Não sou este tipo de garota - Siobhan Vivian

Page 7

mãos percorriam. Era romântico e sexy, e tudo dentro dela estava derretendo. Chad era mais experiente nessas coisas, e ela finalmente permitiu-se curtir o momento. Eles teriam ido até o fim se estivessem no quarto de Chad, ou até mesmo em seu carro. Mas estavam no vestiário fedorento e o fim da aula de ginástica estava se aproximando. E a cada passo ouvido, assobio ou até mesmo um ruído animado que penetrava no ambiente, o perigo de ser descoberta invadia a névoa de insensatez da garota. — Não posso — disse subitamente. — Não aqui. Não agora. Chad tentou convencê-la com palavras, com beijos. Mas agora ela não estava mais se derretendo por dentro, pelo contrário. Afastou-se da boca de Chad e disse que era melhor voltar para a aula. 0 rapaz ficou muito desapontado — uma postura familiar em seus últimos encontros, só que um pouco mais enfática dessa vez. Ele implorou que ela ficasse. Afinal de contas, ela mal havia tocado nele e ele estava muito excitado. Nada mais justo do que terminar o que haviam começado, certo? Ela insistiu que tinha de voltar à aula de álgebra. Suavemente. Desculpando-se. E quando percebeu como Chad continuava chateado, inclinou-se para beijá-lo. Um beijinho na ponta do nariz, para deixar tudo bem. Ela sentiu três palavras querendo sair de sua boca, prontas para serem ditas. Mas Chad virou o rosto. A garota se sentiu mal ao voltar apressada para a aula. Sentiu-se ainda pior depois dela, quando viu alguns rapazes tirando sarro de Chad perto da árvore dos fumantes. Ele foi para o carro sem nem mesmo acenar para ela com a cabeça. A garota não sabia que a inabilidade de Chad transar com uma caloura tinha se tornado a piada do momento. Uma responsabilidade social. Até mesmo o próprio Chad brincou sobre isso durante semanas, pensando que seus amigos iam dar um tempo se ele participasse da brincadeira. Então, ele reclamava por "ficar na mão" após levá-la de carro para casa, ou imitava estar transando com a porta do armário, zombando da própria frustração depois que a garota o abraçava de manhã ou enquanto estavam no pátio. Coisas assim. Mas a participação de Chad apenas incentivava os comentários dos demais. A provocação ficava cada vez menos engraçada e cada vez mais pessoal. Foi um dos amigos de Chad que sugeriu a pegação no vestiário. "Use o aniversário", disse o cara. "Não tem como dar errado". Para Chad, todo mundo na escola estaria com os olhos grudados no relógio durante a quinta aula. Todos esperavam que ele conseguisse. E quando apareceu decepcionado, inventou uma desculpa que o isentava totalmente de culpa. Quando a garota chegou na escola no dia seguinte, os sussurros a atingiam como flechas envenenadas em suas costas. Garotos que tinham sido gentis com ela em festas e veteranas que tinham acabado de aceitá-la no grupo agora pareciam distantes e reticentes. Até mesmo alguns 7


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.