

Localizado na região conhecida como “tromba do elefante”, a cidade de Pau dos Ferros é o principal polo populacional e econômico do lugar, e foi o município escolhido por Valnete e seus parentes para reescreverem sua história.

por este motivo, o sentimento de pertencimento à “Princesinha do Oeste” só fez aumentar.

“Eu aprendi muito sobre a cidade por causa do curso que estou fazendo. Pau dos Ferros tem muita história e cultura, mas por falta de informação muita gente acaba desconhecendo isso. Mesmo fazendo mais de vinte anos que moro aqui, eu era uma dessas pessoas desinformadas. Conhecer a história faz a gente se sentir ainda mais pertencente ao lugar”, contou.

A vida da cearense nunca foi fácil e o desemprego foi seu maior pesadelo durante muito tempo. Com dois filhos para cuidar, Valnete só conseguiu um emprego fixo a partir da chegada do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC) a Pau dos Ferros. Foi aluna da turma de Auxiliar de Cozinha e ao fim do curso foi contratada para trabalhar em um restaurante da cidade.

Atualmente, Valnete é funcionária do poder municipal e dá aulas de artesanato no Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) da cidade.

A conquista desse emprego, igualmente ao anterior, só foi possível graças ao PRONATEC. “Depois do curso de Auxiliar de Cozinha eu fiz alguns outros e um deles foi o de artesanato. Por causa dele eu fui contratada pela prefeitura para ser professora. Posso afirmar que hoje em dia ganho a vida porque tive essas aulas”.

Mesmo estando empregada, a artesã não se impõe limites e está sempre em busca de mais conhecimento. De volta as salas de aula do PRONATEC, desta vez no curso de Assistente de Produção Cultural ofertado via Escola Agrícola de Jundiaí, Valnete disse está aprendendo ainda mais sobre a história e cultura da cidade que a acolheu, e,

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Além de aumentar sua afeição pelo município, Valnete contou que o PRONATEC também foi responsável por tirá-la de uma situação complicada.

“Teve um período que eu passava muito tempo dentro de casa sem fazer nada. Daí acabei desenvolvendo uma coisa estranha que acredito ter sido início de depressão. Quando eu fiquei nesse estado, não conseguia nem me olhar no espelho.

Depois que os primeiros cursos apareceram eu saí dessa situação”, revelou.

Para ela, por diversos motivos, participar do programa foi uma das melhores coisas que já decidiu fazer na vida. Afirmou que todos os cursos que fez foram fundamentais na construção da pessoa que é hoje. Mencionou a importância social do programa, principalmente por transformar pessoas simples em mão de obra qualificada, e, por fim, deixou um breve pedido aos responsáveis pelo PRONATEC/EAJUFRN: “Eu gosto muito de artesanato e queria que vocês enviassem mais cursos desses para Pau dos Ferros, pois, se vier, eu me inscrevo até para ser instrutora”.

“Aqui no PRONATEC eu vi que sem os estudos não consigo nada nessa vida”

Entre duas cidades e o sonho de estudar Priscila Nayara Ferreira da Silva vera cruz/RN

20 anos, tímida, com fisionomia de menina, essa é Priscila Nayara Ferreira da Silva, beneficiária do PRONATEC/EAJ-UFRN. Natural de Belém do Pará, a estudante vive hoje na pacata cidade de Vera Cruz, distante 37 Km da capital potiguar, onde busca atualmente concluir o ensino médio e o curso de Assistente de Planejamento, Programação e Controle de Produção ofertado pelo PRONATEC. A jovem lamenta o fato de no passado não ter encontrado apoio ou oportunidade para completar os estudos de forma regular.

“O lugar que eu morava antes [Belém] não dava oportunidades para estudar. Não se ouvia falar de cursos, e quando apareciam não eram para minha faixa etária. A primeira vez que vim para cá foi em 2005 e fiquei por sete anos. Em 2012 voltei para lá e tentei retomar os estudos, mas não consegui, pois não tinha incentivo de ninguém. Então, depois de quatro anos voltei de vez para Vera Cruz e através da Educação de Jovens e Adultos (EJA) consegui terminar o ensino fundamental”.

ajudou a ficarmos ainda mais próximas. Tudo que uma aprende repassa para a outra”.

Priscila revelou que antes do PRONATEC passava o dia inteiro sem fazer nada e, por isso, não tinha tantas expectativas para o futuro. Segundo ela, os sonhos que teve na infância ficaram no passado, mas o programa a devolveu a esperança de ter um futuro melhor. “O curso vem mudando bastante minha vida, porque antes eu não fazia nada e agora eu faço um curso no qual estou aprendendo muitas coisas novas. Agora, inclusive, vai ficar até mais fácil para eu correr atrás de um emprego”, contou.

Ainda que estudando, Priscila diz ter encontrado sua forma de ganhar a vida como pode.

