NAS TRAMAS DA "CIDADE LETRADA": SOCIABILIDADE DOS INTELECTUAIS LATINO-AMERICANOS E AS REDES TRANSNAC

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Todos os direitos reservados à Fino Traço Editora Ltda. © Adriane Vidal; Cláudio Maíz Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem a autorização da editora. As ideias contidas neste livro são de responsabilidade de seus organizadores e autores e não expressam necessariamente a posição da editora.

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N19 Nas tramas da “cidade letrada”: sociabilidade dos intelectuais latinoamericanos e as redes transnacionais / organização Adriane Vidal Costa, Claudio Maíz. - 1. ed. - Belo Horizonte [MG]: Fino Traço, 2018. 272 p. :il.; 23 cm. Inclui bibliografia ISBN 978858054385-80 1. América Latina - História. 2. América Latina - Cultura. 3. América Latina - Civilização. I. Costa, Adriane Vidal. II. Maíz, Claudio. 18-52935 CDD: 980 CDU: 94(8) Leandra Felix da Cruz - Bibliotecária - CRB-7/6135

conselho editorial Coleção História Alexandre Mansur Barata | UFJF Andréa Lisly Gonçalves | UFOP Gabriela Pellegrino | USP Iris Kantor | USP Junia Ferreira Furtado | UFMG Marcelo Badaró Mattos | UFF Paulo Miceli | UniCamp Rosângela Patriota Ramos | UFU

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SUMÁRIO

Introdução 7 Adriane Vidal Costa; Claudio Maíz 1 - De los cuasi-grupos a los colegios invisibles: distintos modos de pensar la interacción entre intelectuales latinoamericanos durante el siglo XX 19 Alejandro Paredes 2 - Iniciación en la utopía de América: la correspondencia como soporte del proyecto intelectual 37 Marcela Croce 3 - El epistolario como conversación humanista: la correspondencia intelectual de Alfonso Reyes y Genaro Estrada 1916-1939 61 Jorge Myers 4 - La circulación de las ideas, una conceptualización: el caso de la teología latinoamericana en Corea del Sur 105 Eduardo Devés-Valdés 5 - Las re(d)vistas latinoamericanas y las tramas culturales. Redes de difusión en el romanticismo y el modernismo. 131 Claudio Maíz 6 - Uma proposta teórico-metodológica para o estudo de redes intelectuais latino-americanas formadas nos exílios nas décadas de 1960 e 1970 153 Adriane Vidal Costa 7 - Democracia e ditadura no Brasil e na Argentina: o papel dos intelectuais

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Claudia Wasserman

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8 - Historia intelectual, contextos de la escritura y redes

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Carlos Henrique Armani 9 - Rede de Estudos Andinos, um marco da comarca latino-americana 217 Rômulo Monte Alto 10 - América Indígena e Boletín Indigenista: as publicações oficiais do Instituto Indigenista Interamericano e as vicissitudes da formação de uma rede intelectual transnacional em torno da instituição indigenista continental (1941-1945) 233 Natally Vieira Dias Sobre os autores

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INTRODUÇÃO

Adriane Vidal Costa Claudio Maíz

“Cidade letrada”: sociabilidade intelectual em rede Os textos aqui reunidos abordam temas que pertencem a um determinado momento da história da Cultura. Para sermos mais precisos, esses trabalhos se referem a espaços nos quais tiveram intensa vigência tanto os próprios discursos quanto aqueles que os produziram, ou seja, os letrados ou os intelectuais. A cidade foi o espaço ideal para a socialização intelectual e, por conseguinte, para a circulação e propagação de discursos e ideias, como demostrou Ángel Rama no livro La ciudad letrada (1984), que, atualmente, é considerado um clássico para os estudos dos discursos intelectuais na América Latina. O domínio da letra e do discurso constituiu-se em um poderoso artefato de poder. Foi assim que Rama analisou a existência de uma cidade de letrados a serviço da dominação dos saberes na América Latina no século XIX e parte do século XX. Seguindo os passos de Michel Foucault (1995), a análise se diversifica e estabelece múltiplas vinculações a partir da propriedade e administração da “tecnologia letrada”, base de poder e prestígio. Como maquinaria semiótica, a “ciudad letrada” permite realizar o primeiro recorte de nosso objeto de 7

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interesse: trata-se de um discurso especializado e despojado da oralidade. No entanto, a ausência oral deverá necessariamente ser recuperada por uma abordagem mais densa da ação reticular própria das redes intelectuais que se associam à circulação do novo. A intenção de demarcar o raio de ação das análises das redes pressupõe traçar algumas fronteiras. É necessário esclarecer que há uma instância anterior e uma posterior quando se trata da chamada terceira revolução tecnológica. Depois da revolução digital, a sociedade mundial se viu impactada em seus modos de vida, sua cultura, costumes e subjetividades. A velocidade e a instantaneidade foram as características centrais das mudanças. Porém, a questão que aqui se coloca está situada em uma etapa anterior a essa revolução. Quando falamos de rede, não remetemos às redes sociais digitais, mas àquela trama relacional que os intelectuais produziram mediante trabalhos bem definidos. Partindo do ponto de vista cronológico, tais enredamentos se concentram entre os séculos XIX e XX. Conclui-se, então, que os atores desses fenômenos se limitaram àqueles que se especializaram na produção de discursos, isto é, aqueles que dominaram a letra e, com isso, ganharam um status de autoridade. Entre o período de publicação de obras como La ciudad letrada (1984), de Rama, e Decadencia y caída de la ciudad letrada (2003), de Jean Franco, aconteceu uma diminuição da centralidade dos letrados ou dos intelectuais na sociedade de massas.

