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ensaio sobre pertencimento: a cultura caetiteense

Gabriela Garcia Prates Orientada por Profª Drª Andréa de Oliveira Tourinho

Dona Chica e sua neta, descascando feijão no quintal de casa, em Caetité.

Fonte: Acervo da Autora. ca. 1999.

À memória de Dona Chica.

Exemplo de amor, força e dedicação.

obrigada!

Mãe e pai, por acompanhar cada pequeno passo ao longo da minha vida e me incentivar desde o início. Vocês tornaram tudo possível.

Vinícius Barbosa, pelo carinho, amor, paciência e apoio oferecidos em todos os momentos que precisei.

Professora Andréa de Oliveira Tourinho, pela dedicação, cuidado e sensibilidade durante todo o processo deste trabalho.

Caroline Vieira, por evoluirmos juntas durante os anos de universidade.

Andresa, Anderson, Bruna, Fayne, Felipe, Mariana e Nathália, pelas quintas-feiras inspiradoras.

Ana Nery de Brito e José Alessandro de Brito, pelo grande apoio no momento que mais precisei.

Fama’s Gráfica, pelo suporte.

Aos moradores de Caetité, especialmente Rosália Junqueira, Edimilson Gomes e Carlos Paulo Silva, que contribuíram diretamente para a realização deste trabalho, por me receberem de maneira tão aberta.

Capela de Bom Jesus dos Passos.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Caetité Já se finda a madrugada!

Pela insônia torturada, “Vou cantar a minha terra E as riquezas que ela encerra!”

Caetité tradicional, És tu meu berço natal!

Tens passado glorioso, Que fez teu nome famoso, Foste princesa adorada, pela fama bafejada, Porém, cidade querida, Vives tão longe, escondida…

Tu guardas nos teus rincões O ouro todo dos sertões!

Daria pra libertar Todo o Brasil secular!

Nas areias dos teus rios, Como a lançar desafios A quem o queira ir buscar, Na bateia o peneirar!

Na raiz das tuas gramas Quais fios de filigranas, Se o sertanejo as capina, Ele descobre uma mina!

E os veios grossos que encerras

No seio das tuas serrras?

Minérios em profusão, Tens debaixo do teu chão!

Tu vives, princesa amada, Entre as serras debruçada, Ouvindo o vento cantar, Entre as palmas estalar, Na profusão dos coqueiros Que se contam aos milheiros!

Minha cidade bonita, Mesmo antiga, és tão catita!

No pensamento a rever, A saudade faz doer!

Recordo as manhãs brumosas, Onde neves vaporosas Levantam de tuas fontes, Cobrem o cimo dos montes!

Tu foste o berço natal De César Zama imortal!

Plínio de Lima e João Gumes Foram chispas dos teus lumes!

Aquele grande poeta Teve lirismo de esteta!

Anísio, Rodrigues Lima Nomes que a fama sublima,

E muitos nomes famosos De filhos teus, valorosos!

No teu seio, sepultados Estão meus pais muito amados, Meus irmãos muito queridos, Jamais serão esquecidos!

Adeus, cidade bonita, Ó terra minha, bendita!

Com teu passado de glória, Estás na minha memória Embora eu viva distante, Jamais te esqueço um instante, Tudo o que é teu rememoro, Ó mater que eu tanto adoro!

Nicodema Alves

Sumário Localização

10

Considerações Iniciais

12

Levantamento de Campo

14

1. Compreender História

18

Linha do Tempo

20

Cultura

23

Exploração

31

2. Conhecer Território

36

Cidade

38

Recorte

41

Topografia

44

Zoneamento

45

Identidade do Território

47

3. Conhecer Situação das Vias

69

Helena Lima Santos

73

Professor Alfredo José da Silva

76

Casa do Barão de Caetité

83

Observatório Meteorológico

87

4. Propor Conexão Regional

104

Mobilidade Urbana

106

Tipologias Viárias

110

Percurso da Memória

116

Teatro

122

Cinema

124

Restaurante

128

Centro de Interpretação

130

Referências

158

Brasil

Bahia

Município de Caetité

Cidade de Caetité

Considerações Iniciais Este trabalho se debruça sobre o tema da ressignificação de um Centro Histórico.

Caetité é uma cidade pertencente ao Alto Sertão Baiano, que já foi muito conhecida por ser referência em educação.

Terra do educador Anísio Teixeira (19001971). Hoje, destaca-se pela indústria têxtil, a produção de cerâmicas e, principalmente, por ser alvo de exploração de seus recursos naturais: produção de energia eólica, extração de Urânio e, em um futuro próximo, extração do Minério de Ferro.

Tais operações trarão riscos à cidade, que não possui infraestrutura ou planejamento para suportar tais atividades.

Por isso, este trabalho trata sobre o pertencer.

O pertencer no sentido da valorização da memória: a população precisa estar ciente do que é seu.

Precisa conhecer a sua história e, assim, preservá-la.

E também transformá-la, pois a memória é presente e, portanto, mudança.

Ter conhecimento de sua história e cultura é direito de todos.

O direito à memória é também cidadania.

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O Observatório em ruínas.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Mas por que, apesar de morar em São Paulo e viver todos os dias os problemas que esta cidade apresenta, defini uma área de estudo tão longe?

A motivação pelo tema surgiu a partir de uma relação afetiva que tenho com a cidade: meu pai é natural de lá e cresci ouvindo suas histórias.

Das vezes que a visitei, ainda quando criança, tive a oportunidade de participar de festas e costumes locais.

E ao estudar mais a fundo a sua cultura, percebi que é uma terra de muitas oportunidades.

O Centro Histórico guarda muitas construções de arquitetura característica da região (remanescentes do período colonial), mas a degradação dessas construções históricas é evidente. E com o futuro desenvolvimento econômico hoje previsto, suas principais características podem se perder, uma vez que pode vir a acarretar o aumento do valor da terra e a substituição do patrimônio hoje existente ou, mesmo, da população que ali vive.

O desenvolvimento é importante, mas deve ser acompanhado de preservação.

Em busca de valorizar sua cultura e conscientizar a população sobre os riscos que a cidade corre, foram definidas quatro construções que evocam, de forma muito especial, a memória dos que ali vivem.

Janela da Igreja de São Benedito, Patrimônio Histórico do Município.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Tais construções pertenceram a figuras importantes no decorrer de sua história:

1. O terreno onde, até pouco tempo, estava a casa de Helena Lima Santos, professora que dedicou a vida à Escola Normal, instituição de ensino levada à região por Anísio Teixeira. Também é historiadora oficial da cidade, autora do livro Caetité: Pequenina e Ilustre.

2. A casa do Professor Alfredo José da Silva: Primeiro professor negro da Escola Normal e também seu diretor. Sua casa hoje está em estado crítico, apesar de localizada em uma região de alta visibilidade.

3. A casa do Barão de Caetité, tombada pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado da Bahia (IPAC), mas hoje sem uso.

4. O antigo Observatório Meteorológico, edifício cuja construção foi

pensada e ordenada ainda por D. Pedro II como local para medição das mudanças climáticas de toda a região do Alto Sertão, mas que hoje está em ruínas e sem futuro certo.

Além da proposta para esses edifícios, pretende-se, também, trabalhar na escala urbana do Centro Histórico de Caetité, definindo-se diretrizes, com especial foco na mobilidade, buscando qualificar este território: uma linha de bonde, dando acesso às partes mais afastadas do Centro Histórico; tipologias de vias, com melhores espaços para os pedestres e oferta de vias para os ciclistas, além de travessias adequadas à sua circulação, qualificando o percurso.

13

Levantamento de Campo e Dados A ideia inicial para o desenvolvimento do trabalho era a de intervir no edifício do antigo

1. Observatório Meteorológico, construído em 1908, atualmente em péssimo estado de con-

14

Este trabalho é resultado de uma série de pesquisas, mas o que mais me influenciou na etapa de planejamento para os projetos, foi a experiência que tive ao visitar o local: foram nove dias na cidade, que me proporcionaram descobertas e uma verdadeira imersão na cultura local.

Antes de realizar a viagem, já havia reunido uma série de informações sobre a cidade, que me deram um direcionamento a respeito de como seria a visita.

Como se trata de uma cidade de pequeno porte, suas informações não são de fácil acesso - por exemplo, mapas ou levantamentos cadastrais. Portanto, como resultado da viagem, obtive um dossiê da cidade e de alguns de seus edifícios históricos, que serão apresentados nos capítulos seguintes.

A seguir, estão listados os passos seguidos na reunião das informações utilizadas na presente proposta.

Diário de viagem:

servação. Portanto, antes de iniciar os levantamentos gerais da cidade, a prioridade era visitar tal edifício e levantar suas medidas.

Lá, tive contato com um guarda que cuida para que o prédio não seja invadido, Sr. Nelson.

Um senhor que morou ali por alguns anos, enquanto ainda era habitável. O mesmo permitiu minha entrada no edifício, mas não pude registrar nada a respeito da situação interior.

O Acervo Público Municipal de Caetité reúne uma série de documentos e arquivos sobre a

2. história da cidade.

Ao visitá-lo, tive acesso aos documentos emitidos pelo IPAC, que relatam cada edifício que já está tombado pelo Instituto, assim como imóveis de interesse de preservação, que serão apresentados no capítulo “Identidade do Território”.

Ali, conheci Rosália Junqueira, funcionária do Acervo e uma das diretoras da Associação Amigos do Museu do Alto Sertão Baiano (AMASB), que relatou as angústias de querer preservar o patrimônio de sua cidade e, ao mesmo tempo, vê-lo ser destruído pelos interesses particulares de cada proprietário.

O Acervo está localizado no antigo edifício da Cadeia (tombado pelo IPAC), em frente a uma edificação muito notável e em ruínas: a casa do Professor Alfredo José da Silva. Foi quando decidi adicioná-la aos meus lotes de intervenção, em busca de ressignificar a memória da cidade.

A visita ao Museu do Alto Sertão Baiano (MASB) me ensinou muito.

3. Ali, além de conhecer a Casa da Chácara, antiga residência histórica fora do Centro da cidade,

participei de uma reunião da Associação Amigos do Museu do Alto Sertão Baiano (AMASB).

A AMASB é um Associação mantida por pessoas com o interesse de preservar sua história e cultura: foram eles que, com muita luta, conseguiram inaugurar o MASB.

A Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. (Embasa) foi responsável pelo desenvolvi-

4. mento dos mapas digitais da cidade, usados, inclusive, pela Prefeitura. Em conversa com

Carlos Paulo Santana da Silva, gerente da unidade de Caetité, obtive um relato de uma pessoa que não é natural da cidade, não tem olhos voltados ao patrimônio, mas tem uma posição crítica sobre as atividades de lazer, que pouco são ofertadas na região.

Ali, tive acesso ao mapa digital da cidade com informações de pontos de distribuição de água.

Em visita à Prefeitura Municipal, no Departamento de Engenharia Civil, obtive acesso aos

5. mapas digitais com informações sobre o zoneamento da cidade.

