RODRIGO RODRIGUES/GES
VACINAÇÃO
Cuidado com a gripe No primeiro dia da campanha, Martha Hendges, 87 anos, foi se imunizar em Novo Hamburgo. Página 11
PÁGINA 28 AGÊNCIA FOTOSITE/FIRSTVIEW
De BLAZER
DOMINGO 6 DE MAIO DE 2012 No 856 R$ 1,75
FORA DOS TRILHOS INÉZIO MACHADO/GES
Acidente com morte na RS-020 No Vale do Paranhana, um motociclista morreu após perder controle do veículo na rodovia. Outras cinco pessoas ficaram feridas em mais acidentes na região. Página 21
Oscar e mais 10...
FALHAS NO SISTEMA
SUPERLOTAÇÃO
ESTRUTURA PRECÁRIA
FALTA DE FUNCIONÁRIOS INSEGURANÇA
levam a investigação
vira rotina nos vagões
causa transtornos
põe operação em risco
incomoda usuários EDUARDO CLOSS/GES
Saiba o que diz a Trensurb sobre os problemas que afetam o serviço. Páginas 8 e 9
ALEXANDRE LOPS/INTER
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nós para o trem desatar
Após tanto tempo fora do Inter, ele volta hoje na primeira partida da final do Gauchão contra o Caxias. 16 e 17
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Hoje é dia de Romaria das Mães
REPORTAGEM
Por Gabriel Guedes
Extensão a Novo Hamburgo
O ABC Domingo percorreu estações, entrevistou usuários e literalmente andou de trem entre São Leopoldo e Porto Alegre para mostrar a situação do serviço prestado pela Trensurb.
Em operação desde 1985, o trensurb tinha 27 km de linha, terminando em Sapucaia do Sul. De 1997 a 2000, foi a vez de expandir a São Leopoldo. Está previsto até o final deste ano o fim das obras da expansão a Novo Hamburgo.
Os cinco nós que
RAIO X DO TRENSURB Números fornecidos pela empresa mostram a situação do sistema de metrô que liga São Leopoldo a Porto Alegre:
Usuários nos últimos 5 anos 48.685.321 +8,79%
47.035.760
2010
+3,75%
2008 2009
2007
-5,92%
45.334.541
44.404.858
10% 8% 48.685.321 6% 4% +4,50% 2% 2011 0% -2% -4% -6%
As cinco estações que mais ganharam usuários entre os anos de 2007 e 2011 Estações Aeroporto Farrapos Esteio São Leopoldo São Luis
2007 1.240.847,00 2.272.829,00 2.966.759,00 2.770.553,00 1.681.502,00
do Sul Fernanda Honório, 26 anos, vai a Porto Alegre três vezes por semana. Sempre por volta das 8 horas. Mas cansada de ficar sem lugar para sentar, partiu para um truque. “Pego o trem até a Estação Unisinos. De lá pego para Porto Alegre.” O transtorno de Fernanda é apenas um de muitos que há todos os dias na Linha 1 do metrô. Na tentativa de resolver a superlotação, encurtando intervalos entre
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trens, o trensurb opera no pico com trens somente até Sapucaia intercalados com alguns até São Leopoldo. “Vem e vai lotado demais. E depois de um dia de trabalho, quem quer ir a São Leo acaba pegando o trem que vai só até Sapucaia. Chega lá e tem que fazer baldeação”, expõe o montador de móveis leopoldense Marco Antônio Pereira de Sousa, 54, que trabalha em Porto Alegre.
Falhas no sistema
Em 2011 foi praticamente uma interrupção geral do trensurb a cada dois meses. E em alguns destes episódios estava a advogada Juliane Silva, 24, de Canoas. “No ano passado fiquei empenhada e levei duas horas para pegar um ônibus. É uma loucura. E parece que está acontecendo com mais frequência”, relata. A impressão de Juliane é a mesma do procurador da República em Novo Hamburgo, Celso Tres. Intrigado com as
falhas no trem em 2011, 15 ao todo, o procurador abriu inquérito civil público para verificar as medidas de contingência da companhia. “O plano, que é disponibilizar ônibus, funciona precariamente quando o trem para”, afirma Tres, que espera concluir o inquérito nas próximas semanas para poder entrar com uma ação judicial contra a Trensurb, solicitando algum tipo de compensação ao usuário assíduo do metrô atingido pelas falhas.
