ARQUITETURA E CUIDADO: CENTRO DE HEMODIÁLISE HUMANIZADO

“ALÉM DE SUA SUSTENTABILIDADE E DE SUA INTELIGÊNCIA, A ARQUITETURA DEVE SER UMA FÁBRICA DE EMOÇÕES.” - RENZO PIANO

CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA TRABALHO FINAL DE CURSO BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

A R Q U IT E T U R A E C U ID A D O : C E N T R O D E H E M O D IÁ L IS E H U M A N IZ A D O

Gabriela Gonçalves Barroso Orientador: Prof. Mestre Maria Lidia Guimarães Pantaleão

RIBEIRÃO PRETO 2021

Barroso, Gabriela Gonçalves.

Arquitetura e cuidado: centro de hemodiálise humanizado / Gabriela Gonçalves Barroso. – Ribeirão Preto, 2021.

133f.

Monografia (Graduação) - Centro Universitário Moura Lacerda, 2021.

Orientador: Profª. Mª. Maria Lídia Guimarães Pantaleão.

1. Arquitetura. 2. Conforto. 3. Hemodiálise. 4.

Humanização. 5. Saúde. I. Pantaleão, Maria Lídia Guimarães. II. Centro Universitário Moura Lacerda.

III. Título.

AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente à minha família e ao meu namorado, que foram o meu alicerce, sempre me motivando a ingressar na universidade, e mesmo com todas as dificuldades não me deixaram desistir do meu sonho.

Sou grata aos meus amigos de sala, que me apoiaram nessa jornada, tornando o percurso mais leve e divertido. Com eles pude me acalmar, desabafar e aprender mutuamente, cada instante de alegria e surto sempre ficará em minha memória.

Agradeço também aos professores que contribuíram para minha formação e me ensinaram tanto, indo muito além de apenas aulas de arquitetura.

E especialmente à minha orientadora Maria Lídia Guimarães Pantaleão que me auxiliou com todo empenho e carinho para a execução desse trabalho.

Dedico com muito amor à minha família, que me criou e me ensinou a lutar pelos meus sonhos, por me darem a melhor criação possível, com base no amor. À minha mãe, que me deu forças e calmaria, me ajudando em todos detalhes e me abastecendo de carinho no fim de cada dia cansativo, saiba que eu sou eternamente grata por ter você na minha vida, mita.

Uma dedicatória especial ao meu pito (pai), que dizia só querer permanecer vivo até ver seus filhos formados no ensino médio, e quando isso aconteceu, ele desejou viver mais para ver a formatura na universidade. Ele esteve comigo no início dessa jornada, mas infelizmente partiu antes da realização. Quero que ele saiba que, por fim, mais uma etapa está concluída e que ele possa se sentir orgulhoso de onde ele estiver.

RESUMO Os avanços tecnológicos no mundo desempenham um papel fundamental na saúde, contudo, apesar desses progressos na área médica, a escala das sensações humanas foi deixada em segundo plano.

As concepções de estabelecimentos assistenciais de saúde foram realizadas levando em consideração seus aspectos funcionais, sem refletir a relação usuárioambiente, priorizando o entorno para receber os grandes aparelhos e as novas infraestruturas necessárias para tratar os pacientes, mas deixando o local sem vida e distração, resultando em um espaço monótono e cansativo, pois ainda não havia conhecimento sobre o quanto isso afeta quem utiliza o ambiente. Clínicas de hemodiálise que não possuem atenção quanto a humanização dos espaços podem causar reações negativas nos pacientes, como ansiedade, estresse e depressão, pois o tratamento é realizado por um período longo e várias vezes por semana, tornando difícil permanecer tanto tempo em um local desagradável.

Com isso, o trabalho desenvolvido estuda e analisa os dados e características arquitetônicas que interferem nos sentimentos e no bem estar psicológico dos pacientes hemodialíticos, colocando as soluções em prática no projeto do Centro de Hemodiálise Humanizado, garantindo assim conforto e bem-estar para os usuários do local.

Palavras-chave: Arquitetura; Hemodiálise; Humanização; Saúde.

Conforto;

ABSTRACT Technological advances in the world play a fundamental role in health, however, despite these advances in the medical field, the scale of human sensations was left in the background. The conceptions of health care requirements were carried out taking into account their corrected aspects, without reflecting the userenvironment relationship, prioritizing the environment to receive the large devices and the new infrastructure needed to treat patients, but leaving the place without life and distraction , available in a monotonous and tiring space, as there was still no knowledge about how this affects those who use the environment.

Hemodialysis clinics that do not pay attention to the humanization of spaces can cause negative reactions in patients, such as anxiety, stress and depression, as the treatment is carried out for a long period and several times a week, making it difficult to stay for so long in an unpleasant place . With this, the work developed studies and analyzes the data and architectural characteristics that interfere in the feelings and psychological well-being of hemodialysis patients, putting the solutions into practice in the project of the Humanized Hemodialysis Center, thus ensuring comfort and wellbeing for users make local.

Keywords: Architecture; Comfort; Hemodialysis; Humanization; Health.

8

SUMÁRIO INTRODUÇÃO

ÁREA DE INTERVENÇÃO

01

06

Introdução

ARQUITETURA HOSPITALAR E HEMODIÁLISE

02

2.1 Arquitetura Hospitalar e Humanização 2.2 Aspectos Gerais da Hemodiálise 2.3 Aspectos Gerais dos pacientes hemodialíticos 2.4 Legislações vigentes para clínicas de hemodiálise

HUMANIZAÇÃO CONFORTO

03

E

O

3.1 Dimensão ambiental e o conforto 3.2 Dimensão sensorial no ambiente

6.1 Justificativa da área 6.2 Análise do entorno 6.3 Legislação vigente 6.4 Estudo volumétrico da área

PROGRAMA NECESSIDADES

07

7.1 Programa 7.2 Organograma e Fluxograma 7.3 Estudos e evolução da implantação

PROPOSTA DE PROJETO

08

8.1 8.2 8.3 8.4 8.5

Conceito arquitetônico Partido arquitetônico Diretrizes de projeto Memorial justificativo Estudo preliminar

PROJETOS DE REFERÊNCIA

CONSIDERAÇÕES FINAIS

04

09

4.1 Instituto Universitário do Câncer Oncopole de Toulouse 4.2 Nordial Center 4.3 Hospital Sarah Kubitschek Rio de Janeiro 4.4 Centro de Hemodiálise de Leme

Conclusão

ESTUDO DE CASO

REFERÊNCIAS E ANEXOS

05

10

Clínica Lund

DE

9.1 Anexos 9.2 Referências Bibliográficas

01

INTRODUÇÃO

2

Arquitetura hospitalar é um ramo da arquitetura que aborda os ambientes de saúde, tendo como função trabalhar com os espaços físicos a fim de proporcionar bem-estar para quem os utiliza, deixando-os mais funcionais, eficientes e racionais, lidando com layout dos ambientes, fluxos de materiais e pessoas, entre outros.

Miquelin (1997) nos revela que na Idade Média as poucas construções relacionadas à saúde serviam para alojar viajantes e isolar os enfermos. Com os problemas de propagação de doenças e os constantes avanços médicos, os espaços foram se adequando melhor, com mais funcionalidade e atendendo cada vez mais pessoas doentes, e a partir do século XIX surgem novos questionamentos sobre as condições básicas de iluminação, ventilação, higiene e distribuição de ambientes.

Já no século XX, as novas tecnologias invadiram nosso mundo, mudando o planejamento dos ambientes de saúde como um todo, exigindo novas instalações, infraestruturas, melhores definições de setorização e fluxo, e de acordo com Miquelin (1997), essas mudanças privilegiaram o bom funcionamento de sistemas e aparelhos e sua vida útil sem pensar no bem-estar dos usuários”, ou seja, houve uma dificuldade em estabelecer espaços confortáveis para os pacientes.

Discutir sobre arquitetura hospitalar ainda é difícil, pois além de focar na saúde física dos pacientes, “é indispensável ter consciência que se trata de pessoa/ser humano, gente, em condições de fragilidade, dor e sofrimento.”

(MEZZOMO, 2012, p. 221), sendo necessário ambientes que promovam paz, esperança, alegria e consolo, assim a arquitetura poderá ajudar psicologicamente os pacientes, deixando o local aconchegante e melhorando as percepções e sentimentos humanos.

Recentemente o termo de humanização foi inserido no vocabulário dos arquitetos e profissionais da saúde, pois apesar de todo o avanço realizado até o momento, pouco se pensou sobre os sentimentos e emoções dos pacientes em clínicas e hospitais. De acordo com Vasconcelos (2004, p.10) A humanização aproxima o ambiente físico dos valores humanos, tratando o homem como foco

principal do projeto. Consiste na qualificação do espaço construído através de atributos projetuais que provocam estímulos sensoriais benéficos aos seres humanos.

Pesquisas realizadas por Daykin pela organização Center Of Health revelam que os aspectos de arte, design e ambiente “pode afetar a saúde, incluindo efeitos fisiológicos, psicológicos, clínicos e comportamentais.”

(Daykin, 2008), provando que a arquitetura pode influenciar o cérebro e o sistema nervoso do indivíduo, melhorando sua saúde, diminuindo o tempo de internações em hospitais, aumentando a capacidade de tratar mais enfermos e reduzindo ainda o gasto econômico do hospital que necessitará mantê-los por um período menor.

Outro fator importante para a ser considerado para a humanização hospitalar é a análise da expectativa de vida da população brasileira.

De acordo com IBGE ela vem aumentando gradualmente. Com a idade mais avançada há um aumento da demanda por estabelecimentos de saúde que tenham a função de não apenas curar as doenças, mas também de cuidar dos pacientes debilitados, portanto a humanização hospitalar, além de ajudar no processo de cura, reduzindo o tempo de tratamento, faz com que os hospitais e clínicas consigam atender um número maior de indivíduos, melhorando a demanda por estabelecimentos de saúde.

Em clínicas de hemodiálise, os pacientes dependem de uma máquina para realizar a função que o rim não desempenha mais, essa dependência é de três ou mais dias durante a semana, sendo um procedimento exaustivo e que pode abalar emocionalmente o indivíduo.

Estudos como os de Renata Vasconcelos sobre a Humanização de Ambientes Hospitalares (2004) ou os de Lissandra Ribeiro sobre a Humanização do Espaço Arquitetônico em Unidade de Hemodiálise (2019) revelam que um ambiente confortável e harmonioso melhora significamente o bem estar, refletindo na resposta ao tratamento do paciente, portanto, é função do arquiteto estudar e realizar um projeto que contribua com as pessoas que realizam esse tratamento austero e que estão em constante pressão psicológica, deixando o ambiente mais relaxante, acolhedor e satisfatório, ou seja,

3

proporcionando um real ambiente de cuidado e de cura.

“Os arquitetos e engenheiros preocupamse muitas vezes em avaliar se os usuários estão ou não usando o edifício ‘corretamente’, como planejado.” (MIQUELIN, 1997, p. 159), porém, muitas vezes isso não é o suficiente, precisamos verificar mais profundamente o que foi realizado, avaliando as condições e consequências do projeto naqueles que o utilizam, para assim saber a real qualidade do edifício. Averiguar uma clínica de hemodiálise e como seus clientes se sentem tem um grande impacto na qualidade do tratamento realizado, afim de que, no futuro, os dependentes desse procedimento consigam se sentir melhor, sem possíveis desconfortos, pois as clínicas devem auxiliar tanto nas condições físicas dos pacientes, como também nas mentais. “A arquitetura é uma atividade capaz de transformar os espaços e as emoções modificar as sensações de bem estar do paciente e consequentemente influenciar na sua cura.”

(RIBEIRO, 2019, p. 45).

FIGURA 01 - Ambiente hospitalar sem humanização

Fonte: Blog IPOG, 2020.

4

Portanto, o trabalho tem como objetivo a realização de um projeto de clínica de hemodiálise humanizada que seja qualificada como um ambiente de cuidado e atenção aos pacientes, integrando funcionalidade, humanização dos espaços e percepções humanas, verificando as soluções e estratégias arquitetônicas que produzem um estabelecimento que proporcione bem-estar e conforto aos funcionários, pacientes e familiares, trabalhando com aspectos sensoriais capazes de distrair, amenizar a tensão e influenciar positivamente o psicológico dos usuários, sem se assemelhar a um ambiente de saúde monótono, frio e sem vida, como visualizamos na figura 01.

O capítulo 01 desta monografia tem a intenção de intodruzir o leitor, situando-o no trabalho, revelando detalhes do tema, os objetivos e os meios que serão utilizados para a conclusão e a realização do projeto do Centro de Hemodiálise Humanizado.

O capítulo 02 tem o intuito de informar o leitor sobre os conceitos de Arquitetura

Hospitalar, Humanização e hemodiálise, além de esclarecer alguns aspectos comuns sobre os pacientes, legislações urbanísticas da cidade de Ribeirão Preto e normas para a correta execução de obras relacionadas à ambientes assistenciais de saúde.

No capítulo 03 será introduzido os conceitos de conforto (térmico, acústico, luminoso) e percepção (visual, auditiva, olfativa e tátil), além da compreensão das formas e cores e como elas podem influenciar os usuários em um determinado ambiente.

Já no capítulo 04 ocorrerá a apresentação de três projetos de referência, onde os elementos e estratégias utilizados em cada um serão pontuados, auxiliando e somando no desenvolvimento do projeto do Centro de Hemodiálise Humanizado.

No capítulo 05 será exposto o estudo de caso de uma clínica de hemodiálise na cidade de Ribeirão Preto, realizado em campo. Essa análise serve para uma compreensão maior do espaço que será produzido, além de fornecer uma observação sobre qual é a realidade dos centros no município em questão de humanização e conforto.

O capítulo 06 revelará a área de inserção do objeto, verificando as qualidades e fragilidades do local, com a finalidade de projetar o edifício de forma favorável ao terreno e as qualidades ambientais.

No capítulo 07 já será exibido um programa de necessidades para o Centro de Hemodiálise, com todos os espaços necessários para um bom funcionamento e organização das atividades.

No capítulo 08 será revelado o estudo preliminar desenvolvido e memorial do objeto, seguindo um conceito e partido préestabelecido, além de verificar as diretrizes de projeto.

Por fim, o capítulo 09 fica resguardado para listar as referências e anexos utilizados no trabalho.

A metodologia a ser utilizada será realizada a partir de pesquisas e revisões bibliográficas, leituras projetuais, pesquisa em campo, levantamentos físicos, morfológicos, croquis, análises de mapas e fotografias.

5

02

ARQUITETURA HOSPITALAR E HEMODIÁLISE

6

2.1 ARQUITETURA HOSPITALAR E HUMANIZAÇÃO Segundo De Góes (2004, p. 25), a palavra hospital veio do latim hospitalis, que significa hospedar algum indivíduo, isso já era realizado desde a Idade Média, com o intuito de abrigar os estrangeiros e doentes que passavam pelo caminho, a fim de os isolar e manter quem estava do lado de fora saudável. Porém, nessa época, ainda não havia uma estrutura médica para tratar os pacientes, eles eram assim chamados, pois apenas esperavam pela morte ou pela cura natural naquele local.

O conceito mais parecido com o do hospital que temos atualmente surgiu na Revolução Industrial, nesse período houve um grande avanço nos conhecimentos que proporcionou condições favoráveis para a medicina, tornando o hospital um ambiente que tinha o intuito de cuidar e curar seus pacientes.

A partir desse momento, no século XIX começam as preocupações com iluminação e ventilação natural, apesar de ser por razões equivocadas como comenta Miquellin (1992, p.49) “No meio do séc. XVIII, a propagação de doenças era atribuída à gases ou ‘miasmas’ gerados por matéria orgânica em decomposição.”, por isso começaram a pensar em soluções relacionadas ao conforto ambiental, avançando a concepção arquitetônica hospitalar.

Florence Nightingale foi uma enfermeira que evolucionou a área da saúde no século XIX, publicando seu livro Notas sobre Enfermagem, que discorre sobre os cuidados com a higiene, ambientes salubres, iluminação e ventilação natural para combater a disseminação de doenças. Distribuiu informações que não eram muito comuns na época, acarretando um grande avanço dos conhecimentos médicos e contribuindo com a diminuição drástica da taxa de mortalidade.

Já no século XX, ainda de acordo com Miquellin (1992), os avanços tecnológicos feitos na área médica começaram a provocar grandes mudanças em seus edifícios, com equipamentos e maquinários maiores, novas infraestruturas e ambientes melhor setorizados que tinham a função de auxiliar nos tratamentos dos pacientes. Porém, com essas alterações nos estabelecimentos de saúde, a relação entre o

ambiente, o usuário e o bem-estar foi esquecida.

Atualmente, o termo “humanização” está sendo bastante empregado, tanto na área da saúde quanto na arquitetura, de acordo com Fontes (2007), a incorporação desse conceito ganhou força a partir da crise do modernismo na década de 60, que ocasionou novos modos de pensar e de projetar o ambiente construído, devido a uma nova sociedade que estava surgindo, com novos questionamentos e preocupações, principalmente de cunho humanista. E segundo Vasconcelos (2004, p. 23) Humanizar, verbo relativo ao homem, significa dar condições humanas a qualquer coisa ou lugar. Como o Humanismo, doutrina ou movimento da época Renascentista, apresenta uma perspectiva exclusivamente antropocêntrica, ou seja, tem o homem como o centro das atenções.

Dentre os pontos que foram discutidos para a chegada dessa nova concepção, podemos destacar o declínio da ideia de uma arquitetura racional e universal, sendo que os usuários são diferentes entre si e possuem gostos particulares, assim o pós-modernismo busca “trabalhar em sintonia com a diversidade das condições físicas, psíquicas e sociais encontradas nas populações de usuários” (FONTES, 2007, p.18), A valorização do passado que foi abolida no modernismo também reaparece nesse novo cenário e está fortemente ligada com a comunicação dos sentidos humanos, que busca encontrar elementos arquitetônicos que sejam “familiares” e possuam um significado na memória. Além disso, o termo “máquina de curar” da era moderna acabou sendo reavaliado, tendo em vista que um hospital não é somente uma máquina funcionalista, ele precisa ser humanizado para proporcionar qualidade e sensações positivas aos pacientes.

A partir disso, já existem alguns estudos realizados como os da organização Center Of Health que comprovam que a ligação entre paciente e ambiente de saúde pode afetar significamente no tratamento e na cura dos enfermos. De acordo com as pesquisas, podese concluir que “a mente, o cérebro e o sistema nervoso podem ser diretamente influenciados pelos elementos sensoriais do meio ambiente, propondo então que o espaço seja estimulante

7

e não neutro.” (GUELLI, 2009, p. 178). Segundo Vasconcelos (2004), esse ambiente neutro e monótono causa estresse e está relacionado com manifestações negativas psicológicas, fisiológicas e comportamentais, como por exemplo, depressão, ansiedade, aumento de pressão arterial e muscular, explosão verbal, antissociabilidade e abuso de drogas lícitas ou ilícitas.

A humanização de um estabelecimento produz inúmeros benefícios tanto aos pacientes quanto ao próprio hospital/clínica, como podemos visualizar na figura 02. Porém, a tarefa de destinar verba para essa função ainda é questionável, principalmente em estabelecimentos públicos, segundo Vasconcelos (2004), o cenário brasileiro é um exemplo do frágil sistema não humanizado, principalmente se tratando do SUS (Sistema Único de Saúde), que tem a função de proporcionar o atendimento na área da saúde pública. Esse serviço se encontra em um estado de superlotação e enfrenta a falta de recursos financeiros, o que desestimula mudanças importantes no quesito de humanização e necessidade dos doentes, essas alterações poderiam qualificar o ambiente, proporcionar maiores índices de cura e diminuição dos gastos com enfermos que seriam liberados mais rapidamente do local.