No mesmo dia, na Secretaria da Cultura, Educação e Turismo, conheci Edimilson Brito Gomes, com quem tive uma verdadeira aula sobre o patrimônio e identidade da cidade.

Edimilson é também diretor da Associação da Memória e Patrimônio Cultural de Caetité e faz parte de uma iniciativa para o desenvolvimento de um projeto para o Observatório Meteorológico. O mesmo me permitiu acesso aos registros feitos até o momento sobre o edifício.

Os locais e pessoas apresentados foram de extrema importância para o desenvolvimento deste trabalho.

Além desses cinco passos, também fiz um levantamento geral em toda a área de intervenção: usos, gabaritos, registros fotográficos, etc.

Acima, a antiga Casa de Cadeia e Câmara e registros das fichas do IPAC. Foi ali que percebi a presença da casa do Professor Alfredo José da Silva, em ruínas. (foto ao lado)

Fonte: Acervo da autora.

2019.

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A janela da Casa da Chรกcara, que hoje abriga o Museu do Alto Sertรฃo da Bahia.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

1. Compreender Os capítulos a seguir indicam questões gerais sobre a história, cultura, economia e educação.

O intuito é a compreensão dos fatores fundamentais a serem considerados antes de entendermos melhor o contexto do território em si.

Registro de CaetitĂŠ e suas montanhas.

Fonte: Acervo Digital do IBGE. Sem data.

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História Neste capítulo, irei situar o leitor sobre as etapas que foram importantes para a construção da cidade que existe hoje, para contextualizar o trabalho, antes de entendermos melhor a própria estrutura da cidade.

A história que é contada foi construída por uma série de acontecimentos e grupos sociais.

Por isso, nas seguintes páginas, há uma linha do tempo que conta os principais acontecimentos: passando por seus inícios, suas comunidades indígenas, chegando ao golpe militar de 1964.

Reconhecida por ser um pequeno núcleo povoado com uma situação geográfica privilegiada ao estar situada nas elevações da Serra Geral do chamado Alto Sertão Baiano, foi um estratégico ponto de pouso e abastecimento, no período colonial, para os exploradores que estavam à procura de ouro e pedras preciosas no interior da Bahia.

A cidade foi berço de figuras como o educador Anísio Teixeira, o político Rodrigues Lima, a pintora Lucília Fraga, os escritores Marcelino Neves, João Gumes, Nicodema Alves, entre outros.

A “Princesinha do Sertão”, como é descrita na Plataforma Digital do IBGE, decaiu muito em relação ao que era, assim como afirma Lima (2016, p.52): Muitos foram os motivos que justificam o processo pelo qual Caetité perdesse o alto status social e político sustentado por décadas. Os fluxos migratórios tornaram-se frequentes, as estradas reais foram substituídas por rodovias, as acentuadas crises de secas que assolavam a região em longas estiagens, a expansão comercial voltada para Salvador, que, consequentemente, acentuou a distância desta cidade com outros centros comerciais, tudo acrescido da crise aurífera e diminuição de rotas viajadas por garimpeiros, tropeiros e vaqueiros, além da total queda comercial escravista. Tudo isso foi motivo para que Caetité cedesse espaço para centros emergentes.

Fonte: Acervo Digital do IBGE.

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Fonte: Acervo Digital do IBGE.

Século XVI

Início

O território da cidade de Caetité era originalmente habitado por indígenas da linhagem Jê, mas há autores que afirmam que, no final do século XVI, os índios Maracás ocupavam a região entre a serra do Sincorá e a serra de Caetité, havendo também a referência de que no século seguinte, a região entre Minas do Rio de Contas e Caetité era ocupada pelos índios Aracapás.

Porém, quando a terra era habitada por estes grupos, era conhecida por ser uma região de medo, pois achavam que era habitada por povos bárbaros. Como afirma Lima (2016, p.29) : Os índios, primeiros e legítimos moradores da região, eram, muitas vezes, tratados como rebeldes e selvagens desordeiros submetidos ao trabalho escravo de “desbravadores”. Tratados como “gentios bárbaros”, eles foram condenados ao “castigo”, à escravidão e ao extermínio.

As terras da região do Alto Sertão foram alcançadas pelo movimento colonizador baiano. Nomes importantes dessa colonização são os de Antônio Guedes de Brito e Francisco Dias D’Ávila, “sendo estes os senhores conhecidos por possuírem inúmeros currais de gado e atuarem como importantes fornecedores de animais e várias regiões sertanejas tomadas de povos indígenas” (LIMA, 2016, p.28)

A Catedral de Sant’Anna. Acima, em sua forma original e à direita, depois de sua reforma, ocorrida em 1910.

Fonte: Arquivo Público Municipal de Caetité.

Século XVII Século marcado pelas guerras contra os povos indígenas nativos. As comunidades foram aniquiladas. Tornou-se ponto de interesse também para os bandeirantes, em busca de riquezas.

A região, agora, passou a ser local de transição. Era conhecida também como os currais da Bahia, para a criação de gado. Portanto, “foi o trânsito a principal marca da região, tanto pela comercialização de produtos como pelo deslocamento de animais” (IBGE, 2009, p.78) No início do século também foram descobertas as jazidas de ouro nas minas de Rio de Contas, no leito do rio Brumado, próximo à atual cidade de Caetité.

Na época, a cidade era apenas um pequeno núcleo povoado, conhecido por possuir uma situação geográfica privilegiada ao estar situada nas elevações da Serra Geral, como afirma Lima (2016): Era ponto de apoio para os viajantes e tropeiros que vinham da região do médio São Francisco com destino à Feira de Santana ou ao Estado de Minas Gerais.

Século XVIII A origem da Vila é ligada à uma das fazendas da região. No ano de 1740, a família Carvalho edificou uma capela para a santa católica Santa Ana, “doando terras para a criação de uma freguesia, o que foi feito no ano de 1754. Foi assim que, sob um forte contexto católico da época e do local, sob a invocação da santa católica Santa Ana, que a capela, após passar por melhorias e reformas necessárias, serviu de matriz. ” (LIMA, 2016, p.38) Em 1754, foi criada a Freguesia de Santa Ana do Caitaté. Até hoje, Sant’Ana é vista como a padroeira local e é realizada uma festa anualmente em sua homenagem.

Século XX

Em 1913, a cidade tornou-se sede de Diocese, desmembrando-se da Arquidiocese de Salvador. Tornou-se o centro religioso regional.

Com a diocese instalada em 1925, a cidade recebeu vários benefícios, como o primeiro aeroporto do sertão baiano.

Na educação, no ano de 1925, Anísio Teixeira, lutou para reerguer a Escola Normal, que depois foi transformada no Instituto que leva seu nome.

A ditadura militar de 1964 foi um importante episódio para a cidade: Anísio Teixeira e o poeta Camilo de Jesus de Lima foram assassinados, o que levou este polo educacional e cultural ao declínio, depois de 1970. (DIÁRIO OFICIAL, S.A.)

Século XIX

Em sentido horário: O Jornal A Penna, a Prefeitura Municipal e o Teatro.

Fonte: Acervo Digital do IBGE. Sem data.

Em 5 de abril de 1810, tornou-se a Vila Nova do Príncipe.

Foi elevada a cidade em 1867. De seu território original, surgiram 47 municípios. A vila participou indiretamente das lutas pela Independência da Bahia, apoiando o Governo Provisório instalado na Vila de Cachoeira.

No final do século, foi visitada por Teodoro Sampaio, engenheiro brasileiro, que denominou Caetité como “Corte do Sertão”, como aponta Silva (2004, p.31), “composta de gente “boa e culta”, cujas ruas são calçadas, algumas arborizadas, as casas no geral bem construídas e com água canalizada. Havia um paço municipal e cadeia, um teatro e um cemitério.”

A cidade é terra natal de Rodrigues Lima (genro do Barão de Caetité), primeiro governador do estado da Bahia. O mesmo trouxe modernização com instalações públicas: foi a primeira cidade do interior baiano a ter uma rede de energia elétrica, água, teatro, construção de açudes, cemitério municipal, mercado, a primeira Escola Normal do Alto Sertão, entre outros equipamentos.

A política local se dividia entre os Rodrigues Lima, o Coronel Cazuzinha e o Coronel Deocleciano Pires Teixeira (pai de Anísio Teixeira).

João Gumes foi o responsável por instalar em Caetité o primeiro jornal do Alto Sertão: o periódico “A Penna”, em 1897.

S ÕE OS MILH BECO D

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AVENIDA SANTANA

É CAETIT E D O Ã R RUA BA

Fonte: Elaborado pela autora com base do Google Earth

Cultura A cidade é conhecida na região por ser palco de muitas festas populares que acontecem durante o ano. O carnaval, a Emancipação da Bahia, a festa de Santana, o aniversário de Caetité, entre outras.

Além disso, é muito comum assistir a desfiles em datas comemorativas, seja de escolas ou de organizações. Nessas festas, a população das cidades vizinhas se faz presente. São motivo de orgulho aos cidadãos. É importante observar que as principais comemorações possuem o mesmo itinerário: Iniciam na Igreja da Matriz, seguindo pela Avenida Santana, descendo pelo Beco dos Milhões, passando pela Rua Barão de Caetité e terminam na Praça da Matriz. (como ilustrado no mapa ao lado).

Algumas das principais festas são:

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1. Festa de Santana: último final de semana de julho; 2. Independência da Bahia: 2 de julho; 3. Lavagem da Esquina do Padre: Janeiro 4. Carnaval: Fevereiro 5. Aniversário de Caetité: 5 de abril Fonte: Claudio Amaral

MASB

30 BR 0

Fonte: Acervo da Autora. 2019.

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Fonte: Acervo da Autora. 2019.

APMC CAT

Fonte: Acervo da Autora. 2019.

Fonte: Mapa elaborado pela autora com base do Google Earth.

100 m

Os museus da cidade A Cidade de Caetité abriga três institutos nomeados como museus pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM): a Casa Anísio Teixeira (CAT), o Arquivo e Museu de Cultura Popular de Caetité, conhecido como Arquivo Público Municipal de Caetité (APMC) e o Museu do Alto Sertão da Bahia (MASB).

A narrativa desses museus tem muito a ver com o tema deste trabalho: o pertencer.

Isso acontece porque especialmente o APMC e o MASB só existem por conta de mobilizações da população de Caetité. E hoje, realizam ações socioculturais, como espetáculos, exposições, oficinas, palestras, feiras, etc. voltados para a valorização do patrimônio e alertando sobre sua existência para gerações futuras.

“Desse modo, o patrimônio pode ser percebido para além da documentação, configurando-se como importante ferramenta de informação, formação e herança” (LIMA, 2016, p.105) O AMPC foi criado em 1995, com a frente de professores e alunos da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), que participaram de um processo de coleta de documentos e criação de banco de dados a respeito da história da cidade de Caetité.

A instituição está sediada na Antiga Casa de Cadeia e Câmara, situada na Praça Deocleciano Teixeira (homenagem ao pai de Anísio Teixeira).

A CAT foi criada em 1998 e hoje é administrada pela Fundação Anísio Teixeira. Tem a sua sede no antigo Solar dos Fraga, casa natal de Anísio Teixeira, situada na Praça da Catedral de Santana, no Centro Histórico de Caetité.

