Portfolio Gabriel Weber

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PORTFOLIO GABRIEL WEBER ARQUITETO


GABRIEL WEBER ARQUITETO

gabrielweberarq@gmail.com +351 932840570

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL

2023 ESTÁGIO Merooficina Arquitectos. Porto, Portugal. Levantamento, estudo prévio, licenciamento, execução, coordenação, quantificação, concursos, maquetes físicas e imagens digitais. 2023 DESENHISTA

Arquitetura Doméstica em Diálogo. O papel da colonização portuguesa na forma de construir e habitar o espaço doméstico contemporâneo na Guiné-Bissau. PhD Francesca Vita. CEAU-FAUP. 2022 DESENHISTA

Arquitetura do Bacalhau & Outras Espécies. André Tavares e Diego Inglez de Souza. Dafne Editora.

EDUCAÇÃO

2022 MESTRE EM ARQUITETURA Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, Portugal Média final de curso: 18|20 2021-22 ERASMUS École Nationale Supérieure d’Architecture de Paris-Belleville, França 2015-2017 GRADUAÇÃO (interrompida) Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Primeiro colocado no concurso de acesso THE-ENEM

PRÉMIOS

2023 PRÉMIO VIANA DE LIMA Prémio de melhor média de Projecto. Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, Portugal. 2023 ARCHIPRIX PORTUGAL Finalista com a dissertação 474 JACARÉ-COPACABANA: o projeto de uma linha. 2020 CONCURSO PLADUR Prémio Local e Finalista com Rafael Magalhães. 2015 PENA DE OURO Prémio de melhor média do Ensino Médio. Colégio Pedro II, Brasil.


EXPERIÊNCIA ACADÉMICA

2023 ASSOSSIASSÃO - CRIATÓRIO PORTO 2022 Publicação do artigo 474: JACARÉ-COPACABANA: o auto da linha do inferno https://assossiassao.pt/474-jacare-copacabana-o-auto-da-linha-do-inferno 2022 7TH SOPHIA JOURNAL Apresentação SYSTEMS OF CARE: Cambodian cisterns networking water, public space and community com Rafael Magalhães. 2022 UNIVERSIDADE JÚNIOR, UNIVERSIDADE DO PORTO Monitor Do arts & crafts ao minecraft 2022 INVESTIGAÇÃO JOVEM DA UNIVERSIDADE DO PORTO Apresentação do projeto de dissertação 474: Jacaré-Copacabana: projeto de uma linha 2021 PORTO ACADEMY Workshop, Atelier Norell | Rodhe Bolsa de mérito concendida pela FAUP 2017 BOLSA DE INICIAÇÃO ARTÍSTICO CULTURAL Laboratório de Patrimônio Cultural e Cidades {LAPA}. PROURB-UFRJ, Brasil 2016-2017 BOLSA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA Núcleo de Materiais Sustentáveis [NUMATS]. COPPE-UFRJ, Brasil 2016 MONITORIA Isostática. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, Brasil 2016 MONITORIA História das Teorias do Urbanismo II. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, Brasil

SOFTWARES E APTIDÕES

Archicad

QGis

Autocad

Maquete física

Revit

Pacote Office

Pacote Adobe

LÍNGUAS

Português, língua materna Ing|ês, fluente Francês, fluente [DALF C1]

3


CASAS DO HEROÍSMO QUINTA DAS LAMAS TERRITÓRIO E SISTEMA FLOATING APORIA SÃO PEDRO DOS CLÉRIGOS 474 JACARÉ-COPACABANA: O PROJETO DE UMA LINHA


HABITAÇÃO + COMÉRCIO Porto, 2023 Estágio | Merooficina Arquitectos 2023

06

EDUCAÇÃO + DESPORTO Porto, 2021 Projeto IV | FAUP 2021

10

URBANO Siem Reap, 2021 Studio Altérités Echêvetrements | ENSA Paris Belleville 2021

24

PAVILHÃO EFÉMERO Lecce, 2023 Concurso Reuse Italy 2023

28

RECONSTITUIÇÃO E ANÁLISE PROJETUAL Rio de Janeiro - Porto, 2021 História da Arquitetura Portuguesa | FAUP 2021