Atualmente revende cosméticos e roupas em sua casa para conseguir se sustentar e ajudar a família. O PRONATEC/EAJ-UFRN mais uma vez se mostrou bastante útil na vida da paraense, dado que em sala de aula muito daquilo que é visto já pode ser aplicado por ela em seu pequeno negócio.

“O curso é muito bom! Aqui aprendi muitas coisas interessantes, mas, sem dúvidas, o que mais me empolgou foi estudar planejamento de vendas, algo muito útil para o meu dia-a-dia”, explicou. Deixando a timidez um pouco de lado, a estudante disse já ter recomendado o PRONATEC ao namorado e a cunhada, e, entre sorrisos, pediu: “Tragam mais cursos para Vera Cruz”.

A vida nômade de Priscila foi o principal fator de seu atraso na escola e demais complicações derivadas da falta de uma formação escolar. O motivo de sua permuta entre as regiões norte e nordeste foi a relação complicada entre os pais. “Lá em Belém éramos eu, meus pais e mais três irmãos, porém meus pais enfrentaram problemas e se separaram. Minha mãe não quis ficar com a gente, então meu pai nos trouxe para cá. Aqui fomos criados por minha avó paterna e minha tia”.

O curso ao qual está matriculada é para ela algo que vai além da formação profissional, pois, após a chegada do PRONATEC a jovem conseguiu se aproximar ainda mais da tia que ajudou em sua criação. “Aqui eu estudo junto com ela e isso nos

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“PRONATEC foi o melhor curso que eu já Fiz”

Ícone cultural em sala de aula Francisco de Assis da Silva Major Sales/RN

(PRONATEC) via Escola Agrícola de Jundiaí.

Major Sales, no interior do estado do Rio Grande do Norte, é um daqueles municípios brasileiros que respiram cultura. Os grupos folclóricos, musicais e as festas tradicionais são os responsáveis por animarem e movimentarem o comércio da região anualmente. Neste lugar, um senhor conhecido popularmente como “mestre Bebé” chega a ser tão famoso quanto o atual prefeito da cidade. O homem por trás do apelido é Francisco de Assis da Silva, um agricultor de 66 anos de idade que já dedicou sua vida à perpetuação da cultura nordestina no Alto Oeste Potiguar.

Bebé soma mais de 50 anos de história nos grupos folclóricos criados por seu avô, e já adicionou dezenas de eventos regionais e nacionais em seu extenso currículo cultural. Porém, longe dos holofotes, o agricultor é só mais um homem simples do interior do Nordeste que, por falta de oportunidades, teve que largar os estudos e começar a trabalhar precocemente.

“Eu estudei só até o quinto ano, pois aqui em Major Sales não tinha escola que passasse disso.

Quem quisesse ir além tinha que ir estudar na cidade de Luís Gomes-RN. Como a gente morava em um sítio e vivíamos praticamente só da agricultura, não tinha como eu ir estudar lá. Então, eu comecei a trabalhar no pesado e depois não tive como voltar a estudar”.

Com o passar dos anos, mesmo não voltando ao ensino regular, mestre Bebé conseguiu participar de alguns programas educacionais, a maioria deles voltados para indivíduos ligados ao âmbito cultural.

Todavia, segundo ele, nenhum deles proporcionou algo semelhante ao que está vivendo atualmente no curso de Agente Cultural ofertado pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego

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“O PRONATEC é bom porque aqui realmente se aprende! Se eu, com a idade que tenho e com todo o tempo que vivo envolvido com a cultura, estou aprendendo coisas que eu não sabia, imagina só quem é jovem. Aqui, o foco das aulas são as questões ligadas a projetos, a organização de eventos, e eu antes não sabia lidar muito bem com isso. Mas hoje, por exemplo, eu já consigo compreender até como que o tradicional pode andar lado a lado com a modernidade. Sem falar das coisas que eu já sabia, mas que tinha esquecido, como é o caso da matemática”, contou.

Francisco é a personificação da cultura de Major Sales e isso, com toda a certeza, não poderia passar despercebido pelos professores do PRONATEC/EAJ-UFRN. Na sala de aula, o mestre sempre é convidado para compartilhar com os colegas de classe as suas grandes experiências na vida cultural. Contudo, deixa claro em suas palavras que mais absorve experiência do que repassa, e, que os amigos que fez na turma contribuem bastante com seu crescimento pessoal e profissional.

Mestre Bebé garante que a satisfação com o PRONATEC/EAJ-UFRN é tanta que já chegou a convidar diversas pessoas para participarem do Programa. “Já convidei meus filhos e chamei alguns amigos para procurarem vagas nas próximas vezes.

