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DIAGNÓSTICO E CONTROLE DE DOENÇAS DE PLANTAS: CONHECIMENTOS BÁSICOS E RECOMENDAÇÕES PARA COLETA DE AMOSTRAS DE PLANTAS E INFORMAÇÕES IMPORTANTES SOBRE O LOCAL DE CULTIVO

Carla Azambuja Centeno Bocchese Felipe Suzin Bez Thalles da Rosa Bueno Rafael Negretti Eng. Agro. MSc. Professor do IFRS-Campus Vacaria



Carla Azambuja Centeno Bocchese Felipe Suzin Bez Thalles da Rosa Bueno Rafael Negretti Eng. Agro. MSc. Professor do IFRS-Campus Vacaria

DIAGNÓSTICO E CONTROLE DE DOENÇAS DE PLANTAS: CONHECIMENTOS BÁSICOS E RECOMENDAÇÕES PARA COLETA DE AMOSTRAS DE PLANTAS E INFORMAÇÕES IMPORTANTES SOBRE O LOCAL DE CULTIVO

1ª Edição Vacaria UERGS 2019 ISBN 9788560231478



Diagnóstico para o controle de doenças de plantas

APRESENTAÇÃO O cenário agrícola caminha a passos largos para a necessidade de aumento permanente da produtividade, melhoria da qualidade dos produtos, rentabilidade e sustentabilidade no campo econômico, social e ambiental. O aumento da capacidade produtiva de uma cultura é resultado da interação de muitos fatores relacionados as características genéticas das variedades, condições ambientais, manejos culturais e aspectos relacionados a sanidade das culturas. A ocorrência de doenças de plantas causadas tanto por agentes bióticos (micro-organismos patogênicos) como abióticos (condições ambientais adversas), atualmente, tem aumentado sua relevância dentre os fatores de produção, pois pode ocasionar perdas e danos de até 100% nos cultivos. A base para o manejo efetivo das doenças de plantas é o diagnóstico do(s) agente(s) causal(is). As doenças de plantas são diagnosticadas, em sua maioria, pelos sintomas que provocam e pelos sinais dos agentes bióticos presentes no hospedeiro. A comparação entre a planta doente e as ilustrações e descrições em literatura específica é muitas vezes suficiente para o diagnóstico de determinada doença.

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para a adequada coleta de plantas doentes e para o fornecimento de informações do local de cultivo. A razão deste problema, possivelmente, é que os produtores rurais/técnicos desconhecem os trabalhos de rotina de um laboratório de diagnóstico e desvalorizam a importância das funções que lhes cabem, acima mencionadas. Uma vez que, plantas e partes de plantas doentes mal coletadas e a falta de informações do local de cultivo comprometem a precisão dos diagnósticos e consequentemente as recomendações de controle. Essa publicação vem de certa forma cumprir esse papel, após apresentar os conceitos básicos que envolvem o diagnóstico de doenças de planta, detalha os procedimentos de coleta e explica a relevância de cada uma das informações do local de cultivo. Além disso, apresenta os princípios gerais de controle de doenças que para serem eficazes dependem do diagnóstico correto.

A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO CORRETO DE DOENÇAS DE PLANTAS As medidas de controle só podem ser tomadas após a identificação correta do agente causal, daí a importância da Diagnose de Doenças de Plantas.

Existem situações, todavia, em que os sintomas não são característicos de nenhuma doença particular, podendo ser associada a diferentes causas. Nesta circunstância, o produtor rural/técnico precisa buscar serviços de clínica vegetal especializada.

Quando a diagnose de doença é feita erroneamente haverá: ocorrência de danos e perdas na produtividade, aumento do custo do controle e contaminação ambiental pela aplicação indevida de produtos químicos.

A Clínica Vegetal da UERGS, na unidade de Vacaria, tem realizado serviço de diagnose de doenças de plantas que capacita profissionais na área de fitopatologia, serve fonte de aprendizado para professores e alunos pois traz para o ambiente acadêmico a problemática real enfrentada pelos agricultores no campo.

CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DE UMA PLANTA DOENTE

Um dos grandes desafios encontrados pelos profissionais responsáveis deste trabalho de extensão, que envolve o diagnóstico e as recomendações para controle, é orientar os produtores e técnicos

Doença em plantas é uma condição que envolve mudanças anormais na forma, fisiologia, integridade ou comportamento da planta. Tais mudanças podem resultar em dano parcial ou morte da planta ou de suas partes.


8  Diagnóstico para o controle de doenças de plantas Figura 1  Produtor fazendo vistoria em sua lavoura de tomateiro. (A) folhas de tomateiro com sintomas de doença; (B) folhas de tomateiro sem sintomas de doença.

AGENTES CAUSAIS DE DOENÇAS DE PLANTAS Estes agentes causam mal funcionamento de células e tecidos das plantas hospedeiras, resultantes da irritação contínua por agente patogênico (fator biótico) ou fator ambiental (fator abiótico), o(s) qual(is) conduzem ao desenvolvimento de sintomas. PATÓGENO é qualquer organismo capaz de causar doença infecciosa em plantas, ou seja, fungos, bactérias, vírus, nematoides e protozoários (ZAMBOLIM et al., 2012a). PRINCIPAIS FATORES AMBIENTAIS ADVERSOS (fatores abióticos) que ocasionam doenças em plantas: deficiências nutricionais, temperaturas ambientais muito altas/muito baixas, déficit hídrico/ stress hídrico e suas interações.

Plantas que sofrem estresse de nutrientes são mais suscetíveis, enquanto aquelas com nutrição adequada tornam-se tolerantes ou resistentes a doenças. A resistência de plantas às doenças está relacionada principalmente à genética. No entanto, a capacidade da planta para expressar a sua resistência genética a um determinado patógeno é fortemente afetado pela nutrição mineral (ZAMBOLIM et al., 2012b). Os elementos minerais estão envolvidos em todos os mecanismos de defesa das plantas, como componentes integrais ou ativadores, inibidores e reguladores do metabolismo celular. É enfatizado que o equilíbrio dos nutrientes no solo pode ser tão importante como a presença de outro elemento. Treze elementos minerais são, geralmente, essenciais para o crescimento das plantas. A deficiência ou o excesso de um elemento influencia grandemente a atividade de outros e exerce efeito catastrófico com consequências que repercutem no metabolismo da planta (ZAMBOLIM et al., 2012b). SINTOMA: qualquer manifestação das reações da planta a um agente nocivo (AMORIM et al. 2018). SINAL: estruturas ou produtos do patógeno quando exteriorizadas no tecido doente. Além de estruturas patogênicas (células bacterianas, micélio, esporos e corpos de frutificação fúngicos, ovos de nematoides, etc.), exsudações ou cheiros provenientes das lesões podem ser considerados como sinais (ZAMBOLIM et al., 2012a).

Figura 2  Diagrama esquemático de formas e tamanhos de certos patógenos de plantas em relação ao tamanho da célula vegetal (AGRIOS, 2005).


