Tipo Barra

tipo barra investigação tipológica para construção de um instrumento crítico-propositivo para a centralidade da barra

tipo barra investigação tipológica para construção de um instrumento crítico-propositivo para a centralidade da barra

Trabalho Final de Graduação apresentado à Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia como requisito para obtenção do título de arquiteto e urbanista.

Estudante: Gabriel Dantas Orientador: Marcio Correia Campos Banca avaliadora: Maria do Socorro Fialho Silva, Cione Fona Garcia e Eduardo Carvalho

Salvador 2018

Agradecimentos Dedico este trabalho especialmente a meus pais, Nice e Marivaldo, que empenharam sua vida na minha formação como pessoa. A educação familiar que eles me transmitiram, constitui a estrutura de todas as minhas relações, transcendendo os limites dos bons ensinamentos sobre justiça, lealdade e generosidade, indo além da minha visão de mundo, da minha capacidade de ser feliz e de propagar esse sentimento.

Sou muito grato por todo amor e suporte que recebo deles. A meu irmão, Rafael - a alegria da casa agradeço por ter sido meu maior exemplo. Sempre esteve ao meu lado em todos os momentos, desde as longas tardes de sofrimento para aprender a tabuada, até o dia que lhe pedi ajuda com minha primeira calculadora cientifica. Sei que posso contar com ele.

Aos meus amigos, agradeço por todo amor e apoio. Me sinto realizado por ter feito as escolhas certas, e hoje tenho pessoas incríveis ao meu redor. Com vocês, me permito ser eu mesmo, minha versão mais autêntica e verdadeira.

Obrigado aos bons e velhos amigos da Esquerda, que me acompanharam em todas as fases, desde os tempos pitorescos do Sartre até hoje. Nossa amizade é rara, resiste ao tempo e nosso “poliamor” só cresce.

Aos amigos do “Kurvas”, agradeço por terem sido minha família durante os anos mais intensos de minha vida. Com vocês descobri o mundo - na minha busca por me conhecer, conheci vocês, meu porto seguro.

Nossa amizade é um clássico.

Dedico toda a minha gratidão também, aos amigos do “Atelier da Alegria” e do “Tititi”, por terem feito da minha jornada universitária um caminho espirituoso. Com vocês aprendi o valor da amizade verdadeira, aquela que resiste às noites em claro, sem dormir – sejam elas gastas estudando, ou festejando. Vocês estarão sempre comigo.

Aos meus chefes Cesar Lobo e Pedro Nogueira, agradeço por me acolherem e me estimularem. Sempre me senti incentivado a atingir novos patamares no caminho para o sucesso. Além disso, também sou grato pelo companheirismo e generosidade.

Agradeço especialmente também, aos meus queridos professores e amigos Márcio Campos, Cione Garcia e Zoltan Schrammel, e aos demais professores que me conduziram a minha formação. Eles me ensinaram a enxergar a arquitetura em uma nova dimensão, com a qual me conecto através dos meus sentimentos mais verdadeiros, onde me sinto capaz de atuar profissionalmente.

introdução 19

objetivos 25

a barra 29

área de trabalho 53

o estudo tipológico 63

simulações 169

considerações finais 217

introdução

íntrodução O bairro da Barra se consolidou ao longo do tempo como uma zona predominantemente residencial, sendo, inclusive, uma das ocupações urbanas mais antigas do Brasil, instaurada em 1534 - o Arraial do Pereira. Com o passar dos anos, a Vila antiga se desenvolveu e, gradativamente, se integrou ao tecido urbano de Salvador. Especialmente a partir da Segunda Guerra Mundial, o cenário residencial do bairro foi, paulatinamente, complementado com uma ampla rede de comércios e serviços, e os impactos dessa dinâmica urbana delinearam aquilo que pode ser descrito como um gradual processo de centralização da área.

No mapa 01-A, Zonas de Uso, da Lei do Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo de Salvador, de 2016, um trecho do bairro da Barra foi designado como Centralidade Municipal. Apesar de sua característica predominantemente residencial, isso foi possível em virtude de ao longo dos anos o bairro ter consolidado uma forte atração a partir dos usos referenciais de área de cultura e turismo, garantindo um destaque econômico no panorama da cidade.

A “ênfase” dada na última edição da LOUOS às quadras lindeiras às avenidas Oceânica, Almirante Marques de Leão e Afonso Celso motivou a realização deste trabalho. Compreender os fatores que fomentaram

a tomada dessa atitude e seus impactos na situação urbana da área é a inquietação que determinou a sua origem.

A mancha urbana, sobre a qual vigoram os parâmetros relativos à Zona de Centralidade Municipal do tipo 02 na Barra, corresponde a cerca de 12,6% do território do bairro. Embora relativamente reduzida, essa é uma região que recebe destaque por possuir função estruturante na cidade e por se configurar como um polo de influência regional. Exatamente por possuir dinâmica urbana e localização especial, os terrenos circunscritos nessa poligonal, possuem, desde o estabelecimento da nova lei, coeficientes de aproveitamento mais elevados A escolha dessa área como centralidade no Zoneamento da nova LOUOS de Salvador estabelece, dessa maneira, a perspectiva de transformação radical da estrutura urbana atual do local.

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ZCMU 02 da Barra

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Poligonal de estudo x ZCMU

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objetivos

objetivos gerais

objetivos específícos

Com o propósito de compreender a relevância do tipo arquitetônico na construção de “atmosferas urbanas”, busca-se desenvolver uma metodologia propositiva capaz de nortear as futuras alterações que ocorrerão no bairro da Barra, frente às novas exigências arquitetônicas fixadas no PDDU 2016 da cidade de Salvador. O instrumento foi experimentalmente empreendido em uma poligonal inserida no bairro, em um trecho de Centralidade Municipal, onde atualmente já existem indícios de transformações seguindo esses novos padrões.

Esse pressuposto norteia o presente trabalho, estabelecendo-se uma construção reflexiva acerca dos processos e agentes de ação que atuam no território.

Logo, a partir da análise da configuração urbana atual, e levando em consideração os contextos culturais, técnicos, históricos e políticos que reverberaram espacialmente nesse ambiente, almeja-se uma estratégia crítica de proposição.