Eu sempre digo a eles: 'Rapazes, vocês não sabem o que estão perdendo'”. Ao final, afirmou que caso surjam novas oportunidades fará o possível para garantir o espaço dele, e completa: “O Programa para mim é ótimo, mas ficará ainda melhor se trouxer mais cursos para minha cidade”

“Quando meu marido chega bêbado em casa, eu pego meu banquinho e vou fazer pulseiras na área”

Luz no Fim do túnel Jucileide Pedro da Silva Canguaretama/RN

Na divisa entre os estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba, mais precisamente no município de Canguaretama-RN, vive a Assistente de Serviços Gerais (ASG), Jucileide Pedro da Silva, uma das muitas moradoras da cidade contemplada com as aulas do PRONATEC/EAJ-UFRN. Mulher simples e tímida, Neide, como é conhecida pelos amigos, tem 38 anos, é casada, mãe de três filhos, e dona de uma história de superação.

“A minha vida não era muito boa! Perdi minha mãe quando ia fazer 14 anos e, com esta mesma idade sofri violência sexual. Em seguida tive que deixar de estudar para sobreviver no mundo fazendo faxinas”, contou. Contudo, os problemas não cessaram aí. Neide revelou que sofreu violência doméstica quando convivia com o ex-marido, e hoje, mesmo sem a violência do passado, sofre com o alcoolismo do atual companheiro.

Por esses motivos, para Jucileide, o curso de Artesão de biojoias ofertado pelo PRONATEC vai muito além da capacitação profissional, torna-se meio de superação das dificuldades e incentivo de vida. “Esse curso é uma benção para mim. Quando chega sábado e domingo eu começo logo a rezar para chegar a Segunda, pois aqui é tão bom que acabo esquecendo de tudo que é ruim”, revelou.

Neide afirmou que antes do curso sentia-se perdida, sem perspectiva de um futuro melhor, mas que atualmente recuperou a vontade de estudar, estando, inclusive, cursando o ensino médio pela Educação de Jovens e Adultos (EJA) e pretendendo matricular-se futuramente em outros cursos fornecidos pelo PRONATEC. O atual curso em que está matriculada tem carga horária de 160h e atende 30 alunos no município de Canguaretama-RN. Nas aulas, os presentes entram

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em contato com as técnicas e os produtos necessários para desenvolverem bijuterias que podem abastecer o mercado local do ramo e, consequentemente, tornarem-se mais uma fonte de renda familiar.

Neide disse que as pulseiras são os produtos que mais gostou de aprender a fazer até agora, e deixou claro um de seus planos para o pós-PRONATEC. “Estou pensando em mais à frente colocar à venda as joias que eu criar, pois é algo que estou aprendendo a fazer e estou vendo que com isso posso conseguir desenrolar algo a mais financeiramente”.

O apoio dos três filhos e o reconhecimento do pai, somados com a profissionalização e a elevação da autoestima, são combustíveis para Jucileide continuar semanalmente a se encontrar com seus colegas e professores. A alegria de ser beneficiada com o programa foi visível a cada vez que, espontaneamente, Neide se referiu ao PRONATEC. “Vocês me ajudaram muito, muito mesmo, e não é por causa do dinheiro, mesmo que não o tivesse, hoje eu só tenho a agradecer a todos vocês pela oportunidade”. Ao final, a mulher humilde e guerreira que passa quase todo o dia fora de casa em busca de um futuro melhor, só tinha uma coisa a pedir: “Queria um curso que me ensinasse a fazer crochê. Sou louca para aprender!”.

“Sou grato a vocês por levarem conhecimento ao interior do estado”

O desejo de fazer diferente Danilo Otavio Aquino de Azevedo Serrinha dos Pintos /RN

da informalidade. Para ele, o Pronatec está sendo o caminho mais curto na conquista da qualificação profissional que deseja. Ele afirma que sequer acreditava que chegaria até o fim do curso de Assistente de Produção Cultural por causa da correria do emprego, todavia, “tudo acabou dando certo” e hoje já utiliza em seu dia-a-dia muitas das técnicas vistas em sala de aula.

Danilo Otavio Aquino de Azevedo é jovem, trabalhador e busca contribuir com o desenvolvimento da pacata cidade em que vive, Serrinha dos Pintos, distante 385 quilômetros da capital do Rio Grande do Norte. Aos 21 anos de idade, o cidadão serrinhense é estudante do 8º ano do ensino fundamental pela Educação de Jovens e Adultos (EJA) e beneficiário do Pronatec/EAJUFRN no curso de Assistente de Produção Cultural.

Desde pequeno buscou ser independente. Por esse motivo, começou a trabalhar ainda muito cedo para ajudar nas despesas de casa e poder comprar o que queria. “Eu sempre tive uma vida muito ocupada, porque nunca gostei de depender de ninguém.

Sempre fui o cara que pegou no serviço pesado, pois sou de família pobre e a gente para ter algo aqui tem que ralar muito. Se não trabalhar, ninguém vai chegar para te dar nada. Por isso que trabalho desde os 13 anos de idade”.

Mesmo sentindo na pele as dificuldades de estudar e trabalhar ao mesmo tempo, Danilo ainda resolveu iniciar um relacionamento sério logo após assoprar as velas do décimo quinto aniversário.