32

ANÁLISE PROJETUAL Rio de Janeiro, 2022 Dissertação de Mestrado | FAUP 2022

36

5


CASAS DO HEROÍSMO HABITAÇÃO + COMÉRCIO Porto, Portugal Estágio | Merooficina Arquitectos 2023 Orientado por Catarina Ribeiro e Vitório Leite Levantamento, Estudo Prévio, Licenciamento e Execução O edifício é uma casa burguesa do início do séc. XX, composta por habitação e comércio, distribuídos por três pisos. Trata-se de uma construção tradicional em granito e estrutura de madeira. No piso 0, a loja foi ampliada para o logradouro com uma construção em estrutura porticada de betão. A cobertura e os pavimentos de madeira encontram-se em elevado estado de degradação. O projeto está inserido no programa da Sociedade de Reabilitação Urbana do Porto - SRU de aquisição e reabilitação de edifiícios para a ampliação do parque de de arrendamentos a preços controlados. A proposta pretende dotar o lote de melhores condições de habitabilidade e e dar uma leitura clara ao conjunto edificado, respeitando as diferentes formas construtivas nele existente e relacionando-no com a composição de moradias em banda a si adjacentes, existentes ao longo da Rua do Heroísmo.Tirando partido do espaço de logradouro, do terraço criado pela ampliação existente e da construção de uma varanda adicional no segundo piso, alinhada com a do vizinho, cada uma das habitações proposta passa a ser dotada de um espaço exterior privado. As paredes estruturais em pedra, juntamente com os alinhamentos da estrutura porticada de betão e das antigas divisórias de tabique, revestidas por reboco e rematadas pelas tradicionais carpintarias, que se irão manter, são preponderantes na distribuição programática dos novos fogos que irão constituir o edifício. A morfologia interna do edifício principal ficará definida por um fogo por piso de tipologias T1+1 no rés-do-chão e T2 nos pisos 0 e 1 A maior alteração prende-se ao deslocamento dos acessos verticais do miolo da planta para a fachada posterior. A curva da nova volumetria garante que não serão criadas novas empenas, e a sua altura, mais baixa que a cota da cornija, garante a leitura da continuidade entre o alinhamento dos alçados.


Logradouro 1M

7


0

1

planta va | piso 0

planta | piso 0 1:200

5

1:200

0.2 i.s. 2,77 m2

0.2 i.s. 2,77 m2

0.2 i.s. 2,77 m2

0.3 átrio 0.4 circ. 22,11 m2 12,28 m2

0.3 átrio 0.4 circ. 22,11 m2 12,28 m2

0.3 átrio 0.4 circ. 22,11 m2 12,28 m2

0.6 arrumos 5,68 m2

0.6 arrumos 5,68 m2

0.6 arrumos 5,68 m2

0.8 escritório 8,24 m2

0.8 escritório 8,24 m2

0.8 escritório 8,24 m2

0.9 i.s. 4,47 m2

0.9 i.s. 4,47 m2

0.9 i.s. 4,47 m2

Alçado Rua do Heroísmo

planta | piso 0 1:200

0.2 i.s. 2,77 m2

0.10 quarto 11,32 m2

0.10 quarto 11,32 m2

0.10 quarto 11,32 m2

0.5 sala | cozinha 40,07 m2

0.5 sala | cozinha 40,07 m2

0.5 sala | cozinha 40,07 m2

0.11 alpendre 17,17 m2

0.11 alpendre 17,17 m2

0.11 alpendre 17,17 m2

0.11 alpendre 17,17 m2

0.13 alpendre 1,56 m2

0.13 alpendre 1,56 m2

R. do chão

1M

Logradouro


17,11 m2

2.8 quarto 11,24 m2

9

2.8 quarto 11,24 m2

1

planta va | piso 2

planta | piso 2 1:200

0

1:200

5

1:200

2.3 sala | cozinha 26,96 m2 2.2 entrada 5,67 m2

2.1 circulação 11,57 m2

2.1 circulação 11,57 m2

V16

2.5 corredor 12,85 m2 5

2.1 circulação 11,57 m2

1M

1

2.3 sala | cozinha 26,96 m2 2.2 entrada 5,67 m2

1.3 sala | cozinha 27,44 m2

1M

planta va | piso 1

2.7 quarto 9,87 m2

1.5 i.s. 5,08 m2

1.3 sala | cozinha 27,44 m2

Piso 2

0

1:200

2.5 corredor 12,85 m2 5

planta | piso 2 1:200

1

planta va | piso 1

0

2.7 quarto 9,87 m2

planta | piso 1 1:200

1.7 quarto 11,08 m2

1.2 corredor 17,11 m2

1.6 quarto 10,42 m2

planta | piso 1 1:200

1.7 quarto 11,08 m2

Piso 1

V12

V16


QUINTA DAS LAMAS EDUCAÇÃO + DESPORTO Porto, Portugal Projeto IV | FAUP 2021 Orientação de Adalberto Dias


