Camboriú & Balneário - A História das Duas Cidades - Isaque de Borba Corrêa

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Em Camboriú, em Alegres, pouco depois da minha chegada a Itajaí massacraram, de uma feita 16 ou 22 pessoas, entre crianças e adultos, os quais foram enterrados no cemitério daqui; também em Camboriú, tendo os bugres assassinado um lavrador, um tal Sant'Ana, conhecido e aparentado em Itajaí, internou-se pelos matos acompanhado de um irmão do assassinado e de outras pessoas, e matou a tiros um dos bugres inculpados que se dizia ser cacique, trazendo-lhe a cabeça que veio para aqui e que eu vi ser de côr clara, sem barba, magníficos dentes e ter cicatrizes pelo rosto e introduzido um páu enfeitado de 15 centímetros de comprimento no lábio inferior do qual pendia; cabeça que mergulhada em vinagre em um pote, foi remetida para o Destêrro. Algum tempo depois de eu morar em Itajaí o govêrno, com o fim de afugentar os bugres, mandou para o Belchior muitos soldados, que formavam uma companhia de Pedestres comandada pelo major Henrique Etur, que era tenente do exército reformado80

Quanto à personalidade forte, ao gênio mau e o caráter rude e grosseiro de Maurício Pinto Corrêa, não temos dúvida, pois essas características foram transmitidas aos seus descendentes, alguns até que chegamos a conhecer. É bem provável que foi esse homem rude e grosseiro quem recepcionou o Engenheiro Belga, Maximiliano Charles Van Lede, em 1845, no Canto da Praia. O engenheiro revela no texto que vinha caminhando de Itapema para Camboriú. Atravessou o Rio e dirigia-se para a casa de seu anfitrião, Agostinho Alves Ramos em Itajaí. Após caminhar toda extensão de nossa praia, ao chegar no Canto Norte, ele reclamou da rudeza com que foi atendido por um homem com características açorianas. Diz o engenheiro Van Lede:

Da parada de Camburiu-Guassu, localizada na margem do rio, continuamos nossa rota para o norte ao Longo da praia procurando um alojamento para passar a noite. Era um rancho e não vimos isso com bons olhos. O habitante do lugar continua a ser lá das Ilhas dos Açores. Não esperávamos pela sua negação de hospitalidade. Daí continuamos por outro caminho a outra habitação que deveria estar perto. Lá também estava ocupado por outro açoriano que se apressou em dispensar tudo que possuía. Assim desfez nosso pressentimento que havíamos estabelecido em nosso espírito sobre seus compatriotas. No dia seguinte voltamos ao rio Camboriú.81 O engenheiro diz ainda, nesse livro, que navegou pelo Rio Camboriú até as terras que ele disse ser de domínio dos índios. José Martins Damasceno dizia que Maurício tinha uma técnica eficiente de enxotar os índios. Ele investia contra os silvícolas sempre no inverno, entre

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Blumenau em Cadernos, Nº 10 – 1959. Van Lede, Colonisation Au Brésil, p. 291.


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