Ideias e dinamismo Um dos problemas que ocupou boa parte da reflexão historiográfica (literária, cultural e econômica) foi a maneira como as ideias circularam em diferentes meios. O sociólogo Pierre Bourdieu (2005), em “Las condiciones sociales de la circulación internacional de las ideas”, enfatizou que “os textos circulam desprovidos de contexto”, portanto, os receptores dessas ideias circulantes se sentem autorizados a reinterpretar, dentro de um novo campo – não mais de produção, mas de recepção –, as produções recebidas. O mecanismo que põe em funcionamento as engrenagens de circulação não é inócuo, já que as três perguntas que o sociólogo francês formula nos remetem a uma relação saber-poder: o que se publica? Quem publica? Quem traduz?

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Pensando nessas incógnitas, Bourdieu aponta para a necessidade de uma “ciência de relações internacionais em matéria cultural”. Vale ressaltar que as perguntas antes indicadas tratam de um contexto de produção, porém, entendemos que também tais formulações são objetos daquilo que Bourdieu sinaliza, isto é, podem ser reinterpretadas e reformuladas. As respostas para aquelas perguntas podem estar nas mãos de editoras privadas ou públicas. Na “cidade letrada”, boa parte das editoras de capital privado se internacionalizaram e dominaram os mercados, de acordo com as línguas em que as obras circulavam. Não é nosso objetivo nos determos muito nessa temática, apenas chamar a atenção sobre a relevância que a questão do dinamismo das ideias encerra, já que a socialização intelectual em rede constituiu uma resposta alternativa para esses aparatos. “Pensar através da mobilidade”, como diz Ottmar Ette (2008), significa sublinhar a centralidade dos deslocamentos físicos para o movimento das ideias na cultura. Esquematicamente, se pode atribuir ao ciclo do movimento a função de deslocamento e o repouso à produtividade de novos fenômenos culturais.

A imaterialidade: uma dificuldade da rede Em grande medida, os estudos sobre a redes intelectuais na América Latina não se interrogam, de forma mais aprofundada, sobre o funcionamento e os mecanismos que intervêm em seus vínculos. Toma-se como fato que a rede justifica em si mesma os vínculos e que sua existência é uma propriedade inerente a um conjunto de intelectuais que se encontram em conexão. Não obstante, parte da dificuldade em operar com a perspectiva das redes se encontra naquilo que é imperceptível nos vínculos pessoais, na imaterialidade ou intangibilidade que anima processos que culminam em uma publicação periódica, na constituição de um epistolário ou no encontro presencial, para dar apenas alguns exemplos. Existe um componente – insistimos – imaterial, invisível, de alta relevância, mas que demanda abordagens inovadoras ou alternativas. O mais importante é que as ideias – qualquer que seja seu conteúdo e alcance – não estão conectadas por meio de sujeitos individuais que as pensam e, assim, as difundem sem que passem por componentes de natureza contextual,

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social, tecnológica etc. Podemos nos perguntar, então, onde situar aquilo que nos afigura como algo intangível ou de contornos não tão nítidos. Ou ainda o que fazer com o que não se atém às formas lógicas tradicionais (cronologia, causa-efeito, ordem...). Trata-se de dar atenção ao ambíguo, irregular, caótico ou paradoxal. O martiniquense Édouard Glissant (1996, p. 84), em uma conferência intitulada “O caos-mundo: por uma estética da relação”, apresenta as dificuldades, mas também a produtividade do pensamento relacional no campo da cultura-mundo: La ciencia del caos afirma que hay sistemas dinámicos determinados que se convierten en erráticos. En principio, un sistema determinista posee una fijeza, una “mecanicidad” y una regularidad de funcionamiento; la revelación de la ciencia del caos es que hay una infinidad de sistemas dinámicos determinados que se tornan erráticos, lo que en mi interpretación significa que su sistema de valores, en un momento dado, fluctúa, sin que, a simple vista, se aprecie el motivo.