• Utilizar a metodologia para discutir a proposta do PDDU para a Barra • Aprofundar o domínio da investigação tipológica como ferramenta • Compreender a relação entre cidade e arquitetura • Simular o processo de transformação urbana da Barra

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a barra

problematização A escolha da ZCMu da Barra como ambiente propositivo deste trabalho está alicerçada não apenas no interesse pela prospecção urbana de uma área relevante para a cidade, mas é motivada especialmente pela condição de “aparente abandono” e esvaziamento do local, o que contradiz com a realidade esperada para uma Zona de Centralidade Metropolitana. Mesmo após a intervenção urbanística de grande impacto, finalizada em 2015, o bairro enfrenta questões como fragmentação territorial, usos conflituosos e baixa intensidade de uso, particularmente na área apontada pelo PDDU como central.

Há um grande número de imóveis fechados ou subutilizados, o que reflete diretamente na qualidade do ambiente urbano. A sensação de esvaziamento é constante, especialmente durante a semana, e não se resume ao período noturno - como costuma ocorrer em zonas predominantemente comerciais - apesar do fluxo turístico.

Balancear as áreas destinadas ao uso turístico e de lazer com a demanda por conexões viárias nos níveis local e regional, entre as costas leste e oeste da cidade, foi, muitas vezes, objeto de estudo nas intervenções urbanísticas na Barra. A busca por esse equilíbrio ainda é uma questão sem solução na região.

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Foto pelo autor

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O cenário histórico é fundamental na compreensão das características das fases de ocupação e consolidação da Barra no panorama da cidade. Atualmente, essa é uma zona onde elementos de valor histórico e cultural convivem com as tensões imobiliárias e mercadológicas recorrentes em uma metrópole como Salvador.

Recentemente, Salvador foi escolhida como uma das sedes para realização da Copa do Mundo de 2014, o que justificou, portanto, a operação de um plano estratégico de intervenções. Nesse contexto, a Barra foi uma das áreas selecionadas para implantação de um projeto urbanístico, a fim de “modernizar” o local, seguindo a lógica da atuação com “ênfase em pontoschave” (KAUFMAN; JACOBS, 1987; LACAZE, 1993; GÜELL, 1997).

Contudo, essa alteração urbana ocorreu sem que houvesse um estudo de impacto sobre o cenário de uso e ocupação da área. A situação é ainda mais complexa, pois, o sistema viário proposto não se integra de forma adequada à malha do restante da região, além de não haver uma estratégia definida de incremento da estrutura de transporte público.

Ainda partindo do pressuposto do método de Planejamento Estratégico, a escolha das áreas de intervenção está necessariamente ligada a questões de interesse político e mercadológico. Dessa forma,

intervenções como essa visam a promover a sensação de desenvolvimento homogêneo, quando, na realidade, apenas uma pequena fração do território é diretamente atingida pela ação. Seguindo tal lógica, o bairro foi utilizado como palco para uma das intervenções urbanísticas “estratégicas” previstas para Salvador, mas essa ação não foi capaz de solucionar os problemas da região. É preciso notar que não se trata apenas de uma questão urbanística localizada, na medida em que o entendimento da esfera arquitetônica também é fundamental para que haja o real processo de qualificação.

Faixas de uso (calçadas x lazer x sistema viário e infraestrutura) - Pierre Verger, 1946

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contextualização localização

conexões

A situação geográfica da Barra reúne uma série de elementos que caracterizam suas etapas de expansão e o tipo de articulação estabelecida entre seu território e o restante da península. Esse é o único bairro da cidade que tem face tanto para o Oceano Atlântico como para a Baía de todos os Santos, exatamente por estar no vértice dessa porção territorial.

Com relação às características morfológicas do terreno, o relevo acidentado da área ajudou a definir as primeiras zonas de ocupação, nas áreas mais planas e costeiras. No caso especial da poligonal de estudo adotada, a relação que existe entre o encontro das duas costas marítimas com o Morro do Gavaza, ocupado pela Marinha Brasileira, gera um afunilamento natural da malha de conexão. Essa colina também estabelece relações de escala importantes para a área, tendo se tornado, inclusive, parâmetro arquitetônico para as construções circunvizinhas das ruas Afonso Celso e Engenheiro Milton Oliveira, endossando a limitação de gabarito.

As dificuldades para conectar as duas faces da península são enfrentadas desde os primeiros períodos da expansão sul da cidade. A criação da Avenida Sete de Setembro foi um fato importante nesse cenário. Inaugurada em 1916, durante o governo de José Joaquim Seabra, essa via pretendia conectar a região central com as novas áreas de crescimento, estendendo-se, assim, da Praça Castro Alves até o Farol da Barra.

Além do grande impacto na malha viária regional, a construção da Avenida Sete também foi idealizada na época como o símbolo de “progresso e modernidade”.

No século XIX, as cidades no mundo passaram por grandes transformações urbanísticas e arquitetônicas, motivadas especialmente pelo exemplo parisiense do plano de Haussmann.

A construção da Avenida Oceânica, já no século XX, também impactou drasticamente o quadro de mobilidade local (Barra e áreas circunvizinhas), e no panorama de toda a cidade. Esse novo eixo acelerou a ocupação do litoral leste de Salvador, conectando as pequenas vilas e fazendas litorâneas às áreas centrais urbanizadas de salvador.

Paisagisticamente, o impacto da construção da Av. Oceânica também foi bastante significativo. A abertura da via potencializou um importante cone visual que existe entre o Farol da Barra e o Atual Morro do Cristo. O direcionamento do fluxo de transeuntes e as características físicas da via, como implantação, relevo e materialidade, proporcionam essa relação visual. Tal situação favorece a observação do conjunto arquitetônico no qual está inscrita a poligonal de estudo, já que a configuração física da área possibilita a existência de pontos de visão abrangentes, mesmo em diferentes alturas e distanciamentos.

Por entender a importância desse ambiente na construção da Paisagem urbana da cidade, o PDDU de 2016 de Salvador determina que esse trecho está contido em uma Área de Proteção Cultural e Paisagística, localizada no Trecho 06 da Borda Marítima (Praia do Farol da Barra até o Antigo Centro Espanhol).

Nesse sentido, tem-se o seguinte:

Na década de 1960, outro importante eixo viário foi estabelecido na área: a Av. Centenário, idealizada durante a execução do primeiro plano urbanístico moderno de Salvador, elaborado pelo EPUCS (Escritório do Plano de Urbanismo da Cidade de Salvador). A implantação dessa avenida de vale teve grande impacto na organização espacial da área. A Centenário ligou a Barra a outros corredores viários de vale, aumentando assim a acessibilidade a permeabilidade na região.

