Junho de 2019 | Presto e Veloce 5

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FORTISSIMO Nยบ 10 / 2019

06 07

Presto

Veloce


Ministério da Cidadania e Governo de Minas Gerais A P R E S E N TA M

Presto

06/06

Veloce

07/06

MARCELO LEHNINGER, REGENTE CONVIDADO C L É M E N C E B O I N O T , H A R PA


PROGRAMA

IGOR STRAVINSKY Suíte nº 2 para pequena orquestra

Marcha

Valsa

Polca

Galope

GABRIEL PIERNÉ Peça de concerto para harpa, op. 39

MAURICE RAVEL Introdução e Allegro I N T E R VA L O

DMITRI SHOSTAKOVICH Sinfonia nº 1 em fá menor, op. 10

Allegretto

Allegro

Lento

Allegro molto


CAROS AMIGOS E AMIGAS, A harpa sai de trás da orquestra

acabariam embarcando em linhas

para a frente do palco no concerto

estéticas completamente distintas. Aqui,

desta noite, com a execução de duas

experimentaremos a reconfiguração

obras charmosas do repertório fran-

das formas tradicionais clássicas aos

cês, executadas pela nossa Harpista

moldes experimentais de Stravinsky

Principal, Clémence Boinot. As duas

e a força criativa e exuberante de um

peças mostram, de maneira clara,

Shostakovich inspirado e otimista.

tanto a conhecida singeleza e transparência quanto a força e virtuosismo

Todas essas obras serão regidas pelo

que caracterizam esse instrumento

nosso antigo Regente Assistente,

celestial, com quem os franceses

Marcelo Lehninger, hoje realizando

têm uma ligação íntima.

uma bela carreira internacional.

Nos extremos do programa, obras

Bom concerto a todos,

de jovens compositores russos, Stravinsky e Shostakovich, que, embora

FOTO: ALEXANDRE REZENDE

pertencessem à mesma geração,

FA B I O M E C H E T T I


FABIO MECHETTI DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR

Diretor Artístico e Regente Titular

sua estreia no Carnegie Hall de Nova

da Orquestra Filarmônica de Minas

York conduzindo a Sinfônica de Nova

Gerais desde sua criação, em 2008,

Jersey. Continua dirigindo inúmeras

Fabio Mechetti posicionou a orques-

orquestras norte-americanas e é

tra mineira no cenário mundial da

convidado frequente dos festivais

música erudita. Além dos prêmios

de verão norte-americanos, entre

conquistados, levou a Filarmônica

eles os de Grant Park em Chicago

a quinze capitais brasileiras, a uma

e Chautauqua em Nova York.

turnê pela Argentina e Uruguai e realizou a gravação de nove álbuns,

Igualmente aclamado como regente

sendo quatro para o selo interna-

de ópera, estreou nos Estados Unidos

cional Naxos. Natural de São Paulo,

dirigindo a Ópera de Washington. No

Mechetti serviu recentemente como

seu repertório destacam-se produções

Regente Principal da Filarmônica

de Tosca, Turandot, Carmem, Don

da Malásia, tornando-se o primeiro

Giovanni, Così fan tutte, La Bohème,

regente brasileiro a ser titular de

Madame Butterfly, O barbeiro de

uma orquestra asiática.

Sevilha, La Traviata e Otello.

Nos Estados Unidos, Mechetti

Suas apresentações se estendem

esteve quatorze anos à frente da

ao Canadá, Costa Rica, Dinamarca,

Orquestra Sinfônica de Jacksonville

Escócia, Espanha, Finlândia, Itá-

e, atualmente, é seu Regente Titular

lia, Japão, México, Nova Zelândia,

Emérito. Foi também Regente Titular

Suécia e Venezuela. No Brasil,

das sin-fônicas de Syracuse e de

regeu todas as importantes orques-

Spokane, da qual hoje é Regente Emé-

tras brasileiras.

rito. Regente Associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica

Fabio Mechetti é Mestre em Regência

Nacional de Washington, com ela

e em Composição pela Juilliard

dirigiu concertos no Kennedy Center

School de Nova York e vencedor do

e no Capitólio. Da Sinfônica de San

Concurso Internacional de Regência

Diego, foi Regente Residente. Fez

Nicolai Malko, da Dinamarca.