Nota-se que a orientação reticular dos estudos da cultura possui um alto componente metafórico em seus instrumentos metodológicos que foram produzidos no decorrer de diversas investigações. Contudo, não podemos deixar escapar que a metáfora está instalada no momento de pensar os fenômenos não quantificáveis. Trabalhar com as redes demanda uma mudança paradigmática que vai do simples ao complexo, do mecânico ao multidirecional. Em um trabalho com redes é necessário reconhecer as transformações, as dinâmicas vinculares e as mediações que têm a ver com fatores que remetem a interfaces, configurações, ao não definido e ao que flutua. Estes resíduos da modernidade tais como o intempestivo ou o emergente, ficaram fora da inteligibilidade pela dificuldade que apresentam para uma classificação. Definitivamente, essa preocupação metodológica lança as bases e dá sentido a uma possível ciência das redes no campo dos estudos sobre a cultura. Quando Mikhail Bakhtin (1989) dizia que a “forma é o conteúdo”, aludia à impossibilidade de pensar certos fenômenos da cultura como uma operação de desmontagem de forma e conteúdo. Essa maneira indissolúvel de encarar a questão cultural pode nos ajudar a estabelecer melhor nossa 10

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perspectiva. É verdade que a circulação e recepção de ideias na América Latina constitui um problema de múltiplas dimensões, mas também não se pode pensar a circulação das ideias como marginal à “adequação” ou não à realidade, de acordo com um leque de objeções que certos sistemas de ideia têm sofrido na região. Em outros termos, a hipótese que formulamos sinaliza que os estudos das ideias ou abordam a dificuldade da circulação e recepção como parte da estrutura mesma da ideia ou podem incorrer naquilo que o crítico russo queria impedir na ordem estética, ou seja, apenas se contentar com o “conteúdo” sem levar em conta as alterações que a circulação e a recepção (e outros componentes imperceptíveis à primeira vista) imprimem à ideia. A condição periférica é apenas uma face do assunto da circulação e recepção das ideias na América Latina (por mais que as redes possam colocar em xeque essa afirmação). A isso deve-se somar os mecanismos mediante os quais as ideias circulam, as resistências que surgem com sua incorporação a um espaço distinto e as redes que as propiciam ou as favorecem etc.

A análise relacional: lugar, sujeito e dispositivo Das muitas arestas que tem nossa proposta sobre a redes intelectuais, nos deteremos naquelas que correspondem ao espaço, ao sujeito e ao dispositivo. José María Imízcoz (2017), ao utilizar a abordagem relacional para observar as relações entre espaços e a formação de redes, supera o velho condicionamento da “geografia humana” como marco da história, ao revelar redes sociais e fluxos que não são alcançados pela história localista. Carlos Altamirano (2010, p.11) sustenta que a vida intelectual latino-americana “ocorreu predominantemente por afluentes nacionais”, porém existem muitos casos – como ele mesmo destaca – que alcançaram gravitação continental ou ibero-americana, como a obra de José Enrique Rodó, Ariel (1900) ou as grandes campanhas do escritor argentino Manuel Ugarte buscando a unidade continental ou a trajetória de uma das figuras centrais do modernismo hispano-americano, como o poeta nicaraguense Rubén Darío, entre outros. Podemos afirmar que se tratam de modelos de ação que superam os paradigmas do estado-nação para se situar em um nível de dimensões

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espaciais mais amplas, superando os limites da “geografia humana”. Deve ser destacado que a imaginação de se sentir cidadão do mundo possui uma incidência primordial. Nesse sentido, o cosmopolitismo já não teria um peso negativo, em se tratando de culturas periféricas. María Teresa Gamuglio (2008, p. 164), quando se refere à literatura argentina, propõe a hipótese de considerar as literaturas nacionais “no interior de sistemas ou ‘redes’ transnacionais.” A subjetividade se apresenta como uma das instâncias mais árduas no momento de pensar o funcionamento das redes. Em efeito, Randall Collins sustenta que o problema central não é a relação ideia-verdade, mas o processo social de produção da ideia, no qual estão envolvidos tanto o sujeito quanto o processo. Outra perspectiva que tira a centralidade do sujeito na produção de bens simbólicos é a que propõe Bruno Latour (2005) e sua teoria de ator-rede. Por fim, a que queremos aqui destacar é a ideia do “personagem conceitual” de Deleuze e Guattari (1993, p. 65): El personaje conceptual no es el representante del filósofo, es incluso su contrario: el filósofo no es más que el envoltorio de su personaje conceptual principal y de todos los demás, que son sus intercesores, los sujetos verdaderos de su filosofía. Los personajes conceptuales son los “heterónimos” del filósofo, y el nombre del filósofo, el mero pseudónimo de sus personajes. Yo ya no soy yo, si no una aptitud del pensamiento para contemplarse y desarrollarse a través de un plano que me atraviesa por varios sitios. El personaje conceptual no tiene nada que ver con una personificación abstracta, con un símbolo una alegoría, pues vive, insiste. El filósofo es la idiosincrasia de sus personajes conceptuales.

Existe uma dificuldade metodológica que se coloca quando se pretende integrar os componentes humanos e não humanos nos comportamentos das redes. O “personagem conceitual” junto com o “ator-rede” são duas maneiras que nos permitem pensar em um caminho de “des-subjetivação” das redes e tentar entrelaçá-las aos espaços de socialização dos intelectuais durante boa parte do século XX, como os cafés, as redações dos diários, as revistas, os ateneus, as reuniões sociais. Sem essas noções as redes não estabeleceriam a fusão destas formas de sociabilidade com “uma cadeia de contatos e interação entre artistas, letrados, editores e outros tipos de agentes 12

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culturais, ligados por convicções ideológicas ou estéticas compartilhadas” (ALTAMIRANO, 2010, p. 19). É também necessário nos referirmos à noção de dispositivo proposta por Michel Foucault (apud AGAMBEN, 2011, p. 250) que o definiu da seguinte maneira: Aquello sobre lo que trato de reparar con este nombre es […] un conjunto resueltamente heterogéneo que compone los discursos, las instituciones, las habilitaciones arquitectónicas, las decisiones reglamentarias, las leyes, las medidas administrativas, los enunciados científicos, las proposiciones filosóficas, morales, filantrópicas. En fin, entre lo dicho y lo no dicho, he aquí los elementos del dispositivo. El dispositivo mismo es la red que tendemos entre estos elementos. […].

