Deslocamento do olhar: análise das práticas sociais da região do Baixo Centro (BH). Fernanda Mingote Colares Luz1 Resumo Pode-se dizer que a produção atual do espaço é acentuadamente um processo desigual devido às forças econômicas, sociais e políticas. As transformações políticas, sociais e culturais nas áreas centrais são frequentemente intensas e são certamente importantes no que diz respeito à experiência imediata da vida cotidiana, mas elas estão associadas ao desenvolvimento de um sistema econômico. A cidade, desde sua constituição, configurou-se como a mais complexa manifestação dos anseios, necessidades, crenças, virtudes, malícias, valores e poderes que a humanidade já construiu. O espaço que ela encerra, ou encerrava, já que teve sua influência ampliada, situa, caracteriza e referencia toda uma comunidade. O presente artigo é o referencial teórico fruto da disciplina Aspectos Contemporâneos do Planejamento Urbano e Metropolitano, ministrado pela Professora Jupira Gomes de Mendonça2 do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFMG para do 2º semestre de 2015. Busca estudar a variedade das práticas sociais do espaço urbano que abarca a relação arquitetura, gentrificação, ocupação e cotidiano na cidade contemporânea com foco no entorno da região do chamado Baixo Centro em Belo Horizonte. Assim, a partir do estudo de caso - a citar, documental (planos / políticas), investimentos públicos no Estado, agentes envolvidos, grau de envolvimento e influência dos agentes sobre os agente, e, as insurgências, resistências e ocupações conflitivas - problematizase o modo como nos usos do espaço se confrontam concepções e práticas diversas de relação com o espaço público, atendendo em particular às tensões que emergem nas ressignificações que os processos de requalificação arrastam consigo. A análise do caso, centrada nos modos diversos e conflituantes como, nesse quadro, o espaço público se constitui como espaço de comunicação e cidadania, sustenta uma discussão teórica em torno da noção de espaço público, problematizada no seu duplo sentido: de esfera pública da comunicação e participação e de espaço físico de acesso e uso público. Palavras-chaves Arquitetura, gentrificação, ocupação, cotidiano, insurgência, práticas sociais, espaço urbano.
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Arquiteta e Urbanista formada pela PUC Minas em julho de 2013. Professora Associada III da Universidade Federal de Minas Gerais, no Departamento de Urbanismo e no Núcleo de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Escola de Arquitetura.
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