A partir do conceito de humanização, percebese a importância de humanizar estabelecimentos assistenciais de saúde, porém, precisamos ter em mente as necessidades de cada paciente, que muda dependendo da doença e do tratamento realizado. Como relata Vasconcelos (2004 apud CALMENSON, 1996, p. 29) Na década de 80, os designers/ arquitetos/projetistas de ambientes de saúde se tornaram bons generalistas [...] Hoje, entretanto, os designers precisam relacionar as necessidades específicas com cada população de pacientes, se eles pretendem realmente criar um ambiente para a cura. As necessidades dos pacientes com câncer são diferentes das necessidades dos pacientes com problemas ortopédicos, e, as necessidades das crianças hospitalizadas são diferentes das necessidades dos idosos hospitalizados. Então não é possível projetar um ambiente humanizado genericamente e esperar que ele auxilie na cura de todos os

8

pacientes. O trabalho pode terefeito contrário para as pessoas quando elas são agrupadas sob o genérico título de ‘paciente’.

Ou seja, o que provoca sensações positivas e conforto para um grupo de pacientes pode não ajudar outro, como é o caso dos pacientes de hemodiálise que sentem mais frio do que é comum, já que permanecem parados, com a pressão passível de queda e o sangue circulando em uma máquina, enquanto as clínicas de fisioterapia, por exemplo, não possuem esse problema, pois os pacientes se movimentam e sentem mais calor.

Portanto o profissional de arquitetura deve conhecer o seu público e avaliar as necessidades e os elementos que podem ser inseridos no local para trazer conforto, bem-estar e auxiliar na FIGURA 02 - Centro Internacional de Neurociências - Sarah Brasília Lago Norte

Fonte: Vitruvius, 2013.

recuperação do enfermo.

O caso dos pacientes hemodialíticos precisa de atenção tanto quanto todas as especializações de tratamento na saúde, já que a realidade da constante permanência em clínicas faz com que os pacientes se tornem mais frágeis e emotivos.

Segundo Bara (2019, p.140), “Tornam-se indivíduos extremamente carentes e, a maioria desses doentes, presenciou companheiros de diálise passarem mal e até entrarem em óbito. O seu humor vai ficando mais depressivo conforme o tempo passa”. Bara (2019, p.34) também relata o fato dos usuários ficarem debilitados emocionalmente tanto pelo longo período do tratamento como também pela relação de dependência da máquina e pelo eminente risco de óbito.

Em um ambiente de hemodiálise, assim como em diversos outros, existem normas de saúde para a execução e utilização do ambiente,

além de sugestões e medidas mínimas para configuração da planta baixa.

Com isso, segundo Bara (2019), as clínicas adotam padrões parecidos de layout, como mostra a figura 03, elas são organizadas em formato de ferradura, geralmente alocando a equipe médica no centro da sala para que seja possível a visão totalitária dos pacientes.

Ainda segundo Bara (2019), na maioria das clínicas não há possibilidade de realizar o tratamento isoladamente e dificilmente divisórias são instaladas, pois impedem a visibilidade dos funcionários, tornando-se um ponto negativo já que outros pacientes podem ver casos em que seus colegas de tratamento passam mal, podendo ocasionar efeitos negativos. A única exceção ao isolamento acontece quando há um paciente com sorologia positiva, que deve ser isolado para evitar contaminação.

9

FIGURA 03 - Layout sala de Hemodiálise

Legenda de mobiliário e equipamentos: E044 - Instrumental cirúrgico E053 - Mesa auxiliar para instrumental E076 - Suporte de soro de chão E444 - Aparelho de hemodiálise E447 - Poltrona para hemodiálise M004 - Balde cilíndrico porta detritos com pedal Fonte: Planta adaptada por Bara, com base no SOMASUS vol. 4 (2014), 2018.

2.2 ASPECTOS GERAIS DA HEMODIÁLISE A hemodiálise é um procedimento que realiza a mesma função do rim de um ser humano, ela limpa e filtra o sangue por meio de um dialisador, liberando resíduos prejudiciais à saúde, além de controlar a pressão arterial e auxiliar o equilíbrio do corpo de substâncias como sódio, potássio, ureia e creatinina. Ela é uma alternativa para as pessoas que sofrem com insuficiência renal e não conseguem descartar os compostos indesejáveis do corpo por meio da urina, necessitando de ajuda externa.

De acordo com o Portal da Diálise, para que

10

seja possível retirar todos os produtos tóxicos do corpo é necessário no mínimo 12 horas de hemodiálise por semana, portanto a média da duração e frequência é de 3 à 4 vezes por semana com duração de 4 horas, esse tempo depende do estado clínico do paciente, podendo até mesmo ser realizado diariamente em casos mais graves.

A hemodiálise é geralmente feita em clínicas ou hospitais, e, para tentar facilitar um pouco a rotina dos pacientes, algumas unidades têm a opção de realizar o procedimento no período noturno dentro do estabelecimento, para que o paciente consiga trabalhar normalmente durante o dia.

Para iniciar o procedimento de hemodiálise,

é necessário a inserção de um acesso vascular no paciente, revelando que desde o início do tratamento o usuário já é suscetível à desconfortos, incômodos e restrições. O acesso mais comum e seguro é a fístula artério-venosa, onde há uma junção cirúrgica de uma artéria com uma veia, pode ser realizada na mão, no antebraço ou braço; outro acesso é a prótese, quando a fístula não é possível de ser realizada, é inserido um tubo sintético abaixo da pele que liga a artéria e a veia, esse meio é restritivo, pois impede o paciente de utilizar roupas apertadas, pulseiras ou relógios, carregar pesos e realizar atividades de grande esforço; o último acesso é o cateter venoso central, geralmente são inseridos em uma veia no pescoço ou na virilha, ele é o mais preocupante pois pode causar infecções e deve ser substituído pelos outros acessos assim que possível, esse também é muito restritivo pois impede o uso de roupas apertadas e locais de risco com poeira e muito sol, além de precisar de constante atenção para observar se o cateter não está sujo, com sangue ou descolado.

De acordo com os dados nacionais de 2017 da Sociedade Brasileira de Nefrologia, os pacientes que precisam de tratamento de hemodiálise no Brasil aumentaram cerca de 160% de 2002 a 2017, enquanto os centros de diálise aumentaram apenas em 37,8%, revelando a necessidade de mais clínicas para o procedimento. Em São Paulo se encontra a maior parte dos doentes e a estimativa é de que há necessidade de um aumento de pelo menos 20% dos centros de atendimento no estado. Vale ressaltar que mais de 80% da população que necessita do tratamento é diagnosticada pelo SUS. A insuficiência renal pode aparecer em indivíduos de qualquer faixa etária, mas a prevalência de idade é de 45 à 64 anos, representando cerca de 40% do total, e as causas mais comuns que levam à dependência do procedimento são a hipertensão e a diabetes.

2.3 ASPECTOS GERAIS DOS PACIENTES HEMODIALÍTICOS

Segundo Santos VFC et al. (2018, p. 855)

A hemodiálise é uma alternativa importante para a manutenção da vida do doente renal, mas, pelos pacientes, é vista como uma experiência

debilitante e, por vezes, descrita como uma situação de dependência e de perda de autonomia.

Os paciente de IRC (Insuficiência Renal Crônica) necessitam de uma constante interação com a máquina, ocasionando complicações de conciliação de horários de trabalho e lazer com os horários do procedimento, sendo uma relação de dependência do equipamento dialisador.

Durante o procedimento de hemodiálise os pacientes podem sentir incômodos que geralmente são bens fáceis de controlar e resolver, mas em alguns casos, menos frequentes, podem ser mais graves.

Tabela 1 – Porcentagem de ocorrência das principais complicações de pacientes nos Centros de Hemodiálise

Complicações

Porcentagem ocorrência Hipertensão 20 – 30% Cãibras 5 – 20% Náuseas e vômitos 5 – 15% Dores de cabeça 5% Dor torácica 2 – 5% Dor lombar 2 – 5% Incômodo na pele e 5% coceira Febre e calafrios <1%

de

Fonte: Elaboração própria, com base no Portal da Diálise, 2020.

Além disso, vale ressaltar desconfortos causados por quedas de pressão.

Os casos mais graves de complicações são menos recorrentes, mas ainda assim, todas as unidades de diálise devem possuir equipamentos e profissionais adequados prontos para agir nesses casos mais complexos.

Além desses problemas voltados para questões do organismo, também há aqueles ligados à mente, como a depressão, que está presente em alguns pacientes renais crônicos.

Segundo Leveson & Glocheki (1991), citado por Nifa e Rudnicki (2010, p. 72), “Em decorrência da depressão, ocorre baixa imunidade, além da dificuldade nos cuidados pessoais, menor aderência ao tratamento e dieta”, provocando

11

baixo desempenho e eficiência no tratamento.

De acordo com Ribeiro (2008, p. 16)

O paciente de IRC, em tratamento de hemodiálise, padece de uma patologia que diminui grande parte de sua capacidade física lhe impõe uma rotina de tratamento tão intensa que modifica seu modo de viver e influencia desfavoravelmente a sua qualidade de vida. Muitas vezes, o curso da doença que levou à IRC não foi percebido pelo cliente. Ele, subitamente, tornase dependente de uma tecnologia, a hemodiálise, para sobreviver, sem que tenha tido condições de se preparar física e emocionalmente para isso.

Por se tratar de um procedimento demorado e frequente, a hemodiálise precisa ser o menos agressiva possível, não apenas no próprio processo, mas também nas questões externas, como é o caso da arquitetura. A relação entre o paciente e o entorno é imprescindível para amenizar o desconforto e melhorar a qualidade do ambiente nas clínicas. Portanto, o local deve ser confortável, com iluminação e ventilação adequadas, controle de ruídos, mobiliários ergonomicamente pensados, visuais interessantes e que possibilitem a distração do paciente, como no caso de jardins, áreas verdes e objetos que estimulem a curiosidade.

FIGURA 04 - Máquina de Hemodiálise

2.4 LEGISLAÇÕES VIGENTES PARA CLÍNICAS DE HEMODIÁLISE Para uma boa execução de projetos de estabelecimentos assistenciais de saúde existem normas, legislações, diretrizes e portairas que devem ser obedecidas para que o haja um funcionamento correto das atividades. No caso de uma clínica de hemodiálise, destacam-se: RDC Nº50, de 21 de fevereiro de 2002: Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde.

RDC Nº 154, de 15 de junho de 2004: Estabelece o Regulamento Técnico para o funcionamento dos Serviços de Diálise.

RDC ANVISA 222, de 28 de março de 2018: Regulamenta as Boas Práticas de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde e dá outras providências.

RDC Nº33, de 03 de junho de 2008: Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração, avaliação e aprovação dos Sistemas de Tratamento e Distribuição de Água para Hemodiálise no Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.

Portaria Nº389, de 13 de março de 2014: Define os critérios para a organização da linha de cuidado da Pessoa com Doença Renal Crônica (DRC) e institui incentivo financeiro de custeio destinado ao cuidado ambulatorial pré-dialítico.

Portaria Nº 1.675, de 07 de junho de 2018: Altera a Portaria de Consolidação nº 3/GM/ MS, de 28 de setembro de 2017, e a Portaria de Consolidação nº 6/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, para dispor sobre os critérios para a organização, funcionamento e financiamento do cuidado da pessoa com Doença Renal Crônica DRC no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS.

Fonte: Biologia Net

12

Portaria Nº 1.535, de 23 de julho de 2014: Altera os incisos I e II do art. 27 e acresce inciso XII ao art. 15 da Portaria nº 389/GM/MS, de 13

de março de 2014, que define os critérios para a organização da linha de cuidado da Pessoa com Doença Renal Crônica (DRC) e institui incentivo financeiro destinado ao cuidado ambulatorial pré-dialítico.

NBR 9050: Esta Norma estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quanto ao projeto, construção, instalação e adaptação do meio urbano e rural, e de edifcações às condições de acessibilidade.

13

03

HUMANIZAÇÃO E O CONFORTO

14

3.1 DIMENSÃO AMBIENTAL E O CONFORTO

relativa do ar e movimento do ar, radiação solar e radiação infravermelha é conhecido como conforto térmico, já aquele que se refere a Conforto é um estado de equilíbrio onde qualidade de visão, relacionado com a quantidade o resultado é o bem-estar, “uma pessoa está de luz satisfatória é o conforto visual, lumínico ou confortável com relação a um acontecimento luminoso, e o que abrange a capacidade de ouvir ou fenômeno quando pode observá-lo ou bem é o conforto acústico. Todos esses tipos de senti-lo sem preocupação ou incômodo.” conforto influenciam diretamente na qualidade (CORBELLA, p.32, 2003). Quando discutimos a do ambiente, ocasionando um local satisfatório relação do conforto em ambientes de saúde ou insatisfatório para o usuário. logo começamos a questionar, pois há um pensamento comum de que ninguém se sente CONFORTO TÉRMICO confortável nesses locais. Fácil compreender, já que a grande maioria das vezes o hospital/clínica De acordo com Lamberts, Dutra e Pereira abriga pessoas que estão com algum problema, (2014), para que seja possível estabelecer o sendo assim o indivíduo já chega ao local com conforto térmico, é necessário avaliar questões desconforto e permanece quase até o fim de sua como: atividade desempenhada, vestimentas, estadia. temperatura do ar, temperatura radiante, Um local sem condições ambientais umidade e velocidade do ar. adequadas causa desconforto e ainda dificulta A temperatura varia de região para região no desempenho, “o ser humano gasta muito e depende das condições climáticas e das mais energia na realização das tarefas quando estratégias utilizadas em cada edifício, como o fatores como níveis de conforto térmico, uso de ar condicionado, que tem aumentando conforto acústico, iluminação, cores, aspectos cada dia mais ou janelas com ventilação natural ergonômicos, etc. lhes são desfavoráveis.” que podem proporcionar sensações variáveis, (MIQUELIN, 1992, p. 208), ou seja, quanto maior podendo trabalhar com elementos como brises for o desconforto proporcionado pelo ambiente, para impedir que os raios solares adentrem maior será o cansaço para realizar qualquer excessivamente. atividade, o paciente não conseguirá descansar Lamberts, Dutra e Pereira (2014) mostram e ter uma melhora tão significativa quanto teria propostas que viabilizam o conforto térmico em se o ambiente lhe proporcionasse equilíbrio e edifícios, como o posicionamento das janelas, nenhum incômodo. os tamanhos e alturas que podem ajudar ou De acordo com a ANVISA (2014, p. 14) atrapalhar no conforto térmico, por exemplo

uma janela muito grande em uma orientação As dimensões definidas pelas diversas legislações que conformam e solar inadequada, sem nenhum elemento de determinam a construção do espaço proteção faz com que raios solares fortes atinjam para serviços de saúde foram o ambiente interno, causando muito calor e estabelecidas sob padrões históricos ofuscamento, já as janelas grandes e com altura de conforto que privilegiaram bem mais os profissionais de saúde e os que direcione a ventilação de forma agradável fatores vinculados ao limpo ou ao para o ambiente, com proteção solar, faz com científico que os aspectos que o ambiente receba calor externo e ventilação da sensibilidade e da adequada sem causar desconforto aos usuários. expectativa de conforto de A ABNT (Associação Brasileira de Normas todos os usuários.

Técnicas) disponibiliza a NBR 15220-3 que fala a Portanto a necessidade de equilibrar esses respeito do zoneamento bioclimático brasileiro padrões ancestrais juntamente com o conforto e e relaciona as zonas com a Carta Bioclimática bem estar dos pacientes é imprescindível, já que de Givoni adaptada para o Brasil, como mostra sabemos o quanto a dimensão ambiental pode a figura 05. Na carta o autor separa as zonas de influenciar na saúde de uma pessoa. acorto com a temperatura e umidade relativa do De acordo com Sampaio (2005), o conforto ar e mostra onde há necessidade de ventilação ambiental que abrange temperatura, umidade natural ou artificial, resfriamento evaporativo,

15

umidificação e aquecimento solar ou artificial.

Também revela que o conforto térmico de uma pessoa pode ser encontrado com a umidade relativa do ar entre 20 à 80% e temperatura entre 18ºC à 29ºC, como vemos na zona destacada pela cor azul claro, no centro da carta bioclimática.

O microclima do local de implantação do edifício também pode modificar a temperatura, como por exemplo, a presença de vegetação e elementos com água podem diminuir um pouco a temperatura e aumentar a umidade, ou também como um ambiente rodeado por outros edifícios altos e com trânsito elevado de veículos pode ocasionar temperaturas mais quentes e falta de ventilação e qualidade do ar adequada.

As condições de conforto térmico também variam de indivíduo para indivíduo, de acordo com Oliveira e Ribas (1995), depende de fatores como: hábitos alimentares, idade, sexo, forma do corpo, gordura do corpo, estado de saúde, vestuário e o processo de aclimatação dos indivíduos (faz com que o ambiente de permanência de certa pessoa seja seu próprio padrão de conforto). Portanto para cada estabelecimento de saúde existe um nível adequado de conforto térmico, já que não há apenas um determinado público com condições idênticas para um tratamento.

Figura 05 – Carta Bioclimática adotada para o Brasil

Fonte: Thomé (2016)

16

De acordo com Pereira, Dutra e Lamberts (2014), para auxiliar no conforto térmico e na temperatura interna constante do corpo humano, existem mecanismos termorreguladores como, por exemplo, o arrepio, que aquece a pele por atrito e o tremor dos músculos, produzindo calor internamente, além de fatores instintivos como curvar o corpo para diminuir a área de exposição.

CONFORTO ACÚSTICO “Pode-se dizer que, na maioria dos casos, o som tem sua origem na vibração de um objeto, provocando vibração de partículas do meio e sendo capaz de ser captado pelo ouvido humano.” (SOUZA, ALMEIDA e BRAGANÇA, 2012, p.24), essas partículas do meio podem ser o ar e os materiais de construção, fazendo com que seja possível o ruído de um ambiente se propagar para outro, tornando uma parede um meio de vibração. Portanto, é necessário um cuidado especial para diminuir ou evitar que os sons desagradáveis consigam alcançar áreas que necessitam de silêncio.

De acordo com Souza (2015, p. 83), o ruído, além de causar efeitos fisiológicos, pode proporcionar efeitos psicológicos como:

dores de cabeça; fadiga; perda da concentração; perda dos reflexos;

irritação permanente; insegurança quanto a eficiência dos atos; embaraço nas conversações; perda da inteligibilidade das palavras; vertigens; náuseas e vômito (devido à influência no vestíbulo ou labirinto, órgão este responsável pelo equilíbrio); zumbido; produção de adrenalina;

A acústica em ambientes hospitalares fica em uma linha tênue entre provocar sensações prazerosas ou ser uma fonte de incômodo.

Quando se torna muito alto, o som provoca efeitos negativos no corpo humano que podem ser até irreversíveis, como a perda da audição.

Podemos visualizar na figura 06 os níveis de ruído e suas atividades e/ou ambientes correspondentes, de acordo com a Norma NBR

nº10152/2017, que estabelece o nível de ruído em hospitais, esses estabelecimentos de saúde deveriam estar entre 35 a 45 dB (decibéis) nessa escala, comparando-se no máximo a um local com ruídos leves ou moderados, isso porque “a tolerância ao ruído é geralmente menor durante o período de adoecimento” (BITENCOURT, 2014), além disso, os pacientes que precisam de descanso podem ter problemas para dormir, ocasionando um processo de cura mais longo.

O projeto de um estabelecimento de saúde deve ser bem pensado para não proporcionar desconforto acústico, como relata Oliveira e Ribas a partir do Ministério da Saúde (1995), alguns procedimentos podem ajudar no combate a esse problema: distâncias não utilizadas para

Figura 06 – Escala de Decibéis

Fonte: Voyage au Centre de L’audition, 2017.