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A proposta busca reenquadrar a casa senhorial da Quinta de Lamas no tecido do Pólo Universitário. A implantação da nova volumetria respeita as lógicas de apoio perimetral que regem o desenho pré-existente, simultaneamente resguardando e rematando a transição de escalas entre a FEUP e o núcleo rural setecentista. A reconfiguração dos limites permite a definição dos recintos da Quinta. Além disso, estruturam uma sequência episódica que conduz do parque à poente até o acesso principal do complexo, efetuado pelo portão de Nicolau Nasoni à nascente. No novo volume em betão armado ficam concentradas as atividades esportivas - piscina e nave fitness. O e-learning ocupa por sua vez a totalidade da casa senhorial. As zonas técnicas são distribuidos pelos edifícios perimetrais de antigo apoio agrícola da propriedade.


T

casa de máquinas

e-learning

PR OD UC ED BY AN AU

D TO

DE

N

E TV

RS

IO

a5

E

115

O PR

DU

113.5

DB CE

115

YA

NA

O UT

114

114

f4

DE

SK

U ST

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

casa de apoio

ginásio

implantação 1.1000

113.5

DB

YA

NA

UT

OD

1.1000

13

CE

Alçado poente

ES

KS

TU

DE

NT

VE

RS

ION


D

uta

arrumos

arrumos

114.6

q.e. geral

A'

a6

A

114.45

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

A

s. de estudo

L

114.5

cacifos

C acesso de serviço 114.45 q.e.

Q.E. 114.9

114.45

B 114.45

A

114.5

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

átrio

s. de refeições 1.50

L

D

114.5 copa

C

f8

B

Solar | E-Learning - Térreo 1.250

arrumos

120.40

átrio serviços

117.45

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION 117.40

114.6

s. de estudos

Solar | Elevação Norte 1.250

114.5

114.45


D

117.45 central térmica q.e.

servidores 114.6

A'

átrio serviços

A

a4

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

A

114.45

L

C

s. de estudo acesso de serviços 117.53 q.e.

117.50

117.41 114.45 114.9

s. de estudo

B

114.45

A

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION s. de estudo 1.50

s. de estudo

C

B

Solar | E-Learning - Piso 1 1.250

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

117.58

114.5

Solar | Corte Longitudinal 1.250

15


D25 1.10

D26 1.10

D27 1.10

D28 1.10

D24 1.2 D23 1.2

D22 1.2

D21 1.10|1.2

D18 1.10|1.2

D19 1.10

D20 1.10

114.5

D17

1.10

Solar | Corte Transversal 1.50


D24

D23 betume pinázio

D23

D22

vedante vergalhão caleira para condensações em u de aço 10mm

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

remate

reboco térmico com barramento de cal

D21

reboco térmico com barramento de cal

portada em carvalho branco

D18

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

D18

Solar | Alçado Nascente

D18

1.50 chapa de aço quinada argamassa

reboco térmico com barramento reboco térmico com barramento de cal de cal

embranco carvalho branco portada emportada carvalho

embranco carvalho branco portada emportada carvalho fecho em aço cantaria decantaria granitode granito fecho em aço

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

remate

pinázio pinázio betume betume

em guilhotina guilhotina em pinho pintado pinho pintado em rosa goiaba em rosa goiaba betume betume

pelúcia pelúcia u em aço u em aço 10mm 10mm

D12

D12

D13

D13

D14

D14 D15

D15

D16

D16

remate

D16

D16D17

D17

Solar | Caixilhos 0.1M

17



19


I

E

114.45

114.05 114.55

114.45

A

114.5

s. de refeições

copa

C

f8

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

B

G

acesso z. técnica 114.05 cisterna

grupo de bombagem

114.05

111.4

q. e. utas

q.e.