Diagnóstico para o controle de doenças de plantas

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Tabela 1  Função dos principais elementos minerais das plantas. Nutriente Mineral Função na Planta Grupo 1 Nutrientes que fazem parte dos compostos de carbono N Constituinte de aminoácidos, amidas, proteínas, ácidos nucleicos, nucleotídeos, coenzimas, hexoaminas, etc. S Componente da cisteína, cistina, metionina e proteínas. Constituinte de ácido lipólico, coenzima A. tiamina, pirofosfato, glutationa, biotina, adenosina-5’- fosfossulfato e 3-fodfoadenisina. Grupo 2 Nutrientes que são importantes na armazenagem de energia e na integridade estrutural P Componente de fosfato açucares, ácidos nucleicos, nucleotídeos, coenzimas, fosfolipídeos, ácido fítico, etc. Papel importante em reações que envolvem ATP. Si Depositado como silíca amorfa e, paredes celulares. Contribuí para as propriedades mecânicas dass paredes celulares, incluindo rigidez e elasticidade. B Complexos com manitol, manans, ácido polimanurônico e outros constituintes das paredes celulares. Envolvido no alongamento celular e no metabolismo dos ácidos nucleicos. Grupo 3 Nutrientes que permanecem na forma iônica K Requerido como cofator de mais de 40 enzimas. Principal cátion no estabelecimento do turgor celular e manutenção da eletroneutralidade celular. Constituinte da lamela média das paredes celulares. Requerido como cofator por algumas enzimas envolvidas na Ca hidrólise de ATP e de fosfolipídeos. Atua como mensageiro secundário na regulação metabólica. Mg Requerido por muitas enzimas envolvidas na transferência de fosfatos. Constituinte da molécula de clorofila. Cl Requerido para as reações fotossintéticas envolvendo a evolução de O2. Mn Requerido para a atividade de algumas desidrogenases, descarboxilases, quinases, oxidases e peroxidases. Envolvido com outras enzimas ativadas por cátions e na evolução fotossintética de O2. Na Envolvido na regeneração do fosfoenolpiruvato em plantas C4 e CAM. Substitui o potássio em algumas funções. Grupo 4 Nutrientes que estão envolvidos na reação redox. Fe Constituinte de citocromos e ferro-proteínas não heme envolvidas na fotossíntese, fixação da N2 e respiração. Zn Constituinte do álcool desidrogenase, desidrogena glutâmica, anidrase carbônica, etc. Cu Componente do ácido ascórbico oxidase, tirosinase, monoamina oxidase, uricase, citocromo oxidase, fenolase, lacase e plastocianina. Ni Constituinte da uréase. Em bactérias fixadoras de N2 , é constituinte de hidrogenases. Mo Constituinte da nitrogenase, nitrato redutase e xantina desidrogenase. Fonte: EVANS & SORGER (1966); MENGEL & KIRKBY (1987)

IMPORTÂNCIA DA COLETA DE AMOSTRA DE PLANTAS DOENTES DO LOCAL DE CULTIVO

das amostras coletadas de plantas doentes envolvem: plantas ainda vivas, bem acondicionadas em sacos plásticos, sem umidade excessiva e terra que proporcionam a decomposição rápida e o desenvolvimento de micro-organismos saprófitos nas lesões.

A qualidade e quantidade de partes e/ou plantas inteiras doentes é fundamental para a precisão e rapidez do diagnóstico fitopatológico. A qualidade

A quantidade de 5-10 plantas inteiras ou partes delas também pode auxiliar muito no serviço dos laboratoristas da Clínica vegetal, pois será mais fácil


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Figura 3  (A) planta ornamental com sintomas de déficit hídrico irreversível; (B) frutos de tomateiro com sintomas de deficiência de cálcio. obter estruturas para observação e identificação do agente causal(is) j presentes. Assim, caso haja falhas nesta prática a entrega do diagnóstico ao produtor será mais demorada, podendo em alguns casos requerer nova coleta ou visita à campo pelos técnicos.

RECOMENDAÇÕES GERAIS PARA COLETAR, PREPARAR E ENVIAR AMOSTRAS DE PLANTAS COM DOENÇAS PARA DIAGNÓSTICO 1) Coleta de quantidade razoável de todas as partes da planta que apresentem sintomas da doença; 2) As plantas devem estar ainda vivas. Em plantas mortas o agente causal, provavelmente, estará morto também;

3) Não misturar amostras de raízes ou frutos suculentos com folhas de uma mesma planta, pois pode acelerar a deterioração das folhas. 4) Remover o excesso de solo da amostra de raízes. Evitar o transporte das amostras expostas ao sol ou calor excessivo como em carrocerias abertas ou porta-malas de carro (exceto quando embaladas em caixas de isopor), pois o excesso de aquecimento não apenas desidrata, mas inviabiliza a observação de exsudações e estruturas dos patógenos presentes nas amostras. 5) Se a previsão da chegada da amostra à clínica for de até dois dias, essa poderá ser embalada preferencialmente, em saco plástico sem resíduos, que deve ser fechado sem excesso de umidade. 6) As amostras podem ser mantidas sob refrigeração, mas não sob congelamento. A utilização de caixas de isopor auxilia na conservação das amostras até o laboratório de diagnose.


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Figura 4  (A) Sintomas de Mancha de Alternária em folhas de Tomateiro; (B) sinais de Alternaria solani, presentes na lesão das folhas de tomateiro, agente causal da doença.