O interessante da compreensão foucaultiana sobre o dispositivo é que o próprio dispositivo é a rede que se estende entre elementos tanto discursivos como não discursivos. Assim, aqueles fatores que apareciam como intangíveis, dispersos ou imprecisos no comportamento das religações, encontram na própria rede a maneira de estabelecer suas vinculações e ações. De acordo como Agamben (2011, p. 253), o que Foucault se propôs a fazer foi investigar os modos concretos pelos quais os dispositivos atuam “no interior das relações, nos mecanismos e nos jogos de poder”. Concretamente, Agamben (2011, p. 258-261) chama de “dispositivo tudo aquilo que tem, de uma maneira ou de outra, a capacidade de capturar, orientar, determinar, interceptar, modelar, controlar e assegurar os gestos, as condutas, as opiniões dos seres vivos”. Em sua opinião, os “seres vivos” são as substâncias que se diferenciam dos dispositivos, no entanto, entre uns e outros, se instala uma terceira classe: os sujeitos. Os sujeitos são o resultado da relação estreita entre “os viventes e os dispositivos”. Logo, se os dispositivos fossem somente práticas discursivas nos situaríamos a nível da epistemologia foucaultiana, mas ao se considerar também as práticas não discursivas, a relação é um requisito excludente (GARCÍA FANLO, 2011, p. 2). Ocupar-se das práticas é analisar um dispositivo, já que elas são singulares e obedecem a um acontecimento histórico determinado. Portanto, devemos compreender uma rede intelectual 13

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a partir do momento histórico no qual é criada. Revistas, epistolários, reuniões, viagens são alguns tipos de práticas não discursivas que se situam em um tempo que nem sempre é o mesmo. Portanto, os discursos que surgem das relações próprias do funcionamento do dispositivo não podem ser idênticos a outros. As mudanças temporais são decisivas, já que as relações discursivas e não discursivas (tecnologia, instituições, fatores estatais e não estatais) não são as mesmas. Finalmente, de acordo com Luis García Fanlo (2011, p. 03-07) um dispositivo vem a ser um “complexo elo de relação entre instituições, sistema de normas, formas de comportamento, processos econômicos, sociais e técnicos”, que se afirmam e se sustentam a partir das práticas. Para o referido autor, Foucault, Deleuze e Agamben ocuparam-se da noção de dispositivos e há semelhanças na forma como eles o descreveram: “como uma rede: um dispositivo não é um discurso, ou uma coisa, ou uma maneira de ser, mas a rede que se estabelece entre discurso, coisa e sujeito”. Nas páginas deste livro o leitor encontrará distintos enfoques sobre as redes intelectuais que vão desde textos que propõem estudos de caso a textos mais teórico-metodológicos. Os capítulos da coletânea abordam diferentes contextos histórico-culturais e apresentam ricas reflexões sobre redes. O trabalho de Alejandro Paredes, “De los cuasi-grupos a los colegios invisibles: distintos modos de pensar la interacción entre intelectuales latinoamericanos durante el siglo XX”, analisa a forma como os intelectuais criam vínculos entre si por meio de relações que podem ser espontâneas ou mais institucionalizadas. Para isso, privilegia os conceitos de “cuasi-grupo”, “comunidade de prática” e “colegios invisibles”, mostrando suas especificidades e os colocando em vinculação contextual com os autores pioneiros que os mobilizaram, tais como Adrian Mayer, Tienne Wenger, Julian Orr, Eduardo Devés-Valdés, John Barnes, Peter Haas, Dereck Price e Diana Crane. A correspondência entre Pedro Henríquez Ureña e Alfonso Reyes é o tema central da análise de Marcela Croce no texto “Iniciación en la utopía de América: la correspondencia como soporte del proyecto intelectual”, no qual traça os itinerários, as sociabilidades e os interesses desses homens de letras pela cultura mexicana e a unidade latino-americana. A autora mostra como o epistolário pode ser um rico suporte para a constituição de vínculos e redes intelectuais. 14