J

J

nave fitness 114.05

K

K

piscina

114.05 113.55

tanque de compensação

E

F

Ginásio | Térreo e Subsolo 1.250

1.50 113.95

I

PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION


PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

estore horizontal tipo Cruzfer rosa goiaba 117.75

concreto branco granito rosa porrinho serrado carvalho branco

114.05

<1%

caleira em aço autonivelante branco com acabamento areado

gravilha

113.55

concreto branco hidrófugo argamassa de colagem hidrófuga granito rosa porrinho serrado

betonilha

111.25

Ginásio | Corte transversal 1.100

21


PRODUCED BY AN AUT

119.75

chi

114.55 114.05

114.05 113.55

tanque de compensação

Ginásio | Cortes longitudinais 1.200

utas

111.4


TODESK STUDENT VERSION

iller

118.75

114.05 113.55

120.55

114.45 114.05

cisterna

23


TERRITÓRIO E SISTEMA Siem Reap, Camboja

Studio Altérités Echêvetrements | ENSA Paris-Belleville 2021 Orientação de Cyril Ros e Pijika Pumketkao-Lecourt Com Rafael Magalhães. Cambodia is a country historically inundated, and not just by water. The long and troubled process of colonization and the wars that took place in this territory during the 20th century mark its history of violence. However, even today, floods continue to draw thisland, which ends up becoming a contradiction when access to water is not provided on an equal footing, turning the water issue into chaos at different scales. Siem Reap is a city in the North of the country that translates this condition through its geography. A plain located in between the mountain and the lake, the city is crossed by channels where urbanity plays a parasitic role in relation to water resources, polluting them through waste. The question rised is how to think about water independence for these communities. How can architecture take a critical look and allow the abundance of rainfall to be appropriated and bring independence to the inhabitants? The Brazilian hinterland experiences a similar anguish due to the lack of water, but in a completely opposite scenario: the drought. The Brazil cisterns program implemented during Lula’s government responds to this situation. The implementation of cisterns supplied with rainwater allows residents to have water in their homes for an extended period at reasonably low costs. The role of the State here is summed up in providing the tools that enable the inhabitants to build them, making self-construction a tool in the fight against droughts and poverty. The intersection of these two scenarios is the theme of the project. Reconciling the climatic differences between the two countries and establishing a possible method of applying this system to the Cambodian landscape is the objective here. The proposal interprets the distribution of water through the cisterns as a pretext for the creation of public spaces around them, where such devices enrich community life. The sculptural potential of the cistern underlines the catalytic condition of establishing landmarks in the generally flat landscape, so that such points of interest can provide a meeting place for the community.


2m 1m 0m

Topografia

Grelha

O N M L K J I H G F E

1 D C

2 B

3

Sistema de cisternas

A

25


4.50 m

GSEducationalVersion

30 m


27


FLOATING APORIA Lecce, Itália Concurso Reuse Italy 2023 Com Rafael Magalhães Aporia is a nuanced concept. Through its etymology, impregnable path, is developed the starting point for the intervention. The Central Mediterranean crossing has been the epicenter of a devastating humanitarian crisis. The Adriatic shore represents the last leg of the arduous journey for migrants from the Eastern Mediterranean, predominantly Syrian, who travel through Turkey and Greece before reaching Italy. Therefore, the typology of the fortress tower, related to the defense of the land against the foreigner, is paradoxically resignified into a welcome center for those on a journey towards dignity. Floating aporia tends to expand the conception of heritage, relating the object to a contextual scale. Reestablishing the volume with thick walls made out of air, the project estabilhes a perimeter of care. The bubble structure expands into the remaining spaces, establishing a continuity among them and covers the internal space recreating its volumetry.A door extrusion leading out onto the sand greets the visitors to the ground floor that features a gathering assembly room with staggered seating arrangements and provides access to the upper level. The inflatable walls on the upper floor serves as a protected path to the big mattress open air. From its prefabricated construction methods to the program proposed, the project aims to establish a network of subversion along the coast. After a long and violent journey, resting is here placed as political gesture: the big mattress upper floor is the final point of the proposition.


torre rinalda

italy

türkiye

greece

syria

29



Inflatable central interior (right) 1M site plan (left) 1M

31


SÃO PEDRO DOS CLÉRIGOS Rio de Janeiro

História da Arquitetura Portuguesa | FAUP 2021 Orientação de Carla Garrido e Marta Oliveira, com Camila Cadaval, Eduarda Silva e Nuno Gameiro

