Imagens Expandidas

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Imagens da imaginação / Bruno Morais “Sempre me divirto com a ideia que certas pessoas fazem da técnica fotográfica e que se traduz num gosto desmesurado pela nitidez da imagem: será uma paixão pela minúcia, pelo capricho, ou será uma esperança de, por meio desse trampe-l’oeil, tocar mais de perto a realidade? Essas pessoas estão tão longe do verdadeiro problema quanto as da outra geração, que envolviam suas anedotas num flou artístico” Henry Cartier-Bresson

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Há tempos queria conhecer o Coletivo FotoExpandida. Achava fantástica a pegada para a fotografia artesanal do coletivo. Como integrante de outro coletivo fotográfico, o Pandilla, que tem nas práticas pedagógicas e artísticas um meio de intervenção, meu interesse por trocar experiências com o grupo era grande. Fotografia Expandida pode ser entendida por mil caminhos diferentes. Na lógica clássica que Villém Flusser estabeleceu, podemos entendê-la como um mecanismo para subverter o aparelho fotográfico. No contexto do workshop Fotografias Expandidas, na zona portuária, eu percebi que o processo artesanal, no qual o termo expandido se encaixa, pode ser também um caminho

para subverter nossa própria relação com as imagens. Não só no fazer, mas principalmente no imaginar imagens. Porque antes de tudo é preciso imaginar, e não se prender aos referenciais que todos os dias nos enchem a imaginação. A proposta da oficina, contextualizada aos aspectos socioeconômicos da zona portuária, à especulação imobiliária, à memória negra da região, esse compromisso entre arte e política, em nada atravancou o processo criativo dos participantes. Não se exigiu imagens relatos, imagens memórias, apenas imagens imaginadas. O mergulho franco na zona portuária, a relação com seus habitantes, o compromisso no processo criativo. Desde o primeiro dia a marca das oficinas foi essa interação entre contexto e criação, entre pesquisa e atuação. Nota-se o compromisso franco do Coletivo em atuar de maneira rizomática, interligando zonas de atuação e diferentes atores do porto. Conhecemos o Instituto Pretos Novos, o Museu de Arte do Rio (MAR) e o ateliê Favelarte. Como a proposta incluiu uma prática fotográfica pela região, também foi uma oportunidade para que muitos conhecessem a zona portuária, as mudanças que estão acontecendo e os moradores do entorno.


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