

IMPRÓPRIO PARA MENORES
EDITORIAL
O Museu do sexo Hilda Furacão foi instaurado na zona do baixo Centro de Belo Horizonte, que tem seu eixo principal localizado entre a estação ferroviária e rodoviária da Capital Mineira. Mais de 20 prédios funcionam como casas de prostituição nesta região formando um importante complexo de prostituição das Américas: A Guaicurus.
Os trabalhos aconteceram num momento de grande conturbação na macropolítica brasileira. O projeto havia sido aprovado para financiamento por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura e também através de um edital da Funarte ligado ao Ministério da Cultura do Brasil. No princípio de 2015, houve a deposição da presidente Dilma Rousseff e o primeiro ato do presidente interino Michel Temer foi dissolver alguns ministérios, entre eles o Ministério da Cultura. Com a suspensão das ações culturais a nível nacional, fomos obrigados a executar o projeto apenas com parte dos recursos que vieram da municipalidade.
Naquele momento a classe artística se mobilizou e, aconteceu a ocupação da sede da FUNARTE em Belo Horizonte. A primeira ação do Museu do Sexo Hilda Furacão foi realizar uma ocupação da sede do IPHAN/BH, com a obra COMCIENCIA. Sucederam-se uma série de ações artísticas no Centro da capital mineira: no Centro de Referência da Juventude, nas praças e, claro, dentro das zonas de prostituição.
Instauramos assim um museu de percurso que conecta pontos chave da cidade, estava criado o primeiro museu do gênero no Brasil: o Museu do Sexo Hilda Furacão. O projeto contou com uma residência de artistas, que aconteceu dentro dos lupanares. Vários produtores culturais convergiram do Brasil inteiro e viveram durante mais de um mês, naquele ambiente carregado de energias relacionadas à sexualidade e à marginalidade. Dentro do cotidiano da venda de sexo, a interação entre os diversos atores envolvidos, prostitutas, clientes, donos de hotel, porteiros e toda a população que transita pela região provocou a erupção de diversos trabalhos artsìticos.
No desenrolar dos trabalhos, o Ministério da Cultura foi restabelecido e parte federal dos recursos destinados foram liberados. Porém, estes estavam vinculados a pessoa jurídica de uma associação das prostitutas, que apropriou dos recursos e executou a proposta de maneira independente. O projeto original foi respeitado e tivemos duas ações consecutivas chamadas «Museu do Sexo» no complexo de prostituição da Guaicurus no ano de 2016.
Além da residência artística já citada, realizamos diversas intervenções urbanas: durante a passeata do orgulho LGBT e na Virada Cultural, além de exposições no CRJ e no Museu da Moda de Belo Horizonte. Contamos também com mostras no Shopping UAI, onde recebemos a dupla de curadores Maria Eugênia Cordeiro e Santiago Rueda com a exposição Atentado ao Pudor. Na sequência, tivemos oportunidade de levar um recorte expositivo, num intercâmbio internacional que aconteceu no Centro Cultural «El Parche», em Bogotá, Colômbia.
AGRADECIMENTOS
A todos seres, entidades da zona e das ruas, que vivem e atravessam o complexo energético/cultural da Guaicurus. Agradecemos enormemente a tudos que contribuíram para que esta aventura fosse possível. Todas as padroeiras, exus, giras, São Jorges, Ogum iê!!! Santa Teresa…
Nossa matrona simbólica, Hilda Furacão e Cintura Fina, outro pilar desta legião.
Todas as putas, porteiros, agentes da limpeza, gerência… em especial a todos os empresários que nos acolheram de maneira generosa em seus estabelecimentos. Um abraço especial à Nice, que cotidianamente nos recebia na sua cozinha, compartilhando energia e alento em tempos turbulentos.
Ressaltamos a parceria com o shopping UAI, de grande importância para execução desta proposta.
Gracias à Prefeitura de Belo Horizonte, através da Lei de Incentivo à Cultura e aos patrocinadores: BDMG e UNA.
Equipe do IPHAN, Museu da Moda, CRJ, os dois últimos, equipamentos da Prefeitura de Belo Horizonte. Thanks Centro Cultural El Parche.
Um salve ao saci Rodrigo Marques, companheiro de primeira ordem naqueles tempos de furacão. André Araùjo, João Castilho e Kátia Salvo, forças importantes para sustentação do movimento. A Maria Eugênia Cordeiro e Santiago Rueda, que nos conectam com nossa latinidade e expandem nossas fronteiras, merci encore.
Todo nosso reconhecimento aos artistas, guerreiros culturais que participam desta empreitada.
Gratidão.
Apresentamos neste catálogo situações artísticas, exposições, textos, articulaçoes entre arte e sociedade a partir de reflexões sobre esta atividade fundamental da humanidade: o sexo. Através da arte, procuramos apresentar reflexões sobre o patrimônio material e imaterial concentrado em torno das atividades de prostiução do complexo da Guaicurus. Para além das controvérsias, este é um projeto ousado que marcou aqueles que participaram e, a partir da publicação desta obra, continuará a ecoar no tempo e espaço.
VIVA A CULTURA! VIVA O SEXO! COM ARTE!!!
FRANCILINS
Capa: Incrustrações
Francilins e Sarug Dagir
Ao lado: Francilins e Roberto Drummond
Foto: Bia Mom

Instalação
Poesia Concreta
Pátio do IPHAN MG




Ação de instauração do Museu de Percurso Ocupaçao no IPHAN/MG - 2016
https://www.youtube.com/watch?v=ABht4gkXzmg