Datada de 1733 e de autoria desconhecida, a Igreja de São Pedro dos Clérigos do Rio de Janeiro é o primeiro edifício da América Portuguesa a ensaiar a plástica curva em sua composição. O templo tem suas atividades encerras em 1941 quando o Estado Novo de Getúlio Vargas (19371945) implanta um enorme eixo aos moldes do Reich no centro da malha colonial carioca. No impasse sobre o destino da Igreja de S. Pedro dos Clérigos – entre demolição e relocalização via rolamento pela Avenida– é feito um levantamento rigoroso, do qual só sobreviveram as plantas e arranques de elevações. As leituras de São Pedro dos Clérigos realizadas por contemporâneos esbarra na parcialidade e dispersão dos seus elementos materiais e de representação. Aliando análise dos levantamentos realizados pelo SPHAN em 1943, desenho de fragmentos sobreviventes e estudo iconográfico, o trabalho propõe a elaboração de peças síntese a partir das quais seja possível controlar e apreender o objeto como um todo.

Todo este interpretado de duas maneiras: como arquitetura regida por uma ideia norteadora geral, a qual o projeto demonstrou ser e como representação total que servisse de apoio para discussões futuras. É pelo processo de investigação, apoiado no desenho como ferramenta primeira, que se interpretou o desígnio do projeto e a posição em que se insere na cidade e na produção portuguesa, contrapondo as decisões do risco aos comentários previamente traçados por outros autores.

Demolição de São Pedro IMS, 1943


Corte-Alçado 1:150

33


Planta R. do Chão 1.150 1 Braça 5M


Corte Tranversal Axonométrico 1.150

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474 JACARÉCOPACABANA: O PROJETO DE UMA LINHA ANÁLISE PROJETUAL Rio de Janeiro, Brasil Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitectura | FAUP 2022 Orientação de Ana Alves Costa e Carla Garrido Classificação final de 20 valores | Finalista do Archiprix Portugal

“Normalmente, os motoristas gostam de dirigir em dias sem chuva. Conosco ocorre o contrário: adoramos dirigir quando está chovendo, pois trabalhamos sem estresse.” O 474 [lê-se quatro-sete-quatro] é uma linha de ônibus do Rio de Janeiro que conecta o Jacaré - um dos mais miseráveis bairros do Norte cidade - a Copacabana e Ipanema - zonas ricas e turísticas. Nos fins de semana do Verão, o 474 escapa ao controle da rotina casa-trabalho-casa para o qual foi desenhado, assumindo um caráter subversivo ao ser apropriado como vetor de acesso à praia pelos pobres. Conhecida na cidade como a linha do inferno, o 474 é a mais ruidosa das Caravanas, nome pelo qual são conhecidas as viagens de lazer das linhas de ônibus Norte-Sul. Reconhecíveis à distancia pela lotação em que cruzam os túneis em busca de uma praia limpa sob o Sol de 40ºC, competeria a esses ônibus a origem do caos e da insegurança que perturbam a tranquilidade da praia-das-pessoas-de-bem. O grande número de arrastões que ocorre no trajeto e nas areias é responsável por um lastro de suspeita, que acaba por servir de plataforma para discursos que criminalizam o acesso das populações marginalizadas ao mar, bem como seu ir e vir na cidade O trabalho apresenta o 474 como a alegoria de um Rio rumo à praia em uma manhã de um Sábado de Sol. No trajeto de 1h20 no veículo, do Jacaré à Ipanema, a cidade do 474 é revelada através das ferramentas da Arquitetura. A viagem aqui apresentada não tem data específica, sendo extraída da rotina da linha. Durante fevereiro de 2022, repetiu-se o percurso em diferentes horários e pontos de partida, de maneira a (re)conhecer os aspectos constantes das viagens. As informações recolhidas em foto, desenho e relato foram por confrontadas com artigos da imprensa, confirmando o Sábado de Sol do 474 como episódio fixo do Rio.


