Linguagem e filosofia

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Carlos Luciano Manholi

semântica formal universal. Para tanto, julgamos que é suficiente propor um caminho, ou um programa de Lrabalho que possamos seguir e que, caso formos bem-sucedidos, nos levará à obtenção de uma semântica formal universal. Se temos um projeto rigoroso, especffico, não evasivo, de como obtermos nossa função f de que falamos acima, isso significa que em tese é possível alcançar La) <>bjerivo. E para não ficarmos restritos a questões sobre possibilidade em tese, convém que nosso projeto seja razoável em Lermos práticos. Então. ao definirmos nossa função f, teremos um teste empírico óbvio para nossa suposta semântica f01mal universal. Se e é uma expressão significativa qualquer de uma língua natural qualquer, então f(e) deve dar a denotação de e, de um modo que, para usar uma expressão de Chomsky,5 sejam salvaguardadas as intuições lingüísticas do falame nativo daquela língua. No que diz respeito à construção de semânticas formais para línguas naturais específicas, temos não apenas um, mas dois programas bem rigorosos que se propõem à obtenção desse objetivo. Um deles é o programa de D. Davidson, apresentado por esse autor em artigos como ' Semantics for natural Janguages' 6 e 'Truth and meaning' .7 O outro é o programa de R. Montague, cuja melhor apresentação está no texto intitulado 'The proper treatment of quantificatlon in ordinary English' .8 Em linhas gerais, os dois programas propõem a seguinte abordagem para o problema em questão: não se deve consLruir uma semântica formal para uma língua natural diretamente, mas sim de maneira indireta. Em primeiro lugar, deve-se edificar uma Linguagem artificial dotada de recursos de expressão equiparados aos das línguas naturais. Depois, definir-se-á uma relação T, que mapeia a língua natural para a qual se pretende consLruir uma semântica fonnal (a linguagem-objeto) sobre a mencionada linguagem formal. Essa relação não precisa ser uma função (o que toma um tanto impróprio o uso do Lermo ' mapeia' na sentença anterior), pois, ca<>o exigíssemos isso, não poderíamos lidar com linguagens naturais que possuem ambigüidades (o que deve ser o caso de todas elas), exceto se nossa linguagem artificial tivesse ela mesma expressões ambíguas. Nesse último caso, se a é uma expressão ambígua da linguagem-objeto. T(a) = a, onde a é uma expressão de nossa linguagem formal cuja denotação é ambígua. Mas, nesse caso, nossa fun-


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