Sua inauguração se deu após a restauração feita pelo Governo da Bahia, através do IPAC. Abriga também uma Biblioteca Pública permanente e outra móvel, podendo atender à população rural.

Em anexo, foi construído um Cine-Teatro que funciona como auditório e oferece sessões gratuitas de cinema.

Como afirma Lima (2016,p.109):

Essas duas instituições, desde o seu início, movimentam o cenário educacional e cultural de Caetité, seus distritos e toda a região e, como uma régua e um compasso, auxiliam a construção da malha vivencial constituída de símbolos e tradições que se entrecruzam na pluralidade da cultura local e regional. Por isso mesmo, mostram-se atentas às relações de salvaguardar o patrimônio ao fomentar atividades com vistas à preservação de memórias, de olho no passado, refletindo sobre o presente e pensando no futuro.

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MASB

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O Museu do Alto Sertão da Bahia é o primeiro museu com acervo arqueológico da região.

Sua origem acontece em 2011, com as instalações de parques eólicos nos municípios de Caetité, Guanambi e Igaporã.

Durante o processo de construção e instalação das torres de energia eólica, comunidades da região participaram de atividades de Arqueologia, que acabaram por gerar um grande acervo e encontrar diversos sítios arqueológicos. Portanto, em nenhuma das regiões havia um espaço com especificações técnicas adequadas para abrigar tais achados.

A instituição mais próxima se encontrava a cerca de 600 quilômetros da cidade de Caetité, em Ilhéus.

A população, então, mobilizou-se para que a descoberta permanecesse em seu território.

Então, em 2011, surgiu um pequeno grupo de aproximadamente 12 pessoas, formado por professores, pesquisadores, gestores públicos e alunos, como afirma Lima (2016, p.111): Esse movimento foi educado, pacífico e ordeiro, mas a parcela da população que manifestou interesse na permanência dos objetos estava extremamente inconformada e indignada no sentido mais amplo dessa expressão, e disposta a mobilizar e envolver, ao máximo possível, os segmentos sociais, civis e jurídicos de Caetité.

Essa pequena parcela da população convocou empresas de energia eólica para uma reunião onde a principal pauta seria discutir soluções para que os objetos arqueológicos permanecessem na região de origem. Foi então formada uma comissão que idealizou a criação de um museu local.

A única empresa que valorizou essa iniciativa foi a Renova Energia. Com isso, ocorreu uma parceria entre a Zanettini Arqueologia (prestando serviços para a Renova Energia) e o núcleo de Estudo e Pesquisas Arqueológicas da Bahia (NEPAB), vinculado à Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), em Ilhéus.

Assim, foi possível a pesquisa com mais de 20 mil peças encontradas, que foram enviadas para a Zanettini Arqueologia, em São Paulo, com a aprovação do IPHAN. Dentre os achados, estão cerca de 180 sítios arqueológicos e históricos que comprovam a existência dos primeiros moradores da região, com objetos de até seis mil anos.

Como Lima esclarece (2016, p.114), a pequena comissão acabou gerando um grupo de trabalho, em setembro de 2011: Assim, as atividades desenvolvidas no âmbito do grupo de trabalho, durante um período de quase um ano, constataram a necessidade da criação de um museu delineada coletivamente pelos moradores de Caetité. A criação do MASB é, portanto, fruto do esforço e colaboração coletiva dos moradores da cidade de Caetité.

Na procura de locais que poderiam sediar o museu, foram realizadas visitas a algumas instituições caetiteenses, entre elas: o Arquivo Público Municipal de Caetité, a Casa Anísio Teixeira, o Centro Cultural das Indústrias Nucleares do Brasil, a Câmara Municipal (antigo prédio da Escola Normal de Caetité), a Casa do Barão de Caetité, a Casa de César Zama, a Casa do Professor Alfredo, o Observatório Meteorológico de Caetité, a Casa da Chácara e, uma casa na Praça Rodrigues Lima.

Finalmente, o local escolhido para a implantação do museu foi a Casa da Chácara: Três elementos se destacaram para a escolha desse imóvel: 1) Sinergia conceitual com o projeto: importância e significância da Casa da Chácara no contexto regional como exemplar da arquitetura das sedes de fazenda da zona rural, dialogando com o patrimônio arqueológico advindo das pesquisas que enfocam as comunidades rurais do Alto Sertão, e como propriedade que configurou a ocupação do Bairro da Chácara, hoje inserido no contexto urbano; 2) Inserção estratégica na paisagem: a Casa da Chácara tem boa acessibilidade em relação às rodovias que dão acesso aos municípios de Guanambi e Igaporã, e possibilitará a qualificação urbana de uma área da cidade que ainda não dispõe de equipamentos culturais, possibilitando o incremento do turismo cultural e a inclusão social [...]; 3) Disponibilidade da família proprietária, em fazer a cessão de uso do imóvel, o que auxilia também na questão dos recursos financeiros para o projeto (PLANO MUSEOLÓGICO DO MASB, 2012, p. 39 apud LIMA, 2016, p.116).

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A Casa da Chácara.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

O casarão tem esse nome porque se situa no bairro de nome Chácara.

O imóvel pertencia a um senhor, o “Seu Dió”, que após seu falecimento, a família continuou morando no local e participou de todo o processo de visitas realizadas, concordando com a proposta da casa sediar o MASB. Então, foi necessário um processo de restauro e adaptação do casarão, realizadas pelo arquiteto Guilherme Michelin. Também foi construído um anexo que abriga laboratório, reserva técnica, auditório, espaço de convivência e estacionamento.

O nome dado ao Museu do Alto Sertão da Bahia foi definido em fevereiro de 2012, fazendo menção ao território onde o material arqueológico foi encontrado. Se trata de um museu-território, onde o objetivo é a valorização do mesmo.

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No ano de 2015, após importante atividades culturais e educacionais no território, o MASB foi reconhecido como museu em Caetité pelo IBRAM. Atualmente. as obras do anexo do museu ainda não foram concluídas, não sendo possível a exposição dos achados arqueológicos.

O MASB é administrado pela Associação Amigos do Museu do Alto Sertão da Bahia (AMASB).

Além da cidade de Caetité, o MASB também abrange todo o município e os territórios de Igaporã e Guanambi, por meio de núcleos museológicos, que funcionam como extensões, possibilitando maior abrangência das ações propostas pelo museu.

Em Caetité, Escola de Caldeiras, a Comunidade Quilombola Pau-Ferro de Joazeiro, o Movimento das Mulheres Camponesas, o Instituto de Educação Anísio Teixeira e o Sítio Arqueológico Moita dos Porcos.

Em Igaporã, o Espaço Cultural de Igaporã, o Colégio Municipal de Tamboril e a Comunidade Quilombola Gurunga.

Em Guanambi, a Comunidade Curral de Varas e a Comunidade Pajeú do Josefino.

“Configurou-se, assim, um museu de vocação territorial com uma sede em Caetité e núcleos rurais e urbanos que pressupõem uma dinâmica estabelecida em redes comunicativas entre três municípios.” (LIMA, 2016, p.124)

O anexo, que abriga o laboratório, reserva técnica, auditório, espaço de convivência e estacionamento, Fonte: Acervo da autora. 2019.

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Vista da passarela que conecta a Casa da ChĂĄcara ao anexo construĂ­do.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

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Torres de energia eรณlica.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Exploração Caetité, além de ser muito ligada à cultura e à educação, é terra de grandes reservas minerais.

Atualmente, o município é local da maior mina de urânio a céu aberto da América Latina, que é explorada pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e também é palco das instalações das enormes torres de energia eólica, que foram implantadas pela Renova Energia. Como se não bastasse, ainda receberá uma Barragem de Minérios, entre o Município de Caetité e Pindaí, pela Bahia Mineração S.A. (BAMIN).

Minério de Ferro A BAMIN é uma empresa que o controle acionário é do Eurasian Resources Group (ERG), um grupo com sede no Cazaquistão.

A empresa é responsável pelo Projeto Mineração Pedra de Ferro, nos municípios de Caetité e Pindaí.

O minério de Ferro que será extraído, segundo a BAMIN, será comercializado para a indústria siderúrgica.

Um dos pontos mencionados pela empresa é que o empreendimento gerará cerca de 20 mil empregos para a cidade.

O Projeto Mineração Pedra de Ferro pretende extrair 15 milhões de toneladas de concentrados de minério, durante 15 anos, o que resulta em 32 milhões de toneladas.

Ainda, em relação às “vantagens” mencionadas na página oficial da referida empresa, está a construção da Ferrovia de Integração Oeste Leste (FIOL). Trata-se de uma obra do Governo Federal, que ligará o Porto Sul e as cidades de Caetité e Barreiras a Figueirópolis, no Tocantins.

Mas a exploração do Minério de Ferro afeta o meio ambiente e comunidades locais.

Indústrias Nucleares do Brasil A INB é uma instituição estatal brasileira, criada em 1988, responsável pela extração e produção de combustível nuclear no Brasil.

A mina de Caetité foi descoberta no início da década de 1970, pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e é explorada desde 1998 pela INB e o material extraído é destinado para uso como combustível nas Usinas Nucleares de Angra dos Reis, Rio de Janeiro.

Sua extensão é de 1800 hectares, possuindo uma reserva de urânio estimada em 100 mil toneladas.

O urânio é um metal radioativo que, a depender do grau de enriquecimento, pode ser utilizado tanto em usinas nucleares como em bombas atômicas. Portanto, os impactos ambientais dessa exploração são imensos.

No primeiro ano de funcionamento, foi registrado um vazamento de 5 mil metros cúbicos, que corresponde a cinco milhões de litros de licor de urânio. Tal acontecimento fez com que a empresa parasse por quase um ano.

31

Impactos da Exploração Apesar das empresas responsáveis propagarem somente vantagens sobre a exploração na região, na prática não é bem assim.

O urânio é um metal altamente radioativo. O Projeto Mineração Pedra de Ferro acarretará na construção de uma Barragem de Rejeitos e, como os casos de Brumadinho e Mariana, sabemos os danos que podem ser causados.

Além desses riscos, os impactos gerados ao meio ambiente também são enormes.

Para a ocupação da mina, é necessário fazer o rebaixamento do lençol freático da área.

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Como é apontado pelo Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), existem contradições nas informações fornecidas pela empresa em relação aos impactos ambientais: 1- A área destinada à mineração para empresa Bamin tem um grande potencial hídrico e fonte de abastecimento e recarga de 26 nascentes, além de ser um divisor de águas das bacias do São Francisco e Rio de Contas. Essa fonte hídrica é necessária para o abastecimento de milhares de famílias nos municípios de Caetité, Pindaí e Licínio de Almeida, que utilizam água do Poço da Cachoeira, mapeado onde está prevista a instalação da Barragem.

2- Para iniciar e manter a operação da Mina, a empresa pretende realizar o rebaixamento do lençol freático, isso implica reduzir o nível de água que atualmente se encontra em 900 metros para 300 metros através da perfuração de poços profundos.

