FB | Revista On Três Rios #12

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MEIO AMBIENTE

cipalmente quando em floração e esteve entre as espécies que apresentaram menor porcentagem de indivíduos em conflito com a rede aérea ou causando danos às calçadas. Bauhinia aff. purpurea (pata-de-vaca) também pode ser uma boa opção para uso na arborização”, exemplificam os professores. Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente e Agricultura de Três Rios, Thiago Vila Verde, alguns conflitos com as árvores existem pela plantação, no passado, de forma errada. “Hoje predominam amendoeiras, Cassia siamea e mungubas. Elas crescem demais e, estas, por exemplo, precisam ser podadas quatro vezes por ano. São de grande porte e destroem as calçadas, além de atingirem os fios. As alternativas que estamos inserindo na paisagem são os oitis, ipês amarelos e sibipirunas”. Para resolver o problema e contribuir com o crescimento sustentável do município, o órgão já realiza a troca de espécies, mas com calma. “Não podemos substituir todas ao mesmo tempo, mas há um plano de arborização que já está acontecendo. Temos a maior parte dos equipamentos necessários para realizar o melhor trabalho possível. Nosso objetivo é trocar todas as espécies que foram plantadas em locais impróprios”, comenta Thiago. Ele acrescenta uma mudança importante na forma de plantação comparada há alguns anos. “Antes, eram plantadas mudas com 80 cm de altura, que custavam, em média, R$ 10. Cada uma precisava de grades de proteção, que custavam em torno de R$ 80, o que encarecia bastante o processo. Hoje, adquirimos árvores com 3m, sem necessidade de grades, que custam aproximadamente R$ 45 aos cofres públicos e não darão problemas no futuro”. A UFRRJ–ITR (Instituto Três Rios) está desenvolvendo uma pesquisa para calcular o nível de arborização urbana como indicador da qualidade ambiental para a cidade de Três Rios, tornando esta uma ferramenta para análise e

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Novembro | Dezembro

RENOVAÇÃO As árvores plantadas na praça São Sebastião começam a ganhar volume

ÁREAS VERDES No centro de Três Rios, o horto é aberto ao público e permite o contato com o meio ambiente

tomada de decisão para os municípios que se interessarem em executar a metodologia em desenvolvimento. “Com a pesquisa, espera-se uma acentuada melhoria na qualidade de vida dos cidadãos trirrienses para os futuros projetos que poderão ser norteados por este trabalho, orientando as autoridades públicas e demais segmentos da sociedade quanto à qualidade socioambiental por meio deste indicador, fundamentando seus trabalhos e projetos”, explica Marcelo Cid de Amorim.

Se você é atento à paisagem urbana, já reparou que algumas árvores grandes foram substituídas por outras não tão bonitas como as anteriores e, talvez, tenha reclamado naquele instante. “Mas não cortamos sem pensar, não é por prazer. Quando chegamos a este ponto, houve um estudo para chegar à decisão. Como foi no caso da reforma da praça São Sebastião. Substituímos a maior parte delas por outras que já foram plantadas com seis metros de altura. Porém, como foram retiradas de um lugar e colocadas em outro, sofreram uma agressão natural e ficaram, inclusive, feias por algum tempo. Agora elas começam a ganhar mais volume e já têm flores. É necessário ter paciência”, explica o secretário. Com a chegada de indústrias, há a necessidade de compensação ambiental. “Impacto ambiental zero é utopia. Mesmo com todos os cuidados, sempre há. Então, todas as indústrias que chegam ao município e degradam uma área, precisam compensar de alguma forma”, diz. E a compensação não fica restrita às grandes empresas. “Quando um cidadão nos procura e quer aumentar a casa, mas diz que o único espaço no quintal tem uma árvore, não podemos cercear esse direito dele. Pode ser que tenha mais um filho a caminho e a obra será necessária. Então, permitimos o corte, desde que o solicitante doe outras árvores para compensação ambiental”. Um dado especial para quem reclama do calor no município: “A experiência aponta que se houvessem mais árvores plantadas em vias públicas nas calçadas do município, a população poderia sofrer menos com o calor excessivo devido ao microclima propiciado por elas”, revela a pesquisa dos professores. Ou seja, além das flores que deixam a cidade mais bonita em determinadas épocas do ano, as árvores dão mais frutos que se pode imaginar. Como seres vivos que são, basta entendê-las para a boa convivência.


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