O crescimento do volume e intensidade do fluxo de pessoas impulsionou o processo de solidificação do cenário comercial na área. O Shopping barra, construído anos depois nessa avenida, na década de 1980, foi um marco desse movimento.

Segundo o Mapa 04 (Sistema Viário) do PDDU 2016 de Salvador, a Av. Centenário e a Av. Oceânica ainda são as principais vias arteriais responsáveis por integrar essa região com a malha municipal. A Av. Sete de Setembro também tem papel fundamental nessa articulação, viabilizando a integração da Barra com as zonas centrais.

Art. 126 §5º O Sistema de Áreas de Valor Ambiental e Cultural – SAVAM é constituído por conjunto de espaços de relevante interesse e qualidade ambiental e pelo conjunto de edificações de valor histórico, arquitetônico e paisagístico, configurando-se como marcos referenciais da cidade, compreendendo também parques e praças para o convívio da população.

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aspectos econômicos e demográficos Dados extraídos do Atlas do Desenvolvimento Humano nas Regiões Metropolitanas Brasileiras, realizado pelo IPEA, em 2014, e do IBGE, no Censo 2010, evidenciam as características censitárias da região. A zona possui uma população de 20.387 habitantes, o que corresponde a 0,83% da população de Salvador; concentra 1,04% dos domicílios da cidade, estando 25,28% dos seus chefes de família situados na faixa de renda mensal de mais de 20 salários mínimos. À área avaliada também se atribuiu um valor de IDH classificado como muito alto.

Apesar de haver diferenças entre o recorte geográfico escolhido por essas instituições de pesquisa, para efeito de amostragem, e o universo estabelecido para estudo e proposição deste trabalho, esses dados são de grande importância na análise do contexto em que a área está inserida. Dessa forma, tais informações podem ser compreendidas como “variáveis próxi”, já que guardam relação de pertinência com o objeto analisado.

Economicamente, a prestação de serviços hoteleiros se mostra bastante expressiva na área, o que também repercute diretamente nos atributos arquitetônicos das edificações e nas diretrizes urbanísticas, além de justificar a implantação de redes hoteleiras e de serviços especializados voltados para o atendimento

mapa viário 38

da “população flutuante” (turistas). Essa movimentação urbana especial é marcada pelas temporadas de interesse turístico. O impacto desse ciclo de ocupação é um dos fatores que mais influenciam nas estratégias públicas e privadas de intervenção na Barra. Durante o verão ocorre o pico nas taxas de ocupação dos hotéis e apartamentos para aluguel, e o auge desse período se dá durante a realização do Carnaval, já que essa zona está inserida no circuito oficial da festa.

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intervenções e tendências O trabalho produzido pela OCEPLAN (Orgão Central de Planejamento), em 1981, para fins de determinar as diretrizes urbanísticas da ocupação da Orla de Salvador da Barra à Amaralina, já denotava o interesse em potencializar o cenário de usos e ocupação da área.

Dentre os bairros compreendidos pela poligonal de estudo desenvolvida pelo órgão, a Barra já se destacava como sendo o único que apresentava porcentagem de uso residencial inferior a metade do total de edificações (49,8%), havendo, portanto, uma presença expressiva de comércios, serviços e instituições.

Ainda no diagnóstico feito pela equipe de planejamento na década de 1980, é possível notar uma conformação urbana pouco alterada quanto à expectativa de ocupação prevista para os lotes da área. Com relação ao gabarito, a predominância era de edificações com apenas um pavimento (48 %), o que ajudou a definir a ocupação da orla nesse período como eminentemente horizontal. Em tal contexto, considerando as “características favoráveis à habitação e ao lazer”, o trabalho realizado pelo Órgão de Planejamento tinha como intuito indicar as áreas onde se deveria estimular a verticalização e o uso recreativo nesse trecho da orla de Salvador. A última ação de urbanização fomentada pela Prefeitura Municipal de Salvador na área ocorreu

entre 2013 e 1015. Os logradouros diretamente envolvidos na intervenção foram: Av. Oceânica, Av. Sete de Setembro, Av. Almirante Marquês de Leão, Rua Afonso Célso, Rua Marquês de Caravelas, Rua Cezar Zama, Rua Barão de Itapoan, Rua Barão de Sergy e Rua do Forte de São Diogo.

O projeto desenvolvido para esse trecho do bairro visou a implementação de novas tecnologias e conceitos, até então pouco empregados no campo da estruturação urbana em salvador. As alterações mais relevantes estão ligadas às estratégias de mobilidade e desenho urbano. O piso intertravado compartilhado entre pedestres e veículos potencializa o uso dos transeuntes, redimensionando as possibilidades de apropriação física do espaço público, tradicionalmente reproduzidas na cidade. Esse sistema conta com sinalizações luminosas em relevo no piso, paginações distintas que auxiliam na definição das regiões de fluxo e piquetes proibitivos para restringir o acesso de automóveis em certos locais.

Com relação às alterações ocorridas no PDDU e na LOUOS entre os anos de 2008 e 2016, destaca-se o crescimento significativo do potencial construtivo na área, pautado, inclusive, em alterações no gabarito máximo que agora permite a construção de edifícios 40

com até 75m na zona de borda marítima contida na poligonal de estudo – frente à altura máxima de 36m determinada na LOUOS de 2012 do município. Ao analisar a combinação desses fatores, é possível prever o movimento de alteração da estrutura urbana e arquitetônica do local. Para alcançar os níveis máximos de aproveitamento e gabarito, é necessário que haja a aglutinação de terrenos, o que significa a compra e demolição em média e larga escala de imóveis. Esse é, portanto, um forte indicativo do processo de alteração tipológica que já está ocorrendo.

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histórico

mapa de gabarito para borda atlântica - LOUOS 42

Os primeiros registros de ocupação da área hoje correspondente ao bairro da Barra confirmam que, desde o princípio, esse era um local com uma dinâmica própria, apesar de sua conexão com o centro político e econômico de Salvador. O processo de vinculação entres essas nucleações apenas se intensificou após a construção da Av. Sete de Setembro (1916). No entanto, desde a fundação da cidade de Salvador (1549), existia uma atenção especial com relação à importância estratégica dessa área para a defesa do território, por ser considerada a porta de acesso para as embarcações que adentravam a Baía de Todos os Santos. É pertinente afirmar que havia diferenças significativas entre o tipo de construção realizada na região central de Salvador e a arquitetura praticada na Barra.