3- O consumo de água apresentado pela empresa é de um nível estratosférico, e , considerando-se o fato de localizar-se no Polígono das secas, a quantidade de água requerida para o Projeto Pedra de Ferro chega a ser assustadora. Vejamos alguns dados: 480 m³/h, ou seja 480000 mil de litros retirados do rebaixamento do lençol freático. 765m³/h765000 mil de litros de água a serem retirados do Rio São Francisco no Município de Malhada, por hora. Além de outras quantidades mencionadas pela própria empresa no RIMA. Para realizar a exploração do minério de Ferro a empresa fará uso de aproximadamente 114.000.000.000 (cento e quatorze bilhões) de litros de água por ano, o que daria para se construir 2.192.307 cisternas de produção (52.000 litros cada cisterna para o consumo humano. (CPT; MAM , 2017) 4- A instalação da Barragem de Rejeito destruiria uma área de vegetação nativa preservada de 719 hectares. Nessa área se localiza o Riacho Pedra de Ferro , responsável pela formação do maior córrego conhecido na área como Rio Grande , e um dos afluentes do Rio Carnaíba de Dentro (afluente da Bacia do Rio São Francisco), um dos principais responsáveis pelo abastecimento e irrigação de inúmeros agricultores familiares em Ceraíma, Guanambi, além de outras localidades.

5- A área da Alternativa 2, além de suas nascentes como o Pedra de Ferro e o Poço Cachoeira é composta por uma área florestal de grande riqueza em termos de biodiversidade, e por se tratar de uma área de ecótono apresenta tanto espécies endêmi-

cas de flora de Cerrado e Caatinga, como contém vegetação de porte arbóreo remanescente de Mata Atlântica.

Muitas comunidades tradicionais da região utilizam dessas áreas para extrativismo de plantas medicinais e frutos, além do pastoreio do gado.

Além de serem áreas em que estão localizados rios e riachos que abastecem as famílias. O projeto prevê uma supressão vegetal de uma área de 719 hectares.

Segundo relatório de impacto ambiental, apresentado pela BAMIN em 2009 e indicado pela Agência Sertão: “a construção da barragem afetará os moradores dos distritos de Guirapá e Brejinho das Ametistas, além das comunidades de Cana Brava, Açoita Cavalo, Açoita Cavalo II, Fazenda da Mata, Fazenda da Mata de Baixo, Rio da Faca, Rio da Faca de Cima, Fazenda das Flores, João Barroca e Brejo. No entanto, um estudo da Comissão Pastoral da Terra apontou que a barragem também afetaria moradores das comunidades de Araticum, Casa da Roda, Olho D’água dos Pires, Rancho do Meio, Baixa Preta, Barra dos Crioulos, Barriguda, Cachoeira de Baixo, Pedro Antônio, Novo Horizonte, Cachoeira de Cima, Pau Ferro, Piripiri, Poço Cumprido, Rega Pé e Tabuas, todas localizadas entre os municípios de Caetité e Pindaí.

Os riscos à saúde também são iminentes.

Em 2004, em função das fortes chuvas, a bacia de retenção de particulados por sedimentação da cava da mina de urânio transbordou por sete vezes, fazendo com que houvesse liberação de efluentes líquidos com concentração de urânio para o meio ambiente.

Em 2008, ocorreram denúncias de contaminação de água feitas pela Greenpeace, que detectou uma quantidade imprópria de radiação em cinco poços localizados no entorno das minas.

Uma pesquisa realizada por Thomás Caires Pereira, da Universidade Federal da Bahia, mostra comparações da mortalidade por câncer no município de Caetité entre 1980 a 2010.

O câncer pode ser causado por diversos fatores e dentre eles, destaca-se a radiação ionizante, causada pela exposição ao minério radioativo de urânio. “Essa exposição é capaz de causar mutações genéticas em células humanas.” (PEREIRA, p.10) Tal estudo mostra que Caetité apresenta uma maior taxa de mortalidade geral por câncer quando comparada com a Bahia e com o Sudoeste Baiano.

Apresenta também um aumento médio anual da taxa de mortalidade dos cânceres do trato gastrointestinal nos homens muito superior ao observado nas outras duas regiões.

Um estudo utilizando dentes humanos como bioindicadores para a exposição ao minério de urânio, demonstrou que a população de Caetité possui uma média de concentração deste minério em seus dentes cerca de 100 vezes maior que a população mundial.

33

Um MausolĂŠu abandonado em meio aos caminhos do Centro HistĂłrico.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

34

2. Conhecer Os capítulos a seguir apresentam o território, a cidade e a aproximação do Centro Histórico.

35

Território Este capítulo é dedicado ao entendimento da região em que a cidade de Caetité está inserida.

Loacalizada a 757km de Salvador, a cidade está situada na região Sudoeste do estado da Bahia.

A partir da divisão de Territórios por Identidade do Estado, a cidade faz parte do Sertão Produtivo.

Porém, a região é popularmente denominada como Alto Sertão Baiano.

Alto Sertão Baiano

36

O Alto Sertão Baiano se trata de uma divisão imaginária, que é considerada muito mais por pesquisadores, historiadores e antigos habitantes. Existem diversas explicações sobre essa divisão: alguns dizem que se trata da distância das terras entre o Sul da Bahia e o Norte de Minas Gerais. Outros, explicam que essa denominação se dá por serem terras mais afastadas da capital, da costa e do Recôncavo.

De acordo com Guimarães (2012, p. ), essa expressão ganha o que o autor chama de “uma elasticidade histórica” que, de certo modo, contribui e “dá conta de expressar as dinâmicas socioculturais de uma porção do território baiano”.

Sertão Produtivo

O Sertão Produtivo é a divisão oficial. Se trata de uma denominação dada pelo Estado.

A formação das vilas do Alto Sertão se deram, em grande parte, por conta do Rio São Francisco. De acordo com dados do IBGE, a população total é de 439.455 habitantes, onde 51% se concentra em áreas rurais.

O território tem sua economia em grande parte baseada na agricultura familiar.

Atualmente, é composto por 19 municípios: Guanambi, Brumado, Caetité, Palmas de Monte Alto, Iuiú, Candiba, Pindaí, Urandi, Sebastião Laranjeiras, Caculé, Rio do Antônio, Malhada de Pedras, Tanhaçu, Ituaçu, Contendas do Sincorá, Dom Basílio, Livramento de Nossa Senhora e Lagoa Real.

O município que existe hoje é resultado de diversas transformações do território: como era uma região administrativa importante, diversos povoados se originaram dali. Ao longo dos anos, tais povoados foram se desenvolvendo, emanciparam-se e se tornaram próprios municípios.

Atualmente, é composto por cinco distritos: Caetité, Bejinho das Ametistas, Caldeiras, Maniassu e Pajeú do Vento.

O mapa ao lado ilustra os limites do município e seus vizinhos, assim como seus distritos.

TANQUE NOVO

PARAMIRIM

LIVRAMENTO DE NOSSA SENHORA

IGAPORÃ

Área Territorial: 2442 km² Poupulação: 5861 habitantes

37

Densidade: 19,45 hab/km²

CAETITÉ

LAGOA REAL

Fonte: dados obtidos a partir da estimativa do IBGE para 2018.

GUANAMBI

Vila de Caldeiras Vila de Maniassu Vila de Pajeú do Vento

IBIASSUCÊ

Cidade de Caetité Vila de Brejinho das Ametistas Fonte: Mapa elaborado pela autora com base do Google Earth.

PINDAÍ

CACULÉ

Cidade BR 122

BR 4

26

BR

030

A cidade de Caetité é a maior e mais importante da região.

A zona urbana é dividida em 14 bairros.

O sistema viário principal é composto pelas Rodovias BR-30, BR-264, BR-122 e BR-156.

O sistema hidrográfico é formado pelo Rio São João (demarcado no mapa ao lado), que faz parte da Bacia do Rio São Francisco.

38

BA

6

15

LEGENDA Rodovias

Vias Mais Movimentadas

Hidrografia .

Fonte: Elaborado pela autora com base do Google Earth.

BR 122

BR

264

O mapa ao lado identifica os principais equipamentos públicos presentes em toda a cidade. É possível observar uma concentração da oferta de equipamentos na regão central, onde também estão localizados os principais edifícios históricos.

BR 030

LEGENDA Equipamentos de grande porte Hospital Cemitério Universidade Estadual Prefeitura Estádio

Equipamentos Educação Cultura

Fonte: Elaborado pela autora com base do Google Earth.

.

6

B

5 A1

Áreas Verdes Recorte de Aproximação

39

6 7

8 9 40

10

11

12 13 14

4 5

Bairros

2

1. Centro 2. Observatório 3. São Vicente 4. Ovidio Teixeira 5. Alto Buenos Aires 6. Nossa Senhora da Paz 7. Santo Antônio 8. Loteamento Rancho Alegre 9. Chácara 10. Alto do Cristo 11. Baruana 12. São José 13. Santa Rita 14. Rancho Alegre

1

3

AVE NID AW . TE IXEI RA

RUA

RUI B

ARB

OSA

AVENIDA SANTANA

TITÉ DE CAE

41

A ID EN V A

AVENIDA PAR AMIRIM

RÃO RUA BA

O

N

R

TO

N

O C

O mapa acima representa o recorte de aproximação onde serão localizadas as principais intervenções. Nele, estão marcadas as principais vias, com maior movimento. Nos mapas a seguir, estarão representadas as principais características da região.

ESCALA 1:5000

42

PREDOMINÂNCIA DE COMÉRCIO E SERVIÇO

O mapa acima representa a predominância de usos na região. Observa-se que há uma boa distribuição de comércio, serviço e residências nos lotes lindeiros às principais avenidas.

ESCALA 1:5000

43

ESCALA 1:5000 Igreja da Matriz: Nossa Senhora de Santana

Acervo Público Municipal Parques e Praças

Instituições de Ensino Casa Anísio Teixeira

Lotes de Intervenção

Topografia A síntese topográfica do território: Uma cidade em meio às montanhas do Alto Sertão Baiano, o que proporciona altas declividades nas vias, principalmente nas áreas mais afastadas.

Tipo climático seco, subúmido e semiárido.

Possui elevado risco de seca, pois está inserida no Polígono das Secas.

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Registro da maquete.

Fonte:Acervo da autora. 2019.

Zoneamento O Plano de Desenvolvimento do Município de Caetité é o instrumento que estabelece diretrizes e estratégias para a ordenação do território.

De acordo com o Plano, a região do recorte está entre duas zonas: A ZUM I e a ZRS, que direcionam e relação ao gabarito e usos que cada lote poderá ter. São eles: ZUM I: Zona de Usos Mistos. De acordo com o Plano de Desenvolvimento do Município (2006,p.3): Corresponde à área urbana hoje ocupada tanto por residências, como por atividades comerciais, industriais e de serviços, compatíveis com o uso residencial predominante pelo seu porte, sendo a região que apresenta melhores condições de adensamento e verticalização, pelo seu relevo, pela infra estrutura disponível, pela possibilidade de expansão e pela articulação com as outras zonas.

O teto máximo nesta zona será de três pavimentos, acima do nível da rua.

