Belvedere do Grinfo

BELVEDERE DO GRINFO Fernanda Junger | Thiago Loffler

METODOLOGIA DE PROJETO

Estudo preliminar

O objeto construído

Para o estudo preliminar, foi essencial a realização de uma análise da área de estudo, com a pesquisa dos diferentes percursos que passam pelo Belvedere (de Itaipava, Petrópolis, Rio de Janeiro etc) e suas durações, além da integração com a proposta da nova subida da Serra como base para a conceituação projetual.

Com essas investigações, foi possível avançar nas necessidades reais desse entorno e como esse espaço poderia suprir essas demandas e criar um ponto de parada diferenciado em uma rodovia tão movimentada.

Para a intervenção, foi pensado um espaço com um programa e uma volumetria que não obstruíssem o monumento já existente. Assim, chegou-se a um volume enterrado na beira da topografia suntuosa do terreno, flutuando em um balanço que abriga diferentes ambientes de permanência e percursos contemplativos sob a paisagem da Serra. Objetiva-se com essa revitalização, retomar a vitalidade e o movimento constante do local com visitantes de variadas faixas etárias.

ESTUDO PRELIMINAR

Para o estudo das necessidades da área que justificam o programa, foi analisado o contexto de percurso realizado na BR-040 que, diariamente, é caminho de motoristas que vêm da região serrana e não encontram um número confortável de paradas na Serra. Foi constatado que o Brasão — distante 30 minutos do Belvedere — é o último local de descanso até o pedágio Xerém da BR-040.

D

A

*

B C

A. Petrópolis - Belvedere do Grinfo: aprox. 20 minutos B. Belvedere do Grinfo - Rio de Janeiro: aprox. 45 minutos

C. Rio de Janeiro - Belvedere do Grinfo: aprox. 50 minutos D. Belvedere do Grinfo - Petrópolis: aprox. 48 minutos devido a necessidade de fazer um retorno*

Como estudo das vias que passam pelo local em análise, o projeto de reforma da Serra de Petrópolis proposto pela Concer em 2015 foi adotado na conceituação da ideia. Leva-se em consideração os retornos e novos acesso ao Belvedere, facilitando a chegada e saída do terreno e permitindo um trajeto rápido de volta a Petrópolis, além de uma maior facilidade para aqueles vindos da subida da serra.

O estudo realizado para a implantação da construção priorizou o Belvedere como principal elemento da paisagem, de modo a não obstruir sua visão na entrada do terreno. O volume enterrado permite uma visada livre do disco e uma continuidade feita por meio de volumes ortogonais — em oposição à forma circular do mirante — e circulações que seguem o desenho da topografia.

O OBJETO CONSTRUÍDO

Planta de implantação | 1:2000

Planta baixa térreo | 1:500

O objeto proposto cria uma geometria ortogonal contrastante em relação às curvas do Belvedere, mas que não obstrui a visão do mirante por ser um volume enterrado na topografia do terreno. A construção sai desse relevo em um balanço que segue o alinhamento da chegada dos visitantes, alongando o olhar para fora da paisagem e criando uma visão oposta a circularidade interna do monumento.

Outro contraste proposto em relação ao disco é criado pela diferença de materialidade e permeabilidade, em que o novo objeto é completamente sólido e possui a marca das formas de um concreto mais claro. Já o Belvedere, segue visualmente permeável e mais escuro, o que evidencia sua preexistência no contexto.

A principal abertura do volume proposto é feita por grandes esquadrias de vidro que enquadram a paisagem na ponta do balanço e, a única outra, funciona como um rasgo na solidez do material. Este está posicionado na chegada da rampa na altura dos olhos do observador, de modo a instigar a curiosidade com a limitação da vista para a paisagem.

A circulação do projeto foi proposta de forma a provocar algumas escolhas por parte dos pedestres que devem, inicialmente, optar por seguirem o caminho da rampa enterrada na topografia ou irem em direção ao grande monumento circular. A rampa inicia-se antes do Belvedere em relação a chegada dos visitantes, assim instigando o desejo de seguirem o percurso em direção a vista da serra carioca por meio do declive.

