Os Abjectos: um corpus sistêmico

APRESENTA:

EXPOSIÇÃO | EXIBITION Curadoria | Curatorship : Anderson Oliveira Participação | Participation : Nathalia Siqueira Fotos | Exhibition photos : Rafael Mendes

Montagem | Mounting : Francisco Brandão + Anderson Oliveira + Nathalia Siqueira + Gabriela Maciel + Leonardo Taveira ABERTURA DA EXPOSIÇÃO | EXHIBITION OPENING 27 de fevereiro de 2020, quinta-feira, às 18h | Thursday 27 February 6 pm PUBLICAÇÃO | PUBLICATION Organização | Organization: Anderson Oliveira + Francisco Luis Brandão Projeto gráfico | Graphic Design : Francisco Brandão Revisão | Revision: Inês Nin Tradução | Traducción: Inês Nin Catalogação Catalogación: Monique Barreto Textos |Texts: Francisco Brandão + Anderson Oliveira + Nathalia Siqueira + Déborah Zapata e Renato Canivello Galeria REFRESCO Rua Sara, 7 - Santo Cristo , Rio de Janeiro CEP 20220-090 @salgadoerefresco https://refresco.hotglue.me PATROCÍNIO

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REALIZAÇÃO

APOIO

1.Handmade, 2020 Madeira e olho mรกgico 26x15cm

A REFRESCO é um território-intermediação entre artistas de diferentes linguagens e expressões que semeiam práticas e processos criativos mediante a liberdade de um espaço sem pré-condições institucionais.

Um lugar autônomo, sem fins lucrativos, que tem como objetivo proporcionar espaço e visibilidade a artistas independentes. A Galeria Refresco começou a atuar no segundo semestre de 2019, com uma exposição coletiva livre, pondo-se à disposição do desdobramento de qualquer indivíduo. E foi através da Chamada Aberta, realizada ao final do mesmo ano, que houve a oportunidade da realização de um calendário de atividades para 2020, tendo envolvido mais de 100 artistas, nas distintas categorias: Residências Artísticas, Exposições e Oficinas.

Dando início ao calendário de atividades 2020, a Refresco apresenta ‘Os Abjectos – Um Corpo Sistêmico’, primeira mostra individual do artista Francisco Brandão na cidade do Rio de Janeiro - sendo a conclusão da sua residência artística na galeria Despina. A exposição explora a corporalidade de objetos cotidianos e constrói uma retórica onde os mesmos passam a ter uma utilidade sob martíria, ou não ter utilidade. Um encontro-confronto do artista com o caos e a afetividade.

Déborah Zapata e Renato Canivello REFRESCO

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A mostra estabelece uma comunicação através de objetos, os quais, por ambiguidades, desejam deslocar diálogos e reestabelecer parâmetros, utilizando das memórias sensoriais para criar narrativas. Sentindo o poder edificante das materialidades em nossa formação -desde nossa “história” ancestral- me debruço a compreender sua força mística e social. Estruturando e modificando nossas sociabilidades.

Quais objetos são esses?

Desde “brinquedos” (piões, peteca, ou jogos), rememorando fases da descoberta dos usos - a infância - até objetos do “cotidiano” (filtros, copos, xícaras, ralador, porta, faca, etc.).

Os objetos poderiam compor uma narrativa em primeira pessoa, estabelecendo cenários.

Apesar disso, os Abjectos se impõem como uma coisa que habita mais de uma realidade, identidades múltiplas e dentre elas as nossas (artistas, visitantes, organização, discursos, confrontos), ( ).

Nesse tipo de discurso caótico da palavra, em matéria converso, busco o/me encontro.

Assim, entender o poder instintivo e memorial dos inúmeros dispositivos que desenvolvemos e introduzimos em nossos cotidianos, automatizando seus usos. - Agora, inúteis - os Abjectos maquinam um contra-ataque à ação, que por meio da ação subversiva, estabelece um novo lugar e práxis para os corpos dissidentes.

Nesse contexto, a mostra reúne fragmentos deste confronto, desenvolvido em 2 anos de pesquisa. Os Abjectos, em contato com o público se tornam Insígnias, pequenos totens, amuletos, ou diário. Nesses múltiplos, se reforçam, e em “consonância” disparam como pequenas mensagens 2.Sem Título, 2019 Lápis com espinho de rosa 16x4 cm

em códigos e em meus relatos, que agora são nossos. Do ateliê à mesa de café da manhã.