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I. A PISCINA DE ESGOTO O BURACO DO LACERDA A viagem começa no Jacaré, falido distrito industrial no Norte da cidade. Seus moradores viram as opções de sustento minguarem a partir do fechamento das fábricas com crise econômica dos anos 1980. Sem empregos, passaram a vender sua força de trabalho ao mundo dos serviços, acedidos nos dias úteis pelo 474. Um rio de esgoto corta o território a meio e dita, junto com os tiroteios, o ritmo do bairro. Quando chove, transborda, impedindo a circulação nos principais eixos e sitiando seus moradores. É a enchente, no entanto, que oferece ao Jacaré a oportunidade possível de balneabilidade. O Buraco do Lacerda é uma passagem de nível semi-enterrada que conecta o Jacaré à Av. Suburbana, um dos principais eixos da Zona Norte da cidade. “Aqui choveu, fodeu”, nas palavras do dono de um dos bares vizinhos à passagem. A travessia no tempo seco já suscita cuidados: há crateras tanto no asfalto, quanto na laje que sustenta o caminho de ferro, com iminência de desprendimento de pedaços do concreto. Não há luz, uma vez que os cabos de energia também são frequentemente furtados e derretidos em fogueiras nos arredores para se extrair o cobre, espalhando pelo ar um cheiro contínuo de borracha queimada. Nem o Sol do Rio é capaz de fazer evaporar a água preta que se acumula eternamente em poças no fundo da passagem, alimentadas continuamente por afloramentos nas paredes A cada chuva de verão, o Buraco empoça. Assim, os jovens da redondeza aproveitam o parque aquático que surge neste espaço fronteiriço abaixo dos trilhos. Os ônibus bloqueados pela enchente tornam-se trampolins. Sob os cabos de alta tensão as crianças saltam a partir do muros que definem tanto o leito do caminho de ferro como a maior Cracolândia do Rio. O 474 é o principal modo de ir e vir também desses crackudos, que catam sucata em outras partes da cidade, valhendo ao ônibus a alcunha de quatro-sete-crack. Essa piscina efêmera de esgoto é produto espacial da necropolítica, desenhada pelo abandono deliberado, de onde o 474 é a única saída.

Corte longitudinal aprox. 1.250


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II. SINAL O tempo à espera no sinal não corresponde necessariamente ao aparecimento do verde para o seguimento da viagem. Ainda sob controle do GPS mas longe do despachante, é estabelecido pelo motorista um espaço e tempo próprios ao seu reestabelecimento, por vezes não totalmente conseguido na pausa antes da partida. Uma fezinha no bicho, uma ida ao banheiro, um café. Se não há muito tempo, ele nem precisa levantar. Em movimento, já abre a porta e grita o pedido de coquinha gelada e coxinha, prontamente atendido por um ou outro lado da rua, a depender das amizades. A janela torna-se balcão, não só para o motorista; passageiros também aproveitam a oportunidade. Para aqueles que se esqueceram de trazer de casa, trata-se de uma das últimas chances para comprar água e frutas para passar o dia, escapando aos preços mais caros praticados na Zona Sul. As trocas, acordadas aos berros entre janela e calçada, são realizadas em sobreposição ao trânsito que desvia do ônibus, aparentemente em pausa.

Corte longitudinal | R. Ana Néri 1.100


Birosca do seu Antônio Drive-Thru

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Arrastão | R. Pinheiro Machado 1.150

III. O ARRASTÃO E O CAMBURÃO Um senso de autoproteção toma as pessoas na paragem assim que elas veem o 474. Se o letreiro ainda não é legível, os surfistas no teto encarregam-se de anunciá-lo à Zona Sul. O arrastão não espera pela praia. Dentro do veículo, alguns jovens anunciam ao motorista que vão “passar o rodo”. Saltando pelas janelas, o grupo se esquiva pelas frestas do trânsito parado, puxando tudo o que é possível de dentro dos veículos. Os movimentos são orquestrados pela vigilância de um que fica à espreita de dentro do ônibus, controlando a hora do motorista dar partida. Não é raro que assaltados revoltados com o roubo subam ao ônibus para recuperarem seus bens. É a partir dos degraus que se desenrolam os litígios, rapidamente acertados com a pronunciação de um “me devolve que eu sou do Jacaré também”. No alinhamento do acesso a Copacabana o ônibus é parado. É aqui o guichê de imigração, desenhado pela presença de 1 carro e 4 policiais. A polícia entra no veículo e os negros são quase todos retirados e postos contra a parede do ônibus, resguardada dos olhares dos trafego que passa. Fugir não é possível. Pulando pela janela correse o risco de atropelamento pelos carros que seguem em alta velocidade. Do outro lado, um talude impede a subida ágil da colina sob a mira dos fuzis. Sem dinheiro da passagem de volta e sem provas de emprego estável o destino a linha acaba aqui, com destino à delegacia.