Ainda que existissem semelhanças nas tecnologias construtivas e no método de parcelamento do solo - como lotes longilíneos, típicos da arquitetura colonial brasileira - a condição menos adensada do tecido urbano proporcionou o surgimento de uma expressão arquitetônica específica. Nessas circunstâncias, era mais comum identificar casas com recuos e quintais generosos, por exemplo. Essa situação ainda repercute na espacialização atual da área, especialmente na zona de estudo, onde ainda há resquícios dos primeiros períodos ocupacionais.

Espacialmente, esse movimento de ocupação residencial na região ocorreu a princípio na Ladeira da Barra, no Porto da Barra e nas redondezas do Forte de Santo Antônio da Barra (Farol) - local da poligonal de trabalho. No interior do bairro, as primeiras residências foram erguidas nos loteamentos Bosque da Barra, Quintas da Barra, Alameda da Barra, Barra Avenida e, por último, surgiram o Chame-Chame e os loteamentos do Morro Ipiranga e Jardim Brasil.

A consolidação do bairro como uma zona central, motivou o surgimento de novos equipamentos de grande porte e de abrangência regional, com a finalidade de atender às necessidades das novas classes média e alta urbanas de Salvador. A fundação dos clubes Associação Atlética da Bahia, Clube Bahiano de Tênis e Yacht Club da Bahia, significou a instituição de mais uma fase ocupacional da Barra. Outros equipamentos também foram relevantes na caracterização desta dinâmica, como os hospitais Português e Espanhol, por exemplo.

No início do século XX, a Barra ganhou destaque por se tornar o principal destino de veraneio da burguesia baiana. Os aspectos naturais favoráveis, como a balneabilidade das águas calmas da região, e a facilidade de acesso com relação às áreas centrais da cidade, foram fatores que estimularam esse tipo de dinâmica.

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marcos arquitetônicos na história da ocupação da área Para fins deste trabalho, é considerado polo de influência o edifício que exerce grande impacto na dinâmica da área onde está inserido, seja pela relevância sociocultural de suas atividades, ou mesmo pela motivação estética, funcional e espacial que essa edificação é capaz de desempenhar no contexto arquitetônico e urbanístico ao qual pertence. Seu “raio de abrangência” no território e o período histórico em que estabelece maior relação de influência no ambiente físico-social são determinantes na avaliação de seus efeitos e significados no cenário urbano. Ao longo dos anos, diversos polos de influência sugiram na Barra, mas alguns deles são especialmente marcantes na definição de seu ordenamento territorial.

O Forte Santo Antônio da Barra, construído em 1596, pode ser considerado o primeiro vetor de desenvolvimento da Barra, já que atraiu notoriedade para a região e ressignificou o cenário de áreas de expansão da cidade – pois, nesse período, o planejamento urbano estava diretamente relacionado à capacidade de defesa contra invasores. Esse fato também implicou avanços na urbanização, buscando facilitar a conexão viária entre o forte e o centro da cidade.

Já no século XX, o edifício Oceania, igualmente localizado no vértice da península, em frente ao Forte Santo Antônio da Barra, também pode ser entendido como um dos balizadores importantes para a definição dos padrões arquitetônicos e urbanísticos da área. Inaugurado em 1942, o Oceania é um dos maiores representantes do estilo Art Decó na Bahia, se estabelecendo como um novo parâmetro arquitetônico, não só para a região onde foi edificado, mas também se tornando referência de expressão habitacional de luxo na cidade.

Em sua dissertação de mestrado (2002), Juliana Cardoso Nery destaca o peso simbólico da verticalização frente à valorização e multiplicação da terra urbana.

Essa prática, portanto, está intimamente relacionada à especulação imobiliária e ao processo de construção de núcleos modernos dentro do contexto da cidade.

Sob esta ótica, o Edifício Oceania, bem como o seu contemporâneo Edifício Barralândia (situado na Rua Dr. Artur Neiva), representa o intuito de delinear um novo padrão ocupacional da área.

O Oceania possui doze pavimentos e 48 apartamentos, com dois, três e quatro quartos, distribuídos quatro por andar, em torno de um átrio central. Cinco elevadores fazem a articulação vertical. Os quatro primeiros 44

andares, no entanto, possuem destinação comercial e, a princípio, eram ocupados por um cassino – símbolo de entretenimento para a alta sociedade da época.

Esteticamente, a edificação se destaca pelo aspecto robusto e geométrico, característico do estilo Art Decó, com influências modernas e cubistas, mas especialmente pelo impacto que causa na paisagem, por ser um dos únicos nesta faixa de ocupação que excede a média de gabarito.

Além do mais, o Oceania também não possui recuos, o que reafirma seu aspecto denso. Em conjunto, tais elementos afirmam a característica atipológica do Oceania, desde a época de sua construção até os dias de hoje. É possível afirmar que a estética, a escala e o tipo de implantação optados para o edifício Oceania conotam a intenção de continuidade, sugerindo as características que edificações circunvizinhas deveriam ter a partir de então – o que não ocorreu como esperado. Sua construção, na realidade, levantou o questionamento quanto à importância do estudo de impacto visual X gabarito em certas zonas da cidade.

Apesar das polêmicas relativas ao grande impacto negativo da edificação na paisagem urbana, suas características arquitetônicas foram reconhecidas como um bem histórico e cultural para a sociedade e, por esse motivo, o Oceania foi tombado pelo IPAC em 2008.

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Avenida Oceânica, ao fundo o Farol da Barra Fonte: blogs.ibahia.com

Edf. Oceania - década de 1950 Fonte: www.salvador-antiga.com

Av. Oceânica - 1930 Fonte: www.salvador-antiga.com

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O shopping Barra, construído em 1987, também pode ser apontado como um dos principais vetores de desenvolvimento da área, tendo em vista que sua construção implicou, inclusive, uma alteração drástica no padrão ocupacional de seus arredores.

O centro comercial se destaca graças à sua escala e amplitude de abrangência, por se tratar do maior e mais diversificado equipamento dessa natureza em um raio de 7km. O shopping está incluído pela LOUOS de 2016 na Zona de Centralidade Municipal da Barra e é um dos principais polos de influência que estruturam essa centralidade.

Av. Oceânica - início dos anos 50 Fonte: www.salvador-antiga.com

Construção da Av. Oceânica - 1914 Fonte: www.salvador-antiga.com

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Farol da Barra antes da construção do Edf. Oceania.