Entre sem bater.

Francisco Brandão

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Objetos do cotidiano em conjunto com fotografias antigas, um vírus, um coração, uma mão e um orgasmo, formam singelas declarações a um ente querido e compõem a insólita cartografia de desejos no mundo de Francisco Brandão e das suas relíquias afetivas.

Filho de dona de casa com um policial militar, Francisco Brandão é natural de Ubá (MG) e se faz artista no trânsito entre Juiz de Fora (MG) e o Rio de Janeiro (RJ), optando pela experimentação e o uso de objetos apropriados como parte do seu processo criativo. Entre várias deambulações em antiquários, shoppings-chão e ruas do Rio, no período de janeiro até hoje - possíveis pela participação na residência artística Despina - Os Abjectos refletem sobre as poéticas individuais e os elementos ordinários que, num dia, foram pequenas relíquias e, hoje, são reativados pelo encontro e estabelecem novos valores.

No contexto dos encontros, a mostra conta com a participação especial de Nathalia Siqueira, em que aborda de forma prática os aspectos relacionais e da memória coletiva. Descobrindo-se no Rio, os dois compartilham e unem seus imaginários, que aqui convivem em gavetas e recortes.

Francisco constrói e une palavras, pesquisa as dores. Neste sentido, deita-se conceitualmente com Félix Gonzalez-Torres e com o curioso herói romântico da geração 80, José Leonilson, o “Léo”, tornandoos presentes na sua beleza, dor e memória. Co-presença. Para Francisco, “os abjectos são fases de descoberta, memórias sensoriais, ou, talvez, a sutil expressão do discurso caótico das ideias cotidianas”.

“O objeto também é corpo”, diz o artista mineiro.

Após participações em exposições coletivas e a instalação urbana “Ex votos” (2016), realizada em Juiz de Fora, Francisco se projeta para a atual complexidade estético-política. Neste contexto, vale lembrar que nas séries Golden Shower (2019) ou Sede (2018) - as matérias não são mais um simples copo, filtro ou recipientes com folhas de ouro. Juntas compõem uma espécie inusitada de gabinete de curiosidades, apresentando pistas para uma narrativa crítica, na qual vislumbramos ambiguidades, reunimos fragmentos e lançamos mão de lembranças que, despidas, são como corpus sistêmicos subversivos.

Seus objetos refletem nuances micropolíticas dum país/corpo marcado pela polarização social - dos anos esperançosos de anteriores governos até as drásticas consequências do retorno do conservadorismo ao comando das decisões do país - entre trabalhos que evocam, lado a lado, a potência do corpo insistente em consonância aos corpus dissidentes. A partir daqui, Os Abjectos podem ser o encontro com o outro numa versão “fora-do-sujeito”, no qual só as potências Corpo e Acaso revelam.

Anderson Oliveira Curador

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Serendipity O erro O acaso A luz e sombra O cheio e o vazio Os afetos e as dores , tudo faz parte do meu processo criativo .

Procuro materiais e objetos que sofreram alguma ação do tempo, que carrega uma história.

Uma história.

As fotos As madeiras marcadas Os papéis e objetos esquecidos.

Nesse processo, gosto da nanquim, mas também me aventuro pelas aquarelas. O entalhe em madeira traça caminhos muito no trabalho, não só como xilogravura, porque eu transformo a matriz na obra. Tenho a madeira como um caso de amor antigo.

Em tudo que faço existe a presença da música e da física. Os ritmos marcam as peças e assim me expresso e me enxergo nos processos que inicialmente parecem fadados ao erro.

Acredito nos acasos como base de criação, o que resulta no surpreendente .

Viva o acaso e os encontros inesperados!

Serendipity Nathália Siqueira

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3.Sem Título (69), 2020 Porta e olhos mágicos com dobradiças douradas 2,10x0,80m

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4.Sem TĂ­tulo, 2019 Peteca com penas de pombos e fotografias 40x16 cm

5.OAK, 2019 Penas de faisão, Braúna e cacos de vidro 50x12cm

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6.Sem Título, 2020 Peteca com penas de faisão e pião 10x60cm

7.Sem TĂ­tulo, 2020 Peteca com vidros de lustres e finco de grade 60x35

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8.Sem TĂ­tulo, 2019 Carneiro de presĂŠpio com dentes e redoma de vidro 10x6cm

9.Forma, 2020 Molde de letras ( acervo pessoal)

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10.Evilásio, 2020 Fotografia analógica e acrílico marcado 10x7cm

