Segunda etapa: Racionalidade como Tradição: Arquitetura brasileira do século XX.

SEGUNDA EDI ÇÃ O

Trabalho desenvolvido para a disciplina de Arquitetura no Brasil, ministrada pelas professoras Renata Hermany e Tatiana Casado, na Universidade Federal do Esp í rito Santo. Com o objetivo de compreender o tema da Racionalidade no contexto da produ çã o arquitet ô nica brasileira do s é culo XX, por meio de uma dimens ã o historiogr á fica.

ARQUITETURA BRASILEIRA DO S É C XX.

Para realiza çã o do estudo foram selecionadas obras, datadas do s é culo XX, que s ã o caracter í sticas do eixo tem á tico, a fim de facilitar uma interpreta çã o de forma discursiva e projetiva, na perspectiva de identificar v í nculos disciplinares (universais) e aspectos particularizantes (locais).

Realizado por: Bianca Casagrande, Brunna Esteves e Gabrielly Rufino.

ETRAE -1/0202 LAICEPSE ERTSEMES

RACIONALIDADE COMO TRADIÇÃO

Palácio Gustavo Capanema.

Fonte: Portal IPHAN, 2018.

sumário 1

Leitura das edificações.................................................................................................... 04

2.1 Pal á cio Gustavo Capanema ........................................................................................ 05 2.2 Casa de vidro .............................................................................................................. 11 2.3 Museu de Arte moderna (MAM) ...................................................................................18 2.4 Assembl é ia Legislativa do Piau í ................................................................................. 25 2.5 Hospital Sarah de Salvador ....................................................................................... 32 3 Diferentes formas de expressão da racionalidade........................................................... 37 4 Expressões dominantes da racionalidade......................................................................... 38 5 Referências bibliográficas ............................................................................................... 40

LEITURA DAS EDIFICAÇÕES

Realizado a escolha das obras é necessário discorrer a respeito das formas de expressão da racionalidade em cada uma, a fim de reconhecer a força da temática na produção arquitetural no Brasil. Para tal, parte-se da análise de cinco das obras apresentadas, sendo elas: Palácio Gustavo Capanema (1936), Casa de Vidro (1951), Museu de Arte Moderna do Rio (MAM) (1953), Assembléia Legislativa do Piauí (1986) e Hospital rede Sarah Kubitschek de Salvador (1994).

É válido ressaltar que, anteriormente, foi incluído na seleção de obras o Grande Hotel de Ouro Preto (1938), de Oscar Niemeyer. No entanto, nota-se que mesmo possuindo uma malha estrutural aparente em sua composição, uma das características da utilização da racionalidade na ação projetual, a inserção da edificação no terreno influenciou nas escolhas projetuais. Deste modo, não foi identificada como uma obra que representa a expressão máxima da temática.

Racionalidade como tradi çã o: Arquitetura brasileira do S é culo XX.

04

Palácio Gustavo Capanema Ministério da Educação e Saúde

O Pal á cio Gustavo Capanema foi a sede do ent ã o Minist é rio da Educa çã o e Sa ú de do Governo Vargas. O projeto de 1936, foi constru í do entre 1937 e 1945, tendo a sua inaugura çã o em 1947. Tr ê s anos ap ó s ter sido inaugurado, em 1950, foi tombado como patrim ô nio hist ó rico pelo IPHAN. A concep çã o do projeto reuniu alguns dos maiores arquitetos da d é cada de 30. Liderado por L ú cio Costa, a equipe contou tamb é m com Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Carlos Le ã o, Ernany de Vasconcelos e Jorge Machado Moreira, com a consultoria do arquiteto franc ê s Le Corbusier. O projeto do Minist é rio procura seguir fielmente os ideais do que Le Corbusier considerava como a “nova arquitetura”, e que, seriam as caracter í sticas fundadoras da arquitetura moderna no pa í s. O uso de pilotis, janela fita, terra ç o-jardim, planta livre e fachada livre. A edifica çã o foi um marco na constitui çã o da escola carioca de arquitetura moderna.

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O edif í cio reflete a liga çã o que o modernismo tem com o processo projetual racional. Ele, como sendo considerado a primeira obra moderna brasileira, demonstra a tentativa dos arquitetos locais de incorporar os preceitos racionais da arquitetura corbusiana.

Figura - Croqui Palácio Gustavo Capanema Fonte: Jornal Diário do Rio, 2015.

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TÉCNICO-CONSTRUTIVO

Um dos pontos de maior destaque do projeto é a malha estrutural bastante evidenciada, assim como em diversas outras obras que possuem a racionalidade como premissa. Os pilotis de se çã o circular tem in í cio no t é rreo, onde criam um grande v ã o coberto e perme á vel para circula çã o de pedestres, e apresentam uma continuidade atrav é s de todos os demais pavimentos. O uso abundante do vidro nas duas fachadas principais permite a visualiza çã o dessa demarca çã o da malha estrutural atrav é s dos 16 andares do edif í cio, destacando ainda mais os elementos estruturais.

(Figura 2) . Portanto, este material é de extrema import â ncia para o projeto, j á que busca-se deixar a mostra todos os pilares da edifica çã o.

Logo, a escolha do vidro deixa de ser apenas uma decis ã o est é tica. Ademais, os pilotis se d ã o recuados alguns metros da fachada, portanto, desencontrando-se com as paredes envidra ç adas de veda çã o. Dessa forma, a fachada livre da estrutura permite a continuidade do vidro ao longo de toda a face do bloco. Quanto a laje, com o intuito de proporcionar um teto livre de vigas e demais estruturas, utilizou-se pastilhas de engrossamento de lajes no lugar de capit é is. Toda a malha estrutural é constru í da em concreto e ferro, tendo alguns elementos revestidos em m á rmore, como os pilares. (Figura 3) .

Figura 3 - Pilotis revestidos em mármore Fonte: Folha de São Paulo, 2018.

O Pal á cio é considerado um dos primeiros arranha-c é us do mundo a se utilizar fachada curtain wall, fachadas totalmente envidra ç adas e orientadas para receber uma menor exposi çã o solar. A veda çã o das fachadas se d á por cortinas de vidro e janelas em fita. A fim de evitar a incid ê ncia direta do sol em sua fachada norte, faz-se o uso de brises horizontais, compostos de amianto, por toda a sua face.

Assim, o Pal á cio Gustavo Capanema foi considerado um dos primeiros edif í cios, em todo o mundo, a fazer uso do recurso do brise-soleil em larga escala. (Figura 4) . As fachadas envidra ç adas - permitem a incid ê ncia solar - juntamente com as janelas em fita - permitem o fluxo de ventila çã o - proporcionam ilumina çã o e ventila çã o naturais para o interior da edifica çã o. A busca por um melhor conforto t é rmico atrav é s de elementos naturais é resultante de um processo de racionaliza çã o.

Figura 2 - Malha estrutural na fachada Fonte: El País, 2019.

Interferência: própria.

Figura 4 - Fachada norte com brise-soleil Fonte: Archdaily, 2019.

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ESTÉTICO-FORMAL

A volumetria do edif í cio é composta por dois blocos - um vertical e outro horizontal - que interceptam-se perpendicularmente formando, como se fosse, uma letra T. (Figura 5) . O volume vertical est á suspenso por pilotis de 10 metros de altura que atravessam o edif í cio at é o ú ltimo pavimento, e apresenta 16 andares e 60 metros de altura. (Figura 6 e 7) .

Figura 5 - Marcação dos blocos em planta Fonte: Archdaily 2013 Interferência: própria.

Enquanto o segundo bloco, suspenso por pilotis de aproximadamente 3 metros, est á disposto horizontalmente sobre o t é rreo e abriga um ú nico pavimento. (Figura 3) . Os dois blocos que acolhem as fun çõ es program á ticas s ã o erguidos por uma malha de pilotis, a qual acaba se tornando elemento de destaque na composi çã o formal. Ambos os volumes s ã o prismas retangulares e apresentam volumetria ortogonal. (Figura 8) . Portanto, a edifica çã o apresenta linguagem formal composta por formas elementares que buscam alcan ç ar equil í brio, simetria e regularidade.

O terra ç o-jardim, um dos cinco preceitos de Corbusier, foi projetado por Roberto Burle Marx e se d á sobre o volume horizontal. Os canteiros possuem tra ç os org â nicos e sinuosos contrastanto com a ortogonalidade presente em toda a edifica çã o. (Figura 9) .

Figura 6 - Volume vertical Fonte: Agência Brasil, 2018.

Figura 8 - Composição volumétrica Fonte: Archdaily, 2018.

Interferência: própria.

Figura 7 - Pilotis do volume vertical Fonte: Archdaily, 2016.

Figura 9 - Terraço-jardim Fonte: Archdaily, 2016.