Fonte: tallshipbahia.blogspot.it

Vista Oceania - anos 40 Fonte: www.salvador-antiga.com

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รกrea de trabalho

delimitação da área de estudo A área delimitada possui 101.234m² e é composta pelas vias: Rua Afonso Celso, Av. almirante Marques de Leão, Av. Oceânica, Av. Sete de Setembro, Rua dias D’Ávila, Rua Dom Marcus Teixeira, Rua Alfredo Magalhães, Rua Professor Lemos Brito, Tv. Marques de Leão, Rua Marquês de Caravelas e Rua Francisco Otaviano.

Apesar de representar apenas uma pequena parcela do território total do bairro, essa zona possui aspecto bastante heterogêneo, adensando os usos comercial, residencial, institucional, de serviços e de lazer.

Analisar o comportamento urbano de uma área dessa natureza, que historicamente sofre grandes alterações em sua estrutura, demandou a escolha de métodos capazes de ponderar a complexa relação que existe entre as características individuais de cada uma das edificações e o desempenho conjunto delas no meio urbano através do tempo. Dessa forma, a definição da poligonal também está diretamente relacionada à ótica adotada para o trabalho como um todo, já que nessa circunstância, cada edifício fornece insumos técnicos para a fundamentação do estudo.

Tendo em vista o quarto “elemento referencial” indicado no Art. 126 – a Rede Estrutural de Centralidades –, a

definição do recorte de amostragem para realização do estudo tipológico está vinculada ao interesse de interpretar a constelação urbana especial de uma área dessa natureza e avaliar os efeitos dos itens influentes para o estabelecimento do tipo arquitetônico.

O primeiro fator decisivo para a definição da poligonal foi a delimitação da Zona de Centralidade Municipal do PDDU de Salvador para a Barra. Com base nisso, outros aspectos de natureza físico-espacial e arquitetônicos foram levados em consideração no ajuste dos limites da área de interesse.

A área definida encontra-se geograficamente posicionada no trecho plano localizado entre o Morro do Gavaza, o Oceano Atlântico e a Bahia de Todos os Santos. Urbanisticamente, essa área está estruturada em três linhas de quadras paralelamente alinhadas em relação ao eixo natural da borda atlântica.

Os imóveis foram pré-avaliados, a fim de encontrar um universo de estudo coeso, constituído por edificações que partilhassem de um mesmo âmbito de elementos qualitativos, objetivando evitar distorções nos dados encontrados.

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mapa da poligonal de estudo

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mapa das quadras levantadas

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uso do solo/gabarito Dados do Sistema Municipal de Informação de Salvador, obtidos pelo IBGE no ano de 2009, mostram que a densidade ocupacional na Barra está numa faixa classificada como média-alta, onde há entre 10.000 a 20.000 habitantes por km².

Atualmente, há predominância de edificações com dois a cinco pavimentos. Cerca de 50% dos imóveis são de uso comercial ou serviço, 17% são de uso comercial e serviço simultaneamente (misto 01) e 16% são de uso comercial e residencial simultaneamente (misto 02).

mapa do gabarito atual 58

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legislação incidente Além de apresentar grande diversidade de usos, a área recebe destaque no PDDU 2016 de Salvador, por ser considerada um Zona de centralidade Municipal do tipo 02, o que implica índices de aproveitamento relativamente elevados, como CAB 1,5 e CAM 3,0, ocasionando uma perspectiva de mudança radical na configuração urbana atual. (Calcular os índices médios atuais) Com relação ao gabarito permitido, a poligonal está inteiramente contida no limite estabelecido para Área de Borda Marítima e sofre incidência de três parâmetros diferentes para determinação da altura das edificações, de acordo com a proximidade com o mar.

As faixas de 36, 45 e 60m de altura correspondem, respectivamente, ao primeiro, segundo e terceiro alinhamento de quadras em relação à face para o Oceano Atlântico. O relevo plano da área permitiu a implantação homogênea desses fatores apenas em função do eixo de implantação das quadras da orla.

O Plano de Desenvolvimento Urbano determina que o Sistema de Áreas de Valor Ambiental e Cultural e as redes hídrica, viária, de transporte coletivo e de centralidades, são os cinco Elementos Estruturadores

mapa de usos

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do Território. O SAVAM (Mapa 07) do PDDU 2016, evidencia que a poligonal de estudo está inscrita em uma região entendida como Área de Proteção Cultural e Paisagística (APCP), além de estar inteiramente contida nos limites da área de borda Marítima. Logo, com base nessa contextualização, pode-se entender a importância desse trecho urbano para a composição histórica, cultural e paisagística da cidade.

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o estudo tipolรณgico

objetivos Visando a entender os “sistemas funcionais geradores do espaço urbano”, no contexto da cidade como uma estrutura espacial, Aldo Rossi descreve, em seu livro Arquitetura da Cidade, os elementos essenciais para a constituição da morfologia urbana. Nessa circunstância, o Tipo é considerado pelo autor “uma constante que recebe influência da técnica, da função, da estética, do caráter coletivo e do momento individual do fato arquitetônico”. Ainda em correspondência com os pensamentos de Rossi acerca do Tipo, a área de estudo é compreendida também como um elemento qualitativo e “sua unidade é dada fundamentalmente pela história, pela memória que a cidade tem de si mesma” Assim, o estudo tipológico realizado nesse trabalho almeja estabelecer um paralelo entre os elementos estruturadores do espaço urbano, também idealizados por Rossi, e o conceito determinado pelo Art. 126 da Lei Nº 9.069/2016 (PDDU do município de Salvador) para esses mesmos elementos que constituem e articulam o território da cidade. A lei dispõe o seguinte:

Art. 126. Os Elementos Estruturadores são os eixos que constituem o espaço urbano referencial de Salvador, compreendendo elementos referenciais do sítio natural e do tecido urbano, com características diferenciadas, que permitem alcançar melhor coesão e fluidez entre suas partes, bem como maior equilíbrio entre as áreas construídas e os espaços abertos, compreendendo: I - Rede Hídrica Estrutural; II - Rede Viária Estrutural; III - Rede Estrutural de Transporte Coletivo; IV - Rede Estrutural de Centralidades; V - Sistema de Áreas de Valor Ambiental e Cultural (SAVAM).