11.Espaço tempo, 2020 Ventilador com fotos Francisco Brandão e Nathalia Siqueira 45x45cm

12.Para chamar seu nome, 2019 Apito com espinhos de rosa 10x6cm 13.Sem Título, 2020 Pincel com duas pontas 30x2,5cm

14.Voyuer, 2019 Pião com olho mágico, parafuso e broche 12x6cm 15.Memórias compartilhadas, 2020 Fotos com pregador de roupa e espinhos Francisco Brandão e Nathalia Siqueira 25x18cm

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16.Sem Título, 2020 Prato de porcelana pintado 29 cm 17.Sem Título, 2020 Xícaras unidas 20x8cm 18.Sem Título, 2020 Xícaras unidas 15x8cm

19.Ralador, 2019 Ralador de mandioca envelhecido com barbante tingido com cafĂŠ 35x25cm

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20.SĂŠrie Sede Sede 1, 2019 Filtro de barro com furos e folha de ouro 60x35cm 21.Sede 2, 2020 Filtro de barro serrado 65x40cm 22.Sede 3, 2019 Moringa de barro com furos 32x20cm

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Processo SĂŠrie 'Sede'

23.Transborda, 2020 Mesa de madeira com fotos Nathalia Siqueira 120x80cm

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24.Sem TĂ­tulo, 2020 Tinteiro com resto de lustre, bico de pena e gel 30x18cm

25.Caderno de Receitas, s/d Livro e técnica mista

CB REGO

25.Caderno de Receitas, s/d Livro e técnica mista Cb Rego Placa de acrílico 2x8cm

26.nullum periculum imminenti, 2019 Lona, lĂŁ e barbante 160x100cm

27.Sem Título (Liberdade), 2020 Gaiola com acrílico 35x24cm

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28.Raiva, 2018 - 2019 Cera de abelha, parafina e cabelo 35x20cm 29.SĂŠrie Golden Shower - 1, 2019 Copo americano com folha de ouro 10x6cm

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30.Orgasmo, 2020 Vaso de vidro, pipoca, miçangas, bolas de gude, pÊrolas, isopor e cortiça 33x11cm

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Entrevista Fale mais um pouco sobre você... Qual é a sua trajetória artística?

Sou um jovem artista, em processo de descoberta, sem desejo de estabelecer um estilo, compreendendo o poder limitador de fazê-lo. Experimento diariamente novas poéticas e diálogos, comigo e com os outros. Sabendo que muitas vezes uma pitada de segurança ronda meu trabalho. Vale deixar claro como sou punitivo e critico comigo mesmo, mais do que com outros. A presença alheia me alimenta e me desloca, talvez me mostrando aspectos que, às vezes, me passam despercebidos. Então busco desafios. Ao sair de uma cidade pequena, vivo hoje em uma cidade média, que escolhi para aprender a viver sozinho e daqui alçar voos por aí.

Estou no mestrado em Linguagens Artísticas da Universidade Federal de Juiz de Fora, e posso afirmar que me expresso melhor pelas propostas artísticas do que pelas palavras. Por um tempo isso foi motivo de frustração, mas busco diariamente aprimorar minhas comunicações e temáticas, para com elas ir de encontro ao novo e explorar as potencialidades das relações humanas.

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Como foi a vivência na Residência Artística na Despina?

Sinto que a Residência Despina teve um efeito imediato em minha maneira de pensar as relações e de vivenciar meu cotidiano, descentralizando-me das minhas temáticas e colocando-as em confronto. Um confronto não pelo embate do choque de forças, mas pela presença da pluralidade e de diferentes maneiras de absorver nosso entorno e assim produzir reverberações. Foram momentos de encontros, de partilhas e de conhecer aspectos de minha própria personalidade que algumas vezes lutavam para manifestar, mas por inúmeras razões se viam aprisionados a antigos hábitos. Saindo da minha figura como sujeito central, pude me deparar com novas proposições e maneiras de ser, podendo sentir uma sensação de co-pertencimento e de ação realmente transformadora e útil. Um mês depois, ainda processo as experiências vividas, sabendo que as mesmas reverberarão por toda minha vida e obra, ao me tornar mais crítico, político e, de certa maneira, humano.

O que é ser um artista em 2020?

Como é vivenciar o ano de 2020 sem ser atingido por diversas transformações? Ainda é um desafio compreender a maneira com que responderei as provocações de nosso tempo. E, em meio ao caos, buscar a beleza dos pequenos gestos, das microrrelações que estabelecemos com nosso entorno, físico ou cibernético.