FAST FODA
Entrevista com o senhor Ailton Matos
Como a Guaicurus tem uma tradiçao quando se fala de museu do sexo, lembra se o sexo de antigamente. Como a Gauicurus já tem uma tradição de mais de 50 anos, já tem um pouco de história para museu. Belo Horizonte é uma cidade cento e poucos anos... pouco mais de um século.
Então nós temos aqui mais da metade da existência de Belo Horizonte. Então, nós podemos dizer que por volta de 1950 a Gauicurus já começava a entrar nessa tradição. Quer dizer, a cidade estava chegando aos seus 50 anos naquela época e a Guaicurus, estava começando a tomar a forma do que ela tem ainda hoje, uma coisa voltada mais para atividade sexual.
- E o senhor sabe como que foi, como começou? Tem alguma história, sobre as histórias que a gente conhece na sociedade de Belo Horizonte daquela época?
- Eles fizeram na Guaicurus alguns clubes de dança, o Dance Elite... não sei o quê da dança, que tinha aqui naquela época. Então tinha esta a cultura. Até na novela Hilda Furacão, alguma coisa mostraram a respeito.Um desses era o Montanhês, que foi o famoso Montanhês daquela época. Então esse montanhês, era para o povo de dança da alta sociedade, eles frequentavam lá e no entorno do Montanhês as garotas de programa e os hotéis que recebiam garotas ficavam ali, aproveitando essa onda do dia-a-dia do clube de dança. O Montanhês não durou por muito tempo, mas as garotas continuaram aí.
O que aconteceu? A minha tia, dona Geralda, ela é a primeira da família que veio aqui para a área. E ela já tinha uma casa em Diamantina. Lá em Diamantina era uma pensão onde as garotas que frequentavam o Beco Mota e a boemia diamantina se hospedavam com ela na casa, na pensão que ela tinha em Diamantina. O sonho dela era então vir para Belo Horizonte para montar uma casa na capital. Veio pra cá em 1957, ficou conhecendo o hotel Nova América e se interessou. Fez uma proposta e acabou comprando o Hotel Nova América. Isso numa época assim, meio difícil, porque nessa época de 1957 ainda era meio pesada aqui na região.
Alguns eventos que aconteciam aqui, inclusive um que marcou época era a questão da baixa do exército. Os milicos, os soldados do exército que davam baixa, eles vinham para a zona pra fazer uma quebradeira, aprontar e tal. Então aquilo é um problema que ela enfrentou, que era comum naquela época. Outros problemas que existiam, eram pessoas famosas no crime que andavam por aqui: o Cintura Fina, Maria Cabeção e outros marginais da época andavam por aqui. Eles faziam assim uma certa liderança e, lidar com esse pessoal era meio difícil. Então ela, recém chegada do interior, enfrentando uma situação daquela não era muito fácil.
Mas, eu acho que ela que ela trouxe de Diamantina um negão, seu pretinho. Ele que era um porteiro excelente, ficava na portaria e ele peitava mesmo. Se ele falasse que uma pessoa não entrar no hotel, não entrava porque mesmo. Ele encarava quem fosse. Numa ocasião aí, vieram mais de dez soldados do exército, tentaram entrar e ele os parou na portaria, esmurrou o primeiro soldado, chamou os outros. Quem vai ser o próximo a querer entrar? Voltou todo mundo, eles pegaram o primeiro que ele bateu e carregaram, todo mundo embora. Então existiam também muitas mulheres perigosas, tem essa que eu falei: Maria Cabeção... era uma que arrombava a porta na cabeçada , tomava distância e enfiava a cabeça numa porta e, derrubava porta. Ela encarava policiais na rua e derrubava um policial na cabeçada. Ela andava muito aqui nesse pedaço e este aqui não era o mais pesado não. A Paquequé, a Mauà as outras que tinham lá pro lado da praça Vaz de Melo, eram as mais barra pesada. Mas a inluência dos baguceiros de lá, subiam para cá, entendeu? E às vezes tumultuava aqui um pouquinho. Foi uma época boa, foi uma época interessante. A gente via o movimento dessas meninas começando desde lá embaixo, na beira do viaduto, até aqui na Rua dos Caetés. Ficavam nessa região, mas mais pra cima elas elas não iam, porque que era mais ou menos setor, era esse mesmo o entorno da Gauicurus, neste pedaço aqui.
- Elas trabalhavam na rua?
- Tinham os hotéis, mas tinham muitas que ficavam na rua. A partir das seis da tarde elas já começavam a aparecer e, tinha até um jargão típico das meninas daquela época, quando o homem passava, elas mexiam assim: Ô bem, vamos fazer neném? Era no meu tempo de rapazinho e eu andava de bicicleta, aí eu passava por aqui e a primeira vez que eu ouvi isso, eu achei aquilo assim, absurdo, naquela época. Em
1900... 66, 67, entendeu? A mulher na rua falando uma coisa desta? E eu, seguia naquela educação católica certinha. Não! Ninguém, ninguém podia falar este tipo bobagem, uma mulher falando isso na rua? As roupas até que não eram muito ousadas, lá nos hotéis existiam salões, as radiolas e, o cliente quando chegava encontrava a mulher no salão. Havia o bate-papo, combinavam, dançavam e tal... depois iam para os quartos.
E aí, com o tempo a coisa foi mudando. Passou a ficar cada mulher no seu quarto e, o cliente, já procurar a mulher direto no quarto e fazer a atividade mais rápida. Uma vez que boa parte dos frequentadores não dispõe de muito tempo. Então, isto aí foi uma coisa que foi se tornando uma característica aqui da rua dos Guaicurus. É curioso... essa coisa de que o sexo mais rápido.
- E quando começa esta cultura, que é muito específica aqui de Belo Horizonte?
- As mulheres dentro dos seus quartos, esse self-service muito grande... Esta coisa é específica aqui de Belo Horizonte. O pessoal usa muito a expressão fast food, eu costumo dizer que aqui é fast sex. Sexo rápido.
Então aqui é assim, elas estão aqui justamente pra isso, para aproveitar esse cliente que não dispõe de muito tempo e também não quer gastar muito. E sai uma relação sexual bem mais barata do que numa boate. E se considerarmos motel, etc e tal, sai até mais barato do que com a namorada, que não cobra nada, não é?
- Quem é o senhor?
- Eu sou o caçula da família de Dona Geralda. Dona Geralda é irmã da minha mãe e, minha mãe, foi gerente. A dona Geralda foi a proprietária que comprou o hotel aqui quando veio de Diamantina para cá. Minha mãe veio trabalhar com ela e, por volta de 1980, quando ela já estava meio cansada, ela então me passou a administração do hotel e levou uma vida mais sossegada. Ela não tinha uma saúde muito boa e viveu até o ano de 2009, minha mãe morreu cedo, em 73, com 38 anos. Aí foi, foi minha tia que continuou administrando... e ela fundou várias outras casas. O Hotel Brilhante foi fundado por ela e está aí até hoje... O Hotel Veredas, fundado por ela, até o Rio Branco. Mas aí acabou que, à medida que a idade foi chegando, ela foi dividindo com a família: um hotel ficou um, outro com outro... Ela ficou mais quieta em casa, se aposentou e viveu os últimos dias mais sossegada.
- Como é que se percebe a relação com a religião, com a sociedade mineira, com a cidade? Como isso acontece? Tem uma hipocrísia associada a esta dimensão da cidade, debaixo dos panos... Como você percebe isso?
- A Guaicurus, ela é tradicional e a comunidade aceita e reconhece o seu valor. O negócio é que de vez em quando aparece algumas idéias para região, alguns projetos. Como algumas autoridades, que não agradam muito da idéia e... tentam dar outro rumo para região. Isto nunca funcionou. Isso é tradição, esta é missão aqui da região. Outros comércios passaram por aqui, como comércio de cereais, que foi para o CEASA, acabou aqui na região e, aqui a tradição aqui continuou. Mas quando aparecem algumas autoridades que tentam mudar essa história nossa, eles não conseguem, porque a sociedade, ela sai em nosso favor. Ela reconhece a importância disso e já é comprovado. Das vezes em que a zona boêmia fechou por alguns dias, aumentou muito a violência contra a mulher, casos de estupro e total de casos de violência. Exatamente nestas épocas.
- E quando fecharam, o senhor se lembra de uma situação?
- Tiveram algumas vezes. Antigamente, quando se queria protestar contra alguma coisa, as autoridades, a primeira coisa... eram duas coisas típicas daquela época que seriam perseguidas: casa de jogo de bicho e zona boêmia. Então, por exemplo, quando o pessoal da polícia estava insatisfeito com alguma coisa, vamos fechar o jogo de bicho, vamos fechar a zona. Acabava acontecendo isto. Uma vez uma delegada de mulheres, achou isso aqui não estava certo. É que tem um artigo na Constituição, que vai de encontro à nossa atividade, que é artigo 228, o favorecimento da prostituição. Ela então tentou fechar, fez várias operações e encaminhou ao Ministério Público e, nós fomos julgados e absolvidos nas duas ações que ela moveu.
O Ministério entendeu que é uma tradição, que se é um mal, é um mal necessário. E que ele não viu assim nenhum tipo de exploração humana. Em cima disso, os hotéis trabalham. Um hotel comum, ele hospeda a mulher, como a mulher se hospedaria em qualquer outro hotel, cobrando dela hospedagem.