MARCELO LEHNINGER

Festival de Tanglewood, no Carnegie Hall de Nova York, no Konzerthaus

Diretor Musical e Regente Titular da

de Vienna e na sala da Filarmônica

Orquestra Sinfônica de Grand Rapids,

de Berlim. Lehninger foi assistente

em Michigan, Estados Unidos, Marcelo

de Mariss Jansons em turnê com a

Lehninger é um dos maestros brasileiros

Orquestra Real do Concertgebouw.

de maior destaque no panorama inter-

Regeu a Orquestra Simón Bolívar,

nacional. Atuou como diretor musical

as sinfônicas de Sydney, Melbourne

e regente titular da Sinfônica de New

e de Kyushu. Neste ano retorna ao

West e regente associado da Sinfônica

Japão para concertos em Tokyo e

de Boston. Foi regente assistente da

Fukuoka. Nos Estados Unidos, estará

Filarmônica de Minas Gerais e con-

com as sinfônicas de Boston, St. Louis,

selheiro musical da Orquestra Jovem

Sarasota, San Antonio e a Filarmônica

das Américas.

de Rochester.

Recebeu o Helen Thompson Awards,

Agraciado com a I Felix Mendelssohn-

prêmio oferecido pela Liga das Orquestras

-Bartholdy Scholarship, foi assistente

Americanas, e foi premiado no I Concurso

de Kurt Masur nas orquestras Nacional

Nacional para Jovens Regentes Eleazar de

da França, Gewandhaus de Leipzig e

Carvalho. Atuou como maestro convidado

Filarmônica de Nova York. Mestre em

em orquestras brasileiras e argentinas.

Música pelo Conductors Institute at Bard

Nos Estados Unidos, apresentou-se, entre

College em Nova York, cursou regência

outras, com as sinfônicas de Chicago,

com Harold Farberman e composição

Pittsburgh, Detroit, Baltimore, National,

com Laurence Wallach. Estudou também

Milwaukee, New Jersey e Knoxville. Dirigiu

com Kurt Masur, Leonard Slatkin e

também no Canadá e, na Europa, regeu

Roberto Tibiriçá. É filho da pianista Sônia

as filarmônicas da Rádio Francesa e da

Goulart e do violinista Erich Lehninger.

Eslovênia, sinfônicas Alemã e de Lucerna, Orquestra Nacional do Capitólio de Toulouse e Orquestra de Câmara de Lausanne.

Hall de Boston, no

FOTO: ANDY TERZES

Regeu no Symphony


CLÉMENCE BOINOT

inefável emoção tocando em lugares de patrimônio histórico, como o Teatro

Clémence Boinot apaixonou-se pela

Municipal do Rio de Janeiro, o Victoria

harpa aos cinco anos. Começou a

Hall em Genebra, a Abadia do século XI

estudar o instrumento orientada por

em Romainmôtier. E um entusiasmo

Isabelle Lagors em sua cidade natal,

particular de tocar em salas atípicas,

Cergy-Pontoise, na França. Aos vinte,

como antigos estábulos (Théâtricul),

ingressou na Haute École de Musique

usina (Fonderie Kugler) e um abrigo

de Genebra, Suíça. Após seis anos de

antiaéreo (L’Abri), todos na Suíça.

aperfeiçoamento sob orientação de Florence Sitruk, Clémence concluiu

Sendo a transmissão do conhecimento

bacharelado em Música, mestrado

parte fundamental da sua prática musical,

em Pedagogia e mestrado em Soloist

Clémence é professora de harpa há

Performance. Em 2017, ingressou

muitos anos. Em 2017, foi convidada

na Orquestra Filarmônica de Minas

a ensinar jovens harpistas no Neojiba,

Gerais como Harpa Principal.

em Salvador, Bahia.

Clémence participou de vários projetos

Interessada pelas estéticas contempo-

de música de câmara e foi membro

râneas, Clémence tem em seu reper-

fundadora do grupo Ensemble Cara-

tório várias obras escritas após 1950

velle, que, em 2016, foi premiado na

e participou de estreias de obras de

categoria Music and Stage Art pela

compositores de diversas naciona-

HES-SO (Universidades de Alta Espe-

lidades. Porém, suas maiores afini-

cialização do Oeste da Suíça).

dades sempre foram com as cores criadas pelos franceses do início do

Apresentou-se em diversas salas, com

século XX, seja Ravel, Debussy, Renié,

orquestras e em música de câmara. Teve

Caplet, Tournier...

a honra de tocar em novos centros culturais internacionais, como a Sala Santa Cecilia em Roma, o Opera di Firenze, de Paris e a Sala Minas Gerais. Uma

FOTO: MARIANA GARCIA

a Philharmonie


Igor

STRAVINSKY

O R A N I E N BAU M , AT UA L LO M O N O S OV, R Ú SS I A , 1 8 8 2

N OVA YO R K , ESTA D O S U N I D O S , 1 97 1

Entre 1914 e 1919, Stravinsky instala-se em Clarens, na Suíça, faz viagens a Roma e a Madri, onde conhece Picasso, e estreia como regente em Genebra e em Paris. Nesse período, ele escreve dois ciclos de pequenas peças para piano a quatro mãos, destinadas a estudantes de piano: Trois pièces faciles (Três peças I N S T R U M E N TA Ç Ã O

fáceis), compostas entre 1914 e 1915, e Cinq pièces

Piccolo, 2 flautas, oboé, 2 clarinetes, 2 fagotes, trompa, 2 trompetes, trombone, percussão, piano, cordas.

faciles (Cinco peças fáceis), compostas em 1917.

