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Carlisle, a tradicional feira na Pensilvânia

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Um conselho: jamais tente convencer a sua família de que fazer turismo pelo interior do bucólico estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, é uma boa idéia para as férias. Principalmente no outono. A menos que seus parentes também sejam fanáticos por objetos motorizados antigos e coisas enferrujadas, assim como você certamente é. Caso contrário não estaria lendo esta reportagem.

Como você continuou a leitura, vamos lá. Neste caso, o nome Carlisle deve ser bem conhecido, provavelmente ouvindo falar de seus amigos que lá foram e voltaram com suspeita de tétano. Ou porque os agentes da alfândega abriram a mala de um sujeito e fecharam correndo, para não contaminar todo o ambiente de graxa.

Foi nesse local que, há exatos 40 anos, os irmãos Bill e Chip Miller montaram a feira ‘Post War’ 1974, com a área em questão alugada para o evento. O nome “pós guerra” não era à toa: tanto eles quanto outros entusiastas de automóveis antigos se ressentiam da escassez de evento que priorizassem automóveis dos anos 50 e 60. Grandes feiras como Hershey, também na Pensilvânia, era e é até hoje uma feira mais voltada para veículos pré guerra. Em sua primeira edição, a feira reuniu 600 expositores e 13 mil visitantes pagando um dólar pelo ingresso.

Com aumento do interesse nos carros antigos mais recentes, em poucos anos Carlisle se tornou a meca dos colecionadores de todo o mundo e é a maior feira do mundo em locação própria. Após alugar por 6 anos a área de 350 mil m2, eles compraram o terreno e se estabeleceram definitivamente. O sucesso da feira de outono levou a outra edição, na primavera, e a outros 12 eventos mais específicos durante o ano, como o Corvettes At Carlisle, sempre em agosto. Atualmente, só a feira de outono reune quase 10 mil expositores, 2 mil veículos para venda e atrai 100 mil visitantes. Por ano, Calisle movimenta cerca de US$ 100 milhões.

Com números tão expressivos de tamanho e quantidade de pessoas e coisas, fica fácil perceber que um “passeio completo” pela feira de Carlisle demanda tempo e boa disposição. Dividida em ruas e passagens transversais, os expositores, chamados pelos organizadores de “vendors”, alugam um espaço por US$ 105 e fazem dele o que quiser, colocando seus carros,

motocicletas ou objetos para vender ou apenas mostrar. A maioria deles monta uma barraca para pernoitar ou engata seu motohome ou trailer, para passar até seis dias no local. Os dias oficiais da feira de outono são de terça a domingo, pelos quais o visitante paga US$ 10 por dia ou US$ 30 para todas os dias.

Os visitantes mais habituados levam um carrinho para transportar suas compras, vale de radio fliers até carrinhos de feira, mas é possível comprar um por US 15 logo na entrada.

O extenso nome da feira de Carlisle é justificado: swap meet é a feira de peças e bugigangas, que inclui automóveis, motocicletas, bicicletas, placas, componentes mecânicos e qualquer coisa para a qual seja possível encontrar um interessado. Os americanos também chamam de feira de pulgas, ou flea market, denominação que nós já estamos habituados.

Em outra parte da feira há o corral, ou curral mesmo, daqueles para cavalos. Nessa área apenas os veículos podem ser expostos e colocados à venda. Diferentemente dos carros à venda no swap meet, no corral eles geralmente são impecáveis, ou, pelo menos, devem entrar e sair por conta própria. No máximo, em uma carreta. É a parte preferida de quem não gosta muito da ferrugem, prefere os carros bonitos e customizados. Por fim, há o leilão de automóveis (auction), onde é possível colocar seu veículo para venda pela melhor oferta ou então comprar um, dando o lance vencedor. Os carros para leilão ficam em uma parte coberta da feira e se deslocam para outro local próximo, para os lances.

A feira termina no domingo, quando logo pela manhã muitos já se pôem a caminho de casa. Eles vêm de todas as partes do país para passar essa semana. Alguns ainda vão para a feira de Hershey, a umas 50 milhas dali, para mais uma semana de graxa e ferrugem. l