Blitz | RioSul

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IV. FIM DE LINHA Após a blitz, o ônibus chega a Copacabana, onde vai esvaziando progressivamente. Tomado pelo medo dos grupos que caminham dos pontos em direção à praia, o bairro enclausurase e protesta pelas janelas. Entre faixas que pedem a intervenção militar e a democracia armada sobressaem-se celulares, que registram dos apartamentos a chegada de um outro Rio. Aprisionados e tendo perdido o bairro para o povão, os moradores de Copacabana se reúnem e expressam suas preocupações num bairro virtual, via Whatsapp ou Facebook, onde o acesso é finalmente controlado. A praia nesse canto da Pedra do Arpoador não é só a praia do 474. A areia entre os Postos Sete e Oito é um grande ponto final, reputadamente a praia dos favelados e farofeiros vindos das outras caravanas rodoviárias e do metrô, cujas paragens são vizinhas. A partir das 17h, as caravanas do Arpoador começam a levantar. Ir à praia envolve ficar o dia inteiro sob o Sol, de modo a fazer valer os percalços da viagem, sobretudo os da volta: cansada, salgada e suja de areia. As cervejas que sobraram são liquidadas no corredor do veículo. Quentes, anestesiam o cansaço, a repetir no próximo Sábado.

Ponto final | Rua Francisco Otaviano e Praia do Arpoador 1.5000

presença policial grades


Castelo de Areia

Muros de Ar

1.300

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Na chegada à praia, o passageiro do 474 é recebido pelo Centro Integrado de Comando e Controle [CICC], anteposto à linha do horizonte. Ironicamente, organiza-se junto a outras viaturas da polícia à volta da estátua de Tom Jobim, mestre de um Rio à beira-mar em permanente caminhada

O caminhar ao longo da rua que leva do ponto final da linha até o mar é extremamente controlado pela policia e enclausurado por grades tubulares padronizadas, recheados de ar e por vezes intercalados com painéis de vidro temperado. Implantadas rente ao limite dos lotes, acabam por anular a diluição do passeio pelos térreos em pilotis em uma arquitetura do medo.

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EPÍLOGO O PROJETO DE UMA LINHA Mais um Sábado de Sol começa. Aparentemente, este vai ser diferente. Na alvorada, os veículos são trocados, antecipando-se à expectável excepcionalidade do movimento rumo à praia. Com dois andares, o modelo Caravana atende em seu layout desde os vendedores com seus enormes isopores aos surfistas do asfalto. As catracas estão ali, mas só para quem faz questão de pagar. Com suas imensas janelas e teto panorâmico o ônibus presta-se à esse dia de turismo do lado de lá do Rio.O 474 é livre para seguir de novo, arruaceiro, até o antingo ponto final. No fim de Ipanema, o Sol forte sobre o chão reflete para dentro do veículo uma luz vermelha, assinalando a chegada ao terminal. Este não é uma nave em que filas e se multiplicam sob um teto metálico preto de fuligem. Trata-se de uma plataforma que avançando perpendicularmente sobre as ondas assume o ônibus como centro da praia.

As plataformas não são apenas pedestais que funcionam para destacar algo de seu contexto imediato. São alterações do solo que podem ser lidas como índices tangíveis de relações de poder (Aureli e Tattara) O 474 faz a curva e avança, expandindo-se sobre a linha. Pelo caminho, as crianças pulam diretamente das janelas e do teto em direção à água. Sob as treliças, à sombra, os vendedores descansam e caixas de som portáteis são agrupadas em paredões de funk que vibram a estrutura A apoteose da chegada apresenta-se como síntese de todo o percurso até o mar. O terminal escreve uma cidade noutra, porque enfim estas são produtos de uma só lógica. A posicão de centro da orla agora ocupada pelo veículo transformam-no simultaneamente em vigiado e vigilante do panóptico.


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GABRIEL WEBER DE ALMEIDA DE PAULA E SILVA +351 932 840 570 gabrielweberarq@gmail.com


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