EDITORA

Chester Representante: Barry Editorial

O curioso dessas peças aparentemente despretensiosas é que elas foram compostas depois das elaborações monumentais de O Pássaro de Fogo, de Petrushka e de A Sagração da Primavera. A aparente despretensão dessas pequenas obras mostraria seu sentido um pouco mais tarde. Stravinsky já ensaiava uma segunda fase de sua carreira, cuja

PA R A O U V I R

Igor Stravinsky – The Soldier’s Tale, suite; Divertimento; Octeto; Suites 1 e 2 – London Sinfonietta – Riccardo Chailly, regente – Decca – 1992

linguagem seria marcada por uma extrema clareza, livre de quaisquer “hipnoses”, como a da Sagração, mais linear e contrapontística que harmônica. Ele assimila, nessa linguagem, alguns elementos do jazz e a reveste de uma ironia que parece parodiar – e, com isso, desconstruir – os métodos tradicionais de com-

PA R A A S S I S T I R

Schulmusikorchester der Hochschule für Musik Karlsruhe — Andreas Weiss, regente Acesse: fil.mg/spequena

posição e alguns gêneros musicais. Há uma espécie de ascese, que o leva à miniaturização da forma, da linha melódica... E até da orquestração: ele frequentemente emprega pequenas formações instrumentais, às vezes insólitas, que descortinam uma perspectiva paradoxal, porque é ao mesmo tempo arcaizante e, por outro lado,

PA R A L E R

Glenn Watkins – Soundings: music in the Twentieth Century – MacMillan – 1988

muito moderna.


Primeira apresentação com a Filarmônica

Suíte nº 2 para pequena orquestra 1914/1917, ORQUESTRAÇÃO 1921

7 MINUTOS

Há quem entenda, nessa linguagem,

da Suíte nº 2. Marque-se a silhueta

uma orientação neoclássica, mas,

“distorcida” do terceiro movimento,

em se tratando de Stravinsky, isso

quase cubista, que capta a persona-

é sempre perigoso de se dizer...

lidade bizarra de Satie e, ao mesmo

As obras fundamentais dessa fase,

tempo, evoca algo da História de um

que se marca entre 1914 e 1922, são

soldado, numa valsa que se desfaz e

a assombrosa História de um soldado,

se refaz. O Galope final foi dedicado

Renard e principalmente Les Noces.

a dois dos filhos do compositor e, na

Mas é justamente nesse período, mar-

Suíte, a orquestração curiosamente

cadamente em 1921, que Stravinsky faz

se mostra um pouco menos insólita,

a orquestração das Trois pièces faciles

guardados os parâmetros anteriores

e acrescenta a elas mais uma, extraída

ao próprio Stravinsky.

das Cinq pièces faciles, dando vida à Suíte nº 2 para pequena orquestra.

Mas é sempre a Stravinsky que se ouve! Talvez menos monumental

As oito pequenas peças para piano a

que na Sagração, mas por opção

quatro mãos são, cada uma, dedicadas

própria. Certamente menos engajado

a um contemporâneo de Stravinsky.

que na História de um soldado, mas

Essas dedicatórias revelam, ao mesmo

igualmente irônico e igualmente des-

tempo, uma perspectiva irônica e,

concertante. Voltado para a aurora do

por outro lado, uma confissão de

século XX e definitivamente enraizado

suas fontes ou de suas admirações:

na modernidade.

Diaghilev, fundador dos Ballets Russes (nos quais dançaram Nijinski e

M O A C Y R L AT E R Z A

Anna Pavlova), que encomendou ao

FILHO

compositor O Pássaro de Fogo, Alfredo

em Literaturas de Língua Portuguesa,

Casella, Erik Satie. Essas figuras

professor da Universidade do Estado

emblemáticas ilustram respectiva-

de Minas Gerais e da Fundação de

mente a Polca, a Marcha e a Valsa

Educação Artística.

Pianista e cravista, Doutor


Gabriel

PIERNÉ METZ, FRANÇA, 1863

PLOUJEAN, FRANÇA, 1937

Um dos principais compositores-regentes franceses da virada do século XIX ao século XX, Gabriel Pierné, I N S T R U M E N TA Ç Ã O

2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tímpanos, percussão, cordas.

aclamado durante a vida, é hoje negligenciado e esquecido. Sua escrita hábil e refinada perpassou todos os gêneros, sem, no entanto, promover avanços estilísticos independentes e originais. Sua música soa familiar, bela e poética, em sintonia com o charme da Belle Époque.