17

amenizar o som, barreiras, o posicionamento correto de aberturas, utilização de materiais isolantes, isolamento de fontes de ruído e o zoneamento das atividades.

Um importante fator que ajuda ou diminui a propagação do som é o pé direito do ambiente, Schmid (2005, p. 260) revela a preocupação com o teto em alturas variáveis para que a sociabilidade e os diálogos possam ser confortáveis, abaixando o teto em ambientes onde as pessoas são mais íntimas e a propagação do som possa ocorrer tranquilamente, ou aumentando a altura do teto em locais onde há pessoas estranhas conversando, para que o som não se espalhe tão facilmente.

A natureza pode ser um grande auxilio para proporcionar conforto acústico em um estabelecimento assistencial de saúde, uma vez que as árvores e vegetações servem como barreira para impedir o ruído que vem de fora, e também proporciona um som agradável do vento se entrelaçando nas folhas, além disso, ainda podemos ressaltar o som calmante de águas correntes, como por exemplo uma fonte.

De acordo com Sampaio (2005, p. 171), para um bom conforto acústico é necessário por fim analisar e conhecer a fonte de ruído, a forma de propagação e o local onde o som será ouvido, para assim poder trata-lo de forma eficaz, seja na fonte, na propagação ou na recepção.

CONFORTO LUMINOSO A iluminação pode ser natural, proveniente do sol, ou artificial, por luminárias. Apesar da luz artificial não ser tão benéfica quanto a natural, ela é imprescindível nos ambientes de saúde, visto que os profissionais da saúde precisam de uma luz adequada para diagnosticar os pacientes, verificar a tonalidade da pele, sangue, entre outros, porém, essa iluminação não precisa necessariamente possuir um alto índice de iluminância, mas sim ter qualidade e índices de reprodução de cor (IRC) corretos, para que seja possível visualizar as cores fielmente e conseguir um melhor desempenho nas atividades.

De acordo com Robbins (1986) citado por Sampaio (2005, p. 160), as principais vantagens da luz natural em relação a luz artificial são: qualidade da luz, comunicação exterior/interior, conservação de energia, benefício físico e psicológico, desejo de ter luz natural e sol em

18

um ambiente construído. Sendo assim, quanto maior for a utilização de luz natural, maior é a satisfação do usuário.

Para proporcionar a luz artificial necessária, há um investimento em grandes quantidades de luminárias que geralmente possuem luz fria, “Muitos ambientes de saúde são iluminados por lâmpadas fluorescentes, mas infelizmente a luz fria é interpretada pelo corpo humano como escuridão, pois não traz nenhum benefício à saúde.” (VASCONCELOS, 2004, p. 49), sendo assim, o ideal no projeto arquitetônico é integrar a luz natural e a artificial, a fim de conseguir a luminância adequada ao local de modo que não influencie negativamente o conforto dos usuários. De acordo com Miquellin (1992, p. 209) Centenas de funções do corpo humano são influenciadas pela luz do dia e algumas tem ritmos que seguem o ciclo que alterna noite e dia.

Permitir visuais externos e utilizar adequadamente a luz natural e a iluminação artificial é um fator fundamental para manutenção dos níveis de produtividade, e de conforto psicológico para todos os usuários do edifício.

O uso equilibrado da iluminação, natural e artificial, introduz benefícios inclusive terapêuticos para o paciente.

O ciclo de noite e dia, conhecido como circadiano, é, ou deveria ser, um grande influenciador nos projetos de arquitetura, pois segundo Bosboom (2014) antigamente as pessoas dependiam da luz natural, acordavam, trabalhavam e se deitavam de acordo com o nascer e pôr do sol, ou seja, eram influenciadas pela temperatura da luz em seu subconsciente. Podemos perceber essa diferença de temperatura da luz solar na figura 07, que mostra em cada frame da imagem uma coloração do ambiente produzida pela luz solar, assim cada tarefa realizada pelo ser humano em determinado horário tinha uma relação com a natureza. Mas a partir da adoção das lâmpadas, esse ciclo têm se modificado cada vez mais, pois o ambiente fechado com luz artificial está se tornando predominante, fazendo com que a luz seja independente do sol, podendo se estender ao longo das 24 horas do dia e sem variação de temperatura.

Também de acordo com Bosboom (2014),

a interrupção do ritmo circadiano pode causar problemas à saúde, já que a luz e a escuridão controlam certas produções hormonais que causam sensações de prazer, alerta, coordenação, impulsos, estresse e disposição.

Além de obedecer os índices de iluminâncias adequados, trazendo conforto, bem estar e segurança para quem trabalha, é importante avaliar o público que utiliza o espaço, pois há uma variação de exigências humanas de conforto de acordo com a idade do indivíduo “aos 60, a pessoa precisa de cinco vezes mais luz do que quando tinha 40, ou 15 vezes o que precisava quando tinha 10 anos de idade.” (MIQUELLIN, 1992, p. 209).

Portanto, de acordo com Vasconcellos (2004, p. 48), a iluminação ideal não é somente aquela que atende ao nível máximo de iluminância representado nas normas, na maioria das vezes com luminárias artificiais em excesso, mas sim aquela que, além de possuir o nível adequado, possui integração entre natural e artificial, sem produzir ofuscamento e altos índices de contraste, proporcionando qualidade e conforto para realização das atividades necessárias dos usuários e não produzindo cansaço visual aos pacientes.

AS CORES NO AMBIENTE A cor é um importante meio de humanização de um ambiente, ela é uma das primeiras coisas que chama a atenção no local, e mesmo inconscientemente, as cores causam sensações relevantes no ser humano, “elas influenciam ações, são usadas para decoração, para esconder, ressaltar, demonstrar sentimentos e até para a cura.” (BOCCANERA, 2007, p. 21).

Em um estabelecimento assistencial de saúde as cores são essenciais, pois “se os medicamentos podem aliviar as dores físicas, as cores podem aliviar a monotonia de prolongados confinamentos”. (ANVISA, 2014, p. 86), assim, um paciente pode se distrair e ter uma estadia mais confortável e aconchegante.

De acordo com Vasconcelos (2014), as cores influenciam fortemente o psicológico e o emocional, a cor vermelha, por exemplo, estimula o sistema nervoso simpático e aumenta a atividade cerebral, aumenta o batimento cardíaco, a pressão arterial e a respiração; já o azul, estimula o sistema nervoso parassimpático, causando efeito tranquilizante.

Os sentidos humanos podem ser facilmente enganados e estimulados pela cor, até mesmo

Figura 07 – Temperatura da luz solar

Fonte: Vertical Garden

19

o conforto térmico pode ser influenciado, podendo transmitir uma falsa sensação de calor ou frio, “pessoas sentem mais frio em ambientes que possuem tonalidades frias e mais calor em ambientes de tonalidades quentes, embora a temperatura seja a mesma.” (VASCONCELOS, 2014, p. 54).

Todas as cores são capazes de proporcionar sensações diferentes, tanto positivas, quanto negativas, e é necessário um estudo de avaliação do ambiente e de seus usuários para inserir a cor certa. Um exemplo é a inserção da cor vermelha em um local como um parque de diversões, para incentivar a agitação e animação, mas quando essa cor é inserida em um ambiente de saúde, dependendo do cômodo, pode causar uma excitação desfavorável ao usuário, deixando-o nervoso e inquieto.

Tabela 2 – Relação da cor com as influências sobre o ânimo.

Cor

Influência

Amarelo

Estimulação mental, concentração.

Incentiva a conversação; Tem efeito tranquilizante e refrescante. Evita a insônia; O excesso de claridade pode levar a um cansaço mental; Estimulante, dá um ar social ao ambiente; Sedante, pode causar sensação de frustação; Aconchega, traz calor sem excitação; Recompõe, equilibra.

Efeito regenerador; Excitante, pode deixar as pessoas agitadas e irritadiças.

Azul Branco Laranja Lilás Rosa Verde Vermelho

Fonte: Pimentel (1992) apud Oliveira e Ribas (1995, p. 79)

A figura 08 mostra uma clínica de odontopediatria que trabalhou com as cores no seu interior, podemos notar que é um ambiente mais distrativo e interessante, que inconscientemente traz sensações de aconchego, equilíbrio, tranquilidade e sociabilidade, conforme a tabela de Pimentel. Diferente do que aconteceria se fosse totalmente branco, seria um espaço monótono, vazio e que não causaria

20

nenhum interesse para os usuários.

Martins (2004) revela que os ambientes de saúde, principalmente onde há passagem de macas deveriam evitar usar a cor branca no teto, isso porque causa uma sensação de afastamento e vazio para os pacientes que estão deitados, o ideal seria utilizar cores como verde ou azul que são tranquilizadoras. Desse mesmo modo, o azul pode trazer à memória o céu e o volume de ar, podendo aliviar problemas respiratórios.

Podemos visualizar na figura 09 a utilização dessa estratégia, em um ambiente de diálise, onde os pacientes muitas vezes ficam deitados olhando para o teto, assim a pintura azul traz uma certa sensação de calma para quem a observa.

Diversos estudos e literaturas como de Heller (2013) e Boccanera (2007) apresentam a cor azul como sensível, harmônica e tranquilizadora, sendo a preferida da maioria das pessoas e indicada para utilização em ambientes de saúde, porém, em excesso, ela pode causar sensação de frieza, portanto, deve-se avaliar o ambiente e torná-lo interessante por meio das cores e sombras, sem causar monotonia e consequentemente estresse.

Segundo Martins (2004), a percepção das cores também depende da idade do indivíduo, sua cultura, seu sexo e outros fatores, portanto é necessário analisar as necessidades de cada público ou usuário para elaborar um estudo cromático adequado, causando percepções positivas, sem excesso ou monotonia, auxiliando no bem estar e consequentemente na sua saúde.

AS FORMAS NO AMBIENTE Assim como as cores, as formas também podem ser uma maneira de tornar um ambiente mais interessante e sem monotonia, pode-se destacar “o uso de formas variadas num mesmo espaço, provocando estimulação sensorial e criando distração positiva no ambiente.”

(VASCONCELOS, 2014, p. 61), sendo assim, a utilização de formas pode ser benéfica em estabelecimentos assistenciais de saúde, principalmente em locais onde há longa permanência dos pacientes, causando um maior interesse por parte do usuário ao observar o ambiente que o rodeia.

De acordo com Ching (1998, p. 38), “a mente

Figura 08 – KOKO Odontopediatria, 12:43 Architekten

Fonte: 12:43 Zwoelfdreiundvierzig Figura 09 – Área de Diálise da Fundação Althaia, Rai Pinto Studio

Fonte: Rai Pinto Studio

21

simplifica o meio visual a fim de compreendê-lo.

Dada qualquer composição de formas, temos tendência a reduzir o tema, em nosso campo visual, aos formatos mais simples e regulares.”, esses formatos mais simples são os círculos, triângulos e quadrados. Ching define essas formas regulares como: o círculo é uma figura centralizadora capaz de induzir movimento; o triângulo significa estabilidade quando apoiado por um lado e instabilidade quando apoiado em um vértice; o quadrado representa a pureza e racionalidade.

Schmid (2005) trata a forma curva como quente, proporcionando um convite de permanência, um refúgio aconchegante, até mesmo a decoração com objetos circulares é capaz de trazer um nível maior de sociabilidade.

Já os ângulos retos, são mais frios e formais, trazem um peso maior de racionalidade. Com isso, o autor revela que desenhos como padrões naturais trazem complexidade ao ambiente, mas quando são obsessivamente geométricos, podem comprometer a comodidade.

Portanto, as pessoas observam as formas e, inconscientemente, podem sentir essas sensações, que são capazes de proporcionar conforto ou desconforto.

De acordo com Kandinsky (1996), as linhas Figura 10 – Hospital Infantil EKH, Integrated Field

Fonte: Archdaily

22

também trazem suas representações, a linha reta horizontal é a mais fria, representa a superfície onde o homem repousa ou morre; a linha vertical é mais quente, representa a altura; já as linhas diagonais, são a mistura das horizontais com verticais, sendo uma linha quente-fria. Já Pedrosa (1977) se refere às linhas horizontais como calmas, as verticais como energia e as diagonais como movimento.

Portanto, além da possibilidade de humanizar ambientes com as cores, também há a utilização das formas, tanto na decoração, quanto na planta arquitetônica, podendo trazer sensações frias ou quentes, racionais ou orgânicas, e proporcionando conforto e tranquilidade aos usuários e pacientes.

Podemos visualizar na figura 10, um hospital que utilizou as formas quentes circulares como forma de humanização desse espaço, percebe-se que tanto a planta, como a estrutura, o mobiliário e até a decoração exploraram essas linhas curvas, resultanto em um ambiente convidativo e aconchegante, que conseguiu desconstruir toda a imagem de um ambiente de saúde frio e vazio.

3.2 DIMENSÃO SENSORIAL NO AMBIENTE Os sentidos humanos possuem o poder de conectar o ambiente com o cérebro, conscientemente ou não, eles proporcionam sensações positivas ou negativas. De acordo com Vasconcelos (2004), os estímulos sensoriais no ambiente devem ser moderados, pois se for intenso ocasionará estresse e se for muito baixo, pode causar depressão e sentimentos ruins.

Vasconcelos (2004, apud MALKIN, 1991), comenta a relação da predisposição das doenças com os fatores emocionais e revela que assim como os sentidos podem auxiliar no surgimento de doenças, eles podem também ser canalizados para ver o mundo melhor e desenvolver autoestima e valorização pessoal. Portanto, se o ambiente puder estimular sensações positivas ao paciente, poderá auxiliar a mente e desenvolver sentimentos e condições psíquicas e físicas boas para o indivíduo, consequentemente auxiliando na sua própria saúde. A percepção humana também pode influenciar muito no comportamento, proporcionando, por exemplo, explosões verbais, inquietações e antissociabilidade.

De acordo com Pallasmaa (2011), a memória tem grande influência nos sentidos, pois nosso corpo associa o que vivemos de bom ou ruim com pelo menos um sentido, como por exemplo uma música de suspense ouvida em algum filme de terror pode trazer nervosismo ou um aroma trazer lembranças da infância e juntamente a saudade. Assim sendo, podemos concluir que a arquitetura pode ultrapassar o limite de ser um espaço de vivência, se sua materialização envolver estímulos sensoriais, ela também é capaz de revelar algum significado na mente humana, interligando emoções do passado e proporcionando sentimentos aos usuários.

Trataremos os seguintes sentidos nessa pesquisa científica: visão, audição, olfato e tato, deixando o paladar de lado, pois a sua influência no tratamento de hemodiálise é basicamente nula, visto que poucos são os casos de clínicas que estimulam o paladar fornecendo algum tipo de alimento. A percepção visual abrange iluminação, cor, forma e movimentos, a auditiva envolve intensidades sonoras, percepção rítmica e localização auditiva, a olfativa abrange os

odores e aromas, e a tátil se refere à forma, tamanho, textura e temperatura, tanto do ambiente como de objetos.

PERCEPÇÃO VISUAL A visão é um dos sentidos mais importantes, pois é por ela que recebemos a maior parte das informações do meio externo, “quase dois terços de todas as informações que chegam do entorno ao cérebro vêm através da visão.” (SCHMID, 2005, p. 272). Portanto, os olhos são grandes fontes sensoriais responsáveis pela recepção da luz, o próprio organismo humano tenta adequar a entrada de luz pelos olhos de forma que não cause incômodo e desconforto. De acordo com a ANVISA (2014, p. 71):

A estrutura fisiológica dos olhos é frequentemente comparada à de uma câmera fotográfica em razão da similaridade com que permite o acesso da luz através da pupila: sob luz intensa, esta tem seu diâmetro reduzido, controlando a intensidade da luz; na penumbra, abre-se completamente, permitindo a entrada do máximo de luz possível.

A ABNT 9050 revela que os limites do campo visual podem chegar até 120º, e quando o indivíduo começa a se deslocar, em um curto espaço de tempo ele já consegue perceber todo o ambiente em seu entorno, reconhecendo texturas, sabor e até aromas apenas visualizando as imagens e analisando as informações que chegam ao seu cérebro.

A visão precisa da luz para funcionar e também depende da acuidade -“capacidade visual para perceber e discriminar pequenos detalhes” (ANVISA, 2014, p. 72)- que é determinada pelo contraste, porém, quando o indivíduo não tem necessidade de concentração e de um alto reconhecimento dos objetos ao seu redor, esse nível de alto contraste não é necessário, pois pode prejudicar o nível de comodidade.

O mesmo pode ocorrer em relação ao nível de ofuscamento, se um objeto for muito brilhante, ele diminui o grau de contraste perceptível pela visão, tornando difícil e desagradável enxergar e entender o que está ao seu redor.

A iluminação pode mudar a percepção de espaço, “uma luz mais ou menos concentrada enfatiza o caráter fechado de uma sala” (SCHIMD,

23

2005, p. 290), se o ambiente for iluminado por igual, a dimensão real será revelada, mas se houver pontos de iluminação menos concentrada como acontece em um abajur, a percepção será de que o local é menor, lembrando uma caverna e, causando um nível de sociabilidade e intimidade maior e diferente para quem ocupa aquele lugar.

De acordo com Schimd (2005) essa sensação de local maior ou menor também acontece com superfícies de apenas uma cor, se for clara, o ambiente parecerá maior e mais amplo, mas se for escura, aparenta ter medidas menores, ou dependendo de como for pintado, é capaz até mesmo de causar efeitos de movimento.

Até mesmo o teto do ambiente pode ser influenciado, aparentando estar mais baixo ou alto dependendo da cor que for pintado.

Quando se trata de percepção visual, as texturas também têm grande influência, o fato de apenas observá-la pode aguçar o sentido do tato, como se já soubéssemos como é a sensação de tocar aquele elemento. Por isso, os jardins e a natureza são importantes para quem permanece em um ambiente hospitalar, mesmo que a vegetação esteja do lado externo, a visão é capaz de transmitir ao cérebro informações sobre as texturas que visualizamos, aumentando o interesse e distração.

Apesar de a percepção visual ser extremamente relevante e uma das principais e mais nobre fonte de informação entre os sentidos, ela também pode ser facilmente iludida, causando uma percepção errônea da realidade, como no caso de proporcionar sensações de ambientes maiores ou menores e mais frios ou mais quentes. Portanto, a necessidade de uma correlação entre todos os sentidos, ou o máximo possível deles, é muito mais eficaz para uma percepção melhor do ambiente em que o indivíduo está inserido.

PERCEPÇÃO AUDITIVA A audição é um sentido interessante para o ser humano, diferente da visão ela pode ser percebida em diferentes cômodos por meio de vibrações que ultrapassam os materiais construtivos. Essa percepção auditiva tem suas vantagens e desvantagens, pois quando se trata de ruídos, por exemplo, pode ser um fator negativo, “o ruído é um estímulo auditivo que

24

não contém informações úteis para a tarefa em execução” (LIDA, 1997 et al. ANVISA, 2014, p. 51), sendo assim, esse barulho indesejável pode incomodar e atrapalhar desempenho de atividades.

Os sons em ocasiões positivas, como aqueles vindos de fontes naturais, como por exemplo, o vento entrelaçando a vegetação, ou aqueles “principalmente causados pela água, além de ter efeito calmante e relaxante, ajudam a diminuir a intensidade de outros sons indesejáveis” (VASCONCELOS, 2004, p.56). Também se destaca os sons de músicas que não causem tensão, eles possuem efeito estimulante de endorfina, podendo diminuir a ansiedade.

O som é indispensável, “quando removemos a trilha sonora de um filme, por exemplo, as cenas perdem sua plasticidade e o senso de continuidade e vida.” (PALLASMAA, 2011, p. 47).

Portanto, se o som for retirado por completo, haverá a necessidade de um melhor desempenho e estímulo por parte de outros sentidos para causar sensações compatíveis de quando o som era percebido. Sendo assim, o sentido auditivo incitado por sons benéficos é capaz de trazer uma sensação maior de conforto e vitalidade.