RECOMENDAÇÕES PARA COLETA DE PLANTAS DE ACORDO COM O SINTOMA DE DOENÇA:

2. Enviar uma parte inteira com o sintoma e, se possível, também uma parte localizada abaixo e acima da parte infectada. 3. Ramos e galhos mortos, há vários meses, não servem para identificações.

A – Plantas apresentando sintomas de murcha, amarelecimento ou enfraquecimento geral

C – Plantas apresentando sintomas de manchas foliares

1. Arrancar as plantas cuidadosamente (não puxá-las).

1. Coletar amostras de folhas que mostram sintomas iniciais e adiantados de infecção.

2. Enviar a planta inteira, incluindo as raízes, com torrão de terra em volta.

D – Apodrecimento de órgãos de reserva de plantas

3. Enviar plantas que apresentem os primeiros sintomas da doença. 4. Enviar amostras do solo e pedaços de raízes em saco plástico, bem fechado para evitar perda de umidade. 5. Árvores grandes, coletar as raízes, grandes e pequenas, junto com torrão de solo, na área da projeção da copa, cobrindo-as com plástico. B – Plantas apresentando sintoma de cancro em ramos e troncos 1. Selecionar espécimes com infecções recentes.

1. Não enviar órgãos de reserva em avançado estado de decomposição. 2. Selecionar espécimes frescos que demonstrem os primeiros sintomas e colocá-los em saco plástico novo, evitar o acúmulo de água no saco. É recomendado o uso de saco plástico devido a melhor conservação do material e para evitar derrames de secreções, etc. 3. Não misturar órgãos de reserva em apodrecimento com amostras de folhas e ramos; 4. Guardar sob condições refrigeradas, até o momento do envio para laboratório.


12  Diagnóstico para o controle de doenças de plantas E- Partes de plantas para análise da presença de nematoides

4. Programar a chegada das amostras no laboratório, em dias úteis.

1. Caules e folhas devem ser colocados em sacos plásticos.

G – Informações que devem acompanhar o espécime

2. Raízes devem ser cuidadosamente arrancadas com blocos de terra e colocados em saco plástico. Evitar o arranquio das plantas utilizando as mãos, pois a maioria das radicelas será perdida e, com ela um grande número de nematoides.

1. Preencher o formulário para o envio do material para análise, que contenha as informações sobre contatos do produtor, caso haja necessidade, data da coleta, local de cultivo, condições climáticas vigentes, sintomas observados, distribuição da doença a campo, histórico da área de cultivo, adubação e pulverizações realizadas.

3. Devem-se retirar amostras das áreas que apresentam plantas com sintomas e também plantas aparentemente sadias, em vários locais do campo de cultura. 4. Amostras de solo podem serem feitas próximas à zona das raízes. Caso forem plantas anuais, as amostras devem ser colhidas até 0,30 m de profundidade. Amostras colhidas de solo com bom teor de umidade, embaladas em sacos plásticos, podem conservar os nematoides em bom estado para exame, por cerca de 2 a 4 meses, quando mantidos em ambiente de 4 a 6 °C. F – Acondicionamento e envio ao laboratório de diagnose de doenças de plantas 1. Colocar o nome do produtor e telefone/e-mail perfeitamente visíveis. Não colocar o endereço e a ficha de identificação em contato com o material a ser analisado 2. Preferencialmente, as amostras devem ser condicionadas em sacos plásticos novos em caixa de isopor, pois serão preservadas as condições ideais para análise por maior tempo. 3. Enviar logo após a coleta. Se não for possível, guardar em geladeira até o momento da remessa.

2. Colocar o formulário fixado externamente ao saco que contém a amostra.

A IMPORTÂNCIA DE ANEXAR O FORMULÁRIO DE ENCAMINHAMENTO PARA DIAGNÓSTICO Os técnicos que fazem os diagnósticos no Laboratório de Fitopatologia, muitas vezes, desconhecem as práticas rotineiras pelo agricultor na cultura analisada e as condições ambientais locais do cultivo. Assim, o produtor precisa estar consciente que as informações de cultivo são fundamentais e devem sempre acompanhar a amostra de plantas com sintomas de doenças para rapidez e precisão do diagnóstico.