EDITORA

Pierné se insere na transição do estilo tradicional e

J. Hamelle

elaborado de César Franck para as inovações promo-

PA R A O U V I R

CD Lily Laskine – Boieldieu; Pierné; Mozart – Orchestre National De L’O.R.T.F – Jean Martinon, regente – Lily Laskine, harpa – Erato – 1985

vidas por Debussy e Ravel. Foi afetuosa e duradoura sua relação de amizade com Debussy, de quem regeu numerosas obras, incluindo estreias. Nascido na região da Lorena, Pierné recebeu da mãe as primeiras aulas de piano. O pai era cantor e lecionava em um conservatório local. Em 1870, após Napoleão

CD French Concertos for Harp – Rhineland Philharmonic Orchestra – Shao-Chia Lü, regente – Xavier de Maistre, harpa – Claves – 2002

perder a Alsácia-Lorena para os alemães, a família Pierné viu-se obrigada a fugir para Paris, onde instalou uma pequena escola de música no Quartier Latin. Em 1871, Gabriel ingressou no Conservatório Nacional, onde, após curso brilhante, recebeu distinções e prêmios.

PA R A A S S I S T I R

Em 1882, ao final do curso, venceu o mais prestigioso

Gwangju Symphony Orchestra – Seung-up Yoon, regente – Jung Kwak, harpa Acesse: fil.mg/pharpa

concurso para compositores, o Prix de Rome, com sua

PA R A L E R

No Conservatório, Pierné teve contato com os maiores

Attila Csampai; Dietmar Holland – Guia básico dos concertos: música orquestral de 1700 até os nossos dias – Civilização Brasileira – 1995

representantes mundiais da harpa e talvez mesmo da

cantata Edith. A premiação proporcionou-lhe viver na Villa Médici, em Roma, onde conheceu Grieg e Liszt.

história do instrumento. Pôde observar em primeira


Primeira apresentação com a Filarmônica

Peça de concerto para harpa, op. 39 1901

15 MINUTOS

mão o legado da harpa deixado por

A estreia ocorreu a 23 de janeiro de

Ange-Conrad Prumier para Alphonse

1903 no Théâtre du Châtelet, em Paris,

Hasselmans e seus discípulos, entre

durante a série Concerts Colonne,

os quais Henriette Renié, Marcel

sob a regência de Édouard Colonne,

Tournier, Carlos Salzedo, Marcel

com Henriette Renié à harpa. Anos

Grandjany, Lily Laskine. Em 1901, o

depois, a solista relembrou um episódio

professor de harpa do Conservatório

curioso ocorrido durante os ensaios:

de Paris, Alphonse Hasselmans, um

“o Andante acelera e termina claro,

grande instrumentista, foi agraciado

rápido e fogoso; Colonne segurou o

com a dedicatória do Konzertstück

andamento, e isso me incomodou.

para harpa de Gabriel Pierné. A obra,

Comecei a marcar o compasso com

“peça de concerto”, demonstra como

o pé, o que não agradou o grande

o compositor absorveu, através do

maestro. Ele me disse: ‘Mademoiselle,

conhecimento da técnica de harpis-

toque no seu tempo; eu a seguirei’

tas virtuoses, aspectos idiomáticos

(o que não era verdade!) — ‘mas,

do instrumento. Na orquestração

por favor, não marque o ritmo com

combinou a harpa com pausas, notas

o pé!’. Pierné acalmou a situação

longas, solos instrumentais e tutti em

de maneira diplomática, porém não

cores refinadas, de forma a nunca

fiquei satisfeita com Colonne”. No mês

cobrir o solista.

seguinte, Henriette Renié repetiu a Peça de concerto na série Concerts

E m j a n e i ro d e 1 90 3 , a n o n o

Lamoureux, então sob a regência de

qual se tornou cidadão francês,

Camille Chevillard.

Hasselmans foi convidado a estrear a Peça de concerto de Gabriel Pierné,

MARCELO COR RÊA

porém, preferiu indicar para solista

Pianista, Mestre em Piano pela

sua discípula Ada Sassoli. Pierné,

Universidade Federal de Minas Gerais,

contrariando a recomendação de

professor na Universidade do Estado de

Hasselmans, escolheu Henriette Renié.

Minas Gerais.