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O texto de Jorge Myers, “El epistolario como conversación humanista: la correspondencia intelectual de Alfonso Reyes y Genaro Estrada 1916-1939”, concentra-se no epistolário entre os referidos intelectuais utilizando os aportes teóricos e metodológicos da história intelectual. Examina os vínculos entre ambos a partir do marco institucional, cultural e nacional, buscando compreender como eles constroem uma autoimagem de “humanistas” latinoamericanos, ao mesmo tempo em que explora os variados usos da prática epistolar em sua interface com o contexto linguístico da época. A circulação de ideias em grandes espaços e a presença da Teologia da Libertação latino-americana na Coreia do Sul, especialmente nos anos 1970 e início dos anos 1980, é o tema de análise de Eduardo Devés-Valdés no texto “La circulación de las ideas, una conceptualización: el caso de la teología latinoamericana en Corea del Sur”. O autor mostra como foi a construção de três canais de emissores/receptores por meio dos quais circulavam as ideias Associação Ecumênica de Teólogos do Terceiro Mundo, o Conselho Mundial de Igrejas e o editor Orbis Books - e como isso se projetou, posteriormente, na reformulação das ideias liberacionistas na Coreia do Sul. No texto “Las re(d)vistas latinoamericanas y las tramas culturales. Redes de difusión en el romanticismo y el modernismo”, Claudio Maíz propõe compreender as revistas latino-americanas como tramas culturais e artefatos que criam redes e difundem debates, ideias e “movimentos” estéticos e intelectuais como, por exemplo, o romantismo e o modernismo. Além disso, aponta para a necessidade de compreender as revistas como estratégias para a internacionalização das ideias e como importantes meios para estreitar os vínculos entre seus colaboradores. Apresentar propostas teórico-metodológicas para o estudo de formação e funcionamento de redes intelectuais no exílio é o objetivo do trabalho de Adriane Vidal Costa, “Uma proposta teórico-metodológica para o estudo de redes intelectuais latino-americanas formadas nos exílios nas décadas de 1960 e 1970”, no qual concebe uma relação intrínseca entre a formação de redes intelectuais no exílio com a história intelectual e a história transnacional. A autora privilegia uma metodologia de análise que explicita os temas, os conceitos, as categorias e as ideias que os intelectuais colocaram em circulação no exílio e no interior das redes. 15

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“Democracia e ditadura no Brasil e na Argentina: o papel dos intelectuais” é o título do texto de Claudia Wasserman, que analisa o papel desempenhado por intelectuais latino-americanos no período das transições democráticas da década de 1980, com ênfase na atuação de intelectuais argentinos e brasileiros. A autora retrata o ambiente cultural e artístico na Argentina e Brasil e os principais temas debatidos pelos intelectuais ao retornarem aos países de origem após os exílios, quais sejam: democracia, revolução e socialismo. No texto “Historia intelectual, contextos de la escritura y redes”, Carlos Henrique Armani investiga a história intelectual em estreito diálogo com as redes intelectuais na América Latina e com as filosofias de Martin Heidegger e Jaques Derrida. Sua preocupação central é analisar a historização do contexto em sua relação com o texto e a historicidade das ideias. Em “Rede de Estudos Andinos, um marco da comarca latino-americana”, Rômulo Monte Alto reflete sobre o lugar e o papel que a Rede de Estudos Andinos, criada em 2014, ocupa no cenário de estudos latino-americanos no Brasil ao promover intercâmbios e interlocuções por meio de temas literários e culturais. Tudo isso, em estreita relação com sentidos e usos do termo andino em sua relação com a América Latina à luz do conceito de “comarca” elaborado por Ángel Rama. A formação de uma rede continental de intelectuais indigenistas em torno do Instituto Indigenista Interamericano, tendo como suporte a revista América Indígena e o suplemento Boletín Indigenista, ambos publicações oficiais do Instituto, é o objeto de análise de Natally Vieira Dias no texto “América Indígena e Boletín Indigenista: as publicações oficiais do Instituto Indigenista Interamericano e as vicissitudes da formação de uma rede intelectual transnacional em torno da instituição indigenista continental (1941-1945)”. Um dos pontos principais da análise é mapear os debates intelectuais sobre os indigenismos no continente. Agradecemos aos colaboradores as relevantes contribuições para a realização deste livro e o apoio do Programa de Pós-Graduação em História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, da CAPES e do Núcleo de Pesquisa em História das Américas (NUPHA). Esperamos que a leitura dos textos que compõem a presente coletânea possibilite reflexões enriquecedoras para a construção de novos conhecimentos e a ampliação dos debates sobre o tema. Belo Horizonte e Mendonza, julho de 2018.

