22fci maio 2013

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“Cada euro disponibilizado dos impostos que os portugueses pagam tem na freguesia um retorno de quatro em serviços à comunidade” “82,5% dos cidadãos valorizam como importante a existência da sua freguesia” “Infelizmente, há uma ideia centralista e não descentralizadora em Portugal” “O desequilíbrio que se verifica nas contas públicas e no défice externo não pode em momento algum destes 38 anos de democracia local ser assacado às freguesias”

cal, ser assacados às freguesias. Estas não estão endividadas e não contribuíram para a dívida nem para o défice. Por outro lado, não pode ser ignorado que 93% dos seus eleitos desempenham a função em regime de voluntariado. Esta confere, só por si, a estes cidadãos uma autoridade moral que não pode ser ignorada, ainda mais no contexto difícil em que Portugal actualmente se encontra. Foi deputado, é presidente de uma junta de freguesia, presidente da ANAFRE… Sente que o poder político trata os autarcas de freguesia como políticos de classe inferior? Armando Vieira – Sinto. Não nos aceitam como iguais. Suportam-nos. Isso é nítido e diz muito do pensamento das pessoas e da sua cultura em relação à nossa organização política e administrativa do País. Embora por vezes me apeteça ser um pouco mais agressivo, costumo dizer que o não fazem por mal mas antes por desconhecimento ou ignorância. A meio do terceiro mandato ao serviço da ANAFRE, que balanço faz do exercício? Armando Vieira – Desde logo, foi e é uma aprendizagem constante para mim. Saio daqui muito mais enriquecido como cidadão, como eleito com experiência, ouvindo e aprendendo as pessoas do meio académico, das mais variadas profissões e sensibilidades. Foi e é de facto um período exigente sentindo-me recompensado do ponto de vista da aquisição de conhecimentos, da riqueza cultural, da percepção profunda do que é o nosso País e o nosso povo, que respeito e admiro muito pelo estoicismo que demonstram nas suas vidas e que

dentro da sua singeleza, por mais humildes ou até iletradas que sejam, têm sempre algo a ensinarnos. Infelizmente, há muita gente da classe política que não entende a profundidade e a solidez desta caminhada. É difícil dirigir uma estrutura como a ANAFRE? Armando Vieira – É difícil, como imaginará… Desde logo, pela compatibilização dos diferentes pontos de vista políticos partidários. A ANAFRE é constituída por elementos oriundos do PSD; do PS; PCP e CDS PP e, dentro da perspectiva de cada um, cabe ao presidente ser o traço de união e o equilibrador. Sinto-me muito bem nesta missão e entendo não correr o risco de ser desmentido pelos meus colegas se disser que tenho o seu beneplácito. É a de consensos, de compatibilização, de aproximação de posicionamentos, face à diversidade dos posicionamentos políticos de base é, a meu ver um exemplo a seguir no País, procurando, na medida da minha condição humana, valorizar aquilo que nos une em detrimento do que nos separa. Ainda tem a esperança de ver suspensa esta lei? Armando Vieira – Pessoalmente, acho que não será suspensa mas continuaremos a falar nisso. A legislação da República existe, a menos que haja mudanças políticas em Portugal e que os novos poderes instituídos entendam fazer alterações. Duvido que algum Governo elimine a lei até porque têm esse compromisso internacional no âmbito do referido memorando de entendimento com a Troika.


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