Decisão que hoje assume ter sido precipitada e que ainda gera consequências desagradáveis.

“Eu inventei de me juntar com uma mulher muito cedo, inclusive, com uma que já era mãe de uma criança de quatro anos de idade. No começo do amor tudo é bom, né? Mas do meio para a frente a gente descobre o que são os problemas. Eu tinha que trabalhar de manhã e de tarde, pela noite ia para escola, porém chegava cansado demais lá. Foi nesse momento que abandonei de vez os estudos e fiquei só trabalhando”, revelou.

Hoje, após o término do relacionamento, Danilo retomou os estudos do ensino fundamental e começou a buscar uma profissionalização para sair

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“O que aprendi de mais interessante com o Pronatec foi a ter paciência e a trabalhar em equipe.

Eu antes pensava em organizar alguma coisa e quando dava o primeiro problema desistia porque não tinha paciência para continuar, assim como acreditava que trabalhar em equipe era sinônimo de atraso. Agora, com as aulas do curso, estou conseguindo mudar esses comportamentos”, contou.

Ainda entusiasmado, Danilo fala com satisfação sobre um evento realizado pelas turmas do programa na cidade. “Fizemos um evento maravilhoso aqui no município. Foi tão bom que reuniu mais de 300 pessoas. Nós sequer imaginávamos que daria tanta gente. Tiramos as crianças das ruas e nos esforçamos ao máximo para fazer a alegria delas. No final todo mundo saiu feliz.

Agora já estamos pensando em fazer outro ainda maior”.

Agora, o principal objetivo dele para o futuro é empreender na área da formação obtida pelo Pronatec, setor que tem pouca concorrência na cidade. Por isso, o primeiro grande passo no ramo será a organização de um evento esportivo, este que já está sendo planejado as escondidas por ele.

“Rapaz, eu não queria nem revelar agora, mas o que vou organizar é um campeonato municipal”, divulgou. E completou: “Estou no caminho certo para fazer aquilo que mais quero: Trazer alegria para o povo de Serrinha”.

“O PRONATEC faz eu me sentir uma rainha”

O sonho realizado Maria Edilza de Souza Parelhas/RN

viver sem saber fazer nada e sem ter um ganho de vida”.

“Eu me lembro que chorei tanto quando fui impedida de estudar”, revelou Maria Edilza de Souza, mulher simples e batalhadora que teve o direito de ir à escola negado por seus pais devido às dificuldades que enfrentou durante a infância. Hoje, aos 52 anos de idade, ainda se emociona ao relembrar do período em que, juntamente com os outros onze irmãos, teve que deixar de frequentar as salas de aula para servir de mão de obra nos campos de algodão da cidade em que vive, Parelhas, no interior do Rio Grande do Norte.

Atualmente, frequentando mais um curso do programa, o de Costureiro Industrial do Vestuário, Edilza afirma está realizando um dos sonhos que carregava consigo desde a infância. Segundo ela, a mãe era uma boa costureira, mas nunca teve paciência para repassar os seus dotes de costura a nenhuma das filhas. Por isso, correu para fazer a matricula assim que soube da abertura das vagas.

“Minha mãe me tirou da escola para que eu pudesse ajuda-la na colheita de algodão. Na época teve até uma professora que me procurou e falou que se eu quisesse estudar ela me dava aulas particulares, mas meu pai disse que eu não precisava ter estudo. Por aí você percebe como o preconceito com a mulher já vinha desde aquela época”.

Por causa da baixa escolaridade nunca conseguiu um emprego fixo, e o fato de não poder ajudar o marido e os filhos nas despesas de casa sempre a deixou cabisbaixa e envergonhada. “Até pouco tempo atrás eu era uma pessoa que vivia triste por não saber fazer nada. Me sentia uma inútil!”, desabafou. A história começou a mudar quando a dona de casa encontrou nos cursos profissionalizantes um meio para deixar de lado a ideia de que era um empecilho em seu próprio lar.

Antes do PRONATEC/EAJ-UFRN, Edilza nunca havia manuseado uma máquina de costura profissional, e, por isso, ainda não consegue utilizalas. Todavia, já utiliza em seu dia-a-dia outros conhecimentos adquiridos no curso. “Antes das aulas de matemática eu não sabia nem dividir nem somar direito, mas no momento já consigo até fazer as contas de porcentagem. Isso para mim é muito bom, principalmente agora que comecei a vender algumas peças intimas de mulher na minha casa e posso fazer os cálculos com mais facilidade”, explicou.

Já com um olho no futuro, a moradora da pequena Parelhas informa que trabalhará bastante vendendo as peças femininas e os artesanatos com recicláveis que produz, para assim angariar fundos e investi-los na compra de sua própria máquina de costura e na organização do seu futuro espaço de trabalho.

Os primeiros cursos que frequentou foram os de Cuidador de idoso e o de Artesão com Recicláveis, ambos fornecidos na cidade pelo Pronatec. Para ela, a formação profissional afetou de forma direta e positiva sua qualidade de vida.

