Tempo Livre Março 2011

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22-02-2011

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que repousava no rebordo da lareira, riscou um, a pequena chama cresceu quando se ligou às revistas colocadas na mesinha da sala. Deduziu que não seria suficiente e despejou no lume os frascos de álcool que sempre guardava na cozinha. O fogo fez-se labaredas que subiram pelos cortinados e pela estante dos livros companheiros. Saiu da casa, arrancou no carro para o morro sobranceiro à praia e aí deteve-se. Sofreu e riu-se ao ver em chamas a Casa da Praia, afinal morria com ele, ninguém ali iria aproveitar a sua definitiva ausência.

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Sobressaltou-se ao ouvir o toque do telemóvel e leu, no visor, Madalena. Sorriu e, maquinalmente, encostou o aparelho ao ouvido. A voz da mulher chegou-lhe gritada, numa excitação: — Guilherme! É a terceira vez que ligo e tu não atendes! Ligaram do laboratório a informar que houve um erro, uma troca nos resultados dos exames. Os que tu recebeste não são teus. Estás óptimo, querido! Continuou a falar, entre risos, mas ele já não ouvia. Todo se concentrava na visão da Casa da Praia transformada numa tocha gigantesca. E então, chorou. I MAR 2011 |

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