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“Sexualidade é tabu”
Com desenvoltura e clareza, a sexóloga Laura Muller esclarece dúvidas sobre sexo “altas horas” da madrugada e abre espaço para o debate do tema na TV aberta Lucas Alvarenga Beleza, desenvoltura e talento, quando reunidos em uma mulher, são letais. Essa é uma das combinações que, inevitavelmente, despertam a curiosidade dos homens. E o que dizer quando a mulher em questão oferece respostas objetivas às dúvidas que permeiam o universo íntimo masculino e feminino? O caminhar e o olhar decididos e a espontaneidade da entrevistada de dezembro da Vox Objetiva talvez expliquem essa capacidade de aclarar assuntos delicados e arrancar sorrisos onde havia interrogações – mesmo que dos amigos. Dos conterrâneos Giovane Gávio, Leda Nagle e Rubem Fonseca, a juiz-forana herdou o talento para o vôlei, o jornalismo e a presença do sexo na sua literatura, mesmo que de forma bem distinta. Quando foi aos 16 anos para São Paulo a fim de jogar pela seleção paulista de vôlei, a entrevistada nem poderia imaginar os caminhos inexatos que a esperavam. Poucos anos depois, começaria uma carreira promissora no jornal Folha da Tarde. Mas foi um convite para trabalhar na revista Cláudia que mudou a sua vida. Hoje, quando você ouve perguntas, como “Meia-entrada conta como uma inteira”?, “Sexo anal pode engravidar?” ou “É normal a mulher chorar na hora do orgasmo?”, é automático pensar nela. Convidada do “Circuito Viver Bem”, ciclo de palestras e atividades promovido pela sétima vez pela Drogaria Araujo, Laura Muller recebeu a redação da Vox Objetiva nos bastidores de um Minascentro lotado e curioso. As conversas ao pé do ouvido e a expectativa pela palestra informal de uma das sexólogas mais badaladas do país consumiam o público naquela tarde de 25 de outubro. Minutos antes do atraente bate-papo sobre o livro “Altos Papos sobre Sexo”, Laura entrou no camarim e se sentou para ter uma prosa com a Vox. A psicóloga contou como migrou do jornalismo para a educação sexual, comentou sobre a própria carreira,
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adiantou novidades sobre a próxima publicação e, claro, falou sobre sexo em todas e para todas as idades. Você saiu das redações jornalísticas para estudar e trabalhar como educadora sexual. Como ocorreu essa transição? Foi a minha condição como editora de ‘Emoções & Sexo’ da revista Cláudia que me levou a estudar a sexualidade. Eu trabalhava como jornalista havia muitos anos. Comecei a minha carreira na editoria de Cidades dos jornais Folha de São Paulo e Folha da Tarde. Em 1997 surgiu uma vaga de editora de ‘Emoções & Sexo’ na revista Cláudia, e eu topei. Cheguei lá e achei aquilo muito difícil. Então resolvi fazer uma pós-graduação em Educação Sexual, em 2001. A ideia era que o curso me ajudasse a ter desenvoltura para tratar o tema que é um tabu na nossa cultura: a sexualidade. Depois da pós-graduação, lancei o meu primeiro livro. Hoje estou na quarta publicação. Comecei a dar palestras Brasil afora como educadora sexual. Faço isso até hoje. O público abrange jovens, adultos e pessoas da terceira idade. Ao final das palestras, as pessoas me pediam que as atendesse em consultório. Mas quem faz isso é somente um médico ou um psicólogo. Então fui estudar psicologia como segunda formação. Hoje atendo no meu consultório, em São Paulo, jovens, casais, adultos e pessoas da terceira idade. Além disso, escrevo colunas, mantenho meu site, participo de redes sociais e continuo o meu trabalho como educadora sexual. Houve preconceito quando você fez essa ponte entre o jornalismo e a sexualidade? Não... Pelo menos, em relação à minha decisão não houve. Mas o assunto é tabu. Sexualidade é algo difícil de ser abordado na sociedade em geral, seja na escola, nas empresas, em casa, seja entre os casais.