Sendo cada vez mais marcante o sentimento de comunidade. Não se é artista sozinho, não existe razões para ser.

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Conte-nos mais um pouco sobre seu processo criativo.

O meu processo criativo advém do cotidiano, de reparar os gestos, os objetos e as ações individuais e coletivas, que nos ditam maneiras e usabilidades. Sendo assim, transformam o nosso dia-a-dia em um circuito de ações e reações. Então funciono da seguinte maneira: Observação > silêncios > partilhas confusas > compreensão da perspectiva do outro > materializações > torções > novos silêncios > novas partilhas > apresentações.

Qual é o seu sonho ainda não realizado?

Não sei responder essa pergunta, mas não desisto dela como um desafio e como um registro, talvez vários, que ao esboçá-los aqui fiquei de certa forma envergonhado. Talvez sempre achar graça nos encontros e propostas da vida seja um sonho diário, que vejo mais como um exercício do que sonho. Enfim, expressarme, aprender e ter com quem partilhar, sabendo que partilhar contempla os verbos anteriores.

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Agradecimentos do artista Um agradecimento a minha família, em especial a Tia Concessa, que aos trancos e barrancos compreende as diferenças que nos definem como indivíduos e ao mesmo tempo nos colocam em interlocução, sempre desejando o meu melhor.

Aos meus amigos, aos que puderam ou não estar presentes. Em especial a Gabriela Maciel pela presença e parceria constantes.

Ao meu novo amigo, Anderson Oliveira, que com todo carinho se dispõe a me aconselhar e se tornou o curador dessa mostra.

A toda equipe Despina, em especial a Consuelo Bassanesi pelos

sorrisos e trocas diárias.

Ao Leonardo Taveira por toda confiança, que as vezes falta em mim e ele sempre me impulsiona com um gás que reativa as faíscas.

Um agradecimento especial a minha irmã – Luzi -, que me ensina a ver a beleza das diferenças no mundo.

INTRO

REFRESCO is an intermediation-territory shared by artists of different languages and expressions who sow creative practices and processes enjoying the freedom of a space with no institutional preconditions.

An autonomous, non-profit spot that aims to provide space and visibility to independent artists. Galeria Refresco started operating in the second semester of 2019, with a free collective exhibition, making itself available to the unfolding of any individual. It was through the Open Call, held at end of the same year, that emerged an opportunity to create a schedule of activities for 2020, involving more than 100 artists, in distinct categories: Artistic Residencies, Exhibitions and Workshops.

Starting the 2020 activities calendar, Refresco presents ‘The Abjects: A Systemic Corpus’, first solo exhibition by artist Francisco Brandão in the city of Rio de Janeiro - the completion of his artistic residency at Despina gallery. This exhibition explores the corporeality of everyday objects and builds a rhetoric where they become useful under martyrdom, or have no use at all. It’s a date-confrontation of the artist with chaos and affectivity.

Déborah Zapata and Renato Canivello REFRESCO

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THE ABJECTS: A SYSTEMIC CORPUS Francisco Brandão Participation Nathalia Siqueira The exhibition establishes communication through objects, which, due to ambiguities, wish to displace dialogues, reset parameters, using sensory memories to create narratives. Feeling the edifying power of materialities in our formation, from our ancestral "history", I strive to understand its mystical and social strength. Structuring and modifying our sociability.

What objects are these?

From “toys” (spinning tops, shuttlecock, or games), recalling phases of the discovery of use, childhood, to “everyday” objects (filters, cups, tea cups, grater, door, knife, etc.).

The objects could compose a first person narrative, establishing scenarios. Despite this, Abjects impose themselves as something that inhabits more than one reality, multiple identities and among them ours (artists, visitors, organization, speeches, confrontations), ( ).

In this type of chaotic word peech, in matter I speak, I seek / find myself.Thus, to understand the instinctive and memorial power of the devices that we create and introduce in our daily lives, automated in their use. - Now, useless - the Abjects devise a counterattack to action, by subversive action, establishing a new place and praxis for dissident bodies.

In this context, the exhibition brings together fragments of this confrontation, developed over 2 years of research. Abjects, when meet the public become Insignia, small totems, amulets, or diary. In these multiples, they are reinforced, and in “consonance” they shoot like small messages in codes and in my reports, which are now ours. From the studio to abreakfast table.