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Bibliografia AGAMBEN, Giorgio. “¿Qué es un dispositivo?”. Sociológica, año 26, n. 73, mayo-agosto de 2011. ALTAMIRANO, Carlos. Historia de los intelectuales en América Latina II. Los avatares de la “ciudad letrada” en el siglo XX. Buenos Aires: Katz Editores, 2010. BAJTIN, Mijail. Teoría y estética de la novela. Barcelona: Taurus, 1989. BOURDIEU, Pierre. Les conditions sociales de la circulation internationale des idées. Actes de la recherche en sciences sociales, 145, 2002/5. ETTE, Ottmar. Literatura en movimiento. Espacio y dinámica de una escritura transgresora de fronteras en Europa y América. Madrid: Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 2008. FOUCAULT, Michel. Discurso, poder, subjetividad. Buenos Aires: Edit. El Cielo por Asalto, 1995. FRANCO, Jean. Decadencia y caída de la ciudad letrada: la literatura latinoamericana durante la Guerra Fría. Barcelona: Debate Editorial, 2003. GARCIA FANLO, Luis. Qué es un dispositivo?: Foucault, Deleuze, Agamben. A Parte Rei, Revista de Filosofía, 74, marzo 2011. GLISSANT, Edourd. Introducción a una poética de lo diverso. Barcelona: Ediciones del Bronce, 1996. GODGEL, Víctor. Cuando lo nuevo conquistó América. Prensa moda y literatura en el siglo XIX. Buenos Aires: Siglo XXI, 2013. GRAMUGLIO, María Teresa. El cosmopolitismo de las literaturas periféricas. Actas III Congreso del CELHIS, 2008. Disponível em: https://fh.mdp.edu.ar/ revistas/index.php/celehis/issue/view/26/showToc. Acesso em: 15 set. 2015]. IMÍZCOZ BEUNZA, José María. El paradigma relacional. Actores, redes procesos para una historia global. IN: BERTRAND, Michel et al. (ed.) Gobernar y reformar la monarquía. Valencia: Albatros, 2017. IMÍZCOZ BEUNZA, José María. Presentación: por una historia conectada. Aplicaciones del análisis relacional. MAGALLÁNICA, Revista de Historia Moderna, 4/7, 2017. PAZ, Octavio. Los hijos del limo. Del romanticismo a la vanguardia. Barcelona: Seix Barral, 1976. PREMAT, Julio. Los relatos de la vanguardia o el retorno de lo nuevo. Cuadernos de literatura, Vol. XVII, n. 34, julio-diciembre, 2013. 17

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SOBRE OS AUTORES

Alejandro Paredes é argentino, licenciado em Sociologia (Universidad Nacional de Cuyo), doutor em História (Universidad Nacional de La Plata) e atualmente está concluindo seu doutorado em Ciências Sociais na Universidad Nacional de Cuyo. É pesquisador adjunto do CONICET e diretor do Centro de Estudios Trasandinos y Latinoamericanos em UNCuyo. Atua como professor na Universidad del Aconcagua e na Universidad Nacional de Cuyo. Realizou pós-doutorado na Universidad de Sevilla (Espanha, 2007), no Consejo Mundial de Iglesias (Suíça, 2007), no Instituto Iberoamericano de Berlin (Alemanha, 2008), na Universidade Federal de Rio Grande do Sul (Brasil, 2011), na Universidad Politécnica de Nicaragua (Managua, 2014) e na Universidade Federal de Santa Catarina (Brasil, 2015). É autor de livros e artigos em vários países. E-mail: paredes@mendoza-conicet.gob.ar. Marcela Croce é doutora em Letras pela Universidad de Buenos Aires, onde ministra a disciplina Problemas de Literatura Latinoamericana. Tem sido professora visitante em universidades brasileiras, chilenas, italianas e espanholas. É coordenadora de vários projetos de investigação UBACyT, entre os quais se encontra em curso a Historia comparada de las literaturas argentinas y brasileña. É autora dos livros: Contorno. Izquierda y proyecto cultural (1996); Osvaldo Soriano, el mercado complaciente (1998); David Viñas, crítica de la razón polémica (2005). Organizou as coletâneas Polémicas intelectuales en América Latina (2006), La discusión como una de las bellas artes (2007) e a trilogía Latinoamericanismo (2010, 2011 e 2013). A essa serie se junta La seducción de lo diverso. Literatura latinoamericana comparada (2015). Também produziu os ensaios El cine infantil de Hollywood (2008) e Jacqueline du Pré, el mito asediado (2009) e preparou uma coleção introdutória aos clássicos latino-americanos para a editora Eudeba. 267

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Jorge Myers é licenciado e mestre em história pela Universidade de Cambridge (Reino Unido) e mestre e doutor em história pela Universidade de Stanford (Estados Unidos). É professor titular na Universidad Nacional de Quilmes, investigador no Centro de Historia Intelectual de la Universidad Nacional de Quilmes e pesquisador na carreira de Ciências Sociais do CONICET. Foi “Tinker Visiting Professor” na Universidade de Chicago (2007-2008), professor na “Chaire des Amériques” de Paris-Sorbonne (Paris I, 2009), na PUC do Rio de Janeiro (2012), no Colegio de México (2017) e em numerosas outras universidades argentinas e latino-americanas. É, desde 2012, académico correspondente pela Argentina na Academia Nacional de la Historia de México. Publicou o livro Orden y virtud: el discurso republicano del régimen rosista (1995) e compilou, em colaboração com Klaus Gallo e Graciela Batticuore, Resonancias románticas: historia cultural del Río de la Plata 1820-1890 (2005) e Historia de los intelectuales en América Latina, Tomo 1: La ciudad letrada, de la conquista al modernismo (2008), em colaboração com Carlos Altamirano. Na atualidade está terminando um livro sobre as origens da historia cultural latino-americana, Tierra Firme: el nacimiento de una historia cultural latinoamericana en el siglo XX, e acaba de organizar com Sergio Miceli um livro sobre a literatura autobiográfica latino-americana escrita por intelectuais e artistas no século XX, Retratos latinoamericanos: la memoria letrada en el siglo XX (no prelo). Publicou também mais de 50 trabalhos entre artigos e capítulos de livros sobre história intelectual argentina e latino-americana em impressos nos Estados Unidos, Reino Unido, México, Argentina e Brasil. Eduardo Devés-Valdés é especialista em estudos eidéticos, tem pesquisado o pensamento latino-americano e o pensamento das regiões periféricas e as redes intelectuais. É pesquisador e coordenador do Programa de Estudios Posdoctorales del Instituto de Estudios Avanzados da Universidad de Santiago de Chile. Publicou mais de 190 trabalhos, entre os quais se destacam: El pensamiento Latinoamericano en el siglo XX entre la modernización y la identidad; El pensamiento africano sud-sahariano en sus conexiones y paralelos con el latinoamericano y el asiático y PENSAMIENTO PERIFÉRICO Asia-

