2007 | Catálogo MARILYN MONROE e TELMA SARAIVA

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Projeto

Marilyn Monroe - O Mito fotografias de Bert Stern

Rua Ferreira de Araújo, 625 cep 05428-001 - Pinheiros - São Paulo - SP Fone 3813.7253 - www.galeriaestacao.com.br

apresenta

Exposição de 26 de janeiro a 23 de março de 2008 de terça a domingo, das 11h às 19h - sábados, das 11h às 15h Ingressos: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia) Realização

Apoio

Telma Saraiva - A PROCURA DE UM MITO fotopinturas


Quando o Crato vai a Hollywood

Eu não sou um pedaço de carne

Telma Saraiva, fotografada por Cristiano Mascaro, em sua casa no Crato, CE. 2007

Auto-retrato de Bert Stern, realizado na Suíte 261 do Hotel Bel-Air, Los Angeles, CA. 1962

Um raro encontro entre duas estrelas vai unir o mundo real ao mundo imaginário: Marilyn Monroe e Telma Saraiva serão vistas num mesmo espaço pela primeira vez no Brasil. Telma Saraiva, fotógrafa que vive no Crato, materializou o sonho de se transformar numa estrela hollywoodiana a partir de uma série de auto-retratos e fotopinturas, sem nunca ter cruzado as fronteiras do Ceará. Esse, o mote: um diálogo entre a estrela que o mundo inteiro cobiçou, Marilyn Monroe e outra, anônima, que conheceu seus mitos numa sala escura de um cinema, e, a partir das suas fotopinturas “alcançou” as glórias de Hollywood. A mostra Marilyn Monroe - O Mito que apresenta Telma Saraiva – A Procura de um Mito, será realizada na Galeria Estação, entre os meses de Janeiro e Março de 2008, numa parceria entre o Instituto Rio e o Instituto do Imaginário do Povo Brasileiro. O encontro entre Marilyn Monroe e Telma Saraiva será a contribuição mais original da arte popular brasileira ao lado da última sessão de fotos da atriz americana, realizada pelo fotógrafo Bert Stern, na suíte 261 do hotel Bel-Air em Los Angeles. Esse será o momento solene em que Telma Saraiva verá refletido no espelho o seu “outro mesmo eu”, Marilyn Monroe.

Ao olhar para o espelho, Norma Jeane Mortesen vê Marilyn Monroe refletida, ali, ao lado do fotógrafo Bert Stern, em julho de 1961, na suíte 261 do Hotel Bel Air, em Los Angeles. A cena é o anúncio de uma memória. A imagem é um auto-retrato do fotógrafo. É uma imagem onde Norma Jeane Mortensen - aquela moça que nasceu em Los Angeles, no primeiro dia de junho de 1926, e que em busca de si mesma passou por doze famílias adotivas – começa a se despedir de Marilyn Monroe, o mito. Ela, Marilyn Monroe, que quase todos, homens e mulheres, mais a 20th Century Fox; mais o Actor’s Studio; mais aqueles outros todos, John e Bob Kennedy, Frank Sinatra; os seus amores, entre eles o campeão de beisebol Joe DiMaggio (que a espancou depois de ser rodada a antológica cena da saia plissada branca que dança ao vento) e Arthur Miller (que nunca a considerou inteligente, muito menos lhe escreveu um grande papel, e foi esse grande personagem o qual Marilyn esperou a vida inteira); mais os assessores de imprensa, todos eles quiseram que, de certa forma, não existissem as duas, nem Norma e nem Marilyn.

A fotógrafa Telma Saraiva vive no Crato desde que nasceu. Seguiu os rumos do seu pai, o fotógrafo Júlio Saraiva, que, como exercício para que a filha aprendesse a ler mais rápido, sugeriu que ela fosse ao cinema seguir as legendas dos filmes. Telma aprendeu a ler e a sonhar. Era o início dos anos 1940 e ela queria ser igual àquelas mulheres lindas que apareciam iluminadas dentro da sala escura. Em seguida, na adolescência, começou a colecionar a revista A Cena Muda e embalagens do sabonete Lever que traziam como brinde fotos coloridas das deusas de Hollywood na época. Então, ela resolveu que também seria uma estrela: começou a fotografar a si mesma, sempre em preto-e-branco. Em seguida, com tintas importadas dos Estado Unidos, passou a colorir as imagens, uma por uma. Cada retrato teria os detalhes da estrela que ela gostaria de ser: o figurino, a maquiagem, os penteados, os olhos, os cílios, as mãos, as poses que as transformavam em objeto de desejo em todo o mundo. Assim, no alto sertão brasileiro surgia uma diva a partir de si mesma, todas em uma só. Telma Saraiva idealizou e passou a ser Scarlett O’Hara, Rita Hayworth, Elizabeth Taylor e Marilyn Monroe - a mais cobiçada de todas. O Projeto Marilyn Monroe – O Mito ao dialogar com a obra de Telma Saraiva dá continuidade ao trabalho de pesquisa do Instituto do Imaginário do Povo Brasileiro, que tem como objetivo identificar, divulgar e preservar as manifestações da arte popular no Brasil. A exposição se completa com uma série de fotografias feitas por Cristiano Mascaro na casa de Telma Saraiva.

Vilma Eid Presidente do Instituto do Imaginário do Povo Brasileiro

Mas nenhum, nenhum deles foi capaz de entender de onde vinha aquela “luz flutuante” que os deixava embevecidos. Muito menos o cinema e a fotografia. Todos os fotógrafos que tiveram Marilyn diante das suas câmeras e viram aquela cornucópia de emoções jamais saíram de uma sessão impune. Ao vermos as imagens de Bert Stern, essa coisa “tátil”, que quase respira, compreendemos porque lá (e aqui), dentro de cada uma dessas fotografias, Marilyn Monroe nos olha desse jeito. E o que ela quer nos dizer. “Ela tinha uma vivacidade tão fugaz quanto o pensamento, tão intensa quanto a luz que brincava em seu corpo”, disse Stern. Simbolicamente, talvez Bert Stern tenha rompido o “véu de silêncio” que nunca levou às últimas conseqüências o “suicídio” da estrela, depois que Ralph Greenson, seu médico e psiquiatra, chamado porque Marilyn agonizava, lhe aplicou a derradeira injeção. Tudo o que Marilyn queria era ser simples. Tudo o que queria era aparecer nas fotografias com a alma de Norma Jeane Mortensen. Mas era tarde demais. Hollywood já a tinha esquartejado. As imagens de Stern fazem desse ponto -, o “leitmotiv” de toda a série. Marilyn morre em cada uma das imagens para surgir na imagem seguinte, e anunciar que ali está alguém que, fotografada, sabe bem o significado do que fizeram e estão fazendo com ela. Ela, Norma, que pagou o preço mais caro do mundo quando, para se tornar uma atriz, passou a ser vista e chamada de Marilyn Monroe. Norma Jeane Mortensen era muito pouco. Os estúdios precisavam de um nome, uma marca. Esse nome, essa marca, escreveu, em momentos em que não suportava viver, cartas aos raríssimos amigos: “Tenho a sensação de que o navio nunca chegará ao porto. Atravessamos destroços perigosos, e é realmente duro... Me amem nem que seja pelos meus cabelos louros”. Diógenes Moura Curador


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