Agora a questão do comércio de natureza sexual, esse aí já fica a critério da mulher do cliente. Ela poderia fazer isso em um hotel da zona boêmia. Como ela poderia fazer isso em um motel ou em outro um hotel, em uma casa. Então você diz assim, para dizer que a gente favorece a prostituição, teria que dizer o mesmo, que os hotéis e os motéis também favorecem. Aqui no centro é cheio de motel também. Muito antes pelo contrário. Aqui a mulher tem mais privacidade. É o trabalho delas. O trabalho se torna mais profissional, porque realmente é um local adequado, em que o cliente já vem procurar e não precisa de anúncios, de se expor na rua. Não é preciso fazer captação de cliente. Ela vem aqui e trabalha como uma profissional no setor, que é o dela, entendeu? Pagam a hospedagem como ela pagaria de qualquer outro hotel e, as casas estão preparadas para dar conforto e segurança para elas. - Uma coisa que é curiosa para mim é como uma transformação de “gênero”. Que todos os hotéis, talvez tenham começado com mulheres e agora, recentemente têm o surgimento das trans, por exemplo. Como se percebe essa relação, esta mudança?
- E isso é coisa do mundo moderno, não é? Então, antigamente isso não existia. Existia sim travesti na verdade e tal, mas era muito pouco, entendeu? E não concorria com a mulher, ele era de uma maneira diferente. Muitas das vezes eles eram mais ligados a dar assistência à mulher como cabeleireiro, por exemplo, e se envolvia nesse meio por aí. Pode ser até que junto com isto poderia até faturar alguma coisa na linha de comércio do sexo. Mas na maioria, eles eram companhia das mulheres, mas no sentido da preparação da mulher. Agora, já mais recente, a gente nota que vem mudando muito. Dentro do caso do hotel Nova América nós tivemos o caso, que foi interessante. Tinha uma garota, que na verdade era um homem. Ela durante muito tempo frequentou, frequentou até de uma maneira muito discreta. Eu mesmo, quando cheguei aqui, só depois de um ano administrando a casa é que eu fui notar que não era uma mulher, entendeu? Era Luiz, não sei o que lá… eu que fazia os documentos… aí eu vi. No entanto, ela pagava diária direitinho, tinha os clientes dela. Apareciam também outras raridades aqui na região. Hoje já está mais infestado, tem até algumas casas que se especializam nesse tipo de sexo. E se existe a pessoa trabalhando é porque existe o cliente. Então, a conclusão tudo acaba na lei da oferta e procura
- Tem uma história que o senhor tem em sua mente, que quando você está tomando uma cervejinha no bar com os amigos que você faz questão de contar?
- Não ficaram assim muitas histórias não, porque quando eu vim pra cá, já estava bem mais tranquilo, não é? O que eu convivi mais no meu tempo aqui, foi em relação às perseguições que a gente tinha, nas épocas em que eles queriam fechar a zona boêmia. Uma que eu passei, foi quando a delegada tentou fechar aqui. Ela então mandou me procurar e estava furiosa comigo por causa de um evento que aconteceu. Então eu fui na delegacia dela, porque eu fiquei sabendo que ela estava me procurando. Estava correndo um boato que eu tinha feito alguma coisa contra a operação policial e aquela coisa toda…então eu compareci voluntariamente na delegacia dela. Ela tomou até um susto com a minha chegada, porque ela esperava me ver, que eu chegasse capturado pelos policiais dela, algemado. E eu me apresentei espontaneamente, e conversei com ela lá. Então fui apresentar o caso, como realmente tinha acontecido. Eu estava há muito tempo como um inimigo da polícia, como quem tivesse atrapalhando a operação policial… Mas a verdade é que quando ela fez a operação policial aqui, ela tinha com intuito de mostrar para a sociedade um crime que era praticado aqui na região, que tinha que parar com esse comportamento criminoso.
Então ela chegou a encaminhar homens nus para a delegacia de polícia para provar: Olha é casa de sexo. Aquela com aquela coisa toda. Então, nessa época eu contratei uma advogada para saber o que é que eu poderia fazer para me defender. Então ela falou: Você pode pedir ao Ministério Público, que informe a legalidade da operação. Assim eu fiz.
Na hora que o juiz acionou, que foi ver como é que andava essa atitude, essa operação, aparece meu nome lá e entendeu? Ela entendeu que era um propósito meu de barrar a operação… Mas a proposta era apenas ela apenas me defender, entendeu? Uma casa registrada e com décadas de funcionamento,
já há quase 50 anos. Na época eu não via daquela maneira… mas aí você correu tranquilo. Fizeram o processo e encaminharam para justiça. E eu fui absolvido. Depois ela veio a se tornar minha amiga, se candidatou a vereadora e eu apoiei ela na campanha. Não ficou mágoa.
- E as histórias, por exemplo, do Cintura Fina. O senhor já ouviu alguma coisa aí?
- Ele era famoso pelo golpe da navalha, que naquela época. Eles usavam um negócio de amarrar a navalha num barbante, jogar a navalha no adversário e às vezes cortar o pescoço dele e puxar na navalha com o barbante e pegar fechada na mão. E o Cintura Fina, ele era um dos que sabia este golpe.
- O golpe de navalha voadora. E sobre outros, como a Maria Cabeção e a própria Hilda Furacão?
- A Hilda furacão, ela só ficou famosa depois do uso do livro do Roberto Drummond. Na época dela, ela era uma mulher como muitas das que tinham por aí que… nós poderíamos dizer que eram assim… que eram verdadeiros furacões. Porque se você olhar o que é a mulher tradicional mineira no sexo e… uma profissional do sexo, tem uma diferença muito grande. Então qualquer pessoa, com o escritor que experimentou e viu esta diferença. Ele escreveu no livro quer dizer o seguinte: ele viu uma mulher que era bem diferente da mulher tradicional, da mulher que realmente o homem tem em casa, entendeu?
Mas não que ela fosse a única profissional dessa competência. Hoje é comum você pegar uma garota nova, que já é uma profissional assim. De mostrar serviço, deixá-lo, como se diz, de quatro, entendeu? E mais, naquela época existiam essas, mas não era muito divulgado… então não o homem se tornava um frequentador assíduo aqui da região, onde ele sentia essa diferença. Aquele sexo básico, papai e mamãe que ele tinha em casa era uma coisa e aqui, era outra. E ainda tem um detalhe, naquela época não se falava em preservativo não. Não se usava camisinha naquela época. Quero dizer uma coisa, ainda não tinha essa ameaça de AIDS… essas coisas não. Então, aí a coisa ficava mais interessante ainda. Então, isso aí você pode ter certeza, que teve muita mulher aqui naquele pedaço, naquela época, que merecia o codnome de Furacão também.
- Aproveitando a ideia sobre paixões, aquela velha história: vou tirar você deste lugar… é tanta competência que o cara se apaixona e, acaba querendo tirar. Você viu isso na sua história? Não tinha problema com isso? Que ele tirasse ela?
- Não, não. Muito antes pelo contrário. Aconteceram alguns casos que eu conheci e, nós até festejamos? Inclusive uma era até parente minha, entendeu? Ela saiu daqui casada e viveu com o marido até os últimos dias dela. Morreu de morte natural e teve um casamento muito bom. E como o caso dela, tiveram muitos outros casos e a gente não via isso como uma derrota, mas sim como uma vitória. Não é pelo fato que a gente está perdendo uma garota, que vai fazer falta… muito pelo contrário, se existe uma coisa que nós não temos dificuldade no setor é de angariar garotas profissionais do sexo. Elas já procuram naturalmente pela fama, que a região tem. E a nossa tradição sempre foi marcada, como se diz, por falta de vagas. Então era muito comum no passado a gente chegar na gerência do hotel e ter várias mulheres aguardando uma chave.
Inclusive surgia o mercadozinho negro ali para elas, um paralelo que os próprios funcionários das casas faziam. Eu aqui eu até percebia, mas fazia uma vista grossa, o que é o chamado bico. A mulher chegava e ficava no horário dela, mas ela ia embora mais cedo, já que tinha ganhado o suficiente… queria aproveitar a noite ou a tarde para alguma coisa, então ela abandonava o quarto que ela já tinha pago a diária. Então o que é que o funcionário fazia? Ele cobrava uma taxinha de voltar a ocupar aquele quarto. Já estava com a diária paga por um período, e surgia um espaço até que a outra garota chegasse. Porque geralmente, a gente trabalha com dois períodos: a mulher que trabalha de dia, fica até às 16h00, depois ela volta para casa. Muitas delas são donas de casa, arrimo de família, tem mãe para criar, tem uma doente, filha, essa coisa toda. Então elas têm que voltar para casa, sempre tem que estar em casa a noite. Como ela vai embora mais cedo, até a outra que pega no turno da noite chegar, fica um espaço de umas duas, três horas… então, o pessoal cobrava e uma comissãozinha, uma gorjetinha, durante aquelas horas. A gente sabia disso e chamava de bico. O quê seria uma maneira de o funcionário ganhar uma graninha extra, não é? E era dividido entre eles. Como gorjeta em casa noturna, não é? Tem muita casa que soma a gorjeta e depois divide igualmente para todo mundo.