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África-América Latina-Eurasia y más. Realizou pesquisas na África, América, Ásia e Europa. É professor do doutorado em Estudos Americanos e do mestrado em Estudos Internacionais na USACH. É um dos fundadores do Corredor de las Ideas y de la Internacional del Conocimiento. É doutor em Filosofia pela Universidade de Lovaina e doutor em Estudos Latinoamericanos, com menção em história, pela Universidade de Paris III. Ver https://usach.academia.edu/EduardoDevés Claudio Maíz é doutor em Literatura, professor Titular em Literatura Hispanoamericana Contemporánea na Universidad Nacional de Cuyo (UNCuyo) e pesquisador no Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas de la República Argentina (CONICET). Realizou pós-doutorado no Instituto de Estudios Avanzados da Universidad de Santiago de Chile. Dirige os Cuadernos del CILHA. É coordenador do doutorado em Letras da Facultad de Filosofía y Letras (FFyL-UNCUyo) e Diretor do Instituto de Literaturas Modernas y Director del Centro Intercientífico de Literatura Hispanoamericana (CILHA). Colaborou em jornais e revistas especializadas com artigos sobre literatura latino-americana contemporânea, romance histórico, teoria do ensaio e estudos sobre cultura e redes. Foi professor visitante em distintas universidades latino-americanas (México, Colômbia, Peru, Chile, Brasil) e europeias (Salamanca, DAAD, entre outras). Adriane Vidal Costa é professora do Departamento de História da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É doutora em História e Culturas Políticas pela mesma instituição (2009). Presidente da Associação Nacional de Pesquisadores e Professores de História das Américas (2016-2018). Coordenadora do Núcleo de Pesquisa em História das Américas (NUPHA/ UFMG). É autora de Pablo Neruda uma poética engajada (E-Papers, 2007) e Intelectuais, política e literatura na América Latina: o debate sobre revolução e socialismo em Cortázar, García Márquez e Vargas Llosa (Alameda Editorial, 2013). Tem experiência na área de história latino-americana, com ênfase em história intelectual, história dos intelectuais, história e literatura, movimentos sociais e exílios intelectuais no século XX. Atualmente desenvolve a pesquisa “Darcy Ribeiro e as redes intelectuais latino-americanas: transnacionalidade, exílio e circulação de ideias (1964-1976)”. 269

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Carlos Henrique Armani é doutor em História; professor Associado I do Departamento de História da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), onde atua na graduação, no mestrado e no doutorado. Professor Visitante da Universidad Nacional de Cuyo (Argentina) e da Universidad de la República (Uruguai). Líder do grupo de pesquisa História das Ideias e dos Conceitos nos Séculos XIX e XX: produção de presença e construção de sentido, cadastrado no CNPq; membro pesquisador dos seguintes grupos: Etopías - Centro de Redes Intelectuales Latinoamericanas; International Network for Theory of History e Red Latinoamericana Historia Pensada. Tem experiência nas áreas de História Intelectual e de Teoria e Filosofia da História e da Historiografia. Claudia Wasserman é professora Titular do Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É Doutora em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1998), graduada em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1981) e Mestre em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1991). É Bolsista do CNPq (1D). Foi Coordenadora adjunta da área de História na CAPES (2010-2018). Coordenadora do Grupo de Pesquisa Estudos Americanos (CNPq). Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em História (20052007). Professora convidada na Universidade de Estocolmo (2008). Tem experiência na área de História latino-americana e brasileira, atuando nos seguintes temas: história contemporânea do Brasil e da América Latina, identidade nacional, historiografia latino-americana, questão nacional, história intelectual latino-americana e brasileira e movimentos sociais. Tem publicado artigos e capítulos de livros em periódicos internacionais e em coletâneas organizadas no exterior. Coordenadora brasileira do convênio CAPES/MERCOSUL que congrega universidades brasileiras, argentinas e uruguaias. Participa de convênio com Universidade de Barcelona, com projeto sobre Memória e Reparação.

