Gazeta de Varginha - 11/02/2014

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11 DE FEVEREIRO DE 2014

GAZETA DE VARGINHA

TECNOLOGIA

Turquia vive cenário de '1984', de Orwell, com nova lei de internet A Turquia está prestes a se transformar em um buraco negro dentro do mapa mundial da internet, temem os internautas, depois que foi aprovada, na noite de quarta-feira (5), uma nova lei de controle de conteúdos que não desmerece o cenário do livro "1984" imaginado pelo autor George Orwell. Agora não será preciso uma ordem judicial para bloquear uma página na internet, como antes. "Qualquer alto funcionário pode eliminar em quatro horas qualquer conteúdo que lhe agrade. Basta avisar à Direção de Telecomunicações (TIB)", diz o ativista Gürkan Özturan, membro do Partido Pirata da Turquia. As técnicas utilizadas para interceptar os conteúdos indesejáveis para o governo também sofreram al-

O governo quer instaurar o império do medo", denúncia o ativista Özturan

teração. A nova lei de controle foi aprovada na quarta em forma de 16 artigos inseridos em um pacote legal de 125 pontos, e foi apresentada como medida para "proteger a família, as crianças e a juventude de elementos na internet que incitam a dependência às drogas, o abuso sexual e o suicídio", resume o

jornal "Hürriyet". Isso não era o que Özturan esperava quando, no final de 2010, o governo turco, o mesmo que agora aprovou a lei que põe o país no mesmo patamar de China ou Irã, levantou a proibição do YouTube e renunciou uma lei de controle de conteúdos após amplos protestos. Na época, o

popular canal de vídeos era o quarto mais visto na Turquia. "Pensamos que com os protestos pacíficos tínhamos conseguido ampliar as liberdades", lembra Özturan em conversa com a Agência EFE, "mas agora será muito pior". Mas a oposição acredita que o que realmente preocupa o Executivo é que internet se transformou em uma plataforma para divulgar gravações policiais de altos funcionários relacionadas com acusações de corrupção que já forçaram a demissão de quatro ministros em dezembro. É o que diz Aykut Erdogdu, deputado do opositor Partido Republicano do Povo (CHP) que afirma que a nova lei pretende censurar a informação incômoda.

Senador dos EUA quer que celulares tenham 'sistema antirroubo' O senador norteamericano Mark Leno enviou ao Senado dos Estados Unidos um projeto de lei que obriga os fabricantes de smartphones e tablets a incluírem em todos os aparelhos vendidos no estado da Califórnia um sistema que os inutiliza caso sejam roubados. O texto da lei 962 foi apresentado nesta sexta-feira (7) por Leno, que desenhou a legislação junto com o promotor de San Francisco George Gascón e com outros líderes locais. Se aprovada a lei, a exigência da tecnologia que cria uma espécie de “botão antirroubo” passará a valer para dispositivos

Apenas nos EUA, repor smartphones e tablets roubados ou perdidos rende US$ 30 bilhões

vendidos em solo californiano a partir de 1º de janeiro de 2015. No comunicado em que discorre sobre o projeto de lei, Leno chega a chamar a onda de roubos de smartphones e outros dispositivos nos EUA de “epidêmica”. Metade dos roubos ocorridos em San Francisco envolve celulares, segundo o senador. Em algumas áre-

as da cidade de Oakland, esse índice chega a 75%. “Essa legislação irá exigir da indústria que pare de debater a possibilidade de implementar as soluções tecnológicas existentes contra o roubo e comece a abraçar o inevitável”, afirmou o senador, em nota. Segundo Leno, especialistas nesse

mercado argumentam serem financeiros os incentivos para que fabricantes e operadoras de telefonia não implantem sistemas que tornem roubos menos atraentes. Apenas nos EUA, repor smartphones e tablets roubados ou perdidos rende US$ 30 bilhões. Os custos com seguros de aparelhos rendem outros US$ 7,8 bilhões às operadoras. Segundo o senador, sob a lei 962, as operadoras AT&T, Verizon, T-Mobile, Sprint e a fabricante Apple serão proibidas de vender celulares que não forem equipados com uma tecnologia contra roubo.

"O primeiro-ministro nunca se preocupou com a privacidade, até agora, quando atingiu seus ministros, seus filhos e a ele próprio em um caso de corrupção", assegurou Erdogdu. Quem respalda essa visão é o deputado do partido no governo, Mustafa Elitas, que afirma que a lei era necessária para evitar que uma rede infiltrada nas instituições estatais começasse a interceptar gravações de escutas telefônicas. Um exemplo dessa atitude aconteceu na última semana, quando a TIB exigiu que um deputado da oposição, Umut Oran, apagasse do seu site pessoal uma pergunta parlamentar centrada nas acusações de corrupção contra o Executivo. O aviso, retirado

pela TIB e declarado como "erro administrativo" após ser publicado na imprensa, chamou atenção porque a mesma pergunta constava no site oficial do Parlamento. Não é apenas a censura que preocupa, já que "o governo está iniciando uma vigilância digital em massa com esta lei, que permite manter muitos dados pessoais de navegação durante muito tempo", diz o professor Erkan Saka. "Os provedores de internet serão obrigados a manter os dados durante dois anos. A internet será mais lenta e mais cara, mas, acima de tudo, as pessoas começarão a aplicar a autocensura. O governo quer instaurar o império do medo", denúncia o ativista Özturan.

Apple deveria criar celular com Android, diz Steve Wozniak a revista Steve Wozniak, cofundador da Apple, disse que a companhia deveria pensar em lançar um aparelho que abrisse mão do sistema operacional iOS e operasse com o Android, sistema desenvolvido pelo Google. As declarações do homem que, ao lado de Steve Jobs, criaram a Apple, foram dadas à revista “Wired”. “Não há nada que manteria a Apple fora do mercado Android como um mercado de telefone secundário”, disse Wozniak que, além de já não estar envolvido com o dia a dia de trabalho na Apple, se tornou um dos seus críticos mais contundentes. Ele sugeriu que a Apple crie um aparelho que rode o Android como alternativa ao iPhone. “Nós poderíamos competir muito bem. As pessoas gostam dos mo-

delos de estilo preciosos e das engenhosidades que nós fazemos com nossos produtos se comparados aos Androids oferecidos. Nós poderíamos jogar em duas arenas ao mesmo tempo”, disse ele à revista. Woz participou da conferência Apps World North America, em São Francisco, que ocorreu nesta semana e tratatou do desenvolvimento e aplicativos para smartphones e tablets. Além disso, ele apoiou a decisão da Apple de não acrescentar muitas ferramentas ao iPhone. “Se você tem algo realmente bom, não mude isso. Não estrague tudo”, comentou. “Você pega um celular da Samsung e tira uma foto dizendo ‘sorria’, mas quanta inovação há nisso? Isso é apenas jogar um monte de recursos”, afirmou.


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