Maurice

RAVEL CIBOURE, FRANÇA, 1875

PA R I S , F R A N Ç A , 1 9 3 7

O francês Maurice Ravel nasceu na fronteira da Espanha. Quando ainda não completara um ano, sua família mudou-se para Paris. Mas o compositor, de ascendência basca pelo lado materno, manteve-se sempre ligado ao mar da região natal, fascinado pelo país vizinho, com seus ritmos e cores. Do pai, um engenheiro apaixonado pela I N S T R U M E N TA Ç Ã O

Mecânica, Ravel herdou o gosto pelas novidades, pela

Flauta, clarinete, cordas.

invenção, além da prática do estudo disciplinado e o amor

EDITORA

Durand

pela miniatura, pela precisão do trabalho bem feito (de “um relojoeiro suíço”, como diria Stravinsky).

PA R A O U V I R

Artesão dedicado ao seu ofício, Ravel disciplina o virtu-

Streaming Ravel – Introduction and Allegro for Flute, Clarinet, Harp and String Quartet – Tokyo String Quarteto – Nancy Allen, harpa – Angel Records – 2005

osismo de sua alquimia sonora e garante às suas mais

PA R A A S S I S T I R

consultava amigos instrumentistas em busca de segredos

Orchestre Philharmonique de Radio France — Lionel Bringuier, regente Acesse: fil.mg/rintro

transcendentes aos manuais de orquestração, na busca de

PA R A L E R

Vladimir Jankélévitch — Ravel — Solfèges — Éditions du Seuil – 1995

audaciosas pesquisas experimentais uma solidez e um equilíbrio perfeitos. O timbre, para esse gênio das sonoridades, tornou-se um dos elementos mais valiosos de expressão, confiando a frase musical ao instrumento mais adequado para modelá-la. Frequentemente, o compositor

combinações sonoras inéditas, sem cair na extravagância ou nos efeitos gratuitos. A vida do compositor, livre de qualquer acontecimento passional, transcorreu de maneira linear, sem grandes aventuras. Amorosamente ligado aos pais e ao único irmão, Ravel manteve-se sempre muito reservado quanto aos seus sentimentos e emoções, embora fosse bastante

François-René Tranchefort – Guia da Música Sinfônica – Nova Fronteira – 1990


Primeira apresentação com a Filarmônica

Introdução e Allegro 1905

11 MINUTOS

sociável e cultivasse numerosas ami-

A princípio, dedicou-se, sobretudo, ao

zades, bem escolhidas e duradouras.

piano e às melodias; mas, para esse

Uma doença cerebral entristeceu seus

gênio das sonoridades, a orquestra

últimos quatro anos, impedindo-o –

e as obras camerísticas seriam um

embora se mantivesse lúcido – de se

caminho inevitável. Entre o magis-

comunicar satisfatoriamente, de criar

tral Quarteto de Cordas (1902/1903)

ou até de reconhecer a própria música.

e o fascínio orquestral da Rapsódia

Finalmente, uma última e desesperada

Espanhola (1907), Ravel propôs-se

tentativa de cura resultou no insucesso

harmonizar uma inusitada formação

fatal de uma intervenção cirúrgica.

instrumental, unindo o virtuosismo da harpa com o clarinete, a flauta e o

No Conservatório de Paris, Ravel estu-

quarteto de cordas. Verdadeiro ensaio

dou composição com Gabriel Fauré,

de sonoridade, a Introdução e Allegro

que soube defendê-lo, mesmo quando

fascina pela sutileza da tessitura, com

outros acadêmicos interpretaram como

o encanto das melodias, o caráter deli-

insolência as primeiras criações do

cado de seu virtuosismo e o irresistível

compositor e negaram-lhe, por três

mistério de seus timbres.

vezes, o ambicionado Prêmio de Roma. Abandonadas as pretensões acadêmicas, Ravel associa-se definitivamente a um grupo turbulento e agitador de

PA U L O S É R G I O

artistas que se denominavam Os

MALHEIROS DOS SANTOS

apaches – defensores de Satie, Debussy,

Pianista, Doutor em Letras, professor na

Stravinsky e da música de vanguarda

UEMG, autor dos livros Músico, doce

em geral. O próprio Ravel provocou

músico e O grão perfumado – Mário

grande polêmica ao musicar, em 1906,

de Andrade e a arte do inacabado.

os textos, considerados prosaicos, das

Apresenta o programa semanal Recitais

Histoires naturelles de Jules Renard.

Brasileiros, pela Rádio Inconfidência.


Dmitri

SHOSTAKOVICH SÃO PE TERSBURGO, RÚSSIA, 1906

MOSCOU, RÚSSIA, 1975

I N S T R U M E N TA Ç Ã O

2 piccolos, 3 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, piano, cordas.