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No edif í cio, os materiais de maior destaque s ã o o vidro, o concreto e o m á rmore. A fachada sul tem toda a sua veda çã o em parede cortina composta de janelas em fita, enquanto a fachada norte, tamb é m de vidro, recebe brises horizontais azuis ao longo de toda a sua dimens ã o.

(Figura 10) . O tom de azul utilizado chama-se azul L ú cio Costa, porque foi especificado pelo arquiteto durante a constru çã o, e registrado posteriormente durante uma restaura çã o do edif í cio na d é cada de 80.

Figura 12 - escada helicoidal Fonte: Bisbilhotando Arq e Decor, 2016.

No volume horizontal, encontram-se dois pain é is assinados por C â ndido Portinari. Um voltado para a avenida Gra ç a Aranha e o outro para o v ã o interno dos pilotis. (Figura 13 e 14) . A ornamenta çã o em azulejos azul e branco remetem a um tra ç o da arquitetura colonial brasileira.

Figura 10 - Brises horizontais em azul Fonte: Archdaily, 2018.

As fachadas menores, leste e oeste, s ã o fachadas cegas e recebem acabamento em m á rmore por todas as suas extens õ es, assim como os pilotis. (Figura 11) . Os tipos de m á rmores utilizados no projeto s ã o o amarelo, interior do edif í cio, e o de lioz, nas partes externas. (Figura 12) .

Figura 11 - Fachada cega Fonte: Bisbilhotando Arq e Decor, 2016.

Figura 13 - Painel de Portinari Fonte: Folha de São Paulo, 2018.

Figura 14 - Painel de Portinari Fonte: Bisbilhotando Arq e Decor, 2016.

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PROGRAMÁTICO-FUNCIONAL

A edifica çã o possui 16 pavimentos sobre o t é rreo e os dois volumes juntos apresentam 27.536m² de á rea constru í da.

As fun çõ es program á ticas dividem-se entre os dois blocos volum é tricos. No vertical tem-se as fun çõ es administrativas, e no horizontal os espa ç os para exposi çõ es com acesso ao p ú blico. (Figura 15) .

Figura 17 - Marcação da malha estrutural Fonte: "Modern Architecture in Brazil", 1956.

Interferência: própria.

Figura 15 - Marcação da setorização na volumetria Fonte: Bisbilhotando Arq e Decor, 2016.

Interferência: própria.

Outro ideal de Corbusier inserido nesse projeto é o v ã o no n í vel da rua que permite uma livre circula çã o sob o edif í cio. A eleva çã o do bloco sob pilotis de 10 metros de altura, garante uma permeabilidade no n í vel t é rreo, permitindo que os pedestres passem por al í em vez de darem a volta no quarteir ã o. Dessa forma, a á rea onde o edif í cio é inserido acaba por se tornar uma esp é cie de pra ç a p ú blica. (Figura 18) .

O modo com que as plantas s ã o desenhadas, com poucas interrup çõ es por paredes internas, acaba gerando um fluxo cont í nuo e ininterrupto nos recintos, e permite a permeabilidade aos ventos por meio da ventila çã o cruzada. As plantas da edifica çã o se d ã o de forma livre, um dos preceitos racionais da arquitetura corbusiana. A malha estrutural composta por pilotis de se çã o circular, recuada das fachadas, destacam-se tamb é m nos ambientes internos. (Figura 16 e 17) .

Figura 18 - Circulação sob o edifício Fonte: G1 Rio de Janeiro, 2018.

Figura 16 - Malha estrutural no interior Fonte: Archdaily, 2019.

A implanta çã o se d á de forma inusitada, buscando relacionar o elemento arquitet ô nico com o espa ç o urbano pr é existente. O pr é dio, localizado no Centro do Rio de Janeiro, ocupa uma quadra inteira e é envolto por quatro vias. Ele n ã o possui acessos definidos por conta do espa ç o perme á vel criado no n í vel t é rreo. Os pedestres possuem a liberdade de ir e vir por onde quiserem. (Figura 19).

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CONCLUSÃO

Figura 19 - Implantação dos volumes Fonte: Google Earth, 2020.

No Edif í cio do Minist é rio da Educa çã o e Sa ú de, o aspecto racional de destaque maior é a malha estrutural evidenciada tanto externamente quanto internamente.

A continuidade dos pilotis, por aproximadamente 70 metros de altura, é claramente vis í vel por conta da fachada envidra ç ada. A malha sim é trica e igualmente espa ç ada gera um ritmo ao longo de todo a edifica çã o, al é m de se tornar um elemento de destaque na composi çã o formal. Assim, tem-se a demarca çã o de uma geom é trica sim é trica e regular nas fachadas.

Quanto à volumetria, percebe-se formas prism á ticas sint é ticas de base retangulares marcadas pela ortogonalidade e regularidade. A mesma é subordinada a uma setoriza çã o, sendo o bloco vertical para fun çõ es administrativas e o horizontal para exposi çõ es de arte. Desse modo, tem-se a divis ã o do programa entre os diferentes volumes e, portanto, facilmente identificados.

Quanto à divis ã o interna desses blocos, destacam-se as plantas livres, marcadas por poucas delimita çõ es internas, e acrescidas da malha estrutural em destaque. Tem-se, portanto, a cria çã o de amplos ambientes no interior. Dessa forma, o princ í pio racionalista de projetar uma arquitetura pr á tica e funcional se concretiza.

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Casa de vidro "Residência de Lina Bo Bardi"

Fonte: Nelson Kon

A Casa do Morumbi, ou Casa de Vidro como ficou conhecido posteriormente foi o primeiro projeto edificado da arquiteta Lina Bo Bardi. Localizada na cidade de S ã o Paulo, na regi ã o do Morumbi, bairro que estava no incio de sua urbaniza çã o Lina e seu marido Pietro compraram dois lotes no bairro, adquirindo cerca de 7000 m², onde a arquiteta conseguiu expressar a sua propria vers ã o do modernismo.

A casa é conhecida por ser uma grande volumetria que tem sua fachada envidra ç ada, suspensa por pilotis, envolta por uma grande e densa vegeta çã o da pr ó pria regi ã o.

O ideia inicial de Lina era que a resid ê ncia fosse um espa ç o atelier, que pudesse receber o artistas.

Lina e Pietro Bardi viveram na casa desde a sua constru çã o at é 1992, ano da morte de Lina, nesse tempo a casa recebeu

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intelectuais, arquitetos e intelectuais da é poca, que eram amigos do casal, fazendo da casa um point de discuss õ es culturais, ideol ó gicas e sociais.

Atualmente a casa se tornou o Instituto Bardi, que tem como objetivo promover e divulgar a arquitetura, design, urbanismo e arte popular brasileira, mantendo vivo o pensamento e obra do casal no cen á rio cultural brasileiro.

Figura 20: Casa de Vidro, Lina Bo Bardi

Fonte: Site Revista Condominios de Baixa Mogiana,2020 Racionalidade como tradi çã o: Arquitetura brasileira do S é culo XX. 11

TÉCNICO-CONSTRUTIVO

A casa do Morumbi é conhecida pela leveza de suas esbeltas estruturas de a ç o, e pelos grande planos de vidro. O sistema estrutural do bloco principal se d á atrav é s de um sistema dom-ino (Figura 21) , que é a utiliza çã o de lajes horizontais, onde os pilares s ã o recuados, para assim ser desenvolvido a fachada livre da estrutura, assim Lina consegue obter a continuidade do vidro nas tr ê s fachadas da grande sala, a qual é suspenso sobre pilotis (Figura 22) , enquanto a parte de tr á s da resid ê ncia se apoia em muros de concreto, diretamente no terreno.

Figura 23: Croquis da Casa de Vidro, Lina Bo Bardi.

Fonte: Instituto Bardi, 2020

Ao final de todo esse processo, a malha estrutural é composta por finos pilares circulares de a ç o, com cerca de 17 cm cada um, dispostos em m ó dulos de quatro metros de largura, por cinco de profundidade (Figura 24) , os quais vazam a laje e v ã o ate o teto da á rea social, deixando a estrutura exposta. O restante da resid ê ncia é feito de paredes de alvenaria, por é m ainda sim seguem a modula çã o proposta na disposi çã o dos pilares (Figura 25 e Figura 26) .

Figura 21: Sistema Dom-ino, proposto por Le Corbusier

Fonte: Site 44 Arquitetura, 2019.

Fonte: Site ArchDaily, 2020. Altera o das autoras Desenhos da autora sugerem que desde o come ç o da concep çã o projetual, a sua malha estrutural j á era um ponto de import â ncia para o projeto (Figura 23) .

Figura 22: Esquema do Sistema Dom-ino çã

Figura 24: Planta Baixa do Pavimento Térreo

Fonte: Site Vitruvius, 2006. Alteração das autoras Racionalidade como tradi çã o: Arquitetura brasileira do S é culo XX.