ZUM I

45

ZRS

ZRS: Zona Residencial Sul. Como é indicado no Plano de Desenvolvimento(2006,p.4):

Área destinada ao uso exclusivo de residências. Só serão permitidas atividades comerciais de apoio aos bairros, tais como, padarias, super mercados,clinicas, farmácias, bares e serviços. Nesta zona o teto máximo será de dois pavimentos acima do nível da rua.

.

SEM ESCALA

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Identidade do Território Caetité é cidade de uma identidade muito marcante. O tipo de uso do solo é de predominância residencial, com casas em sua maioria térreas e sem garagem.

Como ainda estão preservadas algumas de suas antigas residências, principalmente em bairros mais antigos (como no centro), ainda podemos ver como era o estilo de vida de épocas passadas.

Observa-se uma repetição de tipologia por toda a cidade.

Como já informado, residências térreas, porém sem recuos frontais ou laterais. Como de costume, a população mais antiga preserva suas casas de campo (as chamadas “roças”), onde plantam e colhem o que consomem.

Como as distâncias são curtas, a população tem o costume de caminhar, apesar das péssimas condições de caminhabilidade (que serão apresentadas nos capítulos seguintes).

Preservação

O órgão responsável pela presevação dessas características históricas da cidade é o Instituto de Preservação Artística e Cultural da Bahia (IPAC).

No Centro Histórico, estão tombados dez edifícios e mais 32 bens culturais imóveis estão indicadas como Interesse de Preservação, além de ter sido traçada uma poligonal de preservação. A proposta de preservação do polígono histórico é datado em 2008, quando acontecía uma crescente especulação imobiliária, ameaçando o patrimônio local.

47

Hotel de Caetité Casa Natal de Cezar Zama

Casa de Anísio Teixeira

Casa de Câmara e Cadeia

Igreja de São Benedito

Casa do Barão de Caetité

Casa da Praça Rodrigues Lima, 178

Casa do Coronel Cazuzinha

Casa da Praça Rodrigues Lima, 76

Casa da Praça Rodrigues Lima, 105

Fonte: Acervo da autora. 2019.

49

O mapa acima representa a poligonal de preservação definida pelo IPAC a partir de 2008.

ESCALA 1:5000

IMÓVEIS TOMBADOS

IMÓVEIS DE INTERESSE DE PRESERVAÇÃO

POLIGONAL IPAC

Casa Natal de Cézar Zama Aristides Cézar Spínola Zama, nascido em 1837, foi médico, escritor, deputado e historiador.

Serviu como voluntário na guerra contra o Paraguai.

Ingressou na política como Deputado Provincial.

Entre suas obras destacam-se “Os Grandes Oradores da Antiguidade”, “Os Grandes Capitães da Antiguidade” (onde relata as vidas de Alexandre, Aníbal e César), e o opúsculo “Libelo Republicano – comentários sobre a campanha de Canudos”, obra que é referência, ao lado de “Os Sertões” de Euclydes da Cunha, sobre a tragédia do movimento conselherista no interior baiano.

50 Fonte: Acervo da autora. 2019.

51

Registro da ficha do IPAC, disponível no Acervo Público Municipal de Caetité.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Hotel de Caetité Sua construção aconteceu na metade do século XIX. O imóvel foi comprado pelo Dr. Deocleciano Pires Teixeira, em 1885, para sua família.

Em 1934, com sua morte, o sobrado passa a sua esposa, que o transformou na chamada Iris Pensão.

Em 1954 é reinaugurado como Hotel de Caetité.

52

Fonte: Diagrama elaborado pela autora. 2019.

O Hotel de Caetité.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

53

Registro da ficha do IPAC, disponível no Acervo Público Municipal de Caetité.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Casa da Câmara e Cadeia O início de sua história acontece em 1803, junto com a instalação da Vila Nova do Príncipe.

Inicialmente, a câmara era locada ao lado da Igreja da Matriz.

Mas, em 1812, o Juiz Ordinário decide que o local escolhido não era adequado, por conta da área ocupada, que era insuficiente.

No ano de 1891, o Governo do Estado concedeu verba para a construção do novo edifício.

A cadeia continua funcionando como tal até o ano de 1978, quando a Prefeitura construiu um novo edifício para a mesma, abandonando o antigo imóvel.

54

Antiga Casa da Câmara e Cadeia.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

55

Registro da ficha do IPAC, disponível no Acervo Público Municipal de Caetité.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Casa do Coronel Cazuzinha A casa foi construída para ser residência de João Caetano de Albuquerque Xavier da Silva Pereira, em meados do século XIX. No final do mesmo século, o edifício passa a abrigar a sede do Empório Comercial Rodrigues Lima e Araújo.

Em 1905 aproximadamente, a empresa é fechada e o imóvel passou a pertencer a um dos seus sócios: José Antônio Rodrigues Lima, o Coronel Cazuzinha.

56

Casa do Coronel Cazuzinha.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

57

Registro da ficha do IPAC, disponível no Acervo Público Municipal de Caetité.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Casa de Anísio Teixeira Não existem registros que comprovem sobre a construção desta casa. Porém, existe a especulação de que o construtor é o mesmo que fez a Igreja de Santana.

Em 1885, foi comprada por Deocleciano Pires Teixeira.

Em 1944, com sua morte, o imóvel passa a pertencer a seus filhos.

58

A casa de Anísio Teixeira, localizada ao lado da Igreja da Matriz de Santana.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

59

Registro da ficha do IPAC, disponível no Acervo Público Municipal de Caetité.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Igreja de São Benedito

60

Sua construção é datada do início do século XIX, sendo dedicada à irmandade de afrodescendentes.

Sua arquitetura é típica das matrizes e igrejas de confrarias baianas.

Não existem registros sobre o construtor responsável.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

61

Registro da ficha do IPAC, disponível no Acervo Público Municipal de Caetité.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Casa do Barão de Caetité

62

Fonte: Acervo da autora. 2019.

63

Registro da ficha do IPAC, disponível no Acervo Público Municipal de Caetité.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Casa da Praรงa Rodrigues Lima, 178

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A casa da Praรงa Rodrigues Lima.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

65

Registro da ficha do IPAC, disponível no Acervo Público Municipal de Caetité.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Um mural com as culturas de CaetitĂŠ em meio aos caminhos do Centro HistĂłrico.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

3. Conhecer Os capítulos a seguir aproximam ainda mais as informaçþes importantes para justificar as propostas de projeto: da escala urbana ao lote.

4 3

2 1

5 68

6

500 metros

7 10

8

11

9 ESCALA 1:5000

Situação das Vias Apesar da grande declividade de algumas vias, as distâncias necessárias para chegar aos principais pontos são curtas.

Como o mapa ao lado representa, um raio de 500 metros equivale de cinco a dez minutos de caminhada. Ou seja, toda a área do centro é de rápido acesso a pé.

Durante a visita ao lugar observei que, apesar da cidade ter essa enorme oportunidade (de poder ser transformada em uma cidade caminhável e, consequentemente, com uma população mais saudável), o uso do carro é muito frequente. Mesmo as pessoas que já residem no centro ainda um o carro para se locomover até a feira ou mercado.

Por isso, esse capítulo mostra uma análise das vias existentes e suas condições de caminhabilidade, relacionando os números marcados no mapa com a fotografia do respectivo trecho.

1. Rua Helena Lima Santos: a obstrução da calçada estreita por um poste de iluminação.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

2. Travessa da Rua Helena Lima Santos: a obstrução na esquina da calçada estreita por um poste de iluminação e a condição do leito carroçável.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

3. Ainda na Rua Helena Lima Santos: o alinhamento das árvores no leito carroçável.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

69

4. Rua 2 de julho. Além da calçada estreira, um obstáculo que força o pedestre a caminhar pelo leito carroçável.

5. Rua São João. Situação da calçada em esquina.

6. Rua Dom José Terceiro. Observa-se à direita, uma construção no alinhamento da rua, diminuindo ainda mais a área de passeio.

7. Vista de uma travessa do Centro Histórico. Calçadas estreitas e com obstáculos.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

70

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

8. Avenida Paramirim. Alta declividade para pedestres e arborização no alinhamento do leito carroçável.

9. Vista da Avenida do Contorno.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

71

10. Travessa da Rua São João, no Centro Histórico.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

3. Travessa do Alto do Observatório.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

72

O terreno onde ficava a casa de Helena Lima Santos.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Vazio de Helena Lima Santos Mais uma residência de outra figura importante para a educação em Caetité.

Helena Lima Santos (1904-2000) foi professora e diretora na Escola Normal.

Autora de uma importante peça da historiografia caetiteense, Caetité:Ilustre e Pequenina, estudou e escreveu sobre Caetité a partir de conversas com os próprios moradores.

Sua residência é objeto de estudo por possuir grande visibilidade e ser um exemplo do que pode acontecer com as demais residências que são a cara da cidade: em 2014, foi demolida.

Fazia parte de um dos imóveis com interesse de preservação pelo IPAC, inclusive estando dentro do perímetro da Poligonal.

73

Trecho de reportagem do Jornal Virtual Sudoeste Bahia. O dia que uma das residências que fazia parte do Centro Histórico foi demolida. Um lugar com visibilidade, que por muitos anos, abrigou uma das figuras mais importantes para a educação em Caetité.

A situação da fachada antes da demolição.

Fonte: Sudoeste Bahia. 2016.

74

Vista frontal da residĂŞncia do Professor Alfredo.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Residência do Professor Alfredo José da Silva Uma das residências com maior visibilidade na cidade por estar situada em frente ao Acervo Público Municipal, na antiga Cadeia.

O que mais chama atenção não é só o tipo de arquitetura característica das casas baianas, mas o estado a que chegou. Do lado de fora, é possível ver a estrutura usada no forro da sala. Com a fachada muito prejudicada pelas ações do tempo, a residência do Professor Alfredo José da Silva chama muita atenção de quem passa ali.

As imagens nas páginas a seguir mostram a situação da casa.

Quem foi Alfredo?

Alfredo José da Silva (1887-1985) foi o primeiro professor negro e segundo diretor da Escola Normal de Caetité (criada em 1926).

Também foi diretor do Instituto de Educação Anísio Teixeira e chegou a ser Prefeito da cidade de Caetité entre 1947 e 1948.

Toda sua vida foi dedicada à educação e como a cidade tem um grande elo com isso, sua figura se faz ainda mais importante no contexto deste trabalho.

75

76

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

77

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

78

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

79

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

80

Fachada Frontal

Escala 1:150 Fonte: Elaborado pela autora.

81

Fachada Lateral

Escala 1:150 Fonte: Elaborado pela autora.

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A casa do BarĂŁo.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Casa do Barão de Caetité A Casa do Barão está localizada na rua de mesmo nome, uma das mais movimentadas da cidade e faz esquina com uma pequena travessa, que a liga à Avenida de Santana.

Hoje, encontra-se fechada, sem qualquer uso, mas foi palco da formação da sociedade da Cidade.

Há relatos de que no acervo guardado no porão da casa, estão registros de compra e venda de escravos.