2011 Evolução 1.661.079,00 33,87% 2.926.370,00 28,75% 3.576.484,00 20,55% 3.299.761,00 19,10% 1.958.455,00 16,47%
30 mil Frota atual de trens
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novos trens estão nos planos de compra pela Trensurb, mas levarão até 2 anos para ficar prontos após encomendados FONTE: TRENSURB
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têm vida útil de 50 anos. Para trens que têm 27 anos de idade, estão muito bem conservados. E a novidade é que estamos pretendendo melhorá-los”, garante. Das queixas que a Trensurb recebe, segundo Kasper, a maior parte é referente ao conforto. “Estamos buscando recursos para climatizar os trens atuais. Garanto que, após isso, as queixas da qualidade do serviço serão muito reduzidas”, crê o executivo.
Superlotação
Das 7 horas às 8h30 e das 18 horas às 19h30, o típico horário do rush da BR-116 é também o momento de pico do trem. A diferença é que os vagões ficam empanturrados de pessoas. No começo do dia, o movimento é no sentido São Leopoldo–Porto Alegre e, no final da jornada, é o oposto. E depois de um dia de trabalho não há sossego. “O trem é muito lotado todo dia. Poderia ter mais trens”, reclama o supervisor de cobrança Fer-
Segundo Juliane, 2011 foi um ano de caos no trem. “Fiquei empenhada e levei duas horas para pegar um ônibus. É uma loucura.”
novos usuários é a estimativa da Trensurb após as obras de expansão a Novo Hamburgo
25 trens: cada um transporta 1.080 pessoas por viagem
Problemas no metrô não são desconhecidos. O presidente da Trensurb reconhece e diz que está empenhado em resolvê-los. “A Trensurb tem problemas. Mas não podem ser considerados graves. A satisfação do usuário, segundo pesquisa realizada pela empresa, é de 91,6%”, defende. Kasper também afirma que a empresa é considerada a melhor em manutenção ferroviária do País. “Os trens
nando Ottmaer, 22, de Esteio. “Por causa da BR-116 eu abro mão da carro. Não tem jeito, tenho que usar o trem”, afirma. Segundo o engenheiro especialista em trânsito João Hermes Nogueira, a solução passa pela aquisição de novos trens. “Provavelmente a Trensurb já esteja operando no limite nos horários de pico. Para ampliar a capacidade, se anexa mais carros nas composições ou adquire-se trens”, sugere Nogueira.
Ottmaer (centro) larga o conforto para poder chegar a tempo em Porto Alegre. “O trem é muito lotado todo dia. Poderia ter mais trens.”
PLANO NO LIMITE
NOVOS TRENS A CAMINHO
Humberto Kasper defende a Trensurb afirmando que muitas das falhas aconteceram por motivos externos. Para isso, ele garante que há um plano de contingência. “Na hora que falha o
Conforme Kasper, até setembro deverá ser lançado edital para compra de 10 trens com 6 carros cada. Hoje, cada um dos 25 possui 4 carros. “No começo nós vamos operar no limite até Novo
trem, contamos com empresas de ônibus que também já operam no limite. A própria parada do trem é um transtorno. Mas isso é um problema praticamente insolúvel”, assegura.
Hamburgo. Mas até 2014 já teremos o primeiro lote de novos trens entregues. Por enquanto, estudamos diminuir o intervalo entre as estações Mathias Velho e Mercado.”
Domingo, 6.5.2012 / ABC DOMINGO
no sistema, superlotação dos trens, estações precárias, falta de funcionários e, ainda, insegurança. São os nós que a Trensurb terá que desatar até a chegada do trem a Novo Hamburgo, que deve ocorrer na segunda quinzena do mês, segundo o presidente da empresa, Humberto Kasper, que reconhece a necessidade de resolver os problemas apontados nesta reportagem. A advogada de Sapucaia
Transitar entre o Vale do Sinos e Porto Alegre não é tarefa fácil. Na tentativa de escapar da caótica BR116, acaba-se enfrentando outros transtornos diários. O trem, cuja missão salvadora é a de livrar-nos dos congestionamentos na estrada, requer que se abra mão do conforto e até mesmo da qualidade do próprio serviço. De São Leopoldo à capital, o usuário do trensurb sofre com repentinas falhas
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Em SP, 1 milhão de passageiros O metrô de São Paulo sofre com as dores do crescimento, que por sinal é voraz. Por lá, o sistema ganhou 40% de usuário em cinco anos e já acumulava em 2011 quase 1 milhão de passageiros por dia. As filas chegam a sair das estações.