Schmid (2005) descreve a importância de adequação e comodidade à respeito da audição, revelando que em cada tarefa realizada a necessidade do som é relativa, por exemplo para adormecer, a necessidade do silêncio é importante (adequação), mas há quem prefira ouvir o som do relógio que se assemelha aos batimentos cardíacos, trazendo tranquilidade (comodidade). Portanto a necessidade e o desejo de ouvir sons pode ser variável de pessoa para a pessoa, cada indivíduo percebe e associa os sons a significados distintos, mas ainda assim é possível chegar em um consenso que pode agradar a maioria das pessoas.

O som tem um papel importante nos ambientes, ele pode ser uma forma de não deixar a monotonia prevalecer, uma música ambiente e sons da natureza podem ficar de fundo, quase imperceptíveis quando há outras fontes de ruído, mas a partir do momento que essas outras fontes cessam, o som de fundo penetra os ouvidos sem deixar o ambiente monótono e com tensão.

Já em ambientes assistenciais de saúde, os ruídos podem ser um grave problema, visto que “a tolerância ao ruído é geralmente menor

durante o período de adoecimento” (ANVISA, 2014, p. 50), podendo ser uma fonte de estresse e tensão, sendo assim, a necessidade de combater ruídos nesses locais é essencial, seja na sua origem, no percurso ou no destino final. Já os sons benéficos podem auxiliar na comodidade desses pacientes.

O Manual de Conforto Ambiental da ANVISA cita alguns estudos que comprovaram a eficácia da música como “audioanalgésico” e redutora do nível de ansiedade, essa técnica já pode ser percebida em alguns ambientes de saúde, como consultórios odontológicos e até mesmo em salas de cirurgia. Portanto, a necessidade de sons benéficos e redução dos ruídos é essencial nos ambientes para trazer conforto e calma aos usuários.

PERCEPÇÃO OLFATIVA Assim como todos os sentidos humanos, o olfato é importante, guarda consigo lembranças do passado, influenciando positivamente ou negativamente no psicológico e até na saúde de um indivíduo.

De acordo com Vasconcelos (2004, p. 57)

Enquanto os aromas desagradáveis aceleram a respiração e o batimento cardíaco, os cheiros agradáveis reduzem o estresse. Por isso é preciso ter muito cuidado com o aroma em ambientes de saúde. O cheiro de medicamentos pode estimular a ansiedade, o medo e o estresse dos pacientes, enquanto os aromas agradáveis podem reduzir a pressão sangüínea e diminuir a percepção da dor.

A qualidade do ar e o aroma nos ambientes internos pode parecer irrelevante, mas na realidade é importante pois é dentro dos ambientes que passamos a maior parte da vida, seja ele qual for, saímos de nossas casas e adentramos um novo local e assim vice-versa.

Portanto, a necessidade de manter um ambiente com aromas benéficos é essencial, ou pelo menos, mantê-lo sem nenhum tipo de odor que cause desconforto.

Schmid (2005) relata os estudos realizados pela Universidade de Yale que comprovam que certos aromas podem modificar condições fisiológicas, como por exemplo, o cheiro da maçã

que reduz a pressão sanguínea em pessoas sob estresse e pode prevenir ataques de pânico, ou o aroma da lavanda que desperta o metabolismo e deixa o indivíduo mais alerta. Esses estudos são de grande influência para a arquitetura, pois é possível estimular o corpo e a mente de um indivíduo através do olfato para que seu desempenho melhore em certas atividades realizadas em determinado ambiente, ou mesmo para causar apenas um maior conforto.

A aromaterapia é o principal ramo que relaciona os aromas com a terapia, de acordo com Máyra (2016), os efeitos terapêuticos dos cheiros é resposta do sistema límbico no cérebro humano. Esse sistema tem a função relacionada ao funcionamento visceral, comportamento emocional, resposta homeostática, preservação da espécie, motivação e memória, ou seja, através do sistema límbico a mente é capaz de gerar sensações e sentimentos positivos ou negativos.

O olfato é tão poderoso que pode facilmente estimular o cérebro a se lembrar de ambientes apenas sentindo o seu cheiro característico.

Podemos exemplificar o que ocorre em ambientes hospitalares, por exemplo, um dos principais odores do local é o éter, substância utilizada nos curativos, além de alguns outros cheiros fortes de produtos de limpeza, essas percepções olfativas fazem com que algumas pessoas tenham sensações ruins e se lembrem de momentos de tensão ocorridos nesses locais.

Sendo assim, a necessidade de proporcionar aromas benéficos, não somente aos pacientes, mas a todos que utilizam do local, é essencial para reduzir o nível de estresse e ansiedade, além de provocar emoções positivas e um melhor desempenho nas atividades executadas.

PERCEPÇÃO TÁTIL “A pele não é somente o maior órgão sensitivo do corpo, mas o maior órgão do corpo, contendo as terminações nervosas” (SCHMID, 2005, p. 179), ou seja, a pele corresponde a uma grande área do corpo humano capaz de sentir e receber informações do meio externo.

O conforto e as sensações não dependem apenas de visão, olfato e audição, a pele é indispensável para a percepção do ambiente, podemos sentir tudo ao nosso redor, como por

25

exemplo, temperatura, dureza, texturas e formas.

A partir do tato o indivíduo pode também sentir dor, por isso a preferência é por superfícies que não são agressivas, que não cortem, perfurem ou desprendem partículas, “os materiais lisos tendem a ser mais agradáveis ao tato que os materiais rugosos. Mas pequenas ondulações conferem às superfícies algum dinamismo lúdico.”

(SCHMID, 2005, p.185), portanto há necessidade de escolher superfícies confortáveis e funcionais, mas que ao mesmo tempo desempenhem um papel de descontração e interesse ao usuário.

O corpo humano possui o poder de se adequar às superfícies, essa adequação pode causar conforto, como quando nos sentamos em uma poltrona macia e confortável e o corpo se estrutura e se aconchega ao mobiliário, ou pode causar desconforto, como quando sentamos em um banco de alumínio em um clima frio, a superfície dura e gelada fica irritante para quem ocupa aquele lugar. Portanto a necessidade de analisar e trabalhar com elementos e mobiliários que serão amplamente utilizados pelo corpo e pelo tato é imprescindível para o conforto humano.

Os maiores receptores do tato são as pontas dos dedos e os lábios, daí a necessidade e curiosidade de tocar com as mãos objetos como tecidos, estofados e até frutas, a fim de escolher qual é o ideal e verificar a qualidade do mesmo. Os pés são os próximos receptores mais importantes, podemos percebê-los a partir da boa sensação de utilizar carpetes e tapetes em um ambiente, o pisar descalço traz sensação de conforto para o indivíduo.

Além disso, o toque pode nos revelar a verdadeira essência de um objeto ou material, quando batemos em uma superfície podemos perceber, por exemplo, que talvez aquilo que pensamos ser um mármore ou uma pedra, é na verdade um revestimento plástico que enganou nossa visão.

A percepção tátil pode influenciar até mesmo questões fisiológicas, “existem estudos comprovando que o ato de acariciar um cachorro faz diminuírem os batimentos cardíacos da pessoa.” (SCHMID, 2005, p. 206), ou seja, texturas que simulem essa penugem podem ser benéficas e calmantes.

De acordo com Schmid (2005), as marcas de trabalho humano, ou seja, elementos artesanais,

26

expressam um maior conforto e aconchego, diferentemente de elementos pré-fabricados que causam sensações impessoais e frias. Mas apesar disso, o conforto tátil depende muito do contexto sócio-cultural e psico-espiritual.

“A extensão da qualidade do tátil influi de maneiras tão sutis que se pode dizer que se trata de um sentido subentendido e também subestimado quanto a sua possibilidade de interferência na percepção do cotidiano.”

(DISCHINGER, 2009, p. 23), porém sua influência é nítida e precisa ser estudada de forma que influencie os usuários positivamente, proporcionando conforto e boas sensações.

27

04

PROJETOS DE REFERÊNCIA

28

4.1 INSTITUTO UNIVERSITÁRIO DO CÂNCER ONCOPOLE DE TOULOUSE Figura 11 – Instituto Universitário do Câncer, Jean-Paul Viguier

Fonte: Archdaily

A leitura referencial a seguir refere-se a um Instituto Universitário do Câncer, com área total de 65.000m², que está localizado na cidade de Toulouse, na França, onde antigamente era um espaço ocupado por fábricas de produtos químicos e militares.

O projeto foi realizado em 2014 pelo escritório de arquitetura Jean-Paul Viguier e associados, localizado no município de Paris. Esse escritório tem como lema “A VIGUIER explora as relações entre edifícios e seu ambiente para que cada lugar seja único” (VIGUIER, 2014), isso se manifesta claramente na obra do Instituto, como podemos visualizar na figura 12 e 13, eles exploram a paisagem do entorno para criar um edifício que valoriza tanto seu interior, quanto seu exterior.

De acordo com a equipe de projeto, o Instituto foi planejado para criar uma conexão entre arquitetura, ciência, medicina e natureza.

De acordo com o escritório (VIGUIER, 2014)

Arquitetura e paisagem são os alicerces conceituais desta clínica e a harmonia entre elas cria as condições ideais para o tratamento do câncer. Este

princípio norteia o próprio desenho do instituto, suas formas e materiais.

Ele estabelece uma relação ideal entre os pacientes e a equipe médica.

Ou seja, o partido arquitetônico desse projeto está totalmente relacionado ao local e a paisagem, fazendo com que o Instituto seja caracterizado como um lugar, não apenas como um edifício restrito ao seu uso interno.

Essa relação forte entre arquitetura e paisagem “cria condições favoráveis para tratamentos contra o câncer, o bem-estar dos pacientes e seus funcionários” (ARCHDAILY, 2014), podemos notar essa ligação com a natureza na figura 14, que mostra um pouco do parque público com cerca de 40 ha, e uma zona verde privada que se estende ao longo do rio Garonne.

A obra se aliou ao partido e assim surgiram as formas e materiais utilizados. As curvas do edifício onde fica localizado o espaço de internação são voltadas para o parque público, os volumes ortogonais abrigam salas para consulta e a área longitudinal é o local de interação O vidro, material translúcido permite que o externo adentre o edifício, deixa a luz

29

natural e as paisagens permearem as salas, como podemos ver na figura 13.

O projeto desenvolvido abriga um hospital com 312 leitos, laboratórios, centros de pesquisa e um parque, esse local possui uma mescla de áreas públicas e privadas, tanto por conta do parque, quanto pelos locais de estudo e pesquisa médica que são utilizados para avaliar o tratamento dos pacientes e podem ser utilizados parcialmente por outras pessoas, isso faz com que o edifício seja utilizado tanto pelos médicos, pacientes e familiares quanto pelo público em geral.

O Instituto ainda abriga um local para instalação aberta, permitindo que outros serviços se acomodem para oferecer distração e maior conforto aos pacientes, parentes, amigos e a equipe médica. Já estão instalados um restaurante, centro esportivo, hotel e outras diversas associações.

Esse uso comum do edifício requer um programa arquitetônico e instalações compartilhadas bem pensadas, para que não haja conflitos na utilização dos

Figura 12 – Instituto Universitário do Câncer

Fonte: Archdaily com interferência da autora

30

diversos públicos, ocasionando problemas e desconforto.

Portanto, no térreo do edifício se encontram as área de radiologia, consultas, farmácia, logística e também ambientes de descontração, como restaurante e anfiteatro (figura 15), configurando assim um pavimento mais público e com movimentação mais diversificada.

Já no primeiro pavimento (figura 16), com um pouco mais de restrição, há as instalações hospitalares de cirurgia e alguns laboratórios, esse primeiro andar tem um fluxo de pessoas menos diversificado, com apenas funcionários e pacientes.

Por fim, no segundo e terceiro pavimentos (figura 17 e 18) estão localizados laboratórios, centros de pesquisa e medicina, com acesso apenas aos funcionários do local. Proporcionando um programa de necessidades do edifício se relaciona com o fluxo de pessoas e produz um local público e privado sem problemas de privacidade aos pacientes.

Figura 13 – Instituto Universitário do Câncer, interno e externo

Fonte: Archdaily com interferência da autora

Figura 14 – Parque do Instituto Universitário do Câncer

Fonte: Archdaily com interferência da autora

31

Figura 15 – Programa de necessidades térreo - Instituto Universitário do Câncer

Fonte: Archdaily com interferência da autora

Figura 16 – Programa de necessidades primeiro pavimento - Instituto Universitário do Câncer

Fonte: Archdaily com interferência da autora

32

Figura 17 – Programa de necessidades segundo pavimento - Instituto Universitário do Câncer

Fonte: Archdaily com interferência da autora Figura 18 – Programa de necessidades terceiro pavimento - Instituto Universitário do Câncer

Fonte: Archdaily com interferência da autora

33

Podemos visualizar na figura 19 que o térreo abriga um programa mais diversificado e com a estrutura mais preenchida, porém ainda assim vemos uma configuração de planta que permite a integração da paisagem e da vegetação com o interior.

Nos próximos pavimentos os programas são mais restritos e repetitivos, percebemos que os setores de administração e pesquisa ficam atrás do edifício, deixando a frente do Instituto

disponível para áreas em que os pacientes passam mais tempo, sendo o setor de hospitalização e cirurgia. Isso se torna eficaz para o bem-estar dos doentes, visto que o visual externo dessas áreas é o parque público, uma paisagem agradável e que proporciona conforto. Além disso, a equipe de projeto trouxe permeabilidade nos pavimentos superiores, abrigando ainda mais áreas externas e vegetação, integrando interior e exterior, para que todas as alas fossem beneficiadas.

Figura 19 – Programa de necessidades terceiro pavimento - Instituto Universitário do Câncer

Fonte: Archdaily com interferência da autora

34

4.2 NORDIAL CENTER - CENTRO DE HEMODIÁLISE Figura 20 – Nordial Center

Fonte: Archdaily

A leitura a seguir refere-se ao Nordial Center, um centro de hemodiálise na cidade de Mirandela, em Portugal. O projeto foi realizado pelo escritório de MJAC Arquitectos em 2012, possui uma área de 5.400m², com dois volumes no edifício, um deles com três pavimentos e o outro chega a seis pavimentos, como visualizamos na figura 20.

Essa relação de pavimentos foi feita conforme a legislação urbana da cidade, os autores queriam repetir um mesmo padrão em quantos pavimentos pudessem, assim o trabalho dos funcionários seria facilitado, visto que já conheceriam esse padrão de planta, e também essa solução gera uma certa economia.

Os pacientes de hemodiálise passam cerca de três horas por dia no centro, e aprendem a lidar com as mudanças na vida deles dentro desse lugar, isso fez com que a equipe de projeto expressasse a intenção de criar um edifício que não parecesse um hospital, mas que mostrasse novos valores exclusivos aos pacientes, como podemos visualizar na figura 21, um ambiente amplo, iluminado, com visuais externos

interessantes e muito confortável.

Alguns dos pacientes hemodialíticos podem apresentam restrições e dificuldades, portanto, o MJAC Arquitectos criou um edifício multifuncional, com ruas, praças, jardins, serviços, como podemos ver na figura 22 que representa a implantação do edifício. Tudo isso para que os pacientes pudessem se locomover e distrair, com o máximo de autonomia possível.

Os arquitetos exploraram muito da relação interior/exterior, com amplas janelas dispostas em quase todos os ambientes para que fosse possível uma visualização da paisagem externa; com áreas que permitem maior permeabilização da luz solar, como nas claraboias (figura 21) e no átrio central; e um jardim externo fantástico para explorar tanto por meio de uma caminhada, quanto visualmente por alguma janela, conforme mostra a figura 23 e 24.

De acordo com o departamento de saúde do Centro, eles conseguiram incluir uma arquitetura curativa voltada ao bem estar dos usuários e em uma metodologia de trabalho eficiente, tornando o Centro um espaço

35

agradável para se estar.

O programa de necessidades do edifício pode ser configurado a partir dos três primeiros . O primeiro é alocado no subsolo (figura 25), abrigando a estação de tratamento de água e salas administrativas, sendo o andar mais

Figura 21 – Sala de hemodiálise - Nordial Center

Fonte: Archdaily

Figura 22 – Implantação Nordial Center

Fonte: Archdaily

36

restrito. O segundo pavimento (figura 26) é no nível térreo, onde também há um setor administrativo, a recepção e as salas de hemodiálise. Por fim, no terceiro pavimento (figura 27) estão os quartos e leitos para os pacientes.

Figura 23 – Visual externo - Nordial Center

Fonte: Archdaily

Figura 24 – Vista lateral - Nordial Center

Fonte: Archdaily

37

Figura 25 – Planta do subsolo - Nordial Center

e água

d Tratamento

Administrativo

Fonte: Archdaily

Figura 26 – Planta do térreo - Nordial Center

Hemodiálise

Administrativo

Recepção

Fonte: Archdaily

Figura 27 – Planta do primeiro pavimento - Nordial Center

Quartos pacientes

Fonte: Archdaily

38

4.3 HOSPITAL SARAH KUBITSCHEK RIO DE JANEIRO Figura 28 – Hospital Sarah Kubitschek

Fonte: Archdaily

O Hospital Sarah Kubitschek está localizado na cidade de Rio de Janeiro, no Brasil, um município com clima quente e úmido, por isso, a maior necessidade desse projeto era criar um edifício que minimizasse ao máximo a sensação de calor daquele local.

O partido arquitetônico do projeto surgiu justamente do clima rigoroso da cidade e do terreno parcialmente alagado, em uma ilha, que foi escolhida para a implantação do edifício, mas também das diretrizes dos outros hospitais da Rede Sarah que já haviam sido criados, sendo elas: contato com o exterior, flexibilidade dos espaços, sistemas de iluminação e ventilação natural, como visualizamos na figura 28.

Seguindo esse partido e as diretrizes adotadas, foi criada uma cobertura totalmente desvinculada dos espaços internos, com pés direitos altos variáveis formando os sheds.

O teto dos ambientes internos é constituído de peças basculantes de policarbonato com

estrutura metálica, fazendo com que seja possível a modificação das aberturas nos tetos para melhorar as condições de ventilação e iluminação.

O espaço que sobra entre esses tetos e os sheds formam áreas de colchão de ar ventilado e difusor de luz solar que entra pelas aberturas, potencializando a utilização de ventilação e iluminação natural, como podemos visualizar na figura 29 e 30.

Lelé adotou no projeto mais duas possibilidades de ventilação, conforme figura 31, além dos sheds. A segunda opção é a utilização da ventilação mecânica, com dutos instalados no piso técnico que insuflam o ar por unidades fancoil até os ambientes, e a terceira alternativa é a utilização desses mesmos dutos para insuflar ar refrigerado que é produzido na central frigorífica no pátio de serviço. Desse modo, a ventilação pode ser variada conforme a estação do ano e as condições climáticas da cidade.

39

O programa de necessidades do edifício é distribuído em quatro blocos, como podemos visualizar na planta da figura 32: o primeiro é de serviços técnicos, que fica localizado no acesso principal, pois atende todo o público; o segundo é o bloco de internação, onde circula apenas os funcionários e pacientes, essa área fica mais recuada, pois necessita de mais privacidade, assim como o bloco de serviços gerais que fica ao lado, onde são realizados exames e consultas; no quarto setor, o mais recuado, fica o centro Figura 29 – Espelho d’ água - Hospital Sarah Kubitschek

Fonte: Arcoweb Figura 30 – Corte do Hospital Sarah Kubitschek

Fonte: Perén

40

de estudo, residência médica e auditório, onde apenas os funcionários utilizam.