https://www.youtube.com/watch?v=DHNrchFKwyo
CALDO DE PINTO (direita)
Daniela da Costa
Situação artística
Recepção dos residentes
Hotel Rubi
Ações de Instauração
Acima hasteamento de bandeira
Abaixo
Situação artística
Carimbo
Foda-se sobre dinheiro







Durante um mês, passaram pela residência diversos artistas, com períodos variados de permanência.
Autores residentes
Rodrigo Marques Francilins
Rodrigo Alcântara Francisco Slade
Alê Ruaro
João Borges
Bia Mom e Alexandre
Sarug Dagir
Luciana Vasconcelos
Coletivo Coiote
Ventura Profana
Maria Eugenia Cordero
Santiago Rueda
Rodrigo Baiano
Felipe Caires Britto
Alam Lima
Ranna Vieira
Camila Melchior
«Olhar para Dentro»
Tha Alves Liboa
Em ruas escuras, onde sombras dançam, Uma figura solitária se questiona. Quem sou eu, além deste corpo? Qual é o preço da minha alma?
Nas noites frias, entre lençóis estranhos, Eu sinto a perda de meu eu verdadeiro. A cada olhar, uma parte de mim morre, E a manhã traz apenas mais arrependimento.
Mas quem é o culpado? Quem é o salvo? Quem é o juiz que me condena? Ou sou eu mesma, que me condenei? A mim mesma, que me perdi?
Nas sombras da noite, uma voz sussurra: «Lembre-se de quem você era.» Uma voz que ecoa, uma lembrança, De uma vida que poderia ter sido «Vozes da Noite»
Tha Alves Lisboa
Na escuridão, ouço vozes, Sussurros de dor, gritos de silêncio.
Mulheres esquecidas, corpos explorados, Almas que clamam por liberdade.
Pés que caminham, olhos que choram, Corações que sangram, almas que morrem.
A noite é escura, mas não é silenciosa, Ecoa o grito das mulheres abandonadas.
Mas ainda há esperança, Em meio à escuridão, há luz. Há vozes que se levantam, Há corações que se unem.
Não mais silêncio, não mais dor, Não mais exploração, não mais medo. Sim, há liberdade, há amor, Há respeito, há dignidade.
Vozes que clamam por justiça,
Vozes que exigem respeito.
Vozes que se levantam, Vozes que nunca mais se calarão.
Na escuridão, encontro luz,
Na dor, encontro força.
Na solidão, encontro união,
Na luta, encontro liberdade




Santa Morte
Artista Simone Carvalho
Hotel Rubi
Abaixo
Residência de artistas Hotel Stylus
Ponto de Convergência das açoes do Museu do Sexo
Cozinha da Nice Hotel Stylus



Atelier de construção de
Intervenções durante a Virada Cultural de Belho Horizonte 2016
«Parangolé»





Acima
Luciana Vasconcelos
Residente do Museu
Performance durante a Parada LGBT de Belo Horizonte 2016
Ao lado
Situaçao artística
Corda
Intervençao, durante a Parada LGBT 2016
Na próxima página dupla registros da residência no Hotel Stylos.
Fotografia pin-hole digital
Felipe Caires Brito










A VOZ SACRA DA TUA URETRA
Há um verdadeiro coração pulsante na cabeça de teu pênis!!!!Na verdade, é a tua glande gorda oriunda do teu pau grosso e grande,que num vôo ao meu reto abaixo, mexe e remexe espalha leite Via Láctea, que acaba enchendo-me a boca.
O coração de teu pênis dispara sussurros de voz sacra, ejaculando dádivas de sac-a(mo)r-ose.
Assim, num gemido alto, macho, sacro e profano tu silencias. Então, eu me efemino com teu falo em gritos de enfatuar-nos
Agente fode brincando de macho e fêmea, onde tu vais cobrindo-me a nalga, Por onde teu dardo duro mergulha entrando e saindo.
Dois corpos nus, cujo desejo afasta o ridículo e o pecado, pois nos amamos pela voz sacra da tua uretra
Sarug Dagir
Produção literària da residente Sarug Dagir