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Figura 27: Interior da residência

Fonte: Nelson Kon, 2020

Figura 25: Planta Baixa do Pavimento Térreo

Fonte: Site Vitruvius, 2006. Alteração das autoras

O material tamb é m desempenha uma fun çã o no conforto t é rmico, atrav é s da veda çã o e tamb é m da ventila çã o cruzada, pelo "p á tio suspenso" na parte central da sala, onde uma outra caixa de vidro intercepta a outra, trazendo a natureza tamb é m para "dentro" da casa, proposto pela arquiteta.

A cobertura é composta por duas folhas de alum í nio e duas capas de betume com uma camada de l ã de vidro separando a laje das telhas de fibrocimento, essa composi çã o traz um conforto t é rmico para a resid ê ncia e corrobora com a leveza do edif í cio.

Figura 26: Planta Baixa do Pavimento Térreo

Fonte: Site Vitruvius, 2006. Alteração das autoras

O uso de vidro é o grande nas fachadas da sala é um dos grandes pontos de destaque da resid ê ncia. Lina utiliza o vidro para tornar a á rea social uma esp é cie de mirante (Figura 27) , de forma que mesmo de dentro da casa, a conex ã o com a natureza seja algo recorrente para os usu á rios da casa, essa ideia é refor ç ada com a grande quantidade de luz natural que adentra na casa, trazendo o que se passa do lado de fora, para dentro.

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ESTÉTICO-FORMAL

A respeito da forma, a casa pode ser descrita como um dois prisma de formato retangular e ortogonal, na cor branca composto que s ã o interligados por um c ô modo (Figura 28) .

A estrutura dos pilotis, se torna, os quais se tornam parte compositiva da edifica çã o, pois fica exposto, podendo ser visto tanto de dentro (Figura 31), quanto de fora da obra (Figura 32). Lina pintou os pilotis de cinza, para que a casa pudesse passar a mesma impress ã o das á rvores, que tem sua copa suspensa pelo tronco.

Figura 31: Pilotis no Interior Figura 28: Esquema de Volumetria Casa de Vidro

Fonte: Propria, 2020

Fonte: Nelson Kon, 2020

O Bloco A, tem um formato retangular, vazado no centro (Figura 29 e Figura 30) , onde se localiza uma á rvore, criando o "p á tio suspenso" a fachada envidra ç ada, suspenso por pilotis.

Figura 32: Pilotis no Exterior

Fonte: Vitruvius, 2020

Figura 29: Esquema de Volumetria Bloco A

Fonte: Propria, 2020

O Bloco B tem um aspecto maci ç o e opacidade, contrastando com a leveza do Bloco A. É um prisma retangular (Figura 33 e Figura 34) , com aberturas contidas, que se localiza aos fundo do lote, encostada no terreno, feito de paredes de alvenaria.

Figura 33: Esquema de Volumetria Bloco B Figura 30: Esquema de Volumetria Bloco A

Fonte: Propria, 2020

Fonte: Propria, 2020

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Figura 34: Esquema de Volumetria Bloco A

Fonte: Propria, 2020

A jun çã o desses dois Blocos, é feito atrav é s do bloco onde abriga a cozinha, que tem seu volume tamb é m em formato da interse çã o de dois prisma retangular, simples e ortogonal (Figura 28) .

Lina, influenciada por outros arquitetos modernista, utiliza da cor branca em todo seu edif í cio, de forma que o edif í cio fica destacado da natureza, mas de maneira harmoniosa, e tamb é m para refor ç ar a ideia de leveza que est á presente em toda vertente da obra.

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PROGRAMÁTICO-FUNCIONAL

Toda a obra é compreendida em um ú nico volume (Figura 35) , o qual existe apenas um uso: uma resid ê ncia unifamiliar, com cerca de 817 m², por é m em uma an á lise mais aprofundada das pe ç as gr á ficas, pode-se perceber uma setoriza çã o dentro da pr ó pria resid ê ncia, a qual apresenta tr ê s á reas: social, servi ç o e í ntima.

Figura 37: Acesso principal à residência

Fonte: Site Pinterest, 2020. Alteração das autoras

Figura 35: Maquete Volumetrica Casa de Vidro

Fonte: Propria, 2020.

Apesar de ser composta por dois pavimentos, Lina consegue desenvolver toda a casa em apenas um, o pavimento superior. No pavimento inferior Figura 38: Setorizacao Pavimento Superior encontra-se o setor t é cnico (Figura 36) , a Fonte: Site Pinterest, 2020. Altera ção das autoras garagem, dispensa, casa de maquinas e a escada, que é o meio onde se d á o acesso No Bloco A, citado anteriormente, se principal do domicilio (Figura 37) . encontra a á rea social (Figura 38) , a qual contem a escada e o hall de acesso, o lavabo, a biblioteca, a sala de estar, sala da lareira e sala de jantar, o destaque desse bloco est á relacionada a forma como se desenvolve, uma planta livre em que todos os c ô modos s ã o dispostos em um ú nico grande sal ã o, e sua delimita çã o é feita atrav é s do uso de mobili á rio e em alguns casos de cortina.

Atr á s desse bloco se encontra o setor í ntimo (Figura 38) , que t ê m tr ê s dormit ó rios, dois banheiros e um closet, esse bloco, ao contrario do primeiro, é Figura 36: Setorização da residência - Pavimento bem mais intimista, com aberturas Térreo Fonte: Site Pinterest, 2020. Alteração das autoras contidas, prezando pela privacidade de quem fosse utilizar essa á rea.

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A á rea destinada ao servi ç o (Figura 38) , segue a mesma premissa de um setor mais intimista, com o mesmo sistema de abertura. O setor disp õ e de dormit ó rios, banheiro e sala de estar para os empregados, dois dep ó sitos, lavanderia, rouparia e a cozinha, que funciona como uma esp é cie de conectivo entre todas as demais setores da casa.

O fluxo da habita çã o é composto de maneira que os setores possam acontecer de maneira que o funcionamento de um n ã o interfira nos demais, mas sempre interligados.

CONCLUSÃO

A Casa de Vidro consegue explicitar a racionalidade em v á rios aspectos, dentre eles a utiliza çã o de uma malha estrutural modular, percebida na an á lise da planta baixa, na divis ã o dos c ô modos.

A localiza çã o dos pilotis ditam a modula çã o, criando um ritmo em toda sua composi çã o. A estrutura dos mesmo s ã o evidenciadas externamente, e tamb é m internamente, atrav é s da utiliza çã o do vidro na sua fachada.

Em rela çã o a volumetria, existe uma preferencia por prismas retangulares sim é tricos, prezando a simplicidade, a regularidade e a ortogonalidade.

O desenvolvimento da planta evidencia uma segmenta çã o do programa de necessidades atrav é s de uma setoriza çã o, dividindo o bloco ú nico em "sub-blocos" onde cada um tem a sua fun çã o bem definida.

O destaque da planta vai para o grande sal ã o da á rea social, que comp õ e uma planta livre ampla, onde suas delimita çõ es se d ã o atrav é s do mobili á rio sem delimita çõ es.

Lina utiliza os princ í pios da racionalidade de maneira a criar um edif í cio residencial de uma maneira funcional, prezando a simplicidade e a praticidade.

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Museu de Arte Moderna (MAM) Fonte:Halley Pacheco de Oliveira [Wikimedia Commons]

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O edif í cio do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), projetado em 1953, pelo arquiteto brasileiro Affonso Eduardo Reidy (1909 -1964), é uma das obras mais premiadas do arquiteto e reconhecida internacionalmente como um marco da arquitetura moderna mundial. Conjunto ao projeto, Reidy, tamb é m foi autor da passarela de pedestres que liga o museu ao centro hist ó rico do Rio de Janeiro e do urbanismo do Parque do Flamengo, onde se situa o edif í cio. Os jardins do MAM e do Parque foram projetados por Roberto Burle Marx, um dos paisagistas mais not ó rios da arquitetura brasileira do s é culo XX. Com uma localiza çã o privilegiada à beira da ba í a de Guanabara, o MAM tem como partido arquitet ô nico a m í nima interven çã o no entorno da paisagem, segundo Reidy:

privilegiada do local em que est á sendo constru í do, em pleno cora çã o de cidade, no meio de uma extensa á rea que num futuro pr ó ximo ser á um belo parque p ú blico, debru ç ado sobre o mar, frente à entrada da barra e rodeada pela mais bela paisagem do mundo. Foi preocupa çã o constante do arquiteto evitar, tanto quanto poss í vel, que o edif í cio viesse a constituir um elemento perturbador na paisagem, entrando em conflito com a natureza. Da í o partido adotado, com o predomínio da horizontal

“Se a correspond ê ncia entre a obra arquitetural e o ambiente f í sico que o envolve é sempre uma quest ã o da maior import â ncia, no caso do edif í cio do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro essa condi çã o adquire ainda maior vulto, dada a situa çã o

Al é m disso, os aspectos estruturais, a composi çã o forma e a materialidade em concreto aparente do projeto ganham destaque na edifica çã o.

em contraposição ao movimento perfil das montanhas e o emprego de uma estrutura extremamente vazada e transparente, que permitirá manter a continuidade dos jardins até o mar, através do próprio edifício, o qual deixará livre uma parte apreciável do pavimento térreo.

