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Araxá

O paraíso fica Texto e fotos Gabriel Marazzi em Araxá

De dois em dois anos, só há um lugar neste país onde colecionadores e aficionados por automóveis antigos desejam estar: a cidade mineira de Araxá. O XIX Encontro Nacional de Automóveis Antigos – Brazil Classics Fiat Show 2010, que aconteceu de 2 a 5 de junho –, é o evento de antigomobilismo mais esperado e já se tornou referência mundial, graças à qualidade e à raridade dos modelos expostos. Desta vez, havia 340 clássicos no pátio do Grande Hotel de Araxá, um mais deslumbrante que o outro. Veja, a seguir, uma amostra da beleza dos automóveis que participaram dessa exposição.

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Durante quatro dias, os melhores e mais raros automóveis clássicos do Brasil estiveram em exposição, no maior e mais importante evento do antigomobilismo nacional

O principal destaque do evento foi o Mercedes-Benz 540K Special de 1936, de Antonio Wagner Cunha Henriques

Único no mundo, o Willys Capeta foi desenhado e construído no Brasil em 1965 com mecânica Aero Willys

Chrysler Town and Country 1947, “woody” de madeira de Paulo Angelo Malzoni. Ao fundo, um Cord 1937

Raro e cultuado mundialmente, o Mercedes-Benz 300SL 1955 “asa de gaivota” de Antonio Wagner da Cunha

Ford Modelo T 1924 Runabolt de Pedro Luiz Martins

Fúria Alfa Romeo, projetado e construído por Toni Bianco

Fiat Castagna 509 de 1919

acada dois anos, colecionadores de Minas Gerais organizam um “pequeno encontro”, para mostrar seus itens da coleção. De preferência aqueles adquiridos mais recentemente ou, então, aqueles cuja meticulosa restauração ainda não havia sido exibida em público.

Alfa Romeo 6C 2500 Beneschi de 1950

Peugeot Torpedo Labourdette 1908, o mais antigo do encontro. À direita, o pequeno BMW Dixi Ihle Typ 600 de 1928

Reunidos pelo principal clube de clássicos da região, o Veteran Car Club Minas Gerais, colecionadores, expositores e o público curtiram, durante três dias, a festa do 21º Brazil Classic Fiat Show, nome oficial do evento, patrocinado pela Fiat, sediada naquele estado.

Já no primeiro dia, a quinta-feira de Corpus Christi, foi o público da cidade de Araxá que lotou as áreas de exposição, devido ao feriado. Logo à entrada do Grande Hotel, uma galeria de automóveis já impressionava os visitantes. Mas a nata estava um pouco mais à frente. Neste ano a marca em destaque foi a inglesa Rolls Royce. Alguns dos mais belos RR já fabricados estavam lá, como Phantom II Sedanca de Ville 1932 com carroceria Barker. Esse automóvel, que pertenceu à atriz francesa Marie Bell, foi utilizado no filme Gnome-Mobile, de 1967, realizado pela Disney. Quem tem mais de 60 anos deverá lembrar desse carro como o “Fubecão”. Pois é, ele está agora aqui no Brasil.

O furgãozinho é um Morris Panel 1963. Ao lado, o tcheco Tatra, que foi eleito pelo público o melhor clássico do encontro

Outras marcas de prestígio estavam bem representadas em Araxá. O raro italiano Isotta Fraschini 8A Cabriolet Dorsay 1925 atraiu a atenção, tanto do público, que certamente não está acostumado a ver uma relíquia desse porte, quanto dos conhecedores, que curtiram seu imenso motor de oito cilindros em linha de 7.370 cm3 .

Do mesmo calibre, um espanhol Hispano Suiza 1911 e um americano Packard 1926, do museu Roberto Lee, se destacaram por estarem absolutamente originais, pois jamais passaram por qualquer restauração.

Mas o automóvel mais antigo da mostra era o belo Peugeot Torpedo Labourdette de 1908. Ainda quase dessa época, dois Fiat, um Castagna 1919 e um 1924 preparado para competição foram motivo de orgulho para o patrocinador.

As marcas italianas sempre são bem representadas em Araxá. Da Alfa Romeo, um dos mais interessantes modelos expostos era o 6C 2500 Beneschi de 1950.

O desconhecido Armstrong Siddeley Hurricane de 1948. Com restauração impecável, um raro automóvel

Às vezes mais raros que os próprios automóveis são os adornos dos seus capôs

Isotta Fraschini 8A Cabriolet Dorsay 1925, com carroceria Castagna e um motor 8 cilindros em linha de 7.370 cm3

Barracas de peças no mercado de pulgas, algumas bem arrumadas. Acima, o Cadillac 1941 Conversível

Fiat 509 S Competizione 1924 de Mauricio Marx e o Hors Concours Ferrari 225S Barchetta Vignale 1952

Esse é o automóvel que levou o prêmio máximo do evento, o Bugatti modelo 57 Cabriolet Stelvio de 1938

Quando se fala em automóveis italianos, jamais se esquece a mítica marca Ferrari. Havia muitos modelos clássicos no evento, entre antigos e contemporâneos. E o automóvel mais importante da festa nem era vermelho: o 225 S Barchetta Vignale 1952 amarelo ocupava local de destaque, bem em frente ao hotel e com direito a camarote individual e coberto. Esse carro, originalmente para competições, foi dado como destruído pela Ferrari de Modena, mas foi encontrado em péssimo estado em uma coleção paulista e levado à matriz para restauração completa. Apenas oito unidades foram fabricadas artesanalmente e algumas realmente foram destruídas em corridas.

Entre as marcas menos conhecidas, a inglesa Armstrong também estava representada. Também em local privilegiado no páteo em frente ao hotel, o Armstrong Siddeley Hurricane 1948 impecavelmente restaurado e com as antigas placas de seu país de origem só era reconhecido pelos mais profundos conhecedores do antigomobilismo.

O encontro de Araxá reúne os mais importantes automóveis da história, pertencentes a importantes coleções brasileiras. Mas alguns modelos, que podem ser considerados populares mas que têm grande importância na indústria automobilística, também podiam ser vistos por lá. É o caso do Tatraplan, automóvel produzido na Tchecoslováquia nos anos 40. Este Tatra modelo 87 de 1947, que pretendia ser tão popular quanto o Fusca, também tinha motor traseiro refrigerado a ar, só que um V8 de 3 litros e 75 cv de potência.

Fusca, Opala, Kombi, KarmannGhias, Dodges, Maverick e muitos outros nacionais também faziam parte da exposição e, certamente, da história e do sonho de muitos dos visitantes que visitaram o evento. l