Na noite de 12 de maio de 1926, após um concerto da Orquestra Filarmônica de Leningrado (no século XX, a cidade de São Petersburgo mudaria de nome para Petrogrado, de 1914 a 1924; e Leningrado, de 1924 a

EDITORA

1991, antes de retornar ao seu nome original), subia

DSCH – Kompositor Representante: Barry Editorial

ao palco, para receber os cumprimentos da plateia, um

PA R A O U V I R

Shostakovich – Symphony nº 1; Symphony nº 3 “The first of May” – Royal Liverpool Philharmonic Choir and Orchestra – Vasily Petrenko, regente – Naxos – 2011 PA R A A S S I S T I R

Schleswig-Holstein Musik Festival Orchester – Leonard Bernstein, regente Acesse: fil.mg/ssinf1 PA R A L E R

jovem e tímido compositor de apenas dezenove anos. Seu nome era Dmitri Dmitriyevich Shostakovich, e a obra em questão, sua Sinfonia nº 1, escrita como peça de formatura na classe de composição de Maximilian Steinberg (1883-1946). Shostakovich, que começara seus estudos musicais aos oito anos, ingressara no Conservatório de Petrogrado em 1919, com apenas treze anos de idade. Na época, o diretor do Conservatório era o compositor Alexander Glazunov (1865-1936), um ex-menino prodígio que estreara sua primeira sinfonia na mesma sala de concertos, em 1882, com apenas dezesseis anos de idade. Ambos, Glazunov e Steinberg, ex-alunos de Rimsky-Korsakov (1844-1908), acompanhariam de perto os progressos do jovem Shostakovich. Shostakovich se transformaria em um dos três maiores

Lauro Machado Coelho – Shostakovitch: vida, música, tempo – Perspectiva – 2006

compositores da União Soviética, juntamente com Sergei

Pauline Fairclough; David Fanning (eds.) – The Cambridge Companion to Shostakovich – Cambridge University Press – 2008

1936, sua ópera Lady Macbeth do Distrito de Mtsensk

Prokofiev (1891-1953) e Aram Khatchaturian (1903-1978). Mas a vida sob o regime de Stalin não seria fácil. Em seria condenada, em um artigo anônimo do Jornal do Partido Comunista (Pravda), como formalista, primitiva


Última apresentação: 26 de fevereiro / 2016 Marcos Arakaki, regente

Sinfonia nº 1 em fá menor, op. 10 1 9 24 / 1 9 2 5

28 MINUTOS

e vulgar. Em 1948, na campanha de

de Shostakovich. Porém, uma certa

Andrei Zhdanov para restabelecer

melancolia o acompanharia por toda a

a pureza ideológica e combater as

vida, já percebida, aqui, na alternância

influências ocidentais na vida social

entre momentos alegres e passagens

soviética, o Comitê Central do Partido

extremamente trágicas. Ainda hoje

Comunista condenou a obra de vários

considerada uma de suas melhores

compositores soviéticos, dentre eles

obras, a Sinfonia nº 1 apresenta as

Shostakovich, Prokofiev e Khatcha-

principais influências que Shostako-

turian. Shostakovich jamais apoiou

vich tivera nos anos de juventude: a

o regime soviético. Apenas aqueles

música russa de Stravinsky (1882-1971),

que viveram as perseguições e as

Prokofiev e Tchaikovsky (1840-1893),

condições de vida e trabalho sob

e o colorido da música popular ouvida

um regime que tratava a todos sem

nas ruas e teatros da época. A estreia

piedade compreenderiam suas atitu-

causara uma sensação enorme no

des imediatas de se filiar ao Partido

meio musical de Leningrado. No ano

Comunista, de escrever artigos em

seguinte, com apenas vinte anos de

elogio ao modo de vida soviético e de

idade, o compositor tinha sua Primeira

compor obras em conformidade com

Sinfonia apresentada em Berlim, sob

as diretrizes do Partido. Shostakovich

a batuta de Bruno Walter (1876-1962).

só começaria a se sentir livre das pressões a partir da Décima Sinfonia, composta logo após a morte de Stalin. GUILHERME

Mas a sua Primeira Sinfonia per-

NASCIMENTO

tence a uma outra época, antes da

em Música pela Unicamp, professor na

fama e das pressões stalinistas. A

Escola de Música da UEMG, autor dos

orquestração leve dessa obra seria

livros Os sapatos floridos não voam

por muito tempo uma marca registrada

e Música menor.