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FICHA DE ESTUDO TIPOLÓGICO - BARRA Número do imóvel: Posição do lote na rua:

Rua:

Data:

USO E OCUPAÇÃO

procedimentos Desenvolvimento da ficha de estudo Tipológico A escolha dos itens para a composição da ficha de avaliação do Tipo das edificações guarda relação com o entendimento prévio, a partir de visitas preliminares ao local. Cada um dos elementos elencados visa a abranger características que genericamente expressam noções de forma, tempo, escala, uso e ocupação, dentre outros atributos que, em conjunto, conotam a arquitetura do lugar, compondo assim um quadro analítico que elabora uma tipologia local.

 Tipo de uso

Residencial

 Número de pavimentos

Residencial

Serviço

Comércio

Misto 01*

Serviço

Comércio

Misto 02*

 Área permeável (%)

Não

Até 20%

Acima de 20%

 Recuo frontal

Não

Sim

Usado como estacionamento

 Recuos laterais

Não

apenas uma lateral

Recuo em ambas as laterais

UNIDADE COMERCIAL/SERVIÇO  Acesso compartilhado (Auto/pedestre)

Não

01 acesso

02 acessos

Acima de 02 acessos

 Número de vagas de estacionamento

Não se aplica

Até quatro vagas

Acima de quatro vagas

 Pé direito:

01 unidade

02 unidades

Acima de 02 unidades

 Mezanino

Sim

o

Número de acessos

Sim

 Altura em relação ao nível da rua  Letreiro

Não

Nível da rua

Até 1m

Plano (simples)

Acima de 1m

Em relevo na fachada Perpendicular à fachada

 Número de sub unidades por pav UNIDADE HABITACIONAL  Acesso de pedestre e auto. comp. o

Número de acessos

Sim

Não

01 acesso

02 acessos

Acima de 02 acessos

 Circulação vertical o

N° de torres de circulação

o Posição no lote:

canto

meio

lateral

 Garagem

Não

subterrânea

Em nível na proj. do edifício

 Vagas de estacionamento

Não

Até quatro vagas

Acima de quatro vagas

Radial

Outros

Até de 30%

Até 50%

Acima de 50%

Não

-Sim

 Tipo de planta

“H”

FACHADA  cheios e vazios (% vazios) o

Fachada cega

 Há barreira física?

Muro de Alvenaria

Grade metálica

Corrente e piquetes

Não se aplica

Até 1,5m

Acima de 1,5m

 Telhado aparente?

Não (plat. ou laje)

Telha cerâmica

Telha metálica ou cimentícia

 Revestimento predominante

Tinta sobre reboco

cerâmico

vidro

o

Altura do muro

*Usos mistos: tipo 01- residencial+comércio; tipo 02 – comércio+serviço

66

67

não

transcrição digital das fichas de estudo tipológico (para somatório) Após o preenchimento in loco das fichas individuais para cada imóvel, foram digitalizados os somatórios de dados, usando para isso o software Excel.

Ficha do estudo tipológico do imóvel 01

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Ficha do estudo tipolรณgico - somatรณrio da quadra 01 Anรกlise interpretativa das fichas de estudo tipolรณgico - quadra 01

70

71

análise crítica das informações compiladas No total, foram estudados 177 imóveis em 16 quadras.

Os gráficos 1-26 foram confeccionados para melhor visualização do somatório e interpretação dos dados.

Tal etapa foi fundamental para o processo de síntese interpretativa.

unidade comercial e serviço

uso e ocupação

72

73

unidade habitacional

fachada

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75

As edificações foram individualmente analisadas e agrupadas por quadras, o que permitiu avaliar os dados em diferentes esferas de aproximação. Esse sistema de organização viabilizou, portanto, o estudo do tipo quadra a quadra e, posteriormente, em uma segunda filtragem, a visão geral do tipo para toda a poligonal.

76

mapa de cheios e vazios

77

mapa de recuos laterais

78

mapa de empenas cegas

79

escolha dos imóveis-modelo para intervenção Com a obtenção dos dados, foram definidas as estratégias de análise. A princípio, cada quadra foi considerada como um universo de estudo isolado.

Dessa forma, elencou-se um Tipo por quadra, o que, consequentemente, também permitiu identificar os imóveis que divergiam do padrão tipológico da quadra.

80

mapa de imóveis atipológicos por quadra

81

Em uma segunda abordagem, foram localizados os únicos dois imóveis genericamente tipológicos no contexto de toda a poligonal, e, ao identificá-los, foi possível validar o padrão já constatado. Essa experiência preconizou a reavaliação dos parâmetros utilizados para definição do próprio tipo, e, com isso, notou-se que, flexibilizando a aplicação de três variáveis da ficha de estudo, o número de edificações englobadas no universo de intervenção subiria de dois para vinte e dois. As variáveis em questão são estas: • Recuo frontal: predominantemente existente, porém não utilizado como estacionamento. Com a flexibilização adotada, também foram incluídos na segunda filtragem os imóveis que possuíam recuo frontal utilizados como estacionamento.

• Altura em relação ao nível da rua: há predominância de edificações implantadas no nível da rua, contudo, com a flexibilização desse fator, os imóveis implantados em cotas com até 1m de altura em relação ao nível da rua também foram incluídos no grupo.

• Número de acessos: há predominância de imóveis com apenas um acesso, no entanto, foram incluídas as edificações com até dois acessos.

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sistema de informação geográfica criação do banco de dados Considerando a complexidade dos dados coletados e as divesas possibilidades combinatórias de análise no processo de transcrição das fichas físicas para um modelo digital geoespacializado, foi necessário resgistrar a informação em softwares com tecnologia GIS. Os programas utilizados nesse procedimento foram o ArcGIS e o QGis. Essa etapa possui importância fundamental na interpretação e propagação dos resultados do Estudo Tipológico. As ferramentas de geoprocessamento contidas nesses softwares permitem cruzar entre si as informações obtidas, além de fazer intersecções com outros dados públicos também georeferenciados, como os dados contidos nos mapas da LOUOS e do PDDU de Salvador, por exemplo.

O manuseio, através de superposição de layers de informação, permitiu uma articulação mais ágil entre os dados e, consequentemente, um acesso mais imediado. O processo de digitalização da metodologia está diretamente relacionado à otimização da logística de trabalho e facilitação da visualização.