“Minha vida mudou bastante depois desses cursos, viu? Aprendi a fazer tiara, palhaço de garrafa pet, peso de porta e tantas outras coisas. Hoje faço eles por encomenda e vendo para ajudar a pagar uma conta de luz ou uma de água, pois é horrível você

A mulher que antes questionava: “Senhor, será que eu nunca vou aprender nada nessa vida?”; agora dá lugar a uma nova Edilza, alegre e confiante. “Aqui no Pronatec me sinto feliz demais! O mais legal daqui é o fato de todos serem bem recebidos, pois não existe a besteira de ser velho ou ultrapassado para estudar”. E completa entre risadas: “Quando coloco minha bolsa nas costas me sinto poderosa, uma rainha”.

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“O que a gente aprende aqui se torna um ganha pão para muita gente”

Quando a idade é um mero detalhe Lucimar Gomes da Silva Luís Gomes/RN

para realizar a matrícula.

Com um semblante que entrega os muitos anos dedicados a agricultura, Lucimar Gomes, na plenitude de seus 66 anos de idade, é a aluna com mais idade da turma que formará Artesãos de Pintura em Tecido na cidade de Luís Gomes, município que fica no Alto Oeste Potiguar e que vem sofrendo com a escassez de água desde 2011.

Moradora antiga do Sítio Coati, na zona rural do lugar, Lucimar teve de enfrentar não apenas a seca, mas também muitas outras dificuldades em sua história.

“Quando apareceu o PRONATEC aqui eu falei para meus meninos que tinha vergonha de fazer, porque lá ia está cheio de gente jovem e só eu de velha. Mas eles ficaram dizendo que era besteira minha, que eu não estava morta, que para estudar não tinha idade, e que nesses cursos não existiam restrições. Foi por isso que eu decidi fazer”.

Lucimar relata que chegou ao curso acreditando não ter a mínima noção das técnicas de pintura, contudo, durante as aulas, descobriu que tinha talento e que ele apenas precisava ser lapidado. A mulher que sequer ia se matricular, hoje já faz pinturas até nos horários vagos do dia-a-dia.

“A vida antigamente era difícil para estudar, eu, por exemplo, nunca tive oportunidade de frequentar a escola direito, pois sempre morei no sítio e tinha que vir a pé de lá para a cidade em um percurso que durava mais de uma hora. Como eu e minha irmã estudávamos a tarde, quando saíamos da escola já estava escuro e nossa mãe tinha que ir encontrar com a gente no caminho. Todo dia era uma dificuldade”, revelou.

Mesmo fazendo o curso para ocupar a mente e sair da monotonia diária, Lucimar já faz planos para futuramente vender algumas das peças que produz.

“Na minha opinião, não adianta a gente ficar com o saber e não o utilizar para nada. Eu sempre busco fazer meus trabalhinhos de uma maneira bem caprichada, pois os faço com o objetivo de colocá-los a venda mais a frente. Quero vender em casa, vender às meninas do sítio onde moro e até mesmo vender em sítios vizinhos”, contou.

Lucimar informou que o seu desejo de estudar nunca cessou, todavia, naquela época, só quem continuava estudando eram “os filhos dos ricos”.

Hoje em dia, observa de perto as mudanças na educação e como as oportunidades de estudo são bem maiores que no seu tempo, exemplificando isso com a comparação entre o meio de transporte que utilizava para ir à escola - as pernas - com os ônibus que hoje rodam pelas estradas e buscam os alunos do interior na porta de suas casas.

A agricultora é mais uma entre tantos outros alunos que estão satisfeitos com a qualidade do ensino oferecido pelo PRONATEC/EAJ-UFRN. Para ela, o programa é sinônimo de aprendizado. Mesmo ainda empolgada com a atual formação que vem recebendo, ela garante que já está à espera de novos cursos para a cidade, e sugere um: “tragam o curso de corte e costura para a gente”.

Segundo ela, foi essa facilidade quem a trouxe novamente as salas de aula do ensino regular e do PRONATEC/EAJ-UFRN. Confessa que quando surgiu a vaga no curso de Artesão de Pintura em Tecido ficou tímida e relutante em fazer a inscrição, mas encontrou nos filhos a motivação que precisava

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“PRONATEC é esperança de ter um futuro melhor

Uma vida mais colorida Nubiana Maria dos Santos Luís Gomes/RN

Na região do Alto Oeste Potiguar, a uma distância de 446 quilômetros, Nubiana Maria dos Santos, 35 anos, encontrou no curso de Artesão de Pintura em Tecido uma oportunidade de colorir sua vida e realizar um antigo sonho de aprender a pintar.

Moradora do Sítio Lagoa do Mato, zona rural do município de Luís Gomes/RN, Nubiana começou a trabalhar ainda quando era criança. “Trabalho desde os 10 anos. Comecei cuidando de criança, mas não sei se era eu que cuidava das crianças ou a mãe das crianças que cuidava de mim. Assim, fui crescendo e continuei trabalhando, somente agora tive a chance de voltar a estudar e estou fazendo o segundo ano do primário”.