Em lugar de confinar as obras de arte entre quatro paredes, num absoluto isolamento do mundo exterior, foi adotada uma solu çã o aberta, em que a natureza circundante participasse do espet á culo oferecido ao visitante do Museu.” (BONDUKI, 1999)

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TÉCNICO-CONSTRUTIVO

O MAM é um dos edif í cios brasileiro em que se faz mais evidente a cria çã o espacial da arquitetura junto à engenharia estrutural. Objetivava principalmente a fluidez dos espa ç os e a continuidade da visualiza çã o para a Ba í a, desse modo, o arquiteto se apoiou nas solu çõ es estruturais para conseguir esse aspecto desejado.

Relacionado ao volume de exposi çõ es, representado pelo bloco A (Figura 39) , o edif í cio possui uma estrutura aporticada que é deslocada para a parte externa da edifica çã o. No entanto, o arquiteto se distancia do conceito de p ó rtico cl á ssico, composto pela uni ã o pilar­viga­pilar, no qual os elementos se posicionam perpendiculares entre si, e adota a composi çã o de dois p ó rticos coplanares de pilares inclinados. Este conjunto de p ó rticos coplanares, s ã o divididos em um que percorre toda a fachada e um inferior, que se repetem 14 vezes, espa ç ados 10 m entre si, de forma ritmada e sim é trica (Figura 40) . A inclina çã o dos p ó rticos acontecem, em sua por çã o superior voltados para o exterior do edif í cio e na inferior para o lado oposto, formando uma sustenta çã o em formato “V” (Figura 41) , para al é m, quando vistos em corte, apresentam uma se çã o trapezoidal (Figura 42) , com uma altura total que percorre todo o p é direito da edifica çã o, tendo 8 metros e meio.

Figura 39: localização do bloco A - MAM Rio. Fonte: Site MAM RIO, 2020. Alterações das autoras.

Ritmo dos pórticos na fachada - MAM Rio. Fonte: Site Archdaily, 2020. Alterações das autoras.

Figura 40:

P rticos inclinados em seção trapezoidal - MAM RIO. Fonte: Site Archdaily, 2020. Alterações das autoras.

Figura 42: ó

A utiliza çã o da estrutura porticada possibilita que o v ã o seja completamente livre de apoios internos. Formando em planta um ret â ngulo de cento e quarenta metros de extens ã o por aproximadamente vinte e oito metros de v ã o, sem pilares em sua extens ã o (Figura 43) . Al é m de, por meio da cobertura linear que sobrep õ e a grande viga, na dimens ã o externa dos p ó rticos (Figura 44) , possibilitar um maior conforto t é rmico pelo bloqueio da incid ê ncia solar para dentro da edifica çã o.

Ainda, o edif í cio é composto por duas lajes, a do primeiro e segundo pavimento, e da cobertura. As estruturas internas dos pilares em V sustentam o primeiro pavimento, que é elevado por vigas, que conduzem as cargas diretamente para os pilares. J á o segundo pavimento é suspenso por tirantes met á licos em a ç o, fixados nas vigas dos p ó rticos superiores, que s ã o respons á veis pela distribui çã o de cargas at é os pilares (Figura 45) .

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Vãos marcados em planta do segundo pavimento - MAM Rio. Fonte: Site Archdaily, 2020. Alterações das autoras.

Figura 48:

Sustentação estrutural do bloco de exposições - MAM Rio. Fonte: Site Archdaily, 2020. Alterações das autoras.

Figura 45:

Para mais, a viga superior tamb é m é respons á vel pelo apoio da cobertura em laje impermeabilizada. Em partes da cobertura h á aberturas para ilumina çã o zenital (Figura 46) , que possui propriedades diferentes das aberturas laterais em vidro, e assim oferecem maiores possibilidades de ilumina çã o dos espa ç os internos.

Ademais, as lajes de cobertura dos pavimentos do bloco de exposi çõ es n ã o s ã o cont í nuas, o arquiteto planejou altern â ncias entre cheios e vazios, com v ã os no segundo pavimento, que foram cuidadosamente estudados para que espa ç os de p é -direito duplo pudessem receber obras de maior tamanho, isto seguindo a modula çã o gerada pelos p ó rticos. (Figura 47 e Figura 48 )

Os outros dois blocos B e C (Figura 49 e Figura 50 ) , possuem um sistema pilar-laje, tamb é m com uma malha estrutural regular (Figura 51) , majoritariamente em concreto armado aparente, com parte da estrutura em a ç o.

Malha estrutural dos blocos - MAM Rio. Fonte: Site Archdaily, 2020. Alterações das autoras.

Figura 51:

Os pilares s ã o no bloco B divididos em pilares de se çã o circular em concreto e pilares esbeltos em a ç o (Figura 52) . J á no Bloco C do teatro, na interface com o bloco de exposi çã o, s ã o realizados pilares em concreto com formato trapezoidal, tamb é m em concreto armado (Figura 53) .

A materialidade do edif í cio como um todo, é realizada em materiais em suas formas brutas, como tijolo maci ç o para as veda çõ es, sobretudo o concreto armado protendido usado na estrutura, deixado de forma aparente, junto à utiliza çã o do vidro em grande parte das veda çõ es (Figura 54) .

Vão interno do bloco de exposições MAM Rio. Fonte: Site Archdaily, 2020.

Figura 47:

Racionalidade como tradi çã o: Arquitetura brasileira do S é culo XX.

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ESTÉTICO-FORMAL

O Museu de Arte Moderna se organiza em tr ê s volumes distintos, que s ã o implantados ao centro do terreno em meio ao paisagismo do entorno. Estes volumes s ã o, no geral, prism á ticos e devido à presen ç a de poucos pavimentos, quando comparada à dimens ã o do projeto, s ã o marcados pela horizontalidade do conjunto (Figura 55) . Al é m disso, todos se conectam formalmente e por meio de passarelas que garantem uma unidade do conjunto (Figura 56) .

Para mais, utilizam dos elementos estruturais como princ í pios formais, ritmados, vis í veis desde os primeiros croquis de Reidy (Figura 57) . Sendo assim, o elemento de maior expressividade da edifica çã o é a presen ç a da malha estrutural que ocorre de forma externa, demarcada pelo ritmo que ocorre, espa ç ados de dez em dez metros, junto à simetria entre os p ó rticos (Figura 58).

Croquis iniciais do MAM- Rio. Fonte: Bonduki 2000.

Figura 57:

Composição volumétrica simplificada.

Fonte: Própria, 2020.

Figura 55:

Fachada com demarcação dos pórticos MAM- Rio. Fonte: Própria.

Figura 58:

Conexão esquemática entre os volumes.

Fonte: Site Archdaily, 2020.

Figura 56:

Em um primeiro momento nota-se o maior destaque para o bloco de exposi çõ es, que ocorre alongado horizontalmente, intermedi á rio entre os outros blocos. A forma deste edif í cio est á intrinsecamente ligada à s decis õ es estruturais. Desde o princ í pio, Reidy, juntamente aos engenheiros estruturais Arthur Eug ê nio Jermann e Carmen Portinho, alinharam muito a forma junto à s solu çõ es estruturais, deste modo, é not ó rio a forma sendo a express ã o da eleva çã o da malha estrutural regular.

A composi çã o volum é trica do bloco de exposi çõ es ocorre por um volume ú nico, em formato de prisma com base retangular, com comprimento total de 130 metros por 25 metros, e p é direito total de 8 metros e meio, muito marcado por sua horizontalidade. Este volume é separado entre o inv ó lucro estrutural externo, e a á rea interna, formada por um ret â ngulo desconectado, se envolve por vidro e elevase do solo, oferecendo uma continuidade à paisagem do entorno.

Estas composi çõ es formais se contrap õ em pela verticaliza çã o que os p ó rticos demarcam. A horizontalidade gerada pelo volume, é refor ç ada por elementos como as lajes aparentes que interrompem os vidros em concreto e a pr ó pria cobertura (Figura 59) .

Racionalidade como tradi çã o: Arquitetura brasileira do S é culo XX.

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Esquema de linhas na fachada - MAM Rio. Fonte: Site Archdaily, 2020. Alterações das autoras.

Figura 59:

Al é m destes elementos, a materialidade tamb é m demarca a volumetria interna, que em oposi çã o aos elementos estruturais compactos que oferecem um aspecto bruto, acontece em um material transparente, com esquadrias esbeltas. De certa forma, o volume no geral busca uma s í ntese formal, composto por um ú nico prisma, mas que ganha for ç as em se opor à ortogonalidade total com as inclina çõ es dos p ó rticos.