A casa foi construída no início do século XIX, para abrigar a família do Barão da cidade, mas também viveram figuras como Joaquim Manoel Rodrigues Lima, primeiro governador eleito na Bahia.

Hoje, a casa faz parte do conjunto tombado pelo IPAC em 1979.

A seguir, as plantas que representam a distribuição dos espaços na Casa do Barão.

83

Fonte: Acervo da autora. 2019.

2 1 3 84

1

4

9

5

1

6

5

1

Planta Porão Escala 1:250

1

1

Fonte: Elaborado pela autora com base em ficha do IPAC.

1

8

Planta Térreo Escala 1:250

6

7

6

Fonte: Elaborado pela autora com base em ficha do IPAC.

5

7

7

6

5

Legenda 1. Depósito 2. Cozinha 3. Copa 4. Sanitário 5. Quarto 6. Sala 7. Alcova 8. Biblioteca 9. Varanda

85

Fahcada Frontal Escala 1:250

Fonte: Elaborado pela autora.

O Observatรณrio Meteorolรณgico.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

86

Observatório Meteorológico O observatório Meteorológico de Caetité teve seu início ainda na época da Monarquia.

O último Imperador do Brasil, D. Pedro II, teve a iniciativa de construir uma rede de medição meteorológica em todo o país e a cidade de Caetité foi considerada ideal para receber um dos pontos dessa rede.

A ideia do Imperador era de analisar as mudanças climáticas em todo o país.

Portanto, sua construção aconteceu somente em 1908, quando o Brasil já havia se tornado República, pelo então Ministério da Agricultura.

O observatório era encarregado de registrar toda a mudança climática do Alto Sertão da Bahia.

Um casal Alemão, Bernardo e Olga Ohlsen, ficou encarregado por sua direção, local que também se tornou a casa deles. Tiveram seus cinco filhos ali. O casal veio de Santa Catarina, em 1908. Segundo Lima (2016,p.61), “ é comum registrar informações que indicam o péssimo português desses alemães. ”

87

O prédio, originalmente, possuía duas torres. O telescópio ficava na segunda torre, que hoje não existe mais.

Possuía também cata-vento, barômetro, barógrafo, termógrafo, heliógrafo e pluviômetro.

Atualmente, o prédio está abandonado e em aparente estado de deterioração.

Fonte: Autor Desconhecido. Sem data.

Imagem pertencente ao dossiê cedido por Edimilson Brito Gomes.

A cidade e o Observatório Os moradores de Caetité se mobilizam, atualmente, para a recuperação do Observatório. E a Prefeitura também compartilha deste interesse, pretendendo integrar o edifício a seu patrimônio municipal.

O pedido de tombamento, segundo relatos, foi realizado há mais de 20 anos.

Em reportagem realizada pelo jornal Sudoeste Bahia, Luiz Benevides, atual superintendente de Patrimônio da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer de Caetité afirma:

88

Eles (a União, atual responsável pelo edifício) têm ciência da situação do prédio, porém não se manifestam. Infelizmente, a Prefeitura se encontra de pés e mãos atadas, pois não se pode fazer nenhuma intervenção no prédio sem a devida autorização da União. (...) Desde que eu cheguei à Secretaria de Cultura, estamos lutando para que isso (o processo de tombamento) venha a acontecer, pois todos em Caetité sabem o estado em que está o imóvel.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Em maio de 2017, o prefeito Aldo Godim deu início a uma parceria da Prefeitura com universidades para a recuperação do Observatório. Em reunião, o prefeito determinou que fosse realizado o tombamento do edifício.

Em contato com o arquiteto e professor João Maurício Ramos, Universidade do Estado da Bahia, o mesmo informou que existe uma parceria entre a referida Universidade, a Prefeitura de Caetité e a Associação de Memória e Patrimônio Cultural de Caetité, para a elaboração de um anteprojeto para o Observatório de Ciências, Tecnologia e Culturas. Porém, esse projeto ainda está em fase de desenvolvimento.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

4

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Elementos existentes

1. O edifício do Observatório Meteorológico 2. A Praça do Observatório, inaugurada em 2007.

3. Área cercada com alguns equipamentos de medição meteorológica.

4.O Grotão: lote sem ocupação, com alta declividade. Vista privilegiada da paisagem.

89

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

90

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

91

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Vista da Rua Alto do Observatório I. Fonte: Acervo da autora. 2019.

Vista da Rua Alto do Observatório I. Fonte: Acervo da autora. 2019.

Vista da Rua do Observatório Três. Fonte: Acervo da autora. 2019.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

92

A Praça do Observatório. Vista da Rua Alto do Observatório.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

A Praça do Observatório. Fonte: Acervo da autora. 2019.

93

A Praça do Observatório. Fonte: Acervo da autora. 2019.

A Praça do Observatório. Vista da Rua Alto do Observatório.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

94

A paisagem vista do GrotĂŁo.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

95

A paisagem vista do GrotĂŁo.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

Cozinha 6,10m²

1,00

Hall

1,00

5,58m² 1,00

Cômodo 5 7,31m²

Cômodo 3

0,80 0,80

15,24m² 0,80

Cômodo 4 7,37m² 0,80

96

0,80 0,80

Cômodo 6

0,80

11,77m²

Cômodo 2

Cômodo 1

15,50m²

4,50

13,34m² 0,00

Planta Térreo Escala 1:100

Fonte: Dossiê do Observatório (cedido por Edimilson Gomes de Brito).

Planta Primeiro Pavimento Escala 1:100 Fonte: Dossiê do Observatório.

97

Corte Longitudinal

Fonte: DossiĂŞ do ObservatĂłrio.

98

Fachada Frontal

Fonte: Dossiê do Observatório.

99

Fachada da Lateral Esquerda Fonte: Dossiê do Observatório.

100

Fachada Posterior

Fonte: Dossiê do Observatório.

101

Fachada da Lateral Direita Fonte: DossiĂŞ do ObservatĂłrio.

102

4. Propor Aqui, serão apresentadas as propostas de intervenção no território.

Todos os projetos visam valorizar o percurso histórico proposto, melhorar a mobilidade, ligando as áreas mais afastadas ao centro e qualificar o passeio do pedestre.

103

1. Conexão Regional A primeira intervenção porposta, em escala urbana, é a Conexão de Caetité com as demais regiões do Alto Sertão Baiano.

Dada a sua importância Regional e a falta de infraestrutura nas regiões vizinhas, facilitar o acesso à cidade se faz importante.

A proposta visa facilitar o acesso das pessoas, passando por pequenas cidades vizinhas, como Guanambi e Brumado e também por vilas e pequenos povoados.

O mapa ao lado mostra o traçado da linha de Ônibus proposta para realizar tal conexão.

104

RIO DE CONTAS RIACHO DE SANTANA

CALDEIRAS

LIVRAMENTO DE N SENHORA

IGAPORÃ

MANIAÇU

LAGOA REAL CAETITÉ

105

BRUMADO

GUANAMBI BREJINHO DAS AMETISTAS

PINDAÍ

IBIASSUCÊ

2. Mobilidade Urbana A segunda intervenção proposta é em relação à mobilidade urbana dentro da cidade.

Caetité não possui nenhum tipo de transporte público e a maioria dos deslocamentos acontecem de carro ou a pé.

Portanto, será proposta a implantação de um meio de transporte coletivo: o bonde elétrico, que permite o acesso das regiões mais afastadas às principais vias de distribuição e ao Centro Histórico.

106

Trata-se de um veículo de tração automotora elétrica, que se move sobre trilhos e compartilha a mesma via, podendo compartilhar espaço com pedestres e outros tipos de veículos.

Atualmente, o bonde ou Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) está em operação em mais de 380 cidades no mundo.

A diferença entre o tradicional bonde e o VLT está, principalmente, na densidade que cada tipo atende.

Caetité é uma cidade pequena e de baixa densidade (população de 50 mil no município), se fazendo dispensável o uso da tecnologia do VLT, que atende em média 23 mil passageiros por hora.

Dois casos que apresentam a utilização efetiva do bonde e do VLT são: o metrô de Cariri, no Ceará e o bonde de Santa Teresa, no Rio de Janeiro.

Metrô do Cariri O metrô do Cariri faz uso da tecnologia do VLT e integra os municípios de Crato e Juazeiro do Norte.

São transportadas, em média, 1,7 mil pessoas por dia, com 13,6 km de extensão, passando por 9 estações.

A população estimada no município de Crato é de 132 mil pessoas (IBGE, 2019). E a de Juazeiro do Norte é de 274 mil (IBGE, 2019).

Ou seja, a densidade demográfica é muito superior à do município de Caetité.

Bonde de Santa Teresa O bonde de Santa Teresa conecta o centro do Rio de Janeiro ao bairro de Santa Teresa, com sua origem em 1896.

Além de meio de transporte coletivo, o bonde é referência por oferecer um trajeto turístico, uma vez que o bairro de Santa Teresa é um dos mais tradicionais da cidade. Os bondes fazem parte da atração da cidade.

A extensão da linha de transporte é de 10,5km e é cobrado um valor para o trajeto turístico, mas os moradores cadastrados não pagam tarifa.

107

O metrô do Cariri.

Fonte: Nívia Uchoa.

O bonde de Santa Teresa Fonte: Site do Curta Rio.

Disponível em: https://curtarj.com.br/bonde-de-santa-teresa/

Reserva de Urânio

6

BR -26 4

Minas Gerais

BR-122

Salvador

5

BR-030

4

108

1

Ilhéus

2 3 Centro Histórico

6 -15 BR

Projeto Mineração Pedra de Ferro

1 Km

O resultado do traçado das linhas de bonde propostas (mapa a esquerda) é dado a partir da análise de condicionantes apresentados no mapa a direita.

Foram consideradas as localidades das principais vias de acesso, como Rodovias e avenidas cercadas de comércio.

E também, foram considerados os lugares com a maior concentração de pessoas, como o novo loteamento Minha Casa Minha Vida (que apresenta maior densidade, se comparada com o restante da cidade), o estádio, a Universidade Estadual da Bahia, o Mercadão, a Rodoviária e a Igreja da Matriz.

Todos esses pontos são os mais comuns destinos dos deslocamentos que acontecem todos os dias na cidade.

Além disso, foi considerado que o Centro Histórico é um importante destino de deslocamento, já que a região concentra a maior oferta de comércio da cidade.

O traçado resultante é mostrado no mapa ao lado, com duas linhas de bonde elétrico: uma circular e uma transversal à cidade, que poderá expandir em seus limites, por conta do possível crescimento da cidade.

Legenda 1. Universidade Estadual da Bahia 2. Mercadão 3. Igreja da Matriz 4. Rodoviária 5. Estádio 6. Loteamento Minha Casa Minha Vida

109

3. Tipologias Viárias A terceira etapa da proposta urbana é aproximar nas vias. A ideia é oferecer uma cidade caminhável para todos os habitantes e, por mais que a proposta incialmente foi pensada para a região central e rodovias, as mesmas tipologias podem ser aplicadas em outras regiões da cidade.

Após analisar as vias existentes, observei uma necessidade urgente de transformar essa cidade para quem mais importa: as pessoas.

