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Turismo Especial Paulista
TEP - Turismo Especial Paulista
Os queridos “penicos” da Divisão 3 em um campeonato regional
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Uma das categorias mais bacanas do automobilismo nacional nos anos 70 era a Divisão 3. Os carros tinham aquele ar de frankstein, com para-lamas alargados para cobrir os pneus slick, entradas de ar para ajudar na refrigeração dos motores muito mexidos e alterações drásticas na carroceria, para melhor aerodinâmica. E o mais popular dessa categoria era o Fusca, chamado de “penico”.
O Passat, que entrou na classe 1.600 cm3, não era mais rápido que o Fusca, o que só foi acontecer com o uso do etanol. Foi quando a Divisão 3 se dividiu em Hot Car, com os Passat e Gol, e TEP – Turismo Especial Paulista, com o Fusca.
A TEP era uma categoria regional, correndo só em Interlagos e com o regulamento um pouco mais brando que o da antiga Divisão 3. Mesmo assim, alguns Fusca da TEP chegaram a ser mais rápidos do que na época em que corriam na Divisão 3. l
Os penicos da tep enfileirados na saída dos boxes Na largada, elcio pelegrini e Ricardo Mogames na frente



José Antônio Bruno

De tep peLO ANeL exteRNO De iNteRLAGOS
Quando as luzes vermelhas acenderam, segurei o motor a 7.000 rpm e soltei a embreagem quando elas se apagaram. O pulo foi ótimo, os pneus destracionaram de leve mas eu estava na ponta. Aumentei a rotação até 7.500 rpm, o que corresponde a cerca de 75 km/h, e puxei a segunda: a marcha não entrou! Até hoje não sei se cometi algum erro ou se aquelas primeira e segunda marchas mais curtas que colocamos às vésperas (e que não usei nos treinos para não alertar os “inimigos”) é que tinham algum problema. Mais provável que eu tenha errado. Aos 30 anos de idade, eu ia fazer, finalmente, uma corrida pelo anel externo de interlagos. Naquele mesmo circuito onde, aos nove anos de idade, meu irmão paulo me levou em algumas voltas com seu porsche 550 Spyder, depois de um dia de treinos para os 500 km de interlagos de 1961. era a temporada de 1982 da tep – turismo especial paulista, o regional da Divisão 3 –, eu tinha um carro muito rápido, com um grande acerto de chassi feito pelo Carlão e um foguete empurrando, preparado pelo Chapa. em alguns de seus motores chegamos a tirar 152 cv de seus 1.600 cm3 . Com esse carro eu virava como os ponteiros, só que eu corria com uma Caixa 3, com relações de câmbio muito longas nas primeira e segunda marchas, o que me punha em desvantagem nas largadas. Desta vez, com a Caixa 1, com as primeira e segunda marchas mais curtas, ia pular junto e, quem sabe, viria uma vitória. Depois de perder tempo na cambiada fatídica, caí para sétimo ou oitavo e, já na segunda volta, depois de passar Amadeu Rodrigues e tide Dalessio, encostei em Élcio pelegrini, osso duro, piloto rápido e com o carro bem acertado. encostei na “fera” e nos aproximamos dos ponteiros, Ricardo Mogames e Laércio dos Santos. elcio e eu virávamos a 1m4”, o que, nos 3.208 metros do anel externo, dava uma média de 180 km/h. por duas ou três voltas ficamos assim, eu a um palmo de seu escapamento, contornando a curva 1 de pé cravado. Aí a sacanagem velada: ele apoiava o pé esquerdo no freio na entrada da curva, dizendo, depois, que era para abaixar a frente do carro, mas eu sabia que era só para tentar me desconcentrar acendendo a luz de freio. Chegávamos na curva 1 a uns 200 km/h e na curva 3 a uns 210 km/h. Lá pela quinta ou sexta volta, entrei na curva 1 grudado nele, quando, de repente, me vi olhando de frente para seus olhos! Com a fumaça e o rangido de pneus derrapando, mal tive tempo de aliviar e saí por fora, quando os ponteiros abriram ainda mais. Depois da rodada, Élcio parou e eu fui à caça. Andei muito forte, virei 1m3s alto, mas Mogames era muito rápido também. talvez tenha tirado uns 7/8 s, mas, lá pela 17ª ou 18ª volta, meus slicks da pneubrás começaram a abrir o bico. Mais uma ou duas voltas e meu motor perdeu uns 300/350 giros. Sem ter ninguém a me incomodar, no entanto, terminei em terceiro lugar. Foi uma corrida deliciosa, pé no fundo o tempo inteiro, só freava na curva 3 reduzindo para terceira e, logo após a subida, quando passava pela saída da Junção, era quarta novamente... Ah! Aquela segunda! Rui Amaral piloto de tep nos anos 80