Diagnรณstico para o controle de doenรงas de plantas

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14  Diagnóstico para o controle de doenças de plantas X

Distribuição a campo da doença:

Possível evidência de:

plantas isoladas

Problemas relacionados a mudas, tratos culturais;

em reboleiras

Problemas com patógenos de solo;

distribuição uniforme

Condições ambientais favoráveis ao patógeno;

em faixas ou linhas

Problemas relacionados ao manejo realizado pelo produtor;

todas as plantas

Condições ambientais favoráveis ao patógeno;

em encostas

Problemas relacionados a fertilidade do solo;

em áreas de baixada

Problemas relacionados a drenagem;

em pontos elevados

Problemas relacionados a fertilidade do solo;


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Outras Informações Condições climáticas no decorrer da semana anterior à tomada da amostra: _______________________________________________________________________ Condições climáticas no decorrer do mês anterior à tomada da amostra: _______________________________________________________________________ Manejo da irrigação: OBS: A irrigação atua diretamente tanto na planta quanto no patógeno, positivamente quanto negativamente. É muito importante que o produtor descreva como é feita a irrigação, isto é o controle de vazão, frequência, tempo e modo (aspersão ou gotejamento ou microaspersão) Solo (textura):

☐ arenosa ☐ média

☐ argilosa ☐ mistura artificial para vasos (tipo)____________________


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Manejo do solo: ☐ plantiodireto ☐ convencional ☐ rotação de culturas

OBS:O manejo do solo é muito importante para constatar a presença e relevância de patógenos ocorrentes nas amostras (REIS et al., 2011). Histórico de ocupação da área (dois últimos anos):___________________________ OBS: A cultura anterior pode ser hospedeira dos mesmos patógenos da cultura atual. Produtos aplicados na área, quantidades e épocas de aplicação (inclusive tratamentos de sementes): Fertilizantes e corretivos: ________________________________________________________________ Fungicidas:_________________________________________________________________________ Herbicidas:_________________________________________________________________________ Inseticidas:_________________________________________________________________________ Outros:___________________________________________________________________________ OBS: A localização de depósitos de calcário na área podem resultar em plantas com sintomas de deficiência mineral; há também situações de incompatibilidade de fungicidas, herbicidas e inseticidas aplicados em conjunto os quais podem reduzir o controle de doenças e promover a ocorrência de fitotoxidez, etc. Recebido por:_______________________________Data de entrada:____/____/____

(Nome e assinatura)

LABORATÓRIO E SERVIÇOS DE DIAGNOSE DE DOENÇAS DE PLANTAS Os produtores desconhecem a importância que a coleta da amostra de forma adequada e das informações do local de cultivo têm para a rapidez e precisão do diagnóstico de doença de plantas. A maioria dos laboratórios que prestam assistência fitossanitária não dispõem de muitos equipamentos além dos abaixo apontados. O estereomicroscópio, microscópio e notebook com acesso à internet são os equipamentos essenciais para os técnicos que trabalham como diagnóstico de doenças de plantas. Equipamentos sofisticados e testes bioquímicos/moleculares para detecção de determinados patógenos existem somente em

laboratórios credenciados ao MAPA e que tenham demanda frequente dessas análises, pois o custo de manutenção deste serviço é alto. No Rio Grande do Sul há apenas dois laboratórios credenciados no MAPA para diagnóstico fitossanitário. As amostras de plantas doentes são recebidas pelo técnico responsável do laboratório de fitopatologia e conservadas sob refrigeração até emissão do laudo diagnóstico. O trabalho de diagnose começa com a avaliação dos sintomas presentes na planta ou parte dela e da leitura do formulário de envio de amostras preenchido pelo produtor. Em caso de diagnose simples, identifica-se a doença pelos sintomas/sinais presentes na amostra e o laudo diagnóstico é entregue em poucos dias ao produtor, contendo a identificação da(s) doença(s), agente(s) causal(is) e método(s) de controle.


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Figura 4  Equipamentos utilizados em laboratório fitossanitário. (A) microscópio; (B) estereomicroscópio; (C) refrigerador; (D) estufa incubadora (BOD); (F) câmara de fluxo lâminar; (G) destilador; (H) autoclave; (I) notebook com acesso à internet.