Ao percorrerem esse caminho, os pedestres têm uma quebra gradativa na visão da mata conforme sua descida. É possível, do início dessa rampa, avistar o começo do rasgo e um pequeno fragmento da vista serrana, reafirmando o desejo de conhecer a paisagem sem obstáculos visuais.

Ao chegar no fim desse percurso, há um espaço envolto por paredes que promove uma quebra de expectativa com apenas o rasgo proposto na parede — ainda não é possível ver o panorama por completo e tem-se novamente uma escolha: subir para o terraço ou entrar pela porta dupla recuada a frente.

1. Banheiro 2. Banheiro funcionários 3. Vestiário funcionários 4. Depósito de lixo 5. Depósito loja 6. Loja de produtos locais 7. Depósito cozinha 8. Cozinha 9. Balcão 10. Salão

Planta baixa nível -3,40 | 1:200

Ao passar pela porta, o visitante se vê em frente a outra parede que induz o olhar por um corredor, o qual abriga o caminho até os banheiros, uma loja de produtos locais e, ao final, um salão de alimentação.

Ao fundo desse salão, é possível finalmente encontrar a grande abertura com a vista total do horizonte e uma varanda que permite uma experiência completa da ambientação serrana.

A ventilação e iluminação desses espaços é auxiliada por aberturas verticais localizadas nas bordas do espaço interno, embaixo dos bancos propostos no terraço acima. Tais aberturas são segmentadas pelas vigas, que tornam-se aparentes nessas fendas laterais e regulam a entrada dos feixes de luz.

A criação desse volume enterrado permite a presença de um longo terraço que acompanha o nível térreo de chegada e possui bancos em toda a sua extensão, convidando os visitantes a permanecerem em um ambiente externo descoberto e induzindo a vista não apenas para a paisagem natural, mas também ao monumento em sua totalidade. O objeto construído também instiga o olhar de dentro do Belvedere e atua como sua extensão ortogonal.

Por sua vez, a ocupação do Belvedere mantém sua espacialidade permeável e contemplativa, contando apenas com uma breve exposição acerca de sua história e, também, de algumas melhorias no campos da acessibilidade e sustentabilidade.

Alguns exemplos dessas melhorias são a presença de um elevador no centro do disco, o que torna o projeto completamente acessível e a colocação de placas solares na cobertura do volume preexistente, que auxiliam na manutenção desse espaço.

Corte A | 1:200

A A

B B

Corte B | 1:200

C C

Corte C | 1:200

C

Corte D | 1:200

C

D

D

A estrutura do projeto é definida por pilares posicionados em uma malha de 10x10 metros alinhados dentro das paredes, além de vigas transversais a cada 3 metros em todo o volume principal.

Planta baixa estrutura | 1:200

D

O maior desafio da estrutura é o grande balanço de 15 metros, vencido por uma viga de concreto de 3 metros que começa logo abaixo da laje do nível -3,40. Além disso, é proposta a remoção da última viga transversal do balanço, priorizando a forma fina da fachada e engrossando levemente a borda da laje como compensação.

Corte D estrutura | 1:200

D

C

Corte C estrutura | 1:200

C

Outro destaque estrutural do projeto é o banco proposto nas laterais do terraço, que compõe uma única peça junto ao encosto e a viga longitudinal. Essa composição permite uma abertura em toda a borda da laje abaixo, auxiliando na ventilação e iluminação do pavimento inferior.

Ampliação banco | 1:10

Como estudo de conforto ambiental, a iluminação do projeto foi pensada para que a luz solar entrasse indiretamente pela abertura principal do balanço e pelas fendas abaixo dos bancos do terraço.

Já a ventilação, cruza pelo projeto por essas mesmas aberturas em diferentes níveis, o que mantém a temperatura do projeto mais agradável por meio do efeito chaminé.

Asfalto drenante capaz de direcionar a água da chuva para captação e reutilização

Instalações | 1:500

Vagas para carro elétrico com estações de carregamento

Reservatório de água

Painéis solares responsáveis por produzir parte da energia utilizada no projeto

Estação de tratamento de esgoto compacta

ARQ1105 Projeto de revitalização e reutilização 2023.1