Voz de Nazaré

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Opinião

BELÉM, DE 8 A 14 DE MARÇO DE 2019

IGREJA E VIDA CRISTÃ EM IMAGENS

1º Caderno

PRIVILÉGIO DE SER CATÓLICO João Carlos Pereira Jornalista e professor jcparis1959@gmail.com

A CF e o pensamento de Jesus Cristo

O w CINZAS Rito da Missa de Quarta-feira de Cinzas em Belém. Abre-se na Igreja um tempo propício à conversão e reencontro com Deus LUIZ ESTUMANO (JORNAL VOZ DE NAZARÉ)

PANORAMA José Pereira Ramos Economista e escritor

joseulina1@gmail.com

Fundação da Diocese de Belém, por Dom Alberto Gaudêncio Ramos - III

P

rosseguindo a narrativa: “As fazendas do Marajó, em que os religiosos tanto desenvolveram a pecuária, passando para o poder “del-Rei”, foram dizimadas e depois distribuídas a aventureiros. Os seis primeiros bispos eram todos religiosos portugueses. O 7º, Dom Manuel de A. de Carvalho, fundador do Recolhimento do Amparo, atual Colégio Gentil Bittencourt, ainda era português, mas pertencia ao clero diocesano. O 1º brasileiro foi Dom Romualdo de Souza Coelho,

paraense de Cametá, e isso foi providencial. Durante sua administração proclamou-se a independência. Maiores dificuldades teriam surgido se o antístite ainda fosse lusitano. Seguiram-se: Dom José Afonso Torres, fluminense; Dom Antônio Manuel de M. Costa, baiano; Dom Jerônimo Tomé da Silva, cearense; Dom Antônio Manuel C. de Brandão, alagoano; e Dom Francisco do Rego Maia, pernambucano. Já em pleno século XX o Brasil possuía apenas duas

sedes metropolitanas: os arcebispados de Salvador e Rio de Janeiro. A Igreja, separada do Estado, podia agora criar novas províncias e circunscrições eclesiásticas. Em 1906, São Pio X escolhia as terceiras arquidioceses para o Brasil. No mesmo 1º de maio elevava à categoria arquiepiscopal BELÉM e MARIANA. Belém pode orgulhar-se de ter sido a 1ª a consagrarse ao Sagrado Coração de Jesus”. (a) Dom Alberto Gaudêncio Ramos. Durante três semanas seguidas transcrevi um dos muitos e belíssimos artigos deixados por meu irmão, Dom Alberto Ramos, sobre a história da Igreja na Amazônia. No ano em que lembramos os 300 anos da 1ª diocese da Amazônia e a Igreja se reunirá em Roma, num Sínodo sobre a nossa região. Rezemos pedindo ao Espírito Santo que inspire os nossos Bispos.

s católicos deveriam prestar um pouco mais de atenção à Campanha da Fraternidade, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, lançada na quarta-feira de Cinzas. Este ano, a Campanha tem como tema “Fraternidade e Políticas Públicas” e como lema “Serás libertado pelo direito e pela justiça (Is 1,27)”. Ao propor uma reflexão sobre políticas públicas, a Igreja busca expressar sua grande preocupação com questões relacionadas à educação, saúde, meio-ambiente e desenvolvimento social. Não se trata de uma incursão por temas que, aparentemente – e só aparentemente – são de responsabilidade dos governos, mas de um gesto concreto de amor ao próximo e à vida. Saúde, educação, preservação do meio-ambiente e saúde são dever do Estado e direito do cidadão. Mas o Brasil peca nas duas pontas. Não assume – e não é de hoje - seu dever e não dá acesso ao cidadão ao que a Constituição lhe assegura. Faltam políticas públicas e sobra corrupção. O Papa Francisco tem dito e repetido que o cristão precisa se envolver em política, na boa política, não na politicalha. Quem age na boa política – e muitos agem

– garante um modo cristão de viver ao povo. Se o direito do povo for respeitado e a justiça agir – os dois eixos do lema da Campanha –haverá, naturalmente, formulação de políticas públicas, promovendo a fraternidade entre os homens. A Campanha da Fraternidade deste ano deverá mostrar ao país e ao povo de Deus que políticas públicas ajudam a garantir os direitos constitucionais. É propósito da CF, igualmente, fazer a separação entre o que é política de governo, programa daqueles que foram eleitos para levar o país para frente, de políticas de estado, atividades permanentes e contínuas. Ser cristão de verdade é aderir ao modo de pensar de Jesus Cristo. A CF de 2019, no contexto da evangelização, é profundamente cristã.

ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU ... Pe. Helio Fronczak

ENCONTRO FRATERNO Ivens Coimbra Brandão Engenheiro civil e escritor

ivenscb@oi.com.br; ivenscb@gmail.com

A importância do silêncio

A

s primeiras horas do meu processo de conversão foram acompanhadas pelo silêncio. Para mim foi uma surpresa, ou mesmo um impacto, quando aquele que dirigia as atividades envolvendo cerca de 50 homens, a todos dirigiu-se assim proclamando: “A partir de agora faremos silêncio”. Para quem estava habituado a trilhar os ruidosos caminhos do dia a dia, no primeiro momento gerou em mim um certo desconforto, isto porque fui desalojado da ordem psicológica que vinha adotando, como também da pretensa estabilidade espiritual. Assim, após

o primeiro solavanco passei a fazer uma revisão nos empoeirados fatos comodamente arquivados no mais recôndito do meu coração, de tal forma a jogar fora o que vinha incomodando minha consciência, quiçá, minha liberdade. E foi assim que, depois de uma noite de reflexão, na manhã seguinte procurei um sacerdote, que me ouviu e me perdoou em nome de Deus. De lá para cá, mesmo aos trancos e barrancos, venho pautando minhas atitudes, tantas vezes azucrinado pela barulheira do cotidiano, filtrando o que falo pelo silêncio

Fundado em 5 de julho de 1913 FUNDADOR Pe. Florence Dubois, barnabita

ARQUIDIOCESE DE BELÉM-PARÁ

PRESIDENTE Dom Alberto Taveira Corrêa Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará VICE-PRESIDENTE Monsenhor Marcelino Ferreira Vigário-geral da Arquidiocese de Belém do Pará

que respeita a dignidade do próximo, a harmonia de uma coletividade. Sem dúvida, tantas vezes o silêncio tranquiliza nossa consciência, torna-se alimento da alma. É o próprio Cristo que alerta: “Não é o que entra na boca que torna o homem impuro, mas o que sai de sua boca, isso torna o homem impuro” (Mt 15, 11). Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, mesmo sem pecado algum, deu-nos o exemplo de que é preciso submetermo-nos ao jejum do silêncio. Conduzido pelo Espírito, jejuou durante quarenta dias e quarenta noites (cf. Mt 4, 2). No período de Quaresma que se inicia, assumamos o propósito de, além de nos privarmos de determinados alimentos, façamos o jejum do silêncio, das palavras que maltratam, como um treinamento para nossa conduta de vida.

DIRETOR GERAL Padre Roberto Emílio Cavalli Junior DIRETOR ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO Marcos Aurélio de Oliveira DIRETOR DE COMUNICAÇÃO Mário Jorge Alves da Silva DIRETOR DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS Arnaldo Pinheiro

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Esvaziar-se por amor

O

recíproco “esvaziar-se por amor” é constitutivo de cada uma das Pessoas divinas e é este o mistério íntimo da vida intratrinitária: “O Pai gera por amor o Filho, se “perde” Nele, vive Nele, se faz, de certo modo, “não ser” por amor, e justamente assim é, é Pai. O Filho, qual eco do Pai, se volta por amor ao Pai, se “perde” Nele, vive Nele, se faz, de certo modo, “não ser” por amor, e justamente assim é, é Filho; o Espírito Santo que é o recíproco amor entre o Pai e o Filho, o vínculo de unidade entre eles, se faz, também Ele, de certo modo, “não ser” por amor, e justamente assim é, é o Espírito Santo”.

COORDENAÇÃO Bernadete Costa (DRT 1326) CONSELHO DE PROGRAMAÇÃO E EDITORAÇÃO Padre Agostinho Filho de Souza Cruz Cônego Cláudio de Souza Barradas Edwaldo Lobo Monteiro EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Sérgio Santos (DRT/PA 579) Assinaturas, distribuição, administração e redação Av. Gov. José Malcher, Ed. Paulo VI, 915 CEP: 66055-260

Esta é a lei dos relacionamentos interpessoais; e tal lei tem suas raízes na vida própria de Deus, que é um relacionamento de kénosis, isto é, de esvaziamento de si por amor. O ponto mais alto onde na história se viveu esta realidade foi o abandono do Pai sofrido por Cristo na cruz. Aquele grito “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mt 27, 43; Mc 15, 34) contém não só o “segredo” da vida intratrinitária, mas é hoje visto pela teologia como o mistério da Trindade aberto na história. Por isto o amor vivido até o esvaziamento total de si é a medida para que os nossos relacionamentos possam ser de tipo trinitário.

- Nazaré, Belém - PA Tel.: (91) 4006-9200/ 4006-9209. Fax: (91) 4006-9227 Redação: (91) 4006-9200/ 4006-9238/ 4006-9239/ 4006-9244/ 4006-9245 Site: www.fundacaonazare.com.br E-mail: voz@fundacaonazare.com.br Um veículo da Fundação Nazaré de Comunicação CNPJ nº 83.369.470/0001-54 Impresso no parque gráfico de O Liberal

FUNDAÇÃO NAZARÉ DE COMUNICAÇÃO


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