Edição 638

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Negócios e Empresas

Semana de 18 a 24 de agosto de 2009

Esta coluna é produzida por profissionais do Brazilian Business Group e do Business Administration Training Center, que atuam no mercado financeiro e comercial da Flórida. A cada edição, um colaborador dos grupos estará dando dicas e informações do mundo dos negócios. Participe enviando emails para: negocioseempresas@gazetanews.com.

A Grande Retomada e a Posição do Dólar Juntamente com as ótimas notícias da recuperação da economia norteamericana e, por conseguinte, da economia global, sentimo-nos um pouco vulneráveis na medida em que assistimos, diariamente, o “greenback” se desvalorizar. Para efeito de ilustração, lembramos que, recentemente, o Euro atingiu seu mais alto patamar vis-àvis o dólar, desde dezembro passado, o dólar neo-zelandes o mesmo, desde outubro, o dólar australiano, desde setembro, e o real brasileiro, seu nivel mais alto, nos últimos 11 meses, após queda acentuada, no ano passado. Claro que estas notícias são muito boas se o leitor é investidor em ações e /ou trader no mercado de commodities, dois dos segmentos mais beneficiados com tal flutuação. Em número mais largo, certamente, os investidores no mercado bursátil internacional (serviço de compensação e liquidação do mercado acionário), que se beneficiam duplamente, obtendo retornos elevados em seus investimentos específicos e também na conversão de moedas em forma favorável. Mas, não se iludam. O Governo norte-americano não baseará seus planos futuros numa moeda fraca. Diríamos mesmo que os investidores é que devem se preocupar, pois, será decisão sábia saber escolher a hora de deixar de apostar na queda do dólar e seus efeitos. Com a queda do dólar, vem o boom

das commodities, como vimos assistindo. A China, no seu afã, misto de necessidade e realidade, de se afirmar como superpotência, vem acelerando suas compras de energia e materiais dirigidos à construção, além de desenvolver plano estratégico voltado à estocagem de alimentos; o aquecimento global vem provocando subidas acentuadas no preço dos grãos, beneficiando primordialmente o Brasil; a India, lutando com suas limitações por um lado, e os bons efeitos colaterais de seu crescimento, tem apresentado demanda extraordinária por petróleo, cobre, e outras commodities. Todas estas demonstrações exuberantes de ganhos e riquezas não são elásticas. Limitam-se por suas próprias naturezas e, também, pelo consumo interno destes paises, além da própria capacidade produtiva e de distribuição dos países fornecedores. Tratamos, pois, de mais um boom, e já sabemos como estes acabam. Não estamos, pois, falando de relacionamento e expansão comercial sustentada, mas sim de situação peculiar do momento que atravessamos, realçado pelas reservas monetárias de certos países, não por acaso produtores das commodities em alta e também originadores da demanda. Todos, sem exceção, os maiores portadores, em suas reservas, do greenback, que ajudam a desvalorizar . No último mês de julho, a dívida

nacional norte-americana era de $ 11,7 trilhões, ou $38.000 para cada indivíduo deste pais. A projeção do Congressional Budget Office é de que, nada mudando, a mesma poderá chegar a 100% do GDP (Produto Interno Bruto), em 2023 e 200%, ao redor de 2030. E tudo isto, dentro da mecânica atual e esperada para o futuro de médio prazo, financiado por investidores externos que já detêm 53% da dívida em mercado, seu maior nível histórico. Ora, onde buscar mais investidores, se não no mercado externo? Acontece, que estes já dão sinais de fadiga, por suas próprias limitações e também por medo, próprio daqueles que investem e se sentem enfraquecidos em suas posições quando veem fragilidade no objeto final de seus investimentos. Tanto China e Rússia já dão sinais, pelo menos em nível retórico, que poderão diversificar seus investimentos, buscando outras moedas. Considerando-se o efeito devastador que tal mudança implicaria, tanto em nível norte-americano quanto mundial, por suas consequências, não é demais vislumbrar-se período, talvez próximo, quando aos Estados Unidos não restará se não a alternativa de subir seus juros, atraindo para seus cofres, com o chamativo de melhores remunerações, os investimentos internacionais. Aos não tão antigos lembramos os anos Reagan, ou os anos 80, dependendo como o

leitor os queira classificar, quando os juros praticados nos Estados Unidos assombraram a todos, carreando para cá a liquidez internacional. De cofre cheio, Tio Sam foi competente em redirigir sua incontestável liderança econômica a nível mundial. O que se viu, nos 25 anos seguintes, foram gloriosos momentos de exuberância nunca usufruidos em nossa História. Sem querer vaticinar o impossível, temos o sentimento que algo do gênero está para acontecer. Muito provavelmente os números não serão tão elevados já que a inflação está controlada, entretanto, com uma subida dos juros nos Estados Unidos, dólar fortalecido, teremos uma rearrumação das relações cambiais, em nível mundial, e com estas, de poder. Em especial recomendamos cautela dobrada àqueles que se benefíciam com o fortalecimento do Real. No Brasil costumamos dizer que, quanto maior o coqueiro, maior a queda. Aloysio Vasconcellos é advogado no Rio de Janeiro. Formação Acadêmica: MBA pela Thunderbird Graduate School of International Management, nos EUA; Estudos Pós Graduados em Economia Internacional/ Universidade de Paris, Sorbonne. Foi vicepresidente do Citibank N.A., no Brasil e nos EUA, da Xerox e Esso. É presidente do Brazilian Business Group / BBG, Florida.


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