Enter without knocking.

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Francisco Brandão

Everyday objects together with old photographs, a virus, a heart, a hand and an orgasm, form simple statements to a loved one and compose the unusual cartography of desires in the world of Francisco Brandão and his affective relics.

Son of a housewife with a military policeman, Francisco Brandão is native of Ubá (MG), Brazil, and becomes an artist in the between Juiz de Fora (MG) and Rio de Janeiro (RJ), choosing experimentation and the use of appropriate objects as part of his creative process. Among several wanderings in antique shops, flea markets and the streets of Rio, from January until today - made possible by participation in the Despina artistic residency - The Abjects reflect on individual poetics and ordinary elements that once were small relics and, today, are reactivated by the encounter and are able to engender new values.

With in the context of the meetings, the show welcomes the special participation of Nathalia Siqueira, in which she addresses in a practical way both relational and collective memory aspects. Finding each other in Rio, the two share and unite their imaginaries, which live together in drawers and clippings.

Francisco builds and unites words, researches pain. In this sense, he sleeps conceptually with Félix Gonzalez-Torres and with the curious romantic hero of the 1980's generation, José Leonilson, “Léo”, making them present in his beauty, pain and memory. Co-presence. For Francisco, "the abjects are phases of discovery, sensory memories, or, perhaps, a subtle expression of the chaotic discourse in everyday ideas".

“The object is also a body”, says the artist from Minas Gerais.

After taking part in collective exhibitions and in the urban installation “Ex votes” (2016), held in Juiz de Fora, Francisco projects himself to the current aestheticpolitical complexity. In this context, it is worth remembering that in the Golden Shower (2019) or Thirst (2018) series - materials are no longer a simple glass, filter or containers with gold leaves. Together they make up an unusual kind of cabinet of curiosities, presenting clues for a critical narrative, in which we glimpse ambiguities, gather fragments and resort to memories that, undressed, are like subversive systemic corpus.

His objects reflect micropolitical nuances of a country/body marked by social polarization - from the hopeful years of previous governments in Brazil to the drastic consequences of the return of conservatism to the command of the country's decisions - among works that evoke, side by side, the power of an insistent body in consonance with a dissenting corpus. From this point on, The Abjects may be the encounter with the other in an “Fora-do-sujeito” version, where only the powers Body and Chance reveal.

Anderson Oliveira Curator

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Serendipity Error Chance Light and shadow Full and empty Affection and pain, everything is part of my creative process.

I look for materials and objects that have suffered some action of time, which carries a story.

A story.

Pictures Worn woods Papers and forgotten objects.

In this process, I like ink, but I also venture into watercolors. Wood carving often traces paths at work, not only as woodcut as I transform the matrix into work. Wood is an old love affair.

In everything I do there is the presence of music and physics. Rhythms mark the pieces and so I express and see myself in the processes that initially seem doomed to error.

I believe in chance as a basis for creation, coming to surprising results .Long live chance and unexpected encounters!

Nathรกlia Siqueira

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Pieces

1.Handmade, 2020 Wood and peephole 26x15c

7.Untitled, 2020 Shuttlecock with chandelier glasses and grid finco 60x35

14.Voyeur, 2019 Spinning top with peephole, screw and brooch 12x6cm

8.Untitled, 2019 Crib ram with teeth and glass bell jar 10x6cm

15.Shared memories, 2020 Photos with clothespin and thorns Francisco Brandão and Nathalia Siqueira 25x18cm

2.Untitled, 2019 Pencil with rose thorn 16x4 cm

9.Untitled, 2020 Letter template (personal collection)

3.Untitled (69), 2020 Door and peepholes with golden hinges 2.10x0.80m

10.Evilásio, 2020 Analog photography and marked acrylic 10x7cm

4.Untitled, 2019 Shuttlecock with pigeon feathers and photographs 40x16 cm

11.Space time, 2020 Fan with photos Francisco Brandão and Nathalia Siqueira 45x45cm

5.OAK, 2019 Pheasant feathers, Braúna and broken glass 50x12cm

12.To call your name, 2019 Whistle with rose thorns 10x6cm

6.Untitled, 2020 Shuttlecock with pheasant and spinning top 10x60cm

13.Untitled, 2020 Double-ended brush 30x2.5cm

16.Untitled, 2020 Painted porcelain plate 29 cm 17.Untitled, 2020 United cups 20x8cm 18.Untitled, 2020 United cups 15x8cm 19.Grater, 2019 Aged cassava grater with string dyed with coffee 35x25cm