Aluna da Educação de Jovens e Adultos (EJA), Nubiana tem quatro filhos e comenta que a vida antes do PRONATEC era um pouco cinza. “Minha vida Nubiana Maria dos Santos - Luís Gomes/RN era muito sem cor. Se resumia arrumar a casa, cuidar dos filhos e duas vezes na semana ir trabalhar em casa de família fazendo faxina para complementar a renda. Depois que comecei a pintar minha vida ficou melhor, mais animada e muito mais colorida”.

Nubi também é artesã, produz bonequinhos feitos com massa de biscuit e comenta que o curso tem aperfeiçoado o trabalho que ela produz. “Gosto muito de artesanato. Trabalho há bastante tempo com biscuit fazendo caricatura e tinha dificuldade com a pintura para fazer a definição de olhos e contorno. Quando apareceu o curso me inscreveu com o objetivo de aperfeiçoar essas habilidades e melhorar o acabamento das peças que produzo”.

Em sala de aula, Nubi descobriu que o segredo da pintura é a preparação dos pinceis. “Antes do curso não sabia que o primeiro passo para a pintura é a preparação do instrumento. Do jeito que eu comprava o pincel eu usava, por isso não dava certo.

Agora sei que tem que cortar os pelos, lixar e afinar as pontas do pincel, e isso é essencial para desenvolver uma boa pintura”.

Todas as técnicas que aprende em sala de aula, Nubiana reproduz em casa. “Pratico muito. Tenho uma gaveta em casa que já não cabe mais os paninhos. Tenho também aplicado nos meus biscuits e o trabalho tem ficado melhor”.

Nubiana Maria conta que seu maior sonho é conseguir viver do artesanato. “Meu maior sonho é poder trabalhar só produzindo artesanato, sem depender do Bolsa Família. Acredito que estou no caminho. Tenho me dedicado bastante e com esperança a gente chega lá”.

Com o curso, Nubi arranjou novas amigas e mais motivação para acordar cedo. “Acordo mais cedo na esperança de cumprir minhas responsabilidades o quanto antes. Tem dia que minha patroa me ajuda a finalizar os afazeres domésticos para que eu não perca a aula. Se eu perco o ônibus meus filhos me acompanham até a escola, tudo para que eu não perca um dia de curso e possa adquirir novos conhecimentos. Todo o aprendizado que tenho adquirido tem me deixado mais motivada, cada dia aprendo uma nova técnica e isso é muito inspirador”.

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“O PRONATEC é muito bom.

Vá fazer que é bom”

Uma vida sem a oportunidade de estudar Pedro Manuel do Nascimento Santana do Seridó/RN

Nascido em São José do Sabugi/RN, na região do Seridó, Pedro Manuel do Nascimento, sempre teve uma vida de muita luta e trabalho. “Minha vida sempre foi trabalhar. Quando era criança gostava de desenhar, mas nunca pude desenvolver essa habilidade. Minha mãe me colocava para estudar, meu pai me tirava e colocava para trabalhar”.

aprendemos a fazer muitas coisas. Já fizemos pires, xícaras, panelas, rosas, máscaras. Fico muito orgulhoso de ver minha produção sendo queimada e ganhando vida. Quando criança eu fazia as coisas, mas como a gente não queimava o barro o trabalho se desfazia rapidamente. Agora ele vai durar bastante tempo”.

Quando criança, Pedro se deslocava a pé enfrentando sol e chuva do sítio Latadinha, em São José do Sabugi, para o município Santana do Seridó para trabalhar nas cerâmicas. “Eu e meus nove irmãos sempre trabalhamos desde cedo. Íamos a pé do sítio para Santana do Seridó vindo pela serra enfrentando 2 léguas (mais ou menos 10 km) embaixo de sol para chegar na cerâmica e trabalhar”.

A esposa e filha de Pedro também estão inscritas no PRONATEC, para ele o programa ajuda a complementar a renda e aproxima a família. “Com o auxílio que a gente recebe fica mais fácil comprar os alimentos e aliviar o sufoco que a gente passa. Minha esposa e filha fazem o curso de Desenhista de moda e quando chegam da aula a gente se senta em frente à televisão e conversa sobre o curso. É muito bom para gente, ficamos mais próximos e nos apoiamos nesta nova etapa de crescimento e realização”.

Analfabeto e desempregado, Pedro hoje realiza um sonho de criança de produzir arte com o barro.

“Aos 14 anos eu brincava com barro e tinha o sonho de aprender a trabalhar com isso. A água do riacho ia correndo e a gente pegava o barro para brincar de fazer panela, fazer boneco e o que mais a gente conseguisse inventar”.

Inscrito no curso de Artesão em Cerâmica, Pedro é um aluno assíduo. “Não tem um dia que eu falte.