O projeto do Hospital Sarah Kubitschek do Rio de Janeiro, do arquiteto João Filgueiras Lima visa uma relação interior e exterior, uma ligação entre o edifício e o clima do local, possibilitando uma redução dos gastos com energia e influenciando no conforto e bem estar do paciente, proporcionando um espaço aconchegante e que quebra os conceitos de hospital que temos atualmente.

Figura 31 – Ambientes com ventilação artificial, áreas de transição e áreas verdes

Fonte: Perén

Figura 32 – Ambientes do Hospital Sarah

Fonte: Perén

41

CENTRO DE HEMODIÁLISE DE LEME Figura 33 – Centro de Hemodiálise de Leme

Fonte: Vertentes

O projeto modelo do escritório Vertentes Arquitetura refere-se a uma reforma e ampliação do Centro de Hemodiálise na cidade de Leme, em São Paulo, cerca de 190km da capital. Em 2017 esse edifício passou por uma reforma de 352m² e uma ampliação de mais 183m² para atender as necessidades dos usuários.

O local da obra de ampliação foi um antigo pátio interno da Santa Casa que ficava ao lado de um centro de internação que estava paralizado e inacabado, sem funcionamento algum. Nesse novo espaço foram instalados o salão de hemodiálise e o posto de enfermagem, totalizando os 183m² construídos, como podemos visualizar na planta baixa da figura 34.

Com a possibilidade de criação de um novo bloco para o salão de diálise, foi possível trabalhar com elementos que proporcionassem maior bem-estar aos pacientes, como o caso do piso vinílico de cor azul. Portanto, a estrutura dessa nova área foi feita em forma de pavilhão, com dimensão ampla longitudinalmente, causando uma sensação de amplitude, sem parecer um ambiente de confinamento.

A cobertura do novo bloco foi feita com

42

inclinação invertida em relação a cumeeira, como visualizamos na figura 35, fazendo com que as paredes laterais ficassem mais altas, alocando mais uma fileira de janelas para que a iluminação natural pudesse adentrar o ambiente.

O programa de necessidades desse projeto completo conta com um salão para o procedimento de diálise e áreas de apoio, como sala de tratamento de água, recepção, espera, internação, administração e consultórios. Esses ambientes de apoio foram alocados no antigo centro de internação, que foi reformado, e como os usos são parecidos, foi fácil alocar os novos espaços na planta já existente, necessitando de poucas alterações.

Apesar de toda pré-existencia de construções tanto da própria obra, quanto no entorno do centro de hemodiálise, podemos concluir que a equipe de projeto se esforçou para transformar o local e deixá-lo confortável para os usuários e principalmente para os pacientes, sendo um edifício tranquilo e que proporciona bem-estar para que o utiliza.

Figura 34 – Planta baixa Centro de Hemodiálise de Leme

Fonte: Vertentes Figura 35 – Corte esquemático do Centro de Hemodiálise de Leme

Fonte: Vertentes

43

05

ESTUDO DE CASO

44

CLÍNICA LUND O estudo de caso foi realizado no dia 25 de agosto de 2020, na Clínica Lund de Nefrologia, localizada na Rua Visconde de Inhaúma, número 1600, no bairro Jardim Sumaré. A visita foi guiada pela enfermeira chefe Fabiana, que passou todas as informações necessárias.

A Clínica Lund foi construída em 2017, foi projetada para atender os pacientes hemodialíticos, o objetivo principal da execução da clínica foi para retirá-la de dentro dos hospitais São Paulo e Beneficência Portuguesa,

onde funcionava anteriormente.

Esse estabelecimento fica em uma quadra bem íngreme, o que proporcionou um edifício com acesso à rua nos seus dois pavimentos, porém há problemas de acesso e acessibilidade no nível superior, dificultando até mesmo a entrada de veículos, como visualizamos na figura 36, portanto, um indivíduo que possui mobilidade reduzida precisa de ajuda para conseguir adentrar o local ou então acessá-lo pelo nível inferior.

Figura 36 – Fachada Clínica Lund

Fonte: Arquivo pessoal

Com exceção da entrada, a clínica possui boa qualidade na acessibilidade, com corredores largos, elevadores de acesso e sanitários acessíveis.

Nos estabelecimentos de hemodiálise, a recepção é um ambiente essencial, visto que os pacientes de outros municípios necessitam aguardar nesse espaço até a chegada das vans para retornarem às cidades de origem.

O edifício em questão abriga duas recepções, por conta do acesso em ambos os pavimentos.

Percebe-se que a recepção do acesso principal (superior) possui maior qualidade visual e conforto ambiental, pois além de possuir uma

grande face de vidro, o pé direito do ambiente é duplo, como podemos visualizar na figura 36, o que possibilita a entrada de luz natural e deixa o ambiente mais iluminado.

Quando se trata de outros elementos arquitetônicos, os dois ambientes são parecidos, possuem o mesmo piso porcelanato fosco bege claro, a mesma cor de tinta pêssego nas paredes, o mesmo estilo de cadeiras e poltronas e o balcão das recepções se destacam com revestimento amadeirado que traz um maior conforto ao ambiente. A recepção secundária possui um quadro com pintura de vegetação próximo ao balcão que se destaca, sendo um elemento de

45

Figura 37 – Recepção secundária

Fonte: Arquivo pessoal Figura 38 – Exterior recepção secundária

Fonte: Arquivo pessoal

46

distração, fora isso, as duas recepções possuem apenas televisores para auxiliar na espera dos pacientes e ainda possibilitam pouca interação entre os usuários, devido a disposição das cadeiras no layout, como podemos visualizar na figura 37, onde as cadeiras ficam configuradas em fileira.

A recepção secundária possui um certo recuo protegido, o que proporcionou a inserção de cadeiras ao lado de fora da sala. De acordo com a enfermeira chefe, muitas pessoas gostam de esperar no exterior do edifício, revelando o gosto pela interação interior-exterior, porém não há elementos arquitetônicos que melhorem a qualidade externa daquele espaço, como podemos visualizar na figura 38.

O estabelecimento possui quatro salas de hemodiálise, uma delas é reservada para pacientes com hepatite B (figura 39), que precisam realizar o procedimento separado dos demais, esse ambiente possui apenas quatro máquinas para diálise, mas de acordo com a enfermeira, não são todas que são utilizadas, pois há poucos pacientes com hepatite B.

Figura 39 – Sala para pacientes com hepatite B

Fonte: Arquivo pessoal

Outra sala que existe no local ainda não está em uso, está sendo preparada para atender mais 5 pacientes no futuro, porém, de acordo com a enfermeira chefe, ainda não há necessidade dessa ampliação, portanto a sala está fechada e em espera para quando houver necessidade de atender mais pacientes hemodialíticos.

Por fim, as duas últimas salas são as principais, possuem um espaço mais amplo, capaz de acomodar de 30 a 35 usuários cada, são similares em planta, conforme figura 40, visto que a configuração se repete no térreo e no 1º pavimento, portanto elas possuem as mesmas medidas, mesma orientação espacial e mesma disposição de layout, sendo as poltronas alocadas no perímetro da sala, a porta de entrada quase central e o posto de enfermagem de frente à porta, possibilitando uma vista quase total da sala, mas ainda assim em cada extremidade do ambiente há cadeiras ao lado de pias para os enfermeiros conseguirem se acomodar e visualizar melhor os ângulos que são desprivilegiados do posto de enfermagem.

As salas possuem apenas uma face voltada para o exterior, nesse lado estão alocadas janelas altas onde a visualização externa é limitada

por muros externos no térreo, e no primeiro pavimento é possível se ver uma estreita faixa de vegetação.

As janelas em questão possuem persianas do tipo tela solar, pois no fim da tarde o sol consegue adentrar a sala no sentido diagonal, fazendo com que o ambiente fique desconfortável, porém, nesses momentos as persianas são fechadas, sendo eficazes para barrar os raios solares e ainda possibilitam um pouco de visualização externa quando utilizadas.

Foi possível observar que a única interação interior-exterior é feita a partir das janelas, que, como dito, quase não possuem visuais interessantes, impossibilitando uma distração positiva para os pacientes, como se nota na figura 41.

Todas as salas de hemodiálise e inclusive os ambientes públicos possuem o mesmo padrão de revestimento, piso e pintura. Sempre com porcelanato bege claro fosco, pintura de parede em cor pêssego e pedras de bancadas e balcões em granito claro, esses elementos são capazes de humanizar e proporcionar mais conforto ao ambiente.

No caso do porcelanato, a cor bege é capaz

47

Figura 40 – Croqui planta sala de hemodiálise

Fonte: Arquivo pessoal

de trazer leveza ao ambiente sem deixa-lo monótono e sem vida como seria se fosse todo branco, além disso, o fato do piso ser fosco auxilia no conforto visual dos pacientes, principalmente quando esse porcelanato continua até meia parede, já que não reflete nenhum tipo de luz que poderia causar algum incômodo e ofuscamento.

A cor das paredes é um fator essencial, pois assim como o porcelanato, ela se afasta da cor branca e não deixa o ambiente opaco, a cor pêssego possui em sua composição o laranja e o rosa, que segundo Pimentel (1992) apud Oliveira e Ribas (1995, p. 79), elas são respectivamente estimulante, trazendo um ar social e aconchegante, proporcionando calor sem excitação. Se analisarmos essas duas interferências podemos avaliar a cor pêssego

48

como benéfica ao ambiente de hemodiálise.

As pedras utilizadas em cima de bancadas e balcões são granitos em tons claros, o que não proporciona peso visual e se relaciona bem com o tom do porcelanato, sendo um elemento neutro que não chama muita atenção e não causa desconforto no ambiente.

As poltronas para os pacientes são revestidas com um tecido sintético azul marinho, que também de acordo com Pimentel (1992) apud Oliveira e Ribas (1995, p. 79), a cor azul é tranquilizante, sendo benéfica aos usuários.

Além disso, a cor da poltrona se relaciona com as máquinas de hemodiálise, que são encontradas no ambiente em dois modelos, um todo azul e outro azul e branco.

As percepções visuais que impactam

negativamente nas salas são as máquinas de hemodiálise, pois apesar de possuírem cores interessantes, são grandes e possuem muitos fios presos que poluem visualmente o local, como mostra a figura 42. Outro incômodo visual é proporcionado pela escolha do mobiliário

de apoio dos pés, todos os pacientes possuem bancos plásticos na cor branca para apoio, que ficam enfileirados em frente às poltronas e chamam bastante atenção, a escolha desse tipo de mobiliário é pelo custo-benefício, mas acaba desqualificando o ambiente.

Figura 41 – Visual externo sala de hemodiálise

Fonte: Arquivo pessoal Figura 42 – Sala de hemodiálise

Fonte: Arquivo pessoal

49

Apesar do banco de apoio para os pés ser de plástico, um material que não configura um bom conforto tátil, não houve queixas de desconforto pelos pacientes, porém em relação as poltronas os enfermeiros comentaram da constante reclamação de desconforto devido ao longo período de uso do mobiliário. Isso faz com que ocorra o desgaste da poltrona mais rapidamente O conforto térmico é outro tema muito importante nos centros de hemodiálise, pois a relação feita entre o corpo e a máquina, de saída e entrada do sangue, faz com que o indivíduo sinta mais frio que o normal, fazendo com que o sangue retorne ao indivíduo com uma temperatura menor do que quando sai do corpo, então apesar de muitas vezes a temperatura no ambiente estar em um nível de conforto térmico adequado, os pacientes que estão realizando o procedimento precisam usar cobertores e roupas de frio, além disso, a atividade realizada pelo indivíduo influência na perda de calor e como podemos verificar, os pacientes ficam em repouso por quase todo o procedimento.

As condições térmicas das duas salas principais de hemodiálise possuem dois parâmetros, o primeiro é no setor A, como mostra a figura 43, que caracteriza um espaço mais frio, visto que os ares-condicionados voltados para aquela área ficam ligados com a temperatura em torno de 19ºC durante todo o procedimento. O setor B fica próximo às janelas, que de acordo com a enfermeira chefe, ficam abertas durante todo o dia, devido à pandemia do Covid-19, portanto, há interferência climática no ambiente, sendo assim, os ares-condicionados desse setor somente são ligados se houver uma temperatura externa muito quente, possibilitando assim uma área mais confortável para os pacientes, já que eles sentem mais frio.

Apesar dessa diferença de temperatura em uma mesma sala, a maioria dos pacientes que realizaram o procedimento no dia da visita estava com roupas de frio e/ou cobertores para se aquecer, até mesmo em horários mais quentes do dia em que o sol conseguia adentrar a sala, como no caso do período da tarde.

Em relação a luminosidade do ambiente, a ABNT NBR ISO/CIE 8995-1:2013 determina a quantidade adequada de 500 lux para salas de diálise. Na visita ao local percebe-se que apesar da grande quantidade de luminárias de teto,

50

poucas ficam ligadas nas salas de hemodiálise, mas como os ambientes sofrem influência da luz solar, o nível de lux é considerado bom.

Porém, como a sala possui apenas uma face com janelas, há diferença entre dois setores, como mostra a figura 44, onde o setor A possui uma luminosidade mais baixa e o setor B uma luminosidade mais alta, com variações de até 600 lux nessas diferentes áreas em um mesmo horário.

Figura 43 – Setores térmicos

Fonte: Arquivo pessoal Figura 44 – Setores térmicos

Fonte: Arquivo pessoal

Apesar dessa diferença de temperatura em uma mesma sala, a maioria dos pacientes que realizaram o procedimento no dia da visita estava com roupas de frio e/ou cobertores para se aquecer, até mesmo em horários mais quentes do dia em que o sol conseguia adentrar a sala, como no caso do período da tarde.

Em relação a luminosidade do ambiente, a ABNT NBR ISO/CIE 8995-1:2013 determina a quantidade adequada de 500 lux para salas de diálise. Na visita ao local percebe-se que apesar da grande quantidade de luminárias de teto, poucas ficam ligadas nas salas de hemodiálise, mas como os ambientes sofrem influência da luz solar, o nível de lux é considerado bom.

Porém, como a sala possui apenas uma face com janelas, há diferença entre dois setores, como mostra a figura 44, onde o setor A possui uma luminosidade mais baixa e o setor B uma luminosidade mais alta, com variações de até 600 lux nessas diferentes áreas em um mesmo horário.

Nota-se que a quantidade de lux no setor B se modifica durante todo o dia, no período da manhã encontra-se valores em torno de 200 lux, já no período da tarde, quando o sol incide nas janelas, a quantidade de lux fica em torno de 700, e de acordo com Bosboom (2014), essa interferência da luz solar auxilia no ciclo circadiano, e controla as produções hormonais.

Além disso, há um maior conforto luminoso quando não há fortes incidências de luz vinda das luminárias de teto que ficam no ângulo de visão do paciente deitado.

Já no setor A, apesar de certos momentos encontrarmos o nível de lux abaixo do que é estipulado na norma, basta que se acendam algumas luminárias que já se atinge o valor adequado.

Em relação ao conforto acústico nos centros de hemodiálise, podem ser encontradas complicações, os ruídos de passos, movimentação de objetos e funcionamento das máquinas de filtragem podem ser incômodos aos usuários.

Na clínica estudada o maior impacto acústico é causado pelas máquinas de hemodiálise, que é composto de sons graves que são mais baixos e tons agudos que se assemelham a apitos, esses são mais altos e causam estresse e desconforto acústico.

Devido ao barulho produzido pelo

dialisador, quase não é possível escutar outros ruídos ou sons, nem mesmo do televisor utilizado para distração dos pacientes. O desconforto é ainda maior quando há troca de turnos, onde o barulho das máquinas fica mais constante, multiplicado com a movimentação de pacientes e funcionários.

Quando se trata das percepções olfativas e do paladar percebe-se que elas são pouco estimuladas na clínica em questão. Podemos sentir alguns cheiros apenas em dois momentos, o primeiro é incômodo, quando há manipulação de algum tipo de produto mais forte no posto de enfermagem, mas ainda assim é possível sentilo apenas no entorno imediato ao posto, e por pouquíssimo tempo. O segundo momento é quando há distribuição do lanche no meio da sessão de hemodiálise, onde é possível sentir um leve cheiro de café e o cheiro do suco servido no dia, porém, também é por pouco tempo, por cerca de 20 minutos.

O paladar também é estimulado apenas durante o lanche, com o café, suco e pão com margarina, servidos em uma pequena bandeja.

Apesar da Clínica Lund de Nefrologia ser projetada para o uso específico e pensada arquitetonicamente, é importante ressaltar a falta de alguns elementos que poderiam auxiliar na humanização e conforto, como por exemplo a inserção de locais para armazenamento de itens pessoais dos pacientes, pois muitos levam bolsas grandes com cobertores e travesseiros, mas precisam deixar os pertences no chão ou pendurados nas poltronas.

Outro importante fator é a possibilidade de utilização de cortinas para privacidade dos pacientes, principalmente quando há ocorrência de desmaios ou quando algum indivíduo passa mal, assim os enfermeiros podem fechar as cortinas e evitar que os outros pacientes fiquem impactados com o ocorrido.

Com o levantamento de observação no local, foi possível analisar algumas ações realizadas pelos pacientes que apontam suas reações e percepções. Como as únicas distrações proporcionadas pela clínica são as televisões, e muitas vezes não é possível ouvir o som e nem mesmo visualizar as imagens de certos ângulos, os pacientes se distraem com celulares e levam fones de ouvidos para não ouvir os ruídos das máquinas, mas a maioria prefere dormir para

51

que o tempo passe de forma mais rápida.

Percebe-se o desinteresse pelo ambiente e a falta de elementos que causem curiosidade, pois os pacientes muitas vezes olham para os lados como se buscassem algo interessante para ver, mas quando não encontram, se recostam na poltrona e voltam a tentar dormir.

Outra observação foi a inquietação de alguns pacientes em determinados horários, como próximo à hora do lanche ou do término do procedimento, apontando uma certa ansiedade por algo distinto da monotonia de realização da hemodiálise.

Devido ao barulho produzido pelo dialisador, quase não é possível escutar outros ruídos ou sons, nem mesmo do televisor utilizado para distração dos pacientes. O desconforto é ainda maior quando há troca de turnos, onde o barulho das máquinas fica mais constante, multiplicado com a movimentação de pacientes e funcionários.

Quando se trata das percepções olfativas e do paladar percebe-se que elas são pouco estimuladas na clínica em questão. Podemos sentir alguns cheiros apenas em dois momentos, o primeiro é incômodo, quando há manipulação de algum tipo de produto mais forte no posto de enfermagem, mas ainda assim é possível sentilo apenas no entorno imediato ao posto, e por pouquíssimo tempo. O segundo momento é quando há distribuição do lanche no meio da sessão de hemodiálise, onde é possível sentir um leve cheiro de café e o cheiro do suco servido no dia, porém, também é por pouco tempo, por cerca de 20 minutos.

O paladar também é estimulado apenas durante o lanche, com o café, suco e pão com margarina, servidos em uma pequena bandeja.

Apesar da Clínica Lund de Nefrologia ser projetada para o uso específico e pensada arquitetonicamente, é importante ressaltar a falta de alguns elementos que poderiam auxiliar na humanização e conforto, como por exemplo a inserção de locais para armazenamento de itens pessoais dos pacientes, pois muitos levam bolsas grandes com cobertores e travesseiros, mas precisam deixar os pertences no chão ou pendurados nas poltronas.

Outro importante fator é a possibilidade de utilização de cortinas para privacidade dos pacientes, principalmente quando há ocorrência

52

de desmaios ou quando algum indivíduo passa mal, assim os enfermeiros podem fechar as cortinas e evitar que os outros pacientes fiquem impactados com o ocorrido.

Com o levantamento de observação no local, foi possível analisar algumas ações realizadas pelos pacientes que apontam suas reações e percepções. Como as únicas distrações proporcionadas pela clínica são as televisões, e muitas vezes não é possível ouvir o som e nem mesmo visualizar as imagens de certos ângulos, os pacientes se distraem com celulares e levam fones de ouvidos para não ouvir os ruídos das máquinas, mas a maioria prefere dormir para que o tempo passe de forma mais rápida.