Bia Mom e Alexandre Guzanshe Produção durante a residência



Livro Hotel Rubi
Alê Ruaro
Produzido durante a residência



Acima : Conde
Proxima pagina Hilda/Nice
Desenhos de Rodrio Marques


GOZEMOS - Mostra inaugural
Deambulações, ocupação, situações
Museu de percurso
Centro de Belo Horizonte
Parceiro de atividades Conde
O Museu do Sexo Hilda Furacão promove a convergência e difusão de ações culturais em torno do sexo e tem Hilda Furacão como matrona. Museu caminho, Museu Zona, escorre pelas veias da capital mineira, cruza lupanares da Guaicurus - importante complexo de prostituição do Brasil - aporta em centros culturais, perde-se por encruzilhadas. Esta iniciativa, inédita no Brasil, propõe viagens pelos labirintos da sexualidade, em diálogo com a reflexão e valorização do patrimônio cultural e artístico das Minas e dos Gerais. “Não fomos catequizados, fizemos foi carnaval.”
LOCAIS DE EXPOSIÇÃO
Shopping UAI – até 21/08/2016
Mostra Atentado ao Pudor – Curadoria: Maria Eugenia Cordero e Santigo Rueda.
Artistas participantes: Marina Cisneros ( Argentina ) / Maria Eugenia Cordero ( Argentina) / Danielle Spadotto ( Brasil ) / Roderick Steel, Adriana Tabalipa (Brasil ) / Natali Tubenchlak (Brasil) / Colectivo Mamilos Livres ( Brasil ) / Ivanna Haag (Colombia)/ Laerte (Brasil) / Fabio Tremonte (Brasil) / Kippel Branding (Colombia) / Paula Acosta(Colombia) / Santiago Rueda (Colombia) / Manú Mojito (Colombia) / Sara Solarte ( Colombia) / Sofía Reyes (Colombia) / William Aparicio (Colombia) / Andrea Barragán (Colombia) / Jaqueline Tovar (Colombia) / Oscar Salamanca (Colombia) /Jose Ignacio Cadena (Colombia)
Hotel Magnífico – até 21/06/2016
Exposição de pinturas – André Araújo
IPHAN – MG
Obra coletiva – COMCIENCIA
Centro de Referência da Juventude
Exposição de Fotografias - série Vi elas - Francilins
Centro de Referência da Moda - até 21/08/2016
Alam Lima / Ale Ruaro / Alexandre Guzanshe / Alexandre Lopes / André Araújo / Bárbara S. de P. / Beatriz
Mom / Felipe Caires Brito / Francilins / João Borges / João Castilho / Nice / Patrick Arley / Sarug Dagir / Simone Carvalho / Pedro Mich / Rodrigo Araújo Baiano / Rodrigo Marques
Idealização e curadoria: Francilins / Co-idealizadora: Sarug Dagir /Equipe: Bia Mom / João Borges / Henrique
Detomi / Rodrigo Marques / Rodrigo / Araújo Baiano / Izadora Fernandes / João Castilho / Kátia Salvo
Apoio: Shopping Uai, hotéis Stylus, Ruby, Requinte, Nova América, Gmatos, Magnífico, Montanhês e Privê.

Ao lado, Salão Nobre do Museu da Moda
Obra Fun Devices de Simone Carvalho
Próxima página dupla, da esquerda para direita
Alexandre Lopes
Francilins
João Castilho = Pequeno Furacão
Francilins = colchão de memórias (áudio de Laura e Cássio)




Nesta página, da esquerda para direita
Alê Ruaro e Rodrigo Baiano
Alam Lima
Francilins
Próxima página
acima:
Patrick Arley, Três Graças
Francilins, Vi elas
Abaixo:
Objetos imantados
Tonha



Pedro Mich
Troféu Nice



Esquerda: Alexandre Lopes
Acima: Nice
Abaixo: André Araújo



Acima: Alam Lima
Esquerda abaixo: Bárbara S. de P.
Abaixo direita: Simone Carvalho
Fun Devices explora a relação entre forma e função em peças de vestuário íntimo, onde a sugestão de uso prático é negada pela própria natureza das esculturas. Inspirado na cultura sadomasoquista e na estratégia de choque do Dadaísmo, o trabalho utiliza lâminas de aço inox, tradicionalmente associadas a facas, para criar peças delicadas e elegantes que imitam vestimentas, mas que não podem ser usadas. As esculturas têm proporções humanas e, ao mesmo tempo, cortam tanto quem as «veste» quanto quem interage com elas, provocando uma tensão entre atração e repulsa. Ao serem expostas na galeria, um espaço já legitimado como de arte, as peças seduzem pela forma, mas chocam pelo perigo implícito, destacando que toda forma de expressão artística tem seu lugar.


Simone Carvalho


Direta:
Esquerda: Francilins
André Araújo
Felipe Caires Brito Pin-hola
«Quando Eu Morri»
Eu não lembro do dia exato, Mas sinto que uma parte de mim partiu. Talvez foi quando perdi a inocência, Ou quando o mundo me mostrou sua crueldade.
Talvez foi quando eu me perdi em mim, Ou quando o silêncio me engoliu. Talvez foi quando eu esqueci de sonhar, Ou quando o medo me prendeu.
Mas quando eu morri, eu não sabia, Que a morte não é o fim, mas um começo. Um começo de uma jornada interna, Para encontrar o que resta de mim.
E agora, eu busco respostas, Nas sombras do que resta de minha alma. E pergunto: «Quando eu renasci?»
E ouço: «Quando você se lembrou de viver.»
«De Catwalks à Sombras»
Sonhei em passarelas, luzes e glória, Modelo, bela, objeto de desejo. Mas o amor me enganou, me abandonou, Deixou-me só, com feridas profundas.
Caí na noite, prostituição e dor, Buscando amor, mas encontrando mais sofrimento. O crime me envolveu, cadeias me prenderam, Pensei que era o fim, minha vida se apagava.
Na escuridão, encontrei a morte, Mas também encontrei a minha força. Renasci das cinzas, como a fênix, Deixei o passado, escolhi o amor-próprio.
Agora caminho, cabeça erguida, Deixando o trauma, abraçando a vida. Minhas cicatrizes são marcas de força, Provas de que sobrevivi, renasci.
Não sou mais a mesma, estou renovada, Minha beleza agora vem de dentro. Não preciso mais de olhares de outros, Meu valor vem do meu próprio amor.
«Renasci»
Luto pela liberdade, pela vida, Contra as correntes que me queriam presa. Empoderada, eu me levanto, Minha voz ecoa, minha história é contada.
Não sou mais vítima, sou guerreira, Minha força é minha maior arma. Eu me amo, eu me respeito, Eu sou livre, eu sou quem eu quero ser.
Minha jornada não foi fácil, Mas eu não desisti, eu continuei. E agora, aqui estou, Lutando, vivendo, renascendo.
Das Sombras à Luz»
Eu caminhei nas ruas escuras, Onde sombras me cobriam, Uma vida de dor e sofrimento, Onde meu corpo era mercadoria.
Fui chamada de prostituta, Pela sociedade hipócrita, Mas eu sei quem sou, Uma mulher, forte e infinita.
As noites frias e os dias cinzas, Não apagaram meu fogo interior, A dor me fez buscar, Uma saída, um caminho a seguir.
Eu encontrei minha força, Nas lágrimas e no choro, Eu me levantei, E comecei a escrever meu novo destino.
Das cinzas da minha alma, Eu renasci, como a ave phoenix, Minha dor se transformou, Em uma história de superação.
Eu não sou mais a mesma, Que caminhava nas sombras, Eu sou uma mulher, Que encontrou sua luz.
Minha história não é mais, De dor e sofrimento, Mas de superação, E de muita dor transformada.
Eu sou uma sobrevivente, Que encontrou seu caminho, Eu sou uma mulher, Que aprendeu a renascer



