Fotografia e Modernismo
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Fotografia e modernismo: um breve ensaio sobre idéias fora de lugar Ricardo Mendes (25.08.96) Volta!
Estas reflexões são fruto de preocupações surgidas durante pesquisas e documentações sobre o período e buscam, antes de um texto final de perfil acadêmico, rever abordagens sobre a produção fotográfica paulistana nas primeiras quatro décadas deste século.
É notória a ausência da fotografia (enquanto meio expressivo) do movimento modernista brasileiro. Centrado de início em manifestações de caráter literário e nas artes visuais, o modernismo passou alheio ao mídia. A idéia de ausência é par complementar das noções de presença e alienação. Nem por isso, tem se argumentado sobre as razões desse afastamento de forma consistente. Em nosso trabalho, publicado sob o título Fotografia em 1993, em co-autoria com Mônica Junqueira Camargo, que apresenta uma história da fotografia em São Paulo centrada sobre o eixo da informação e difusão da cultura fotográfica, a questão se impos. O distanciamento foi abordado de forma indireta, estudando entre outros a documentação pessoal de literatos e escritores como Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Monteiro Lobato. Procurava-se através de documentos diversos como cartas ou textos para palestras compreender a visão sobre a fotografia. O resultado desse levantamento, que aguarda uma tratamento mais sistemático, pode ser visto no capítulo Arte e fotografia - o estatuto da técnica, no livro citado. Mais adiante retomaremos algumas conclusões. O que nos interessa aqui é refletir sobre o panorama fotográfico paulistano, sua configuração no período entre 1900 e 1940 e eventuais motivos do distanciamento do campo artístico e seus movimentos de renovação. No polo oposto dessas preocupações, complementando-as temos a questão do moderno de modo amplo, que será abordada em paralelo. O livro de Renato Rodrigues e Helouise Costa A fotografia moderna no Brasil, publicado em 1996 (Funarte/UFRJ) a partir de texto realizado em 1987, estabelece como um marco da experiência moderna brasileira em fotografia a Escola Paulista, denominação que agrupa participantes que freqüentaram por breve período nos anos 50 o conjunto de atividades ao redor do Foto Cine Clube Bandeirante (1939). Os autores apontam essa produção como primeira experiência de busca de uma expressão moderna de fotografia brasileira de forma contínua, aglutinada ao redor de um grupo de produtores. No entanto, algumas questões poderiam ser levantadas. Esse momento de produção ocorreu deslocado de um contexto? Em caso positivo, o que permitiu seu surgimento? Não existiriam outras manifestações anteriores de menor escala, ao menos no cenário paulistano, que pudessem ser incorporadas ao movimento de renovação? Essa proposição merece antes um questionamento de outra ordem. Quais manifestações de modernidade estamos à procura? Uma ruptura de linguagem, um deslocamento dos focos de produção, uma nova posição para o artista, para obra e sua relação com o mercado? Uma nova relação com a obra e suas 'finalidades'? (1)
1.Fotopintura e fotoclubismo
14/03/2021 02:46