7,3% de usuários em 5 anos
Crescimento tímido Por aqui, em cinco anos o metrô operado pela Trensurb ganhou 7,3% de usuários e transporta cerca de 50 milhões de pessoas por ano, quase 140 mil por dia. Tímido, mas o suficiente para instaurar o caos nos horários de pico.
trancam o trem FOTOS INÉZIO MACHADO/GES
HORA DO RUSH: às 18 horas, na Estação Mercado, passageiros aguardam o trem, que lota rapidamente nos primeiros terminais, ficando assim até a altura de Canoas
ARTE EDUARDO CLOSS/GES
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Estrutura precária
Domingo, 6.5.2012 / ABC DOMINGO
Se por um lado as novas estações erguidas na extensão São Leopoldo–Novo Hamburgo da Trensurb chamam atenção pela arquitetura moderna, as existentes entre Porto Alegre e São Leopoldo carecem de melhoras. Em três dias circulando pela Linha 1 do metrô, o ABC notou escadas rolantes fora de funcionamento, bancos estragados, paredes com rachaduras e algumas sem reboco, instalações elétricas expostas e falta de equipamentos. São
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ocorrências recorrentes a todas as estações entre o Vale do Sinos e a capital. A nutricionista Daniele Santetti, 24, de São Leopoldo, reclama do estado atual das estações. “É uma vergonha como está agora. As estações precisam de melhorias. E os novos trens têm que ter maior conforto. Em São Paulo tem até ar-condicionado”, compara a leopoldense, que evita enfrentar a BR-116 de carro devido aos congestionamentos.
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Falta de funcionários
Na manhã do dia 19 de abril, estavam fechados quatro dos seis guichês da Estação Esteio. Não havia filas no momento, mas se fosse mais cedo, o usuário iria desperdiçar seu tempo. Segundo o presidente do Sindimetrô-RS, Luis Henrique Chagas, o déficit atual chega a 100 funcionários. “Mas com o trem chegando até a Estação Novo Hamburgo, serão necessários mais 75”, aponta. Conforme o especialis-
Na Estação Mercado, na capital, das duas escadas rolantes para o embarque, uma estava em manutenção recentemente
ta em trânsito João Hermes Nogueira, a Trensurb não repõe vagas na mesma velocidade em que perde funcionários. “Conheço muita gente que se aposentou na empresa, mas suas vagas tiveram lenta reposição”, revela. Nogueira alerta que se o metrô operar com um número reduzido de pessoal, a tendência é que as ocorrências aumentem. “E isso prejudicaria a própria segurança da operação”, pontua.
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Insegurança
Em 12 de outubro de 2011, por volta das 20 horas, uma moradora de São Leopoldo de 26 anos sofreu tentativa de assalto dentro do túnel que liga a Avenida Julio de Castilhos à Estação Rodoviária, em Porto Alegre. Ao procurar ajuda da Segurança Metroviária, ainda se deparou com o descaso dos funcionários, que não deram a mínima atenção ao fato. “De quem é a responsabilidade de cuidar do túnel?”, indaga, ainda indignada.
O caso desta jovem se soma também a outros, inclusive com agressão de funcionários da própria Trensurb, que estariam trabalhando sozinhos em alguns momentos, conforme denuncia Luis Henrique Chagas, do Sindimetrô-RS. “Com efetivo reduzido, tínhamos que ter mais câmeras de vigilância. Não é o que acontece”, afirma. O ABC constatou ausência de câmeras até na plataforma de embarque da Estação São Leopoldo.
Em Esteio, dos seis guichês, quatro estavam fechados durante o período matutino. No horário de pico, há fila para venda de bilhetes
Nos acessos às Estações Mercado e Rodoviária, há usuários alvo de ladrões. Maior segurança, só após a cancela
LISTA DE REVITALIZAÇÕES
ROTATIVIDADE ALTA
MAIS CÂMERAS
De acordo com Kasper, a revitalização das estações será obrigatória, principalmente em virtude da nova Lei da Acessibilidade, que entra em vigor em 2014. “Teremos que ter acessi-
A Trensurb, segundo Kasper, segue chamando classificados do mais recente concurso, em 2010. Segundo o presidente, a empresa abrirá nova seleção em breve. “Nem sempre resolve. A rotativi-
O presidente da Trensurb afirma que a responsabilidade da segurança nos acessos às estações é da empresa, como no caso do túnel da Rodoviária. “Qualquer problema, o passa-
bilidade plena a deficientes. Começou pela Estação Mercado, agora estaremos adequando a Estação Aeroporto. Outras estações entrarão na lista e dependem de recursos da União.”
dade é alta”, reconhece. Kasper, embora não revele números, afirma que o déficit de funcionários é menor do que diz o Sindimetrô e que há como operar em Novo Hamburgo com o quadro atual.
geiro deve informar nosso serviço de atendimento ao usuário”, sugere. Para melhorar a segurança, a Trensurb aumentará, nos próximos meses, de 280 para 320 o número de câmeras.