Tempo Livre Novembro 2013

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6 // ESPAÇO DO ASSOCIADO // TL Novembro 2013

“Milagre” em Tiberíades Durante a Peregrinação à Terra Santa, organizada pela Fundação INATEL, em setembro último, Geraldo Morujão, 83 anos, sacerdote que acompanhava um grupo de peregrinos sofreu uma paragem cardio-respiratória. Os médicos prognosticaram o pior, haveria probabilidade de sobreviver, na ordem de um para mil, e se tal acontecesse, ficaria com sequelas graves, devido ao longo tempo sem oxigenação cerebral. A Fundação informou a família para esperarem o pior, contactou a Embaixada… Porém este episódio teve um final feliz!

G

eraldo de Fátima Morujão, sacerdote na diocese de Viseu, professor de Sagrada Escritura e Línguas Bíblicas, foi convidado para acompanhar espiritualmente esta peregrinação, por possuir conhecimentos dos lugares bíblicos a visitar na Terra Santa. Além disso, “tinha estado dois verões em Jerusalém como bolseiro da Fundação Gulbenkian em ordem ao meu doutoramento em Teologia Bíblica, tendo feito então um curso de Hebraico na Universidade Hebraica de Jerusalém, bem como visitas de estudo a muitos lugares bíblicos, sublinha dentro e fora de Israel. Não me tenho dedicado a organizar viagens à Terra Santa, mas já tenho acompanhado alguns grupos”. No hospital fizeram tudo o que estava ao alcance para lhe salvarem a vida e sem as temíveis sequelas. “O tratamento explica o sacerdote foi dirigido pelo prof. Hasim, judeu, e o cardiologista, dr. Paniello e vários médicos e enfermeiros cuidaram-me a todo o momento com desvelo e grande profissionalismo. Felizmente que viajei com a INATEL, pois fez o máximo que poderia ser feito por mim! Foram feitas todas as diligências e contactos, que numa emergência destas se deviam e podiam fazer, manteve contactos diários com o hospital, com a minha família, e também comigo a partir do momento em que pude falar. Tudo isto sem descurar o grupo, que vibrou com a minha situação”. Após quatro dias de coma quando acordou foi incapaz de imaginar o que lhe acontecera, nem quando, nem como. Não podia falar por estar entubado. “Fiz recorda o

Padre Geraldo Morujão é assistente regional do CNE, escutismo católico português, na diocese de Viseu. Em cima, O sacerdote celebrou uma cerimónia de renovação de promessas matrimoniais, em Caná, durante a Peregrinação à Terra Santa.

gesto de querer escrever, deram-me o material respectivo e, ouvindo que ali se falava hebraico, escrevi nesta língua a perguntar onde estava”. Encontrava-se internado no Hospital de Tiberíades, e mal imaginava que já lhe tinham dado o Sacramento da Santa Unção, “que não é um Sacramento para se morrer, como foi o caso, mas para alívio dum doente grave, podendo contribuir para a cura”. Mais tarde, veio a saber que foi o Bispo de Mgar, a cerca de 30 km de distância, que acorreu pronta e gratuitamente. E, soube, ainda, que “o Xech muçulmano da mesquita, veio rezar por mim durante dez minutos”. Quando lhe tiraram a tubagem, os médicos apressaram-se a fazer perguntas para se certificarem do seu estado mental, e “também para saber se tinha tido alguma experiência, luz ao fundo do túnel, etc. Respondi que nada tinha visto e não tinha sonhado absolutamente nada. Contudo, insistiram nesta pergunta: como é possível, pois esteve no paraíso e não viu nada?”. Um dia ouviu um telefonema da Embaixada portuguesa, em Tell Aviv, o que lhe causou grande estranheza… “Ainda bem que eu ignorava ter havido diligências para ser trasladado morto para Portugal… Não era capaz de imaginar onde tinha desmaiado, até que pedi a minha bagagem e era apenas o fato de banho e a touca! Concluí que tinha acontecido na piscina, mas sem me recordar se dentro ou fora da água”. Geraldo Morujão foi sempre entusiasta dos desportos, praticante de montanhismo, e agora “a natação é o desporto que mais se coaduna com a minha idade”.


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