Caso na diagnose surja qualquer dúvida quanto ao(s) agente(s) causal(is)da(s) doença(s), submete-se a amostra a uma análise completa que inclui exames mais detalhados, como isolamento do agente causal, incubação, repicagem; identificação, por meio de exames microscópicos, finalizando com a emissão de um laudo diagnóstico, que pode ser emitido num prazo de oito a 15 dias.

PRÁTICAS ROTINEIRAS DOS TÉCNICOS 1) Observação dos sintomas da amostra recebida; 2) Leitura das informações contidas no formulário enviado com a amostra; 3) Pesquisa bibliográfica específica sobre as doenças da cultura analisada; 4) Seleção de possíveis agentes causais da doença e de suas estruturas morfológicas, caso estejam presentes na amostra;

5) Observação das estruturas morfológicas presentes nas lesões utilizando o microscópio; 6) Análise das observações e elaboração do diagnóstico com a recomendação de controle para o produtor.

TÉCNICAS BÁSICAS APLICADAS (Carollo & Peixoto, 2016) a) Elaboração de lâminas microscópicas do tecido doente; b) Observação da amostra em estereomicroscópio e microscópio; c) Isolamento em meio de cultura de pequenas porções de plantas doentes em que o agente causal não foi detectado na amostra enviada; (tempo necessário de incubação para observação: 7 dias); Amostra bem coletada pode ter as estruturas para identificação do agente


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causal(is) já presentes; Assim, esta prática irá atrasar a entrega do diagnóstico ao produtor.

produção agrícola. Vamos observar mais detalhadamente cada um deles.

d) Elaboração de câmara úmida para estimular o crescimento de fungos na amostra.

Evasão: busca-se prevenir a ocorrência de doenças em plantas através da fuga dos micro-organismos (patógenos) ou de áreas contaminadas com o ambiente favorável ao desenvolvimento da doença (MICHEREFF, S. J., 2001).

PRINCÍPIOS GERAIS DO CONTROLE DE DOENÇAS Existe uma grande dificuldade de controle de doenças sem o conhecimento adequado de sua origem, causas, condições climáticas e culturais que as favorecem e das características do patógeno (micro-organismo causador) e hospedeiro (planta/cultura envolvida), além da eficiência dos métodos de controle disponíveis. Na atualidade, o controle químico de doenças pelo uso de fungicidas é adotado em mais de 90% dos casos. Observa-se com isso, uma grande variação da eficiência de controle em função da resistência dos organismos aos produtos químicos, aplicações em estágios avançados da doença e falta de conhecimento pelos usuários sobre o modo de ação dos produtos disponíveis no mercado. Com isso, intensifica-se o número de aplicações sem ter o resultado desejado. Diante disso, o conjunto de boas práticas agrícolas de manejo que incluem métodos preventivos e culturais contribuem para à diminuição dos danos (reduções na qualidade da produção) e, eventualmente, das perdas (reduções do retorno financeiro por unidade de área cultivada). Aproximadamente 100 anos atrás Whetzel e colaboradores criaram os princípios gerais de controle de doenças, evasão, exclusão, erradicação, proteção, regulação, imunização e terapia (AMORIM et al. 2018). Estes princípios de controle se encaixam perfeitamente no momento atual. Pois, há necessidade de programas racionais de manejo de doenças que são recomendadas para os agricultores, essa falta de amparo técnico coloca em risco o sucesso dos planos de controles em diversas atividades na

Isso pode ser realizado da seguinte forma:  E scolha da área ou local para plantio que não estejam com a presença da doença;  A ntecipação da data de plantio dentro do período recomendado pela pesquisa;  Utilização de variedades precoces. Exclusão: Trabalha-se com a prevenção da entrada e ou estabelecimento de micro-organismos numa área ou região ainda não infestada. Isso pode ser feito através de várias medidas ja estabelecidas em legislações fitossanitárias oficializadas por órgãos governamentais nacionais e internacionais. São medidas que se baseiam na proibição e fiscalização do transito de sementes, plantas e mudas (MICHEREFF, S. J., 2001).  A quisição pelo produtor de sementes e mudas certificadas de boa procedência e com bom vigor;  S empre ter cuidados e inspecionar caixas, solo e material de transporte de mudas oriundo de outras regiões;  P ropriedades produtoras de mudas e sementes adotar medidas de sanidade para evitar a proliferação de doenças;  P rodutores de mudas realizar o controle de insetos vetores de doenças a exemplo de viroses. Erradicação: Objetiva a eliminação ou redução da doença numa área ou região em que já foi introduzido. A eliminação completa de um micro-organismo já estabelecido é muito difícil. Trabalha-se, portanto, na tentativa de diminuir a população do