Percebe-se o desinteresse pelo ambiente e a falta de elementos que causem curiosidade, pois os pacientes muitas vezes olham para os lados como se buscassem algo interessante para ver, mas quando não encontram, se recostam na poltrona e voltam a tentar dormir.

Outra observação foi a inquietação de alguns pacientes em determinados horários, como próximo à hora do lanche ou do término do procedimento, apontando uma certa ansiedade por algo distinto da monotonia de realização da hemodiálise.

53

06

ÁREA DE INTERVENÇÃO

54

JUSTIFICATIVA DA ÁREA O objeto será inserido dentro do Campus da USP (Universidade de São Paulo), na cidade de Ribeirão Preto – SP, no bairro Vila Monte Alegre, região oeste do município. O local de inserção possui, além da universidade ao lado, locais de comércio, restaurantes e até mesmo bancos, esses usos facilitam a rotina de quem utilizará a Clínica de Hemodiálise.

A escolha desse local se fez a partir da análise das clínicas de hemodiálise de Ribeirão Preto, foi verificado que uma delas já se encontra no Campus da USP, mas fica alocada dentro do

Hospital HC, portanto a justificativa da escolha do lugar é justamente retirar a clínica de dentro desse estabelecimento, visto que não há necessidade de se manter uma clínica instalada em um hospital, por conta da possível dissipação de doenças de outros setores para a área de hemodiálise.

Sendo assim, não são necessárias grandes modificações de localização, para não causar estranheza aos pacientes e também por conta do fácil acesso à cidade pelo anel viário próximo, visto que há pacientes que viajam de outros municípios para realizar o procedimento.

Figura 45 – Área de intervenção

Fonte: Open Street Map com intervenção da autora

55

ANÁLISE DO ENTORNO Figura 46 – Figura Fundo

Fonte: Campus da USP de Ribeirão Preto com intervenção da autora Figura 47 – Uso e Ocupação do solo

Fonte: Campus da USP de Ribeirão Preto com intervenção da autora

56

Figura 48– Gabarito

Fonte: Campus da USP de Ribeirão Preto com intervenção da autora Figura 49– Equipamentos Urbanos

Fonte: Campus da USP de Ribeirão Preto com intervenção da autora

57

Figura 50 – Vegetação

Fonte: Campus da USP de Ribeirão Preto com intervenção da autora Figura 51 – Hierarquia Viária Física

Fonte: Campus da USP de Ribeirão Preto com intervenção da autora

58

Figura 52 – Hierarquia Viária Funcional

Fonte: Campus da USP de Ribeirão Preto com intervenção da autora Figura 53 – Rotas de ônibus

Fonte: Campus da USP de Ribeirão Preto com intervenção da autora

59

O objeto será inserido dentro do Campus da USP, portanto podemos notar que em relação as construções próximas temos três variações, conforme visualizamos na figura 45. No próprio campus temos um índice baixo de construções e densidade, visto que é uma área institucional; já no bairro Jardim Paiva, mais ao norte no mapa, verificamos um índice mais alto de densidade e construções, com poucos lotes vazios; e por fim, no bairro Cidade Universitária, localizado mais ao nordeste no mapa, notamos uma outra configuração, com lotes maiores e mais áreas vazias entre as construções, revelando até mesmo um certo padrão mais privilegiado se comparado ao bairro vizinho, Jardim Paiva.

Em relação ao uso do solo na área escolhida, percebe-se na figura 47 que o local de inserção do objeto se encontra no uso institucional, mas os bairros próximos tem uma concentração maior de uso residencial, com poucos pontos de comércio e serviço, além de apresentar algumas áreas vazias.

Essa relação de área mais residencial também mostra suas características no mapa de gabarito da figura 48, percebe-ce uma altura das construções mais baixas, com no máximo 2 pavimentos, e no Campus da USP notamos algumas construções maiores, com mais de 3 pavimentos, como é o caso do próprio Hospital HC. Se abrirmos um pouco mais o leque da região dos levantamentos, conseguimos analisar alguns equipamentos urbanos próximos à área de intervenção, conforme a figura 49.

Percebemos que a área apresenta uma boa quantidade de equipamentos voltados à educação, além de muitas áreas verdes como praças e parques, mas em relação aos outros equipamentos, notamos uma certa carência nos bairros do entorno. No Campus da USP há alguns equipamentos voltados à cultura, o que de certa forma supre os bairros envoltos. Mas quando analisamos os locais de lazer percebemos que são muito poucos para o tamanho e a densidade da área.

Em relação a vegetação da área, na figura 50, percebemos que o Campus da USP é um local bem arborizado e com uma qualidade vegetativa muito interessante, fazendo com que seja um local mais tranquilo e agradável.

Já em relação aos bairros Jd. Paiva e Cidade

60

Universitária, percebemos algumas áreas como praças, lotes vazios e canteiros de avenidas, que trazem uma maior vegetação, além de algumas árvores encontradas nas calçadas de casas.

A hierarquia viária do local é bem tranquila, há algumas avenidas configuradas como vias arteriais bem próximas que são mais movimentadas, mas o restante das vias são maioria de baixo fluxo, ou com médio fluxo em determinados horários de pico.

Essa hieraquia com avenidas próximas permite a circulação de mais ônibus no local. No total são 11 linhas que passam na região do levantamento, com pontos bem distribuidos entre os bairros e até mesmo dentro da Universidade. Os ônibus intermunicipais não possuem paradas no local, pois a maioria tem como ponto principal a rodoviária no centro da cidade, mas ainda assim dentro da USP existe uma plataforma para ônibus particulares e vans intermunicipais, visto que é uma das Universidades de destaque da região e que abriga estudantes de diversas cidades vizinhas e até mesmo pacientes do Hospital HC que necessitam de viagens para cidades vizinhas.

LEGISLAÇÃO VIGENTE A legislação vigente do município na área de inserção do objeto é bem tranquila, por se localizar na região ZUP (Zona de Urbanização Preferencial) da cidade. Portanto, a partir de pesquisas nas legislações pertinentes, foi realizada uma tabela com as restrições e exigências para construções nessa área.

Tabela 3 – Legislações vigentes.

Coeficiente de aproveitamento Taxa de ocupação

Até 5 vezes a área do terreno;

Área permeável

Obrigatório 15%;

Gabarito

Pode ultrapassar o gabarito básico de 10 metros;

Recuo lateral/fundo

Recuo mínimo de 2 metros;

Recuo frontal

R=H/6 (maior ou igual a 2 metros); ou 5 metros de recuo para gabarito básico

No máximo 80% do terreno;

Fonte: Lei complementar nº 2157/2007 com intervenção da autora

ESTUDO VOLUMÉTRICO DA ÁREA O Centro de hemodiálise será implantado em um terreno logo na entrada do Campus da USP, como mostra a figura 54. Seu entorno está basicamente vazio no atual momento, porém existem duas praças no local, uma ao lado do

terreno escolhido e a outra se encontra logo em frente. Apesar de não estarem com grande qualidade arbórea e com funcionalidade para o público, ela poderá ser requalificada, com novas vegetações, caminhos e mobiliário urbano para os usuários.

Figura 54 – Localização do terreno

Fonte: Mapa de Ribeirão Preto com intervenção da autora

61

Ao lado da praça está implantado um estacionamento que atualmente atende a Clínica Civil da USP. Nesse estacionamento se encontra um pequeno restaurante muito utilizado pelo público do Campus.

Podemos visualizar na figura 55 a situação do objeto em relação ao norte, revelando que a fachada do edifício será voltada para o leste, acolhendo o sol da manhã, enquanto o fundo do Figura 55 – Área de intervenção

Planta da área

Corte da área

Fonte: Mapa de Ribeirão Preto com intervenção da autora Figura 56 – Área de intervenção

Fonte: Arquivo pessoal

62

lote receberá os raios solares da tarde, e a lateral do edifício voltada ao norte será a que recebe maior incidência solar.

Nota-se que a lateral sul do terreno será a que recebe menor incidência solar, além disso, as árvores altas localizadas na praça diminuem ainda mais os raios. Os ventos predominantes chegam pelo sudeste, passando principalmente pela fachada e pela praça ao lado.

A topografia da área é bem íngreme, como mostra a figura 56, totalizando seis curvas de nível apenas no lote escolhido, revelando uma maior preocupação com acessibilidade e conforto, visto que a curva de nível mais alta do terreno é de onde vem os ventos predominantes, então se não houver um certo cuidado, os ventos vão ultrapassar o edifício por cima e não adentrar no local.

A partir de visita ao local de inserção do objeto foi possível recolher fotos que mostram mais o terreno e a área, revelando uma rua tranquila com quase nenhum edifício no entorno, apenas um estacionamento com um restaurante no interior do lote à 200 metros do lote escolhido para implantação do Centro de Hemodiálise, como visualizamos na figura 57.

Figura 57 – Vista do estacionamento acima da praça

Fonte: Arquivo pessoal Figura 58 – Vista da placa em frente a área destinada à praça

Fonte: Arquivo pessoal

63

Figura 59 – Vista das duas áreas destinadas à praças, acima do lote escolhido

Fonte: Arquivo pessoal Figura 60 – Vista da praça e terreno de inserção à direita

Fonte: Arquivo pessoal Figura 61 – Vista frontal do lote escolhido

Fonte: Arquivo pessoal

64

65

07

PROGRAMA DE NECESSIDADES

66

PROGRAMA Tomando como base os projetos de referência, outros projetos de clínicas de hemodiálise e a Resolução RDC 50, listamos todos os ambientes necessários para a correta utilização do Centro de Hemodiálise.

Por se tratar de um ambiente de saúde, as legislações mostram algumas medidas mínimas para determinados ambientes, obedecendo essa predeterminações, foi criada uma tabela com a metragem desejada para cada local, sempre acima da mínima, podendo ser aumentada conforme a necessidade do projeto.

Tabela 4 – Programa de necessidade Centro de Hemodiálise

Ambiente

Área

Recepção

10m²

Área de espera

50m²

Arquivo de pacientes

6m²

Sanitário para pacientes

3,5m²

Sala administrativa

9m²

Área de balança

8m²

Sala de lavagem de fístulas

5m²

Sala de manutenção

5m²

Sala de reuso

15m²

Consultório

10m²

Sala de procedimentos

15m²

Sala de recuperação

25m²

Salão de hemodiálise

200m²

Sala de hemodiálise infantil

100m²

Sala de hemodiálise para pacientes com hepatite C

20m²

Sala de hemodiálise para pacientes com hepatite B (HBsAg+) Posto de enfermagem

20m² 15m²

Sala para guarda de cadeira de rodas e macas

15m²

Abrigo de resíduos

10m²

Abrigo de máquinas

10m²

Tratamento de água

18m²

Expurgo

6m²

Depósito de materiais

10m²

Depósito de materiais de limpeza

5m²

Copa

15m²

Vestiário para funcionários

8m²

Fonte: Resolução RDC Nº 50, com intervenção da autora

ORGANOGRAMA O organograma do Centro de Hemodiálise foi dividido em sete setores de acordo com o programa de necessidades. Começamos pelos jardins que circundam o edifício, eles

são de uso público, permitindo a passagem e utilização de todos que desejarem; logo que os usuários entram no terreno percebem o setor de recepção e espera, também público, visto que as pessoas podem entrar para pedir informações e ajuda; a partir da recepção, os usos do edifício

67

se tornam semi-público ou como chamamos de setor clínico, visto que para alcançá-lo, os indivíduos devem ter uma autorização prévia dos funcionários, assim podem seguir para a área de administração, consultórios ou para as

salas de hemodiálise. Os dois setores restantes são dos funcionários e os abrigos de máquinas e resíduos, que só devem ser utilizados pelos profissionais, configurando áreas privadas do Centro de Hemodiálise.

Jardins

Recepção e espera Administração Setor de Funcionários

Consultórios e Procedimentos

Abrigos

SETOR PÚBLICO

(Profssionais, pacientes e acompanhantes)

SETOR CLÍNICO

(Profssionais e pacientes)

SETOR PRIVADO

(Somente profssionais)

68

Salas de hemodiálise

FLUXOGRAMA O fluxo do projeto segue o fluxograma a seguir: O edifício possui dois acessos principais, o público que chega pela área de espera e o acesso de funcionários, que permite uma separação entre os profissionais e pacientes.

Os ambientes que se ligarão à recepção serão: administração, guarda de cadeira de rodas e macas, salas de hemodiálise e consultórios.

Já os funcionários que chegam por este setor

podem acessar a administração e os ambientes de apoios, e somente após a passagem por esse espaço de apoio eles conseguem alcançar as salas de hemodiálise e os consultórios.

Já a sala de procedimentos só tem acesso por meio do setor de consultórios, e a sala de recuperação após realizados os procedimentos.

Esse ambiente de recuperação poderá ter uma saída privilegiada, visto que o paciente ainda poderá debilitado, assim o veículo poderá acessar em frente a sala e retirá-lo do local sem tumulto.

ACESSO FUNCIONÁRIOS

SETOR DE FUNCIONÁRIOS

ACESSO PÚBLICO

ADMINISTRAÇÃO

GUARDA DE CADEIRA DE RODAS E MACAS

SALA DE ESPERA

RECEPÇÃO

SALA DE HEMODIÁLISE AMBIENTES DE APOIO CONSULTÓRIO

SALA DE PROCEDIMENTOS

SALA DE RECUPERAÇÃO

69

ESTUDO E EVOLUÇÃO DA IMPLANTAÇÃO A partir de toda a bibliografia adotada o projeto têm a intenção desde o início de trazer linhas curvas na própria implantação do edifício.

Dessa forma, foram realizadas algumas tentativas e estudos que caminharam até a implantação escolhida, como mostra as figuras a seguir.

No início do raciocínio o edifício era todo alocado em um único “bloco”, separado por ambientes e salas, com um jardim central.

O segundo estudo já começa a quebrar o edifício transformando-o em dois blocos, com a ala de hemodiálise mais reservada.

O terceiro estudo quebrou o edifício em vários blocos, um com cada função específica, para recepção, hemodiálise, administração, abrigos, funcionários e setor clínico.

Já no quarto estudo o edifício continua separado em dois blocos, mas um é semi-público e o outro abriga os setores privados.

Figura 62 – Croquis para implantação do objeto

1º ESTUDO 3º ESTUDO

2º ESTUDO Fonte: Arquivo pessoal

70

4º ESTUDO

Por fim, após os croquisrealizados, o resultado foi uma mescla dos pensamentos, com a forma do edifício parecida com o último estudo, porém com blocos mais quebrados como os anteriores.

O acesso principal se dá pela recepção em amarelo, além disso, existem dois acessos secundários: ao lado direito onde se encontra

o estacionamento para funcionários e ao lado esquerdo onde há uma rotatória que acessa principalmente a ala de hemodiálise e emergência.

Foram criadas diversas áreas verdes para a edifícação, auxiliando no conforto e privacidade.

0

10

20

30

AMBULÂNCIA

40

Figura 63 – Plano de massas do edifício

Fonte: Arquivo pessoal

Após os estudos de implantação foi realizada uma maquete eletrônica em conjunto com a topografia levantada, para visualização do edifício no terreno e sua viabilidade técnica, como podemos visualizar nas figuras 64, 65 e 66.

Além disso, foi estudada a insolação no edifício em 3D, para estudo de onde e quando os raios solares entrariam no Centro de Hemodiálise, como mostra a figura 67.

Recepção e espera Setor clínico Administração Apoio ao público Abrigo de resíduos Guarita Setor de funcionários Hemodiálise Emergência Apoio funcionários Tratamento de água

71

Figura 64 – Representação da maquete eletrônica

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 65 – Representação lateral da maquete eletrônica

Fonte: Arquivo pessoal

72

Figura 66 – Representação fachada do edifício

Fonte: Arquivo pessoal

Figura 67 – Estudo de insolação da maquete eletrônica

Fonte: Arquivo pessoal

73

08

PROPOSTA DE PROJETO

74

8.1 CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO CONCEITO ARQUITETÔNICO O conceito do projeto arquitetônico se baseia no conforto ambiental, com a intenção de proporcionar boas condições térmicas, lumínicas e acústicas que satisfaçam todo o público do edifício, desde os profissionais até os acompanhantes dos pacientes. Em conjunto com isso, o conceito também prevê a qualidade das percepções do espaço e aconchego, principalmente aos pacientes hemodialíticos.

Em síntese, o conceito arquitetônico será o ideal de conforto.

CONCEITO

a ilustração da figura 68, e onde há a reentrancia na célula, tomamos como base para recortar e transformar os blocos do edifício em jardin internos, como se fosse o coração do projeto.

Além disso, terá uma grande quantidade de vidros que permitirão a passagem da luz e visualização externa, mas com vegetação capaz de proporcionar sombra aos usuários. Essa vegetação dos jardins e os espelhos d’água são importantes também para diminuir um pouco a temperatura no edifício e proporcionar uma acústica interessante.

EVOLUCAO DA TIPOLOGIA ADOTADA Figura 68 – Evolução da tipologia

CONFORTO AMBIENTAL

PERCEPÇÕES POSITIVAS

BEM ESTAR/ DESCOMPRESSÃO

SUSTENTABILIDADE

PARTIDO ARQUITETÔNICO A fim de atingir o conceito do projeto arquitetônico, foram relidas as bibliografias e percebemos a forte influência que as linhas curvas têm sobre a sensação de aconchego e boa recepção dos pacientes. Para além dessa percepção, também tomamos como partido do projeto as hemácias, por se tratar de um edifício de saúde que trabalha ativamente a partir da circulação do sangue dos pacientes. Sendo assim, serão utilizadas as curvas e linhas orgânicas na planta baixa, nos jardins e até mesmo na decoração.

A implantação do edifício surge da realocação das hemácias umas com as outras, como mostra

Fonte: Desenvolvido pela autora

75

8.2 MEMORIAL JUSTIFICATIVO MUDANÇAS TOPOGRÁFICAS A partir dos estudos topográficos e da junção da tipologia e implantação do edifício, foi possível verificar as implicações causadas pela topografia.

Apesar do lote possuir seis curvas de nível ao longo do percurso, elas estão bem distribuidas, já que o lote é grande e possui 70 metros de largura.

Sendo assim, as curvas possuem inclinações leves, possibilitando o caminhar acessível no lote.

Desse modo, optamos por manter predominantemente a topografia natural no exterior do edifício, com platôs apenas no interior.

Assim, foi necessário criar uma rampa de entrada no terceiro acesso do centro de hemodiálise.

As únicas modificações nas curvas, além do interior, foram feitas para manter o mesmo nível do bloco da recepção com o bloco da lanchonete, possibilitando uma melhor harmonia e fluidez nos acessos, como podemos ver na figura 69, onde as curvas em laranja são as que foram alteradas.

Com essa alteração, duas curvas de nível foram realocadas contornando o jardim que divide o edifício do estacionamento, criando assim um talude.

Abaixo da cobertura verde, onde está alocado o setor de funcionários, foram instaladas uma escada e uma rampa de acesso ao estacionamento, devido ao desnível mais íngreme criado.

Figura 69– Intervenção na topografia

funcionários

lanchonete

recepção hemodiálise

Fonte: Desenvolvido pela autora

76

ACESSOS E CIRCULACAO Em relação aos acessos do centro de hemodiálise, temos três formas de adentrar o edifício, conforme figura 70. A primeira delas é a entrada principal, que se encontra já na fachada e leva à recepção. Essa entrada possui uma área recuada dentro do lote em que os veículos conseguem adentrar para realizar embarque e desembarque.