O volume B (Figura 60) , quando visto pela cobertura, tamb é m ocorre em um prisma de base retangular ortogonal, neste caso menos alongado e com um p á tio interno. Pela presen ç a do p á tio o bloco eleva-se com um formato em “U”. Este volume possui dois pavimentos, sendo a laje do t é rreo como um espa ç o aberto para circula çã o e acesso ao bloco de exposi çõ es.

A conex ã o com o bloco de exposi çõ es se d á pela continuidade horizontal (paralela) com o bloco (Figura 61) , pela continuidade dos pilares ritmados (Figura 62) , a utiliza çã o de materiais, sendo o concreto aparente, o tijolo maci ç o e o vidro, al é m do seguimento de pilares externos à s veda çõ es, sendo uma continuidade visual com o bloco. Ademais, o ritmo e a padroniza çã o tamb é m s ã o evidenciados pelo pergolado da cobertura (Figura 63).

Figura 62: Esquema de continuidade dos pilares Fonte: Site Archdaily, 2020. Alterações das autoras.

Figura 63: Pergolado bloco B - MAM Rio. Fonte: Site Archdaily, 2020. Alterações das autoras.

Por fim, o bloco do teatro, representado pelo volume C (Figura 64) , é o que mais se difere quanto à volumetria e mesmo quanto à cor branca. Seu volume ocorre seguindo a disposi çã o do teatro, composto por uma forma sinuosa, interceptado por um volume cil í ndrico de base oval. A interse çã o deste bloco com o de exposi çõ es se d á por uma volumetria ortogonal retangular que ocorre perpendicular. Nele h á pilares trapezoidais, igualmente espa ç ados, que tamb é m geram uma continuidade visual e ritmada do conjunto. (Figura 65) .

Fachada com demarcação dos pórticos MAM- Rio. Fonte: Própria.

Figura 65:

De forma geral toda a volumetria é composta por cheios e vazios, com bastante utiliza çã o do vidro, que se relacionam com a paisagem dando uma continuidade à vista e gerando a m í nima interven çã o do edif í cio no entorno. Para mais, Reidy acentua a horizontalidade, de forma a harmonizar com o entorno. (Figura 66 , Figura 67 )

Racionalidade como tradi çã o: Arquitetura brasileira do S é culo XX. 22

PROGRAMÁTICO-FUNCIONAL

De acordo com a planta baixa (Figura 68) é poss í vel identificar a composi çã o de tr ê s utiliza çõ es que compreendem os tr ê s volumes principais. Ao centro, bloco A, tem-se o edif í cio de exposi çõ es que ocorre de forma livre sem estruturas internas.

Articulado a ele, se desenvolve o volume administrativo, bloco B, que configura-se ao redor de um p á tio interno. Uma ampla rampa conduz ao n í vel superior, onde est ã o localizados o restaurante-cafeteria, o bar, a sala de estar e os terra ç os com vista para o mar. No t é rreo se encontram as depend ê ncias do museu: armaz é ns, oficinas, administra çã o e escola de arte. O terceiro edif í cio, C, é o do teatro, com capacidade para mil pessoas, que est á ligado ao edif í cio principal atrav é s de uma continuidade da laje do primeiro n í vel de exposi çã o que continua a formar o terra ç o que circunda a frente do teatro.

Ademais, no bloco de exposi çõ es o projeto busca uma ruptura com a ideia convencional de que as exposi çõ es devem ser feitas por galerias fechadas. O arquiteto usa a planta livre, sem muitas paredes ou divis ó rias, que d ã o maior liberdade para altera çõ es de acordo com as exposi çõ es, al é m do interior das galerias de exposi çã o ser vis í vel para o exterior.

Figura 68: Setorização dos edifícios - MAM Rio. Fonte: Site Archdaily, 2020. Alterações das autoras.

O percurso n ã o é ú nico, em geral h á mais do que uma entrada para cada um dos ambientes definidos pelas divis õ es. Mas, tanto a divis ã o de espa ç os como o passeio s ã o induzidas pela forma do edif í cio.

Racionalidade como tradi çã o: Arquitetura brasileira do S é culo XX.

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CONCLUSÃO

O edif í cio é dotado de tr ê s volumes, todos que se interconectam, e entende-se que por ser um museu, possui um programa muito pr ó prio, no entanto todos os volumes possuem a funcionalidade previamente definida, vis í vel na forma, tornando o edif í cio de f á cil compreens ã o, muito bem planejado por Reidy.

Para mais, ainda na etapa projetual, foi objetivado que a implanta çã o deveria causar menor impacto à paisagem do entorno. Foi privilegiado a horizontalidade em um movimento intencional de inser çã o e valoriza çã o na paisagem, em que a presen ç a de um alto grau de transpar ê ncia e compacticidade seria obtida gra ç as a decis õ es projetuais intimamente relacionadas com as solu çõ es estruturais e construtivas.

Por fim, é v á lido ressaltar que Reidy, no volume de exposi çõ es, desloca essa estrutura portante do bloco para seu exterior, e afasta os pilares do corpo da edifica çã o. Assim, ele cria uma rela çã o muito interessante no que condiz a legibilidade estrutural da edifica çã o, caracterizando a m á xima racionaliza çã o poss í vel. Essa estrutura se faz muito vis í vel no interior do edif í cio, principalmente pela utiliza çã o do vidro, sendo um elemento de destaque na obra.

Pode-se dizer que foi um elemento essencial para alcan ç ar a plena funcionalidade pela qual o edif í cio precisava, j á que possibilitou a libera çã o dos espa ç os, assim com a valoriza çã o das vistas externas, j á que n ã o houve a necessidade de elementos estruturais internos.

A eleva çã o dos outros blocos junto à malha estrutural regular observada em planta e de forma aparente em algumas á reas, optando por volumetrias majoritariamente sint é ticas, tamb é m direcionam o complexo para o desenvolvimento racional.

Para mais, a escolha da materialidade, por vezes caracterizada como bruta, determina uma maior praticidade e uma maior revela çã o da “estrutura como ele mesma”.

Segundo Kamita, Reidy exercia “um controle absoluto da forma arquitet ô nica”, e isso evidenciaria um “esfor ç o para atribuir racionalidade a cada ato da exist ê ncia” (Kamita, 1994, p. 167). No contexto do Brasil da d é cada de 1950, consequentemente, o rigor da est é tica de Reidy parecia querer enviar ao mundo uma mensagem que comunicava a pot ê ncia da racionalidade como solu çã o poss í vel para a precariedade do pa í s. (AGUIAR, 2019, p.

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Assembléia Legislativa do Piauí Fonte:Archdaily, 2013.

O edif í cio da assembl é ia legislativa do Piau í é uma das obras de maior visibilidade do arquiteto Ac á cio Gil Borsoi (1924 2009), projetada no ano de 1986, ganhou destaque pela grande expressividade dos materiais compositivos e dos elementos estruturais da edifica çã o que d ã o identidade à obra. Segundo Borsoi: “A concep çã o deste edif í cio est á definida na proposta de cria çã o de uma aut ê ntica casa do povo, como um espa ç o aberto à participa çã o popular no destino da coletividade. Esta inten çã o do projeto est á formalizada em suas tr ê s partes mais marcantes e caracterizadoras de seu programa funcional: a) pra ç a c í vica externa destinada a com í cios e celebridades p ú blicas, e previamente equipada para tais fins; b) bloco extenso de dois pavimentos, em p ó rticos de circula çã o perif é rica e ab ó badas de tijolo, destinado aos gabinetes dos deputados e fun çõ es administrativas; c) bloco compacto, de tr ê s pavimentos, em paredes cortina de concreto, destinado ao plen á rio e servi ç os complementares.”

(ACERVO BORSOI, 2020. )

Clique aqui para ir ao acervo do projeto

Atrav é s deste edif í cio caracterizado por sua volumetria sint é tica e destacado por sua materialidade construtiva, Borsoi quis trazer o discurso da paisagem que se prolonga por meio do edif í cio. Desse modo, utiliza da paisagem nativa e cria um espa ç o em que fosse convidativo e imerso ao entorno, com muitos espa ç os abertos, visando uma apropria çã o do espa ç o em uma constru çã o para a popula çã o.

Ao analisar os edif í cios p ú blicos do arquiteto Ac á cio Gil Borsoi, é poss í vel observar que eles possuem princ í pios recorrentes, como ordem, simetria, ritmo, decoro, economia, e monumentalidade.

