10th Annual Meeting – New Development Bank
Fortalecendo a Cooperação e a Confiança em um Mundo em Transformação
Opening remarks – President Dilma Rousseff
Excelentíssimo Senhor Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva
Excelências, Membros do Conselho de Governadores do Novo Banco de Desenvolvimento
Membros do Conselho de Diretores do Novo Banco de Desenvolvimento
Fernando Haddad, Ministro da Fazenda da República Federativa do Brasil
Anton Siluanov, Governor for the Russian Federation, Nirmala Sitharaman, Governor for the Republic of India, Fo’an Lan, Governor for the People’s Republic of China, Enoch Godongwana, Governor for the Republic of South Africa, Salehuddin Ahmed, Governor for the People’s Republic of Bangladesh, Mohamed Bin Hadi Al Hussaini, Governor for the United Arab Emirates, Dr. Rania Al-Mashat, Governor for the Arab Republic of Egypt,
Exmos. Senhores Ministros e Distintos Convidados,
Senhoras e Senhores
Há dez anos, os líderes dos países dos BRICS lançaram as bases para um novo tipo de banco multilateral de desenvolvimento que fosse pautado em cooperação, igualdade e respeito mútuo, em oposição a abordagens e condicionalidades impostas de cima para baixo.
A criação do Novo Banco de Desenvolvimento, mais do que um simples marco institucional, foi algo maior, uma declaração política. A declaração de que o Sul Global deixaria de ser um receptor passivo de modelos de crescimento a ele impostos, para tornar-se um ativo arquiteto de seu próprio futuro.
Desde a sua criação o NDB foi construído sobre uma premissa clara: a de que os países do Sul Global têm o direito, bem como a capacidade, de definir seus próprios caminhos de desenvolvimento. Que a infraestrutura, a modernização industrial e tecnológica e a sustentabilidade deveriam ser financiadas não por meio da imposição de modelos uniformes, mas, sim, impulsionando a justiça social e promovendo a soberania. O NDB nasce, assim, como uma alternativa, mas acima de tudo como a afirmação do princípio de que o desenvolvimento deve ser sustentável, inclusivo, resiliente e soberano.
Comemoramos, portanto, a primeira década do Banco não só com orgulho, mas também com um senso renovado de propósito. O mundo de hoje não é o mesmo de 2015. Ele está mais fragmentado, mais desigual e mais exposto a crises sobrepostas — climática, econômica e geopolítica.
O multilateralismo está sob pressão. Testemunhamos um recuo na cooperação e o ressurgimento do unilateralismo. Tarifas, sanções e restrições financeiras estão sendo usadas como ferramentas de subordinação política. As cadeias produtivas globais estão sendo reestruturadas, não pela busca de mais eficiência, mas, sim, por interesses geopolíticos. E o sistema financeiro internacional continua profundamente assimétrico — colocando os fardos mais pesados sobre aqueles com menos recursos.
Tal cenário exige mais — e não menos — cooperação. E exige instituições que reflitam as realidades e aspirações do mundo de hoje — não somente do mundo de oito décadas atrás.
É por isso que o Novo Banco de Desenvolvimento é importante. É por isso que nossa missão continua não apenas relevante, mas essencial.
Demonstramos, nos últimos dez anos, que é possível construir uma instituição confiável, eficiente e adaptável — que produz resultados reais e, ao mesmo tempo, defende os valores de solidariedade, equidade e soberania. Não temos o objetivo de substituir quem quer que seja, porém, buscamos provar que há mais de uma maneira
de promover o desenvolvimento. E os países emergentes e em desenvolvimento merecem instituições que compreendam seus desafios, respeitem suas escolhas e apoiem suas ambições.
A estrutura de governança única do Banco, baseada na igualdade entre os membros, é uma prova dessa crença. Nenhum país domina; nenhuma voz é silenciada. Operamos com base no princípio de que a parceria deve ser horizontal — e que o desenvolvimento é mais eficaz quando está ancorado nas prioridades nacionais e pertence àqueles a quem se destina.
A próxima década será decisiva — não apenas para o NDB, mas para todo os países BRICS e do Sul Global.
Devemos enfrentar a emergência climática com determinação e solidariedade. O financiamento climático mais que uma mera promessa deve ser um mecanismo concreto em prol da adaptação, transição energética e resiliência — principalmente nos países mais afetados por eventos climáticos extremos. O NDB deve estar na vanguarda desse esforço, ampliando os investimentos em infraestrutura verde, energia limpa e tecnologias inteligentes para o clima.
Também devemos abraçar a revolução digital — não de maneira passiva, mas, sim, ativa e estratégica. Conectividade, inteligência artificial e dados estão moldando a nova economia. Entretanto, sem uma política de inclusão, só aprofundaremos a exclusão. Devemos garantir que a transformação digital se torne uma ferramenta de empoderamento, não de marginalização. Que aumente a produtividade, promova a inovação e amplie o acesso à educação, à saúde e aos serviços públicos.
Ao mesmo tempo, devemos permanecer comprometidos com a infraestrutura física e social. Estradas, portos, sistemas de água, moradia, transporte público e saúde continuam sendo essenciais para a construção de sociedades inclusivas e resilientes.
Não há desenvolvimento sustentável sem essas bases sólidas.
Para enfrentar esses desafios, é preciso inovar. Devemos fortalecer o financiamento em moeda local, explorar swaps bilaterais, ajudar nossos países membros a reduzir a exposição à volatilidade externa e aprofundar os mercados de capitais domésticos. Devemos expandir nossa rede de parcerias — com bancos nacionais de desenvolvimento, outros bancos multilaterais de desenvolvimento, o setor privado e a academia. Precisamos tornar o conhecimento, a tecnologia e as ferramentas financeiras acessíveis aos nossos países membros — especialmente aqueles com capacidade institucional limitada.
E, acima de tudo, precisamos continuar sendo uma plataforma de confiança. Em um mundo marcado por confrontos e desconfiança, o NDB deve se posicionar como um espaço de diálogo, cooperação e objetivos comuns. Nossa força reside, não apenas no tamanho do nosso balanço patrimonial, mas acima de tudo na legitimidade de nossa missão e na união dos nossos países membros.
Vou ser clara: nós estamos apenas começando.
Em nossa primeira década, o NDB lançou as bases. Na próxima década, devemos consolidar nosso papel de liderança para o desenvolvimento equitativo, sustentável e autônomo em um mundo multipolar. O que significa desenvolver ainda mais uma instituição que não seja apenas financeiramente sólida, mas também politicamente relevante e transformadora.
Que esta seja a década de ouro da instituição. Uma década em que atuemos com ousadia, pensemos a longo prazo e permaneçamos fiéis ao espírito que deu origem a esta instituição.
Juntos — com visão, coragem e determinação — continuaremos a construir um futuro melhor para os nossos países, os nossos povos e as gerações futuras.
Muito obrigada.