Compositor, Doutor


ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS

Diretor Artístico e Regente Titular FABIO MECHETTI Regente Associado MARCOS ARAKAKI

PRIMEIROS VIOLINOS

Mikhail Bugaev

FAGOTES

HARPA

Anthony Flint – Spalla

Nathan Medina

Catherine Carignan *

Clémence Boinot *

Rommel Fernandes –

Victor Morais ***

Spalla associado

VIOLONCELOS

Andrew Huntriss

TECLADOS

Ara Harutyunyan –

Philip Hansen *

Francisco Silva

Ayumi Shigeta *

Spalla assistente

Robson Fonseca ***

Ana Paula Schmidt

Camila Pacífico

TROMPAS

Ana Zivkovic

Camilla Ribeiro

Alma Maria Liebrecht *

Arthur Vieira Terto

Eduardo Swerts

Evgueni Gerassimov ***

GERENTE

Joanna Bello

Emília Neves

Gustavo Garcia Trindade

Jussan Fernandes

Laura Von Atzingen

Lina Radovanovic

José Francisco dos Santos

Luis Andrés Moncada

Lucas Barros

Lucas Filho

INSPETORA

Roberta Arruda

William Neres

Fabio Ogata

Karolina Lima

Rodrigo M. Braga

CONTRABAIXOS

TROMPETES

Rodrigo de Oliveira

Nilson Bellotto *

Marlon Humphreys *

ASSISTENTE ADMINISTRATIVO

Wesley Prates

André Geiger ***

Érico Fonseca **

Risbleiz Aguiar

Marcelo Cunha

Daniel Leal ***

SEGUNDOS VIOLINOS

Marcos Lemes

Tássio Furtado

Frank Haemmer *

Pablo Guiñez

Hyu-Kyung Jung ***

Rossini Parucci

TROMBONES

Gideôni Loamir

Walace Mariano

Mark John Mulley *

ASSISTENTES

Diego Ribeiro **

Claudio Starlino Jônatas Reis

Rodrigo Bustamante

ARQUIVISTA Ana Lúcia Kobayashi

Jovana Trifunovic Luka Milanovic

FLAUTAS

Wagner Mayer ***

Martha de Moura

Cássia Lima*

Renato Lisboa

Pacífico

Renata Xavier ***

Matheus Braga

Alexandre Braga

TUBAS

SUPERVISOR DE MONTAGEM

Radmila Bocev

Elena Suchkova

Eleilton Cruz *

Rodrigo Castro

Rodolfo Toffolo

Isaque Macedo ****

Tiago Ellwanger

OBOÉS

Valentina Gostilovitch

Alexandre Barros *

TÍMPANOS

MONTADORES Hélio Sardinha

Públio Silva ***

Patricio Hernández

Klênio Carvalho

VIOLAS

Israel Muniz

Pradenas *

João Carlos Ferreira *

Maria Fernanda Gonçalves

PERCUSSÃO

Roberto Papi *** Flávia Motta

CLARINETES

Rafael Alberto *

Gerry Varona

Marcus Julius Lander *

Daniel Lemos ***

Gilberto Paganini

Jonatas Bueno ***

Sérgio Aluotto

Katarzyna Druzd

Ney Franco

Werner Silveira

Luciano Gatelli

Alexandre Silva

Marcelo Nébias

* principal

** principal associado

*** principal assistente

**** musicista convidado


INSTITUTO CULTURAL FILARMÔNICA CONSELHO ADMINISTRATIVO

Oscip — Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Lei 14.870 / Dez 2003

OS — Organização Social Lei 23.081 / Ago 2018

EQUIPE TÉCNICA

Presidente Emérito

Gerente de Comunicação

Jacques Schwartzman

Merrina Godinho Delgado

Roberto Mário

Conselheiros

Douglas Conrado

Jovem Aprendiz Sunamita Souza

SALA MINAS GERAIS

Gerente de Produção Musical

Gerente Contábil

Claudia da Silva

Graziela Coelho

Guimarães

Angela Gutierrez Arquimedes Brandão

Gerente Administrativofinanceira

Mensageiro

Ana Lúcia Carvalho

Presidente Gonçalves Soares Filho

EQUIPE ADMINISTRATIVA

Berenice Menegale

Assessora de Programação Musical

Bruno Volpini

Gabriela de Souza

Celina Szrvinsk

Gerente de Infraestrutura Renato Bretas

Gerente de Recursos Humanos

Gerente de Operações

Quézia Macedo Silva

Jorge Correia

Fernando de Almeida

Produtor

Analistas Administrativos

Técnicos de Áudio e de Iluminação

Ítalo Gaetani

Luis Otávio Rezende

João Paulo de Oliveira

Diano Carvalho

Paulo Baraldi

Rafael Franca

Cunha Castello Branco

Analistas de Comunicação

Secretária Executiva

Assistente Operacional

Mauricio Freire

Fernando Dornas

Flaviana Mendes

Rodrigo Brandão

Octávio Elísio

Lívia Aguiar

Sérgio Pena

Renata Gibson Renata Romeiro

Assistente Administrativa

FORTISSIMO

Carolina Moraes Santana

Cristiane Reis

Junho nº 10 / 2019

Analista de Marketing e Projetos

Assistente de Recursos Humanos

Godinho Delgado

Lilian Sette

Jessica Nascimento

Edição de texto

Analista de Marketing e Relacionamento

Recepcionistas

Capa Detalhe de

Meire Gonçalves

La Ghirlandata, pintura de

Itamara Kelly

Vivian Figueiredo

Dante Gabriel Rossetti

Assistente de Produção

Auxiliar Contábil

O Fortissimo está indexado aos sistemas nacionais e internacionais de pesquisa. Você pode acessá-lo também em nosso site.