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TÉCNICO-CONSTRUTIVO

O projeto da Assembl é ia teve alguns condicionantes para a escolha do seu sistema estrutural. Referente ao bloco principal retangular (Figura 69) , seu interior foi iniciado a partir de uma malha pr é existente no local, desse modo eleva-se por um sistema pilar-viga convencional em concreto armado (Figura 70) . Al é m disso, Borsoi optou por realizar uma s é rie de pilares perif é ricos para sustenta çã o da Marca o dos pilares internos. cobertura ú nica em ab ó badas que vem a ser Fonte: Pr pria, 2020. um grande destaque para a obra (Figura 71) . Esta cobertura vence um v ã o livre de Outrossim, a cobertura foi constru í da 40 metros, e cria um volume que avan ç a a em forma de ab ó bada autoportante, em fachada. (Figura 72). concreto armado e tijolos, armados e protendidos, por meio da utiliza çã o de combotas reutiliz á veis (Figura 75).

Figura 74:

çã

ó

Figura 69: Localização do bloco A. Fonte: Acervo Borsói, 2020. Alterações das autoras.

Os pilares externos se distanciam em aproximadamente 3,5 em 3,5 metros, de eixo e eixo, formando uma linha cont í nua com 25 pilares (Figura 73) . Para mais, a divis ã o interna é realizada por pilares de se çã o quadrada 30 por 30cm, que se localizam dentro das veda çõ es e de distanciam a aproximadamente 7 metros, que mant é m o eixo com os pilares externos de forma alternada. (Figura 74) .

Marcação dos pilares externos.

Fonte: Própria, 2020.

Figura 73:

Fotografia da assembléia.

Fonte: Acervo Borsói, 2020.

Figura 75:

Para esse projeto o arquiteto possu í a quest õ es de or ç amento e prazo para constru çã o, assim, a racionalidade se faz essencial para a execu çã o. Foi considerado solu çõ es que visavam a alta produtividade, como a modularidade, simetria, padroniza çã o, uso de elementos industrializados e esta divis ã o estrutural interna/externa que permitia duas frentes de trabalho simult â neas.

Para o bloco do plen á rio, o mais compacto entre os dois (Figura 76) , possui uma base quadrada e é muito caracterizada por sua austeridade devido à suas paredes externas em placas de concreto autoportante. Tamb é m possuem alguns pilares internos que auxiliam na sustenta çã o. A necessidade de parede autoportante se d á pelos v ã os maiores dos pilares, j á que precisavam das salas de reuni ã o mais amplas, como visto em planta baixa. (Figura 77 , Figura 78 )

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Figura 76: Localização do bloco B. Fonte: Acervo Borsói, 2020. Alterações das autoras.

Corte do bloco B. Fonte: Acervo Borsói, 2020.

Figura 80:

É poss í vel observar que o arquiteto recua em alguns momentos os pilares para libera çã o das janelas de canto (Figura 79) , nesses pilares opta pela se çã o circular, muito utilizado na arquitetura moderna, a fim de fornecer maior fluidez dos espa ç os.

Modelagem e vista do Foyer.

Fonte: Própria, 2020.

Figura 79:

Ainda neste bloco menor, foi utilizado a cobertura treli ç ada estruturada em pe ç as met á licas, que apoiam a cobertura em telha tamb é m met á licas, com prote çã o termoac ú sticas (Figura 80) . Para ambos os blocos Borsoi optou pela utiliza çã o de materiais locais, como o tijolo cer â mico, concreto aparente e o metal (Figura 81 e Figura 82 ).

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ESTÉTICO-FORMAL

Analisando o conjunto do edif í cio, ele é composto por dois volumes com formas prism á ticas sint é ticas, um de base quadrada e um de base retangular (Figura 83) , que garantem a expressividade formal, junto a simplicidade da leitura de obras que sugere uma din â mica visual de f á cil leitura e compreens ã o estrutural e funcional da edifica çã o. Os dois blocos contrastam bastante entre si, com o retangular que quase alcan ç a os extemos do terreno com uma volumetria mais aberta, ritmada, que faz fundo para o bloco menor com poucas aberturas e maci ç o.

Os dois blocos s ã o distanciados por apenas nove metros, que d ã o a sensa çã o de unidade ao conjunto, e possuem uma interse çã o perpendicular por uma passarela coberta e elevada, tamb é m em concreto (Figura 86) .

Em contraposi çã o ao volume anterior, o segundo bloco é muito caracterizado por sua horizontalidade. Possui uma base retangular de aproximadamente 47 metros por 93, com um p é direito pequeno quando comparado à sua extens ã o. Devido sua inser çã o no terreno é de 12 metros na fachada nordeste e pouco menos de 8 metros na fachada sudoeste (Figura 87) .

Composição volumétrica simplificada.

Fonte: Própria, 2020.

Figura 83:

O bloco menor de base quadrada de 25x25 m, é o primeiro bloco aparente quando se realiza o acesso ao edif í cio. É um bloco maci ç o, com poucas aberturas e alguns detalhes em sua volumetria que conotam uma individualidade ao conjunto.

Comp õ e-se por uma volumetria que tende ao trap é zio com a altura superior por volta de 14 metros e inferior a 12 metros (Figura 84) . Tamb é m pela escolha de materiais é um volume compacto, homog ê neo, em concreto aparente, que d á bastante ê nfase pela pr ó pria volumetria nas aberturas existentes, formando rasgos no volume prism á tico (Figura 85) . Assim como em outros projetos, Borsoi explora as aberturas de canto.

Diferenciação de altura.

Fonte: Própria, 2020.

Figura 87:

Este volume é o que possui maior expressividade, os pilares estruturais que ocorrem externos a veda çã o interna garantem uma oposi çã o em rela çã o à horizontalidade, al é m disso, ganha grande destaque por sua rela çã o de propor çõ es e ritmo, que sobressaem em rela çã o à volumetria sint é tica. É not ó rio que esta volumetria é a express ã o da organiza çã o padronizada da planta baixa, na Figura 88, observa-se um estudo dos eixos de simetria que ocorrem nas fachadas e a rela çã o entre os dois volumes. J á na Figura 89, a autora mostra as malhas compositivas iniciais e a rela çã o de dimens õ es, neste caso o bloco retangular é composto pela á rea de 8 blocos quadrados.

Forma trapezoidal do bloco.

Fonte: Própria, 2020.

Figura 84:

Racionalidade como tradi çã o: Arquitetura brasileira do S é culo XX.

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Ademais, o volume possui sua materialidade diferente do bloco 1, em tijolo maci ç o, e tamb é m trazendo alguns elementos em vidro, com uma grelha met á lica em a ç o, na cor verde, que seguem a volumetria da cobertura e funcionam como uma ornamenta çã o, criando uma textura e como quebra-s ó is. Isto, com uma altura que seria referente ao terceiro pavimento. Borsoi d á muita aten çã o à escolha de materiais, al é m dos materiais utilizados nos edif í cios, opta pelo piso externo em pedra natural, para dar uma continuidade à cidade, assim como utiliza o espelho d' á gua, localizado aos fundos, como elemento refletor dos elementos da fachada (Figura 92 e Figura 93 ) .

Eixos de simetris.

Fonte: MONTEIRO, 2011.

Figura 88:

Malha compositiva.

Fonte: FEITOSA, 2012.

Figura 89:

Tamb é m os pr ó prios pilares se tornam destaque por sua volumetria em que o topo, junto à cobertura, se torna mais fino.

(Figura 90) .

Ainda neste bloco h á a aten çã o da cobertura abobadada, que é o elemento de mais destaque e d á ê nfase ao ritmo da composi çã o estrutural. Para mais, comp õ ese por um volume que al é m de maci ç o e com esta ondula çã o gerada pelas arcadas, avan ç am em um balan ç o de aproximadamente 3 metros. (Figura 91)

Racionalidade como tradi çã o: Arquitetura brasileira do S é culo XX.

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PROGRAMÁTICO-FUNCIONAL

A funcionalidade da Assembl é ia Legislativa é muito espec í fica devido à s necessidades organizacionais. A concep çã o do edif í cio se deu atrav é s da necessidade da cria çã o de um espa ç o aberto, que pudesse ser usado para participa çã o popular no destino da coletividade.

Dividido em tr ê s partes fundamentais (Figura 94) , a legibilidade do complexo fica muito claro em sua divis ã o. A primeira é uma pra ç a c í vica, bloco A, que devido a disposi çã o dos volumes ganha grande destaque na composi çã o. A segunda é um bloco compacto de tr ê s pavimentos destinados ao plen á rio e aos servi ç os complementares, possuindo servi ç os destinados ao p ú blico de bar, restaurante no primeiro pavimento e o pr ó prio plen á rio nos pavimentos superiores, representado pelo bloco B. Por fim, o terceiro espa ç o, bloco C, constitu í do por um bloco extenso de dois pavimentos, foi destinado aos gabinetes dos deputados e fun çõ es administrativas.