André Araújo
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André Araújo
Nesta dupla
Exposição de pinturas Hotel Magnífico



https://www.youtube.com/watch?v=LaABojLc8Xo
https://embaubaplay.com/catalogo/rua-guaicurus/
Filme de João Borges
Documentário
Longa Metragem gestado durante a Residência do Museu
Filme A ESPERA João Borges
Daniela Freitas
Já era tarde quando chegaram furtivamente até a sua casa. Ele abriu o portão bem devagar e ela tirou os sapatos de salto para não fazerem barulho que pudesse despertar os pais. O quarto de Cauã ficava fora da casa, ao fundo e para chegar até lá, era necessário passar por um corredor lateral por toda extensão da casa. A lua cheia iluminava os passos do casalzinho que caminhava agachado para que o vulto ou sombra de ambos não fosse percebido pela janela do quarto dos pais que profundamente dormiam naquela madrugada de sábado, 16 maio. Ao final do corredor havia uma pequena escada de três degraus que dava acesso ao quarto do qual Cauã chamava de anexo B ou cafofo. Gisele não entendeu o porquê dos nomes, mas tão pouco a importava. Ao chegar à porta, Cauã, bem fez para abrir de forma cautelosa o portão, fez para a porta do seu quarto, anexo B ou cafofo. Fique à vontade para escolher. Ao acender a luz, Gisele se encantou com o lugar. De cara, na parede viu um grande pôster do Jimi Hendrix e um pouco mais abaixo, um pôster menor do The Doors e outro de Janis Joplin. Gisele também curtia todos esses artistas, principalmente Janis cuja forma de se vestir era copiada pela garota. Havia uma pequena escrivaninha com computador e impressora. Acima do móvel, recortes de jornal com algumas notícias antigas sobre Nelson Mandela, Malcon X e Lamarca. Nas portas do guarda-roupa se via colado figuras de mulheres recortadas de revistas. Gisele identificou Marilyn Monroe, Leila Diniz (esplêndida de barrigão de fora), Winnie – esposa de Nelson Mandela e Greta Garbo. As demais figuras passaram despercebidas aos olhos de Gisele por serem mais sensuais.
Encostada na parede de forma que sua lateral ficava abaixo da janela, a cama estava desarrumada. A luz da lua penetrava por uma brecha da janela. Ao lado desse móvel havia um tamborete de madeira que servia de mesinha. Ali havia um abajur pequeno e dois suportes para colocar velas, onde Cauã acendeu duas e apagou a luz do cafofo.
Dizia ele que emanava a claridade das velas, pois proporcionava um ambiente que remetia ao antigo e ao segredo, à poesia mal do século e à brincadeira infantil com sombras. Para completar, Cauã colocou bem baixinha uma música instrumental alegre tocada com pífanos. Gisele achou muito interessante e começou a dançar de tal maneira que conotava as danças das mulheres camponesas europeias em meio à floresta, festejando o período da colheita.
Cauã se sentou na cama para admirá-la. Seus olhos percorriam seus movimentos que nas sobras ficavam perfeitos e envolventes. Em determinado momento, Gisele estendeu a mão para Cauã o convidando para dançar. A princípio relutou, mas se viu tão envolvido que aceitou o convite e se envolveu nos rodopios que Gisele dava. Ali dançaram sem passos definidos, mas sim improvisados conforme o afã do momento.
Cauã se sentia queimando por dentro e num movimento abraçou Gisele por trás e como se não quisesse parar, continuou a bailar de um lado para outro, envolvida nos braços do rapaz que agora beijava o seu pescoço e sentia seu cheiro de pele, sem creme, sem óleo, sem perfume. Cheiro de naturalidade e excitação. Os ósculos ficaram cada vez mais envolventes, quentes e descompassados. A moça afastou Cauã que a princípio se desculpou por achar que tinha ido longe demais. Ela colocou as mãos do rapaz para trás e fez sinal de silêncio colocando o dedo indicador sobre sua boca. Então ela começou a beijá-lo calmamente, iniciando pela testa, beijando o nariz, os olhos, as bochechas, o pescoço perpassando pela nuca, atrás de uma orelha, subindo novamente pelo pescoço, queixo e por fim na boca.
Cauã arrepiava. Nunca tinha sido beijado daquela forma. Então, Gisele fez a entender que Cauã poderia despi-la e assim ele o fez, calmamente e vice-versa. Ambos nus, em pé, se abraçaram desejosos por sentir o calor um do outro e as batidas aceleradas dos corações em chamas. Os beijos foram retomados e as mãos faziam suas leituras pelos corpos.
Em certo momento, Gisele foi lentamente se abaixando e beijando o peito de Cauã e passando levemente sua língua pelos seus mamilos, fazendo com que seu corpo tremesse. Ela continuou chegando ao umbigo e com movimentos circulares com a língua percorreu a periferia da cicatriz. Depois suavemente soprou. Cauã em um movimento rápido segurou sua cabeça distanciando-a do seu abdômen, como se pedisse para parar.
Gisele parou e o olhou de baixo para cima, gentilmente tirou as mãos de Cauã e continuou a beijá-lo milimetricamente, avançando pela sua pélvis, virilha e...
Cauã segurava com as duas mãos a própria cabeça e alternava o olhar entre o teto e a moça de boca quente, molhada e macia.
Gisele carinhosamente afastou as pernas de Cauã e agachada começou a beijá-lo e passou por entre as pernas do rapaz que já não continha o tremor dos membros inferiores. Agora ele tremia por inteiro. Gisele, aos beijos e lambidinhas, foi subindo pelas endurecidas nádegas e chegando às fortes costas de Cauã.
Neste ápice, o dono do anexo B a puxou para os seus braços e com beijos mais ofensivos a conduziu para a cama, deitando-se sobre seu corpo alvo como a luz da lua.
Ela cruzou as pernas em volta da sua cintura e Cauã ergueu o peito pois, queria ver sua face, queria ver sua beleza naquele momento natural. Por sua vez, ela o apertou com as pernas, deixando pouco espaço para o movimento do rapaz que entendeu o seu desejo e continuou num vai e vem discreto. Ela fechou os olhos, segurou seus braços com força. Cauã ouvia baixíssimos suspiros e a sua respiração ofegante.
Em certo momento ela o afastou com os pés e ficou de costas apoiando os joelhos no colchão e uma das mãos da cabeceira da cama. Cauã, sem perder atenção, veio por trás e de maneira firme segurou seu longo cabelo preto cacheado até as costas e fez movimentos compassadamente firmes. Gisele com a outra mão se manipulava.
As velas estavam quase por fim e os dois enamorados ali cúmplices, da mesma forma que a luz da vela e as sombras. Tudo em harmonia.
Gisele parou e fez com que Cauã se deitasse e agora era ela que iria por cima. Calmamente sentou no rapaz que, como ela, fechou os olhos procurando sentir cada milímetro úmido e quente do seu interior.
Ela se remexia com muito prazer e o feixe da luz da lua iluminava parte do seu corpo dando-lhe o tom prata. Então, Gisele se debruçou sobre o peito de Cauã que em movimentos rápidos e com gemidos ao seu ouvido, sentiu um líquido quente descendo sobre ele e quanto mais ele movimentava, ela expulsava de dentro de si esse líquido e na pela terceira vez, foi o momento de Cauã chegar ao seu êxtase.
Ela se desfez por completo sobre o peito do rapaz que também ofegante a abraçou até que as respirações voltassem ao ritmo inaugural de todo o processo.
Nesse momento, as velas se apagaram.