Portanto, proporcionar uma caminhada confortável, segura e atrativa, é essencial para qualificar os percursos a pé.

A seguir, apresento sete propostas de tipologias viárias. Suas localizações no Recorte estão indicados no mapa ao lado.

A intenção é, além de qualificar o percurso, incentivar o trajeto a pé.

110

111

Tipo 1

Tipo 3

Tipo 5

Tipo 7 200 m

Tipo 2

Tipo 4

Tipo 6

2.20

3.00

112

0.80

1.00

0.93 1.00 0.10 0.10

3.20

3.60

1.40

3.60

3.60

7.20

1.40

3.60

7.20

0.80

1.00

2.60

3.40

27.80

Tipo 1

O Tipo será aplicado nas Rodovias, onde a linha de bonde passa, para cruzar ao outro lado da cidade.

Propõe-se uma melhor distribuição dos leitos carroçáveis, adaptando suas larguras. Além disso, uma melhor distribuição de arborização urbana e calçadas mais largas.

Esc. 1:250

2.20

3.00

0.80

1.00

0.93 1.00 0.10 0.10

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7.20

0.80

1.00

2.60

3.40

27.80

Tipo 2

O Tipo 2 também se aplica às Rodovias, tentando qualificar a travessia do pedestre.

Durante todo o dia, os moradores atravessam as Rodovias, onde não existe nenhuma faixa exclusiva ou controle de velocidade dos veículos.

Por isso, a proposta é a implantação de largas faixas exclusivas de pedestre, elevadas ao nível da calçada, buscando proporcionar maior segurança nas travessias.

Esc. 1:250

113

2.20

3.00

0.80

3.20

3.20

6.40

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3.00

6.00

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2.20

3.00

20.00

114

Tipo 3

O Tipo 3 será implantado onde acontece o encontro das duas linhas de bonde. Como acontece em vias de grande fluxo, é importante definir uma separação para veículos.

Também propõe-se o alargamento das calçadas e distribuição de

Esc. 1:250

3.00

3.80

0.80

1.13

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3.60

1.00

3.60

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0.80

1.00

3.00

3.80

20.00

Tipo 4

O Tipo 3 será implantado onde acontece o encontro das duas linhas de bonde. Como acontece em vias de grande fluxo, é importante definir uma separação para veículos.

Também propõe-se o alargamento das calçadas e distribuição de

Esc. 1:250

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1.22

2.03 1.70

2.50

0.80

1.13

0.80

3.17

2.75

1.47

1.20

2.00

1.25

2.47

0.80

4.70

10.00

12.00

1.20

Tipo 5

Tipo 6

As vias de Tipo 5 é implantada no trecho da linha de bonde que passa pelo Centro Histórico.

Somente uma faixa de veículo é ofertada, visando diminuir o fluxo na região.

Ciclofaixas também estão presentes, dando novas possibilidades de transporte.

As vias de Tipo 6 permitem o acesso de veículos, mas de forma controlada. Isso acontece por meio da implantação do conceito de rua compartilhada. A via é uma grande calçada e não há separação clara do leito carroçável com o espaço de passeio. A velocidade será controlada.

Também é ofertada uma ciclovia.

Essa tipologia será implantada nas vias que abrigam o Percurso da Memória, apresentado a seguir.

Esc. 1:250

2.64

3.84

Esc. 1:250

2.61

1.10

1.20

3.84

8.77

Tipo 7

A via de Tipo 7 é exclusiva de pedestres. Com uma faixa de arborização central, proporcionando sombra e conforto térmico.

Esse tipo será distribuído nas travessas entre as ruas. O uso do solo dos lotes lindeiros deve ser misto (comércio/ residência) com aberturas voltadas às travessas.

Esc. 1:250

115

4. O Percurso da Memória O Percurso da Memória é um caminho que busca a valorização do Patrimônio.

Uma rota principal foi traçada, ligando os quatro edifícios de intervenção (o Observatório Meteorológico, a Casa do Barão de Caetité, o vazio de Helena Lima Santos e a casa do Professor Alfredo) e passando pelas ruas do Centro Histórico, onde também foram propostas as novas tipologias de vias.

Em seguida, uma rota secundária foi traçada, considerando as construções notáveis e com características típicas da região, indicados no mapa ao lado.

Legenda Edifícios tombados Edifícios notáveis

116 1

2

Obervatório Meteorológico e a proposta de um Centro de Interpretação.

Casa do Barão de Caetité e a proposta de um restaurante.

3 Vazio de Helena Lima Santos e a

proposta de um teatro.

4

Casa do Professor Alfredo e a proposta de um cinema.

3

4

2

117

1

118

Caminho 1.

Caminho 2.

O traçado resultante

propõe um percuso entre os edifícios de intervenção.

são caminhos propostos dentro do centro histórico, passando por todos os edifícios históricos e notáveis.

une os dois caminhos propostos, abrangendo as intervenções e os edifícios históricos.

Teatro

Cinema

Restaurante

250 metros

119

Centro de Interpretação

120

121

Helena Lima Santos: o teatro O terreno onde a proposta está inserida atualmente é um vazio.

Por conta de sua localização privilegiada, próxima à Praça da Catedral de Santana, é proposto um equipamento que poderá dar apoio às festas e manifestações culturais existentes: um teatro a céu aberto.

Ele servirá tanto de apoio às festas tradicionais, como poderá recer peças e shows.

O espaço abrigará espetáculos e será mais uma opção de lazer para a população.

A oferta de uma praça a nível da rua e uma arquibancada descoberta, que poderão ser utilizados nos dias comuns. Área do terreno: 1165,22m² 122

Planta Escala 1:500

Corte AA Escala 1:500

1. Praça 2. Arquibancada 3. Palco 4. Camarim 5. Apoio 6. Banheiros 7. Coxia

A

5 4

6 4 7

5

3 2 1 A

oto no Peix

l. Floria Rua Ma

123

Professor Alfredo: o cinema A casa do Professor Alfredo é a próxima parada.

Para oferecer um espaço de lazer, é proposto um cinema no local.

Como o registro do interior do imóvel não foi possível na visita e também considerando o seu estado de deterioração, somente as fachadas serão preservadas. Como uma casca.

O interior será completamente transformado e adaptado para oferecer uma sala de cinema com 142 lugares.

No nível mais baixo do terreno, é proposto um café.

Corte AA Escala 1:500

Área do terreno: 443,37m² 124

Planta Térreo Escala 1:500

1. Café 2. Sala de exibição 3. Banheiros

A

2 1 125

3 Ru

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Planta Nível Intermediário Escala 1:500

1. Café 2. Sala de exibição 3. Banheiros 4. Bilheteria 5. Pipoca 6. Sala de projeção

A

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Planta Primeiro Pavimento Escala 1:500

1. Café 2. Sala de exibição 3. Banheiros 4. Bilheteria 5. Pipoca 6. Sala de projeção

Barão de Caetité: o restaurante

128

O próximo passo no Percurso da Memória é relacionado ao descanso: a proposta para a Casa do Barão de Caetité é dar um novo uso: transformá-la em restaurante. É um edifício tombado pelo IPAC, com Grau de Proteção 1.

Ou seja, todas as características da casa devem ser mantidas durante as intervenções.

No porão, estão guardados diversos móveis usados pelos moradores originais.

Então a prosposta de trazer este novo uso tem intenção de utilizar também estes móveis guardados.

Uma parte da casa será cedida à uma área de exposição, onde as pessoas poderão conhecer mais sobre a história do lugar.

Para a implantação da cozinha, foi pensado em um anexo, que se liga á casa por meio de uma passarela.

O patio já existente será ocupado por mesas e cadeiras, o salão aberto do restaurante.

Área do terreno: 743,73m² Plantas Escala 1:500

Corte AA Escala 1:500

1. Exposição 2. Recepção 3. Salão Coberto 4. Anexo: Cozinha 5. Salão Aberto 6. Bar 7. Depósitos

A

A

3 1

Santana Travessa

Santana Travessa

4

129

5

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A

aetité ão de C Rua Bar

Térreo: Nível da rua

6

aetité ão de C Rua Bar

Subsolo

Observatório Meteorológico: Centro de Interpretação O Observatório Meteorológico carrega uma história muito ligada às tecnologias e ciências. Nos seus princípios, era espaço de educação e inovação.

Por isso, a intervenção propõe a revitalização do espaço físico através da implantação de um Centro de Interpretação e uma conexão com o Grotão, que têm como temática a conscientização histórica e ambiental.

Serão apresentados materiais gráficos para a proposta doCentro de Interpretação e, a nível de ideias, uma intervenção para o Grotão.

O Centro de Interpretação abrigará laboratórios de pesquisas ambientais, um amplo pátio interno como extensão da rua, espaços educativos e conexão com o edifício existente do Observatório Meteorológico. Além de uma passarela, que conectará o conjunto ao Grotão, oferecendo uma experiência direta com a paisagem.

A Universidade Estadual da Bahia será a responsável pela direção, coordenação e formas de uso do Observatório e Centro de Interpretação.

Se trata de um espaço acadêmico de pesquisa, educativo e sociocultural.

O edifício do Observatório Meteorológico permanecerá sem alterações: deverá passar por ações de restauro e preservação da preexistência.

Seu espaço passará a ser ocupado por um museu da Ciência, onde será exposta a narrativa sobre o que representa o lugar e sua trajetória.

O intuito é conectar a população com o meio ambiente que os cerca, divulgando estudos e informações sobre as condições atuais da qualidade de suas águas e solo.

Este espaço poderá ser a sede de organizações voltadas ao meio ambiente. Poderá ser utilizado por estudantes, pesquisadores e população do Alto Sertão, com livre acesso ao pátio, localizado no térreo.

Área Total do Terreno: 2.549,51 m² TO: 52% (área ocupada: 1.325,85m²) CA: 0,82 (área construída: 2133,26m²)

Conexão com o Grotão

Centro de Interpretação Preexistência

Perspectiva da proposta para o Observatório Meteorológico.

Fonte: Elaborado pela autora.

131

Fonte: Filipa Miguel Ferreira

Referências Projetuais As referências apresentadas foram base para o desenvolvimento do programa do Centro de Interpretação no terreno do Observatório Meteorológico.

1. EVOA Centro de Interpretação Ambiental

Fonte: Filipa Miguel Ferreira

132

O Centro de Interpretação Ambiental EVOA é um edifício que oferece áreas de exposição um ponto de contemplação dos pássaros da região.

A conexão com o meio ambiente acontece por meio de plataformas articuladas - os pontos de contemplação - que ligam dois volumes e o material utilizado: a pele do edifício é feito de madeira como um elemento natural e que envelhecerá, contribuindo com o tom da cor da fachada, que se integrará ao ambiente à sua volta.

Local: Lezíria, Portugal Arquitetos: Maisr Arquitetos Área: 4.700 m²

Fonte: Fernando Guerra

2. Centro de Interpretação Ambiental na Ilha de São Jorge

Fonte: Fernando Guerra

Este Centro de Interpretação tem o programa desenvolvido para integrar-se ao local de implantação, buscando desenvolver a questão do patrimônio natural.