O segundo acesso é por meio de uma rotatória na lateral esquerda do lote, onde o acesso é permitido e privilegiado para as ambulâncias adentrarem o lote e desembarcarem ou embarcarem o paciente próximo à sala de emergência. Essa entrada também é utilizada para acompanhantes e vans deixarem os pacientes recorrentes próximos ao salão de hemodiálise. E também é o acesso de caminhões de lixo, para que possam recolher os resíduos

que ficam nessa lateral do lote.

O terceiro e último acesso se faz pelo estacionamento, que é preferencial para os funcionários e profissionais, justamente por isso, o acesso nessa lateral fica bem próximo ao bloco de funcionários, mas ainda assim é possível acessar outras áreas do centro de hemodiálise.

A circulação do edifício é predominantemente horizontal, já que o centro de hemodiálise é alocado em apenas um pavimento térreo.

Contudo, o lote possui várias curvas de nível que tornam necessária a utilização de escadas e rampas para vencer os desníveis. A escada e rampa de acesso ao estacionamento e a rampa de acesso ao bloco de hemodiálise seguem a risca as normas de acessibilidade.

Além disso, por ser um lote em desnível, há áreas externas do edifício que seguem a topografia, porém com pouca inclinação, não sendo um problema para a acessibilidade.

Figura 70 – Acessos e circulacao no lote

Fonte: Desenvolvido pela autora

77

A circulação interna do edifício é bem ampla, com poucos corredores, sendo por todos os ambientes. Além disso, para acessar outros blocos do centro de hemodiálise, é necessário sair do bloco em questão e passear pelo exterior (coberto) do edifício, provando uma interação entre o interno e externo.

O próprio caminho entre os jardins e blocos do edifício tentam delimitar as áreas permitidas de passagem e parcialmente proibidas, como por exemplo o abrigo de máquinas que fica alocado no fundo do lote, é protegido por uma vegetação mais espessa e possui um caminho de acesso mais estreito, quase que afastando o pedestre daquele local.

SISTEMA CONSTRUTIVO Por se tratar de um edifício irregular e oval, não foi possível trabalhar com malhas estruturais, sendo necessário estruturar cada bloco individualmente, como visualizamos nas imagens 71 e 72.

O edifício utilizou estrutura metálica nos pilares, com sessão de 25x25cm, e vigas retas e calandradas com altura de 60cm nos blocos maiores para sustentação, visto que alguns vãos entre pilares ficaram grandes, chegando à

distância de 12 metros. Assim, o metal se torna mais eficiente, econômico e mais sustentável para o projeto.

Os pilares que ficaram “soltos” do corpo do edifício da lanchonete e do setor de funcionários serão revestidos de madeira em formato circular, mesclando-se com a vegetação do entorno e proporcionando um visual estético mais agradável.

O tipo de cobertura foi dividido em dois, nos dois blocos principais maiores foi utilizada lajes com telhas termo acústicas embutidas por platibanda, já nas coberturas dos blocos menores foram utilizadas lajes impermeabilizadas também embutidas com platibanda.

As paredes externas do edifício, onde ficam alocados os pilares, serão executadas em alvenaria de tijolos ecológicos, sem emissão de CO². Já as divisórias internas dos blocos serão realizadas em drywall comum e resistente à umidade em locais pontuais, facilitando a instalação, proporcionando maior sustentabilidade e também se tornando um elemento fácil de ser modificado, caso seja necessário.

As esquadrias serão em vidro duplo de baixa reflexão para controle solar, com caixilho metálico, divididas em vidros retos, com modulações que sigam as curvas do edifício.

Figura 71 – Esquema estrutural do centro de hemodialise - perspectiva frontal

Fonte: Desenvolvido pela autora

78

Figura 72 – Esquema estrutural do centro de hemodialise - perspectiva ao fundo

Fonte: Desenvolvido pela autora

ACESSECIBILIDADE O projeto atende a NBR 9050, contando com sanitários acessíveis, corredores de passagem amplos, portas com dimensões mínimas de 0,80m de vão livre, rampas com dimensionamentos e inclinações corretas, entre outros elementos previstos em normas, ocasionando um centro de hemodiálise acessível e igualitário.

AR CONDICIONADO O sistema utilizado para o condicionamento térmico do edifício será o multi split, pois ele facilita a instalação, visto que é possível conectar 5 unidades internas com apenas uma condensadora externa, possuindo grande eficiência energética. Essas condensadoras ficarão alocadas em um compartimento acima do bloco de sanitários na recepção, visto que o pé direito do local é alto e comporta os banheiros e uma área técnica acima.

Vale ressaltar que o projeto do edifício foi realizado pensando em estratégias de conforto que minimizem a utilização do condicionamento térmico mecânico, mas ainda assim, por se tratar de um edifício de saúde, a área de hemodiálise

necessita de condições térmicas específicas, que podem não ser suficientemente atendidas apenas pelo clima e ventilação em determinados períodos.

RESERVAT[ORIO DE AGUA A partir da NBR 5626/1998, foi calculada a dimensão necessária para o reservatório de água do edifício.

Com a definição do número de usuários em torno de 200 por dia e prevendo o abastecimento de pelo menos dois dias. Cada pessoa utilizaria em torno de 50 litros por dia, sendo assim, a partir dos cálculos realizados, seria necessário um reservatório de 20.000 litros, atendendo tranquilamente a demanda do centro.

Além do reservatório de água comum do edifício, também se faz necessário um reservatório próprio para a água tratada da hemodiálise. Esse reservatório fica alocado juntamente com os equipamentos próprios de tratamento dessa água, que só é utilizada para hemodiálise.

79

MATERIAIS Por se tratar de um estabelecimento assistencial de saúde, os materiais utilizados para acabamento devem obedecer a norma RDC 50, com menor número possível de juntas, resistentes à lavagem, com alta resistência e homogêneos.

Portanto, no teto do projeto existirá predominantemente forro de gesso acartonado

com pintura latéx colorida, conforme cores da paleta interna, com exceção nos abrigos de máquinas e de resíduos.

O piso utilizado nas áreas da clínica será piso vinílico apropriado para alto fluxo e que não propaga fungos e bactérias, seguindo as orientações da RDC 50. Já nos banheiros, abrigos e lanchonete serão utilizados porcelanato acetinado. No exterior do edifício serão utilizadas placas de concreto para áreas de

Figura 73 – Materiais utilizados no edifício

Telhas termo acústicas

Estruturas metálicas

Vidros duplos

Acabamento externo Piso intertravado de concreto no estacionamento

Porcelanato acetinado

Piso vinílico amadeirado

Placas de concreto

Acabamento amadeirado

Amarelo pastel

Azul pastel

Grama esmeralda

PALETA DE CORES INTERNAS:

Rosa pastel

Laranja pastel

Fonte: Desenvolvido pela autora

80

Verde água

pedestres e blocos intertravados permeáveis no estacionamento.

As paredes serão pintadas de cores claras e sem grande contraste. Nas paredes externas do edifício será utilizado acabamento em concreto.

Por fim, nos banheiros e áreas molhadas haverá revestimento com porcelanato acetinado.

SUSTENTABILIDADE

assistenciais de saúde são elevados, por possuírem diversos equipamentos e máquinas que ficam constantemente ligadas. Essa fonte de energia alternativa contribui para a redução dos gastos econômicos do centro de hemodiálise e proporcionam sustentabilidade ao projeto, melhorando minimamente o planeta como um todo.

HUMANIZAÇÃO E CONFORTO AMBIENTAL

1. Captação de águas pluviais Foi projetado um sistema de captação de águas pluviais nos dois blocos maiores principais, justamente por possuírem uma área maior para contato com a chuva. Serão utilizadas calhas no entorno da cobertura, escondidas pela platibanda, que captarão a água pluvial e distribuirão para as tubulações embutidas nas paredes, conduzindo a água até as duas cisternas subterrâneas disponíveis no lote, uma na frente e uma no fundo, como podemos ver na ilustração da figura 74. Essa água é destinada para o abastecimento dos espelhos d’água e para irrigação dos jardins, por meio de bombeamento.

2. Painéis solares Acima da cobertura principal do edifício, onde serão alocadas as telhas termo acústicas, haverá também a instalação de painéis solares que captam a luz solar e transformam em energia elétrica. Esse elemento se faz necessário visto que os gastos energéticos de estabelecimentos

O projeto buscou estratégias para proporcionar maior conforto e percepções positivas aos usuários, visto que esses são conceitos do trabalho.

A humanização arquitetônica foi bastante explorada, sendo utilizado as diretrizes de linhas curvas nas plantas baixas, na cobertura, nos jardins e nos mobiliários, também foram inseridas cores que proporcionam bem estar e calmaria, recordando o pôr do sol, conforme figura 76.

Os visuais externos são a grande distração do público, com espécies de vegetação escolhidas para florescer diferentemente durante todo o ano, com mudanças contínuas em suas flores e cores, conforme figura 75, assim sendo, o visual não fica monótono e muda conforme as estações do ano, proporcionando maior curiosidade.

Sendo assim, foram utilizadas esquadrias grandes de vidro para proporcionar maior entrada de iluminação natural e integrar o

Figura 74 – Esquema de captacao e distribuicao das aguas pluviais

CISTERNA

CISTERNA Fonte: Desenvolvido pela autora

81

exterior com o interior, favorecendo a percepção visual.

Por conta da insolação que chega ao edifício durante a manhã e a tarde, conforme estudado em carta solar e mostrado na figura 77 e 78, foram criadas estratégias que impedem a entrada de raios solares excessivos nos ambientes, utilizando a vegetação em pontos estratégicos, como por exemplo, a malha de aço que acolhe a trepadeira jasmim estrela na fachada e ao fundo do centro, formando uma barreira aos raios solares e embelezando esteticamente o local.

Além disso, os beirais da cobertura ultrapassam no mínimo um metro da face da construção, protegendo o interior da luz e do calor. O layout do edifício também foi realizado levando em consideração a carta solar, diminuindo a incidência em áreas onde há mais permanência de usuários.

Os vãos abertos no interior dos dois blocos principais do edifício possuirão uma parede elevada além da cobertura com aberturas tipo shed, onde os ventos predominantes se chocarão e entrarão no interior por meio de filtros que podem ser fechados quando houver necessidade de utilização de condicionamento térmico, conforme figura 79. Com esses vãos Figura 75 – Espécies de árvores escolhidas

Fonte: Imagens retiradas da internet e editadas pela autora

82

internos que podem ser abertos ou fechados, criam-se caminhos para a ventilação se cruzar em todo o edifício, proporcionando conforto e economia de energia, como mostra a figura 80 e 81.

No plano de parede que sobe além do bloco da recepção, onde se encontra o shed, haverá um beiral com cascata de água que será visto pelo lado de dentro atrás das recepcionistas.

Na parte superior desse beiral, também há aspersores que esguicharão água para cima, por onde os ventos entrarão no shed, resfriando-os e proporcionando mais conforto no interior, como mostra o esquema da figura 80.

Na laje impermeabilizada maior, onde se encontra o setor dos funcionários, será instalado um telhado verde do tipo extensivo, que juntamente com os jardins alocados externamente e no vão interno do edifício servirão para proporcionar visuais interessantes, sombrear o edifício, proteger acusticamente, produzir sons benéficos da natureza e melhorar a qualidade do ambiente, proporcionando conforto e percepções interessantes aos usuários.

Os espelhos d’água que contornam o edifício propõem soluções de conforto térmico e acústico, pois além de promoverem o resfriamento por

Figura 76 – Referência para paleta de cores

Fonte: Imagem retirada da internet e editada pela autora

evaporação e aumentarem a umidade do local, também serão inseridos aspersores de água, produzindo sons interessantes e quebrando a monotonia de um espaço estático. Esse elemento também proporcionará descompressão aos usuários.

Em relação aos fechamentos do edifício, serão utilizadas mantas acústicas em determinadas paredes e divisórias, além da utilização de gesso acartonado e de telhas termo acústicas que possuem baixa condutividade térmica e menor índice de ruído.

Figura 77 –Visualização dos raios solares nascentes no edifício

Fonte: Desenvolvido pela autora Figura 78 –Visualização dos raios solares poentes no edifício

Fonte: Desenvolvido pela autora

83

Figura 79 – Vista do shed com filtros, aspersores e queda d’água

Fonte: Desenvolvido pela autora

Figura 80 – Corte com elementos de conforto do projeto

Fonte: Desenvolvido pela autora

Figura 81 – Esquema de ventilacao natural

Fonte: Desenvolvido pela autora

84

8.3 PEÇAS GRÁFICAS

PERSPECTIVA DO SALÃO DE HEMODIÁLISE

A seguir serão representados os desenhos técnicos do projeto e as ilustrações internas e externas da proposta.

85

MOTOCICLETA

BICICLETÁRIO

B

PLANTA BAIXA - LAYOUT

S

D

D

RAMPA 6,20%

D

S

SETOR DE FUNCIONÁRIOS 39,00m²

ABRIGO DE MÁQUINAS E TRATAMENTO DE ÁGUA 30,00m²

WC MASC. 9,80

WC FEM. 12,85

EXPURGO 5,60m²

CISTERNA 20.000L SUBTERRÂNEA

ATEN PSICO 18

ADMINISTRAÇÃO 22,00m²

D

SALÃO DE HEMODIÁLISE 45 pacientes 295,00m²

S

A MANUTENÇÃO 7,20m²

LAVAGEM FÍSTULA 5,65m²

6, 20

%

REUSO 11,80m²

RA

M

PA

SALA HEPATITE C 10,00m²

SALA HBsAg+ 10,10m²

EMERGÊNCIA 25,75m²

GUARDA DE MACAS E CADEIRAS 7,05m² %

,20

A6

MP

RA

D LIXO COMUM

LIXO DESCARTÁVEL

0

86

10

20

30

B

LIXO INFECTANTE

40

S

ARQUIVO 10,65m²

WC 2,40m²

GUARITA 10,75m²

LANCHONETE 16,45m²

W.C. PCD 3,70m² W.C. MASC. 9,10m²

W.C. FEM. 8,25m² CISTERNA 20.000L SUBTERRÂNEA

DML/ DEPÓSITO 10,95m²

NDIMENTO OLÓGICO 8,20m²

ESPERA/RECEPÇÃO 180,00m²

WC PCD 6,10m²

A

REPOUSO 34,50m²

O

CONSULTÓRIO 01 23,85m²

PROCEDIMENTOS CLÍNICOS 29,10m²

PARQUE INFANTIL

CONSULTÓRIO 02 22,60m²

87

PLANTA BAIXA COM DIMENSÕES A

B

D

4.95

E

7.89

9.95

03

F 2.10

G

H

7.95

2.45

I 2.15

B

3.00

C

6.65

BICICLETÁRIO

01

8.60

02

1,20

D

8,65

1,20

2,40

RAMPA 6,20%

2,50

S 2,95

2,95

5,65

2,45

5,10

7,55

6.55

3,05

2,80

5,50

0,75

05

3,35

3.15

04

D

S

4.05

MOTOCICLETA

03

2,50

3,8

0

,65

1.75

0

0

0

3,2

4,15

4,20

4.70

07

5,1

06

4,4

3,50

12

0

,0

41

4,3

3.20

5

1,5

0

08 0

4,20

5

2,0

3,2

10,20

09

D

3,10 1,50

1,90

4,2

S

1,4

0

5

10

3,2

0

7,9

2,20

2,35

3,65

1,10

1,10

2,00

1,65

6.80

A

1,10

6,15

04

2,0

3,5

5

3,4

5

9,6

5 3,0

0

3.15

PA RA

M

1,70

2,5

6,2

35

3,

11

0%

3,9

0

3.85

S 5

5

0 3,4

2,6

0

3,30

0

3,40

5,4

0

3,3

4.75

2,35

,25

1

0

7,1

D

3,50

5

%

,20 A6

P

RAM

8,7

0

3,3

0

1,85

3,7

12

3,15

6.25

13

15

88

10

20

30

B

0

1,75

1,85

6.00

1,80

1,85

14

40

01

J 4.85

L

K 1.70

N

M 2.95

3.00

O

P

4.00

27.75

2,40

6,

60

2,30

2,00

1,20

5.35

3,70

2,00

5,70

2,70

5

2,5

4,20

5

2,00

1,9

0

1,6

,4

20

4,2

3,0

5

1,40

0

5

0

1,2

0

1,5 5

4,2

3,6

5

2,1

0

2,00

2,00

2,90

5

3,65

2,40

1,55

6,00

2,65

2,40

2,75

3,65

4,40

Ø

9,8

02 0

A

5

1,7

20

11,4

5,7

5

0

0 2,0

4,2

5

5,0

4,4

5

0

4,2

0

0

5,3 3,85

6,2

5

2,00

4,20

5

8,5

6,60

89

PLANTA ESTRUTURAL

6.00

6.20

5.80

7.65

2.75

5.60

5

15.2

11

15

12.05

.55

.20

4.40

4.

45

4.40

4.

4.45

55

0 4.5

5

4.3

5

10.8

4.50

12.

00

90

0

0

14.2

10

20

4.80

4.50 2.05

6.20

9.6

45

0 3.50

10.

0

8.6

5

9.5

2.35 2.

45

45

2.

3.10

3.10

9.40

10.25

2.35

5

3.9

5

3.9

0

0

3.9

16

.70

0

11.

8.8

70

3.9

12

.60

60

11.

pilares vigas cobertura

30

40

91

B

PLANTA DE COBERTURA

LAJE IMPERMEABILIZADA COM JARDIM EXTENSIVO

LAJE IMPERMEABILIZADA i=3%

TELHA TERMO ACÚSTICA i=10%

0

92

10

20

30

B

LAJE IMPERMEABILIZADA i=3%

A

40

IMPERMEABILIZADA i=3% LAJE

LAJE IMPERMEABILIZADA i=3%

TELHA TERMO ACÚSTICA i=10%

JE

DA

ZA

LI

BI EA RM 3% PE i=

IM

LA

A

93

ÁGUA

RALO

BRITA 3

CORTES

BIDIM BRITA 2

FILTRO ASPERSOR

FILTRO

GRAMA

QUEDA D'ÁGUA

TERRA VEGETAL AREIA

TREPADEIRA CABO DE AÇO ÁGUA

GRELHA

BRITA 3 BIDIM BRITA 2

5

10

FORRO DE GESSO

7.35

FORRO DE GESSO

4.35

TERRA MANUTENÇÃO

PÁTIO INTERNO

PATAMAR DE ACESSO

CAIXA D'ÁGUA

15 5

ÁREA EXTERNA

ARQUIVO

SALÃO DE HEMODIÁLISE

CASA DE MÁQUINAS

0

4.80

FORRO DE GESSO

6.14

6.95

GRELHA 3.00

SALÃO DE HEMODIÁLISE

CASA DE MÁQUINAS

CABO DE AÇO

4.80

4.35

6.14

CAIXA D'ÁGUA

0

TREPADEIRA

FORRO DE GESSO

3.00

6.95

TERRA

10

PÁTIO INTERNO

15

GRAMA TERRA VEGETAL

TUBO DESCIDA

CHAFARIZ

ÁGUA

AREIA

ÁGUA

PERFIL NATURAL

SETOR FUNCIONÁRIOS

10

15

ASPERSOR QUEDA D'ÁGUA

94

7.35 4.80

4.35

FORRO

PÁTIO INTERNO

SALÃO HEMODIÁLISE

5

PERFIL SALÃO HEMODIÁLISE

S FUNC

GUARITA

0

FORRO DE GESSO

DO TERRENO 3.00

3.00

BIDIM

GUARITA

5

5.80

RALO

BRITA 3 BRITA 2

0

3.80

FORRO

2.55 3.00

FORRO DE GESSO

10

15

ÁGUA

RALO

BRITA 3 BIDIM BRITA 2

GRAMA

ASPERSOR QUEDA D'ÁGUA

TERRA VEGETAL

TUBO DESCIDA

CHAFARIZ

ÁGUA

AREIA

ÁGUA

RALO

BRITA 3 BIDIM BRITA 2

ASPERSOR QUEDA D'ÁGUA

5.80

FORRO DE GESSO

PÁTIO INTERNO

CORREDOR

MANUTENÇÃO

ARQUIVO

CORREDOR

PÁTIO INTERNO

CORREDOR

REPOUSO

4.80

7.35 4.35

5.80

FORRO DE GESSO

2.50

4.80 3.80

2.55 3.00

PATAMAR DE ACESSO

FORRO DE GESSO

RENO L NATURAL DO TER SALA HEP. C.