Após a utilização dessas ferramentas na elaboração

do conteúdo, buscou-se uma maneira de disseminar livremente essas informações por via de uma interface acessível. Por tal motivo, os dados foram exportados em formato compatível com a plataforma Google Earth, podendo ser acessados de forma rápida e interativa em qualquer lugar do mundo.

mapa de imóveis tipológicos 90

91

Interface de utilização do software Arcgis – Mapa base

Interface de utilização do software Google Earth –Acesso ao Estudo Tipológico

92

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levantamento fotográfico Além do processo analítico através de dados abstratos, o estudo tipológico fez uso do levantamento fotográfico como registro qualitativo da área estudada.

O procedimento precisou ser realizado de forma bastante específica. As fotos foram realizadas em 12 etapas, em horários do dia que permitissem iluminação adequada e menor fluxo de automóveis e pedestres, visando a evitar interferências. As imagens foram tratadas e corrigidas durante o processo de montagem dos perfis das ruas para tornar as edificações o mais próximo possível de sua expressão real (verdadeira grandeza, implantação, cor, textura e sombreamento), a fim de impedir as distorções óticas naturais decorrentes do processo de fotografia.

Plasticamente, o resultado da composição de imagens se aproxima da estética atual do local, seja em sua diversidade de cores e texturas, ou pelo aspecto retaliado, desvalido e, acima de tudo, esvaziado da área. As imagens são, portanto, capazes de transmitir simultaneamente informações técnicas ligadas às características dos materiais - suas propriedades e estado de conservação –, bem como noções relativas à ambiência, como proporção, atmosfera e iluminação.

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QUADRA 1

2

2

1

1 96

97

QUADRA 1

4

3 4

3

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QUADRA 2

1

1 2

2 100

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QUADRA 2

3

4 3

4 102

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QUADRA 3

2

2 1

1

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QUADRA 3

3

4 3

4

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QUADRA 4

2

2 1

1

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QUADRA 4

3

4 3

4 110

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QUADRA 5

2

2 1

1 112

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QUADRA 5

3

4 3

44 114

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QUADRA 6

1 2 1

2 116

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QUADRA 6

4

4

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QUADRA 7

2

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QUADRA 7

3

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4

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QUADRA 8

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2

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QUADRA 8

3

4 3

4 126

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QUADRA 9

2

2

1

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QUADRA 9

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QUADRA 10

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QUADRA 10

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QUADRA 11

2

2 1

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QUADRA 11

3

3

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QUADRA 12

1

1

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QUADRA 12

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2

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QUADRA 13

2

2 1

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QUADRA 13

3

3

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módulo e ritmo Da confluência entre a produção fotogramétrica e os dados levantados nas fichas de estudo tipológico foi derivada a análise do módulo e do ritmo das fachadas.

Esses foram fatores identificados de forma bastante sensível.

No eixo horizontal, a tática para obtenção dessas variáveis baseou-se especialmente na proporção existente entre o número de vagas de estacionamento (perpendiculares à fachada, quando havia) e o número de passos necessários para a construção de cada fotografia. Após diversas tentativas, finalmente foi possível constatar que a distância adequada para a realização de cada uma das fotos, deveria ser de quatro em quatro passos largos. Dessa forma, as fachadas se encaixaram com mais precisão e com níveis menores de distorção. Quatro também foi o número de vagas de estacionamento mais recorrente por lote (nas edificações que possuíam esse tipo de equipamento).

No eixo vertical, a avaliação foi realizada de maneira mais pragmática, levando em consideração características físicas nítidas das edificações, como pé direito, número de pavimentos e distribuição dos usos, por exemplo. A proporção das aberturas e a gradação que existe em seus tamanhos no nível da rua ao topo do edifício também foram consideradas.

160

Ao final desse processo, o levantamento fotográfico se mostrou uma ferramenta muito rica dentro da metodologia de estudo tipológico. As imagens surpreenderam especialmente por permitirem uma visão inusitada das fachadas e da composição formal entre elas. O grande salto qualitativo também se deve ao aumento na precisão da percepção de escala, da relação entre os elementos construtivos, do conjunto de cheios e vazios e da composição de cores.

161

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165

análise volumétrica da estrutura física O estudo de massas também foi umas das ferramentas gráficas de análise, sendo desenvolvido em paralelo com o levantamento fotográfico, já que ambos conformam para a mesma vertente de avaliação. Esse estudo possibilitou identificar as correspondências que há entre as edificações sob a perspectiva do conjunto urbano, para além das características individuais de fachada.

O procedimento foi essencial nas definições projetuais, já que além de viabilizar uma visão global do espaço, facilitou o reconhecimento dos elementos modulares (especialmente no eixo vertical), que também foram utilizados na elaboração dos estudos.

Estudo volumétrico dos imóveis tipológicos

166

167

simulações

Propostas experimentais de intervenção Três unidades contidas no grupo de imóveis tipológicos foram repropostas à luz dos elementos identificados como conformadores tipológicos obtidos ao longo deste estudo. Essas edificações possuem características especiais, como localização, implantação e relação com os vizinhos, que permitem explorar soluções para as situações mais recorrentes ou críticas encontradas na área de estudo. Dessa forma, as decisões técnicas e formais adotadas para a realização de tais propostas podem ser incorporadas no processo de alteração arquitetônica que já existe na Barra e que se intensificou com o lançamento das novas diretrizes do PDDU 2016 de Salvador.

Na prática, as decisões foram oriundas da análise tipológica, mas também balizadas pelas especificações do Plano Diretor para essa área de centralidade. O Capítulo III da Lei Nº 9.069/2016, referente à Ocupação Incentivada e/ou Condicionada, possui algumas determinações importantes, que foram seguidas em todas as três propostas. Os artigos mais relevantes para os estudos propostos foram estes: Art. 106. Como incentivo à adoção de fachada ativa, não serão computadas, para efeito do cálculo do coeficiente de aproveitamento, além das áreas relacionadas no art. 82, as áreas construídas do 170

pavimento térreo correspondentes às unidades com fachada ativa, nos termos do art. 100 desta Lei, desde que não ultrapassem os seguintes limites: a) 70% (setenta por cento) da área do lote nas zonas de uso ZCMe, ZCLMe, ZCMu e ZCLMu; (...)

Art. 107. Como incentivo à adoção de áreas de fruição pública, será acrescido gratuitamente ao potencial construtivo do terreno, desde que respeitado o coeficiente de aproveitamento máximo – CAM, o equivalente a: I - 100% (cem por cento) das áreas destinadas à fruição pública, desde que sejam áreas livres externas contínuas, nas zonas de uso ZCMe, ZCLMe, ZCMu e ZCLMu; (...)