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Oficinas
Nesta página oficina de modelagem
Facilitador: Alam Lima Shopping UAI
Oficina de Quedas
Facilitador Francilins CRJ

Mostra Atentado ao Pudor – Curadoria: Maria Eugenia Cordero e Santigo Rueda. Artistas participantes: Marina Cisneros ( Argentina ) / Maria Eugenia Cordero ( Argentina) / Danielle Spadotto ( Brasil ) / Roderick Steel, Adriana Tabalipa (Brasil ) / Natali Tubenchlak (Brasil) / Colectivo Mamilos Livres ( Brasil ) / Ivanna Haag (Colombia)/ Laerte (Brasil) / Fabio Tremonte (Brasil) / Kippel Branding (Colombia) / Paula Acosta(Colombia) / Santiago Rueda (Colombia) / Manú Mojito (Colombia) / Sara Solarte ( Colombia) / Sofía Reyes (Colombia) / William Aparicio (Colombia) / Andrea Barragán (Colombia) / Jaqueline Tovar (Colombia) / Oscar Salamanca (Colombia) /Jose Ignacio Cadena (Colombia)
Shopping UAI







Guaicurus, comunidade em movimento
Marina França
A Guaicurus, ou zona boêmia de Belo Horizonte, pode ser considerada uma “mancha” (Magnani, 2002) na cidade, ou seja, uma área contígua do espaço urbano em que várias estruturas e estabelecimentos estão voltados para uma atividade central, no caso, o comércio do sexo. É também uma “comunidade de prática” (Lave e Wenger, 1991), no sentido em que vivem e convivem ali, cotidianamente, em diferentes hotéis, bares e comércios da região, prostitutas, funcionários, donos de hotéis, clientes, vendedores e entregadores de alimentos, em estabelecimentos específicos ou circulando entre eles. Reproduzem-se modos e regras tradicionais de trabalho e de convivência, ao mesmo tempo em que se abre espaço para choques de gerações e mudanças nas práticas.
As diferenças entre as pessoas participantes da zona boêmia a tornam uma comunidade mais interessante, na medida em que práticas e sentidos são aprendidos/apreendidos por quem passa a fazer parte dela, mas são também continuamente transformados pelas diferenças e pelo fazer junto. Do início do século XX a seu auge nos anos 1950, tempo dos cabarés e de seus bailes, tornando-se entre os anos 1960 e 1970 um local preferencialmente de iniciação masculina, passando por uma importante pauperização nos anos 1980, em seguida, por ameaças cíclicas de fechamento pelo estado e, recentemente, pela pandemia da COVID-19, a zona boêmia se consolidou no século XXI como um reconhecido local histórico de prostituição do baixocentro de Belo Horizonte. Lugar de coexistência de contradições, tanto é chamada por alguns clientes de “shopping popular do sexo”, pela grande quantidade e perfis de prostitutas e por ser um local de “fast foda” (Blanchette; Silva, 2009), quanto abriga relações afetivas, familiaridade e longos anos de amizade. Conjugam-se permanência e mudança; “programa básico” e relações de longo prazo; anonimato e intimidades. A zona boêmia é considerada um local de baixa prostituição, devido à predominância de prostitutas e de clientes vindos de classes baixas e ao valor do programa. Grande parte das prostitutas cisgênero que trabalham nos hotéis são mulheres de classes populares, em sua maioria mulheres negras e periféricas. Como mulheres não prostitutas com mesmo pertencimento social, são marginalizadas e exploradas economicamente (e algumas vezes sexualmente), e vivem trajetórias afetivas, familiares e profissionais muito semelhantes. A maioria das trabalhadoras da Guaicurus têm filhos e filhas, são separadas ou engravidaram de um parceiro que não assumiu a criança, não completaram os estudos secundários e já foram trabalhadoras domésticas. A luta para sobreviver - e para viver melhor – marca suas escolhas e perspectivas de vida. Dentro deste quadro mais homogêneo, há variações de estilos, raça e origem social, idade (de 18 a mais de 60 anos), e região. Há várias mulheres de Belo Horizonte, mas também de Minas ou dos mais diversos estados do país. O início do meu trabalho e circulação na zona boêmia aconteceu em 2003, acompanhando reuniões e visitas do GAPA-MG (Grupo de Apoio e Prevenção à AIDS), onde fiz um estágio em um projeto voltado para as prostitutas da zona boêmia. Roberto Chateaubriand, então presidente da ONG, ligado a Gabriela Leite e à Rede Brasileira de prostitutas, impactou meus primeiros contatos com a Guaicurus. Ressaltou o prazer das prostitutas, contra um esperado sofrimento que o senso comum, grupos conservadores e até feministas anti-sexo levam a fabular. Entrando nos hotéis e ouvindo as conversas entre prostitutas, de fato, o que mais escutei foi o riso, ligado às histórias sobre clientes, programas e prazer, e um tanto de sofrimento, principalmente ligado, no entanto, à estigmatização da prostituição, às duras trajetórias de vida nas classes mais baixas, às histórias conjugais anteriores à prostituição, com experiências de desemprego, violência, alcoolismo, desamparo e traições de seus parceiros.
Pesquisei a zona boêmia de Belo Horizonte de 2005 a 2011, durante o mestrado e doutorado realizado na École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS-Paris), e continuei envolvida na Guaicurus, realizando pesquisas e atuando como consultora em alguns projetos da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (APROSMIG) entre 2012 e 2016. Tive o prazer de conhecer prostitutas, algumas também ativistas, maravilhosas. Me guiaram na compreensão da prostituição e da vida, carregando o riso e a sabedoria de quem já viu muita coisa.
Em meu primeiro período de pesquisa, intrigada pelo que acontecia ali, me voltei justamente para a questão
dos afetos e da sexualidade na Guaicurus. Abordei as trocas afetivas, sexuais e econômicas vividas por prostitutas dentro e fora do contexto de prostituição. (França, 2014; 2017b) A cordialidade, simpatia e afetuosidade são consideradas pelos clientes e prostitutas como as principais qualidades de uma profissional na zona boêmia. Apesar do programa básico ter duração máxima de 15 minutos, envolve contato interpessoal. E algo importante a aprender nesse contato é como tratar bem o cliente, propor programas mais complexos e caros, estimular o gozo rápido e cativar o cliente para que volte. Um “cliente fixo” pode pagar mais pelo programa básico, por programas mais longos, assim como dar presentes à prostituta.
A administração das interações, que envolvem vários tipos de intimidade (corporal, sexual, informacional etc.) demandam das prostitutas, como de tantos outros profissionais, um “trabalho emocional” (Hochschild, 2003). As trabalhadoras modificam suas emoções mais superficialmente, em geral sem perceber, tentando suprimir, estimular ou alterar a expressão das emoções, seja sorrindo, seja mostrando-se pacientes ou carinhosas. Podem também tentar modelá-las mais profundamente de forma a realizarem um bom trabalho, estimulando sentimentos positivos em relação aos clientes (como associar o suor dos homens ao trabalho para não sentir nojo), e estabelecendo uma “boa distância” (Jeantet, 2003) em relação a eles, evitando demasiado envolvimento emocional. Com a maioria dos clientes, fixo ou não, as prostitutas seguem um certo script de interação, repetindo mesmas frases e técnicas de atendimento. Mas toda relação profissional envolve diferentes tipos de emoção, positivas e negativas, em maior ou menor grau. Apesar de um esforço social para separar as duas esferas - com a ideia de que os sentimentos corrompem o trabalho, e o dinheiro corrompe a vida particular - afetos e transações circulam ambos tanto na esfera profissional quanto na esfera privada. As pessoas envolvem constantemente atividade econômica e intimidade e tentam estabelecer boas combinações entre elas. (Zelizer, 2009)
Além disso, apesar do distanciamento entre prostituta e cliente ser o padrão, há relações mais personalizadas, pelo tempo ou pelo tipo de contato, que podem manter-se profissional ou deslocar os limites entre o trabalho e o pessoal. Diferentes emoções podem aparecer nas interações: cumplicidade, amizade, compaixão, desejo, raiva, nojo, carinho, amor. Clientes fixos podem permanecer por tempos com o atendimento padrão: mesmo tempo, valor e práticas. Mas é comum que alguns desenvolvam diferentes formatos de trocas íntimas com as prostitutas. Podem frequentar uma mesma profissional por mais de vinte anos, sair para comer, ir ao shopping, aportar um “plus” na retribuição (pagando conta, comprando eletrodomésticos ou dando presentes para as mulheres com quem têm relação fixa). Sabem às vezes das histórias de família e das dificuldades um do outro, e há clientes que ajudam a prostituta a arrumar um advogado ou um emprego para o filho. As prostitutas da Guaicurus costumam chamar estas relações de “amizades” ou de “casamentinho”. Mas “trabalho é trabalho, amizades à parte”, como diz uma prostituta e ativista da Guaicurus, cobrando pagamento a um cliente que a chamou para sair no meio da noite. Mais raras, embora ainda relativamente frequentes, são interações que provocam um outro tipo de deslocamento, transbordando tanto para fora dos hotéis, quanto para a esfera do privado. Por causa dos inúmeros contatos que se estabelecem ali, da rotatividade de clientes, e de uma proximidade social entre as mulheres e os clientes, algumas interações rapidamente se tornam encontros. O casal começa a se ver fora dos hotéis, pode iniciar um namoro, que leva ou não ao casamento, colocando em questão também a saída ou não da prostituição. Muitas mulheres reclamam então de namorados que somem, não assumem o relacionamento, e dizem se sentir vulneráveis quando se apaixonam, voltando para a mesma posição dos relacionamentos anteriores à prostituição. No hotel, sentem-se espertas, aprendem a controlar as situações, prever os passos dos clientes, colocar limites. É algo importante na aprendizagem da prostituição, sair da posição inicial de “namoradinha” e se tornar uma profissional.
A aprendizagem foi o tema a que me voltei de 2012 a 2016. Uma nova abordagem e perspectiva teórica, baseada principalmente no trabalho de Jean Lave (Lave e Wenger, 1991), me fizeram tirar o foco da dupla prostituta e cliente e olhar mais para o que estava se passando na zona boêmia, o que se diziam as prostitutas em uma reunião, na cantina ou em um quarto de hotel. (França, 2017a) Notei a postura corporal, o tom de voz e o modo de falar que as mulheres adotam para contar casos umas às outras. Essa performance e o conteúdo dos casos ensinam às novatas e colegas como ser uma prostituta e melhorar suas técnicas de prevenção, conquista do cliente e ganho de dinheiro. O riso e a jocosidade estão muito presentes nesses mo-
mentos. As trabalhadoras falam de casos de programas, de demandas dos clientes, do apreço dos homens por elas, de como saíram de uma situação complicada, e é comum aparecer também a questão do gozo. Em alguns lugares de comércio do sexo do Brasil e em outros países, prostitutas e pesquisadores falam do prazer sexual que acontece com certos clientes. Outras pesquisas indicam espaços em que há pudor de se falar de prazer, ou em que a ausência deste é uma regra que uma boa profissional não pode quebrar. Pode haver influência da cultura regional e do tipo de configuração do trabalho (lugar fechado, espaço íntimo para realizar programa, rotatividade das trabalhadoras), ou pode ser simplesmente que o tema não apareceu durante as pesquisas. De toda forma, a Guaicurus parece ser um dos lugares com menos tabu em se falar de gozo. As prostitutas riem de como se permitem - às vezes - aproveitar a relação sexual. Acontece por atração pelo cliente (mais pelo cheiro, pela higiene e cuidado do homem com elas que por atração física); por serem tocadas em lugares que as estimulam; ou por estarem em um dia com os hormônios “à flor da pele”. Aprendem na profissão a conhecer mais sobre sexualidade, sobre seus corpos e os dos homens. Aprendem também a valorizar sua independência e o dinheiro que ganham, e a priorizar seus filhos e filhas. Algumas, além de se transformarem pessoalmente, aprendem a lutar coletivamente contra a marginalização da prostituição.
As prostitutas seguem trabalhando na zona boêmia de Belo Horizonte por menos ou mais tempo, até que arrumam outro trabalho ou um homem que as sustenta, voltam para suas cidades, casam-se ou aposentam. Enquanto isso, outras prostitutas, vindas de diferentes cidades, chegam na Guaicurus diariamente e sobem as escadas que existem na entrada de cada hotel. Algumas pessoas permanecem na zona por décadas, como donos de hotéis cujas mães tinham administrado o negócio anteriormente, e prostitutas com mais de cinquenta anos. A comunidade vai permanecendo, cheia de continuidades e mudanças.

