Apresentação trabalho pós Design Editorial e Infografia IED - SP

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E S I L A N A

A C I T O I M SE

da i e m l a o Dieg n a m o r n iva NO I r d n a x e al s u i c i n i v


CONTEXTO

1985 SP

De acordo com Santaella (2005), “sem conhecer a história de um sistema de signos e do contexto sociocultural em que ele se situa, não se pode detectar as marcas que o contexto deixa na mensagem”.


O ANARQUISMO DA REVISTA Chiclete com Banana é uma revista com sua primeira edição em Outubro de 1985 na cidade de São Paulo reunindo uma nova geração de cartunistas de cunho crítico-social e cômico. Sua primeira tiragem foi de 20.000 exemplares, já na edição 7 e 8 aumentou para 110.000 exemplares. Ao final, estabilizou-se com uma tiragem de 60.000 exemplares. Através de seus “cartoons”, colunas e textos retratava os diferentes personagens da sociedade paulistana em meios às suas contradições, superficialidades e falso progresso intelectual em contrapartida à Nova República Brasileira. Angeli, pela editora “Circo Editorial”, lançou a revista num país ainda calejado do militarismo, buscando sua reestruturação democrática na promessa de um Brasil que fosse condizente com o “Ordem e Progresso” estampado em sua bandeira. A revista passou por 5 planos econômicos: Cruzado, Cruzado Novo, Cruzeiro Real e Real, demonstrando a instabilidade econômica do Brasil. Ano de Copa do Mundo no México e a explosão do fenômeno Maradona e estreia do programa “Xou da Xuxa” que revolucionou os programas infantis com seus bordões, as paquitas e suas roupas erotizadas. Influências da cultura internacional, tratando-se principalmente da música, eram evidentes com a consolidação de artistas como RPM, Legião Urbana, Titãs, Ira e Paralamas do Sucesso em meio à hits de artistas internacionais como The Cure, Whitney Houston, Madonna, Peter Gabriel, Cindy Lauper, Dire Straits e Pet Shop Boys. Movimentos musicais como o Punk, Pós punk, Dark wave, New wave, Synthpop e a explosão do Trash Metal foram importantes formadores de gêneros, ideologias e tribos sociais que naquela época mantinham uma forte identidade de opinião e estética em seus estilos de vida. Câmeras analógicas de 36 poses, rádio gravador, VHS, walkman e o videogame Atari, são exemplos que demonstram a linha tecnológica do contexto onde a revista se inseriu.


S E R O T I E L S E T N E V MO

t e n r e t n i a i t s i x e O A -N a n a r p m o -C BANCA e u q o t a m - For permitia / E D A D I L I B O M e d a d i c i t a pr ~


ANALISE A proposta da análise é entender a relevância da revista dentro do contexto da sociedade paulista dos anos 80. Toda sua importância para a consolidação do final da censura, da liberdade de expressão e da falta de limites que foi inspiradora para outras mídias e movimentos. O estudo através da semiótica elucidará os signos que criam tal repertório.

“Mas o romance em si pode também ser tomado como signo daquilo que o romance representa, seu objeto. Assim, o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas é um signo que tem por objeto, entre outras coisas, e em última instância, os costumes da sociedade carioca no séc. XIX. Uma tal representação do objeto produz efeitos interpretativos em seus leitores, esses efeitos são o interpretante.” (SANTAELLA, 2005, p. 8)


ICONICIDADE O seu aspecto icônico apresenta uma revista contrastante em cores em relação à capa com seu miolo. Formas e desenhos são sujos, marginalizados. Essencialmente escuros, sombrios e irregulares. O contraste se repete em relação às texturas: exterior brilhoso e liso; interior fosco, opaco e áspero. Sua proporção é padrão: 20cmx28cm.

CAPA

INTERIOR


INDICIALIDADE A capa usa cores que fazem referência ao chiclete. Cores doces, artificiais e indrustrializadas. Sua vivacidade cria um tipo de maquiagem para o conteúdo de seu interior. Um miolo preto e branco que representa a descartabilidade, o peso, a sujeira e a crítica ácida. A forma dentilhada triangular de alguns recortes fazem referência à embalagem de chiclete. As divisão do conteúdo se dá de forma sisuda. Colunas dispostas de forma tradicional fazendo uma ironia à um conteúdo sério e jornalístico. As faixas que dão suporte à alguns textos reforçam a referência à uma linguagem muito singular do autor para o público.As linhas finas, os quadros, diagramação e orientação do texto remetem ao jornal. Meio tal que é nativo do próprio autor.


SIMBOLICIDADE A tipografia apresentada ao decorrer da publicação passa a ideia de artesanal, escárnio, sátira e anarquia. Não existe padrão tipográfico muito claro na publicação. Todo uso dos tipos “cartoons”, desenhados, serifados e não serifados sempre se dá de forma descompromissada, com bastante uso de onomatopeias e ironias. Os tipos interpretam o conteúdo a ser abordado ao mesmo tempo que imitam as formas já definidas pelos jornais - fontes serifadas para texto, fontes não serifadas para títulos - ; quadrinhos (fontes desenhadas), pôsteres (tipos não serifados) e revistas (mistura do serifado e não serifado). Todo esse uso variado simboliza em si o conteúdo caótico e anárquico, alusivo à própria sociedade. Na capa existe um falso selo de aprovação pelo código de ética fazendo referência ao fim da censura no país. Geralmente ainda existe outro selo ironizando o custo da revista em relação a outras coisas. Símbolo claro do momento econômico do Brasil e da alta da inflação. Seu estilo pode ser chamado de “underground”, usando tal linguagem dentro da simbolicidade crítica anarquista dos zines e quadrinhos.

BOB CUSP

E

VOTO NULO DE A MARGINALID O ANARQUISM RE BORDO

SA

HEDONISMO LIBERDADE BOEMIA


CRITICO O leitor da época era em sua maioria representado pelo público jovem que procurava conteúdo que confrontava a situação social e política do país de forma irônica e imoral para causar impacto como também para simplesmente se divertir. Era comum a troca de revistas, e não apenas isso, a experiência compartilhada era particular tratando-se da Chiclete com Banana: comprava-se na banca e dividia-se o conteúdo com os amigos, como as próprias piadas e ironias devem ser. Fenônemo que pode ser comparado aos mêmes nas redes sociais atualmente.


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O A S U L C N O C A

A C I L O B M I +S

A relevância da revista Chiclete com Banana se dá em ter ido ao extremo da liberdade de expressão logo no fim da censura no regime militar brasileiro. A falta de limites no humor, a anarquia e a visão particular de Angeli sobre política e sociedade, foram essenciais para a expansão do mercado independente de quadrinhos nacionais. O seu humor transgressor também serviu de modelo para uma série de publicações e programas de tv e rádio, como Tv Pirata, Djalma Jorge Show, Sobrinhos do Ataíde e até mesmo Hermes e Renato. Simbolizava então, a cultura underground de São Paulo.


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