Art. 111. Nos termos do art. 275 do PDDU, nos imóveis inseridos na Área de Borda Marítima – ABM, como incentivo à regeneração urbana por meio da substituição de edificações deterioradas, é permitido superar o limite de gabarito em até 50% (cinquenta por cento) daquele estabelecido no Mapa 03 do Anexo 02 desta Lei, mediante pagamento de contraprestação financeira por utilização de parâmetro mais permissivo, ouvida a Comissão Normativa da Legislação Urbanística, após manifestação do órgão competente do Executivo de que

elementos de fachada, por exemplo, mostrou-se bastante recorrente, o que se refletiu no produto final destas propostas. As medidas também foram cuidadosamente estudadas, pois buscou-se encontrar um equilíbrio entre as definições da Lei e as proporções tipológicas.

não haverá prejuízo urbanístico, nas hipóteses em que a intervenção proposta: I - promova a requalificação das áreas públicas lindeiras ao lote, visando à transformação urbanística ambiental, considerando ainda os aspectos sociais inerentes ao projeto; II - confira melhor aproveitamento ao lote, com a utilização de, pelo menos, o potencial construtivo básico do imóvel; III - resulte em demolição total, parcial ou em alteração do uso existente, de modo a atender a função social da cidade. (...)

Art. 112. Nas zonas de uso ZCMe, ZCMu, ZCLMe e ZCLMu, a observância do recuo de frente para o volume da edificação será dispensada na hipótese em que houver a doação de área para alargamento da calçada pública, a fim de que esta passe a ter a largura mínima de 5m (cinco metros), observando que: I - nas zonas de uso ZCMe e ZCLMe, o alargamento do passeio público será obrigatório; (...)

Outros dados que não foram sistematizados através da ficha de estudo, mas sim pela apreensão presencial e análise fotográfica, também foram levados em consideração nesta etapa. A horizontalidade dos 171

1

Localização das edificações S1, S2, S3

172

2

2

173

simulação 01

s1

Imóvel 01: atualmente, encontra-se em reconstrução, tendo sido parcialmente demolido. Esse imóvel está subdividido em duas unidades de uso comercial/serviço com acessos independentes - um deles exclusivamente acessado pela Rua Afonso Celso e outro através da Rua Marques de Leão. Apesar de essas unidades estarem associadas por uma única estrutura física, elas ocupam um terreno que corresponde a dois lotespadrão unificados e apresentam total independência estética e funcional.

Buscando atender à exigência por “elementos qualificadores do espaço público”, evidenciados no PDDU da cidade e especialmente desejados para áreas de centralidade, esse local foi escolhido para a implantação de uma área de fruição pública. Por outro lado, na intenção de atender aos requisitos tipológicos, a concepção formal dessa nova edificação foi alicerçada na manutenção da autonomia estética de cada “unidade modular”, mesmo que integradas através de seus interesses e demandas.

A estratégia adotada, portanto, utiliza a própria fruição pública como elemento distribuidor do espaço e dos volumes construídos. O eixo de fluxo possui um desvio que enfatiza a existência dos módulos, além de possibilitar uma experiência de uso condizente com a

realidade urbana do lugar, gerando dois cones visuais independentes, mas conectados pela trajetória.

175

IMÓVEL 1

Localização da edificação S1

176

177

Planta simulação S1

Simulação S1

181

simulação 02

s2

Imóvel 02: Trata-se de um dos imóveis “genuinamente tipológicos”, atendendo a todos os requisitos de recorrência, até mesmo nas proporções de seu lote.

Nesta proposta, o maior desafio foi encontrar o equilíbrio entre o tipo de recuo lateral – na busca pelo conforto térmico e paisagístico nas unidades residenciais – e o total de área de exposição da unidade comercial que possui Fachada Ativa. A decisão por um único recuo, que corresponde a cerca de 40% da testada do lote, atende às necessidades da fachada ativa (que deve ocupar pelo menos 60% da testada, segundo a lei 9.069/2016). Por outro lado, essa decisão, também adotada por 22% dos imóveis da área de estudo, garante uma distância mínima suficiente para que haja ventilação e iluminação na fachada lateral que contém as aberturas dos cômodos de longa permanência.

183

IMÓVEL 2

Localização da edificação S2

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Planta simulação S2

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Simulação S2

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Imóvel 03: Tal imóvel também apresenta todas as características necessárias para ser considerado “genuinamente tipológico”. Todavia, o que o diferencia do imóvel 02 é sua posição, na esquina da quadra. Essa realidade possibilita maior variedade de implantação mantendo o grau de qualidade ambiental desejado.

simulação 03

s3

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IMÓVEL 3

Localização da edificação S3

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Planta simulação S3

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Simulação S3

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Fachada frontal quadra 10

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Fachada posterior quadra 10

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Fachada frontal S3

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Fachada lateral S3

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Perspectiva 01 - quadra 10

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Perspectiva 02 - quadra 10

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Perspectiva 03 da quadra 10

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Perspectiva 01 - quadra 05

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Perspectiva 02 - quadra 05

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215

consideraçþes finais

conclusão Este trabalho é resultado da sobreposição de diversas camadas de informação, em diferentes escalas, e de seus desdobramentos. Desde a coleta de dados até a elaboração experimental de modelos de filiação tipológicas para as futuras intervenções na Barra, todas as etapas do estudo buscam articular a realidade socioespacial atual da área com as expectativas estabelecidas pelo novo PDDU. Nesse processo de assimilação das características materiais e imateriais do conjunto edificado, para retroalimentação de um instrumento de produção arquitetônica, o estudo tipológico se mostrou uma ferramenta eficiente.

Definir as escalas de aproximação ao objeto estudado foi essencial para o desenvolvimento do trabalho.

O movimento de aproximação e distanciamento dos dados, para análise individual e em massa das edificações, permitiu abranger um maior número de possíveis situações. As informações foram obtidas e vinculadas de forma pragmática, mas a análise delas transpassa o campo subjetivo, tornando-as sujeitas ao entendimento do pesquisador e a suas experiências pessoais de apreensão.

O estudo tipológico como instrumento criticopropositivo foi capaz de revelar as constantes morfológicas e espaciais que organizam a área desde

o momento de sua primeira urbanização. Dessa forma, dentro dos paramentos extraídos do estudo, como módulo, ritmo, escala e materialidade, é possível chegar aos limites determinados pela legislação mantendo a estrutura fundiária sem grandes alterações que venham a gerar uma ruptura na ambiência do lugar.

219

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