O projeto busca a valorização ao meio ambiente, despertar a educação ambiental, desenvolver o conhecimento dos habitats da região e oferece diversas atividades relacionadas à questão. É um programa distribuído entre dois edifícios: um de Centro de Interpretação, que mistura o contemporâneo e o tradicional por meio da utilização dos materiais (pedra e aço) e o segundo edifício, que abriga apartamentos temporários.

Local: Azores, Portugal Arquitetos: Ana Laura Vasconcelos Área: 2.560m²

133

O Programa Centro de Interpretação O termo interpretação significa um conjunto de técnicas com o objetivo de estimular os visitantes para o entendimento do ambiente, buscando revelar os significados, relações ou fenômenos naturais por meio de experiências práticas.

134

Os objetivos são: Valorizar a apreciação do meio ambiente e do patrimônio; Levam os visitantes a compreenderem sua história e reconhecer seus valores culturais; Conservar seus recursos naturais, históricos e culturais; Estimular a participação dos visitantes nas questões ambientais da cidade; Realçar a necessidade da conservação do patrimônio; Divulgar informações reais sobre o lugar e as condições do ambiente.

Com o intuito de cumprir esses objetivos, são oferecidos espaços versáteis, que podem ser utilizados de diversas maneiras: abrigar exposições temporárias, oficinas, reuniões, palestras, aulas e atividades ligadas ao tema do meio ambiente e patrimônio cultural. Pode ser abrigo às organizações que propões uma educação ambiental e patrimonial para a sociedade.

Se trata de um espaço sociocultural, educacional e de convivência.

O programa abrange: a criação de um Centro do Interpretação, a conexão com o Grotão e a revitalização do Observatório Meteorológico.

O Centro de Interpretação é dividido por setores: de pesquisa, pedagógico, cultural e administrativo.

Pesquisa: Um centro de pesquisas ancorado à graduação e à Pós-Graduação da Universidade Estadual da Bahia, com o objetivo de estudar amostras dos solos e das águas, revelando sua qualidade.

Pedagógico: Espaços articulados que podem atender a diversas atividades educacionais.

Cultural: A conexão com o Observatório Meteorológico, o seu restauro e a utilização como espaço museológico.

Administrativo: O espaço será administrado pela UNEB. A seguir, serão apresentadas as áreas destinadas a cada setor.

Cultural Museu do Observatório

129,15m²

Biblioteca

166m²

Café

93,73m²

Percurso do Grotão

Convívio

Pesquisa Laboratórios (4 unidades)

46,81m²

Apoio

Laboratórios

Ambulatório

14,81m²

Depósito

7m²

Resíduos Laboratoriais

7m²

Apoio dos Laboratórios

Grotão

Administração Copa

30m²

Reunião

16m²

Tecnologia da Informação (TI)

17m²

Banheiros (2 unidades)

21m²

135 Conferência Oficinas Administração Biblioteca

Pedagógico Pátio

580,38m²

Oficinas (4 unidades)

24,89m²

Conferência (2 unidades)

31m²

Administração

37m²

Banheiros

38,m²

O setor administrativo está distribuído entre o setor Pedagógico e de Pesquisa.

Pátio

Diagrama de distribuição do programa.

Fonte: Elaborado pela autora.

O Grotão A proposta de intervenção para o Grotão é também um percurso.

Conectado ao Centro de Interpretação por meio de uma passarela, o Grotão acrescenta ao programa do Centro, proporcionando uma experiência sensorial de aproximação à paisagem.

O seu percurso, com aproximadamente 400 metros, acontece por meio de rampas helicoidais, que ferecem pausas em alguns de seus patamares.

136

Estes patamares podem concentrar atividades distintas ou até mesmo ser mais um ponto de contemplação do território.

A base do percurso é conectada à rua.

Os visitantes podem acessar todo o Centro de Interpretação por meio dessas rampas.

Ao lado, as vistas do Grotão.

Fonte: Acervo da autora. 2019.

137

Diagrama de proposta para o GrotĂŁo.

Fonte: Elaborado pela autora.

Premissas de Projeto O resultado do projeto é baseado em Por se tratar de uma cidade tradicional, busca-se a adequação ao contexto, uma interpretação de sua história.

Portanto, alguns elementos da paisagem e da cidade foram considerados como guia para o novo edifício:

138

1. Adequar ao contexto: as formas de ocupação.

O tipo de ocupação predominante na cidade, principalmente no centro histórico, são de pequenas volumetrias de baixo gabarito. Então, a nova construção se baseia nessa distribuição volumétrica.

2. Os caminhos da cidade: é notável que, ao caminhar pelas ruas de Caetité, diversar possibilidades de caminhos são possíveis.

3. Observar a paisagem: a existência do Grotão ao lado oposto da rua é uma possibilidade de conectar ainda mais o novo com a paisagem.

4. Circulação vertical em caracol: um elemento muito notável no edifício do Observatório Meteorológico é a circulação vertical por uma escada helicoidal.

5: Gabarito da preexistência: A grande questão em propor uma nova construção em um lote com preexistência é sobre como valorizá-la. Como intervir no local, respeitando o que já existe ali?

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O uso do Adobe A estrutura principal da construção acontece por paredes auto-portantes de adobe estrutural.

A esolha foi feita porque além de resgatar as técnicas construtivas tradicionais utilizadas na cidade (inclusive do Observatório Meteorológico), é de uma arquitetura sustentável, já que utiliza tijolos crus de barro.

A mão-de-obra local é valorizada, utilizando os construtores da cidade, que conhecem e ensinam essa técnica nos workshops oferecidos pelas instituições de ensino existentes.

O adobe tem a sua estrutura básica constituída de argila, areia, cascalho e água., todos encontrados no solo.

Essa é uma composição básica, a qual podem ser adicionados outros elementos.

Na proposta para o Centro de Interpretação, por conta dos vãos, a estrutura básica do adobe não seria suficiente.

Por isso, o cimento será acrescentado à sua mistura: o que aumentará a resistência do material. Para não perder a coloração característica do adobe, também serão acrescentados pigmentos.

As lajes de concreto se apoiarão diretamente nas paredes estruturais e terão 20 centímetros de espessura.

A forma escolhida para a construção dos tijolos é a de 50x60x16 centímetros, o que remeterá à construção existente do Observatório: os tijolos possuem, aproximadamente, 60 centímetros de largura.

6m

8m 6m

139 7m 8m

0 0,5

Os vãos propostos para o projeto.

Fonte: Elaborado pela autora.

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0,16 m 0,6 0

m

Diagrama ilustrando a forma escolhida para a construção dos tijolos de adobe.

Fonte: Elaborado pela autora.

Ventilação e Iluminação O projeto está inserido no Alto Sertão Baiano, região pertencente ao Polígono das Secas do Nordeste. Portanto, o clima é durante o ano todo quente e com baixos índices pluviométricos.

A partir disso, elementos de arquitetura foram utilizados, buscando otimizar o edifício em relação às condições naturais: paredes de adobe, brises horizontais, talude e tijolos emparelhados.

140

O uso do adobe como paredes estruturais é um destes elementos. Pela sua composição, o adobe é um excelente isolante térmico.

As largas paredes foram posicionadas estrategicamente ao Norte, barrando a insolação excessiva nas áreas do edifício e gerando sombreamento no pátio interno.

Fonte: Elaborado pela autora.

12:00

15:00

09:00

18:00

06:00

Diagrama mostrando o caminho do sol durante o dia 22 de dezembro, durante o solstício de verão.

Fonte: elaborado pela autora.

2019.

Brises horizontais voltados ao Norte foram utilizados para o sombreamento parcial do pátio.

A inclinação de 60º é utilizada para Coberturas inclinadas, com aberturas estratégicas.

Brises horizontais

141

Tijolos emparelhados O uso de tijolos emparelhados permite a ventilação do ambiente.

Paredes mais baixas, que permitem a ventilação cruzada.

Talude A direção predominante dos ventos em Caetité é a Leste.

Para ventilar o pátio, foi estabelecido o uso de taludes, do nível da calçada ao pátio.

Fonte: Elaborado pela autora.

Diagrama mostrando a localização da parede de tijolos emparelhados.

Fonte: Elaborado pela Autora.

Setor Pedagógico

142

O setor Pedagógico é todo acessado através de um grande pátio, localizado no térreo, que está no mesmo nível que o edifício do Observatório Meteorológico e a meio nível da rua.

A proposta é que seja um espaço sempre aberto e de convívio.

Com uma grande permeabilidade, oferece possibilidades de acesso. É uma extensão da calçada, utilizando da mesma pavimentação.

Por esse nível, é possível acessar o café da biblioteca, as salas de oficina e de conferência, além de uma arquibancada.

O espaço pode se tornar ainda mais amplo quando as oficinas abrem suas portas.

Arquibancadas Oficinas

Ventilação Conferência

Fonte: Elaborado pela autora.

Espaços Articulados: Oficinas

143 1.

Quatro salas individuais com 25m² cada.

Fonte: Elaborado pela autora.

2.

Abrindo as portas de correr internas, o espaço se torna duas salas com 50m² cada.

3.

Abrindo as portas de correr externas, o espaço expande para a área de arquibancada.

4.

Com todas as portas abertas, o espaço s torna ainda maior, integrando-se ao pátio coberto.

144

Implantação Escala 1:500

145

Perspectiva aérea do Centro de Interpretação.

Fonte: Elaborado pela autora.

Planta: Nível 875

146

Escala 1:250

1. Biblioteca 2. Banheiros 3. Recepção

Perspectiva demarcando o nível 875.

Fonte: Elaborado pela autora.

A

B

C

3 2

1

D

D

A

B

C

Corte AA Escala 1:250

149

Vista interna do pรกtio.

Fonte: Elaborado pela autora.

Planta: Nível 878

150

Escala 1:250

Perspectiva demarcando o nível 878.

Fonte: Elaborado pela autora.

4. Café 5. Cozinha 6. Museu 7. Pátio 8. Salas de Oficina 9. Salas de Conferência 10. Administração 11. Banheiros 12. Grotão

A

B

12 C

5

4

8

9 9

7 D

6

D

10

11

A

B

C

Corte BB Escala 1:250

Fonte: Elaborado pela autora.

Fonte: Elaborado pela autora.

153

Fonte: Elaborado pela autora.

Fonte: Elaborado pela autora.

Planta: Nível 881,5

154

Escala 1:250

Perspectiva demarcando o nível 881,5.

Fonte: Elaborado pela autora.

12. Grotão 13. Laboratórios 14. Sala de TI 15. Reunião 16. Copa 17. Banheiros 18. Ambulatório 19. Depósito 20. Depósito de resíduos laboratoriais

A

B

12 C

13

13

14 15 16

D

D

20

A

19 18

B

17

13

13

C

Corte DD Escala 1:250

157

Corte CC Escala 1:250

Referências AGUIAR, Lielva Azevedo. Em meu Caetité: a cidade através dos livros de memorialistas. Disponível em: http://vencontro.anpuhba.org/ anaisvencontro/L/Lielva_Azevedo_Aguiar.pdf.

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