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20.Headquarters Series Seat 1, 2019 Clay filter with holes and gold leaf 60x35cm

26.nullum periculum imminenti, 2019 Canvas, wool and string 160x100cm

21.Headquarters 2, 2020 Sawn clay filter 65x40cm

27. Untitled (Freedom), 2020 Acrylic cage 35x24cm

22.Third 3, 2019 Clay moringa with holes 32x20cm

28.Angry, 2018 - 2019 Beeswax, paraffin and hair 35x20cm

23. Overflows, 2020 Wooden table with photos Nathalia Siqueira 120x80cm

29. Golden Shower Series - 1, 2019 American cup with gold leaf 10x6cm

24. Untitled, 2020 Ink cartridge with rest of chandelier, feather penand gel 30x18cm 25. Recipe Book, n/d Book and mixed media

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30.Orgasm, 2020 Glass vase, popcorn, beads, marbles, pearls, styrofoam and cork 33x11cm

Thanks from the artist

A thank you to my family, especially my Aunt Concessa, who by leaps and bounds understands the differences that define us as individuals and at the same time put us in conversation, always wishing my best.

To my friends, to those who may or may not be present. Especially Gabriela Maciel for her constant presence and partnership.

To my new friend, Anderson Oliveira, who with all affection is willing to advise me and became the curator of this exhibition.

To the whole Despina team, especially Consuelo Bassanesi for the smiles and daily exchanges.Leonardo Taveira for all his confidence, which is sometimes lacking in me and he always propels me with a gas that reactivates sparks.

Special thanks to my sister - Luzi -, who teaches me to see the beauty of differences in the world.

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Interview

Tell us a little more about yourself... What is your artistic career?

I am a young artist, in the process of discovery, with no desire to establish a style, understanding the limiting power of doing so. I try new poetics and dialogues daily, with myself and with others. Knowing that a hint of security often surrounds my job.

It is worth making it clear how punitive and critical I am with myself, more than with others. The presence of others feeds me and displaces me, perhaps showing me aspects that sometimes go unnoticed. So I look for challenges. Leaving a small city, I live today in a medium-sized city, which I chose to learn to live alone and from here to take flights around. I am in a Mmaster's Degree in Artistic Languages at the Federal University of Juiz de Fora, and I can say that I express myself better by artistic proposals than by words. For a while, this was a source of frustration, but I try to improve my communications and themes daily, so that they can meet the new and explore the potential of human relationships.

What does it mean to be an artist in 2020?

How is it to experience the year 2020 without being affected by several transformations? It is still a challenge to understand how I will respond to the provocations of our time. In the midst of chaos, to seek the beauty of small gestures, of the microrelationships that we establish with our surroundings, either physical or cyber. The feeling of community is increasingly marked. You are not an artist alone, there is no reason to be.

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How was the experience at the Artistic Residency at Despina?

I feel that the Despina Residency had an immediate effect on my way of thinking about relationships and experiencing my daily life, decentralizing me from my themes and confronting them. A confrontation is not caused by the clash of forces, but by the presence of plurality and different ways of absorbing our surroundings and thus producing reverberations. They were moments of meetings, sharing and getting to know aspects of my own personality that sometimes struggled to manifest, but for countless reasons they found themselves trapped in old habits. Leaving my figure as a central subject, I was able to come across new propositions and ways of being, being able to feel a sense of co-belonging and of a really transforming and useful action. A month later, I still process the experiences, knowing that they will reverberate throughout my life and work, as I become more critical, political and in a way human.

Tell us a little more about your creative process.

My creative process comes from everyday life, from observing individual and collective gestures, objects and actions, which dictate ways and usages. Therefore, they transform our daily lives into a circuit of actions and reactions. So I work as follows: Observation> silences> confused sharing> understanding the other's perspective> materializations> twists> new silences> new sharings> presentations.

What is your unfulfilled dream?

I don’t know how to answer this question, but I won’t give it up as a challenge and as a record, perhaps several, that when I drafted them here I was somewhat embarrassed. Perhaps always finding grace in life's encounters and proposals is a daily dream, which I see more as an exercise than a dream. Finally, expressing myself, learning and having someone to share with, knowing that sharing includes the previous verbs.

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Esta publicação foi produzida entre abril e julho de 2020.

Contou com esforços de amigos e fomento do edital "Cultura Presente nas Redes", da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro

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