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ESPAÇO POÉTICO
O poeta Julinho Terra, criado no subúrbio da Leopoldina - Rio de janeiro, desde cedo pulsa no seu coração a poesia.
Na década de 70 participando do movimento anarquista na luta contra a ditadura militar, tendo como "arma" a poesia, e a arte, seus versos absorvem uma visão da luta de classe contra o monopólio do capital .
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Com o tempo sua poesia cada vez mais engajada retrata a vida cotidiana das "minorias". Esse poeta consegue expressar com precisão a angústia e a alegria do povo brasileiro.
POEMA: FRASES TORTAS POR FALTA DE CÁLCIO
"Quando eu era criança / a fome me acordava no meio da noite / mas eu dizia: - um dia, vou denunciá-la em poesia"
A fome não mente / e nem combina / ir ao parque catar amoras.
Ela não promete coisa alguma pro dia seguinte. Vorazmente, almoça o agora.
Que bicho mendiga lixo?
A fome / não se lambuza de marshmallow / E nem conhece a opulência.
Não escolhe partido / nem cor de pele.
Mas escolhe classe social / seu alvo preferido.
A fome / já nasce faminta / no ventre da pobreza. Sepulta sorrisos / congela olhares ainda criança.
A fome / engaiolada no homem / voa / sempre que avista / um prato de comida.
(Julinho Terra)