Principalmente no ú ltimo bloco a organiza çã o se d á em conjunto à s defini çõ es estruturais. Nota-se que no primeiro pavimento há uma compartimentaliza çã o maior, com a circula çã o realizada por corredores e espa ç os mais fechados, devido a necessidades do programa. Enquanto o segundo possui um amplo espa ç o interno, com uma circula çã o mais indefinida, dando maior liberdade de percursos. Quando visto em planta é poss í vel destacar as rela çõ es sim é tricas e de divis ã o do espa ç o em conjunto aos pilares externos (Figura 95 e Figura 96 ) . Outro ponto a se destacar tamb é m é a exist ê ncia se v á rios acessos ao edif í cio. É uma constru çã o que ocorre de forma central ao terreno, mas atrav é s do paisagismo e dos aspectos formais o pedestre é levado à essas entradas, que ganham destaque tamb é m junto à volumetria.

Figura 94: Setorização.

Fonte: FEITOSA, 2012. Alterações das autoras.

Alinhamento das vedações com a estrutura. - térreo Fonte: Site archdaily, 2020. Alterações das autoras.

Figura 95:

Alinhamento das vedações com a estrutura - primeiro pavimento Fonte: Site archdaily, 2020. Alterações das autoras.

Figura 96:

Racionalidade como tradi çã o: Arquitetura brasileira do S é culo XX.

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CONCLUSÃO

not ó rio a aten çã o de Ac á cio na realiza çã o do processo projetual, ele alcan ç a o pensar arquitet ô nico tendo a funcionalidade como um compositor da forma mas tamb é m para al é m, projetando um edif í cio que eleva a malha estrutural, vis í vel tanto externa, quanto internamente.

O vazio possibilitado pela cobertura, mas que possui uma ritmada demarca çã o da estrutura, provoca uma sensa çã o de continuidade da edifica çã o, realizada de forma proposital, que ora se alinham à divis ã o espacial. É v á lido destacar tamb é m, que por ser um edif í cio p ú blico, a racionalidade foi primordial para a facilita çã o e economia nos processos, principalmente na maior praticidade gerada pela composi çã o padronizada da planta, na utiliza çã o da tecnologia construtiva e na escolha de materiais que al é m de serem locais, denotam um aspecto bruto, “in natura”.

Nota-se que a economia dos processos n ã o resultaram em volumes simplistas, mas sim um conjunto complexo, com muitos detalhes, por é m projetado de modo pr á tico.

Em uma entrevista, Borsoi explica que “Os instrumentos de trabalho para os arquitetos em rela çã o ao desenvolvimento da tecnologia s ã o a racionaliza çã o, a coordena çã o modular e o conhecimento construtivo de um modo geral.” (FEITOSA, 2012. p.146. apud. 1982. p.13.). Sendo assim, para o projeto da assembl é ia tamb é m foi utilizado uma metodologia sist ê mica, modular, que permite um desenvolvimento otimizado.

Para mais, a organiza çã o observada na planta é realizada em conjunto com a composi çã o formal, em que fica vis í vel todo o processo criativo, gerando um edif í cio ú nico em que é f á cil compreender o sistema estrutural. É

Se enquadra muito em processos de Gropius e Mies Van der Rohe, onde a “arquitetura demonstra uma identidade fundamental entre estrutura espacial e formal em uniformidade com aspectos t é cnicos, por é m com determinadas peculiaridades.” (FEITOSA, 2012. p.148)

Racionalidade como tradi çã o: Arquitetura brasileira do S é culo XX.

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Hospital Sarah Kubitschek Salvador Clique aqui para ir ao acervo do projeto

Fonte: Nelson Kon

A Rede Sarah Kubitschek de hospital, financiada pelo Minist é rio da Sa ú de, abrange 9 unidades hospitalares ao longo do Brasil. Seu nome, Sarah Kubitschek, homenageia a primeira-dama da é poca da constru çã o de Bras í lia, no governo de JK. O Hospital de Salvador (BA) foi o segundo a ser constru í do, em 1991. Foi projetado nos anos 80 por Jo ã o Filgueras Lima, mais conhecido como Lel é .

A rede hospitalar, de refer ê ncia internacional, destina-se o seu atendimento a v í timas de politraumatismos e problemas locomotores. É considerada inovadora pelo seu sistema de tratamento, progressive care , onde o paciente migra de sala em sala conforme apresenta melhora no seu quadro cl í nico, e consequentemente psicol ó gico. Portanto, os ambientes devem ser projetados para serem agrad á veis, al é m de eficientes no quesito conforto ambiental.

Figura 97 - Vista Externa Hospital Sarah Kubischek Fonte: Archdaily, 2012.

Racionalidade como tradi çã o: Arquitetura brasileira do S é culo XX.

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TÉCNICO-CONSTRUTIVO

Assim como diversos arquitetos brasileiros a partir da d é cada de 70, Lel é tamb é m fez uso de tecnologia pr é fabricada para a constru çã o do hospital.

Os elementos de estrutura, cobertura, esquadrias e pain é is de veda çã o s ã o todos industrializados, buscando assim, a racionaliza çã o do tempo e do or ç amento da obra.

O sistema estrutural do edif í cio é constru í do a partir de pr é -fabricados e do uso misto de argamassa armada e a ç o.

Tem-se, neste projeto, um sistema de modula çã o atrav é s da repeti çã o dos elementos construtivos, o que possibilita uma maior flexibilidade dos espa ç os internos. (Figura 98) .

Figura 98: Esquema de modulação Fonte: Archdaily, 2012.

Interferência própria, 2020.

Uma das grandes preocupa çõ es do arquiteto ao projetar o Hospital era de criar um sistema de ventila çã o eficiente.

Dessa forma, n ã o haveria uma depend ê ncia para com aparelhos de ar condicionado, e tamb é m teria uma melhor ventila çã o nos recintos hospitalares melhorando a qualidade do ar e diminuindo riscos de contamina çã o.

A inser çã o do hospital no n í vel mais alto do terreno possibilitou a constru çã o de um n í vel semienterrado. Portanto, fazse uso dele para abrigar um andar t é cnico com uma galeria de ventila çã o. Nele, encontram-se dutos intra-pilares respons á veis por distribuir uma ventila çã o for ç ada para os ambientes internos. (Figura 99) .

Figura 99: Galerias Hospital Sarah Fonte: Nelson Kon, 2020.

A cobertura do edif í cio, shed met á lico curvo, possibilita a exist ê ncia de venezianas met á licas ao longo de todo o edif í cio para o aproveitamento da ventila çã o natural. (Figura 100) . Junto delas, janelas basculantes de vidro tamb é m se fazem presentes a fim de se aproveitar a ilumina çã o natural. H á uma testeira externa para prote çã o da radia çã o solar direta.

Com todo o sistema criado por Lel é , temse a predomin â ncia de uma ventila çã o vertical, evitando a ventila çã o cruzada, grande respons á vel pela dissemina çã o de v í rus e bact é rias. A escolha projetual do shed como elemento de cobertura, fez com que Lel é conseguisse integrar os sistemas de ventila çã o e ilumina çã o do hospital.

Pode-se afirmar que o conforto t é rmico e luminoso, al é m da eficiente energ é tica, eram aspectos de suma import â ncia para o arquiteto nesse projeto.

Figura 100: Esquema do Sistema de Ventilação Fonte: "A Obra de João Filgueiras Lima no Contexto da Cultura Arquitetônica Contemporânea", 2006.

Racionalidade como tradi çã o: Arquitetura brasileira do S é culo XX.

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ESTÉTICO-FORMAL

A volumetria do hospital é estruturada em plataformas de car á ter horizontal. O projeto n ã o apresenta um ú nico volume, e sim um agrupamento de diversos blocos que juntos constituem a composi çã o formal do edif í cio. Os blocos s ã o geometricamente ortogonais e apresentam formato de primas, em sua maioria retangulares. (Figura 101) .

Entretanto, o elemento volum é trico de maior destaque do projeto é o shed curvo, respons á vel pela cobertura da edifica çã o.

A estrutura met á lica se repete dezenas de vezes em linhas paralelas dando uma ideia de continuidade ao longo de toda a edifica çã o. (Figura 102 e Figura 103) . O shed curvo, como o nome j á diz, apresenta formato curvo e semelhante a uma onda, portanto acaba por contrastar com a regularidade e ortogonalidade dos demais elementos de car á ter retangular presentes na volumetria. Como visto anteriormente, a escolha da cobertura n ã o foi de car á ter est é tico, mas sim buscando resolver as problem á ticas acerca da ilumina çã o e ventila çã o natural.

Figura 101 - Esquema Volumétricos Fonte: Nelson Kon, 2020.

Interferência própria, 2020.

Figura 102 - Vista Aérea Hospital Sarah Fonte: Archdaily, 2012.

Figura 103: Sheds - Hospital Sarah Fonte: Vitruvius, 2015.