Obra de João Borges Fotografia térmica produzida durante a residência
Referências Bibliográficas
FRANÇA, M. Práticas e sentidos da aprendizagem na prostituição. Horizontes Antropológicos, v.23, p.325-349, 2017a.
________. A vida pessoal de trabalhadoras do sexo: dilemas de mulheres de classes populares. Sexualidad, Salud y Sociedad, Rio de Janeiro, v.25, p.134 - 155, 2017b.
________. Quando a intimidade sobe e desce as escadas da zona boêmia de Belo Horizonte. Cadernos Pagu, UNICAMP, p.321-346, 2014.
HOCHSCHILD, A. The commercialization of intimate life: notes from home and work. Berkeley, University of California Press, 2003.
JEANTET, A. L’émotion prescrite au travail. Travailler, Paris, n. 9, p. 99-112, 2003.
LAVE, J.; WENGER, E. Situated learning: legitimate peripheral participation. Cambridge: Cambridge University Press, 1991.
ZELIZER, V. The Purchase of Intimacy, Princeton, Princeton University Press, 2005.
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Atividade
Bogotá, Colômbia




PILATOS
Vídeo
Armando Queiroz
https://www.youtube.com/watch?v=3_1upl31YsY





Armando Queiroz Fotografia
Francilins Fotografia


Jayme Fygura
livro e disco de RAP metal










Andrea Nestrea Quadrilàatero do Sexo Belém PA

série Suzana
Francilins


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Fotografia alquímica
Série
Tiresias Francilins
Produzida a partir de interções do tempo de residência nos lupanares