Desde o ano passado estou desempregado e fazendo bico como servente de pedreiro. Não importa o cansaço, faço questão de não faltar um dia de aula. É aqui que posso voltar a ser criança e brincar com barro”.

Na Cerâmica Tuiuiu, localizada na comunidade Sítio Tuiuiu, zona rural de Santana do Seridó, Pedro aprende a criar peças decorativas e utilitárias em cerâmica aplicando técnicas artísticas e de design três vezes na semana. “Na sala de aula já

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Pedro relata que seu sonho é conseguir um emprego e sustentar melhor a família. “Não há nada no mundo que eu ame mais que minha esposa e filha. Minha maior vontade é conseguir arranjar um trabalho fixo para sustentar minha família. Quando o curso terminar espero continuar fazendo minhas panelinhas e quem sabe arranjar um emprego”.

“O Pronatec é uma porta que abre novos horizontes”

Um exemplo para os Filhos Vaniele Gomes de Oliveira Serrinha dos Pintos/RN

esperança e com um curso desse nossa mente vai além. Podemos entrar no mercado de trabalho, podemos abrir o próprio negócio. As possibilidades são amplas. A área de produção cultural é uma área muito boa para trabalhar. Já trabalhei com evento durante uma época, e não tinha o conhecimento técnico para trabalhar isso. Hoje com o que aprendi espero conseguir trabalhar novamente com isso”.

Na pequena cidade de Serrinha dos Pintos, localizada na regiãodo Alto Oeste a 385 quilômetros da capital do estado, Vaniele Gomes de Oliveira, 33 anos, o curso de Assistente de Produção Cultural é uma chance de incentivar os filhos a estudar.

“Minha vida era cuidar da casa e dos filhos, porque aqui não tem muita opção, ou você está em casa cuidando dos filhos, ou trabalha com vendas ou na prefeitura. Cidade pequena é assim. A gente não tem muita oportunidade, e este curso foi uma forma de incentivar meus filhos a não abandonar os estudos”.

No curso, Vani tem aprendido sobre planejamento de eventos, bastidores, técnicas de som e iluminação, ofícios, patrocínio, evento beneficente, e comenta que o mais importante foi aprender sobre planejamento. “O curso é muito bom, com ele deixei de assistir a novela para estudar. Aprendi muitos temas interessantes, mas a questão do planejamento de finanças foi o mais importante aprendizado e que tenho utilizado na vida familiar. Para nós que moramos em cidade pequena e ganhamos pouco, o planejamento é essencial para fazer o dinheiro render”.

Ex-aluna da Educação de Jovens e Adultos (EJA), que mora no distrito de Sítio Sampaio, chegou a pouco tempo de São Paulo-SP. “Quando terminei meu ensino médio já tinha meus filhos e foi bem complicado. O marido não queria deixar eu estudar com ciúmes, mas eu ia mesmo assim e ainda levava meus filhos. Depois que separei fui para São PauloSP no intuito de conseguir melhorar de vida, de conseguir fazer algum cursinho, mas tive que trabalhar para ganhar a vida e conseguir mandar dinheiro para os meus filhos”.

Mãe de três filhos, a agricultora tem vivenciado na sala de aula uma aproximação familiar. “Quando venho para a aula, meu filho Rômulo de dez anos me acompanha às vezes e presta atenção a tudo que o professor diz. Além do meu filho, conto também com a companhia do sobrinho Clayton Oliveira Leite, 16 anos. Isso tem nos aproximado. Conversamos sobre a matéria e sobre assuntos pessoas. Às vezes ele diz que está com preguiça de vir para a aula, mas vou lá na casa dele e busco ele”.

Para Vaniele o curso tem possibilitado novos sonhos. “Quando a gente não tem oportunidade a gente não tem expectativa de futuro, não tem

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“O PRONATEC ampliou minha autoestima, ampliou meu círculo de amizades, mudou minha rotina. Não me sinto mais impotente e desmotivada.

Sou muito grata por esta oportunidade e espero que venham mais cursos, principalmente na área de gastronomia”, comenta Vani.

“A gente vai fazer um curso de pedreiro e pensa que só irá pegar na colher e na massa.

Com o PRONATEC vi que é muito mais que isso”

Um futuro em construção Francisco Dionísio da Silva SERRINHA/rn

aprender algo informalmente para poder trabalhar, hoje só pensa em se qualificar cada vez mais. Sempre bem-humorado, Francisco disse estar agora à espera da abertura de novas turmas do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego para que, dessa vez, sua esposa também possa matricular-se.

“O jovem fica vulnerável quando está fora da sala de aula!”, essas são palavras do agricultor Francisco Dionísio da Silva, 32 anos, morador do pacato povoado Várzea Grande, interior da cidade de Serrinha, agreste potiguar, distante 89 KM da capital do Rio Grande do Norte. Preto, como é popularmente conhecido, diz isso com muita propriedade, pois, ainda na adolescência, abandonou os estudos e tornou-se usuário de drogas.