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Rômulo Monte Alto é professor Associado da Faculdade de Letras (Fale) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Doutor em Literatura Comparada pela UFMG. Pós-doutorado na Universitat Jaume I, España. Professor do Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários (Fale/ UFMG). Membro do comitê do Centro de Estudos Latino-Americanos. Líder do Grupo de Pesquisa Rede de Estudos Andinos (CNPq). Diretor da Biblioteca José María Arguedas. Investigador da literatura latino-americana, com ênfase na região andina e na obra de José María Arguedas, além dos estudos sobre a tradução literária e a memória da violência na zona andina; recentemente se incorpora aos estudos sobre as literaturas ameríndias, com especial atenção na literatura em língua quéchua no Peru, bem como nas literaturas de expressão afro. Pesquisador adjunto externo do Grupo de Investigación Representaciones, Discursos y Estudios Interculturales (EILA, San Marcos, Perú). CV: http://lattes.cnpq.br/5180190290434491 Natally Vieira Dias é professora de História da América na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Seus trabalhos de pesquisa se concentram na primeira metade do século XX, principalmente nos temas da projeção continental da Revolução Mexicana e do indigenismo. Atualmente dirige um projeto de pesquisa institucional sobre a revista América Indígena: órgano trimestral del Instituto Indigenista Interamericano. Da sua produção recente destacam-se a tese de doutorado “A Revolução Mexicana nos debates políticointelectuais brasileiros: projeções, leituras e apropriações (1910-1941)” e o artigo “Monterrey. Correo literario de Alfonso Reyes: a publicação do escritorembaixador e suas convergências e dissonâncias em relação às diretrizes oficiais da Secretaria de Relações Exteriores do México (1930-1937)”.

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formato: 15,5cm x 22,5cm | 272p. tipologias: Minion Pro, Myriad Pro papel da capa: Supremo 250g/m2 papel do miolo: Chambril avena 80g/m2 coordenação. editorial: Betânia G. Figueiredo diagramação: Gabriela Favarini capa: Edson A. Araújo Oliveira revisão de textos: Cláudia Rajão

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Regina Crespo UNAM, México

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ISBN: 978.85.8054.385-8

Claudio Maíz (ORGS.)

sociabilidade dos intelectuais latino-americanos e as redes transnacionais

O livro Nas tramas da “cidade letrada”: sociabilidade dos intelectuais latinoamericanos e as redes transnacionais é produto da iniciativa de acadêmicos de universidades latino-americanas, interessados em refletir sobre a interação entre os intelectuais do sub-continente. Esta coletânea constitui um excelente panorama de estudos sobre as redes intelectuais na América Latina, realizados a partir de distintos enfoques teórico-metodológicos. Em termos gerais, os textos se estruturam sobre quatro eixos básicos: epistolários, exílios, revistas e instituições. Refletir a partir desses eixos, como fazem os autores aqui reunidos, ajuda-nos a entender um pouco mais acerca da ação política e cultural dos intelectuais latino-americanos tanto nos contextos regionais como no continental, e a explicar a dinâmica da criação, consolidação e desaparecimento de suas redes.

NAS “CIDADE LETRADA”FER NANDA DOMIN GAdriane O S P VINidal HECIosta RO EM TRAMAS DEFESA DA DA LIBERDADE

Numa geografia como a nossa, marcada pela instabilidade política resultante de golpes de Estado e de lentas transições democráticas, os exílios foram e continuam sendo um tema fundamental para pensar a relação entre os intelectuais, devido à sua função na conformação e manutenção estratégica das redes. E, nesse contexto, as revistas sempre foram instrumentos cruciais. No que se refere à América Latina, não podemos pensar em redes intelectuais, sem considerar a fundação e a manutenção de revistas como ferramentas de ação política. No entanto, tampouco podemos ignorar a importância das editoras e suas estruturas de difusão. Finalmente, recordemos o papel importante das instituições culturais e acadêmicas públicas, e eventualmente privadas, responsáveis pela circulação das ideias produzidas na região, em um âmbito não só local, como transcontinental. Ao tratar todos esses temas, este livro - ele também produto de uma consistente rede intelectual- proporciona aos estudiosos uma série de caminhos para seguir pensando sobre o lugar e o papel dos intelectuais e suas redes na América Latina.

Adriane Vidal Costa Claudio Maíz (ORGS.)

NAS TRAMAS DA “CIDADE LETRADA” sociabilidade dos intelectuais latino-americanos e as redes transnacionais

O livro Nas tramas da “cidade letrada”: sociabilidade dos intelectuais latinoamericanos e as redes transnacionais é produto da iniciativa de acadêmicos de universidades latino-americanas, interessados em refletir sobre a interação entre os intelectuais do sub-continente. Esta coletânea constitui um excelente panorama de estudos sobre as redes intelectuais na América Latina, realizados a partir de distintos enfoques teórico-metodológicos. Em termos gerais, os textos se estruturam sobre quatro eixos básicos: epistolários, exílios, revistas e instituições. Refletir a partir desses eixos, como fazem os autores aqui reunidos, ajuda-nos a entender um pouco mais acerca da ação política e cultural dos intelectuais latinoamericanos tanto nos contextos regionais como no continental, e a explicar a dinâmica da criação, consolidação e desaparecimento de suas redes. Na análise dos epistolários - fundamentais na relação entre os intelectuais no século XIX e grande parte do século XX - podemos encontrar esse espaço híbrido em que a intimidade se mistura a metas comuns, projetos compartilhados, convergências e divergências ideológicas e, a partir dele, entender o traçado das relações não só entre indivíduos, como entre grupos, movimentos e, inclusive, instituições culturais e políticas.

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