Marco Antônio Pepino Marco Antônio Soares da

DIRETORIA EXECUTIVA

ISSN 2357-7258

Diretor Presidente Diomar Silveira

Diretor Administrativofinanceiro Joaquim Barreto

Diretor de Comunicação Agenor Carvalho

Berenice Menegale

Pedro Almeida

Rildo Lopez

Diretora de Marketing e Projetos Zilka Caribé

Auxiliares de Produção

Auxiliar Administrativa Geovana Benicio

André Barbosa

Diretor de Operações Ivar Siewers

Editora Merrina

Jeferson Silva

Auxiliares de Serviços Gerais Ailda Conceição Rose Mary de Castro

Este programa foi impresso em papel doado pela Resma Papéis.


APROVEITE A NOITE PARA JANTAR EM UM DE NOSSOS RESTAURANTES PARCEIROS Confira aqui os benefícios para o público da Filarmônica R. Rio Grande do Sul, 1236 — Santo Agostinho / 2525-6092 ASSINANTES E PÚBLICO DO DIA:

válido para a data do concerto • uma taça de vinho da casa ou uma trilogia de brusquetas PROGRAMA AMIGOS:

válido para a data do concerto • 50% de desconto no segundo prato (de igual ou menor valor)

Rua Curitiba, 2244 — Lourdes / 3291-1447 PROGRAMA AMIGOS E ASSINANTES:

FOTO: DAEN VAN BEE RS — U NS PL AS H

válido para todos os dias • 15% de desconto para o titular do cartão e acompanhante • uma taça de vinho ou espumante (até R$ 25) ou uma sobremesa • possibilidade de reserva tardia (após 22h15) para mesa de até 4 pessoas PÚBLICO DO DIA:

válido para a data do concerto • 15% de desconto para o portador do ingresso e acompanhante

Necessária a apresentação do cartão de Amigo ou Assinante ou, no caso de público do dia do concerto, a apresentação do ingresso.


NO CONCERTO Cuide da Sala Minas Gerais.

Seja pontual.

Traga seu ingresso ou cartão de assinante.

Não coma ou beba.

Desligue o celular (som e luz).

Deixe para aplaudir ao fim de cada obra.

Não fotografe ou grave em áudio / vídeo.

Se puder, devolva seu programa de concerto.

Faça silêncio e evite tossir.

Evite trazer crianças menores de 8 anos.

PRÓXIMOS CONCERTOS Dia 9 jun, 20h30 Dia 15 jun, 18h Dia 18 jun, 20h30 Dia 23 jun, 11h

T U R N Ê E S TA D U A L / PA R A C AT U FORA DE SÉRIE / MÚSICA E MITOLOGIA F E S T I VA L T I N TA F R E S C A C O N C E R T O S PA R A A J U V E N T U D E

Dias 27 e 28 jun, 20h30 Dia 30 jun, 11h

A L L E G R O E V I VA C E

CLÁSSICOS NA PRAÇA / BETIM

Restaurantes parceiros Nos dias de concerto, apresente seu ingresso, cartão de Amigo ou Assinante e obtenha descontos especiais. Saiba mais: fil.mg/restaurantes

Rua Curitiba, 2244

R. Rio de Janeiro, 2076

Rua Pium-í, 229

R. Rio Grande do Sul, 1236

Lourdes

Cruzeiro

Santo Agostinho

Lourdes

Tel: 3292-6221

Tel: 3227-7764

Tel: 2515-6092

Tel: 3291-1447


MANTENEDOR

DIVULGAÇÃO

PAT R O C Í N I O

REALIZAÇÃO

www.filarmonica.art.br / FILARMONICAMG

RUA T E N E N T E B R I TO M E LO , 1. 090 — BA R RO PR E TO C E P 3 0 .1 8 0 - 0 7 0

|

T E L : ( 3 1 ) 3 2 1 9. 9 0 0 0

BELO HORIZONTE – MG |

FA X : ( 3 1 ) 3 2 1 9. 9 0 3 0

COMU NI CA ÇÃO IC F / 20 19

Sala Minas Gerais


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