20  Diagnóstico para o controle de doenças de plantas patógeno para que cause o menor dano possível. Isso pode ser realizado com as seguintes medidas: 

liminação de partes ou toda planta doente E no pomar através de podas;

ontrole ou eliminação de plantas voluntáC rias e hospedeiras de doenças;

ealização do tratamento de sementes com R produtos químicos recomendados;

esinfestação de embalagens, limpeza de D máquinas agrícolas e locais de armazenamento.

Regulação: Visa alteração do ambiente na lavoura para desfavorecer e diminuir a população do patógeno para que cause o menor dano possível. Isso pode ser realizado com as seguintes forma: 

otação de culturas com formação de muita R palhada sobre o solo. Essa prática resulta na redução dos micro-organismos causadores de doenças devido à decomposição dos restos de palha e aumento da matéria orgânica do solo retirando assim o alimento dos patógenos. Além disso, ocorre aumento dos micro-organismos que realizam o controle biológico, suprimindo o crescimento de organismos causadores de doenças.

Proteção: Impedir o contato direto do patógeno com a cultura (planta hospedeira), é alcançado através da aplicação de produtos químicos preventivos. A proteção química tornou-se uma medida utilizada na maior parte da ocorrência de doenças.

 Fungicidas preventivos. Imunização: Obtenção de variedades imunes, resistentes e tolerantes, através do melhoramento genético de plantas. Esse método de controle possui o menor custo de produção para o produtor pode até dispensar outras medidas de controle.  Resistência da cultivares;  I ndução de resistência em plantas pela aplicação de substâncias químicas. Terapia: Após o desenvolvimento da doença na planta, o último método de que se pode lançar mão é a terapia ou cura, isto é, recuperação da saúde mediante a eliminação do patógeno infectante ou proporcionando condições favoráveis para a reação do hospedeiro (planta) (MICHEREFF, S. J., 2001). Vejamos as alternativas: 

ungicidas sistêmicos curativos para recuF peração da planta doente;

Podas da planta para retirar partes doentes;

ratamento térmico com água quente visanT do a eliminação do patógeno, prática utilizada em sementes de hortaliças;

S olarização do solo, cobertura plástica sobre canteiros que elimina micro-organismos causadores de doenças pelo calor.


Diagnóstico para o controle de doenças de plantas

Referências AGRIOS, G.N. Plant pathology. 5a Ed., Academic Press. 2005. 922p. AMORIM, L.; REZENDE, J. A. M.; BERGAMIN FILHO, A. Manual de fitopatologia. Vol.1, 5º Edição. Agronômica Ceres. 573 pag. 2018.

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REIS, E.M.; CASA, R.T.; BIANCHIN, V. Controle de doenças de plantas pela rotação de culturas. Summa Phytopathologica, v.37, n.3, p.85-91, 2011. ZAMBOLIM, L.; JESUS JUNIOR, W. C.; PEREIRA, O. L. O Essencial da fitopatologia-agentes causais. Vol. 1, 1° Edição. Suprema Gráfica e Editora Ltda. 364p. 2012 (a).

EVANS, H. J.; SORGER, G. J. Role of mineral elements with emphasis on the univalentcations. Ann. Rev. Plant Physiol., v. 17, p. 47-76, 1966.

ZAMBOLIM, L.; VENTURA, J. A.; ZANÃO JUNIOR, L. A. Efeito da adubação no controle de doenças de plantas. Suprema Gráfica e Editora Ltda. 321p. 2012(b).

MENGEL, K.; KIRBY, E. A. Principals of plant nutricion. Worblaufen-Bern, Switzerland: International Potash Institute, 1987.

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MICHEREFF, S. J., Fundamentos de fitopatologia. Recife: Universidade Federal Rural de Pernambuco. Recife, 12 de fevereiro de 2001. https://www.ebah. com.br/content/ABAAABZTIAB/apostila-fitopatologia, acesso em 19 de junho de 2019.


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