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Caderno G

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CLASSIFICADOS

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Estado do Rio de Janeiro, 04 à 06 de fevereiro de 2023

PAULO SILVA

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STREAMING: OS NOVOS PLAYERS DO MERCADO

Apartir de hoje até o dia 10 de março teremos aqui no Caderno G uma série de matérias falando do Oscar e sobre o Oscar. Nesta primeira reportagem vamos falar dos filmes produzidos pelas empresas de Vídeo on Demand, ou streaming, como queiram. A Netflix em pouco mais de sete anos produzindo seus próprios filmes já teve oito filmes indicados ao maior prêmio do cinema norte americano.

E logo de cara em sua estreia, a empresa transformada em estúdio chutou a porta com os dois pés ao entregar o provocativo "Beasts of No Nation", de 2015 e dirigido por Cary Fukunaga, poderoso drama sobre crianças-soldado na guerra civil de um país africano não identificado, protagonizado pelo ótimo Idris Elba. A Netflix queria ver sua primeira produção original indicada ao Oscar, mas as regras da Academia, ainda insegura quanto aos filmes de streamings e sua relevância, não permitiriam. Logo no ano seguinte a Academia começou a revisar suas regras e aos poucos foi flexibilizando a entrada de produções da Netflix no Oscar.

O primeiro a aparecer entre os indicados foi o documentário "A 13º Emenda" de 2016, de Ava DuVernay, indicado ao Oscar em sua respectiva categoria. Depois vieram outros documentários em anos seguintes, como "Ícaro" em 2017, "Indústria Americana" em 2019 e "Professor Polvo" em 2020. Mas o primeiro longa-metragem de ficção a ser agraciado com nada menos que 4 indicações foi "Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi" em 2017 dirigido por uma mulher Dee Rees. O filme passou por festivais, como Sundance e Toronto e cumpriu todos os requisitos pedidos pela Academia, como ser exibido previamente nos cinemas e em uma quantidade considerável de salas. Aqui no Brasil, o filme recebeu lançamento da Diamond Films e não da Netflix. Mas Mudbound, apesar de nomeações importantes como melhor atriz coadjuvante para Mary J. Blidge e melhor roteiro adaptado, não foi indicado ao Oscar de melhor filme. Com "Roma" filme de 2018, drama em preto e branco escrito e dirigido pelo mexicano Alfonso Cuarón, ficará para sempre na história como o primeiro filme original da Netflix a receber uma indicação na categoria principal no Oscar. E não apenas isso, muitos críticos e cinéfilos davam como certa a sua vitória, não conseguindo aceitar até hoje a sua derrota para o muito controverso "Green Book –O Guia". Ainda mais em um ano em que tínhamos obras do nível de "Infiltrado na Klan". Roma é um retrato da própria infância do diretor e da relação de sua família com a empregada doméstica no México. O filme foi indicado para melhor filme, melhor atriz, Yalitza Aparicio, melhor atriz coadjuvante, Marina de Tavira, melhor roteiro original, melhor direção de arte, melhor edição de som e melhor mixagem de som, e levou as estatuetas de melhor direção para Cuarón, melhor filme estrangeiro e melhor fotografia. Em 2019 quando a Netflix anunciou a parceria com Martin Scorsese, um dos mais importantes diretores de cinema de todos os tempos, muitos acreditavam que o resultado não sairia por menos. E o que a plataforma de streaming fez aqui foi simplesmente financiar o novo filme de máfia de Scorsese, gênero no qual o cineasta fez sua carreira, em obras como "Os Bons Companheiros", "Cassino" e "Os Infiltrados", por exemplo. Aqui, o diretor se reunia a uma dupla e tanto, Robert De Niro e Joe Pesci, dos dois primeiros filmes citados, e de quebra trazia Al Pacino ao barco, em sua primeira colaboração juntos.

"O Irlandês" foi indicado para 10 Oscar: melhor filme, melhor direção, melhor ator para Al Pacino, melhor ator coadjuvante, Joe Pesci, melhor roteiro adaptado, melhor fotografia, melhor direção de arte, melhor figurino, melhor edição e melhores efeitos visuais.

E as indicações continuaram em "História de um Casamento" de Noah Baumbach em 2020, "Mank" do mestre David Fincher de 2020, "Os Sete de Chicago", de Aaron Sorkin também de 2020, o faroeste "Ataque dos Cães", que deu o segundo Oscar de direção a uma mulher, a neozelandesa Jane Champion em 2021 e o divertido e polêmico "Não Olhe Para Cima" de 2021 dirigido por Adam McKay. Esse ano, o número de filmes originais da Netflix indicados ao Oscar na categoria principal foi reduzido, mesmo assim é claro que não ficaríamos sem um representante da plataforma buscando o prêmio máximo do cinema. Desta vez, curiosamente um filme não americano foi o escolhido pelos votantes para representar a Netflix na categoria principal: o impactante drama alemão de guerra "Nada de Novo no Front". A obra, é claro, é baseada no livro clássico de Erich Maria Remarque, sobre um soldado idealista alemão vendo de perto os horrores na frente ocidental durante a Primeira Guerra Mundial. A história já havia sido levada às telas em 1930, no filme "Sem Novidade no Front". A nova versão tem 9 indicações ao Oscar: melhor filme, melhor filme estrangeiro (Alemanha), melhor roteiro adaptado, melhor fotografia, melhor direção de arte, melhor maquiagem, melhor som, melhor trilha sonora e melhores efeitos visuais.

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