SETOR CIONÁRIOS

CORTE A-A

ÁREA EXTERNA

2.50

O

FORRO DE GESSO

REPOUSO

4.80

CORREDOR

FORRO DE GESSO

5.80

7.35

FORRO DE GESSO

RAMPA DE ACESSO

ABRIGO DE RESÍDUOS

SALÃO HEMODIÁLISE

PÁTIO INTERNO

SALÃO HEMODIÁLISE

SALA HEP. C.

RAMPA DE ACESSO

ABRIGO DE RESÍDUOS

CORTE B-B

95

VISTA 01

VISTA 02

96

VISTA 03

VISTA 04

97

ESTACIONAMENTO

CLÍNICA CIVÍL

PLANTA DE SITUAÇÃO

98

AR

IR ÁGUI

AV. NAD

99

ILUSTRAÇÕES E PERSPECTIVAS

PERSPECTIVA SUPERIOR

100

101

PERSPECTIVA SUPERIOR DA FACHADA

102

103

PERSPECTIVA SUPERIOR DO ESTACIONAMENTO

104

105

PERSPECTIVA ACESSO AO ESTACIONAMENTO

PERSPECTIVA ACESSO FUNCIONÁRIOS

106

PERSPECTIVA ACESSO PRINCIPAL

107

PERSPECTIVA ACESSO PRINCIPAL - RECEPÇÃO

PERSPECTIVA ESPAÇO EXTERNO DA LANCHONETE

108

PERSPECTIVA LANCHONETE

PERSPECTIVA ÁREA EXTERNA LANCHONETE

PERSPECTIVA ÁREA DE CONVÍVIO EXTERNA

109

PERSPECTIVA ENTRADA RECEPÇÃO

110

111

PERSPECTIVA ENTRADA RECEPÇÃO A PARTIR DA LANCHONETE

PERSPECTIVA RECEPÇÃO

112

PERSPECTIVA SALA DE REPOUSO

PERSPECTIVA SALA DE REPOUSO E CAFÉ

PERSPECTIVA SALA DE REPOUSO E ACESSO À SALA DE PROCEDIMENTOS

113

PERSPECTIVA ÁREA INFANTIL EXTERNA

114

PERSPECTIVA DA ROTATÓRIA DE ACESSO

PERSPECTIVA ÁREA COBERTA ENTRE OS BLOCOS

115

PERSPECTIVA SALÃO DE HEMODIÁLISE

116

117

PERSPECTIVA SALÃO DE HEMODIÁLISE - CORREDOR

PERSPECTIVA SALÃO DE HEMODIÁLISE COM VISTA AO PÁTIO INTERNO

118

PERSPECTIVA SALÃO DE HEMODIÁLISE

PERSPECTIVA PÁTIO INTERNO

119

09

CONSIDERAÇÕES FINAIS

120

Estabelecimentos assistenciais de saúde podem ser complexos de serem projetados, devido a quantidade de normas e especificações técnicas que devem ser obedecidas, mas ainda assim é possível que haja humanização nesses edifícios, unindo a legislação, viabilidade, um programa de necessidades adequado, sistemas construtivos e estruturais sustentáveis e condicionamento ambiental.

Para se realizar um projeto de saúde, devemse conhecer as necessidades, percepções, desejos, medos e inseguranças dos pacientes, entender minimamente como é a vida de um hemodialítico, para assim conseguir realizar um projeto adequado que proporcione conforto e melhore a qualidade de vida.

O projeto do Centro de Hemodiálise foi realizado a partir de conceitos importantes da arquitetura e psicologia ambiental, proporcionando harmonia, qualidade estética e funcional, conforto ambiental e percepções benéficas para o público alvo.

Por fim, esse trabalho não se trata de um projeto finalizado que soluciona todos os problemas arquitetônicos e humanos dos pacientes hemodialíticos, trata-se de processo de estudo e aprendizagem que ainda está em aberto, sendo necessário ser complementado constantemente de acordo com as evoluções e mudanças sociais e tecnológicas, a fim de uma constante melhora para o público em questão.

Assim deve ser a arquitetura, uma união entre a materialidade e sentimentos humanos.

“NINGUÉM SE CURA SOMENTE DA DOR FÍSICA, TEM DE CURAR A DOR ESPIRITUAL TAMBÉM. ACHO QUE OS CENTROS DE SAÚDE QUE TEMOS FEITO PROVAM SER POSSÍVEL EXISTIR UM HOSPITAL MAIS HUMANO, SEM ABRIR MÃO DA FUNCIONALIDADE. PASSAMOS A PENSAR A FUNCIONALIDADE COMO UMA PALAVRA MAIS ABRANGENTE: É FUNCIONAL CRIAR AMBIENTES EM QUE O PACIENTE ESTEJA À VONTADE, QUE POSSIBILITEM SUA CURA PSÍQUICA. PORQUE A BELEZA PODE NÃO ALIMENTAR A BARRIGA, MAS ALIMENTA O ESPÍRITO” - LELÉ (JOÃO FIGUEIRAS LIMA)

121

10

REFERÊNCIAS E ANEXOS

122

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10152: Acústica — Níveis de pressão sonora em ambientes internos a edificações: Referências. Rio de Janeiro. 2017.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15220: Desempenho térmico de edificações: Referências. Rio de Janeiro. 2003.

BARA, Patrícia Caetano Gattás. O ambiente da sala de hemodiálise: Estudos de casos em Juiz de Fora. Orientador: José Gustavo Francis Abdalla. 2019. 229 p. Dissertação (Faculdade de Engenharia. Programa de Pós Graduação em Ambiente Construído) - Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2019.

Disponível em: https://drive.google.com/drive/ folders/1Ka9VqaqZ4JEm3sLrGlNlWiqzoq3xr_tS. Acesso em: 20 abr. 2020.

BARROSO, Gabriela Gonçalves. Arquitetura e sua influência no bem estar do paciente hemodialítico:: um estudo sobre a humanização de clínicas de hemodiálise em Ribeirão Preto.

Orientador: Profª. Mestre Alexandra Marinelli.

2020. Projeto de Iniciação Científica (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) - Centro Universitário Moura Lacerda, Ribeirão Preto, 2020. p. 89. Disponível em: https://issuu.com/ gabrielagbarroso/docs/relat_rio_final_gabriela_ barroso. Acesso em: 02 fev. 2021.

BITENCOURT, Fábio. Conforto Acústico em Ambientes de Saúde: Música, Paisagismo e Materiais de Revestimento como Soluções Humanizadoras. Revista IPH nº 10 - Edição Especial de 60 Anos. 2014. Disponível em: http:// www.iph.org.br/revista-iph/materia/confortoacustico-em-ambientes-de-saude-musicapaisagismo-e-materiais-de-revestimento-comosolucoes-humanizadoras. Acesso em 16 de junho de 2020.

BOCCANERA, Nélio Barbosa. A utilização das cores no ambiente de internação hospitalar.

Orientador: Prof.ª Dr.ª Maria Alves Barbosa. 2007.

96 f. Dissertação (Mestre em Ciências da Saúde) – UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, GOIÂNIA. Disponível em: https://repositorio.unb.br/ handle/10482/3751 BOSBOOM, David H. A iluminação centrada no humano: Os efeitos da intensidade e temperatura de cor no novo ciclo circadiano do homem. Revista Lume Arquitetura – Edição 69. 2014. Disponível

em: https://www.lumearquitetura.com.br/ lume/Upload/file/pdf/Ed69/Artigo%20-%20 umina%C3%83%C2%A7%C3%83%C2%A3o%20 centrada%20no%20humano%20ed_69.pdf.

Acesso em 30 de junho de 2020.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Conforto Ambiental em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde / Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 1. ed. atual. Brasília, 2014. 165 p. ISBN 978-85-8823344-7.

BRASIL. Ministério da Saúde. RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 20 de mar. de 2002.

CAUTELLA, Rafael. SEIXAS, Zoro. Um polo de saúde chamado Ribeirão Preto. PortalZumm.

4 de julho de 2018. Disponível em: https:// mundozumm.com.br/polo-de-saude-ribeiraopreto/. Acesso em 23 de julho de 2020.

CHING, Francis D. K. Arquitetura: Forma, Espaço e Ordem. São Paulo: Martins Fontes, 1998. 387 p.

CORBELLA, Oscar. Em busca de arquitetura sustentável para os trópicos – conforto ambiental.

Rio de Janeiro: Revan, 2003.

DAYKIN, N., Byrne, E., Soteriou, T., & O’Connor, S. (2008). Revisão: O impacto da arte, design e ambiente na saúde mental: uma revisão sistemática da literatura. Jornal da Sociedade Real para a Promoção da Saúde, 128 (2), 85-94. Disponível em: https://doi. org/10.1177/1466424007087806. Acesso em 16 de junho de 2020.

DISCHINGER, Maria do Carmo Torri.

Metodologia de análise da percepção tátil em diferentes classes de materiais e texturas para aplicação no design de produtos. Orientador: Wilson Kindlein Júnior. 2009. 166 p. Dissertação (Mestrado de Pós-Graduação em Design) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009. Disponível em: https://lume. ufrgs.br/handle/10183/17627 DUARTE, Imara. Percepção afetiva das cores: um estudo de ambiente de hemodiálise em uso. Orientador: Dra. Carla Patrícia de Araújo Pereira. 2019. 159 p. Dissertação (Mestre em Design) - UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA

123

GRANDE, Campina Grande, PB, 2019. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/ jspui/bitstream/riufcg/4737/1/IMARA%20 ANG%C3%89LICA%20MAC%C3%8ADO%20 DUARTE%20%E2%80%93%20 D I S S E R TA % C 3 % 8 7 % C 3 % 8 3 O % 2 0 %28PPGDesign%29%202019.pdf. Acesso em: 10 dez. 2019.

FONTES, Maria Paula Zambrano. Humanização dos espaços de saúde: Contribuições para a Arquitetura na Avaliação da Qualidade do Atendimento. Orientador: Mauro César de Oliveira Santos, Dr. 2007. 308 p. Tese (Doutorado em Pós-Graduação de Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: http://livros01. livrosgratis.com.br/cp041718.pdf. Acesso em: 15 mai. 2020.

GÓES, Ronald De. Manual Prático de Arquitetura Hospitalar. 2. ed. rev. e aum. São Paulo: Blucher, 2011. 285 p.

HELLER, Eva. A psicologia das cores: Como as cores afetam a emoção e a razão. São Paulo: G. Gili, 2013. 541 p. Disponível em: https://ead.cmfarra.com/pluginfile.php/1500/ mod_folder/content/0/A%20Psicologia%20 d a s % 2 0 C o r e s % 2 0 - % 2 0 E v a % 2 0 H e l l e r. pdf?forcedownload=1. Acesso em: 18 jun. 2020.

HEMODIÁLISE. [S. l.], [2019?]. Disponível em: https://sbn.org.br/publico/tratatamentos/ hemodialise/. Acesso em: 21 jan. 2020.

IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Estimativas da população residente com data de referência 1o de julho de 2019.

Instituto Universitário do Câncer Oncopole de Toulouse / Jean-Paul Viguier et Associés [University Cancer Institute Toulouse Oncopole / Jean-Paul Viguier et Associés] 18 Set 2014.

ArchDaily Brasil. Disponível em: https:// www.archdaily.com.br/br/627386/institutouniversitario-do-cancer-oncopole-de-toulousejean-paul-viguier-et-associes. Acesso 11 Abr 2021.

KANDINSKY, Wassily. Ponto Linha Plano: contribuição para a análise dos elementos picturais. Lisboa: Edição 70. 1996. Disponível em: https://monoskop.org/images/b/bc/Kandinsky_ Wassily_Ponto_linha_plano_contribuicao_ para_a_analise_dos_elementos_picturais.pdf.

Acesso em 01 de julho de 2020.

124

LAMBERTS, Robert; DUTRA, Luciano; PEREIRA, Fernando O. R. Eficiência energética na arquitetura. 3. ed. rev. atual. e aum. Rio de Janeiro: [s. n.], 2019. 366 p. Disponível em: http:// www.labeee.ufsc.br/sites/default/files/apostilas/ eficiencia_energetica_na_arquitetura.pdf.

Acesso em: 5 jun. 2020.

LUKIANTCHUK, Marieli Azoia; CARAM, Rosana Maria. Arquitetura Hospitalar e o Conforto Ambiental: Evolução Histórica e Importância na Atualidade. NUTAU, São Paulo, ano 2008.

160. Disponível em: https://www.usp.br/nutau/ CD/160.pdf. Acesso em: 25 mar. 2021.

LUKIANTCHUKI, Marieli Azoia; SANTOS, Gisela Barcellos de. Humanização da arquitetura hospitalar: entre ensaios de definições e materializações híbridas. Vitruvius, [S. l.], 10 mar. 2010. Arquitextos. Disponível em: https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/ arquitextos/10.118/3372. Acesso em: 15 maio 2020.

Manual de Diálise/Nefrologia HGV-PI/ Atualização março 2012. 1. Manual de diálise/ serviço de nefrologia do HGV. Atualização março 2012.

MARTINS, Vânia Paiva. A humanização e o ambiente físico hospitalar. 5 f. Artigo anais do I Congresso Nacional da ABDEH – IV Seminário de Engenharia Clínica – 2004. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ humanizacao_ambiente_fisico.pdf. Acesso em 07/03/2020 MEZZOMO, Dr. Pe. Augusto Antonio.

Humanização hospitalar: Fundamentos antropológicos e teológicos. São Paulo: Loyola, 2010. 205 p.

MIQUELIN, Lauro Carlos. Anatomia dos edifícios hospitalares. São Paulo: CEDAS, 1992.

231 p. v. 1.

NIGHTINGALE, Florence. Notes on nursing: What it is, and what it is not. London: Harbison, 59, Pall Mall. Bookseller to the queen.

Disponível em: https://archive.org/details/ NotesOnNursingByFlorenceNightingale/page/ n3/mode/2up. Acesso em 16 de junho de 2020.

OLIVEIRA, Tadeu Almeida de; RIBAS, Otto Toledo. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Série Saúde & Tecnologia — Textos de Apoio à Programação Física dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde — Sistemas de Controle das Condições Ambientais

de Conforto. -- Brasília, 1995. 92 p.

O que é Hemodiálise. [S. l.], 10 jul. 2016.

Disponível em: https://www.portaldadialise. com/portal/o-que-e-hemodialise. Acesso em: 11 maio 2020.

PALLASMAA, Juhani. Os olhos da pele: A arquitetura e os sentidos. Tradução técnica: Alexandre Salvaterra. Porto Alegre: Bookman, 2011. 76 p.

PEDROSA, Israel. Da cor à cor inexistente.

São Paulo: Senac, 1977. Disponível em: https:// anatomiaartistica.files.wordpress.com/2018/07/ da-cor-c3a0-cor-inexistente-israel-pedrosa1.pdf.

Acesso em: 23 jun. 2020.

PERÉN, Jorge Isaac Monteiro. Ventilação e Iluminação Naturais na obra de João Filgueiras Lima, Lelé: Estudos dos Hospitais da Rede Sarah Kubitschek Fortaleza e Rio de Janeiro. Orientador: Rosana Maria Caram. 2006. 362p. Dissertação (Mestrado em Arquitetura, Urbanismo e Tecnologia) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2006.

PROJETOS. IUCT Oncopôle. Viguier, Paris, 2014. Disponível em: https://www.viguier.com/ fr/projets/oncopole-toulouse. Acesso em: 11 de abr. de 2021.

RIBEIRO, Lissandra Mendes. Humanização do espaço arquitetônico em unidade de hemodiálise. Orientador: Ana Margarida Barreira Nascimento. 2008. 46 f. Dissertação (Especialista em Arquitetura em Sistemas de Saúde) – Universidade Federal da Bahia, Salvador - Bahia, 2008. Disponível em: http://bvsms.saude.gov. br/bvs/publicacoes/monografias/humanizacao_ espaco_arquitetonico.pdf. Acesso em: 18 dez.

2019.

RIBEIRO, Luciana Pagnano.

Conforto Térmico e a Prática do Projeto de Edificações: recomendações para Ribeirão Preto. Orientador: Rosana Maria Caram. 2008. 213 p. Dissertação (Título de mestre em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade de São Paulo, São Carlos, 2008.

Disponível em: https://teses.usp.br/teses/ disponiveis/18/18141/tde-06062013-162724/ptbr.php. Acesso em: 15 jun. 2020.

SAMPAIO, Ana irgínia Carvalhaes de Faria.

Arquitetura hospitalar: projetos ambientalmente sustentáveis, conforto e qualidade: Proposta de um instrumento de avaliação. Orientador: Anésia Barros Frota. 2005. 402 p. Tese (Doutor na área de concentração Estruturas Ambientais Urbanas)

- Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/ disponiveis/16/16131/tde-23102006-175537/ptbr.php. Acesso em: 28 jul. 2020.

SANTOS VFC, Borges ZN, Lima SO, Reis FP. Percepções, significados e adaptações à hemodiálise como um espaço liminar: a perspectiva do paciente. Interface (Botucatu).

2018; 22(66):853-63. Disponível em:http:// w w w. s c i e l o . b r / s c i e l o . p h p ? p i d = S 1 4 1 4 32832018005002101&script=sci_ abstract&tlng=pt. Acesso em: 14 MAIO. 2019.

SCHMID, Aloísio Leoni. A idéia de conforto: reflexões sobre o ambiente construído / Aloísio Leoni. – Curitiba: Pacto Ambiental, 2005. 338 p.: il.; 23 cm.

SOMMER, Robert. Espaço Pessoal: As bases comportamentais de Projetos e Planejamentos. São Paulo: E.P.U - Editora Pedagógica e Universitária Ltda., 1973. 221 p.

Disponível em: https://www.passeidireto.com/ arquivo/41932836/espaco-pessoal-robertsommer. Acesso em: 11 maio 2020.

SOUZA, Ellen Priscila Nunes de. Qualidade e percepção do ambiente construído: Influência nas características psicofisiológicas dos usuários. Orientador: Silvia Aparecida Mikami Gonçalves Pina. Tese (Doutorado em Arquitetura, Tecnologia e Cidade, na área de Arquitetura, Tecnologia e Cidade) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2015. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/ REPOSIP/257892. Acesso em 24 de maio de 2020 SOUZA, Léa Cristina Lucas de; ALMEIDA, Manuela Guedes de; BRAGANÇA, Luís. Bê-á-bá da acústica arquitetônica: ouvindo a Arquitetura.

São Carlos: EdUFSCAR, 2012. 148 p. Disponível em: https://www.academia.edu/39190017/ Be_a_B%C3%A1_da_Acustica_arquitetonica.

Acesso em: 3 jun. 2020.

THOMÉ, Caroline. Escola Pública Bioclimática Modular Infantil. Curso de Arquitetura e Urbanismo, UNISUL, Tubarão. 2006.

UEDA, Máyra Emy Lessa. Aromaterapia. Escola Brasileira de Medicina Chinesa. Congresso VI, 2016 Disponível em: https://ebramec.edu.br/ wp-content/uploads/2017/05/Congresso-VIAromaterapia-Mayra-Lessa.pdf. Acesso em 13 de julho de 2020.

VASCONCELOS, Renata Thaís Bomm.

Humanização de ambientes hospitalares:

125