Revista FundsPeople março e abril 2022

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ENTREVISTA 5 MINUTOS

por Margarida Pinto

EXPERIÊNCIA Adérito Oliveira já tinha trabalhado os temas de sustentabilidade na BPI GA, altura em que se começou a ponderar seriamente a adesão aos PRI.

Adérito Oliveira RESPONSÁVEL DE NEGÓCIO E DE INVESTIMENTO SUSTENTÁVEL E RESPONSÁVEL (ISR), BPI GESTÃO DE ATIVOS

“NÃO PODEMOS ESCOLHER AS EMPRESAS APENAS PELOS SEUS SCORES. TEMOS DE MANTER UMA ESTRATÉGIA ATIVA” A nova cara à frente da área de sustentabilidade da BPI GA já conhece bem o desenvolvimento do tema na gestora. Um dos principais objetivos na sua liderança é o de desenvolver o chamado stewardship.

O

caminho da BPI Gestão de Ativos na área da sustentabilidade não é novo. Depois dos muitos avanços que têm feito sobre o tema, a liderança e desenvolvimento desta área passou para as mãos de Adérito Oliveira. Na verdade, este não é um tema novo para o agora responsável pelo ISR: em 2016 já tinha estado envolvido na análise do mercado ESG na entidade. Durante estes sete anos o que é facto é que muita coisa mudou. “Neste momento, os produtos artigo 8º representam mais de 70% dos ativos sob gestão em fundos mobiliários da BPI GA, e temos alguns produtos artigo 6º sobre os quais queremos desenvolver alguns esforços para classificar como

artigo 8º”, começou por contar o responsável. Mas a ambição da casa é ainda maior. Querem explorar também o campo dos fundos com um objetivo de investimento sustentável explícito, ou seja, os fundos inseridos no artigo 9º. “Queremos ter alguma aposta a breve trecho”, desvendou Adérito Oliveira. Mas nesta febre sobre a SFDR e sobre a classificação dos fundos, o profissional acaba por ser consciente da realidade. “Não existe um objetivo de se ter só produtos artigo 8º ou 9º. Continua a haver espaço para fundos artigo 6º, nomeadamente quando falamos de estratégias mais alternativas, ou então produtos que invistam em mercados menos desenvolvidos, ou temas específicos”, considera. É neste sentido que afasta também a ideia de ficarem reféns do best in class, defendendo sim uma abordagem mais holística. Para o profissional não faz sentido “investir apenas naqueles ativos que se classificam melhor em termos de rating ou no score ambiental”, e depois excluir os restantes. No seu entender, é necessário “dar oportunidade às empresas que não estão com um rating tão elevado de poderem melhorar”.

ESTRATÉGIA ATIVA

Esta é, aliás, uma das estratégias de ISR da casa atualmente. Na avaliação que fazem às empresas olham para a sua situação atual - “se estão melhor ou pior vs. a sua indústria” - mas têm o futuro da empresa sempre em mente. Relativamente às que não se saem bem na avaliação, tentam perceber “quais são os seus compromissos futuros, qual a sua progressão recente em vários indicadores de sustentabilidade, etc.”. Adérito Oliveira é perentório: “Não faz sentido excluir do universo de investimento as empresas que estão mal; faz sentido sim ter uma ação diferente com essas, percebendo que caminho estão a fazer. Não podemos escolher as empresas apenas pelos seus scores; temos de manter uma estratégia ativa relativamente a essas empresas”, aponta. Um dos objetivos que o profissional traça para 2022 é precisamente o de evoluir ainda mais a questão do stewardship na BPI Gestão de Ativos. Refere que querem ir para lá “da compra e venda de ativos”, encaminhando esforços para “cuidar dos ativos ao longo do tempo”. Isso implica, entre outras coisas, para além de ter uma “política de envolvimento, exercê-la conscientemente ao longo do tempo e de forma alinhada com investimento sustentável e responsável” da casa. Adérito Oliveira acredita que em todos estes processos encontrarão empresas com pontos de melhoria e que, por esse motivo,“poderão não estar representadas nos portefólios” da entidade. Sublinha a oportunidade de se fazer “engagement com essas empresas”, para que possa dar resposta às preocupações das equipas de gestão. “Temos de tentar reforçar o diálogo com as empresas”, concluiu.

88 FUNDSPEOPLE I MARÇO E ABRIL

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5/4/22 10:51


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