Quanto à s cores, o arquiteto busca diminuir a predomin â ncia do branco, t í pico das arquiteturas hospitalares, inserindo outras cores nos elementos.

(Figura 104 e Figura 105) . Amarelo é uma cor de destaque do projeto, colocada estrategicamente na cobertura met á lica.

Al é m dela, azul, verde e laranja s ã o algumas das outras cores encontradas nas paredes externas do hospital. Lel é , portanto, buscou atrav é s da escolha de cores, criar uma sensa çã o mais agrad á vel para os pacientes internados no hospital.

Figura 104 : Fachadas Coloridas - Hospital Sarah Fonte: Archdaily, 2012.

Figura 103: Cor no interior do hospital Fonte: Archdaily, 2012.

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PROGRAMÁTICO-FUNCIONAL O Hospital é implantado isoladamente em um terreno de mata atl â ntica de 128 mil m² na cidade de Salvador. Ele apresenta 27 mil m² de á rea constru í da distribu í da em dois pavimentos. O programa do hospital é realizado para abrigar de 165 a 178 leitos.

O andar t é rreo é respons á vel por todas as necessidades hospitalares como, por exemplo, administra çã o, laborat ó rios, centros cir ú rgicos, ambulat ó rios e enfermarias. Sendo este pavimento ainda dividido em duas volumetrias, uma servindo ao hospital e a outra um centro de tratamento infantil.

No pavimento semienterrado, se d á o andar destinado à parte t é cnica, contendo subesta çã o, reservat ó rio, almoxarifado e a galeria de ventila çã o. (Figura 106).

Figura 107: Planta Baixa Pavimento Terreo Fonte: Archdaily, 2012.

Figura 108: Interior do Hospital Sarah Fonte: Nelson Kon, 2020.

Figura 106: Setorização Fonte: Archdaily, 2012.

Interferência própria, 2020.

LEGENDA Dependências hospitalares Centro de tratamento Área técnica

O projeto do Hospital Sarah diferenciase da maioria das outras obras analisadas por n ã o apresentar planta livre e espa ç os livres de paredes internas. Isso acontece porque diferente de um museu, por exemplo, um hospital apresenta um programa de necessidades bastante espec í fico. Portanto, a fim de atender as demandas de uma unidade hospitalar, o arquiteto busca projetar ambientes mais funcionais poss í veis para a atividade em quest ã o. Dessa forma, na planta do pavimento t é rreo, pode-se perceber diversas divis õ es internas que delimitam e criam diversos recintos para diferentes atividades demandadas. (Figura 107 e Figura 108).

O edif í cio instalado em uma á rea de Mata Atl â ntica, possui diversos recintos conectados à natureza que o rodeia, criando espa ç os totalmente integrados com a vegeta çã o. Dessa forma, encontram-se alguns ambiente livres de veda çõ es para o exterior buscando uma maior rela çã o com o entorno (Figura 109) , como os ambulat ó rios e as unidades de terapia. Assim, Lel é consegue criar ambientes agrad á veis e que se diferenciam de uma arquitetura hospitalar comum.

Figura 109: Relação com o exterior Fonte: Nelson Kon, 2020.

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CONCLUSÃO

O hospital Sarah de Salvador se destaca pela racionaliza çã o no seu processo produtivo, de forma a deixa-lo mais r á pido e otimizado, para cumprir com ê xito, Lel é usou de m ó dulos dos elementos estruturais, inclusive dos sheds, o que proporcionou uma maior praticidade para a composi çã o dos espa ç os.

O arquiteto utilizou da escolha um volumes de formas geom é tricas prism á ticas, prezando pela ortogonalidade, trazendo movimento apenas na cobertura, com o uso dos sheds de formato curvo, que auxiliam na ventila çã o natural.

Assim como as demais obras, o arquiteto setoriza o edif í cio de maneira a desenvolver toda a parte de acesso ao publico na parte t é rrea e a á rea t é cnica no pavimento subenterrado.

Os ambientes foram criados de maneira racional e funcional para atender as necessidades do programa e tamb é m as normas de seguran ç a que um hospital exige.

A racionalidade nessa obra pode ser percebido, pela utiliza çã o de materiais pr é -fabricados, ocasionando rapidez, otimiza çã o e n ã o desperd í cio de materiais, assim como pela modula çã o da malha estrutural, a demonstra çã o desta malha pela padroniza çã o da cobertura, al é m da modula çã o dos elementos construtivos.

Ademais, pode-se citar tamb é m a setoriza çã o vis í vel nos volumes e nos pavimentos.

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DIFERENTES FORMAS DE EXPRESSÃO DA RACIONALIDADE

Após a análise das obras é possível identificar Ademais, no que se refere à volumetria no as diferentes formas de expressão da temática geral, essas características acabam no conjunto selecionado, além do modo como influenciando na forma final, nota-se a estas características se fazem visíveis frente às utilização de volumes prismáticos e uma edificações. preferência pela ortogonalidade, que seguem exatamente essa malha estrutural.

Em um primeiro momento, é possível destacar uma característica bastante vinculada ao Com isto, os arquitetos alcançam uma síntese técnico construtivo da obra, a escolha de formal através de volumes prismáticos, materiais construtivos que permitem uma maior majoritariamente sintéticos, em geral de base otimização e praticidade do processo retangulares ou quadradas. Em sua maioria, as construtivo, assim como uso de elementos préedificações apresentam linguagem formal fabricados, modulares e por vezes utilizados em composta por formas elementares que buscam sua forma bruta. alcançar equilíbrio, simetria e regularidade.

Quando analisadas nas obras escolhidas, é A série tipológica referente à estética-formal possível perceber que a estrutura influencia em ganha grande destaque na expressão da um ritmo ao longo das fachadas, de demarcam racionalidade. Quanto à estratégia projetual, é ainda mais as relações geométricas citadas, nas perceptível a distribuição estrutural de forma a edificações (Figura 4, Figura 30, Figura 58, buscar uma modularidade da edificação, com Figura 110). É válido ressaltar que este ritmo é uma divisão da malha de forma padronizada e demarcado na obra do Hospital de Lelé, por igualmente espaçada (Figura 2, Figura 25, Figura exemplo, por meio da modularização junto à 51, Figura 74, Figura 98). Destaca-se a cobertura, nota-se uma repetição deste importância desse processo no desenvolvimento elemento compondo a forma final do complexo. mais otimizado de construção e maior (Figura 104) entendimento da edificação.

Outro aspecto analisado é como a distribuição Outrossim, a própria malha estrutural ganha funcional da edificação pode-se dar a partir da destaque na volumetria, podendo ser demarcada utilização da racionalidade, percebe-se que os no interior da edificação, no exterior ou em arquitetos optam pela divisão clara de funções, ambas. É identificado como a maior expressão sendo a máxima expressão da racionalidade da racionalidade quando há facilidade de quando estão divididos pelos próprios volumes entendimento da estrutura de forma interna e e facilmente identificados. Nota-se que isso externa. A legibilidade estrutural, destaque na ocorre recorrentemente nas edificações seleção de obras, se faz por todo sistema analisadas, no Gustavo Capanema, pela estrutural, de vigas, lajes e sobretudo pilares e segregação das duas funções em dois volumes pórticos. Em algumas, os arquitetos buscam diferentes (Figura 15), no MAM e na assembleia inseri-los em destaque, e não fazendo com que pela divisão em blocos separados que se eles estejam ocultos em meio as paredes e interconectam por elementos de passagem ambientes internos (Figura 16 e Figura 31).

(Figura 68 e Figura 94), no hospital da rede Assim, os elementos estruturais são projetados Sarah, a divisão é feita em blocos, sendo um para que se tornem parte da composição formal para atendimento hospitalar, um para do edifício, muitas das vezes, sendo o elemento recuperação e outro para funções técnicas de maior expressividade da volumetria da (Figura 106), por fim, a casa de vidro por ser edificação como é o caso do MAM e da uma residência, possui a setorização de forma Assembléia legislativa (Figura 65 e Figura 75). mais interna.

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No geral, edificações que utilizam a racionalidade são pensadas junto aos processos construtivos e facilmente compreendidas, tanto nos aspectos de materialidade, sua malha estrutural evidenciada e a forma como a funcionalidade das edificações é realizada de forma clara, percebidas na composição formal.

EXPRESSÕES DOMINANTES DA RACIONALIDADE

A partir das análises anteriores é possível identificar as expressões dominantes da racionalidade. Para tal, a tabela abaixo identifica as características racionais por obra, a fim de justificar o diagrama apresentado.

Expressões da racionalidade por obra analisada.

Fonte: As autoras.

Tabela 1:

Racionalidade como tradi çã o: Arquitetura brasileira do S é culo XX.

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Expressões dominantes da racionalidade.

Fonte: As autoras.

Diagrama 1:

Racionalidade como tradi çã o: Arquitetura brasileira do S é culo XX.

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