“Eu tinha apenas 14 anos quando deixei de lado meus pais e a escola e fui morar em Parnamirim-RN. Lá conheci algumas pessoas que me apresentaram ao álcool. Mais tarde passei para maconha, cocaína, até mesclado eu usei [uma mistura de crack e outras substâncias]. Rapaz, foi tudo uma bola de neve.”

Francisco Dionísio se livrou dos vícios há dois anos após congregar em uma denominação cristã protestante, e hoje encontra no Pronatec uma motivação a mais para continuar sua mudança de vida. Pai de dois filhos pequenos, com 6 e 4 anos, o agricultor conheceu o programa por meio de um amigo que já havia participado anteriormente de um dos cursos ofertados na cidade.

Aluno da turma Pedreiro de alvenaria, ele diz que em sala está aprendendo coisas que vão muito além do pôr a mão na massa, inclusive, elogia o fato do Pronatec/EJA-UFRN abordar com seus alunos temas como a ética e o caráter no mercado de trabalho. “A minha aula de hoje foi falando sobre caráter. Achei isso muito bacana!”.

O trabalhador rural do povoado Várzea Grande é um dos trinta alunos beneficiados com o curso que formará profissionais da área de obras. Francisco revelou que após entrar no Pronatec a sua vontade de estudar retornou, e se antes ele pensava em

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Vislumbrando o futuro, Francisco Dionísio começa a planejar suas metas de vida para o período pós-conclusão do curso. “Eu pretendo me especializar ainda mais nessa área de construção, pois se aparecer uma obra eu já estou dentro, né? É mais uma forma de ganhar a vida. Aliás, eu também quero fazer o alpendre e a parte de trás da minha casa”.

O homem que passou uma parte de seus 32 anos de vida entregue as drogas, hoje encontra qualificação profissional em uma das turmas destinadas a educação de jovens e adultos, e declara: “quem se dedicar em um curso como esse não saí da mesma forma que entrou”.

“O PRONATEC me fez ver a necessidade de estudar”

Um incentivo para voltar a estudar Maria José de Andrade Alves Rafael Fernandes/RN

como produzir evento. Tinha umas dificuldades com alguns conteúdos de português e matemática, mas agora consegui tirar minhas dúvidas e ampliar meu conhecimento”.

No Oeste Potiguar a 346 km de distância da capital do Estado do RN, Maria José de Andrade Alves, 52 anos, teve que abandonar os estudos cedo para poder cuidar dos filhos. Aos 16 anos foi mãe, criou três filhos sozinha e há cinco anos atrás retomou os estudos através da Educação de Jovens e Adultos (EJA) com o objetivo de realizar o sonhode ser assistente de cozinha.

“Sempre gostei muito de cozinhar, meu sonho era ser assistente de cozinha. Quando o PRONATEC chegou a Umarizal há cinco anos atrás fiquei feliz demais. Era minha chance de conseguir realizar meu sonho profissional, infelizmente, descobri no ato de inscrição que não tinha o grau de ensino necessário para fazer o curso. Então, decidi voltar a estudar”.

Inscrita no Curso de Agente Cultural, a cuidadora de idoso destaca que a oferta de cursos profissionalizantes no município é muito importante. “A cidade de Umarizal tem muita cultura, mas falta investimento na área. A oferta de capacitação nessa área é muito importante para a gente valorizar nossas raízes, e movimentar o município. Se perguntarem onde tem um patrimônio histórico aqui, sei dizer, também conheci os artistas da terra. Se não fosse o PRONATEC nada disso eu sabia”.

No município, Maria José também atua como voluntária ajudando mulheres em estado de vulnerabilidade social. “Antes do curso tinha uma vida parada. Só fazia ver tv no tempo livre, até que descobri o Grupo de Mulheres criado pela Secretaria de Assistência Social e passei a participar das reuniões. Acabei me tornando voluntária e passei a ensinar às participantes a cozinhar o pouco que sei”.

No curso a cuidadora de idoso tem aprendido de tudo. “Aqui a gente aprende não só sobre a cultura e

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Além do aprendizado técnico, Maria José conta que ficou menos tímida. “Com o curso aprendi a fotografar, a produzir um evento, a produzir um filme, e mais do que isso, fiquei menos tímida e mais empoderada, vi que independente dos meus 52 anos posso realizar muitas coisas. Meu segundo casamento não terminou muito bem, meu marido bebia e eu tinha medo de sair desse casamento pois me sentia incapaz. Com o PRONATEC me vejo sem medo, que tudo posso e que sei valer à pena”.

Inspirada, Maria José pretende aplicar os conhecimentos durante o Umarizal Fest que acontece em maio. “No mês de maio acontece esse carnaval fora de época, são três noites de festa, e eu pretendo trabalhar neste evento vendendo as camisetas e conseguindo arrecadar dinheiro para o meu município”.

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